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Parte 1 – Encontrando a Alma Gêmea -

Encontrou ou Acha
O Talmud (Yevamot 63b) relata que era costume antigamente em Israel perguntar a um recém-casado "Encontrou ou

acha?"

A pergunta refere-se a uma aparente contradição entre duas declarações do Rei Salomão, o mais sábio dos homens.

No Livro dos Provérbios (18:22) ele declara: "Aquele que encontrou uma mulher encontrou o bem."

Porém, em Cohêlet (7:26) ele afirma: "E acho a mulher mais amarga que a morte."

Embora estes dois versículos pareçam transmitir imagens conflitantes da mulher, se os examinarmos mais

detidamente, percebemos algumas sutis diferenças gramaticais que explicarão a aparente discrepância.

Para começar, o verbo no versículo anterior está no passado - "aquele que encontrou uma mulher", ao passo que no

último está no tempo presente - "e eu acho a mulher".

De acordo com nossa tradição (Zohar 343b), as almas do casal que realmente combina derivam de uma só essência

de alma. Por esta razão, os dois já antes de nascer estão destinados a se unirem em matrimônio. O uso do tempo

passado para afirmar o bem a ser encontrado no casamento sugere que - tanto no processo de procurar uma mulher

como ao se relacionar com a mulher que desposou - um homem deve se esforçar para descobrir e se concentrar

nesta identificação profundamente enraizada e mutuamente compartilhada.

Se ele ignorar esta instrução e, ao contrário, concentrar-se na gratificação passageira de seus desejos e gratificações

imediatos - como sugerido pelo tempo presente empregado no segundo versículo - o relacionamento inevitavelmente

será amargo.

Refere-se a isto também pelo fato de que no primeiro versículo o verbo ("aquele que encontrou") seja seguido

diretamente pelo objeto ("uma mulher"), implicando que aquilo que o marido procurou e encontrou é de fato sua

mulher. Sua mente e coração se concentram nela, e sua preocupação consciente é satisfazer suas necessidades e

as de sua família, como opostas às suas próprias. Este é o alicerce de uma vida conjugal feliz.

No segundo versículo, entretanto, (que no original diz literalmente "e acho eu mais amarga que a morte a mulher"), o
sujeito ("Eu") é interposto entre o verbo ("acho") e seu objeto ("mulher"), desta maneira implicando que o homem está

realmente mais preocupado em encontrar-se a si mesmo - i.e., com sua própria auto-gratificação.

Dessa maneira, a abnegação é a chave para "encontrar" e relacionar-se com a esposa ao nível de sua alma-raiz

comum. O marido egocêntrico será incapaz de conseguir um relacionamento genuíno e mútuo com sua mulher que

se tornará mais doce com o tempo, ao invés de ficar mais amargo.

Embora neste caso o marido possa sentir que a mulher tornou-se "mais amarga que a morte", na verdade é seu

próprio "Eu" interposto (que ele projeta sobre ela) que assim se tornou. Isso é indicado pelo fato de a frase "mais

amarga que a morte" seguir diretamente a palavra "Eu", mesmo antes de se mencionar "a mulher".

Examinemos os versículos novamente. O primeiro diz na sua forma completa: "Aquele que encontrou uma mulher

encontrou o bem, e provocará [boa] vontade de D'us."

O segundo verso diz na sua forma integral: "E eu acho a mulher mais amarga que a morte, pois seu coração é uma

armadilha traiçoeira, e suas mãos são grilhões. Aquele que é bom perante D'us fugirá dela, mas aquele que peca

será apanhado por ela."

Em outras palavras, assim como o Rei Salomão chama o relacionamento positivo entre marido e mulher de "bom",

assim ele chama a fuga de uma relação negativa de "boa". O marido que anteriormente procurava a si mesmo

começa seu retorno ao "bom" estado, reorientando sua consciência de tal forma que fica "perante D'us" ao invés de

ficar preocupado apenas com si mesmo. Ao fazê-lo, ele "foge dela", i.e., da imagem de seu próprio ego que ele

projetou sobre sua mulher. Apenas então pode começar a encontrar sua verdadeira alma gêmea.
Parte 2 - "Encontrar" Eva
Nossa conversa anterior concentrou-se em dois versículos sobre mulheres, escritos pelo Rei Salomão, o mais sábio

dos homens. No Livro dos Provérbios (Mishlê 18:22), ele declara: "Aquele que encontrou uma mulher encontrou o

bem."

Porém no Livro do Eclesiastes (Cohêlet 7:26) diz: "E acho a mulher mais amarga que a morte."

Não admira que o verbo central destes versículos, "encontrar", apareça de forma proeminente na criação de Eva, a

mulher modelo: "E D'us disse: 'Não é bom que o homem fique só; farei para ele uma companheira.' Então D'us

formou da terra todos os animais do campo e as aves do céu, e trouxe-os ao homem para ver por qual nome ele os

chamaria, e o nome que o homem desse ao ser vivo, este seria seu nome. Então o homem nomeou todos os animais

e aves do céu e as feras do campo, mas para si mesmo, Adam (Adão) não encontrou uma companheira." (Bereshit

2:18-20)

É evidente que não era o bastante para D'us simplesmente criar Eva e presenteá-la a Adam; uma verdadeira esposa

deve ser procurada e encontrada.

Após sua criação, Adam deu à esposa o nome genérico de "mulher", que em hebraico é simplesmente o feminino da

palavra "homem".

"Desta vez, osso de meus ossos e carne de minha carne, esta será chamada 'mulher', pois foi tirada do homem."

(Bereshit 2:23)

Tendo encontrado sua verdadeira alma gêmea, Adam nomeou-a a partir dele, reconhecendo a origem comum de

suas almas.

Olhando-se para os dois versículos originais novamente, percebemos que no versículo "E acho a mulher mais

amarga que a morte", "mulher" aparece com o artigo definido. Isto sugere que alguém está relacionado com sua

própria mulher como membro de um grupo genérico, e não como um indivíduo que compartilha a raiz de sua alma.

Esta falta de união fundamental impede que alguém encontre o bem em seu relacionamento com a esposa.

Em contraste, no versículo "aquele que encontrou uma mulher", "mulher" aparece sem o artigo definido. Isto implica

que aquele que encontra sua verdadeira alma gêmea a nomeia por (isto é, a reconhece) pela sua fonte comum,
como aconteceu na história da Criação. E portanto, "Aquele que encontrou uma mulher - encontrou o bem."

Para ter certeza, visualizar o cônjuge de alguém como parte de si mesmo pode ser um sinal também de um ego

exagerado. Neste caso, a pessoa vê seu cônjuge como meramente um apêndice de si mesmo, sentindo então que

não há necessidade de relacionar-se com ela como sendo um indivíduo distinto. Sobre isto há uma alusão no

versículo "E acho a mulher mais amarga que a morte", no qual o marido egocêntrico vê apenas a si mesmo em sua

esposa.

A maneira adequada de se ver a esposa como parte de si mesmo é sentindo suas raízes da alma compartilhadas, as

quais, como já dissemos, é possível apenas quando se cultiva a verdadeira abnegação. Como explicaremos, a

verdadeira individualidade de alguém origina-se na raiz de sua alma. Paradoxalmente, é apenas quando os cônjuges

se relacionam um com o outro com esta consciência de sua origem comum, é que podem ver um ao outro como

indivíduos realmente únicos.

Nossos Sábios nos ensinam que (Kidushin 2b) "é próprio do homem procurar a mulher", pois ele está de fato

buscando seu próprio flanco, ou costela, perdida (Bereshit Rabá 17:6). Espiritualmente, este flanco perdido é o nível

inconsciente de sua própria alma.

Quando alguém aprende a relacionar-se ("encontrar") com a esposa no nível de sua raiz da alma comum, ele

"encontra" não apenas um bom casamento, como também a bondade inerente ao nível inconsciente de sua própria

alma. Uma boa esposa, dessa forma, é aquela que torna seu marido consciente das profundezas de sua própria

vontade de ser bom. Este é o significado mais profundo de "Aquele que encontrou uma mulher encontrou o bem."

Em suma, ao referir-se à linguagem contrastante destes dois versículos, aqueles que apresentaram a dúvida acima

ao noivo estavam insinuando a ele que o resultado da união, se bom ou mau, depende de sua atitude. As bênçãos do

matrimônio dependem do abandono do egocentrismo e de uma reorientação positiva em direção à verdade interior e

à realidade.
Parte 3 - As Duas Árvores do Jardim do
Éden
O fato de que um bom casamento depende do abandono do egocentrismo é sugerido na passagem que precede a

descrição da criação da mulher (Bereshit 2:9, 16-18):

"E D'us fez crescer do solo toda árvore agradável à vista e boa para comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a

árvore do conhecimento do bem e do mal... E D'us ordenou a Adam (Adão), dizendo: 'Pode comer de todas as

árvores do jardim. Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que comer dela

certamente morrerá.' E D'us disse: 'Não é bom para o homem ficar sozinho; farei para ele uma companheira.'"

O mal enraíza no homem quando ele se concentra em si mesmo e em seus próprios desejos, em vez de em D'us e

Seus desejos (ou, em nível mais profundo, quando se considera independente ou separado de D'us). Com esta

orientação, avalia toda experiência apenas em termos de seu próprio senso subjetivo do bem.

Na Cabalá e na Chassidut, está explicado que o bem contaminado pelo egoísmo é representado pela árvore do

conhecimento do bem e do mal, ao passo que o bem verdadeiro e inalterado é representado pela árvore da vida. Ao

ordenar a Adam que não comesse o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, D'us o estava advertindo a

não mesclar o bem e o mal escolhendo o caminho do egocentrismo e da auto-orientação.

Comer do fruto proibido fez o espírito do homem tornar-se abertamente auto-consciente e egocêntrico. Sua sensação

de bem não é mais pura e Divina, mas um misto de bem e mal; ele considera algo bom apenas se for auto-

gratificante. Se sua atitude é deixada sem ajuste, o mal terminará por abafar o bem, como nos sonhos do Faraó

(Bereshit 41:1-7); a apreciação da pessoa pelo bem - e mesmo a crença de que algo possa realmente ser bom -

desaparecerá. Por sua vez, isso provocará um sentimento de amargura em relação à vida, pois a pessoa passará a

culpar os outros pelos desapontamentos e sofrimento da vida. Havendo dessa forma posto a causa de seu

sofrimento fora de sua esfera de influência, a pessoa vê a si mesma como uma vítima indefesa das circunstâncias e

da malevolência.

Os dois estados de consciência simbolizados pelas duas árvores são expressos primariamente na maneira do

homem relacionar-se com a mulher. Ao proibir Adam de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal,

D'us o estava ensinando como relacionar-se com sua esposa a ser criada: "Não misture lascívia egocêntrica e desejo

pela auto-gratificação com a experiência do bem verdadeiro e puro."


Em toda a narrativa da criação, a criação da mulher é o único ato criativo descrito como retificando uma situação

inferior. Além disso, a situação prévia (quando Adão estava solitário) não é simplesmente descrita como "má", mas

sim como "não boa", sugerindo que o estado precedente parecia ser bom, mas na verdade não o era. Para chegar ao

estado verdadeiramente bom, D'us precisou criar a mulher.

Neste contexto, "não bom" é a incorporação, no espírito do homem, do bem aparente, relativo. Este bem aparente é o

estado existencial do homem estar sozinho, i.e., egocêntrico e unicamente preocupado com si mesmo.

Um marido com esta orientação está se alimentando da árvore do conhecimento do bem e do mal. A menos que se

reoriente em direção à bondade e à verdadeira vida, "no dia em que comeres dela certamente morrerás," ele

terminará por dizer: "Acho a mulher mais amarga que a morte."

Parte 4 - Cultivando a abnegação


Para que a abnegação seja completa, deve ser cultivada em todas as três áreas do relacionamento humano: com

respeito a D'us, com respeito ao próximo (o relacionamento conjugal sendo a forma mais pessoal e intensa desta

área) e com respeito a si mesmo.

Com respeito a D'us, a abnegação significa humilde submissão à Sua Vontade; com respeito ao cônjuge, significa

encontrar neste a alma predestinada (bashert) e relacionar-se com ele ou ela neste nível; com respeito a si mesmo,

significa refinar o próprio caráter.

Nossa consciência normativa, segundo a Cabalá e Chassidut, é apenas uma pequena parte da consciência de nossa

alma, que abrange níveis adicionais e módulos de consciência dos quais geralmente não estamos cônscios. Diz-se

destes níveis adicionais que eles nos "rodeiam", pois geralmente não está em nosso poder concentrarmo-nos neles.

Em contraste, diz-se que nossa consciência normal está "dentro" de nós, significando que somos capazes de acessá-

la e controlá-la num nível maior. Os níveis circundantes são considerados como sendo "mais elevados" ou mais

"distantes", pois geralmente estão além de nosso entendimento, ao passo que os níveis interiores são considerados

como sendo "inferiores" ou "mais próximos" a nosso alcance.


Em geral, os três aspectos do esforço espiritual requeridos para cultivar a verdadeira abnegação engaja as três

maiores divisões da consciência: a "consciência circundante distante," a "consciência circundante próxima," e a

"consciência interna."

Esfera de Devoção à vontade de Reconhecimento da alma Refinamento do


retificação D'us gêmea caráter

Nível de
Circundante distante Circundante próximo Interna
consciência

Especificamente, aprendemos que a alma compreende cinco níveis de consciência, dois "circundantes" e três
"interiores." Estes, em ordem descendente, são:

Nível de Circundante Circundante


Interna
consciência distante próximo

Nome
Nível da alma Yechidá Chayá Neshamá Ruach Nefesh
hebraico

Sopro de Espírit Força de vida


Tradução Único Vivo
vida o inata

A fonte do compromisso do judeu de cumprir a vontade de D'us é a absoluta devoção a Ele, intrínseca no mais
elevado dos cinco níveis da alma, o Yechidá. O Yechidá é a essência irredutível da consciência, ciente de nada mais
além da realidade absoluta e toda abrangente de D'us.

Na prática, a pessoa raramente está consciente deste nível de sua alma; geralmente funcionamos no contexto de
desejos e motivos a curto prazo. Mas em última análise todos os desejos de alguém reduzem-se à vontade de existir
(ou a ampliar e expandir sua existência). Esta vontade por sua vez está baseada e permeada com o prazer
vivenciado (ou assumido) em existir, que está baseado na fé de que a existência é real. Visto que a única realidade
verdadeira é D'us, a Yechidá reconhece D'us como sua única fonte de prazer e o objetivo de sua vontade. Esta
consciência é subjacente a todo pensamento consciente. Dessa maneira, considera-se que a Yechidá está sempre
presente nos bastidores, "rodeando" e motivando a cognição consciente da pessoa e influenciando de longe seu
processo de tomar decisões.

A habilidade de reconhecer a verdadeira alma gêmea de alguém deriva da Chayá, o segundo mais elevado dos cinco
níveis da alma. A Chayá é o nível no qual a sabedoria inata da alma (chochmá) é manifestada. Esta também, está
normalmente fora dos domínios da consciência e é revelada apenas ocasionalmente como lampejos Divinamente
inspirados de percepção. Também, visto que penetra a mente consciente mais freqüentemente que a Yechidá, é
descrita como rodeando mais de perto os pensamentos conscientes de alguém.

Embora qualquer lampejo de percepção seja uma experiência da Chayá de alguém, a percepção quintessencial é a
consciência de que a alma de alguém provém de uma fonte comum a todas as outras almas, como diz (Malachi
2:10): "Não temos todos apenas um único Pai?" O caso mais pessoal disso é a consciência da raiz da alma que a
pessoa compartilha com o cônjuge.

O contínuo processo de auto-retificação e refinamento de caráter envolve relacionar-se com o próximo com genuína
bondade e altruísmo, ao mesmo tempo em que se faz o máximo para anular todos os motivos egocêntricos e
egoístas. Este esforço concentrado da mente e do coração engaja os três níveis interiores e conscientes da alma, a
Neshamá, Ruach e Nefesh.

Em particular, a Neshamá é o nível da mente (a inteligência ativa da alma); o Ruach é o nível do coração (os
atributos emocionais); e o Nefesh é o nível de ação em geral e de traços comportamentais em particular.

Através de esforço espiritual concentrado, a pessoa pode refinar sua habilidade de perceber a realidade em verdade
e em profundidade, sensibilizar seu coração a reagir apropriadamente aos fenômenos da vida, e adquirir uma
"segunda natureza" retificada quando se trata de ação e comportamento.

É um princípio geral que "quanto mais elevada a entidade, mais baixo ela desce" (Likutei Torá 2:34c). Dessa
maneira, aprendemos em Cabalá e Chassidut que o nível mais elevado da aula, a Yechidá - a origem do
compromisso consciente de alguém de cumprir a vontade de D'us - é mais manifestado no nível inferior, o Nefesh,
através das sempre crescentes boas ações de um indivíduo.

O segundo nível mais elevado da alma, a Chayá - a percepção que reconhece a unidade essencial de todas as
almas - manifesta-se ao segundo nível mais baixo, o Ruach, quando a pessoa retifica suas emoções e aprende a
relacionar-se com o próximo com bondade.

Isto deixa a Neshamá como ponto central da alma. E, na verdade, o foco primário do esforço espiritual de alguém
frente a frente com sua alma é sua Neshamá, seu intelecto maduro e poder de percepção a respeito da realidade
aparentemente separada. Através de meditação concentrada, a pessoa pode treinar sua mente para perceber
corretamente a realidade, tanto no que tange a ver a presença de D'us no mundo (Divina Providência) como em
entender outras pessoas e seus inter-relacionamentos.

A percepção refinada da realidade da pessoa (Neshamá) provocará então emoções retificadas no coração (Ruach,
inspirada pela Chayá), que, por sua vez, motiva alguém a aumentar continuamente suas boas ações (Nefesh,
refletindo a Yechidá).

Parte 5 - Lembrando a raiz da alma


comum
Embora encontrar a alma gêmea e relacionar-se com ela dessa forma não seja assunto simples, há épocas propícias

para identificá-la (i.e., "lembrar" dela em sua raiz comum).

A primeira destas é Rosh Hashaná, o primeiro dia do ano judaico. Adam e Eva foram criados em Rosh Hashaná;

nossos Sábios ensinam que eles foram criados como pessoas de vinte anos de idade (Bereshit Rabá 14:7). No dia

em que foram criados, D'us levou-os ao Jardim do Éden, que havia preparado como uma expansão do pálio nupcial.

Rosh Hashaná é dessa maneira o aniversário do homem e seu aniversário de casamento.

Referimo-nos a Rosh Hashaná em nossas preces como Yom Hazicaron, geralmente traduzido como "O Dia da

Recordação," mas que literalmente significa "O Dia da Memória." Rosh Hashaná é o dia do julgamento. D'us não

apenas lembra-Se de nós ao julgar-nos como somos neste mundo, mas também lembra-Se de nós como éramos

antes que nossa alma descesse em nossos corpos, quando eram "uma verdadeira parte do D'us acima." Isso

desperta Sua misericórdia sobre nós, pois nossas almas desceram de tais alturas para tais profundezas.

Visto que o mundo está continuamente sendo criado e sustentado a partir da consciência de D'us, em Rosh Hashaná

uma pessoa também é capaz de lembrar (i.e., sentir) sua origem na luz infinita de D'us. Esta origem é a raiz da alma

comum que compartilha com o cônjuge.


Além de Rosh Hashaná, o aniversário coletivo da humanidade, a alma-raiz de uma pessoa (mazal) é especialmente

acessível em seu aniversário pessoal. O aniversário de alguém é, assim, outra ocasião propícia para identificar (i.e.,

"lembrar") a alma gêmea da pessoa.

Uma terceira vez é o aniversário de casamento da pessoa. Sob a canópia nupcial, a alma-raiz de um casal reluz com

toda sua força, e atrai bênçãos e consciência Divinamente inspirada (i.e., memória) de sua unicidade essencial. O

aniversário de casamento da pessoa é portanto um tempo auspicioso para que o casal se lembre de sua raiz da alma

comum.

Finalmente, "não havia dias mais jubilosos em Israel que o Quinze de Av e Yom Kipur, pois nestes dias as filhas de

Jerusalém... saíram e dançaram nas vinhas, dizendo: "Jovem! Levante seus olhos e veja o que vai escolher..."

(Talmud Ta'anit 26b). Estes dois dias são particularmente propícios para a formação de casais.

Estes dias, então, são os mais apropriados para se lembrar tanto da origem da alma individual da pessoa como da

alma raiz que a pessoa compartilha com o cônjuge.

Para "recordar", a pessoa medita sobre o fato de que a fonte da sua alma é "uma verdadeira parte do D'us acima,"

percebendo assim os grandes recursos e potencial que possui, muitos dos quais ainda estão intocados. A pessoa

desta forma adquire a máxima consciência de sua tarefa comum na terra e a força espiritual para "escolher a vida"

(Devarim 30:19) na progressão inabalável em direção a seus objetivos.

Na vida cotidiana, esta memória é refletida nas esperanças compartilhadas por um casal e seus planos para o futuro,

bem como para sua família próxima ou expandida (e na verdade, por todos aqueles sobre os quais eles tenham uma

influência positiva).

Isto sugere, também, que o critério mais importante para a escolha da alma gêmea (i.e., aquela que mais identifica,

embora indiretamente, a possessão de uma raiz da alma comum), é: nós nos esforçamos do mesmo modo para

realizar os mesmos ideais? Os possíveis parceiros deveriam simplesmente procurar por um senso comum de

afinidade mútua e atração, juntamente com metas e ideais compartilhados na vida. Quando eles conversam sobre o

futuro em comum que visualizam construir, ou seus ideais e objetivos comuns na vida, cada um deve ficar

entusiasmado pelo que o outro diz.

"Unicidade" em seu passado, presente e futuro é portanto o que define um casal verdadeiramente predestinado
(bashert). Compartilham a mesma raiz da alma (o passado), metas em comum (o futuro), e sempre (no presente)

lembram-se de sua mesma origem ao prosseguirem rumo a seu objetivo comum.

Parte 6 - Amor à Primeira Vista


A pessoa não deve esperar ser atingida por um sentimento intenso de predestinação quando pela primeira vez

encontra seu futuro cônjuge. De forma geral, o amor vivido pelo casal cresce e se desenvolve quando eles o cultivam

juntos durante a vida. Não obstante, toda regra tem suas exceções, e encontramos exemplos na Torá da intensa

experiência conhecida como amor à primeira vista. De fato, D'us "apaixonou-Se" com Sua visão original do povo

judeu devotadamente cumprindo Sua vontade na terra. Segundo nossos Sábios, este amor à primeira vista foi o que

motivou D'us a criar o mundo (Bereshit Rabá 8:7; Zohar Chadash 121c).

É importante lembrar, entretanto, que este fenômeno é a exceção que prova a regra.

Há treze regras gerais, pelas quais podem ser tiradas conclusões lógicas, segundo a Torá (Introdução de Sifra). Uma

delas é a seguinte:

Quando um caso em especial incluído num caso em geral é destacado para nos informar sobre algo insólito (i.e.,

uma exceção), é destacado não apenas para nos instruir a respeito de si mesmo, mas para ser aplicado ao conjunto

do caso em geral.

Em outras palavras, cada exceção nos diz alguma coisa sobre a regra que de outra forma não teríamos sabido.

Em nosso caso, a experiência excepcional de amor à primeira vista é uma manifestação gráfica da intensidade e

romance que o amor desenvolvido também acaba por conquistar. O oposto também é verdadeiro: se a experiência

do amor à primeira vista é real, terminaremos por atingir a estabilidade e a firmeza do amor cultivado.

Exemplos de amor à primeira vista são assim instrutivos mesmo para a maioria dos casais, que não vivenciaram tal

intensidade no início de seus relacionamentos. Ao invés de sentirem que, de alguma forma, seu amor é deficiente ou

não-romântico, deveriam visualizar exemplos de amor à primeira vista como portentos ilustradores da intensidade na

quais seu amor deveria - e esperamos que irá - desenvolver-se.

Aqueles casais que realmente experimentam o amor à primeira vista deveriam sentir-se afortunados por seu
relacionamento ter sido abençoado com tal intensidade desde o início. Entretanto, ao mesmo tempo, deveriam ter

consciência de que quanto mais impetuoso o despertar de um relacionamento, mais difícil será estabilizá-lo depois.

Apesar disso, com o esforço necessário, o rompante inicial de verdadeiro amor à primeira vista se acomodará dentro

da "regra" e fixará raízes nas essências mais profundas do casal. Desta forma, o amor do casal se desenvolverá e

crescerá organicamente, como no caso mais freqüente de amor desenvolvido.

É claro que nem todo caso daquilo que passa por amor à primeira vista é genuíno. Se a experiência excepcional não

transporta dentro de si nada da "regra" - se não contém uma semente de amor assentado e maduro - provavelmente

nada mais é que uma fascinação, que se dissipará tão rapidamente quanto surgiu.

Parte 7 - Vivenciando o amor à primeira


vista
Para uma pessoa, identificar sua alma gêmea depende de sentir que compartilham a raiz da alma. Este é o tipo mais

fundamental de discernimento que existe.

Normalmente, o amor nasce no coração somente após o lampejo inicial e embrionário de discernimento ter, através

de meditação deliberada, amadurecido no recesso da mente até transformar-se em numa idéia completamente

desenvolvida, e ter sido assimilado na perspectiva da pessoa. Assim como a gestação física precisa de tempo, assim

também este processo, pois a mentalidade que prevalecia antes da introdução do novo discernimento deve atracar-

se com ele. Como a mente e seus padrões de pensamento não são plenamente refinados e ajustados, a introdução

de um novo elemento de verdade requer que a estrutura mental anterior seja inteiramente reavaliada e reconstruída à

sua luz, e isso demanda tempo.

Porém, excepcionalmente a pessoa pode viver o amor "à primeira vista"; o amor pode aparecer simultaneamente

com o discernimento inicial, sem o lapso de tempo tipicamente requerido para que se desenvolva e dê frutos. Isso

pode acontecer em uma destas maneiras:

Se o amor é caracterizado pelo auto-desconhecimento e auto-desorientação (bitul) que acompanham o lampejo de

discernimento, é meramente vivido como uma "emoção" no sentido convencional da palavra. Pode, assim, reluzir

com o brilho do puro discernimento original. A essência de tal amor-vivência pode ser considerada como encerrada

no olho da mente - como se o coração tivesse "subido" até os olhos.


De forma alternativa, a semente do amor pode desenvolver-se no útero da mente antes de nascer no coração, porém

sem requerer o costumeiro longo período de tempo, ou na verdade tempo algum. Neste caso, a emoção do amor é

sentida como um atributo do coração, mas a mente da pessoa é tão refinada que a emoção flui livre e naturalmente

através dela. O "eu" não produz "fricção" para retardar o nascimento das emoções originadas na mente.

Comparamos o nascimento do amor do discernimento embrionário depositado e nutrido no útero da mente à

concepção e nascimento de um filho, e ainda comparamos o amor à primeira vista a conceber e dar à luz sem um

período de gestação interposto. Esta ausência de um período de gestação será a norma no futuro.

Na Era Messiânica, tanto o relacionamento entre marido e mulher como aquele entre D'us e o povo judeu serão um

constante amor à primeira vista. Paradoxalmente, este contínuo estado de paixão romântica estará plenamente

integrado ao amor estabelecido e assentado que caracteriza os relacionamentos maduros.

A antecipação do Mundo Vindouro neste mundo é o Shabat (Talmud Berachot 57b). O Shabat está essencialmente

acima da consciência de tempo normal dos seis dias da criação. Durante os seis dias da semana (que correspondem

às seis emoções do coração), a realidade está consciente e concentrada em si mesma. No Shabat, a consciência da

realidade criada retorna à sua fonte no Plano Divino, e as emoções ascendem ao nível da visão da mente. D'us

vivencia novamente o amor à primeira vista, como fez antes da Criação. E como o mundo está continuamente sendo

criado a partir da consciência de D'us, no Shabat nós também somos capazes de vivenciar o amor à primeira vista.

Podemos ambos reconquistar nossa inspiração com a vida em geral, e nos apaixonar novamente por nosso cônjuge.

A essência da experiência do Shabat é então o primeiro nível de amor à primeira vista. O segundo nível de amor à

primeira vista é a bênção que Shabat concede à semana vindoura.

Por isso, quando o amor à primeira vista não é vivenciado no contexto da santidade do Shabat e sua bênção para a

próxima semana, é um tipo de natimorto prematuro. Este tipo de amor à primeira vista é análogo à aparência de um

Mashiach (Messias) prematuro. Nossos Sábios nos ensinam que para que venha o verdadeiro Mashiach, devemos

cumprir dois Shabatot. Uma interpretação disso é que precisamos cumprir um Shabat e projetar sua luz sobre os dias

da semana vindoura, preparando assim toda a realidade para o próximo Shabat. Estes dois Shabatot correspondem

às duas manifestações de amor à primeira vista que descrevemos.


Parte 8 - Cinco exemplos bíblicos de
amor à primeira vista
Quanto mais impetuoso for o relacionamento no início, mais difícil será estabilizá-lo depois. Isso é graficamente

ilustrado pelos cinco exemplos primários de amor à primeira vista descritos na Torá. O primeiro deles, o de Adam

(Adão) por Chava (Eva), está implicado na narrativa de sua criação. Os quatro que se seguem - de Rivca (Rebeca)

por Yitschac (Bereshit 24:64-65), de Yaacov por Rachel (ibid. 29), de David por Avigail (Samuel I 25), e o de David

por Batsheva (Samuel II 11-12) - são descritos de forma explícita. Estes cinco, em sua ordem histórica, são exemplos

decadentes de como a intensidade do amor à primeira vista pode se concentrar em amor maduro e enraizado. Esta

habilidade de relacionar-se com outra pessoa com apego profundo e concentrado, é conhecida como da'at

(conhecimento).

Quando D'us criou Eva e apresentou-a a Adam, ele exclamou: "Desta vez, osso de meus ossos e carne de minha

carne! Esta será chamada "mulher," pois foi tirada do homem." Ao dizer espontaneamente "desta vez," ele expressou

seu deleite e interesse espiritual - seu amor à primeira vista - pela sua recém-encontrada parceira.

Antes que Rivca sequer visse Yitschac, ela concordara, com devoção e auto-sacrifício, em contratar casamento com

ele. Quando estava a caminho para encontrá-lo, viu um homem aproximando-se pelo campo, e soube intuitivamente

que deveria ser ele. Ela experimentou emoções tão intensas de amor à primeira vista, que quase caiu do camelo que

montava. Em virtude de ter-se ligado a ele de antemão tão completamente, sua alma foi capaz de reconhecê-lo como

sua verdadeira alma gêmea, mesmo antes de se encontrarem formalmente.

Na Cabalá, o casal que, mais que qualquer outro, personifica o amor entre D'us e o povo de Israel - como também

exemplifica o estado ideal de amor manifesto entre marido e mulher - é Yaacov e Rachel, cujo relacionamento é

também o maior exemplo de amor romântico da Torá.

Como Yitschac, Yaacov sabia que se casaria com a filha de seu parente. Quando chegou ao poço perto de Charan,

os pastores lhe contaram que a donzela que se aproximava era Rachel, a filha de seu tio Lavan. Seu amor à primeira

vista possibilitou-lhe rolar, com uma só mão, a pedra imensa que cobria o poço no qual os pastores dessedentavam

seus rebanhos, a fim de deixar os rebanhos de Rachel beberem. E ele chorou, porque pressentiu que não teria o

mérito de ser enterrado com ela (Rashi sobre Bereshit 29:11) e que haveria dificuldades e atrasos antes que

pudessem se casar.
Entretanto, seu da'at não estava completo a ponto de ser imune à decepção. Ele sabia apenas que estava para se

casar com uma das filhas de Lavan; como não sabia com qual delas, sua preparação psicológica foi condicional. Por

isso Lavan foi capaz de enganá-lo, concedendo-lhe primeiro a mão de Lea, no lugar de Rachel. Apesar da

intensidade de seu amor por Rachel, na noite de suas núpcias ele não sabia com quem estava se casando.

Em ambos os casos, os parceiros estavam psicologicamente preparados para encontrar a alma gêmea, por isso os

fatos se sucederam de maneira relativamente calma. A preparação psicológica para um evento serve como um

"alerta" mental, ou um escudo protetor, que controla e orienta as intensas emoções do coração.

Em contraste, o Rei David não estava psicologicamente preparado para nenhum de seus encontros com o amor à

primeira vista.

Na primeira vez que encontrou Avigail, estava a caminho para vingar a extrema ingratidão e mesquinhez do marido

dela, Naval. Ao vê-la, apaixonou-se e desejou casar-se com ela. Não tendo sido bem preparado para este encontro,

seu amor à primeira vista a princípio não tinha um da'at maduro.

Mas Avigail, "a mulher de considerável inteligência" (Samuel I 25:3) convenceu-o de que não deveriam casar-se até

que chegasse a hora apropriada. Sendo uma profetisa, ela sabia que David falharia com Batsheva, e ela teria

sucesso em convencê-lo a esperar, a fim de não falhar também em seu caso (Talmud Meguilá 14b).Com sua

sabedoria e encanto, ela conseguiu acalmar as emoções dele, permitindo-lhe aproximar-se do relacionamento para

ser orientado por seu da'at.

No caso de Batsheva, entretanto, a mente de David foi não apenas incapaz de controlar suas emoções, como tornou-

se escravo delas. Embora ela estivesse predestinada a ser sua mulher, ele agiu de forma impulsiva, e foi incapaz de

esperar para tomá-la até que chegasse a época propícia (Talmud San'hedrin 107a). Quando ela ficou grávida, ele

conseguiu que seu marido fosse morto em batalha, para que pudesse desposá-la. Isso é claramente o mais baixo

nível do da'at que pode acompanhar a experiência de amor à primeira vista.

Parte 9 - Relacionamento, Proximidade e


Unidade
O objetivo do casamento é que o casal manifeste em sua consciência terrena a unidade existencial que encontrou

em sua raiz da alma celestial. Esta é a essência do verdadeiro amor.

Atingir este ideal é um processo de três estágios. Isso ocorre porque, segundo a Cabalá, toda a criação existe em

três planos de referência: espaço, tempo e alma. Qualquer retificação da realidade deve por isso referir-se a cada

uma destas três "dimensões." Quanto ao marido e mulher, isso quer dizer que a unidade existente ao nível de sua

alma raiz comum deve se tornar manifesto em cada um destes três planos de referência.

O primeiro estágio do processo é para que um casal aprenda a relacionar-se e interagir adequadamente um com o

outro. Nos primeiros estágios de seu relacionamento, pensam em si mesmos primariamente como indivíduos

separados, pois suas aspirações, desejos e interesses não se coadunam ou alinham conscientemente. O amor,

neste estágio, é a habilidade da alma de se projetar fora de si mesma e desta forma tocar uma outra alma. Como foi

explicado acima, o amor não retificado concentra-se em si mesmo; a pessoa pode pensar que está amando alguém,

mas na realidade está amando a si mesma. O amor retificado envolve aprendendo como concentrar seu amor e

preocupação com outra pessoa.

Como consideram-se entidades separadas, diz-se que marido e mulher nesta fase ocupam domínios separados de

"espaço" mental. Estabelecer e manter um relacionamento amoroso adequado pode então ser visto como a

retificação da manifestação "espacial" de sua unidade intrínseca. No decorrer do tempo, um casal aprende a

expressar seu amor como um profundo senso de parceria em construir um lar judeu e em atingir os objetivos

comuns, preocupando-se genuinamente um com o outro, e tornando-se mais e mais sensíveis e respeitadores dos

sentimentos do outro.

O segundo estágio da consciência de um casal é proximidade existencial e ininterrupta. Tendo se alinhado

"espacialmente" um com o outro, aproximaram a distância mental entre eles e tornaram uma unidade de marido-e-

mulher. Sua consciência e limites emocionais expandiram-se para envolver um ao outro; cada cônjuge considera o

outro como parte de si mesmo.

Como resultado, a proximidade física ou a falta dela não afeta sua proximidade. Eles transcenderam o espaço e

existem juntos no tempo. À medida em que eles vivem juntos por ciclos de tempo, concentram-se em como os

variados humores da vida chocam-se com sua consciência em comum, e reagem produtivamente a eles juntos. Com

o amor amadurecendo até chegar a este nível de verdadeira proximidade, nenhum deles pode imaginar sua vida sem

o outro.
No estágio final da consciência, marido e mulher chegam a sentir-se como uma só entidade. Sua raiz da alma está

agora completamente manifesta em ambos; estão na terra como estavam no céu. Esta é a realização da intenção de

D'us que eles "se apeguem e tornem-se um." A seu tempo, o amor e o verdadeiro romance se aprofundam em

ambos os níveis conscientes de suas almas e em seu "inconsciente coletivo" mútuo.

A ponto de o casal tornar-se absorvido em sua verdadeira realidade como uma parte de D'us, seu senso de

individualidade independente desaparece. Não mais possuem sentimentos e emoções em direção um ao outro, mas

"tornam-se" um e outro. Neste nível, a pessoa pode não apenas retificar ou expandir sua constituição emocional,

como mudá-lo realmente. Assim que a pessoa entrega sua individualidade para o infinito da realidade de D'us, pode

transformar-se numa versão mais pura e mais elevada de si mesma.

Parte 10 - Pisicologia do espelho


A maneira mais certa de aferir o sucesso de alguém no processo do auto refinamento é observar o comportamento

do cônjuge para com ele. Tanto consciente como inconscientemente, o cônjuge sente a pureza de seus motivos e

reage de acordo, tanto intencional como instintivamente.

Num sentido mais amplo, isto é verdade a respeito de todos os relacionamentos inter-pessoais. "Como [olhando para]

a água, a face reflete a face, assim o coração de alguém acha seu reflexo em outro" (Provérbios 27:19)." Dessa

maneira, em concordância coma natureza e extensão do envolvimento de alguém com outra pessoa, pode-se medir

o auto-refinamento de alguém pelo modo como é tratado.

Como o casamento é a forma mais intensa de relacionamento inter-pessoal, este princípio aplica-se primeiramente à

vida conjugal. É aqui que a pessoa confrontará de forma mais notável seus sucessos e fracassos no auto-

refinamento, espelhados no comportamento do cônjuge para consigo.

Em geral, esta atitude recíproca entre os cônjuges está em um dos três níveis, conforme o estágio de retificação da

imaginação.

Se o marido ainda está trabalhando sob as noções falsas e egoístas de amor e romance, seu comportamento

certamente refletirá isso, e a mulher naturalmente se ressentirá de seu egocentrismo e competirá contra ele. Seu
relacionamento - aquele de dois indivíduos não-relacionados ocupando "espaços" separados e opostos - será

caracterizado por fricção freqüente e dolorosa. Alienada de um marido que ela sente não se interessar de coração

por ela, a mulher se desconectará dele, e negligenciará suas obrigações de esposa.

Assim que o marido se desembaraçar de sua imaginação impura, pode começar a trabalhar em si mesmo. Começa

gradualmente a redirigir suas intenções de cumprir a vontade de D'us em todos os caminhos da vida,

(particularmente em seu casamento), sentir a raiz da alma sua e de sua mulher, e a refinar seu caráter. Embora não

tenha ainda completado este processo, sua esposa sentirá este esforço genuíno e reagirá esforçando-se para ajudá-

lo e apoiá-lo.

Apesar disso, até que o processo esteja completo, ela manterá um senso próprio separado. Os dois verão seu

casamento como um relacionamento mutuamente vantajoso, onde cada um é feliz e pronto a dar, ao mesmo tempo

em que espera receber em retorno.

Se o marido tem sucesso em todas as áreas acima - purificando suas intenções de forma a que sua única motivação

seja cumprir a vontade de D'us, afinando-se com a raiz da alma, sua e da esposa, e refinando seu caráter, sempre

colocando as necessidades de outros acima das suas - as consciências do casal tornar-se-ão uma só. Sua absoluta

devoção à vontade dela a inspirarão a devotar-se proporcionalmente a ele: "como [olhando para] a água, a face

reflete a face, assim o coração de alguém acha seu reflexo em outro" (Provérbios 27:19). Ela sentirá que é parte

indivisível dele, e todos os seus atos refletirão uma total devoção a ele.

Parte 11 - Três níveis de relacionamento -


Tsadic Benoni e Rasha
Estes três níveis de relacionamento entre marido e mulher refletem os três níveis gerais de relacionamento entre D'us

e o homem.

Um tsadic (o justo consumado) é alguém tão completamente devotado a D'us que nunca se considera como uma

entidade separada ou individual. Sim, sua observância da Torá e dos mandamentos está repleta da intenção de

aderir e tornar-se unido a D'us, cumprindo Sua vontade, e vivencia a Divindade com amor e temor. Mesmo assim,

atribui tudo à infinita graça e providência de D'us. Como dizem nossos Sábios (Ética dos Pais 3:7): "Dê (i.e., atribua)

a Ele tudo que Lhe pertence, pois você e tudo que é seu pertencem a Ele."
D'us reage atribuindo orgulhosamente todo o bem na realidade ao mérito do tsadic. De fato, como foi mencionado

acima, Seu motivo ao criar o mundo foi o prazer que Ele derivaria das boas ações dos justos.

O segundo nível de relacionamento corresponde à consciência do benoni (servo "intermediário" de D'us).

Em todas as formas de comportamento - pensamento, palavra e ação - o benoni renuncia ao estilo de vida

alimentado pela imaginação não retificada e assim, está livre do pecado, mas seu motivos ainda não são totalmente

puros; não abriu mão de sua individualidade. Está empenhado em ajudar D'us a levar o mundo à perfeição,

cumprindo Sua vontade com alegria, porém permanece cônscio de que está agindo também para seu próprio bem.

Nossos Sábios interpretam a frase que conclui o versículo: "Cumprirás os mandamentos, as regras, e as leis que Eu

te ordeno hoje a cumprir" (Devarim 7:11) como implicando: "hoje [neste mundo] cumpri-los, e amanhã [no Mundo

Vindouro] receber a recompensa" (Eruvin 22a; Avodá Zará 3a).

O benoni interpreta isso como significando que, embora o desafio deste mundo ("hoje") seja cumprir fielmente os

mandamentos de D'us, em retorno, a pessoa certamente herdará ("amanhã") a recompensa do Mundo Vindouro.

Um tsadic, por outro lado, entende este ensinamento como significando que a pessoa deveria "hoje" estar

preocupada apenas com o "hoje" e suas tarefas, não se preocupando com o "amanhã" e suas recompensas. Pois na

verdade, "uma hora de teshuvá [retorno a D'us através da auto-retificação] e boas ações neste mundo representa

mais que toda a vida no Mundo Vindouro" (Ética dos Pais 4:17), pois neste mundo a pessoa pode unir-se totalmente

a D'us ao cumprir Sua vontade. O serviço do tsadic a D'us é sem nenhum interesse. Seu desejo incondicional de

servir e tornar-se um com Ele obstrui qualquer preocupação com o recebimento de uma recompensa, mesmo aquela

do Mundo Vindouro.

Rabi Shneur Zalman de Liadi ilustra esta idéia do seguinte modo (Ma'amarei Admor Hazaken Haketsarim, p. 461):

O Midrash (Shir Hashirim Rabbá 1:31) relata a história de uma mulher que estava casada há muitos anos, mas não

tinha filhos. O marido, por isso, decidiu divorciar-se dela. Procurou Rabi Shimeon bar Yochai, de abençoada

memória, e este lhe respondeu que assim como celebraram o casamento com júbilo, assim também deveriam

celebrar o rompimento com alegria.


O marido preparou uma grande festa, e a certa altura disse à mulher que escolhesse as possessões que desejasse

para si, assegurando-lhe que nada recusaria a ela.

O que fez ela? Serviu-lhe tanto vinho que ele ficou bêbado e foi dormir, e a mulher disse então aos servos que o

levassem com a cama para o quarto dela.

Na manhã seguinte, quando ele acordou e achou-se na casa dela, perguntou-lhe por que havia sido levado para lá -

não deixara claro que pretendia divorciar-se dela? A mulher replicou: "Você não falou que eu poderia pegar aquilo

que desejasse? Bem, não quero ouro nem prata, nem pedras preciosas, nem pérolas; tudo que desejo é você. Você

é o único objeto de meu desejo."

Ouvindo isso, o marido tornou-se novamente apaixonado pela esposa, e tomou-a de volta. E pelo mérito dessa ação,

o Todo Poderoso, bendito seja, abençoou-os com filhos.

Assim é com o serviço de D'us. Como foi declarado (Cântico dos Cânticos 8:2): "Servir-te-ei vinho aromático, a

fragrância de minhas romãs" - isso refere-se ao fato de que o menos valioso de Israel é tão cheio de méritos

acumulados por cumprir os mandamentos de D'us como uma romã é cheia de sementes. A noiva, Israel, servindo o

noivo, D'us, significa despertá-Lo para descer e habitar entre nós, pois assim fazendo, estamos na verdade dizendo a

Ele: "Quem tenho eu no céu, e eu nada desejo além de Ti na terra" (Salmos 73:25). Isso significa: Não desejo

nenhum bem ou deleite, seja no elevado Jardim do Éden, seja no Jardim do Éden inferior; nada desejo além de Ti.

Neste mérito, a pessoa "carregará" progênie espiritual - um filho e uma filha, i.e., amor e temor a D'us. [Amor e temor

a D'us são considerados progênie espiritual, visto que são o "rebento" da meditação intelectual].

E também no plano físico, "ele dará frutos e [merecerá] longa vida" (Yeshayáhu 53:10).

Parte 12 - O Rasha: separação indignada


O terceiro e mais baixo grau de relacionamento - quando a esposa se opõe ao marido - corresponde àquele entre o

rasha (pessoa perversa) e D'us.

A rebelião intencional contra D'us geralmente é o resultado da frustração existencial do rasha pela sua incapacidade
de lidar com as provações da vida, e/ou a multiplicidade de obrigações que a Torá espera que ele cumpra. Seja ou

não de modo plenamente consciente, a alma do rasha, aprisionada pelas forças do mal (e não sabendo como

distinguir entre elas e a Divina Providência), zanga-se angustiadamente contra D'us: "Por que fizeste minha vida tão

infeliz?"

As reclamações do rasha podem parecer justificadas: às vezes, parece que D'us abandonou injustamente Suas

criaturas. O rasha então está reagindo como qualquer esposa o faria, quando confrontada com um marido cruel ou

desinteressado - rebelando-se.

A reaproximação do rasha com D'us (sua teshuvá) pode começar com uma destas duas formas:

O rasha pode preferir reconhecer que ele é o único a ser culpado pelo aparente distanciamento de D'us. D'us sempre

deseja revelar-Se cumulando Suas criaturas com o bem, mas é "impedido" de fazê-lo pelos pecados coletivos da

geração, e aqueles de indivíduos em particular, incluindo, claro, o próprio rasha. Uma vez que tenha percebido isso, o

rasha penitente pode perdoar a D'us pelo trauma e desapontamento que sofreu, e resolver parar de impedir a

revelação da Divindade no mundo pela sua atitude e atos rebeldes.

Ou D'us toma a iniciativa, expressando Seu próprio "arrependimento" pelas "falhas" com o rasha (e o mundo em

geral), e fazendo, por assim dizer, um sério esforço para cortejar Seu cônjuge novamente. Ele restaura Sua

benevolência material ou espiritual. Esta demonstração da Divina graça faz o rasha perceber que o comportamento

de D'us para com ele - passado, presente e futuro - sempre foi para seu próprio bem. Aqui também ele pode perdoar

a D'us e resolver servi-Lo novamente.

Seja qual for o caso, o rasha transforma-se totalmente. Não estando mais irado, amargo, ou absorvido em si mesmo,

sua única aspiração agora é que D'us conceda Suas bênçãos abertamente a todas as pessoas, e assim ele se aplica

incessantemente a trabalhar para esta finalidade. O último foco de sua vida torna-se a Redenção Final, pois somente

então a bondade abundante de D'us será revelada para que todos a vejam.

D'us - como um marido amoroso que reage aos gestos de sua esposa que não mais está afastada - retribuirá então

perdoando ao rasha seus pecados do passado. A lembrança do rasha de sua atitude e comportamento anteriores o

inspiram a remediar a sua situação (e a do mundo) com uma fortaleza de espírito e amor a D'us ainda maiores que

os de alguém que jamais pecou. Por causa disso, D'us não apenas apaga os efeitos negativos dos pecados

passados daquele que foi um rasha, como também os contabiliza como méritos (Talmud Yoma 86b; Bava Metsia
33b), em virtude de terem impelido o rasha a empreender a ação necessária para remediar esta situação, bem como

a do mundo.

Dessa forma, apesar de uma predisposição ou história pessoal negativa, um rasha pode aspirar a uma "segunda

natureza" mais sublime e mais recompensadora.

Parte 13 - Retificando a discórdia


doméstica
De nossa descrição anterior sobre como um relacionamento entre um rasha e D'us torna-se retificado, podemos

supor o seguinte confronto entre marido e mulher.

Quando um homem vê sua mulher opondo-se a ele, deveria suspeitar que ele é o culpado. Talvez tenha projetado

uma imagem de desinteresse e distanciamento. Reconhecendo isso, deveria perdoar sua falta de cooperação e

devoção, enxergando estas faltas como indicadores úteis para aferir sua própria eficácia no relacionamento com ela

e com outros.

O conflito doméstico então serve - seja ou não a intenção consciente da esposa - para desinflar e neutralizar o ego

do marido. Reagindo às expressões de insatisfação da esposa com compreensão e consideração - em vez de

hostilidade e defensiva - o marido inicia o processo de sua própria auto-correção. Reprimindo sua própria inclinação à

ira, e relacionando-se com a esposa com amor, certamente a inspirará a amá-lo em retorno, e o próprio fato de parar

de pensar negativamente sobre ela ajudará a melhorar a situação.

Naturalmente, também cabe à mulher considerar um casamento problemático como o resultado de suas próprias

falhas. Talvez seus pensamentos, palavras ou ações estejam impedindo o marido de exercer seu desejo natural de

relacionar-se com ela de forma mais positiva.

Reconhecendo isso, ela pode vir a perdoá-lo e reformular sua perspectiva sobre o relacionamento à uma luz nova e

positiva.

O marido, vendo a esposa tomar esta iniciativa, perceberá que o comportamento negativo dela no passado foi na

verdade causado pela impressão que tinha de ele ser desinteressado. Ele pode começar aperfeiçoando-se, refinando

seu caráter, e especialmente aprendendo como relacionar-se com a esposa de forma amorosa.
Neste ínterim, o cônjuge magoado deveria lembrar a si mesmo que nada ocorre por acidente, e que certamente foi a

Divina Providência que o colocou nesta situação difícil, que espera-se seja temporária. Tanto quanto possível, ele

deveria tentar cultivar uma atitude de paciência e confiança em D'us, que certamente o está sujeitando a esta

provação com algum propósito.

Se a tensão se recusa a ceder apesar destas tentativas, o casal deve enfrentar a possibilidade de que o

relacionamento deles é do tipo que somente pode ser retificado se terminar. O divórcio, quando requerido pela Torá,

é comparada pela Chassidut ao Êxodo do Egito: um marido que não é o parceiro devotado da esposa é como um

Faraó para ela. O divórcio então torna-se uma forma de libertação, redimindo-a de um ambiente escravizante e um

apego doentio. Embora não seja fácil, a mulher deve ter fé que achará sua verdadeira alma gêmea (bashert) em

outro lugar - assim como os judeus seguiram fielmente a Moshê pelo deserto e descobriram seu verdadeiro Amado

esperando por eles no Monte Sinai.

Mesmo se é decidido que o divórcio é necessário, ainda não há razão para o casal ter má vontade um com o outro -

ou com D'us. De acordo com as atitudes delineadas acima, deveriam considerar o tempo que passam juntos como

um decreto da Divina Providência, ou como um modo necessário de ocasionar um certo estágio da retificação de

suas almas, ou como uma maneira de atingir alguma outra parte do plano de D'us para o mundo. Se eles tivessem

sido abençoados com filhos, certamente poderiam considerar o objetivo de seu casamento como sendo o de trazer

estas almas ao mundo.

Mais uma vez, apesar destes consolos, o divórcio deveria sempre ser considerado como o último recurso,

contemplado apenas quando tudo o mais falhou, pois, como dizem nossos Sábios: "o próprio altar derrama lágrimas

quando alguém se divorcia de sua primeira esposa" (Guitin 90b).

A influência da esposa

Considerando que o marido deve abordar a harmonia conjugal como um reflexo de seu próprio desenvolvimento

espiritual, a seguinte história do Midrash (Bereshit Rabá 17:7) sugere que a mulher tem o poder de melhorar

diretamente o comportamento de seu marido:

Houve certa vez um homem pio que era casado com uma mulher também devota, mas eles não tinham filhos.

Disseram: 'não estamos fazendo nenhum bem a D'us,' e se divorciaram. O homem bom então desposou uma mulher
perversa, e ela o tornou mau. A mulher devota casou-se com um homem malvado, e ela o tornou devoto. Portanto,

vemos que tudo depende da mulher.

Uma mulher aperfeiçoa o comportamento do marido pela fé inata que tem nele, projetando a visão que tem de uma

natureza verdadeira e nobre sobre ele, e vendo-o, por assim dizer, através dos olhos de D'us.

Um homem, portanto, trabalha em seu casamento ao corrigir-se em relação à esposa, aferindo seu progresso ao

notar a atitude dela (e suas reações) para com ele. Uma mulher, por outro lado, trabalha em seu casamento ao

concentrar-se no marido, ajudando-o (quer ele perceba, quer não) a corrigir-se e preencher seu potencial. Ela faz

isso aprofundando sua fé em D'us e Sua providência, e pela consciência de Seu propósito na criação (que acarreta a

imagem retificada de seu marido e do casamento deles). Por este motivo, ela é chamada de sua "companheira."

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