Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Klein e
Winnicott
Prof. Me. Pedro Victor Modesto Batista
Escola de Psicanálise das Relações Objetais
Na Inglaterra, local onde se organizou a Sociedade Internacional de Psicanálise (IPA, na sigla em
inglês), surgiu o movimento que ficou conhecido como Escola Inglesa, também denominada Escola
de Psicanálise das Relações Objetais.
FAVORÁVEIS DESFAVORÁVEIS
(ALGO BOM) (ALGO MAU)
...a dor e o desconforto sentidos pelo bebê por causa da perda do equilíbrio
homeostático por ocasião de seu nascimento são sentidos por ele como
uma agressão devido a forças hostis, portanto, como perseguição,
incrementando sua experiência de estar rodeado por algo sentido como
mau.
As experiências não são só vividas
INTROJEÇÃO E como boas ou más, mas há um
PROJEÇÃO processo dialético entre introjeção
e projeção dos conjuntos dessas
experiências fundamentais. Ambas
são mecanismos básicos do
psiquismo humano, e, na visão de
Klein, operam desde o início da
vida. Isso significa que a vivência
sentida como boa ou má não só é
experimentada, mas pode,
também, ser introjetada.
Como as projeções e as
introjeções ocorrem sempre,
não há, no pensamento de
Klein, a possibilidade de deixar
de introjetar e projetar, mas
será possível haver
transformações na qualidade
desses mecanismos. Nessa
vertente teórica, o ser humano
nas suas relações com o mundo,
com as coisas e com as pessoas,
estará sempre atribuindo
sentidos e intenções a partir
daquilo que o constitui.
Introjeção e Projeção
Defesas
O equilíbrio não
significa evitar
conflitos, implica a
força para tolerar
emoções dolorosas e
poder maneja-las.
MELANIE KLEIN
Dependência Relativa
Dependência Absoluta
Funções Maternas
Holding (sustentação) – a
forma de amar – capacidade da
mãe segurar fisicamente, de
modo sensível, o bebê. Inclui
também toda a provisão
ambiental, que possibilita à
criança experimentar a
continuidade de ser para poder
integrar-se ao longo do tempo.
Funções Maternas
Handling (manuseio) –
acontece no cuidado com o
bebê; a mãe o toca, envolve seu
corpo nos braços, manuseia a
sua corporeidade, promovendo
a personalização, por meio da
qual a psique se aloja no corpo.
A pele passa a ser uma
membrana que limita o eu e o
não eu, o interno e o externo.
Funções Maternas
Apresentação de objeto – a
mãe sintonizada com o seu bebê
é capaz de perceber o estado de
amadurecimento no qual ele se
encontra e lhe oferece o mundo
em pequenas doses, levando em
conta a singularidade da
criança.
Três Sentidos da Realidade
Subjetivo
Espaço
potencial
Compartilhada
Realidade Subjetiva
Na realidade subjetiva o bebê
vivencia a suas experiências
como se tudo que existe fizesse
parte de si. (do gesto criativo a
ilusão de criar os objetos);
Realidade Compartilhada
Na realidade compartilhada os
objetos subjetivos estarão
sendo destruído na fantasia, o
que coloca fora da área de
onipotência do bebê.
Dessa maneira, se cria um
mundo de realidade
compartilhada, o qual a criança
pode explorar, representar e
experimentar, ou seja, que pode
ser “usado” e não apenas
concebido.
Na sua visão, é o impulso
destrutivo que dá origem à
qualidade de externalidade.
Realidade Compartilhada
Para Winnicott, o mundo é
criado de novo por cada ser
humano, e, caso isso não
ocorra, a criança não se tornará
capaz de criar o mundo e este
não terá nenhum significado
para ela.
Objeto transicional
Da experiência subjetiva em direção à
realidade compartilhada, emerge o
objeto transicional – primeira
“possessão não mim” (no-self) do bebê,
que pode ser um pedaço de cobertor,
um ursinho, ocabelo da mãe.
O objeto transicional deve parecer ter
vitalidade ou realidade própria. Do
nosso ponto de vista, ele é oriundo do
mundo exterior, mas não do da criança.
Seu destino é perder o sentido, quando
então será abandonado. No lugar dele
surge o espaço potencial, terceira área
da experiência humana.
Espaço potencial
•Onde ocorrem o brincar e a possibilidade
de usufruir experiências culturais. Ex.: faz
de conta; assistir um filme; imaginação.
Jogo da Espátula
Hesitação
Apropriação
Brincadeira
Desinteresse -
livrar-se do objeto
Jogo da Espátula
•O próprio ciclo de vida está presente nesse jogo: o gesto
constitutivo do mundo, a sua apropriação e a morte. Isso quer
dizer que, na perspectiva desse trabalho, é importante criar o
mundo e apropriar-se dele de maneira pessoal, para
posteriormente destruí-lo pelo gesto criativo.
Uso do objeto e morte
•A criança ao destruir a mãe no
imaginário, pode vir a reencontrá-
la fora da sua onipotência. A mãe é
criada pelo bebê como objeto
subjetivo no momento da ilusão,
possuída simbolicamente por
intermédio do objeto transicional,
destruída do ponto de vista
imaginário, quando então é
posicionada fora da onipotência da
criança para vir a ser descoberta
como pessoa real.
Trabalho clínico
•A situação analítica se instaura a
partir do momento em que o
analista se posiciona no espaço
potencial estabelecido em relação à
questão fundamental do
analisando.
Trabalho clínico
•Para esse trabalho, o importante não é tanto o que o paciente
esconde, mas o que ele revela. É a atenção voltada para o que o
analisando sabe de si e para o que necessita, pois se está trabalhando
em uma perspectiva na qual busca essa possibilidade, ali, onde ele
não se constituiu, onde não pôde encontrar o gesto criador dos
diversos sentidos de si mesmo e de realidade. Ele tem um
conhecimento não cognitivo do que necessita para continuar o seu
processo de constituição humana.
Trabalho clínico
Para conduzir a análise, é necessário podermos diagnosticar a
condição do self do paciente, e, para isso, é preciso ter uma visão
histórica dele.
O processo maturacional é uma dimensão histórica do ser humano
(dramas, superações, historia da família);
Na clínica, há, portanto, a necessidade de manejar a sessão de tal
maneira que ela comporte esse desinvestimento do analista pelo
analisando, pois essa faceta assinala o pressentimento do final da
análise e da própria morte.
Manejo Clínico
Psicanálise segundo a demanda – a sessão ocorria conformo a
necessidade do analisando, não era preciso várias sessões
semanais para lidar com as facetas habituais da resistência.
Trabalhava no ponto de urgência, e isso constituía a psicanálise
segundo demanda.
Jogo do rabisco
O analista faz um rabisco, que o paciente
transformava em um desenho; em seguida
a situação se inverteria, com o analista
usando o rabisco do analisando para fazer
um desenho.
Em meio a esse processo, chegava um
momento no qual o paciente se surpreendia
com o desenho que fazia, pois ele revelava
a questão que o tinha levado à consulta.
O desenho não era interpretado. O analista
sustentava o processo conversando com a
criança sobre o tema introduzido pelo
desenho. Gradualmente, a situação era
desinvestida, e a criança estava pronta
para partir.
Jogo do rabisco
Hesitação
Comunicação
Desinvestimento da
situação clínica
Experiências Humanas
Simbolização; as experiências que se
compõem espacial e temporalmente,
constituindo um campo de organizações
simbólicas articuladas em imagens,
palavras, significantes, ou seja, a presença
do outro em nós.
Sensação de Abismos; as que desembocam
na ausência do espaço e tempo ofertados
pelo outro, que lança a pessoa para o sem-
fim. Assim, qualquer tipo de situação não
mediada pela presença humana ou pelo
campo simbólico da realidade
compartilhada lança o individuo em
vivencias de agonia, ou sensação de
abismo.
O Fenômeno de ilusão
A ilusão é a experiência constitutiva na
qual a mãe se coloca em disponibilidade
para o bebê, organizando-se segundo as
características dele, para se deixar criar
pelo filho e se posicionar no lugar e no
tempo em que o gesto dele a cria.
Não é projeção do bebê para mãe, visto
que esse ainda não constituiu o seu
imaginário
O criar acontece por meio do gesto do
bebê, que se apresenta desde o início com
características próprias, ou seja com ritmo
peculiar.
O gesto
•Tradicionalmente, na psicanálise falamos
de significações. No entanto, na
perspectiva aqui abordada temos de pensar
a clínica não só como campo de
significações, mas de aberturas, o que é
feito pelo gesto, pela apropriação, pela
ação no mundo; gesto que surge da
vitalidade da criança, e não de qualquer
significação preexistente.
Os primeiros gestos abrem a possibilidade
de existir com o outro humano.
Transferência e realidade
Nesse vértice de trabalho, tem-se sempre
no horizonte de compreensão o fato de que
o ser humano se constitui criando
realidades por meio de gestos sucessivos.
Por essa razão, veremos que, na situação
clínica, a transferência não será abordada
somente como fenômeno decorrente da
repetição de relações objetais,
anteriormente vividas, mas também como
lugar de engendramento, que pode
promover novos acontecimentos.
Na situação clínica, o analisando poderá,
por meio de seu gesto, criar novas
possibilidades de ser em dimensões
distintas da realidade.
Transferência e realidade
Desta forma, vimos que não existe uma única realidade, mas
diferentes sentidos de realidade: subjetiva, transicional e
compartilhada.
A situação clínica acontece no espaço potencial; assim, o
movimento transferencial é abordado como forma especializada
do brincar. O trabalho analítico visará não só a ressignificação da
história do analisando, por meio de tornar consciente o
inconsciente, mas também e fundamentalmente colocar história e
vir a ser do analisando sob seu gesto criativo.
Final de Análise
Ao final da análise é desejável que o
analisando possa levar na interioridade de
si o espaço potencial analítico, que lhe
possibilitará recriar possibilidades de si
mesmo e de sua existência em um contínuo
projeto de devir em direção a morrer.
Esconder-se é um
prazer, mas, não
ser encontrado é
uma catástrofe.
Donald W. Winnicott
Referência
SAFRA, Gilberto. Psicanálise: Klein e Winnicott.In.: PINTO,
Graziela Costa (editora). Psicoterapias, v. 2. São Paulo: Duetto
Editoril, 2010, p. 49-83.