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Universidade de Brasília

IP – PED
Disciplina: Psicologia Escolar
Aluno: Eduardo R. C. S. Silva
Data: 01/04/2015

REFLEXÕES CRÍTICAS ACERCA DO LIVRO CUIDADO, ESCOLA!

O livro Cuidado, Escola! trata resumidamente do histórico e da inserção da escola na

sociedade contemporânea. Nesse apanhado é traçada uma rota dessa instituição da idade média até

o início dos anos 80.

Desse panorama, a primeira coisa que me saltou aos olhos foi o trio mestre-conhecimento-

aluno. Nessa articulação, em todos os momentos, o aluno sempre é tratado como uma folha em

branco; a obra que será escrita para Deus (na Idade Média), a obra que será preparada para o

capitalismo industrial e, posteriormente, a obra que será elaborada para preencher um espaço

preexistente no mercado de trabalho das sociedades contemporâneas.

Dentro desse mesmo flashback histórico, o status da escola também me chamou a atenção.

Na Idade Média, ela era extensão da própria Igreja. Isso deixava claro a inquestionabilidade de seus

ensinamentos – filha íntima da religião católica (no sentido institucional), ela era, a priori, um

corpo sólido de saberes e normas intelectuais. No fim do feudalismo e início da civilização

industrial europeia, a escola assume um papel mais pragmático; passa a “preparar” as classes

trabalhadoras e intelectuais para os seus respectivos postos.

Nesse ponto, acho extremamente pertinente fazer algumas observações. No período feudal,

essa instituição não possui bases “terrenas”, digamos assim. O seu trabalho possuía um objetivo

quase transcendental. As pessoas não aprendiam latim porque isso melhoraria suas condições

materiais – até porque pertencer à nobreza já era pré-requisito para estudar. Sucintamente, o estudo

visava a contemplação e a meditação mais perfeita de Deus. No entanto, com a ascensão da

burguesia, do comércio e da indústria, a escola foi adaptada (nesse momento histórico, foi visível a
perda de unidade e de força ideológica da Igreja. Deus, de certa forma, deixou de ser tão

importante). Associado a isso, o ensino formal foi reinventado: se tornou uma estrutura chave do

capitalismo nascente. Era essencial preparar mão de obra e “mentes” mais qualificadas que, como

força de trabalho e possuidores dos meios de produção, geravam/agregavam valores monetários.

Mas na contemporaneidade, como essa instituição se posiciona dentro da face

produtiva/capitalista da sociedade? Acredito que se construindo, legitimada pelos estados nacionais,

como grande formadora de atores sociais / “especialistas (re)produtores”.

Em meados do século XX, a ciência avançou vertiginosamente. O capitalismo se aprofundou

incrivelmente no/como meio científico. Na verdade, direta e indiretamente, ele tornou a esse campo

(promissor e “produtivo” tal como nós o conhecemos) possível e desejável. Portanto, a escola,

como engrenagem essencial e quase que berço de processos sociais complexos, se aperfeiçoou em

gerar o “substrato” humano para essas formas de conhecimento e produção em franca expansão.

Um detalhe interessante sobre esses saberes é a profunda segmentação /especialização que sofreram

ao longo desses últimos anos.

Nesse contexto, a escola assume o papel, basicamente, de produzir sujeitos especializados:

médicos (cardiologista, neurologista, pediatra), psicólogos, engenheiros (elétricos, mecânicos, de

redes) e etc. e durante esse processo de profundo “aperfeiçoamento”, ela gera “subprodutos” (não

menos desejados): uma gigantesca parcela da população que não é adaptada e que simplesmente

será expulsa dessa máquina durante suas várias fases de funcionamento. Essa massa de fracassados

– apenas no contexto escolar formal, pois como elementos da estrutura social são altamente

funcionais – é aproveitada especificamente dentro das atividades mais indesejáveis. Aquelas que

não possuem caráter científico, aquelas que são mal remuneradas e que são de “baixo nível”. Dessa

maneira, a escola também assume um caráter “seletivo”. Coloquei aspas nesse termo pois, na minha

concepção, ele é oposto a outra característica dessa mesma escola: seu papel de simples

legitimadora das desigualdades sócias. De certa maneira, ela é uma extensão dos grandes e

sofisticados mecanismos mantenedores do abismo social, principalmente em nosso país. Dessa


forma, é possível ver a escola como um processo ativo e passivo de exclusão: ela mantém e, em

certos aspectos, aprofunda.

Como essa especialização/segmentação do conhecimento se relaciona com fracassos em

massa? Acredito que a ligação esteja na artificialidade e desconexão dessa metodologia com a

realidade subjetiva dos sujeitos. Atualmente, é normal a escola ensinar as disciplinas separadamente

e sem contextualização. Para o aluno, essa exposição – que faz dele um objeto passivo, uma folha a

ser preenchida – nada tem a ver com o seu mundo. E de fato, a grande preocupação das instituições

de ensino é formar números para preencher quadros; não há nenhum interesse me explorar as

verdadeiras potencialidades dos indivíduos. O importante é qualificar (em última instancia, adaptar)

um sujeito para uma determinada função.

Acho interessante a maneira como o livro coloca essa questão da adaptação/qualificação; a

ilustração dos sólidos geométricos distintos entre si diante dos encaixes circulares regulares é

exemplar.

Apesar de concordar com o livro em vários aspectos, houve ao menos um em que divergi.

Nas páginas finais há a afirmativa de que é o desenvolvimento cognitivo que permite a

aprendizagem e não o contrário. No contexto em que o livro foi escrito – na Suíça, lar teórico de

Piaget – ela é admissível. No entanto, não acredito que a aprendizagem simplesmente acompanhe o

desenvolvimento. Como as pesquisas de Vygotsky (1999) demonstraram, é a aprendizagem –

aprendizagem de fato, ou seja, que possui mediadores mas que é regida pelo aluno – que puxa o

desenvolvimento. Sem ela, o avanço cognitivo seria muito limitado.

Referências Bibliográficas

Harper, B., Ceccon, C., Oliveira, M. D., & Oliveira, R. D. (1987). Cuidado, Escola! Editora
Brasilience.
Vygotsky, L. S. (1999). Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes

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