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MARCAS DA VILA
VITÓRIA
2010
EDSON FERREIRA DA SILVA JÚNIOR
MARCAS DA VILA
Memorial Descritivo
apresentado ao Programa de
Pós-graduação Lato Sensu em
Linguagens Audiovisuais e
Multimídia da Universidade
Federal do Espírito Santo, como
requisito para obtenção do título
de Especialista em Linguagens
Audiovisuais e Multimídia.
Orientadora: Prof. Dra. Deborah
Frida Rozenfeld.
VITÓRIA
2010
MARCAS DA VILA
____________________________________________
Profª. Dra. Deborah Frida Rozenfeld
Orientadora, UFES
____________________________________________
Prof Dr. Alexandre Curtiss
Professor do Curso de Comunicação Social da UFES
Membro Interno Titular
____________________________________________
Prof Ms. Erly Vieira Júnior
Professor do Curso de Comunicação Social da UFES
Membro Interno Titular
A todos os meus amigos, reais e virtuais, que torceram para que eu chegasse a
este momento, em especial Marcelo Siqueira e Joyce Castello.
This study is the descriptive text about the documentary History of Vila,
production technique performed by Edson Ferreira da Silva Junior as a partial
requirement for obtaining the title of Specialist in Audiovisual and Multimedia
Languages by the Federal University of Espirito Santo.
Are analyzed, based mainly on the type of modes of documentary representation
of Bill Nichols, the narrative resources used by the director to carry out the
documentary, which took place between the years 2009 and 2010, which
addresses the tragedy experienced by the relatives of each victims of a fatal fire
occurred on 1 July 1994 in the Village Market Rubim, in Vitória, Espírito Santo.
Moreover, attempts to draw the marks left by the tragedy, sixteen years later.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 10
2 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................... 11
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 13
3.1 O modo participativo ........................................................................... 14
3.2 Marcas da Vila Ä estruturaÅÇo ............................................................ 15
3.2.1 1É Bloco Ä ApresentaÅÑes .................................................................. 16
3.2.2 2É Bloco Ä Depoimentos ..................................................................... 18
4 METODOLOGIA ................................................................................. 22
4.1 Metodologia de ProduÅÇo ................................................................... 22
4.2 Metodologia de Pesquisa .................................................................... 24
5 ROTEIRO ............................................................................................ 28
6 ORÇAMENTO ..................................................................................... 29
7 FICHA TÉCNICA ................................................................................. 30
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILMOGRAFIA
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1 INTRODUÇÃO
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
O bairro da Vila Rubim surgiu no inÇcio do sàculo 19, quando era conhecido por
Cidade de Palha. O apelido se devia ao fato de, no local, predominarem a
pobreza e os casebres que abrigavam seus primeiros habitantes: famÇlias
provenientes do interior do Estado do EspÇrito Santo e de outros estados
vizinhos.
Ao longo de dezesseis anos, à quase inexistente, seja pela imprensa, seja por
realizadores audiovisuais, o registro de maiores informaÄÑes acerca do
incÜndio, principalmente no que se refere a aspectos desconhecidos do grande
päblico, em especial sobre os falecidos. Quem eram? Onde moravam? O que
faziam no Mercado? E suas famÇlias, como vivem hoje? Quais as
consequÜncias materiais e psicolãgicas do incÜndio para elas?
Marcas da Vila foi realizado, portanto, com o intuito de se registrar uma faceta
do incÜndio pouco ou nada explorado pelos meios de comunicaÄÅo. No
entanto, nÅo apenas por isso. Pelo fato do realizador ser egresso das CiÜncias
Sociais - graduado em Geografia pela Universidade Federal do EspÇrito Santo á
hÉ uma inclinaÄÅo no mesmo em se refletir acerca dos mecanismos presentes
na construÄÅo da sociedade e seus desdobramentos. Ao longo dos anos, a
escolha da arte como forma de reflexÅo e a prãpria carreira audiovisual
seguiram essa tendÜncia, ao realizar documentÉrios onde os personagens
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revelassem suas visÑes de mundo, seus jeitos particulares de ser. Assim foi em
Auroras de Ébano [2005, 23'], onde cinco personagens da classe màdia negra
do EspÇrito Santo relatam o preconceito racial existente mesmo nesse estrato
social; em Belíssimos [2007, 5'], onde um professor expÑe suas controvertidas
visÑes sobre o negro brasileiro; em Eles ainda são Belíssimos [2009, 21'] onde,
anos depois, esse mesmo professor assiste Belíssimos e tece comentÉrios
sobre suas prãprias opiniÑes na àpoca; em Frames [2008, 15å], onde trÜs
fotojornalistas capixabas revelam como se relacionam com a notÇcia e a
imagem em seus trabalhos. Em cada um desses documentÉrios à nÇtido o
interesse por descobrir os micro-mundos presentes em pessoas de diferentes
ofÇcios, classes sociais, grupos àtnicos ou posiÄÑes ideolãgicas. Os motivos
para a realizaÄÅo de cada obra sÅo sempre o prazer da descoberta, o desejo
de saber quem à o outro, o que faz e o que pensa sobre si. NÅo hÉ interesse
em generalizaÄÑes. O intuito à mergulhar no particular, pois cada indivÇduo tem
dentro de si um universo ç parte que merece ser visto. é o que o
documentarista Eduardo Coutinho afirma ser um èdeslocamento do olhar, que
nos faz entrar nas particularidades de cada personagem, afastando a
indiferenÄa que sentimos em relaÄÅo ao que à comum nas circunstências
cotidianas da vidaë (LINS, 2004, p. 161).
Dos seis modos classificados por Nichols, o participativo foi o escolhido para a
realizaÄÅo de Marcas da Vila, dada a proposta de abordagem do tema e as
circunstências assertivas que se desejou imprimir.
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O filme se inicia com cartelas em tela preta que situam o espectador no tempo
e informam os motivos pelos quais a obra foi realizada: ÖVitÜria, 1É de julho de
1994. Sessenta toneladas de fogos de artifácio explodem no Mercado da Vila
Rubim e provocam o maior incàndio a que o Espárito Santo jâ foi vátima.
Dezenas de estabelecimentos comerciais sÇo completamente destruádos.
Trinta e cinco pessoas gravemente feridas. Quatro mortas. Este filme relata o
drama dos parentes destas vátimas fatais, dezesseis anos depois.ä
Por que inserir imagens do Mercado hoje, visto que o alvo do filme nÅo foi o
Mercado em si, mas os familiares que morreram no incÜndio nele ocorrido? De
fato, revelar as cenas do Mercado hoje era uma maneira de expor ao päblico o
palco onde as marcas deixadas nos personagens foram ègeradasë. Alàm disso,
alguns dos planos mortos se inserem entre os relatos dos personagens e, vez
ou outra, se aderem ao que à mostrado. Exemplo disso estÉ no trecho em que
Jocimar, Filho de Maria da Penha, uma das vÇtimas do incÜndio, ao dizer que,
apãs a morte da mÅe, èficou nesse mundo, perdidoë, se segue um plano vazio
da Érea da peixaria no qual ele ainda trabalha, reforÄando a ideia de solidÅo.
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SÅo nas entrevistas que o engajamento ativo se faz mais presente em Marcas
da Vila. De fato, o carÉter de expressividade do èOutroë á o entrevistado á à
singular, pois à o que o torna nÅo objeto do documentÉrio, mas sujeito dele.
Eduardo Coutinho, maior nome do documentarismo brasileiro contemporêneo,
notabilizou-se ao longo de sua carreira justamente pela feitura de filmes nÅo
èsobre os outrosë, mas ècom os outrosë, como afirma LINS, 2004, p. 108:
E este èOutroë, nÅo à èassim tÅo diferente do îEu', pois o îOutroå à apresentado
na sua condiÄÅo humana, condiÄÅo que à a mesma do îEuåë (PENAFRIA,
2004).
Por conta do tema central do documentÉrio ainda nÅo estar delineado, foram
realizadas nestas visitas ao Mercado dezenas de pequenas entrevistas com
lojistas sobre suas lembranÄas acerca daquele 1â de Julho. Na maioria delas
havia certa relutência dos entrevistados, seja por nÅo simpatizarem com a
cêmera, seja por um aparente medo de falar sobre o assunto.
VALOR VALOR
ITEM DESCRIÇÃO QUANT.
UNITÁRIO T OTAL
01 Fita Mini-DV 10,00 6 60,00
02 Bateria de longa duraÄÅo 85,00 1 85,00
03 Para-sol 43mm 75,00 1 75,00
04 Bateria 9V 10,00 1 10,00
05 Lenspen (limpador de lentes) 35,00 1 35,00
06 Iluminador Workplas VLE-300E 100,00 1 100,00
07 Lêmpada para VLE-300E 35,00 1 35,00
2,50 (litro de
08 CombustÇvel 80 200,00
gasolina)
1,85
09 Transporte (passagem 20 37,00
ïnibus)
10 Fotocãpias simples 0,15 20 3,75
11 Fotocãpias especiais 0,50 10 5,00
12 Pesquisa CEDOC á Rede Gazeta 10,00 (hora) 1 10,00
TOTAL 655,75
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7 FICHA TÉCNICA
Um dos passos importantes para essa reflexÅo foi a realizaÄÅo, ainda durante o
perÇodo de aulas, do documentÉrio Frames, em 2008. Ao se fazer um paralelo
com Auroras de Ébano, realizado em 2005, Frames representou uma mudanÄa
significativa em todas as etapas de produÄÅo. A pesquisa de personagens foi a
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HAMPE, Barry. Making Documentary Films and Reality Videos. New York:
Henry Holt and Company, 1997.
LABAKI, Amir & MOURòO, Maria Dora. O Cinema do Real. SÅo Paulo: Cosac
& Naify, 2005.
RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal ... o que Ü mesmo documentário? , São
Paulo: Editora Senac, 2008.
YAKHNI, Sarah. Cabra marcado para morrer Ä Um filme que faz histària.
Disponível: <http://www.mnemocine.com.br/cinema/crit/sarahcabra.htm>.
Acesso em: 21/12/2009.
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FILMOGRAFIA
DEUS, Edilamar Fogos de. Brincando de ser mãe. Brasil, 2005, 20å.
MADER, Malu & KERTI, Mini. Contratempo. Videofilmes, Brasil, 2009, 91å.
SILVA JôNIOR, Edson Ferreira da. Auroras de Ébano. Brasil, 2005, 23å.
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____________________________. Frames. Brasil, 2008, 15å.