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Psicanálise:

Klein e
Winnicott
Prof. Me. Pedro Victor Modesto Batista
Escola de Psicanálise das Relações Objetais
Na Inglaterra, local onde se organizou a Sociedade Internacional de Psicanálise (IPA, na sigla em
inglês), surgiu o movimento que ficou conhecido como Escola Inglesa, também denominada Escola
de Psicanálise das Relações Objetais.

...consideram o psiquismo humano como constituído, e


posto em desenvolvimento, por meio da relação da
criança com outro ser humano. Assim, segundo essa
perspectiva teórica, desde os primórdios da vida psíquica,
seriam estabelecidas relações objetais.
Melanie Klein (1882-1960) Donald W. Winnicott (1896 - 1971)

Papel da vida pulsional enfoque é na função do


na constituição psíquica meio ambiente para o
da criança. estabelecimento do
sentido de si mesmo.
Anna Freud X Melanie Klein
Anna Freud, a criança só deveria ser tomada em análise depois dos 5 anos,
período em que já teria atravessado os momentos mais críticos do Complexo
de Édipo, com a ajuda de um trabalho preliminar assentado em objetivos
pedagógicos.

Klein discordava veementemente dessa


posição, pois considerava que a criança
deveria ser tratada por meio de
interpretações transferenciais desde os
primeiros movimentos na situação
analítica.
As Experiências Humanas

FAVORÁVEIS DESFAVORÁVEIS
(ALGO BOM) (ALGO MAU)

gratificações – alivio de sua ansiedade frustrações –  evento que forma


ansiedade
As Experiências Humanas
Ao longo dos anos essas duas perspectivas tornam-se mais sofisticadas,
à medida que as vivências humanas ganham maior complexidade. Esses
dois conjuntos são fundamentais, pois, além de constituir o modo como
cada uma delas é vivida, organizam as experiências do bebê e de seu
mundo.

...a dor e o desconforto sentidos pelo bebê por causa da perda do equilíbrio
homeostático por ocasião de seu nascimento são sentidos por ele como
uma agressão devido a forças hostis, portanto, como perseguição,
incrementando sua experiência de estar rodeado por algo sentido como
mau.
As experiências não são só vividas
INTROJEÇÃO E como boas ou más, mas há um
PROJEÇÃO processo dialético entre introjeção
e projeção dos conjuntos dessas
experiências fundamentais. Ambas
são mecanismos básicos do
psiquismo humano, e, na visão de
Klein, operam desde o início da
vida. Isso significa que a vivência
sentida como boa ou má não só é
experimentada, mas pode,
também, ser introjetada.
Como as projeções e as
introjeções ocorrem sempre,
não há, no pensamento de
Klein, a possibilidade de deixar
de introjetar e projetar, mas
será possível haver
transformações na qualidade
desses mecanismos. Nessa
vertente teórica, o ser humano
nas suas relações com o mundo,
com as coisas e com as pessoas,
estará sempre atribuindo
sentidos e intenções a partir
daquilo que o constitui.
Introjeção e Projeção

Essas introjeções, do que é vivido como


bom e mau, são nomeadas objetos
bons e maus.
Os processos introjetivos e projetivos
das experiências boas e más não só se
situam no registro da fantasia, mas
organizam-se nele, subjacente a toda a
experiência humana.
Fantasia inconsciente
A fantasia inconsciente é a expressão
mental dos instintos. Como estes estão
presentes desde a origem da vida pode-
se postular que já existem fantasias
nesse momento. Os instintos buscariam
objetos, e seu aparecimento estaria
ligado a uma fantasia sobre a procura do
objeto adequado. Esse processo estaria
na base da vida psíquica da criança.
Mundo e Objetos Internos
A fantasia tem um fluxo de
continuidade.
A fantasia estará no psiquismo
humano organizando, constituindo
e configurando as experiências boas
ou más no interjogo dos processos
de introjeção e projeção, no registro
do inconsciente e na interioridade
de cada um de nós, que é o mundo
interior.
Um objeto mau depositado no mundo O objeto bom não é só resíduo de uma
psíquico não é mau só porque foi experiência vivida como satisfatória e
introjetado como tendo qualidades más, agradável, mas também tem boas
também porque tem intenções desse intenções para com o indivíduo e o seu
tipo. self.
Ou seja, o mundo interno é habitado por
objetos projetados e introjetados, com
qualidades boas ou más, que interagem
na fantasia.
OBJETOS
Para, Klein, o mundo interno
vive um drama fantástico,
sempre ocupado com objetos
que interagem entre si. Eles
se desvelam por meio do
sonho, do brincar e da
situação transferencial.

Traços de memórias ligadas a experiências de satisfação,


quanto fragmentos do corpo ou situações de encontro
com o outro, e ainda a totalidade representada pela
pessoa com quem a criança troca ou constitui
experiências.
Relação Objetal

A relação objetal é fruto das primeiras experiências de


amamentação do bebê. No início, ela se dá com um objeto
parcial, pois os impulsos orais libidinais e orais destrutivos
estão dirigidos para o seio da mãe. O bebê projeta seus
impulsos de amor e ódio e os atribui ao seio que o gratifica,
do mesmo modo imputa os impulsos destrutivos ao seio
frustrador.
SUPEREGO PRIMITIVO

Pelo interjogo os seios


bom e mau são O fato de os objetos
estabelecidos no interior primários serem
do bebê. Essa seria, introjetados por meio de
para Klein, a formação fantasias muito sádicas
do núcleo superegoico, •A formação do levaria ao
que poderá adquirir as superego se inicia mais estabelecimento do
qualidades dos objetos precocemente que superego sádico
introjetados. apresentada por Freud. primitivo
O brincar da criança
estaria assentado
sobre as fantasias
inconscientes
infantis , de tal forma
que o jogo mostraria
que diversos objetos
internos interagem.

Klein afirma que as


relações objetais são
constitutivas e, por
isso, base da teoria
do psiquismo
humano.
Potencial de Hostilidade
Para a autora, como vimos, há uma interação entre a qualidade da
experiência vivida pela criança e as características dos objetos internos, mas
ela também assinalaria que ocorre a participação de variável nesse processo:
o potencial de hostilidade do indivíduo.
Quanto mais hostil ele for diante da frustração que a vida lhe impõe, maior
será a possibilidade de introjetar experiências que são vividas como más.
Ou seja, as constituições dos objetos maus estão relacionadas não só à
qualidade real da experiência vivida pela criança, mas também à intensidade
de sua hostilidade no momento da introjeção.
Pulsão de Morte
O tipo e a intensidade da hostilidade do indivíduo relacionam-se ao modo
como a pulsão de morte se manifesta nele.
Para Klein, todos os movimentos psíquicos introjetivos e projetivos são
tentativas que fazemos para dar conta de nosso potencial destrutivo.
Assim, as pessoas se diferenciam pela maneira como a pulsão de morte surge
em sua constituição.
Esse fator constitucional poderá sofrer alterações pelo tipo das relações
interpessoais que a criança terá desde do início da vida.
A qualidade do cuidado materno poderá favorecer a criança que nasce com
intensa pulsão de morte. Por outro lado, uma maternagem ruim poderá
tornar sua hostilidade mais intensa.
Posições Subjetivas
Klein desenvolve a noção de posição para
esclarecer o tipo de relação que o indivíduo
estabelece com o objeto.
Em um primeiro momento o objeto
encontra-se dividido entre um aspecto mau
e outro bom. Essa divisão recebe o nome de
cisão (esquizo), indicando assim uma
decomposição ou uma quebra entre dois
aspectos que não podem mais ser
reconhecidos como sendo do mesmo objeto.
Posição esquizoparanoide
Depois dessa divisão, o objeto mau passa a
ser percebido como ameaçador para o bom
ou para o indivíduo identificado com ele.
Dessa maneira, o objeto bom, agora
identificado com o self do próprio indivíduo,
sente-se perseguido pelo objeto mau. A esse
processo dá-se nome de paranoia. Reunindo
aspectos simultâneos da divisão e da
perseguição, Klein chega à ideia da posição
esquizoparanoide
Posição paranoide
Klein nos fala também de uma
tentativa da criança de guardar o
objeto bom dentro de si, para isso
projetando o mau para fora de si. Em
seguida, poderá tentar controlar o
objeto mau fora de si, para que este
não ameace o bom.
Ex. pássaro na gaiola
A posição paranoide é esta que o objeto
bom está ameaçado pelo mau.
Posição X Etapa

Para Klein, é importante desenvolver o


conceito de posição, pois, na sua
concepção, o ser humano, em seu
mundo interno, sempre oscila entre
duas posições fundamentais, para as
quais a autora não quis dar o estatuto
de etapa.
O conceito de etapa implicaria um
estágio que poderia ser ultrapassado, já
o de posição permite que possamos
entender que, entre as duas posições
fundamentais do dinamismos psíquico
(esquizoparanoide e depressiva), há
uma oscilação continua.
Posição depressiva
A posição depressiva é alcançada
quando a criança tem a possibilidade de
perceber que o mesmo objeto que a
gratifica é o que a frustra (antes esses
dois objetos estavam separados para
ela.)
Nesse momento, nota também que o
que é amado também é odiado. Atingir
essa percepção significa ter aceso à
possibilidade de ter uma visão do
objeto como total, não mais parcial, o
que implica também um grau maior de
integração pessoal.
Dessa forma, não só o ego se utiliza de
defesas mais adequadas para lidar com
a ansiedade, mas a criança passa a
enxergar a realidade externa de modo
mais realista e tranquilizador. Isso
significa mudanças importantes tanto
na natureza do ego (mais ou menos
unificado) e do superego (mais ou
menos severo), quanto na relação entre
eles (sadismo ou masoquismo).
Complexo de édipo e direcionamento da libido
Ocorrem mudanças libidinais da
criança, ela se depara com os estágios
preliminares do complexo edípico.
Os desejos orais se juntam-se aos
genitais e são deslocados o seio
materno e o pênis paterno.
Os desejos voltados para o pênis
paterno relacionam-se ao ciúme da
mãe, pois, para a criança, é ela – a mãe
– que recebe esse objeto desejado.
Culpa e Reparação
Para Klein, as primeiras angústias e os
sentimento de culpa resultariam dos
impulsos agressivos voltados para a
situação edípica, que estariam se
estabelecendo já na segunda metade do
primeiro ano de vida.
À medida que o objeto amado é aquele
que é atacado em decorrência da
frustração, surge a experiência de
culpa.  Esse sentimento levará o
indivíduo a, eventualmente, desejar
reparar os ataques ao objeto amado.
Trabalho Clínico
O grande foco do trabalho clínico é a
hostilidade, e não a sexualidade. A
sexualidade, na visão de Klein, só traz
angústia na medida em que é
acompanhada por fantasias
destrutivas.
Em Freud o trabalho clínico é
focalizado na busca das pegadas do
desejo que não alcançou a consciência.
Em Klein se procura os rastros dos
movimentos sádicos, da hostilidade do
indivíduo.
Técnica kleiniana
Encontrou no brinquedo o procedimento
pertinente ao trabalho de análise com o
estabelecimento da transferência, no ambiente
do consultório.
Uso da associação verbal e da análise da
fantasia, pois os gestos, os movimentos, o que
se verbaliza apresentam as fantasias.
O analisando associa algo e o analista intervém
não tanto assinalando o que é verbalizado, mas
sim na fantasia presente em determinado
momento da sessão
O registro da fantasia organiza-se por
meio de linguagem corporal, ou seja, por
meio de funções do corpo.
Resistência é associada a função da
angústia, relacionada à fantasia
destrutiva inconsciente presente na
sessão.
Manejo por meio da interpretação das
fantasias a partir da situação
transferencial.
Interpretação Completa
Descrita como a que contempla a angústia do
analisando, a fantasia transferencial e as Angústia
defesas empregadas para lidar com ela.
A interpretação das transferências positivas e
negativas é feita desde os primeiros momentos
da análise. Isso seria possível também na clínica
infantil, dada a capacidade de transferência Fantasia
espontânea da criança. transferencial

Defesas
O equilíbrio não
significa evitar
conflitos, implica a
força para tolerar
emoções dolorosas e
poder maneja-las.
MELANIE KLEIN

(1960) SOBRE A SAÚDE MENTAL


Psicanálise
Winnicottiana
A prática como pediatra lhe
possibilitou um profundo
conhecimento sobre o
desenvolvimento da criança em
relação a mãe.
Dando-lhe referencias para o
estabelecimento de suas
contribuições teóricas e clínicas,
pois desenvolvia em contexto
hospitalar o procedimento clínico
conhecido como consultas
terapêuticas ou jogo de rabiscos.
Winnicott aproxima-se de Klein
para realizar supervisão de
casos, e mais tarde, decide
complementar sua análise
pessoas com Joan Rivière
(1883-1962), uma analista do
grupo kleiniano.
É inegável a influência de Klein
no pensamento de Winnicott.
Especialmente no que diz
respeito à importância dos
fenômenos relacionados ao
primeiro ano de vida da criança,
do seu mundo interior, da
fantasia e da posição depressiva,
mais tarde reformulada por ele e
denominada etapa do
concernimento.
Klein X Winnicott
Discordavam sobre o modo de conceber os fenômenos do
período pré-edipianos da personalidade.
importância da o adoecimento
pulsão de morte, estaria
inveja, voracidade relacionado as
na origem do falhas do
adoecimento. cuidado materno.
psíquico da criança o jogo é
considerava o jogo importante em si
como meio de mesmo, pois o
acesso ao brincar ia além
inconsciente. de imaginar e
desejar: seria o
fazer.
Durante a guerra, Winnicott trabalhou como consultor
psiquiátrico de crianças seriamente transtornadas que tinham
sido evacuadas de Londres e outras cidades grandes e separadas
de suas famílias.
Nesse trabalho, observou a importância da situação na qual a
criança era inserida para o restabelecimento da sanidade
psíquica, o que o levou, mais tarde, a apresentar a modalidade
de intervenção clínica denominada placement,termo traduzido às
vezes como alojamento, às vezes como colocação.
Processo Maturacional

Para Winnicott, cada ser humano tem


um potencial inato para amadurecer.
Para que o amadurecimento ocorra, é
necessário um meio ambiente
facilitador, que dispensa cuidados para
com o bebê. Estes são disponibilizados
pela mãe ou por sua substituta.
Preocupação primária materna
Ao longo da gestação, a mulher passa por um processo de
adoecimento normal que lhe possibilitará intensa identificação com
seu bebê, tornando-se dessa maneira devotada à criança, que
necessita de cuidado.
Ele assinala que sua base está em um processo regressivo da mãe,
que lhe possibilita acessar as experiências que ela teve como bebê e
com a memória dos cuidados recebidos nesse momento da vida.
Mãe Suficientemente boa
A mãe devotada que
disponibiliza os cuidados
ambientais necessários ao
desenvolvimento do bebê,
sintonizando-se com as
necessidades básicas
dele.
Os cuidados dispensados
à criança são sintônicos a
sua singularidade, pois
cada ser humano tem as
necessidades básicas
manifestadas segundo
suas peculiaridades.
Comunicação silenciosa
O cuidado não poderá ser
apenas funcional; precisará
estabelecer uma experiência de
comunicação sintônica entre
bebê e mãe, denominada
comunicação silenciosa.
No entanto, se falhas
significativas ocorrerem ao
longo desse processo, o bebê
corre risco de experimentar
agonias impensáveis de grande
intensidade, que poderão leva-
lo a um profundo adoecimento.
Dependência relativa
Pouco a pouco a mãe devotada Os fracassos maternos
percebe que seu bebê, em possíveis de ser tolerados pelo
decorrência do bebê possibilitarão a ele
amadurecimento, pode suportar desenvolver a capacidade de
as falhas maternas. lidar com a experiência por
Ela então se tornará disponível intermédio de seus crescentes
ao filho segundo essas novas recursos psíquicos e mentais
possibilidades, permitindo que
ele saia, aos poucos, de um
estado de dependência intensa,
para um outro relativo.
Independência

Dependência Relativa

Dependência Absoluta
Funções Maternas
Holding (sustentação) – a
forma de amar – capacidade da
mãe segurar fisicamente, de
modo sensível, o bebê. Inclui
também toda a provisão
ambiental, que possibilita à
criança experimentar a
continuidade de ser para poder
integrar-se ao longo do tempo.
Funções Maternas
Handling (manuseio) –
acontece no cuidado com o
bebê; a mãe o toca, envolve seu
corpo nos braços, manuseia a
sua corporeidade, promovendo
a personalização, por meio da
qual a psique se aloja no corpo.
A pele passa a ser uma
membrana que limita o eu e o
não eu, o interno e o externo.
Funções Maternas
Apresentação de objeto – a
mãe sintonizada com o seu bebê
é capaz de perceber o estado de
amadurecimento no qual ele se
encontra e lhe oferece o mundo
em pequenas doses, levando em
conta a singularidade da
criança.
Três Sentidos da Realidade

Subjetivo

Espaço
potencial

Compartilhada
Realidade Subjetiva
Na realidade subjetiva  o bebê
vivencia a suas experiências
como se tudo que existe fizesse
parte de si. (do gesto criativo a
ilusão de criar os objetos);
Realidade Compartilhada
Na realidade compartilhada os
objetos subjetivos estarão
sendo destruído na fantasia, o
que coloca fora da área de
onipotência do bebê.
Dessa maneira, se cria um
mundo de realidade
compartilhada, o qual a criança
pode explorar, representar e
experimentar, ou seja, que pode
ser “usado” e não apenas
concebido.
Na sua visão, é o impulso
destrutivo que dá origem à
qualidade de externalidade.
Realidade Compartilhada
Para Winnicott, o mundo é
criado de novo por cada ser
humano, e, caso isso não
ocorra, a criança não se tornará
capaz de criar o mundo e este
não terá nenhum significado
para ela.
Objeto transicional
Da experiência subjetiva em direção à
realidade compartilhada, emerge o
objeto transicional – primeira
“possessão não mim” (no-self) do bebê,
que pode ser um pedaço de cobertor,
um ursinho, ocabelo da mãe.
O objeto transicional deve parecer ter
vitalidade ou realidade própria. Do
nosso ponto de vista, ele é oriundo do
mundo exterior, mas não do da criança.
Seu destino é perder o sentido, quando
então será abandonado. No lugar dele
surge o espaço potencial, terceira área
da experiência humana.
Espaço potencial
•Onde ocorrem o brincar e a possibilidade
de usufruir experiências culturais. Ex.: faz
de conta; assistir um filme; imaginação.
Jogo da Espátula

Hesitação
Apropriação
Brincadeira
Desinteresse -
livrar-se do objeto
Jogo da Espátula
•O próprio ciclo de vida está presente nesse jogo: o gesto
constitutivo do mundo, a sua apropriação e a morte. Isso quer
dizer que, na perspectiva desse trabalho, é importante criar o
mundo e apropriar-se dele de maneira pessoal, para
posteriormente destruí-lo pelo gesto criativo.
Uso do objeto e morte
•A criança ao destruir a mãe no
imaginário, pode vir a reencontrá-
la fora da sua onipotência. A mãe é
criada pelo bebê como objeto
subjetivo no momento da ilusão,
possuída simbolicamente por
intermédio do objeto transicional,
destruída do ponto de vista
imaginário, quando então é
posicionada fora da onipotência da
criança para vir a ser descoberta
como pessoa real.
Trabalho clínico
•A situação analítica se instaura a
partir do momento em que o
analista se posiciona no espaço
potencial estabelecido em relação à
questão fundamental do
analisando.
Trabalho clínico
•Para esse trabalho, o importante não é tanto o que o paciente
esconde, mas o que ele revela. É a atenção voltada para o que o
analisando sabe de si e para o que necessita, pois se está trabalhando
em uma perspectiva na qual busca essa possibilidade, ali, onde ele
não se constituiu, onde não pôde encontrar o gesto criador dos
diversos sentidos de si mesmo e de realidade. Ele tem um
conhecimento não cognitivo do que necessita para continuar  o seu
processo de constituição humana.
Trabalho clínico
Para conduzir a análise, é necessário podermos diagnosticar a
condição do self do paciente, e, para isso, é preciso ter uma visão
histórica dele.
O processo maturacional é uma dimensão histórica do ser humano
(dramas, superações, historia da família);
Na clínica, há, portanto, a necessidade de manejar a sessão de tal
maneira que ela comporte esse desinvestimento do analista pelo
analisando, pois essa faceta assinala o pressentimento do final da
análise e da própria morte.
Manejo Clínico
Psicanálise segundo a demanda – a sessão ocorria conformo a
necessidade do analisando, não era preciso várias sessões
semanais para lidar com as facetas habituais da resistência.
Trabalhava no ponto de urgência, e isso constituía a psicanálise
segundo demanda.
Jogo do rabisco
O analista faz um rabisco, que o paciente
transformava em um desenho; em seguida
a situação se inverteria, com o analista
usando o rabisco do analisando para fazer
um desenho.
Em meio a esse processo, chegava um
momento no qual o paciente se surpreendia
com o desenho que fazia, pois ele revelava
a questão que o tinha levado à consulta.
O desenho não era interpretado. O analista
sustentava o processo conversando com a
criança sobre o tema introduzido pelo
desenho. Gradualmente, a situação era
desinvestida, e a criança estava pronta
para partir.
Jogo do rabisco

Hesitação

Comunicação

Desinvestimento da
situação clínica
Experiências Humanas
Simbolização;  as experiências que se
compõem espacial e temporalmente,
constituindo um campo de organizações
simbólicas articuladas em imagens,
palavras, significantes, ou seja, a presença
do outro em nós.
Sensação de Abismos; as que desembocam
na ausência do espaço e tempo ofertados
pelo outro, que lança a pessoa para o sem-
fim. Assim, qualquer tipo de situação não
mediada pela presença humana ou pelo
campo simbólico da realidade
compartilhada lança o individuo em
vivencias de agonia, ou sensação de
abismo.
O Fenômeno de ilusão
A ilusão é a experiência constitutiva na
qual a mãe se coloca em disponibilidade
para o bebê, organizando-se segundo as
características dele, para se deixar criar
pelo filho e se posicionar no lugar e no
tempo em que o gesto dele a cria.
Não é projeção do bebê para mãe, visto
que esse ainda não constituiu o seu
imaginário
O criar acontece por meio do gesto do
bebê, que se apresenta desde o início com
características próprias, ou seja com ritmo
peculiar.
O  gesto
•Tradicionalmente, na psicanálise falamos
de significações. No entanto, na
perspectiva aqui abordada temos de pensar
a clínica não só como campo de
significações, mas de aberturas, o que é
feito pelo gesto, pela apropriação, pela
ação no mundo; gesto que surge da
vitalidade da criança, e não de qualquer
significação preexistente.
Os primeiros gestos abrem a possibilidade
de existir com o outro humano.
Transferência e realidade
Nesse vértice de trabalho, tem-se sempre
no horizonte de compreensão o fato de que
o ser humano se constitui criando
realidades por meio de gestos sucessivos.
Por essa razão, veremos que, na situação
clínica, a transferência não será abordada
somente como fenômeno decorrente da
repetição de relações objetais,
anteriormente vividas, mas também como
lugar de engendramento, que pode
promover novos acontecimentos.
Na situação clínica, o analisando poderá,
por meio de seu gesto, criar novas
possibilidades de ser em dimensões
distintas da realidade.
Transferência e realidade
Desta forma, vimos que não existe uma única realidade, mas
diferentes sentidos de realidade: subjetiva, transicional e
compartilhada.
A situação clínica acontece no espaço potencial; assim, o
movimento transferencial é abordado como forma especializada
do brincar. O trabalho analítico visará não só a ressignificação da
história do analisando, por meio de tornar consciente o
inconsciente, mas também e fundamentalmente colocar história e
vir a ser do analisando sob seu gesto criativo.
Final de Análise
Ao final da análise é desejável que o
analisando possa levar na interioridade de
si o espaço potencial analítico, que lhe
possibilitará recriar possibilidades de si
mesmo e de sua existência em um contínuo
projeto de devir em direção a morrer.
Esconder-se é um
prazer, mas, não
ser encontrado é
uma catástrofe.
Donald W. Winnicott
Referência
SAFRA, Gilberto. Psicanálise: Klein e Winnicott.In.: PINTO,
Graziela Costa (editora). Psicoterapias, v. 2. São Paulo: Duetto
Editoril, 2010, p. 49-83.

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