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ANTAÇÃO
SOCIAIS NAS GRADES CURRICUL ARES
CURRICULARES
D AS ESCOL AS ESTADUAIS
ESTADUAIS NOS ANOS
DE 1970 E A FORMAÇÃO ACADÊMICA
Revista de DO PROFESSOR 1
Educação
Resumo: Esta pesquisa relata como ocorreu a implantação dos Estudos Sociais nas
grades curriculares das escolas estaduais de 1º e de 2º grau nos anos da década de
1970 e verifica qual a formação acadêmica dos professores que ministraram esses
conteúdos. As fontes utilizadas são compostas pelos relatórios de estágios de observa-
ção da disciplina Prática de Ensino, ministrada na licenciatura em História da Universi-
dade de São Paulo. Identificou-se que a maioria dos professores que ministraram as
aulas de Estudos Sociais, nos primeiros anos de sua implantação, concluíram a sua
formação acadêmica em cursos de licenciatura plena em História. Com a criação do
curso de licenciatura curta em Estudos Sociais a situação alterou-se, o profissional
licenciado nesta área, após dois anos de estudos, poderia lecionar várias matérias. As
aulas de História foram reduzidas após a instituição da Reforma de Ensino, essa mes-
ma reforma possibilitou a implantação dos Estudos Sociais. Pôde-se identificar, nesta
década estudada, que alguns professores licenciados em História tiveram a oportuni-
dade de ministrar outras disciplinas, tornando-as complementares entre si e, desta
forma, organizando o currículo de acordo com a sua prática pedagógica.
Palavras-chave: ensino, estudos sociais, formação de professores.
Abstract: This work looks at how the implementation of Social Studies in public
elementary and high schools occurred in the 1970s and verify the academic formation
of the educators who were responsible for that subject at that time. The sources for
this research were reports from observation of teaching who attended teaching
practice for the undergraduation course in History at University of São Paulo. This
study found that the majority of those teachers that taught classes in Social Studies
in the first years of its implementation, majored in teaching courses of History (to
teach elementary school and high school students). After the creation of the
undergraduation course in Social Studies (to teach just elementary school students)
the situation altered, because the professional graduated in this field after two years
studying, could teach many subjects. The History classes were reduced after the
implementation of educational reforms, which promoted the teaching of Social
Studies. During those years, some educators who majored in History were able to
teach other subjects, which became complementary, and eventually these
professionals could organize the curriculum according to their pedagogical practice.
Keywords: teaching, social studies, teachers education.
Vol. 2 nº 4 jul./dez. 2007 p. 193-204
ISSN 1809-5208
UNIOESTE CAMPUS DE C A S C AAVV E L
INTRODUÇÃO
A partir da leitura e análise dos dados contidos nas fontes, foi possível traçar
os caminhos da formação acadêmica dos professores que lecionavam a disciplina
História, nas séries do 1º e do 2º grau, no período da implantação dos Estudos Sociais.
Os relatórios de estágio de observação eram redigidos seguindo um rotei-
ro para a sua execução, o professor orientador do estágio elaborou dois roteiros de
estudos que abordavam a questão da formação acadêmica do professor, são eles: o
Guia para aulas do Estágio de Observação, de 1972, e Questões da entrevista ao
Professor da Disciplina, de 1979. O primeiro roteiro, muito mais detalhado que o
segundo, elegeu como pontos a serem investigados pelos estagiários não só a for-
mação acadêmica, mas também o tempo de trabalho no magistério, suas relações
com a administração da escola e com sua profissão, para depois tratar do programa,
da avaliação, dos métodos e técnicas, das atividades extra classe, das referências
bibliográficas e da integração com as outras áreas. No segundo roteiro, as questões
são mais sucintas e se atêm aos objetivos, aos métodos, aos locais onde o professor
já havia trabalhado e aos cursos superiores que freqüentara. A preocupação com a
formação do professor da disciplina História foi mais premente na década de 1970
e parte da década de 1980, quando os cursos de licenciaturas curtas em Estudos
Sociais formavam profissionais polivalentes para esta área.
No período entre 1972 e 1979, alguns dos relatórios trazem as informa-
ções de forma clara: indicam o curso de graduação do professor, às vezes o ano em
que terminou o curso e o nome da universidade que cursou.
Esses professores têm certo receio dos estagiários, quando os procuramos para
entrevistá-los, eles nos falaram das matérias e do currículo das faculdades
onde estudam, é triste ver a que ponto chegou o ensino universitário. Para
alguns indivíduos, que na ganância de ganhar dinheiro, vão abrindo faculda-
des particulares e, também ver a total inexistência de uma fiscalização mais
eficiente por parte das autoridades federais, que são tão culpadas, ou mais,
por permitirem a degeneração do ensino superior. Estes elementos deveriam
se lembrar que a bagagem cultural é muito mais importante para a formação
de indivíduos capazes de seguir com a Nação. Uma professora formada em
Estudos Sociais, quando interrogada a respeito do problema, deu-nos plena
razão, dizendo-nos que fez esse curso apenas por fazer e, com apenas um ano
de curso, já tinha condições para dar aulas.(RELATÓRIO 4, 1973)
profissional com formação plena perderia espaço no mercado de trabalho para um novo
profissional mal qualificado. Como as manifestações eram incessantes, o governo re-
cuou na sua decisão: em 1978, emitiu-se novo parecer que suspendia “a vigência do
dispositivo referente ao registro de professores da área de Estudos Sociais” e mantinha
a preferência por profissionais habilitados em área específica nas opções de substitui-
ções quando não houvesse este profissional.(MARTINS, 2000)
Os habilitados em Estudos Sociais não puderam se candidatar aos concur-
sos para provimento de cargo de professor da rede estadual de ensino de 1º grau nos
anos de 1978 e de 1980, porque o edital exigia a habilitação plena em História. Isto
causou novos protestos, agora por parte dos professores com licenciatura curta. A
inexistência de concursos na área de História desde 1970 fez com que, neste perío-
do, fossem contratados como temporários muitos professores com licenciatura curta
em Estudos Sociais que, ao mesmo tempo, foram impedidos de se inscrever naqueles
concursos, em decorrência da pressão exercida pelas associações de profissionais da
área, que reivindicavam a extinção dessa licenciatura curta.(MÁSCULO, 2002)
riam assumir essas aulas nas séries seguintes. A Educação Moral e Cívica foi instituída
nas grades curriculares do ensino de todos os graus, a partir do Decreto-Lei n.º 869,
do Ministério da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, de 12/9/69,
e reiterada pela Reforma do Ensino.4 No 3º grau, recebeu a denominação de “Estu-
dos dos Problemas Brasileiros”. Tinha como finalidades, de acordo com o artigo 2º:
REFERÊNCIAS
NOTAS
1 Texto revisado em 2007, apresentado no XVII Encontro Regional de História: o lugar da
História (ANPUH-SP), Campinas: UNICAMP, 2004.
2 “Artigo 3º — O diploma do curso habilitará ao exercício do magistério, no primeiro ciclo
da escola de segundo grau (1ª a 4ª séries ginasiais), nas seguintes disciplinas: História,
Geografia, Organização Social e Política do Brasil e Estudos Sociais. § 1º — Enquanto
não houver número suficiente de professores de História e Geografia com licenciatura
completa, e sempre que se registre essa falta, os licenciados de 1º ciclo poderão, medi-
ante autorização especial do órgão próprio do Ministério da Educação e Cultura, exer-
cer o magistério do 2º ciclo (1ª a 3ª séries do colegial) da escola de grau médio dentro de
sua habilitação específica” (BRASIL, 1966).
3 A disciplina Elementos de Administração Escolar passou a ser denominada de Estrutura
e Funcionamento de Ensino de 2º Grau, porque, “na prática, o aspecto administrativo
acabou predominando sobre a preocupação específica do ensino de segundo grau, a
solução é deixar expresso no próprio título o que se pretende, substituindo o nome”
(BRASIL, 1969).
4 “Artigo 7º — Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física,
Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de
lº e 2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n.º 369, de 12/9/
69” (BRASIL, 1971a).