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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

02/07/2020

Número: 0603024-56.2018.6.07.0000
Classe: RECURSO ORDINÁRIO
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Og Fernandes
Última distribuição : 03/04/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cargo - Governador, Cargo - Vice-Governador, Abuso - De Poder Econômico, Captação
Ilícita de Sufrágio, Ação de Investigação Judicial Eleitoral
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG (RECORRENTE) CARLOS ALFREDO DE PAIVA JOHN (ADVOGADO)
RODRIGO DA SILVA PEDREIRA (ADVOGADO)
RAISSA ALVES ARAUJO (ADVOGADO)
RAFAEL SASSE LOBATO (ADVOGADO)
PEDRO IVO GONCALVES ROLLEMBERG (ADVOGADO)
JANAINA ROLEMBERG FRAGA (ADVOGADO)
GABRIELA ROLLEMBERG DE ALENCAR (ADVOGADO)
BARBARA DO NASCIMENTO PERTENCE (ADVOGADO)
CASSIO THITO ALVARES DE CASTRO (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO BRASÍLIA DE MÃOS LIMPAS (RECORRENTE) RODRIGO DA SILVA PEDREIRA (ADVOGADO)
GABRIELA ROLLEMBERG DE ALENCAR (ADVOGADO)
MARCELO WEICK POGLIESE (ADVOGADO)
IBANEIS ROCHA BARROS JUNIOR (RECORRIDO) JOSE FERREIRA (ADVOGADO)
TAYNARA TIEMI ONO (ADVOGADO)
BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA (ADVOGADO)
WILLIAN GUIMARAES SANTOS DE CARVALHO
(ADVOGADO)
MARCUS VINICIUS BRITTO DE ALBUQUERQUE DIAS VLADIMIR BELMINO DE ALMEIDA (ADVOGADO)
(RECORRIDO) JOSE FERREIRA (ADVOGADO)
JUAN VITOR BALDUINO NOGUEIRA (ADVOGADO)
TAYNARA TIEMI ONO (ADVOGADO)
BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA (ADVOGADO)
EDWARD JOHNSON GONCALVES DE ABRANTES
(ADVOGADO)
RODRIGO MELO MESQUITA (ADVOGADO)
WILLIAN GUIMARAES SANTOS DE CARVALHO
(ADVOGADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
35409 30/06/2020 20:42 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
038
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL

Manifestação nº 1.822/20-GABVPGE
Processo: RO nº 0603024-56.2018.6.07.0000 – BRASÍLIA/DF
Recorrente: COLIGAÇÃO BRASÍLIA DE MÃOS LIMPAS
Recorrente: RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG

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Recorrido: IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR
Recorrido: MARCUS VINICIUS BRITTO DE ALBUQUERQUE DIAS
Relator: MINISTRO OG FERNANDES

ELEIÇÕES 2018. RECURSO ORDINÁRIO. GOVERNADOR.


VICE-GOVERNADOR. ABUSO DE PODER ECONÔMICO.

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CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. AUSÊNCIA DE EFETIVO
DISPÊNDIO DE RECURSO FINANCEIROS. PROMESSAS GE-
NÉRICAS. CUNHO DEMAGÓGICO.
1. Não se operam os efeitos da revelia se o litígio versar
sobre direitos indisponíveis, nos termos do art. 345, II,
do Código de Processo Civil.
2. A captação ilícita de sufrágio se perfaz com a
promessa de vantagem pessoal em troca de voto de
eleitor determinado ou determinável, sendo
desnecessária, portanto, a produção de prova destinada
a identificação nominal dos eleitores.
3. Para que se tenha o abuso de poder econômico, é
necessário verificar-se o efetivo emprego abusivo de
recursos financeiros.
4. Deve ser considerada genérica a promessa que tenha
como beneficiários centenas ou milhares de pessoas, já
que dirigida a uma coletividade, não constituindo
captação ilícita de sufrágio.
- Parecer pelo improvimento do recurso ordinário.

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RBG/P/RKBC – RO Nº 0603024-56.2018.6.07.0000 – B.01.7

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Procuradoria-Geral Eleitoral

Egrégio Tribunal Superior Eleitoral,

Trata-se de recurso ordinário interposto por Coligação “Brasília


de Mãos Limpas” e Rodrigo Sobral Rollemberg contra acórdão proferido pelo
Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal.

Consta dos autos que Coligação “Brasília de Mãos Limpas” e Ro-


drigo Sobral Rollemberg ajuizaram ação de investigação judicial eleitoral em

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desfavor de Ibaneis Rocha Barros Júnior e Marcus Vinicius Britto de Albuquer-
que Dias, candidatos eleitos aos cargos de Governador e Vice-Governador do
Distrito Federal, respectivamente, nas eleições ocorridas em 2018, impu-
tando-lhes a prática de abuso de poder econômico e captação ilícita de sufrá-
gio.

Segundo os investigantes, Ibaneis Rocha Barros Júnior, em

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evento realizado no dia 30 de setembro de 2018, na Colônia Agrícola 26 de
Setembro, prometeu aos eleitores ali presentes que reconstruiria, com recur-
sos próprios, caso eleito, casas demolidas por ação da Agência de Fiscalização
do Distrito Federal (AGEFIS).

Destacaram, ainda, que o investigado reiterou tal promessa em


diversas entrevistas concedidas a órgãos de imprensa e em debate promovido
por emissora de televisão.

Além disso, informaram que Ibaneis Rocha Barros Júnior regis-


trou compromisso em cartório, por meio do qual prometeu reformar creches
e escolas públicas no Distrito Federal com recursos próprios.

Em razão de tais fatos, postulou a cassação dos diplomas dos


candidatos investigados, a aplicação de pena de multa, bem como a declaração
de sua inelegibilidade, pelo prazo de oito anos, com arrimo nos arts. 22, XIV,
da LC nº 64/90 e 41-A da Lei das Eleições.

Maria Fátima de Sousa e Coligação “Elas Por Nós: Sem Medo de


Mudar o DF” ajuizaram a ação de investigação judicial eleitoral nº 0602991-
66.2018.6.07.0000, igualmente em detrimento de Ibaneis Rocha Barros Júnior

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e Marcus Vinicius Britto de Albuquerque Dias, em razão da promessa de re-


construção de casas demolidas irregularmente pela AGEFIS.

A Corte Regional, apreciando em conjunto as ações de investi-


gação judicial eleitoral e com base no parecer da Procuradoria Regional Elei-
toral, julgou improcedentes os pedidos formulados nas respectivas petições
iniciais, por meio de acórdão assim ementado1:

ELEIÇÕES 2018. AÇÕES DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL

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ELEITORAL (AIJE's). JULGAMENTO CONJUNTO. CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ABUSO DE PODER ECONÔMICO.
PROMESSAS DE UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS PARA
RECONSTRUÇÃO DE CASAS DEMOLIDAS PELA AGÊNCIA DE
FISCALIZAÇÃO URBANA (AGEFIS) E REFORMAS EM CRECHES E
ESCOLAS PÚBLICAS. PROMESSA GENÉRICA. PRELIMINARES DE
CERCEAMENTO DE DIREITO DE PRODUÇÃO PROBATÓRIA E DE
AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO REJEITADAS. NÃO UTILIZAÇÃO

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EFETIVA DE RECURSOS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS
CONFIGURADORES DO ABUSO. AUSÊNCIA DE GRAVIDADE OU
DE LESIVIDADE NO ATO. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS.
1. Não procedem as preliminares de cerceamento de direito
de produção probatória e de ausência de contestação.
2. As promessas de utilização de recursos próprios para
reconstrução de casas demolidas pela AGEFIS e para reforma
de escolas e creches não caracterizam a captação ilícita de
sufrágio e/ou abuso de poder econômico.
3. A incidência do art. 41-A da Lei nº 9.504/97 exige prova
inconteste da ilicitude consistente na promessa de bem ou
vantagem pessoal capaz de interferir na liberdade de voto do
cidadão. Para sua configuração, a promessa de vantagem
pessoal em troca de voto deve corresponder a benefício a ser
obtido concreta e individualmente por eleitor determinado ou
determinável.
4. Não houve promessa de bem ou vantagem pessoal,
consoante exige a norma em epígrafe, mas promessa dirigida
a uma coletividade. A delimitação dos destinatários da fala do
Representado - participantes do evento na Colônia Agrícola
26 de Setembro - não retira o caráter genérico da promessa,

1
ID 27380888.

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uma vez que reconstrução de casas e reforma de creches e


escolas beneficiaria toda a sociedade indistintamente.
5. Não há comprovação robusta e contundente da prática de
ato que tenha afetado a legitimidade e a normalidade do
pleito em benefício do Representado, haja vista que: a) não
ocorreu o efetivo emprego de recursos patrimoniais em prol
de sua candidatura; b) inexiste gravidade suficiente a
desequilibrar a disputa entre os candidatos.
6. Improcedência dos pedidos da ação de investigação judicial
eleitoral.

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Inconformados, Coligação “Brasília de Mãos Limpas” e Rodrigo
Sobral Rollemberg interpuseram recurso ordinário, com fundamento no art.
121, § 4º, III, da Constituição Federal.

Aduziram a ocorrência de cerceamento de defesa, decorrente


do indeferimento de dois pedidos de produção de provas que seriam de ex-
trema relevância para a demonstração da gravidade das condutas ilícitas im-

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putadas aos recorridos, quais sejam:

a) de expedição de ofício à AGEFIS para que apresentasse a


relação de pessoas que tiveram suas casas demolidas pela
agência fiscalizadora na Colônia “26 de Setembro”;

b) expedição de ofício ao IBOPE para que informe a audiência


dos programas, debates e entrevistas nos quais Ibaneis Ro-
cha Barro Júnior reiterou a promessa de reconstruir casas de-
molidas pela AGEFIS.

Destacaram que a produção desta prova seria imprescindível,


na medida em que o acórdão recorrido, ao julgar improcedentes os pedidos
formulados na inicial, assentou não ter sido demonstrada a existência de pes-
soa ou grupo determinado ou determinável, com possibilidade real e concreta
de usufruir a oferta prestada pelo candidato.

Ademais, reiteraram alegação formulada por Maria Fátima de


Sousa e Coligação “Elas Por Nós: Sem Medo de Mudar o DF”, no sentido de que
os recorridos não apresentaram contestação nos autos da AIJE nº 0602991-
66.2018.6.07.0000, postulando, por tal razão, sejam presumidos verdadeiros

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os fatos alegados nas iniciais.

Quanto ao mérito, apontaram a especificidade do caso concreto,


afirmando que “a Justiça Eleitoral nunca analisou caso semelhante em que can-
didato com tanto poderio econômico pudesse fazer promessa que desequili-
brasse significativamente as eleições”2.

Aduziram não se tratar de promessa genérica, pois além de im-


plicar vultoso dispêndio de recursos – estimado em R$ 300.000.000,00 (tre-

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zentos milhões de reais) -, o compromisso estava diretamente atrelado ao
êxito do recorrido nas urnas.

Asseveraram, quanto ao ponto, que a promessa do recorrido se


apresentou plausível por ter sido direcionada a pessoas pobres, que acredita-
ram que receberiam o benefício prometido, além de partir de pessoa que se
apresentava com condições financeiras para tanto, configurando evidente cap-

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tação ilícita de sufrágio e abuso de poder econômico.

No que se refere à conduta do art. 41-A da Lei das Eleições,


sustentaram que a Corte Regional afastou sua configuração ante a ausência
dos seguintes elementos:
[...] a) pessoa ou grupo determinado ou determinável, com
possibilidade real e concreta de usufruir da oferta prestada
pelo candidato; b) não houve o intuito de se estabelecer a
mercancia do voto, em outras palavras, não se reconhece a
oferta de vantagem pessoal em troca do voto; c) o candidato
não agiu livre e conscientemente com o intuito de influenciar
ou conspurcar a liberdade de consciência eleitoral dos
presentes, ou seja, não buscou impedir o livre exercício dos
direitos políticos ativos de forma consciente, informada e
sincera.3

Afirmaram, contudo, que os elementos apontados pelo acórdão


recorrido encontravam-se presentes, pois as promessas foram dirigidas a
grupo determinado ou determinável de pessoas, quais sejam, as pessoas que
tiveram suas casas demolidas pela AGEFIS e pais e alunos de creches e escolas

2
ID 27381388, p. 15.
3
ID 27381388, p. 19.

5
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públicas do Distrito Federal, destacando a desnecessidade de identificação do


eleitor corrompido.

Além disso, fez-se presente a finalidade eleitoral, na medida


em que o cumprimento das promessas estava atrelado à vitória do recorrido,
que agiu de forma livre e consciente, reafirmando, ratificando e ampliando seu
compromisso.

No que se refere à caracterização do abuso de poder econômico,

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sustentam não haver relevância jurídica no fato de o benefício prometido não
ter sido entregue, “sendo que a mera ostentação do poder é possível impactar
o eleitorado, mesmo que seja apenas por meio de promessa”4.

Salientaram, outrossim, que “o abuso de poder ficou configu-


rado também porque a promessa de benefício patrimonial estava condicionada
aos ‘votos em favor do recorrido’”5, quebrando a igualdade de oportunidades

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no pleito.

Destacaram que não é qualquer candidato que pode prometer


a doação de R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) para a recons-
trução e casas demolidas pelo Poder Público, caso sagre-se vitorioso no pleito.

Diante de tal contexto, postularam o acolhimento da preliminar


de cerceamento de defesa, com a decretação de nulidade do acórdão recorrido
e retorno dos autos à origem para reabertura da fase de instrução.

Subsidiariamente, pugnaram pelo provimento do recurso, para


que os pedidos formulados na inicial sejam julgados procedentes.

Em suas contrarrazões6, os recorridos pugnaram pelo improvi-


mento do recurso.

É o relatório.

O recurso é tempestivo e encontram-se presentes os demais

4
ID 27381388, p. 32.
5
ID 27381388, p. 34.
6
ID 27382238.

6
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requisitos de admissibilidade.

Como relatado, as recorrentes ajuizaram a presente ação de in-


vestigação judicial eleitoral, imputando aos recorridos a prática de abuso de
poder econômico e captação ilícita de sufrágio, noticiando que Ibaneis Rocha
Barros Júnior, em evento realizado no dia 30 de setembro de 2018, na Colônia
Agrícola 26 de Setembro, prometeu aos eleitores ali presentes que reconstru-
iria, com recursos próprios, caso eleito, casas demolidas por ação da Agência
de Fiscalização do Distrito Federal (AGEFIS).

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O discurso teve o seguinte conteúdo7:
Ibaneis: (...) que busca sua moradia, que tem direito a
moradia e aqui no Distrito Federal tem terra pra levantar
muito tijolo e nós vamos manter a casa de vocês de pé. E outra
coisa que vou dizer: as casas que AGEFIS derrubou eu vou
construir com meu dinheiro.

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Sonora: Eu vou mandar derrubar a minha.
Sonora: Eu também!
Sonora: Porque ele é milionário

Além disso, os recorrentes questionaram a promessa do recor-


rido Ibaneis Rocha Barros Júnior, registrada em cartório, de que reformaria
creches e escolas públicas com recursos próprios.

Ao julgar improcedentes os pedidos formulados na inicial, o


Tribunal a quo consignou, quanto à configuração da conduta prevista no art.
41-A da Lei das Eleições, inexistir “dolo específico na fala do candidato quando
da reunião na Colônia Agrícola 26 de Setembro, nem mesmo é possível extrair
tal dolo das entrevistas concedidas a diversos grupos jornalísticos”, tratando-
se de mera “promessa em sede de campanha eleitoral, dirigida indistintamente
a eleitores e não eleitores, sendo que o Representado não estava atendendo a
interesses particulares e também não estava explorando vulnerabilidades so-
cioeconômicas dos presentes”8.

7
ID 27094788.
8
ID 27097138, p. 20.

7
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No que atine ao aventado abuso de poder econômico, assen-


tou-se no acórdão recorrido não ter restado demonstrado o efetivo e abusivo
emprego de recursos financeiros e nem a influência negativa da conduta no
pleito eleitoral.

Pois bem. De início, há que ser rechaçada a pretensão de que


sejam presumidas verdadeiras as alegações de fato constantes da inicial, em
razão de os recorridos não terem apresentado contestação nos autos da AIJE
nº 0602991-66.2018.6.07.0000.

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Isso porque, nos termo do art. 345, II, do Código de Processo
Civil, não se operam os efeitos da revelia se o litígio versar sobre direitos in-
disponíveis.

Outrossim, há que ser afastada a alegação de cerceamento de


defesa, decorrente do indeferimento do pedido de expedição de ofício à AGE-

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FIS para que apresentasse a relação de pessoas que tiveram suas casas demo-
lidas pela agência fiscalizadora na Colônia 26 de Setembro.

Como se sabe, para a configuração da captação ilícita de sufrá-


gio, “não é mister que o eleitor – ou eleitores – beneficiados ou a quem a
promessa foi endereçada seja identificado nominalmente”9.

Consoante a reiterada jurisprudência desse Tribunal Superior


Eleitoral, “para a configuração do ilícito previsto no art. 41-A da Lei 9.504/97,
a promessa de vantagem pessoal em troca de voto deve corresponder a bene-
fício a ser obtido concreta e individualmente por eleitor determinado ou de-
terminável”10.

Assim, em sendo possível a delimitação das pessoas que foram


alvo da promessa realizada pelo recorrido Ibaneis Rocha Barros Júnior, no dis-
curso proferido em 30 de setembro de 2018, dispensável a expedição de ofício
à AGEFIS visando identificá-las, não havendo que se falar, portanto, em cer-
ceamento de defesa.

9
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, 14ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2018, p. 830.
10
Recurso Especial Eleitoral nº 474-44, rel. Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, acórdão publicado
no DJe em 30 de abril de 2019.

8
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No que se refere à alegação dos recorrentes de que tal prova,


bem como a expedição de ofício ao IBOPE, seria necessária à demonstração do
requisito da gravidade, imprescindível à caracterização do abuso de poder
econômico, trata-se de alegação a ser enfrentada junto com o mérito.

No que atine ao mérito do processo, é possível afirmar que os


fatos sob análise não configuram abuso de poder econômico.

Consoante lição de José Jairo Gomes, “o abuso de poder econô-

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mico deve ser compreendido como a concretização de ações que denotem mau
uso de situações jurídicas ou direitos e, pois, de recurso patrimoniais detidos,
controlados ou disponibilizados ao agente. Essas ações não são razoáveis nem
normais à vista do contexto em que ocorrem, revelando a existência de exor-
bitância, desbordamento ou excesso no exercício dos respectivos direitos e no
emprego de recursos”11.

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Ou seja, para que se tenha o abuso de poder econômico, é ne-
cessário verificar-se o efetivo emprego abusivo de recursos financeiros.

Com efeito, o abuso de poder econômico “caracteriza–se pelo


emprego desproporcional de recursos patrimoniais (públicos ou privados),
com gravidade suficiente para afetar o equilíbrio entre os candidatos e macular
a legitimidade da disputa.”12.

No caso concreto, o fato que se imputa ao recorrido Ibaneis Ro-


cha Barros Júnior cinge-se a discurso no qual prometeu reconstruir, com re-
cursos próprios, casas demolidas pela AGEFIS. Não houve, efetivamente, qual-
quer dispêndio de recursos financeiros pelo recorrido, mas apenas a promessa
de fazê-lo, embora se trate de alguém que notoriamente disponha de recursos
para tanto.

Logo, não há que se falar em abuso de poder econômico.

No que se refere à configuração da aventada captação ilícita de

11
Op. cit., p. 366. grifos acrescidos.
12
Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 060186-22, rel. Ministro Og Fernandes, acórdão publicado
no DJe em 26 de novembro de 2019.

9
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sufrágio, há que se tecer as seguintes ponderações.

É pacífico no âmbito desse Tribunal Superior o entendimento de


que a configuração da conduta prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/97 se
perfaz pela presença, “além do requisito temporal (ato praticado em período
compreendido entre o registro de candidatura e a data da eleição), de três
elementos: (i) a prática de qualquer das condutas de doar, ofertar, prometer,
ou entregar bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza ao eleitor; (ii) a
finalidade eleitoral da conduta; e (iii) a participação, direta ou indireta, do can-

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didato, ou, ao menos, o consentimento, a anuência, o conhecimento ou
mesmo a ciência dos fatos que resultaram na prática do ilícito eleitoral”13.

In casu, a conduta imputada ao recorrido fora pratica em perí-


odo eleitoral, no dia 30 de setembro de 2018.

Além disso, houve promessa, realizada por candidato, a pes-

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soas que ouviam seu discurso, no sentido de reconstruir as casas derrubadas
pela AGEFIS na Colônia Agrícola 26 de Setembro.

A finalidade eleitoral também salta aos olhos, já que se tratava


de um discurso de campanha, realizado por candidato a cargo eletivo.

Denota-se, assim, a presença dos elementos que essa Corte Su-


perior julga necessários à configuração da captação ilícita de sufrágio.

Por outro lado, há que se ter em vista que “a promessa ou oferta


deve ser específica e endereçada a alguém ou a um grupo determinado de
eleitores, pois, se for genérica ou vaga, não se encaixa na moldura do artigo
41-A da LE. Nesse caso mais assemelha a ‘promessa de campanha’, feita de
forma geral e indiscriminada, sem aptidão para corromper ou vincular desti-
natários”14.

Segundo a “jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, pro-

13
Recurso Especial Eleitoral nº 167-2017, rel. Ministro Luís Roberto Barroso, acórdão publicado no DJe
em 10 de setembro de 2019.
14
GOMES, José Jairo. Op. cit., p. 833.

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messas genéricas de campanha dirigidas indistintamente a eleitores não ca-


racterizam o ilícito descrito no art. 41-A da Lei 9.504/97”15.

Nesse contexto, trata-se de situação limítrofe, sendo possível


indagar se a promessa do recorrido foi dirigida a eleitores determinados ou
determináveis ou a uma coletividade, configurando, nessa última hipótese,
mera promessa genérica de campanha.

Esse Tribunal Superior Eleitoral já se debruçou sobre situação

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semelhante à dos autos, na qual candidato a prefeito distribuiu santinhos, às
vésperas do pleito, com promessa de extinção de taxa condominial em dois
empreendimentos do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”.

Note-se que, assim como neste processo, naquele caso estava-


se diante de um grupo determinável de eleitores - proprietários de imóveis de
dois condomínios. Nada obstante, essa Corte Superior entendeu cuidar-se de

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promessa de campanha promovida de modo genérico.

Eis a ementa da decisão:

ELEIÇÕES 2016. RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE


INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). CAPTAÇÃO ILÍCITA
DE SUFRÁGIO. DISTRIBUIÇÃO DE PANFLETOS. ISENÇÃO DE
TAXA CONDOMINIAL. EMPREENDIMENTOS DO PROGRAMA
HABITACIONAL MINHA CASA MINHA VIDA. PROMESSA
GENÉRICA. PLATAFORMA POLÍTICA. VIABILIDADE EM TESE.
MÁ-FÉ NÃO DEMONSTRADA. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO
REGIONAL. DESPROVIMENTO.
1. In casu, o Tribunal de origem manteve a improcedência da
AIJE por entender que a promessa de isenção de taxa
condominial realizada de modo genérico e com respaldo em
decreto municipal não caracteriza captação ilícita de sufrágio
e/ou abuso de poder econômico.
[...]
4. A quaestio juris submetida a esta Corte cinge-se, portanto,
em saber se configura captação ilícita de sufrágio a
distribuição de panfletos com promessa de extinção de taxa

15
Recurso Especial Eleitoral nº 1096-93.2012, rel. Ministro João Otávio de Noronha, acórdão publicado
no DJe em 8 de outubro de 2014.

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condominial em empreendimentos residenciais inseridos no


programa Minha Casa Minha Vida.
5. A incidência do art. 41-A da Lei nº 9.504/97 exige prova
inconteste da ilicitude consistente na promessa de bem ou
vantagem pessoal capaz de interferir na liberdade de voto do
cidadão - bem jurídico tutelado pela norma.
6. Na linha da jurisprudência desta Corte, para a configuração
do ilícito previsto no art. 41-A da Lei 9.504/97, a promessa
de vantagem pessoal em troca de voto deve corresponder a
benefício a ser obtido concreta e individualmente por eleitor

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determinado ou determinável.
7. Na espécie, conforme a moldura fática delineada no
acórdão regional, não houve promessa de bem ou vantagem
pessoal, consoante exige a norma em epígrafe, mas, sim,
promessa dirigida a uma coletividade. A delimitação dos
destinatários da propaganda eleitoral - moradores dos
condomínios Nova Caraguá e Jetuba - não retira o caráter
genérico da promessa, uma vez que a isenção da taxa

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condominial beneficiaria os condôminos indistintamente.
8. Esta Corte já decidiu que as promessas genéricas, sem o
objetivo de satisfazer interesses individuais e privados, não
são capazes de atrair a incidência do art. 41-A da Lei nº
9.504/97.
[...]
17. Recursos especiais desprovidos.16

Em sendo transposto ao caso concreto o posicionamento aco-


lhido por essa Corte no precedente acima mencionado, poder-se-ia dizer que
a promessa feita pelo recorrido teria caráter genérico, já que dirigida a uma
coletividade, na medida em que centenas, senão milhares de pessoas pode-
riam ser consideradas dela beneficiárias.

Ademais, conforme detalhado levantamento constante do voto


vencido proferido pelo Desembargador Hector Valverde Santana, a promessa
do recorrido de reconstrução de casas derrubadas ilegalmente foi reiterada em
debate televisivo e em entrevistas por ele concedidas a órgãos de imprensa.

16
Recurso Especial Eleitoral nº 474-44.2016, rel. Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, acórdão
publicado no DJe em 30 de abril de 2019.

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E esse proceder, sem dúvida alguma, empresta ares de genera-


lidade à promessa do recorrido, na medida em que qualquer pessoa residente
no Distrito Federal, que tenha tido sua moradia demolida pela AGEFIS, poder-
se-ia considerar alcançada pela aludida promessa.

Os próprios recorrentes, aliás, reconheceram essa circunstância


ao afirmarem que “as promessas atingiram um número muito relevante de
pessoas, tais como todas as pessoas que já tiveram suas casas derrubadas
pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (AGEFIS), bem como seus pa-

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rentes, vizinhos, amigos, e toda a coletividade de baixa renda”17.

Os recorrentes chegaram mesmo ao ponto de afirmar que “a


reafirmação da promessa pelo recorrido por diversas vezes em rede de televi-
são aberta, ampliou a sua proposta e atingiu toda a população do Distrito Fe-
deral”18.

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Em verdade, o proceder do recorrido é lamentável, uma vez que,
valendo-se de sua sabida condição de pessoa abastada financeiramente, diri-
giu promessa a uma coletividade de pessoas extremamente carentes e hipos-
suficientes. Uma promessa com cunho demagógico, ao condicionar a recons-
trução das casas a um procedimento administrativo destinado a verificar even-
tual ilegalidade no ato administrativo, condição que impôs, em entrevistas, à
concretização da promessa.

Ora, é de todo evidente que uma pessoa que assistiu um trator


derrubar sua casa julga ser aquele ato administrativo ilegal, possivelmente
deixando de ter a consciência que em um procedimento administrativo há uma
grande probabilidade de ser constatada a legalidade da medida, o que revela
até mesmo possível inviabilidade de concretização da promessa do recorrido.

Todavia, por mais infeliz que tenha sido o proceder do recorrido,


constituindo, frise-se, situação limítrofe entre o lícito e o ilícito, é preciso re-
memorar passagem de voto do Ministro Marcelo Ribeiro, no qual salientou que

17
ID 27381388, p. 46
18
ID 27381388, p. 24

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se deve “ter cautela redobrada ao aplicar o art. 41-A quando se trate de pro-
messa formulada a eleitores não identificados. Deve-se procurar separar a
conduta ilícita, consistente na obtenção indevida do voto mediante promessa
de vantagem pessoal, da simples promessa de conteúdo político, ainda que
demagógica ou inviável”19.

Tais conclusões são igualmente aplicáveis à promessa de re-


forma de creches e escolas públicas com recursos próprios, mas com um
acréscimo: neste caso, sequer existe a possibilidade de se discutir estar-se

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diante de um grupo determinável de beneficiários, pois ela atinge de forma
indistinta pais, alunos e professores da rede pública.

Assim, forçoso concluir que, embora reprovável o proceder


narrado, este não configurou a conduta vedada pelo art. 41-A da Lei das Elei-
ções.

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Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral manifesta-se
pelo improvimento do recurso ordinário.

Brasília, 30 de junho de 2020.

RENATO BRILL DE GÓES


Vice-Procurador-Geral Eleitoral

19
Recurso Especial Eleitoral nº 28441, rel. desig. Ministro Marcelo Ribeiro, acórdão publciado no DJ em
29 de abril de 2008.

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