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Universidade de Brasília
Instituto de Psicologia
Departamento de Processos Psicológicos Básicos
História da Psicologia – 1º/2014

A evolução da esquizoanálise em uma perspectiva histórica

Eduardo R. C. S. Silva (14/0019324)

Samuel Ted Almeida de Pereira (14/0056998)


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Brasília, julho de 2014


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Antecedentes e influências na esquizoanálise

A esquizoanálise, do germânico skhízein (esquizo) que significa fender, e análise

significando a divisão do todo em partes, foi um processo filosófico proposto por Pierre Félix

Guattari e Gilles Deleuze por meio das relações entre os efeitos e as causas, o particular e o geral, e

o simples e o composto, surge historicamente em meados dos anos 60, um contexto de oposição às

grandes duas forças da psicologia, a psicanálise e o behaviorismo, além de reformulações evidentes

das condutas morais, pensamentos e discursos influenciados por fatos marcantes do zeitgeist como

a guerra fria, a guerra do Vietnã, o culto ao hedonismo e a cultura hippie, por exemplo.

Portanto, para discutir-se em uma perspectiva histórica a construção ideológica e a prática da

esquizoanálise, deve ser evidenciado antecedentes àquela que contribuíram para a sua constituição,

consolidação e aplicação, e o porquê da difusão dos preceitos esquizoanalíticos no cenário da

psicologia contemporânea.

A esquizoanálise tem como principais influencias, com relação à metodologia e à crítica, a

psicanálise. Durante toda primeira metade do século XX, esta última foi a abordagem psicológica

de maior destaque na discussão e tratamento de sofrimentos psíquicos dos mais variados. Suas

origens remontam a Sigmund Freud, o qual fortaleceu na nova psicologia a noção de

psicopatologia, influenciando drasticamente a área clínica.

Freud junto a Josef Breuer, seu grande amigo e colega, estudaram e buscaram métodos

psicoterapêuticos para o tratamento de crises de histeria. “Estes eram quadros motores agudos de

contorções, contraturas e convulsões de natureza histérica que poderiam vir seguidos por crise

epiléptica. ” (Mota, A. & cols, 2012)

Josef Breuer não concordando com a visão sexualista de Freud para com a origem do trauma

rompe os relacionamentos acadêmicos e profissionais com o colega. A partir desta ruptura,

conceitos importantes são consolidados por Freud, os quais tanto serão usados por Guattari e

Deleuze como serão alvo de suas principais críticas.


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O principal conceito freudiano, base para a construção da psicanálise contemporânea, foi a

noção de inconsciente, sendo esta a parte que conteria as memórias suprimidas, memórias

recalcadas, os extintos, cunhados de libido, e outras condições não acessíveis pela mente

consciente. O teórico ainda definiu as estruturas do Id, Ego e Superego. O Id conteria a libido, a

qual teria o impulso de ser suprida e a tendência natural à satisfação. Fatores como o sexo e a

violência por exemplo estariam contidos no Id. O Ego seria a parte interligante do indivíduo com o

ambiente social em que este está inserido, viabilizando a satisfação dos impulsos do Id de forma

harmoniosa com as demandas sociais que são impostas através de regras morais aprendidas. Tais

regras são internalizadas pelo indivíduo durante a sua vida e ficam retidas no Superego, estrutura

que condena o Id e pressiona o Ego para que este não externalize comportamentos desuniformes

com as normas. O Ego quando muito pressionado se manifestaria através da ansiedade.

“A função da ansiedade é alertar a pessoa em relação a um perigo eminente; ela é um sinal

para o ego de que, a menos que sejam tomadas medidas apropriadas, o perigo pode aumentar até o

ego ser aniquilado”[ CITATION Hal00 \l 1046 ]

O comportamento ansioso se dividiria principalmente em dois principais tipos, a ansiedade

neurótica e a ansiedade moral. “A ansiedade neurótica é o medo de que os instintos escapem o

controle e levem a pessoa a tomar alguma atitude pela qual ela será punida [...]. A ansiedade moral

é o medo da consciência”[ CITATION Hal00 \l 1046 ]

No início da segunda metade do século XX houve uma grande revolução cultural e

ideológica, principalmente com a eclosão da Guerra do Vietnã, a qual propiciou discussões a

respeito de “se somos o que somos” e se há espaço para a autoconstrução de si, evidente nos

movimentos hippies, e noções de liberdade culminando na postulação de correntes dentro da

psicologia como o Humanismo de Abraham Maslow e Carl Rogers, dando autonomia ao ser

humano, e a própria esquizoanálise, contrária ao “encaixotamento” proposto pelas correntes

psicanalíticas. Era evidente portanto uma forte oposição ao determinismo dentro das ciências que
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tinham o ser humano como principal expoente, e assim fortalecia-se novas áreas da psicologia

críticas ao determinismo da condição humana.


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A evolução da esquizoanálise

Considerado um dos pais da esquizoanálise, o filósofo, escritor e psicanalista Pierre Félix

Guattari nasceu no ano de 1930 na vila de Villeneuve-les-Sablons, em Paris, e morreu à 29 de

agosto de 1992.

Inicialmente pretendeu e chegou a cursar três anos de Farmácia, abandonando o curso após

frequentar a licenciatura de Filosofia da Universidade da Sorbonne, em seu país de origem.

Condizendo com o seu espírito desde já autônomo também não chega a conclui-lo.

Concorreu a cursos de Merleau-Ponty e de Bachelard e sentia uma profunda admiração por

Sartre.

Jacques Lacan, psicanalista neo-freudiano, introduziu à Guattari os conceitos psicanalíticos,

aproximando-o das teorias de Freud. Guattari neste período participa de análises com Lacan.

Guattari foi talvez um dos primeiros psicanalistas não formado em medicina a participar de

um seminário lacaniano. Esta experiência foi decisiva para a formação daquele em psicanálise.

Familiarizando-se com a área, torna-se um integrante da Escola Freudiana de Paris criada

por Jacques Lacan, ao alcançar a cadeira de analista membro da escola. Participou do seleto grupo

até que este se diluísse em 1980 pelo próprio fundador.

Durante 40 anos trabalhou em uma clínica psiquiátrica, a Clínica La Borde, desde 1953, ano

de fundação, junto a Jean Oury. A partir deste momento ele passa a desenvolver teorias e exercícios

os quais progrediram para o conceito teórico e prático da Análise Institucional, muito útil até os dias

atuais no campo da psicologia organizacional.

Á Félix Guattari são atribuídas as noções de analisador, de transferência institucional e de

transversalidade. O campo da Análise Institucional era para o teórico uma implicação de um

processo molecular, uma espécie de intervenção política a qual através de um dispositivo analítico

de enunciação revelava arestas de uma constelação social.


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Para se analisar as teorias esquizoanalíticas interligando-as à vida e obra de Guattari, deve-se

elucidar a militância deste intricada em sua produção intelectual.

O filósofo foi um marxista dissidente, por tal projetava no conceito da razão, e nos produtos

intelectuais, uma forma de promoção de mudanças na esfera social. Todas as suas obras foram

marcadas profundamente pela concepção da práxis revolucionária, constante de Karl Marx.

Guattari, anunciou a possibilidade de outros modos de subjetivação política e de luta microssocial,

proposta esquizoanalítica implícita.

Félix Guattari é considerado por muitos acadêmicos um revolucionário da psicanálise.

Antes de iniciar sua colaboração com Gilles Deleuze (nascido a 8 de janeiro de 1925, em

Paris, e falecido a 4 de novembro de 1995 na mesma cidade) Félix Guattari apresenta A

Transversalidade, trabalho revolucionário no qual afirma que toda a existência se conjuga em

dimensões desejantes, políticas, económicas, sociais e históricas. Nesse, critica a redução dessa

multiplicidade e alerta contra a psicologização dos problemas sociais. Entende que os problemas

psicopatológicos não se podem pensar fora do universo social.

Guattari era muito otimista com relação a vida social/associativa; ele via esse processo como

uma possibilidade de reinvenção criativa e não como um mero cordão de retransmissão de condutas

sociais. Esse fenômeno, segundo o estudioso, incluía uma reapropriação dos saberes.

Outro trabalho apresentado por Guattari foi Revolução Molecular, no qual analisa os novos

paradigmas da pós-modernidade. Nessa avaliação, incluiu o desenvolvimento de áreas como a

robótica, a informática, a biotecnologia e suas consequências nas relações de poder e de produção.

Em parceria com Deleuze, iniciada em 1968, Guattari escreveu mais de 40 livros, sobre os

mais variados e amplos aspectos da realidade (natural, social, subjetiva e tecnológica). As

abordagens foram profundamente holísticas, assim como criativas e inventivas. É nesse cenário que

surgiu a proposta de esquizoanálise.


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O conceito esquizoanalítico propunha uma reformulação na forma de pensar/realizar

diversas práticas. Entremeado a ele foram inseridos os conceitos de corpos sem órgãos, máquinas

desejantes e outros tantos.

A esquizoanálise, como vertente filosófica, ainda hoje é muito atual, e sua área de interessa

vem intrigando cada vez mais teóricos de diversas áreas da psicologia seja sobre sua versatilidade

adaptativa às demandas de um mundo multifacetado, ou seja pelo forte apelo social de sua prática, a

qual é abordada por defensores da Reforma Psiquiátrica dentre tantos outros que vêm nas propostas

de Deleuze e Guattari.

Em sua constituição e consolidação histórica, a esquizoanálise se difundiu dentro da

psicologia, e atualmente está presente em novas concepções e práticas que a têm como raiz

conceitual.

Uma de tais novas áreas que se apropriam dos pressupostos esquizoanalíticos é o

Esquizodrama. Baseado também em outras correntes filosóficas e artísticas de diversos autores,

especialmente de Antonin Artaud, o Esquizodrama foi criado por Gregorio F. Baremblitt.

Já a quarenta anos de existência, atua de acordo com um paradigma político-estético. Com

propósitos pedagógicos, terapêuticos e organizativos, centrada principalmente em um a perspectiva

inventiva do caráter humano, é um procedimento de estabelecimentos e grupos.

A esquizoanálise tem muito a colaborar para a construção de uma psicologia

multireferenciada e também tem muito a ser construída. O seu principal legado, talvez possa

definido assim, foi propor uma desconstrução ao determinismo científico, e passar a pautar nos

processos de análises elementos essências de conduta social, mostrando que a realidade psíquica é

complexa e assim não pode ser reduzida a elementos ou partes.

Referências
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Hall, C., Lindzey, G., & Campbell, J. (2000). Teorias da Personalidade (4ª ed.). São Paulo:
Artmed.
Mota, A & cols. (2012). História da Psiquiatria: Ciência, Práticas e Tecnologias de uma
Especialidade Médica. São Paulo: Universidade Federal do ABC: C.D.G Casa de Soluções e
Editora.

Desviat, M. (1999) A Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fio Cruz

Deleuze, G. e Guattari, F. (2000) Mil platôs, capitalismo e esquizofrenia volume 1. São Paulo:
Editora 34.

Brum, L. A. (2014) Esquizoanálise e sua clínica das diferenças. Olhares PSI - Boletim Online.
Santa Maria: Fisma.

Deleuze, G. e Guattari, F. (2004) O anti édipo, capitalizmo e esquizofrenia 1. Lisboa: Assírio &
Alvim.

Guattari, F. (2006) Caosmose, um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Editora 34.

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