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Ken Robinson no evento de inovação educativa EnlightED em Madri.

SAMUEL SÁNCHEZ

ANA TORRES MENÁRGUEZ


MADRI. 08 OCT 2018 - 13:05 BRT

“A escola tem uma visão muito limitada


do que é a inteligência”
Ex-assessor de mais de 10 governos, Robinson critica o
academicismo da escola e defende a incorporação de
disciplinas como a dança
Ken Robinson (Liverpool, 1950), ex-assessor em inovação educacional do
ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e de outros 10 governos, brinca
com o fato de que muitas pessoas acreditam no que só existe em vídeo. Não
lhe falta razão. Em 2006, ele deu uma palestra no TED sobre como as
escolas matam a criatividade, a qual já soma mais de 53 milhões de
visualizações em todo o mundo. Depois disso se tornou um dos pensadores
educacionais mais solicitados e seu cache pode chegar a 50.000 euros
(215.000 reais) por conferência. Diz que a escola funciona de maneira
semelhante às cadeias produtivas industriais: o mesmo ensino é oferecido a
todas as crianças, sem se levar em conta suas necessidades de
aprendizagem. "É um sistema competitivo que está falhando com os
alunos", lamenta.
Pergunta. Como acredita que a escola deve ser hoje?

Resposta. Nós vemos a escola como um local de rotinas, calendários


exigentes e exames. Não há motivo para ser assim. As escolas dividem os
alunos por faixa etária, mas na vida real não nos relacionamos deste
modo. A escola é uma comunidade de pessoas que aprendem e a primeira
coisa que deveria ser feita é misturá-las, não fazer da escola um lugar tão
rígido. No final do dia, quando as crianças terminam as aulas, brincam
juntas, elas não se diferenciam pela idade.

Em segundo lugar, uma boa escola é aquela com horários flexíveis. Se um


adulto em seu dia a dia fosse forçado a realizar uma atividade diferente a
cada 40 minutos, logo se esgotaria. As escolas têm que trabalhar com
ritmos naturais para permitir que as crianças dediquem o tempo necessário
a cada tarefa. Hoje existem programas suficientemente sofisticados para
cada aluno trabalhar no próprio ritmo, com os próprios horários.

P. As escolas inovadoras tendem a estar localizadas em bairros com renda


mais elevada e as escolas privadas costumam, na maioria das vezes, estar
na dianteira. O que pode ser feito para que a inovação educacional não
aumente a desigualdade?

R. Não se trata de escolher entre inovação e desigualdade, mas de conectar


ambos os pontos. A inovação também é uma mudança de estratégia na hora
de gerenciar o sistema educacional. Ser mais inclusivo também é inovar.
Crianças que moram em bairros complicados e que, em alguns casos, não
falam bem o idioma do país, precisam receber mais apoio. Elas têm um
ponto de partida diferente por causa de sua situação familiar, e para
oferecer-lhes as mesmas oportunidades é preciso se concentrar em
responder às suas necessidades.

P. Os professores se queixam de que não têm tempo nem ferramentas para
transformar a escola. O que lhes recomenda?

R. Ensinar é complicado, os professores são submetidos a uma grande


pressão. No meu livro Creative Schools, eu lhes digo que a revolução deve
ser feita de baixo para cima. Você tem que entender como as mudanças
sociais funcionam, sempre a partir da raiz. Persuadir os políticos a pensar
de maneira diferente não é a solução. As grandes questões que afetam a
educação têm que ir além do ciclo eleitoral, não podem depender da
vontade de um agente. É como o movimento MeToo ou ações para conter
as mudanças climáticas. São iniciativas que surgem à margem da vida
política.
P. Os professores têm que fazer a revolução independentemente do que os
programa oficiais determinem?

R. Quando um professor fecha a porta da sala de aula, encara a sua maneira


um grupo de alunos, muito poucos sistemas prescrevem como ensinar, eles
não lhe dizem o que fazer minuto a minuto. O professor decide o que fazer.
Muito do que acontece na educação não tem nada a ver com legislação,
mas com os hábitos.

P. Outra questão a resolver é a revisão dos métodos de avaliação. Você


acha que o PISA –o teste internacional mais reconhecido sobre educação
no mundo desenvolvido, elaborado pela OCDE– está afetando
negativamente as escolas?

R. A ideia dos testes do PISA era fornecer evidências sobre o


funcionamento das escolas para permitir que os governos tomem decisões
sobre a conveniência de suas políticas. O problema é a competição que
ocorre entre os países. Seu objetivo de se posicionar bem no ranking os
leva a renunciar ao uso de programas inovadores de aprendizagem, por
exemplo, em matemática ou o idioma, a fim de atender às demandas desses
testes. Nos últimos 20 anos, os Estados Unidos gastaram bilhões em testes
padronizados –os alunos realizam cerca de cem avaliações externas durante
o período escolar.

Esses testes não ajudaram ninguém. As pontuações em matemática ou no


idioma estão no mesmo ponto de 20 anos atrás e isso desmoraliza os
professores e desmotiva os jovens. As taxas de graduação também não
melhoraram. Tem sido uma experiência fracassada. Outro exemplo é o de
Hong Kong, onde existem empresas que oferecem treinamento para
preparar crianças de três anos para o exame de acesso à escola infantil. Nós
perdemos a cabeça.

P. Um dos grandes fracassos é o abandono da escola. É por falta de


motivação?

R. Não gosto da palavra abandono porque esconde um estigma, sugere que


o aluno falhou. É a escola que está falhando com as crianças. É concebida
com uma visão muito reduzida do que é o êxito, geralmente associado ao
meramente acadêmico. A dança é tão importante quanto a matemática, mas
há uma visão muito limitada do que é a inteligência. Nós nos
desenvolvemos física, emocional, espiritual e socialmente, temos diversos
talentos. A escola não mede isso e, por essa razão, muitas pessoas
continuarão pensando que fracassaram.
Existem escolas alternativas que não se concentram somente no acadêmico,
mas na descoberta do talento. Elas funcionam porque têm uma visão
alternativa do que é o sucesso. Um exemplo é a rede de escolas Big Picture
Learning, cerca de 100 unidades com uma conexão muito próxima com os
pais e a aprendizagem individualizada, com diferentes caminhos para cada
aluno. No site da Alternative Education Resource Organization você pode
encontrar exemplos desse tipo de escola.

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