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Prática Clínica na Menopausa – Um Guia Médico (4ª edição) Capítulo 3: Menopausa Prematura e I.O.P.

Capítulo 3: Menopausa Prematura e Insuficiência Ovariana


Primária (IOP)

Para a maioria das mulheres, a menopausa é um evento natural, que ocorre aproximadamente aos 51 anos de idade.
Normalmente, a menopausa ocorre na faixa etária de 45 a 55 anos, sendo que aproximadamente 5% das mulheres a
apresentam entre 40 e 45 anos, e outras 5% após os 55 anos de idade1,2. Menopausa prematura é um termo usado
genericamente para descrever a menopausa que ocorre antes dos 40 anos de idade. Já a insuficiência ovariana primária
(IOP) descreve um continuum caracterizado por função ovariana insuficiente (intermitente ou permanente), conforme
descrito originalmente por Fuller Albright3.

Menopausa prematura

Estima-se que a menopausa prematura acometa aproximadamente 1% (0,9%) das mulheres nos Estados Unidos. Ela pode
ser espontânea ou induzida por intervenções médicas. O diagnóstico pode ser utilizado com certeza em mulheres que
tiveram seus ovários removidos antes dos 40 anos de idade. Por outro lado, é mais difícil distinguir a menopausa
prematura espontânea da IOP.

A menopausa induzida ocorre após ooforectomia bilateral ou outras intervenções médicas, como quimioterapia ou
radioterapia, seguidas de dano ovariano. Em alguns casos, a quimioterapia e a radioterapia produzem um estado
transitório de insuficiência ovariana que só poderá ser diagnosticado retrospectivamente, quando a menstruação se
restabelecer. Na menopausa induzida, é comum que os níveis de hormônios ovarianos (incluindo estrogênios,
progesterona e androgênios) caiam rapidamente. A menopausa induzida cirurgicamente (por exemplo, após ooforectomia
bilateral) é denominada de menopausa cirúrgica.

Frequentemente, mulheres com menopausa induzida apresentam sintomas graves. Tais sintomas incluem fogachos,
mudanças de humor, falta de energia, depressão e insônia. Permanece obscuro se a maior gravidade aparentemente
associada aos sintomas da menopausa induzida versus natural se deve a comorbidades, ao estresse relacionado ao
tratamento cirúrgico ou médico, ou à redução abrupta de produção hormonal em uma mulher relativamente jovem. A
menopausa prematura também pode ser uma sequela inesperada da histerectomia ou embolização da artéria uterina,
possivelmente devido ao fluxo sanguíneo comprometido no ovário5,6. Na experiência de uma instituição, a idade média de
ocorrência de falência ovariana em um grupo de mulheres submetidas a histerectomia foi de 45,4 ± 4,0 anos –
significativamente menor que a idade média de 49,5 ± 4,04 anos observada em mulheres não operadas7. As mulheres
submetidas a histerectomia ou embolização da artéria uterina devem ser informadas sobre o risco de apresentar função
ovariana insuficiente antes do esperado.

Insuficiência ovariana primária


(anteriormente denominada insuficiência ovariana prematura)

O termo insuficiência ovariana primária (IOP) é preferido em relação à alternativa insuficiência ovariana prematura
porque a doença nem sempre consiste em falência ovariana completa e nem sempre é permanente3. A IOP pode ser
transitória ou até apresentar remissões e recidivas; já a perda permanente da função ovariana que resulta em menopausa

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prematura normalmente é um desfecho definitivo.8

Não há números precisos sobre a prevalência de IOP; a maioria das estimativas é derivada da porcentagem de mulheres
com infertilidade, oligomenorreia (fluxo menstrual irregular ou infrequente) ou amenorreia que procuram avaliação. As
estimativas são sujeitas a viés de encaminhamento e variam de 2% a 10% das mulheres que apresentam amenorreia
secundária9,10.

Os critérios padrão utilizados para diagnosticar a menopausa (12 meses sem menstruação) em mulheres com idade de 40
anos ou mais não se aplicam a mulheres mais jovens. Mulheres com IOP normalmente apresentam as seguintes
características: 1) sangramento uterino irregular [sangramento uterino anormal (SUA), oligomenorreia ou amenorreia]; e
2) níveis irregulares de hormônio folículo-estimulante (FSH). Um mínimo de 4 meses de sangramento irregular associado
a mais de uma ocorrência de níveis elevados de FSH são necessários para se considerar o diagnóstico.

Apesar dos episódios de amenorreia e níveis elevados de FSH, a ovulação pode ocorrer de forma intermitente e
imprevisível por vários anos em mulheres com IOP. Estima-se que entre 5% e 25% das mulheres com IOP
experimentarão pelo menos um episódio de remissão espontânea. Entre as mulheres com IOP que têm um cariótipo
normal, metade pode ainda apresentar folículos ovarianos capazes de funcionar intermitentemente. Também é possível
que entre 5% e 10% possam conceber espontaneamente11. Os folículos primordiais localizados nos ovários de algumas
mulheres com IOP não respondem adequadamente à estimulação com gonadotrofina. No entanto, esses folículos ainda
podem funcionar suficientemente bem para produzir estradiol. Já em outras mulheres, os ovários demonstram depleção
total de folículos, resultante de um pool inicial de folículos inadequado, atresia folicular acelerada ou destruição folicular
via insultos imunes, infecciosos ou tóxicos.

Etiologia da IOP A IOP tem etiologias múltiplas, incluindo fatores genéticos (relacionados ao cromossomo X e
autossômicos), insultos ambientais e distúrbios imunes. (Ver Tabelas 1 e 2.) A IOP parece ser esporádica e idiopática em
74% a 90% dos casos, mas também pode ser de origem familiar (4%-33%)12,13.

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Tabela 1.Causas conhecidas de IOP e menopausa prematura3,8,13-18


Distúrbios genéticos
• Distúrbios do cromossomo X (monossomia, trissomia ou translocações, deleções), dosagem gênica reduzida,
insuficiência inespecífica de meiose e atresia acelerada
• Distúrbios genéticos específicos do braço longo do cromossomo X [POF1, POF2 e síndrome do cromossomo X frágil
(FMR1)]
• Mutações envolvendo enzimas importantes para a reprodução
- Galactosemia
- Deficiência de 17α-hidroxilase (CYP17A1)
- Deficiência de aromatase
• Mutações envolvendo hormônios reprodutivos, seus receptores e ações
 Mutações do receptor do FSH
 Mutações envolvendo passos pós-receptores em ações do FSH
 Mutação do receptor do hormônio luteinizante
Distúrbios autoimunes associados
• Síndromes poliendócrinas autoimunes
 Hipotireoidismo
 Insuficiência adrenal
 Hipoparatireoidismo
 Diabetes melito tipo 1
• Síndrome do olho seco
• Miastenia grave
• Artrite reumatoide
• Lúpus eritematoso sistêmico
• Aplasia tímica congênita
Distúrbios diversos
• Síndromes metabólicas
• Infecções (caxumba)
• Distúrbios idiopáticos
Causas iatrogênicas
• Radiação pélvica
• Quimioterapia (agentes alquilantes)
Menopausa cirúrgica
• Ooforectomia
• Consequência de histerectomia ou embolização da artéria uterina

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Tabela 2.Diagnóstico diferencial de amenorreia secundária (lista abreviada)3

• Gravidez

• Amenorreia hipotalâmica
o Fatores secundários a distúrbio constitucional

- Diabetes não controlada

- Doença celíaca
o Hábitos extremos de estilo de vida

- Exercícios

- Restrição calórica

- Estresse percebido
o Lesões do hipotálamo/hipófise
o Terapia com agonistas/antagonistas do GnRH

• Hiperprolactinemia

• Hipotireoidismo e hipertireoidismo

• Síndrome do ovário policístico

• Insuficiência ovariana primária

Há conglomerados familiares de IOP. Em um grande estudo italiano, a falência ovariana precoce apresentou uma
associação hereditária reconhecível em quase um terço das mulheres avaliadas19. Embora fatores genéticos ou familiares
possam influenciar o envelhecimento ovariano, a prevalência desses fatores, sua expressão relativa e a proporção de
falência ovariana precoce atribuída a causas genéticas ou familiares ainda não foram bem investigadas. Formas
esporádicas e familiares da síndrome do X frágil associadas a menopausa prematura e IOP têm sido amplamente
reconhecidas.

Um lócus gênico no cromossomo X está relacionado a falência ovariana20. Mulheres com um único cromossomo X, por
exemplo as portadoras da síndrome de Turner, desenvolvem ovários normais, com um conjunto normal de folículos
primordiais. Elas apresentam atresia acelerada, que leva a falência ovariana, muitas vezes antes da menarca. Mulheres
com cariótipo em mosaico (por exemplo, 45, XO, 46, XX) podem apresentar função reprodutiva normal e gravidez antes
de desenvolverem IOP. As mutações do cromossomo X POF1, POF2 e frágil X estão associadas com mutações pontuais do
cromossomo X.

A maioria das mulheres com galactosemia (uma doença autossômica-recessiva) eventualmente desenvolve IOP,
juntamente com lesão hepatocelular, lesão celular renal, catarata e retardo mental.

A caxumba tem sido o exemplo clássico de doença infecciosa associada a ooforite e, potencialmente, IOP. Os dados
disponíveis ainda são escassos. Quando uma mulher apresenta parotidite infecciosa (caxumba), a possibilidade de
ooforite deve ser investigada toda vez que ocorrer sensibilidade abdominal ou dor nos ovários.

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Avaliação de IOP e menopausa prematura não cirúrgica

Infelizmente, não existe um histórico menstrual característico que anteceda tanto a IOP quanto a menopausa prematura.
A IOP pode se manifestar primeiramente como oligomenorreia, SUA ou uma interrupção abrupta do ciclo menstrual. A
IOP pode ocorrer imediatamente após o parto ou após a interrupção do uso de contraceptivos orais (COs). Durante a
transição da função ovariana normal para anormal, os níveis de estrogênio e de FSH flutuam21. Algumas mulheres
apresentam sintomas típicos de menopausa, pelo menos intermitentemente; já outras não apresentam tais sintomas, ou
pelo menos não os reconhecem como tal.

Os estudos já realizados ainda não determinaram quais são as mulheres com sinais e sintomas de IOP que têm maiores
chances de desenvolver menopausa prematura. Isso torna o aconselhamento individual sobre fertilidade e contracepção
um desafio constante. Considerando que a deficiência de estrogênio tem um efeito negativo sobre a densidade óssea22 e,
possivelmente, sobre a função cognitiva23 e sexual24-25, deve-se primar pelo diagnóstico precoce.

História clínica e exame físico detalhados são necessários para descartar outras causas de disfunção menstrual,
especialmente amenorreia secundária (ver Tabela 2). A histórica clínica deve identificar realização anterior de cirurgia
ovariana, quimioterapia ou radiação pélvica, assim como história pessoal ou familiar de IOP ou outras doenças
autoimunes (hipotireoidismo, tireoidite de Hashimoto, doença de Addison, diabetes melito, doença de Grave, vitiligo,
lúpus sistêmico eritematoso, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren, doença inflamatória intestinal ou doença celíaca).

História familiar de síndrome do X frágil, deficiência intelectual, demência, tremor ou ataxia, ou ainda sintomas
semelhantes aos da doença de Parkinson, podem sugerir uma permutação do gene FMR13.

São relevantes também informações sobre lubrificação vaginal insuficiente e evidência de atrofia vaginal durante o exame
clínico. O exame pélvico deve avaliar a presença de doenças relacionadas a SUA, por exemplo fibroides uterinos, cistos
ovarianos, endometriose ou doença inflamatória pélvica. (Consulte o Capítulo 4 para mais informações sobre mudanças
relacionadas a sangramento uterino.)

A avaliação laboratorial inicial após um teste de gravidez negativo deve incluir prolactina sérica, FSH, estradiol e TSH, e
deve ser realizada em qualquer mulher com idade inferior a 40 anos que apresentou ausência de três ou mais ciclos
menstruais consecutivos16. Se os níveis de FSH estiverem elevados, sugere-se repetir o teste após 1 mês, juntamente com
os níveis séricos de estradiol. Os níveis de FSH e estradiol devem ser avaliados sempre em conjunto ao se avaliar a reserva
ovariana, uma vez que o teste pode ter sido realizado no momento do pico das gonadotrofinas do meio do ciclo (caso
tanto o FSH quanto o estradiol estejam elevados). Além disso, valores baixos de FSH em uma paciente com níveis altos de
estradiol não oferecem garantia de uma reserva ovariana adequada, devido ao efeito de feedback negativo do estradiol no
FSH. Outros testes laboratoriais devem ser realizados para excluir várias outras causas (ver Tabela 3).

Medir os níveis de FSH circulante, hormônio luteinizante (LH) e estradiol em diferentes intervalos pode determinar se
folículos funcionais estão ou não presentes. Uma concentração de estradiol maior que 50 pg/mL (183 pmol/L) sugere a
presença de oócitos funcionais. Sangramento uterino intermitente também sugere a presença de oócitos remanescentes
com produção esporádica de estrogênio, embora outras fontes de patologia uterina associadas a sangramento devam ser
descartadas. Devido à produção esporádica de estrogênio, o teste de retirada da progesterona pode levar a erro na

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presença de IOP e normalmente não é recomendado.

O ultrassom vaginal é útil para descartar ovários aumentados ou ovários multifoliculares, que podem sofrer torção. Um
exame de cariótipo também é recomendado. Esse dado pode ser importante durante o aconselhamento das pacientes;
quando um fragmento de cromossomo Y está presente, as gônadas apresentam um potencial aumentado de malignidade e
devem ser removidas. O cariótipo também pode ser útil para diagnosticar síndromes familiares que incluem IOP e para
identificar um mosaico de Turner.

Tabela 3. Avaliação clínica em mulheres com suspeita de IOP

• História completa e exame físico

• Níveis de hormônio luteinizante, hormônio folículo-estimulante, estradiol e prolactina

• Se o FSH estiver elevado num primeiro momento, repetir a avaliação dos níveis de FSH e estradiol pelo menos duas
vezes, normalmente com um intervalo de 1 mês entre as duas medidas

• Cariótipo (considerar estudos citogenéticos moleculares do cromossomo X)

• Teste de pré-mutação do gene 1 da síndrome do X frágil (retardo mental)

• Anticorpos adrenais (se positivo, avaliar a reserva adrenal)

• Hormônio estimulante da tireoide e anticorpos antiperoxidase tireoidiana

• Glicemia de jejum

• Concentrações séricas de cálcio e fósforo

• Ultrassom pélvico

Não indicado:

• Teste de retirada da progesterona

• Anticorpos ovarianos

• Biópsia ovariana

Mulheres com IOP podem não atingir o pico de massa óssea se a doença se manifestar em uma idade muito jovem, e
podem perder massa óssea devido aos baixos níveis de estrogênio. Quando a terapia hormonal (TH) é parte do plano de
tratamento, a avaliação da densidade mineral óssea (DMO) é desnecessária na ausência de fraturas. No entanto, ao se
realizar o teste de DMO, deve-se notar que as normas foram desenvolvidas para mulheres que apresentaram menopausa
natural, na idade considerada normal. A extrapolação para mulheres mais jovens, portanto, é problemática. Em pacientes
mais jovens, deve-se prestar mais atenção aos escores Z do que aos escores T. Tratamento com bifosfonato deve ser
evitado em mulheres jovens e naquelas que podem vir a conceber.

A avaliação da reserva ovariana em mulheres com risco de desenvolver IOP (história de cirurgia ovariana, radiação
pélvica, exposição a medicamentos citotóxicos, doenças autoimunes e tabagismo) também pode ser útil. Os testes para
identificar reserva ovariana diminuída incluem a determinação de FSH e estradiol circulante no 3º dia do ciclo. Os
médicos devem estar cientes de que esses exames muitas vezes usam padrões de referência diferentes, e os pontos de
corte dos valores considerados normais podem variar. Em centros com ampla experiência e que utilizam ensaios com

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validade e reprodutibilidade apropriadas, níveis de FSH maiores que 10 mIU/mL (IU/L) indicam uma reserva ovariana
diminuída16. Outras opções de teste para avaliar a reserva ovariana incluem exame vaginal por ultrassom para
determinar o volume ovariano médio e o número de folículos antrais, assim como medidas de hormônios antimüllerianos
e inibina B.

Manejo

Apesar da escassez de dados para guiar o manejo clínico da IOP e da menopausa prematura26, as abordagens listadas a
seguir são sugeridas para o manejo de aspectos de saúde física e emocional.

Apoio psicológico. Mulheres que apresentam IOP ou menopausa prematura podem sofrer um impacto psicológico
significativo24. Para algumas mulheres, especialmente as mais jovens, a infertilidade pode desencadear várias emoções.
Deve-se oferecer apoio psicológico toda vez que forem detectadas preocupações relacionadas a perda de fertilidade,
autoimagem e função sexual. Sites como o Rachel's Well27 e o da Associação Internacional de Falência Ovariana Prematura
(International Premature Ovarian Failure Association28) podem servir como fontes adicionais de apoio.

Possibilidades de concepção. Se possível, deve-se oferecer aconselhamento sobre as possibilidades de concepção antes
da realização de quimioterapia, radioterapia ou cirurgias que possam induzir menopausa prematura. Deve-se considerar
o encaminhamento da paciente a um especialista em fertilidade sempre que houver risco de perda prematura da
fertilidade. Opções de preservação da fertilidade incluem a hiperestimulação ovariana com a coleta de oócitos, seguida da
criopreservação de oócitos ou embriões, criopreservação de tecido ovariano, supressão ovariana hormonal, transposição
ovariana e cirurgia ginecológica conservadora (por exemplo, traquelectomia para câncer de colo do útero). No entanto,
nem todas as opções estão disponíveis a todas as mulheres, e algumas técnicas ainda estão em fase experimental.

Para mulheres com menopausa prematura ou IOP, preocupações sobre fertilidade e as opções disponíveis devem ser
discutidas com a paciente. Gravidez por fertilização in vitro com oócitos coletados de uma doadora anônima é um método
comumente utilizado e com altas taxas de sucesso. A doação de embriões também está disponível, além da adoção (outra
alternativa). A opção por uma dessas opções depende de idade, saúde geral, status financeiro e causa da menopausa
prematura.

Considerações especiais para mulheres submetidas a tratamento de câncer. Como o impacto da radiação pélvica e
da quimioterapia sobre a função ovariana nem sempre é aparente logo após o tratamento, mulheres sexualmente ativas,
em idade fértil e submetidas a essas intervenções devem discutir com seu médico a questão da preservação da fertilidade
ou a necessidade de evitar gravidez. Muitas vezes, a fertilidade é preservada em mulheres submetidas a quimioterapia ou
radioterapia para o tratamento do câncer29. O efeito do tratamento contra o câncer sobre a fertilidade e a IOP depende de
vários aspectos, por exemplo tipo de quimioterapia, tamanho do campo de radiação e intensidade da dose utilizada,
características da doença, idade da paciente e fertilidade da paciente antes do tratamento.

Após a quimioterapia, os ovários de mulheres jovens (<30 anos) têm maiores chances de se recuperar. Algumas mulheres
podem experimentar insuficiência ovariana temporária, seguida do restabelecimento da menstruação e da fertilidade.
Mulheres com idade igual ou superior a 40 anos têm maiores chances de apresentar menopausa induzida. Certos
medicamentos quimioterápicos, tais como agentes alquilantes, são mais tóxicos que outros.

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A radiação pélvica tem maior chance de causar menopausa induzida se os ovários receberem doses altas de radiação (por
exemplo, durante o tratamento contra câncer de colo do útero). Os níveis de estrogênio normalmente diminuem
rapidamente. Quando doses menores de radiação pélvica são utilizadas (por exemplo, no tratamento para linfoma de
Hodgkin), os ovários podem vir a se recuperar.

Considerações sobre função sexual. Como a menopausa prematura e a IOP ocorrem em uma idade em que as mulheres
normalmente têm atividade sexual mais frequente, elas podem ser afetadas de forma mais adversa por qualquer mudança
na função sexual do que mulheres mais velhas que estejam experimentando a menopausa natural. A maioria das mulheres
com menopausa prematura e IOP conseguem manter sua vida sexual. Os médicos devem fornecer informações sobre o
que se deve esperar durante essa fase de mudanças para ajudar a paciente a lidar com a situação. (Consulte o Capítulo 4
para mais informações sobre função sexual.)

As causas de preocupações sexuais em mulheres com menopausa prematura têm origens diversas e normalmente estão
relacionadas ao seu diagnóstico ou ao problema que desencadeou a menopausa. As etiologias possíveis incluem
depressão, ansiedade, conflito no relacionamento, estresse, fadiga, medicamentos ou problemas físicos que tornam a
atividade sexual desconfortável. Uma avaliação detalhada deve ser realizada antes de se considerar as opções de
tratamento. Aconselhamento e terapia sexual ajudam indivíduos e casais a superar uma grande variedade de problemas
sexuais. Secura vaginal e dispareunia podem ser tratadas da forma tradicionalmente adotada para a menopausa natural.
(Consulte o Capítulo 4 para mais informações sobre libido, função sexual e sintomas vulvovaginais.)

Os efeitos colaterais da quimioterapia podem reduzir drasticamente o desejo sexual. As substâncias utilizadas na
quimioterapia podem irritar a mucosa vaginal e uterina, que muitas vezes se torna seca e inflamada. Infecções vaginais
por fungos são comuns durante a quimioterapia, especialmente em mulheres que utilizam esteroides ou antibióticos de
amplo espectro. Além disso, fadiga, náusea, imagem corporal alterada relacionada à perda de cabelo e outras mudanças
físicas relacionadas ao câncer ou à quimioterapia também podem afetar o interesse sexual. Radiação pélvica pode causar
coceira, sensação de queimação e secura vaginal. Sensibilidade vaginal pode ocorrer durante o tratamento e pode
persistir por algumas semanas após seu término. (Consulte o Capítulo 4 para mais informações sobre função sexual e o
Capítulo 9 para mais informações sobre terapia com androgênio.)

A histerectomia por causa benigna pode levar a uma atividade sexual agradável pela primeira vez em muitos anos, já que
as mulheres sentem um alívio com relação a dor pélvica, dispareunia, sangramento excessivo e preocupações com
gravidez. Durante o ato sexual e o orgasmo, algumas mulheres podem notar uma sensação diferente, mas, em geral, essas
mudanças não interferem no funcionamento sexual. Por outro lado, mulheres que apresentam depressão ou problemas
sexuais antes da cirurgia têm um risco maior de desenvolver piora pós-cirúrgica de humor, libido ou resposta sexual.
Procedimentos cirúrgicos variam muito no que diz respeito aos seus efeitos vaginais. Alguns não afetam diretamente os
tecidos vaginais, enquanto outros podem afetar adversamente a função sexual, por exemplo diminuindo o comprimento
da vagina ou provocando o desenvolvimento de um neuroma ou fibroma doloroso na incisão da cúpula vaginal.

Tratamento hormonal Quando o tratamento hormonal não está contraindicado, recomenda-se tratar os sintomas
agudos relacionados à menopausa. (Consulte o Capítulo 4 para mais informações sobre sintomas vasomotores e o

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Capítulo 9 para mais informações sobre terapia com estrogênio e estrogênio-progestogênio.) Como essas mulheres são
mais jovens do que as pacientes típicas em tratamento para menopausa, muitos especialistas recomendam que se use
uma dose equivalente ao adesivo transdérmico de estradiol de 100 µg. Quando o útero está presente, um progestogênio
cíclico deve ser incluído no esquema durante 14 dias do mês.

Devido à possibilidade de gravidez espontânea e inesperada, mulheres com IOP devem receber aconselhamento o quanto
antes com relação ao seu desejo de conceber. Caso a gravidez não seja desejada, sugere-se a utilização de COs, métodos de
barreira ou um dispositivo intrauterino para evitar a improvável ocorrência de uma gravidez não intencional. O uso de
COs pode trazer benefícios adicionais, incluindo alívio dos sintomas vasomotores e da secura vaginal e manutenção da
DMO. Discutir aspectos da contracepção é particularmente importante para mulheres com FMR1, que apresentam um
risco maior de dar à luz uma criança com retardo mental.

Caso a contracepção não seja desejada, pode-se utilizar TH cíclico para repor os hormônios e induzir à menstruação
regular. Na ausência de uma menstruação durante o tratamento, um teste de gravidez deverá ser realizado
imediatamente, e a TH deverá ser interrompida.

Embora os dados de ensaios clínicos sejam insuficientes com relação à duração ideal da TH para mulheres com
menopausa prematura, a maioria dos profissionais de saúde recomenda sua manutenção até a idade mínima de 50 anos
(idade mediana da menopausa), desde que não sejam observados efeitos adversos30. O tratamento pode ser mantido
enquanto os benefícios forem maiores do que os riscos envolvidos.

É importante lembrar que os resultados da maioria dos ensaios clínicos com relação aos benefícios e riscos da TH provém
de amostras de mulheres com 50 anos ou mais. Para mulheres com menopausa precoce, especialmente em idades
inferiores a 45 anos, os benefícios de utilizar TH até a idade média de ocorrência da menopausa natural provavelmente
superam os riscos. Nas mulheres jovens, além da importância do tratamento dos sintomas vasomotores e de atrofia
vaginal e da manutenção da DMO, tem-se observado uma associação entre menopausa prematura/IOP e um risco maior
de doença cardiovascular e déficit cognitivo com o avançar da idade, especialmente em mulheres que apresentam
menopausa antes dos 45 anos de idade e não recebem TH23,31,32.

Resumo

A IOP e a menopausa prematura representam entidades distintas no continuum das doenças da função ovariana, sendo
que a menopausa prematura consiste na perda permanente da fertilidade e da secreção hormonal. Os desafios para os
médicos incluem: reconhecer o mais cedo possível a síndrome da IOP, fazer o diagnóstico, identificar doenças associadas e
preparar a paciente para um possível comprometimento intermitente da função ovariana. Finalmente, ambos os grupos
de mulheres sofrem com o sentimento de perda de juventude e fertilidade, e ao mesmo tempo requerem
acompanhamento médico de longo prazo e opções apropriadas para o alívio dos sintomas e a prevenção de doenças
associadas à menopausa. O cuidado integral inclui atenção redobrada aos aspectos emocionais e físicos da paciente, com o
objetivo de otimizar a saúde e a qualidade de vida a longo prazo.

Contribuição de: Margery L.S. Gass, MD, NCMP, Robert A. Wild, MD, PhD, MPH, NCMP, Cynthia A. Stuenkel, MD, NCMP, e
Jan L. Shifren, MD, NCMP.

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