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PERSONAGENSTRAVESTIS
EM NARRATIVAS BRASILEIRAS
DO SÉCULO XX
uma leitura sobre
O livro que o leitor tem em
corpo e resistência
mãos é uma adaptação da Devemos dizer as travestis ou os travestis? Nessa dupla
tese de doutorado possibilidade de flexão de gênero moram prazeres vigorosos.
defendida por Carlos Travestis são patrimônio simbólico a dar pistas de como a
sociedade brasileira lida com questões de gênero e
Eduardo A. Fernandes sob sexualidade. Brasil país tropical do carnaval onde tudo pode.
orientação de Liane Brasil país marcado pela violência homofóbica. A todo instante
Schneider. O foco dessa aparecem travestis a perturbar a heterossexualidade
pesquisa são obras literárias compulsória que tantos seguem à risca. Zombam da norma.
que estiveram omitidas e Apontam para apetites mais próximos de nós do que muitos
excluídas da crítica e que gostariam de admitir. Por conta disso são corpos desejados, mas
possuem travestis como também tratados como abjetos. Travestis alimentam narrativas
literárias de puro erotismo. É isso que se analisa neste livro.
protagonistas. O principal
desafio almejado neste livro Fernando Seffner
PERSONAGENSTRAVESTIS
Doutor em Educação e Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
é evidenciar que existe uma
maneira peculiar e recorrente
de criação de personagens
travestis em narrativas
brasileiras, promovendo uma
configuração muito verossímil
das agruras vividas por essa
minoria, bem como
esboçando uma forte
concentração em seus
corpos e na resistência que
eles imprimem diante das
opressões de gênero e de
sexualidades.
PERSONAGENS TRAVESTIS
EM NARRATIVAS BRASILEIRAS
DO SÉCULO XX
Uma leitura sobre corpo e resistência
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
EDITORA DA UFPB
Diretora IZABEL FRANÇA DE LIMA
Supervisão de Editoração ALMIR CORREIA DE VASCONCELLOS JUNIOR
Supervisão de Produção JOSÉ AUGUSTO DOS SANTOS FILHO
PERSONAGENS TRAVESTIS
EM NARRATIVAS BRASILEIRAS
DO SÉCULO XX
Uma leitura sobre corpo e resistência
Editora da UFPB
João Pessoa
2017
Direitos autorais 2017 - Editora da UFPB
Efetuado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional,
conforme a Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À EDITORA DA UFPB
É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio. A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998)
é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal.
O conteúdo desta publicação é de inteira responsabilidade dos autores.
Impresso no Brasil. Printed in Brazil.
Catalogação na fonte:
Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba
CDU: 616.89-008.442.36
Introdução........................................................................................................... 07
Capítulo 1 – Travestis na cultura e na literatura................................ 13
Travestis, Travestismo e Travestilidades........................................................ 14
Uma história de dor e abjeção.......................................................................... 34
História literária no Brasil e personagens travestis.................................... 48
Sucinto panorama das protagonistas travestis na literatura
brasileira do século XX....................................................................................... 53
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Personagens travestis em narrativas brasileiras do século XX
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Introdução
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Personagens travestis em narrativas brasileiras do século XX
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Introdução
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Capítulo 1
Travestis na cultura e na literatura
O objetivo deste capítulo é situar questões referentes
às bases teóricas que nos orientam quanto à compreensão do
fenômeno das travestilidades do ponto de vista social e cultural
do Brasil do século XX. Utilizamos como fundamentação para essa
discussão trabalhos de diversos sociólogos e antropólogos sobre a
experiência das travestis e também de pesquisas sobre a história
da homossexualidade no Brasil.
Nas últimas décadas, houve uma preocupação pontual das
ciências sociais em relação à travestilidade. Principalmente no
âmbito antropológico, pode-se encontrar muitas pesquisas relevantes
a respeito das travestis, sua identidade de gênero, sua maneira de
lidar com a prática sexual, relatos dos preconceitos que sofrem e,
principalmente, a relação entre a travestilidade e a prostituição.
Seguem, nesse sentido, diversos trabalhos sobre as travestis em
grandes centros urbanos: Denizart (1997), Benedetti (2005), Silva
(2007), Kulick (2008), Duque (2011) e Pelúcio (2009), pesquisas
essas que foram fundamentais para a compreensão dos fatores
sociais e emocionais que compõem a subjetividade das travestis e,
assim, auxiliam na interpretação da personagem de ficção.
O entendimento do sujeito travesti, do ponto de vista
antropológico, é o primeiro marco teórico relevante para o
desenvolvimento de nossa discussão. Não se pressupõe que esse
entendimento nos dê pleno domínio de seu objeto de estudo, haja
vista a complexidade envolta na definição do que é ser travesti, diante
das inúmeras possibilidades de viver essa experiência. No entanto,
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Travestis na cultura e na literatura
que está preso pelos pais em casa e sob ameaça de ser internado
devido à sua “doença”: travestir-se e comportar-se como mulher.
A narrativa é breve e conta uma fuga de Louri e sua primeira
relação homoerótica, bem como as transformações provocadas
por este ato.
Para concluir este breve panorama, citamos o romance
Nicola, de Danilo Angrimani, publicado em 1999, que inova ao
construir sua personagem-título e os conflitos de sua identidade de
gênero. Foi editado pelas Edições GLS – grupo editorial que tem o
intuito de promover uma imagem positiva e higiênica para com a
sexualidade excêntrica.
Ao fazer este breve levantamento de textos brasileiros que
centralizam os conflitos das travestis, percebemos quão pequena
é a quantidade: apenas 19 títulos (entre contos, romances e uma
peça teatral) em um século. A maioria das obras que compõem
o nosso levantamento são textos considerados periféricos, de
publicação única, obras literalmente ocultadas de registros na
história literária brasileira. Essas informações mostram a grande
disparidade entre elas, bem como a necessidade de “tirá-las do
armário”.
Esperamos, aos poucos, romper um pouco com esse
silenciamento, desconstruir alegoricamente, nas palavras de Kothe
(1997), as barreiras do cânone impostas à literatura que tematiza a
diversidade sexual, promovendo, assim, outras formas de interpretar
nossa produção literária.
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Capítulo 2
Corpos de papel
Neste capítulo, discutimos a relevância de duas das principais
categorias de análise de nosso estudo: o corpo e a personagem.
Desde a profícua aproximação dos estudos culturais e de gênero aos
estudos literários, tornou-se relevante pensar o texto literário como
um produto artístico e cultural por meio do qual se problematiza
a sociedade e as relações de poder-saber que foram solidificadas
nos discursos. Além disso, essas duas categorias têm fundamental
importância para nossa crítica devido ao recorte temático escolhido,
uma vez que as travestis se materializam, na literatura, por meio
das personagens e também porque essa minoria está diretamente
atrelada à representação de seus corpos.
Nas narrativas de ficção, de uma maneira geral, a personagem
ou, como também chamaremos, o sujeito ficcional é o elemento
narrativo que centraliza as experiências apresentadas. O corpo,
por sua vez, tornou-se um tema cada vez mais complexo nos
estudos de gênero, especialmente após as influências dos estudos
pós-estruturalistas. Desta forma, sintetizamos as bases que nos
fundamentam quanto a esses termos e ratificamos a importância
deles para nossas análises.
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Corpos de papel
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Capítulo 3
O corpo em transformação –
protagonistas travestis de Cassandra
Rios e Adelaide Carraro
O objetivo deste capítulo é apresentar as primeiras
considerações descritivas e analíticas especificamente de partes
do corpus selecionado em nosso trabalho, enfocando as narrativas
Uma mulher diferente, de Cassandra Rios e O travesti, de Adelaide
Carraro, vindos ao público, respectivamente em 1965 e 1980, e
censurados pelo regime militar. O enfoque da discussão aqui
proposta será a configuração dos corpos das duas protagonistas
em questão, sua transformação, bem como as ideologias em torno
do tema da diversidade sexual a partir da postura das personagens
e dos narradores.
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Capítulo 4
Corpos subversivos e utópicos:
protagonistas travestis de Roberto
Freire e Sylvia Orthof
Neste capítulo, analisamos as últimas duas narrativas longas
que compõem o nosso corpus, a saber, a novela “O Milagre” (1978),
de Roberto Freire e o romance O fantasma travesti (1988), de Sylvia
Orthof, não deixando de lado as relações com as demais obras que
compõem o mapeamento de protagonistas travestis na literatura
brasileira. As construções literárias das protagonistas e seus corpos
nessas narrativas são bastante distintas das analisadas no capítulo
anterior, dessa forma, as singularidades das personagens e seus
corpos nos permitem fazer um panorama das idiossincrasias e
semelhanças, bem como dos enfrentamentos e sujeições desses
corpos de papel frente às ideologias de gênero e de sexualidades
(LAURETIS, 1994).
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nas boates, sempre à noite visto que sua presença perante as demais
personagens se restringe às madrugadas. Logo, será dentro deste
clima noturno que ocorrerá seu assassinato com o indicativo da
presença do leiteiro a cumprir suas entregas quando ela regressa para
casa. Apenas por esse fragmento podemos evidenciar que Joselin
trabalha à noite, prostituindo-se nas ruas, “batendo calçada” como
diz o narrador, e que a ordem do tempo é similar para as outras
personagens existentes.
Silva (2007) afirma em sua etnografia que no cotidiano
das travestis que se prostituem “há um ciclo que inverte a ordem
cosmológica – manhã, tarde, noite – para a ordem [...] – tarde,
noite, manhã. (p. 42). Pelúcio (2009, p. 73) também afirma “O ‘dia’
é uma categoria temporal que encarna um tipo de sociabilidade
com o qual as travestis não parecem à vontade em lidar”. Essa
“inversão” temporal, segundo os antropólogos, ocorre devido ao
fato histórico de a prostituição estar associada à noite, ao proibido,
ao que deve estar distante dos olhares da normalidade dituturna.
Com base nisso, não é incomum que historicamente, as travestis
estejam vinculadas ao anormal e ao imoral, estando-lhes reservados
o horário da noite como mais propício para a circulação, quando os
olhares da vigilância e da “normalidade” estão no espaço privado.
Ao chegar em casa, amanhecendo o dia, Joselin encontra
uma carta enviada pela mãe, fato comum, mas que sempre fazia
nossa protagonista ter medo e uma certa “ânsia antiga que faziam
suas mãos tremer um pouco e seus dentes mordiscar seguidamente
o lábio inferior” (FREIRE, 1978, p. 14). É então que começamos a
conhecer o conflito familiar que acomete essa personagem: Joselin
mora em São Paulo, mas anteriormente fora expulsa de casa e da
cidade natal de Ponte Alta – Mato Grosso pelo pai que era um
influente político (eleito prefeito por mandato consecutivo até
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Considerações finais
Analisar as protagonistas travestis da literatura brasileira
do século XX, mais especificamente no corpus escolhido, foi uma
empreitada que apontou uma série de aspectos que reunimos na
tentativa de concluir nossa discussão. Tivemos como apoio conceitual
diversas etnografias sobre a experiência da travestilidade, estudos
considerados clássicos sobre corpo, gênero, sexualidade e relações
de poder e estudos teórico-críticos da literatura que ancoraram
nossas análises.
Tentamos descrever, de forma panorâmica, as principais
questões históricas envolvendo travestis no Brasil, em especial, no
recorte temporal de 1960-1980, contexto em que foram publicadas
as quatro narrativas selecionadas como corpus, a saber, Uma mulher
diferente [1965], de Cassandra Rios, O travesti (s.d), de Adelaide
Carraro, “O Milagre” [1978], de Roberto Freire e O fantasma travesti
(1988), de Sylvia Orthof. Essas obras como pudemos apurar ainda
não haviam sido estudadas de forma comparativa em trabalhos
acadêmicos. Assim, o estudo delas atrelado ao levantamento e estudo
de demais narrativas com protagonistas travestis nos disseram
bastante a respeito da maneira como a minoria aqui enfocada transita
no meio ficcional e cultural, bem como nos debates crítico-literários.
Como mencionamos na introdução, tínhamos como objetivos
fazer um resgate de narrativas de ficção as quais apresentassem
protagonistas travestis e confirmar, por intermédio dessas obras, a
ideia de que há uma maneira recorrente na criação de personagens
travestis na literatura brasileira. Essa recorrência foi sendo apontada
no decorrer dos capítulos. Com isso, evidenciamos os desfechos
comuns, as formas de referência, os conflitos semelhantes que
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SOBRE OS AUTORES
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Este livro foi diagramado pela Editora da UFPB em 2017,
utilizando a fonte Minion Pro.
Impresso em papel Offset 75 g/m2
e capa em papel Supremo 250 g/m2.
C M Y K 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% W
PERSONAGENSTRAVESTIS
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pesquisa são obras literárias compulsória que tantos seguem à risca. Zombam da norma.
que estiveram omitidas e Apontam para apetites mais próximos de nós do que muitos
excluídas da crítica e que gostariam de admitir. Por conta disso são corpos desejados, mas
possuem travestis como também tratados como abjetos. Travestis alimentam narrativas
literárias de puro erotismo. É isso que se analisa neste livro.
protagonistas. O principal
desafio almejado neste livro Fernando Seffner
PERSONAGENSTRAVESTIS
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é evidenciar que existe uma
maneira peculiar e recorrente
de criação de personagens
travestis em narrativas
brasileiras, promovendo uma
configuração muito verossímil
das agruras vividas por essa
minoria, bem como
esboçando uma forte
concentração em seus
corpos e na resistência que
eles imprimem diante das
opressões de gênero e de
sexualidades.