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Securicórdia Deficiência Residências

Mediadora quer Centro João Privacidade


300 Santas Paulo II acolhe e liberdade
Casas até 2010 192 pessoas na Golegã
Em Acção Pág. 14 Em Foco Pág. 15 Terceira Idade Pag. 8

VOZDAS União das Misericórdias


Portuguesas

MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVI | dezembro 2010 | publicação mensal

Protocolo
Património
Natal Festas sem maus-tratos
Inventário
da UMP

com Estado
galardoado
A União das Misericórdias Portu-
guesas foi uma das entidades galar-

atento à
doadas com os prémios da Associa-
ção Portuguesa de Museologia 2010.
O prémio deve-se ao projecto de
inventariação do espólio das Santas

qualidade
Casas. A menção honrosa da cate-
goria Inovação e Criatividade foi
recebida no Museu do Oriente, em
Lisboa, a 13 de Dezembro. Iniciado
em Setembro de 2006, o projecto
já contemplou 62 Santas Casas, às
quais se juntaram recentemente
outras 20 da região do Alentejo. Ao
todo, este projecto já produziu mais
de 14 mil fichas. Em Acção, 13
Não haverá aumentos nas comparticipações,
mas protocolo de cooperação com Estado
contempla medidas que visam assegurar Deficiência
a qualidade e a sustentabilidade das instituições
Inclusão
O sector social não só é importante comparticipações aos utentes, estão é palavra
de ordem
para a economia social, mas é tam- consagradas diversas medidas que
bém essencial para a melhoria das visam assegurar a qualidade e a sus-
condições de igualdade em Portugal. tentabilidade das instituições.
A afirmação foi feita pelo primeiro- Para José Sócrates, a parceria en- A 3 de Dezembro comemora-se
-ministro José Sócrates durante a ce- tre Estado e as organizações do sector o Dia Internacional da Pessoa
rimónia de assinatura do protocolo social faz todo o sentido porque re- com Deficiência. Por isso fo-
anual de cooperação entre Ministério presenta a melhor via de prossecução mos assistir a uma iniciativa da
do Trabalho e Solidariedade Social, das políticas de solidariedade. “Estas Santa Casa da Misericórdia de
União das Misericórdias Portuguesas, instituições garantem uma gestão de Vila do Conde e, por estarmos a
a União das Mutualidades e a Confe- proximidade descentralizada, que comemorar a quadra natalícia,
deração Nacional das Instituições de asseguram melhorias de eficiência e também fomos a congénere de
Solidariedade Social. O documento eficácia. Mas é também uma gestão Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não está Alvorge assistir a uma festa em
abrange mais de 500 mil pessoas e assente no factor humano, onde o ao alcance de todos. Para marcar a data, o Voz das Misericórdias que a diferença esteve no centro
foi assinado a 21 de Dezembro, no amor e o desprendimento buscam um foi saber como são vividas as festividades natalícias numa casa- das atenções. Reportagem, 16
Centro Cultural de Belém, em Lisboa. objectivo altruísta”, destacou o chefe -abrigo para mulheres vítimas de violência e num lar residencial e 17
Apesar de não haver aumentos nas de governo. Em Acção, 8 e 9 para crianças e jovens em perigo. Em Acção, 4 a 7
2 vm dezembro 2010 www.ump.pt

panorama

A FOTOGRAFIA
espaço sénior

Concurso
literário
Surgiu, assim, o Prémio Literário Engenheiro A subir
Quadros Martins que, englobando as Cresceu actividade
modalidades de Conto e de Poesia, foi agrícola
devidamente regulamentado, tendo o respectivo
Regulamento sido publicado no número de O Rendimento da
Junho de O Mocho Actividade Agrícola
em Portugal, por

C
unidade de trabalho,
onforme aqui noticiámos, no deverá ter crescido
6,8%, em termos reais,
final do passado ano lectivo o
relativamente a 2009, de
Conselho Directivo da Academia acordo com o Instituto
de Cultura e Cooperação Nacional de Estatística.

PRESIDÊNCIA DA REPúBLICA
transmitiu à Redacção de O
Mocho a ideia de realizar um Concurso
Literário dirigido aos Associados da ACC.
Esta ideia foi aceite com entusiasmo. Com
ela seria possível atingir, não só objectivos
inerentes à função da nossa Academia,
mas também alguns objectivos específicos Palácio de Belém Crato colabora com exposição
da Redacção: estava a aproximar-se o Maria Cavaco Silva inaugurou, recentemente, no Palácio de Belém,  a exposição “Ó Meu Menino Jesus” – que
décimo aniversário do seu Jornal e era inclui peças da colecção de presépios de Canha da Silva e da colecção de escultura e pintura da Casa Museu
mais uma oportunidade de homenagear Padre Belo, da Santa Casa da Misericórdia do Crato. Na ocasião, foi também inaugurada a Árvore de Natal
o seu fundador – na época Professor de do Palácio, numa apresentação que este ano resultou da reciclagem de materiais decorativos utilizados em
Informática – Engenheiro Quadros Martins; projectos anteriores, e de que foi responsável a decoradora Nini Andrade Silva. A exposição estará aberta ao
por outro lado, era uma nova forma de público até 6 de Janeiro de 2011. Ver página 28
dinamizar a tão desejada participação dos
Associados num trabalho que, embora
modesto, é feito a pensar neles e para eles.
O Número
Surgiu, assim, o Prémio Literário
A Descer

500
Engenheiro Quadros Martins que,
Jovens
englobando as modalidades de Conto e de
desocupados
MIL desempregados
Poesia, foi devidamente regulamentado, O número de desempregados inscritos em Novembro nos centros de emprego
tendo o respectivo Regulamento sido Cerca de 314 mil jovens diminuiu 0,7% face a Outubro, com a fasquia a situar-se nos 546.926
(16%), entre os 15 e os
publicado no número de Junho de O desempregados, informou o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
30 anos, não trabalha,
Mocho. No primeiro dos seus seis artigos nem estuda, segundo
era, de imediato, enunciado um dos o Instituto Nacional de
Estatística. É o valor
referidos objectivos: “… estimular o gosto O Caso
mais alto de sempre
pela escrita e a participação dos Associados e a tendência é para
da Academia no seu jornal…”. Os seguintes aumentar.
tratavam de vários aspectos relacionados Vila Verde a todos e que afectam, na actuali- o seu contributo nesta iniciativa.
com as categorias, formas de apresentação dade, muitas famílias, todos os tra- “Em conjunto contámos perfazer
dos trabalhos, atribuição de prémios, etc.
Um euro balhadores desta instituição, numa um montante significativo que
A Frase para os
Terminado o prazo estipulado, o Júri, de atitude altruísta e de profunda ge- servirá para a criação e distribui-
acordo com o Regulamento constituído carenciados nerosidade, decidiram colaborar ção de cabazes às famílias mais
por três elementos – um representante do no combate à crise e carência, do- carenciadas do concelho”. Os ca-
Concelho Directivo, um de O Mocho e um do A Santa Casa da Misericórdia de ando 1 euro do seu vencimento bazes serão compostos de acordo
Corpo Docente - procedeu às tarefas que lhe Vila Verde criou, recentemente, o para o Banco Solidário”. com as necessidades de cada um,
haviam sido atribuídas. As conclusões finais, banco solidário. Para o efeito, to- Além do esforço dos colaborado- e serão distribuídos pelos serviços
incluindo a identidade dos concorrentes dos os trabalhadores da instituição res, Bento Morais afirmou que o do departamento de acção social
vencedores em cada modalidade – Conto decidiram colaborar no combate à corpo clínico e os órgãos sociais da da instituição em conjunto com
Carlos Pinto
e Poesia – foram publicadas no número de Coelho
crise, doando 1 euro do seu venci- Misericórdia de Vila Verde darão as equipas de apoio ao domicílio.
Dezembro de O Mocho. Os prémios previstos Jornalista mento para aquele banco.
para os três primeiros classificados em cada 1944 - 2010 Segundo o provedor da Misericór-
categoria foram atribuídos, entre fartos dia de Vila Verde, a iniciativa tem
“E assim,
aplausos, na Festa de Natal da Academia. como objectivo servir a população
acontece”
Apesar de ter sido desejável a apresentação mais carenciada, que funcionará
de um maior número de trabalhos no em instalações da Santa Casa junto
Concurso, pensamos que ele terá contribuído ao antigo Quartel dos Bombeiros.
para aumentar, no futuro, “Será um espaço onde serão colo-
o desejo de participar. cados à disposição da população
Há muitas pessoas, na carenciada equipamentos, géne-
ACC, cheias de talento! ros alimentares, mobiliário, roupa,
Esperamos pelo seu electrodomésticos, e funcionará
contributo! em regime de voluntariado, sendo
que para tanto, contámos, com a
Boas Festas! participação da população local”,
referiu Bento Morais.
“Neste seguimento, e cientes de
Manuela Garcia
Academia de Cultura que a pobreza e as dificuldades
e Cooperação da UMP dos mais necessitados
academiadecultura@ump.pt
são problemas que dizem respeito
www.ump.pt dezembro 2010 vm 3

RADAR
ON-LINE
Opinião
Iniciativa
Formação sobre
Contribuir para direito laboral
a qualificação Arcos de Valdevez foi anfitriã de
uma formação que reuniu várias Mise-
ricórdias que integram ou integraram
Escola profissional da Misericórdia de
o projecto gestão sustentável, nas suas
Angra do Heroísmo foi criada para a
formação de indivíduos em áreas que se duas fases. A iniciativa, que teve lugar
consideram mais carenciadas em termos a 3 e 4 de Dezembro, dedicada a direito
de mão-de-obra ou estratégicas para o laboral foi organizada face ao interesse
desenvolvimento regional manifestado pelas Santas Casas sobre
o assunto. Segundo a equipa da UMP

A
Escola Profissional da Misericórdia de Angra responsável pelo projecto, outras sessões Efeméride
do Heroísmo foi fundada em 1995 mediante semelhantes já foram solicitadas e estão Mercedárias há
assinatura de Contrato Programa com a então a ser agendadas. 25 anos no lar
Secretaria Regional da Educação e Cultura (SREC).
À semelhança das demais escolas profissionais dos As irmãs mercedárias estão a ce-
Açores, também esta foi criada para a formação em áreas que lebrar 25 anos de bem-fazer no lar de
se consideram mais carenciadas de mão-de-obra ou estratégicas idosos Virgílio Lopes, da União das Mise-
para o desenvolvimento regional. O seu objectivo principal é ricórdias Portuguesas (UMP). A chegada
responder a uma procura crescente, por parte da população foi exactamente a 14 de Dezembro de
jovem, de uma modalidade de formação que, constituindo 1984, altura em que o presidente da UMP
uma alternativa ao ensino oficial normal, os prepare era o padre Virgílio, e a comunidade
convenientemente para o mercado de trabalho. era então composta pelas irmãs Luísa
Os cursos destinam-se a jovens que, tendo concluído o 9º ano de Roldan, Francisca Cano e Ana Rivas. A
escolaridade ou equivalente, optem por uma formação orientada Congregação das Irmãs Mercedárias da
para o mercado de trabalho. Contudo, esta escola abre-se caridade foi fundada pelo beato João
também à população em risco de exclusão social visando a Computadores Nepomuceno Zegri y Moreno.
sua integração social e profissional. Neste âmbito, actua no Ericeira promove
domínio do Programa REACTIVAR, destinado a indivíduos em aulas de informática Exposição
situação de desemprego. Neste momento, a escola funciona Fundão mostra
com 8 cursos Nível III da UE, nas áreas do turismo; higiene A Santa Casa da Misericórdia da presépios do mundo
e segurança no trabalho e ambiente; gestão e programação Ericeira, no concelho de Mafra, está a
de sistemas informáticos; electrónica e telecomunicações; promover aulas de informática para a A Santa Casa da Misericórdia do
sistemas de informação geográfica; electrónica, automação e comunidade. Através do seu centro de Fundão vai levar a efeito uma exposição
computadores; vendas e serviços jurídicos. Decorrem ainda, no estudos gerais, a instituição está a facul- de Presépios do Mundo. A inauguração
âmbito do Programa REACTIVAR, os cursos agente em geriatria, tar aulas a quem esteja interessado em está marcada para 19 de Dezembro. O
empregado comercial, empregado de andares e mecânico de aprender a trabalhar ou apenas divertir- certame estará patente até dia 6 de Ja-
serviços rápidos. A escola mobiliza, neste momento, cerca de -se com o computador, cuja indispen- neiro na Sala do Despacho, junto à Igreja
200 formandos, 60 formadores certificados e 12 funcionários. sabilidade é incontornável nos dias de da Misericórdia. Também a Santa Casa
A escola recorre ainda a parcerias diversas com entidades, hoje. As aulas decorrem ao ritmo da da Misericórdia do Crato está envolvida
empresas e outras forças vivas da comunidade para efeitos de aprendizagem dos alunos e há os níveis numa exposição marcada pelos símbolos
colocação dos formandos em formação prática em contexto básico e avançado. natalícios. Ver página ao lado.
de trabalho e/ou tendo em vista a realização de projectos –
factor manifestamente importante não apenas para viabilizar a
formação prática mas também para criação de emprego para os SLIDESHOW
futuros técnicos. A estrutura de apoio integra 9 salas de aulas e
5 laboratórios, para além de biblioteca, serviços administrativos,
bar, reprografia, gabinetes da direcção e instalações sanitárias.
A escola já foi alvo de duas ampliações, cujos custos foram
integralmente suportados pela Santa Casa.
Um olhar retrospectivo permite-nos constatar a tendência
expansionista da escola, a diversificação da oferta formativa e
um lugar conquistado no sistema educativo regional bem como
um estatuto social considerável como instrumento ao serviço do
desenvolvimento local e regional. Com efeito, da nossa escola
saíram 371 técnicos diplomados dos quais uma percentagem
considerável se encontra no mercado de trabalho.
Numa conjuntura de crise generalizada e de alguma indefinição
do futuro do ensino profissional nos Açores, acreditamos que o
futuro próximo da nossa escola passará pela sua conversão em
Fundação – figura jurídica que lhe dará maior consistência
financeira, também pelo envolvimento activo de outros
parceiros locais –; articulação com o Governo Regional
no sentido de contribuir para a qualificação da população
açoriana em função de necessidades concretas e
envolvimento em projectos europeus que possam
trazer mais-valias para a população escolar, para a Oliveira do Bairro Cortejo por unidade de saúde
escola e para a comunidade em que se insere. A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro organizou, a 8 de Dezembro,
um cortejo de oferendas para angariar fundos para a construção da unidade de
cuidados continuados integrados. Com capacidade para 28 pessoas, espera-se que
o equipamento esteja concluído em Abril do próximo ano. Ao todo, serão criados
António Marcos 22 novos postos de trabalho. O primeiro cortejo da Misericórdia realizou-se em
Provedor da Misericórdia de Angra do Heroísmo
Setembro de 1941 e foi organizado para beneficiar o hospital da instituição, que foi,
à época, uma obra de grande importância para o concelho.
4 vm dezembro 2010 www.ump.pt

DESTAQUE

Natal feliz
Adriana Mello ceradas não faltam. Traumatizadas,
encontraram nesta casa um novo lar.
Afinal, festejar o nascimento do me- E o recomeçar uma nova etapa
nino Jesus acompanhado por fami- nem sempre é fácil. Para a Ana (os
liares e por todos aqueles que ama- nomes dos testemunhos foram alte-

sem violência
mos e queremos bem é um privilégio rados por razões de segurança), de
que não está ao alcance de todos. 33 anos e cinco filhos, a vida nunca
A coragem de denunciar uma foi fácil. Com lágrimas nos olhos,
situação de violência doméstica, de fala-nos da sua adolescência compli-
pedir ajuda e de trocar uma vida cada e do grave problema oncológico
gasta e sufocante por um novo modo que ainda está a superar. No entanto,
de ser e de viver, implica fazer re- agora, passado um mês de estadia
núncias e deixar para trás não só na casa abrigo já está “mais forte,
o agressor, mas também mudar o
local de residência e deixar (ainda Para a Ana, de 33 anos e cinco
que temporariamente) os familiares filhos, a vida nunca foi fácil.
e amigos. Seu maior desejo é ter
Mas, nas Misericórdias, aqueles condições para poder ter no-
a quem o infortúnio bateu à porta vamente os filhos ao pé de si
não são esquecidos. Assim, numa
casa abrigo cuja localização não será com mais disposição para enfrentar
revelada ao longo desta reportagem o futuro” e o seu maior desejo é ter
de forma a salvaguardar o sigilo ne- condições para poder ter novamente
Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não cessário a segurança das utentes, o os seus filhos ao pé de si.

está ao alcance de todos. Mas uma noite especial, associada Natal foi celebrado com alegria e
num ambiente de familiar.
Laura, imigrante de 43 anos, já
está na casa há três meses e agora os
ao espírito natalício, alegrou o ambiente numa casa abrigo Nesta casa abrigo que acolhe,
actualmente, catorze utentes e os
seus dias são de esperança. A viver
em Portugal há aproximadamente
que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica seus filhos as histórias de vidas dila- oito anos, com uma filha pequena,
www.ump.pt dezembro 2010 vm 5

Cabazes de Natal em Angra do Heroísmo


A Misericórdia de Angra do Heroísmo, à semelhança do que vem
acontecendo desde há alguns anos a esta parte, procedeu à entrega,
a todos os seus colaboradores, de 260 cabazes de Natal.

Noite especial alegrou


casa abrigo para mulheres
vítimas de violência

Laura começou a estranhar o com- foi justamente a sala de reifeições. tiveram um papel relevante: oferece- de sonhos, de esperanças renovadas
portamento possessivo do seu mari- Depoimentos Com a árvore de Natal como pano ram doces iguarias. Mais uma prova e aqui ficam registados os votos da
do: “eu não podia falar ao telemóvel, de fundo a encher de cor a ampla de que o trabalho desenvolvido nesta equipa técnica da casa que todos
nem ter amigos”. Os maus-tratos a sala, crianças e adultos foram con- casa abrigo está a ser bem visto pela os dias procura criar ferramentas
perseguiram durante anos. Agora tagiados pelo espírito natalício, num comunidade. que contribuam para que estas mu-
Laura só quer uma nova oportuni- “A violência não faz sentido: é ambiente familiar e de aconchego. A Segundo uma das técnicas da lheres se automatizem. A directora
dade para ser feliz. um acto consequente de um com- ceia foi farta. O jantar começou com instituição (que também prefere espera “que as pessoas possam viver
Como a maior parte dos imigran- portamento desviante e aquilo que múltiplas entradas – desde enchidos manter o anonimato) este tipo de as suas vidas em paz e com a digni-
tes, Laura diz que nesta altura do ano, eu gostaria que acontecesse é que e queijos até aos patês e tostas. A iniciativa é muito relevante: “É um dade que merecem”. A psicóloga da
as emoções estão à flor da pele e afir- não houvesse nunca mais nenhum canja quente aqueceu os corações. espaço de partilha que valoriza as instituição partilha, igualmente, do
ma que não gosta da quadra natalícia: Natal com violência. Assim, o mundo Mas não é tudo! Ainda foi possível pessoas e ajuda a manter a auto-es- mesmo desejo e espera que “todas
“é uma época muito triste pois estou seria outro. Isto, se calhar é um ideal saborear um excelente prato de baca- tima. O facto de as utentes poderem as pessoas possam ter Natais felizes,
longe de todos os meus familiares.” difícil de atingir. Mas, o ideal comanda lhau, seguido por um cabrito assado. contribuir na elaboração da ementa, sem violência”.
Apesar de estar acompanhada por o sonho. E, se nós não sonhamos, não “Hoje nós vamos receber pren- Da parte das Misericórdias, o
sentimentos de solidão e desamparo, criamos” das?” perguntavam as crianças ao Laura, imigrante de 43 anos, provedor responsável por aquela
esta imigrante não desanima: “quero Provedor longo do jantar. E, num misto de ale- já está na casa há três meses instituição também expressou a
começar tudo do zero” e já começa a gria e admiração os meninos e me- e agora os seus dias são de sua vontade de assistir a melhores
fazer planos para o futuro. ninas residentes na casa receberam, esperança. Os maus-tratos tempos: “Que não houvesse mais
Este é um local de passagem. De “É um espaço de partilha que por volta das 22 horas, a presença perseguiram-na durante anos violência. Afinal, a violência não
facto, a casa abrigo tem como finali- valoriza as pessoas e ajuda a mais esperada da noite: o Pai Natal faz sentido: é um acto consequente
dade recuperar as pessoas e reinseri- manter a auto-estima. O facto de as que se fez acompanhar por um saco como no caso de uma sobremesa de um comportamento desviante
-las na vida social. Para tanto, a casa utentes poderem contribuir na elabo- recheado de presentes especialmente (que muitas vezes é uma receita de e aquilo que eu gostaria que acon-
conta com uma equipa composta por ração da ementa, como no caso de destinados aos mais novos. Muitas família) e de poderem proporcionar tecesse é que não houvesse nunca
um assessor jurídico, uma directora uma sobremesa, que muitas vezes é destas prendas, que fizeram a ale- um dia diferente aos seus filhos é mais nenhum Natal com violência.
e uma psicóloga. Todos contribuí- uma receita de família, e de poderem gria dos mais pequenos, foram ofe- importante” Assim, o mundo seria outro. Isto, se
ram, de uma forma ou outra, para a proporcionar um dia diferente aos recidas pela comunidade local que São estes pormenores que mar- calhar é um ideal difícil de atingir.
concretização desta festa de Natal. seus filhos é importante” se associaram ao espírito da festa cam a diferença e podem contribuir Mas, o ideal comanda o sonho. E,
Um dos espaços mais concorri- Directora técnica e contribuíram de livre vontade. As para fazer alguém nascer de novo, se nós não sonhamos, não criamos”.
dos na casa abrigo, neste dia festivo, padarias e pastelarias locais também mudar de vida. Afinal é Natal! Época
6 vm dezembro 2010 www.ump.pt

DESTAQUE

Fazer
acontecer
o Natal
com esta dinâmica. Depois, até gos-
Na Santa Casa da tam de ver os filhos terem protago-
Misericórdia de Peso da nismo”, confirma Vera Moutinho.
Régua, reforçar laços entre Para delinear o figurino da festa há
jovens e familiares é um uma reunião onde se discutem ideias.
desígnio que se estende Durante um mês, há ensaios diários
para além do Natal depois da escola e, pelo meio, desis-
tências, reticências e regressos volun-
Patrícia Posse tários. Embora este ano, os estagiários
tivessem dado um apoio na organiza-
Se na rua caem chuviscos frios, den- ção, o esforço é muito delas, sobretudo
tro de portas, hasteiam-se sorrisos para “fazer acontecer o Natal”.
quentes. A 19 de Dezembro, o al- Na sala utilizada para ocasiões es-
voroço tomou conta das 27 crianças peciais, há mesas, com nomes alusivos
e adolescentes da Casa da Criança, à quadra, cobertas por toalhas verdes
equipamento da Santa Casa da Mise- de rebordo vermelho, onde reinam os
ricórdia do Peso da Régua que acolhe tons dourados. Nas pausas do jantar,
crianças retiradas das famílias no decorre o espectáculo com música,
âmbito de processos de protecção. dança e teatro, que arranca aplausos
Em mãos tinham a tarefa messiânica vigorosos e fartas gargalhadas.
de protagonizar a Festa de Natal para
os seus familiares. Apoio essencial
“Como as meninas têm situações Ana Santos (todos os nomes são
complicadas, relacionadas com a fal- fictícios para proteger a identidade
ta de afecto ou a gestão dos mesmos, das jovens), 15 anos, foi uma das
pretende-se reforçar os momentos apresentadoras de serviço, mas já
em família. É importante para elas
saber que os familiares querem vir, “Natal é altura de perdão e
daí que se dediquem tanto”, refere solidariedade. Eu estou cá
a directora técnica, Vera Moutinho. há pouco tempo, mas recebo
Ao final da tarde, só as figuras mais amor e atenção do que
do presépio assistem serenas à roda- aquilo que tinha”
-viva das jovens. Ora correm para
serem maquilhadas, ora se preocu- na mesa, o registo foi mais intimis-
pam com os penteados, ora duvidam ta. “Sou um bocado envergonhada,
da sua capacidade em palco. É que embora conheça as pessoas. Mas
ter a atenção dos familiares gera um sinto-me melhor do que se a minha
acréscimo de tensão. “Não querem mãe não estivesse aqui, é um apoio
fazer má figura, não quererem desi- diferente tê-la cá.” O zelo em torno
ludir”, salienta. da irmã Madalena, de 8 anos, é prio-
A festa de Natal com as famílias ritário e enquanto a pequena não
tornou-se um ritual desde 2006 e, termina a sopa, Ana não arreda pé,
em termos de participação, a respos- adiando a subida ao palco. Depois de
ta tem sido “globalmente positiva”. um abraço apertado, segue até mais
“Se alguns não vêm será mais fruto confiante. “Ensaiei toda a manhã,
da disfuncionalidade que levou ao mas os textos para apresentar só os
internamento”, justifica o provedor tive há bocado”, revela.
Manuel Mesquita. Este ano, reuniu Fernanda Santos, a mãe, não
aproximadamente uma centena de omite o que sente: “um bocadinho
pessoas. triste, porque não é o lugar apropria-
“As famílias vêm sempre, mas a do. Gostava que ela estivesse ao pé
postura é um bocado distante, por- de mim”. O Natal vai ser passado em
que não se sentem familiarizados Vila Real com a família e o desejo
www.ump.pt dezembro 2010 vm 7

Hospital de Beja vai ser reabilitado


O Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Beja, edifício do século XV,
vai ser reabilitado. As obras, orçadas em 377 mil euros,
deverão arrancar brevemente e durarão cerca de 10 meses

Opinião

Para terminar esta série de artigos, o Decreto não tem uma palavra sobre
gostaria, mais uma vez, de agradecer os pobres e os mais desfavorecidos.
as inúmeras mensagens de apoio que O que o Decreto diz é que os bens
fui recebendo, bem como a participa- das Misericórdias são eclesiásticos,
ção interessada de muitos Senhores que os Senhores Bispos têm de fazer
Manuel de Lemos Provedores e Irmãos de Misericórdias uma aprovação prévia dos Órgãos
Presidente da UMP
que, genuinamente, me colocaram Sociais das Misericórdias e depois
dúvidas e reflexões sobre o relaciona- confirmar os eleitos (em bom por-

O dever mento das Misericórdias Portuguesas


com a Hierarquia da Igreja Católica.
tuguês isso chama-se escolher e de-
cidir sobre quem pode ou não pode
da verdade 3 No fundo e em grandes linhas,
o que todos me transmitiram foi o
ser membro dos Órgãos Sociais das
Misericórdias), que podem extinguir
seguinte: “É claro que somos Ins- Misericórdias e pouco mais.
É claro que somos Instituições de tituições de Igreja, que queremos Não penso que dizer isto a quem
Igreja, que queremos colaborar colaborar com a Hierarquia da Igreja assim legislou, seja ofender quem
com a Hierarquia da Igreja mas,
também temos relações com mas, também temos relações com o quer que seja ou sequer manifestar
o Estado e na administração Estado e na administração dos bens menor respeito e consideração pelos
dos bens terrenos queremos ser terrenos queremos ser autónomos. Senhores Bispos. Factos são factos! E
autónomos Essa é que é a imagem secular das o facto é que o Decreto Geral revela
Misericórdias Portuguesas e acha- alguma inabilidade, porque se não
mos bem que isso fique escrito num era isso que queriam dizer, então
para 2011 é simples: “que não hou- coisas correm aqui em casa, como Compromisso que tenha força legal”. deviam dizê-lo de outro modo.
vesse crise e as coisas melhorassem se comportam, quais as meninas que Tenho-me esforçado por dizer Por isso e porque penso assim,
para toda a gente”. são novas”, acrescenta. a todos que esse é também o ob- apesar do Decreto e, apesar da re-
Há quem, embevecida, apresente jectivo da UMP. Só que o Decreto comendação do Conselho Nacional,
os pequenos familiares, quem ensine Presença circunstancial Geral da CEP nos termos em que ousando interpretar o sentimento dos
o caminho da casa-de-banho à mãe Manuel Mesquita não se coibiu está redigido o impede, pelo que com Irmãos das Misericórdias Portugue-
ou quem comente que a avó nem a de lembrar aos familiares que a sua transparência e lealdade só há duas sas, avancei para a ideia do tal Com-
reconhecia pela mudança da cor do presença não se devia circunscrever formas de ultrapassar a questão: ou promisso. E é óbvio que, se o ideal
cabelo. Vive-se também a expectati- àquela data festiva. “Espero que seja a Conferência Episcopal Portuguesa é construir um documento melhor
va de ver chegar quem se atrasou e constante ao longo do ano e mais ac- (CEP) revoga o Decreto, o que enten- (e estamos todos disponíveis para
quando chega o momento de ir abrir tiva. Não podemos nem queremos do não seja fácil, ou a CEP dá força isso), acredito que as bases de com-
a porta, não se perde um minuto. substituir-nos aos pais, porque só com de Decreto Geral a esse Compromis- promisso que aprovámos e que a CEP
Uma das jovens, Vânia Dias, este modelo de aliança (entre família, so de Cooperação, o que me parece aprovou são capazes de constituir um
vestiu-se de Pai Natal e distribuiu os Santa Casa e técnicos) podemos levar completamente razoável. entendimento razoável para os próxi-
presentes pelas colegas, desembru- a bom porto a nossa tarefa.” É claro que há ainda um terceiro mos 25 anos. Apenas falta, e isso fal-
lhando muitos sorrisos. “Gostamos Mesmo que o projecto de vida caminho, que é o de ninguém fa- ta, que a CEP leve o seu raciocínio até
de fazer a festa, porque é bom ter cá não passe pela reintegração, mas zer nada: nem a CEP faz qualquer ao fim e dê força de Decreto Geral ao
a família”, diz a jovem de 17 anos. pela autonomia, a maioria das jo- movimento, nem as Misericórdias texto que ela própria aprovou. Repito,
Sentadas à mesa do Menino Jesus, vens mantém o contacto com as cumprem o Decreto. Inevitavelmente eventualmente melhorando-o; even-
estão a mãe e uma irmã. “Claro que famílias em “muitos momentos”. Só há duas formas de conduzirá a conflitos esporádicos e tualmente referindo o Decreto Geral
fica contente, foi ela que nos con- A equipa técnica tem um papel de ultrapassar a questão: à intervenção do Estado Português e em sede de considerando, como um
vidou”, diz Maria do Carmo Dias, mediação, obrigando os familiares a ou a Conferência dos Tribunais Portugueses. Parece- instrumento importante para permitir
62 anos. “Ela passa a vida a rir-se”, “viver os problemas e a vida que as Episcopal Portuguesa -me obviamente um caminho que o aprofundamento do relacionamen-
acrescenta a irmã. crianças têm na instituição”. (CEP) revoga o Decreto, não satisfaz a ninguém, pois vai ge- to entre as Misericórdias de Portugal
Quando atingiu a maioridade, A Santa Casa recebe crianças o que entendo não rar graves situações de desigualdade e as respectivas Dioceses. Mas como
Joana Azevedo deixou a Santa Casa, desde os 18 meses aos 18 anos, res- seja fácil, ou a CEP dá e, a prazo, vai mesmo pôr em risco simples confirmação do Decreto Ge-
ponsabilizando-se mesmo depois força de Decreto Geral a natureza e identidade das Miseri- ral é que não!
Festa de Natal com as famílias dessa idade, quando não está ainda a esse Compromisso de córdias. Sou por natureza optimista, Se tiver servido para isso, todos
tornou-se um ritual desde definido um projecto de vida. “É nos- Cooperação, o que me mas não sou cego, nem ingénuo, reconheceremos o seu papel decisivo
2006 e, em termos de parti- so dever proteger, educar estas crian- parece completamente nem irresponsável. e pela parte da União das Misericór-
cipação, a resposta tem sido ças e criar um projecto de vida para razoável Tenho a certeza que as Miseri- dias Portuguesas todos acreditare-
“globalmente positiva” que quando saiam da instituição se- córdias também o não são. A es- mos na bondade desta solução. O
jam cidadãs de pleno direito”, frisa. O que não podemos magadora e inequívoca votação e o que não podemos aceitar, repito, é
onde ficaram as duas irmãs mais Com capacidade para 30 utentes, a aceitar, repito, é que se entusiasmo dos Senhores Provedores que se considere que o Decreto Geral
novas. Hoje, com 21 anos, casada Casa da Criança tem actualmente considere que o Decreto na Assembleia-Geral de 27 de No- esteja em vigor e depois subscrever
e com uma filha pequena, regressa 27, sendo que a lotação poderá ficar Geral esteja em vigor e vembro, é uma prova extraordinária um Compromisso para o regulamen-
àquele que um dia foi o seu lar. “É completa, uma vez que estão em depois subscrever um e fantástica de coragem, de lucidez, tar dizendo em alguns artigos exacta-
diferente. Quando estava cá, sabia curso processos de ingresso. Compromisso para o de unidade e de determinação. mente o contrário do Decreto Geral.
que tinha que fazer actuações e era Antes do findar da festa, uma regulamentar dizendo Devo dizer que, no meio de toda Estaremos então todos a patrocinar
sempre aquele nervosismo.” jovem, recém-chegada à instituição em alguns artigos esta questão, um aspecto me espan- um enorme equívoco que custará
Para as irmãs, de 11 e 15 anos, o reguense, sobe ao palco e solta o que exactamente o contrário ta de sobremaneira. Alguns Senhores caro a todos os católicos portugueses
significado da sua presença é quase lhe vai no coração: “Natal é altura de do Decreto Geral Bispos com quem falei manifestaram e a toda a sociedade portuguesa e
inefável. “Gosto muito que esteja cá, perdão e solidariedade e é por isso que o seu desagrado por alguns Senhores que será motivo das mais apaixona-
porque sinto a falta dela”, confessa fizemos esta festinha. Eu estou cá há A esmagadora e Provedores e os Órgãos Sociais da UMP das disputas jurídicas que apenas
Justina. Inês acaba por partilhar do pouco tempo, mas recebo mais amor inequívoca votação terem salientado que o que sobressai no aproveitarão a uns tantos fundamen-
mesmo estado de espírito: “é bom, e atenção do que aquilo que tinha”. e o entusiasmo dos Decreto Geral é a questão da proprieda- talistas de um lado e de outro, que
porque não estou com ela todos os No Natal nenhuma das meni- Senhores Provedores de e da administração dos bens. se revêem no deleite intelectual do
dias”. “Ficam contentes, porque é nas fica na instituição. Dessa forma, na Assembleia-Geral de Os Senhores Bispos que me des- direito mas para quem os que so-
especial ter uma pessoa da família cumprem-se as palavras do poeta 27 de Novembro, é uma culpem, mas o Decreto do que trata frem, os doentes, os necessitados e
junto delas”, conclui Joana. David Mourão-Ferreira que “de mãos prova extraordinária e é disso. O Decreto não tem uma pa- os pobres e os generosos solidários
À volta da mesa do Anjo, a oca- dadas talvez o fogo nasça / talvez fantástica de coragem, lavra sobre a actividade pastoral da que nelas pensam, não são pessoas
sião é aproveitada ainda para as seja Natal e não Dezembro / talvez de lucidez, de unidade e Igreja, o Decreto não tem uma pala- concretas mas apenas palavras de
actualizações. “Falam de como as universal a consoada”. de determinação vra sobre a Missão das Misericórdias, um qualquer léxico.
8 vm dezembro 2010 www.ump.pt

em acção

Protocolo atento
à qualidade
e sustentabilidade

UMP assinou protocolo de cooperação com Ministério


do Trabalho e da Solidariedade Social. Apesar
de não haver aumentos nas comparticipações,
estão consagradas diversas medidas que visam assegurar
a qualidade e a sustentabilidade das instituições
no, onde o amor e o desprendimento peito às comparticipações, não se
Bethania Pagin
buscam um objectivo altruísta”. Por registam aumentos, mas o protocolo Actualizações Comparticipações
O sector social não só é importante isso, continuou, faz todo o sentido contempla uma série de medidas de 0,4 por cento e frequências
para a economia social, mas é tam- que o Estado coopere com quem está que poderão assegurar a qualidade
bém essencial para a melhoria das no terreno para responder melhor às e a sustentabilidade das instituições O protocolo de cooperação contempla O pagamento da comparticipação fi-
condições de igualdade em Portugal. famílias portuguesas. (ver caixas). actualização extraordinária de 0,4% nanceira da segurança social será feito
A afirmação foi feita pelo primeiro- “Queremos melhorar o que já Também presente na cerimónia, das comparticipações. Em causa está a mediante o controlo das frequências
-ministro José Sócrates durante a existe e responder às necessidades a ministra do Trabalho e da Solida- entrada em vigor do novo Código Con- mensais, tendo por base a comunicação
cerimónia de assinatura do protocolo da população”, acrescentou, lem- riedade Social, Helena André, desta- tributivo e a medida visa compensar as mensal obrigatória com a identificação
anual de cooperação entre Ministé- brando que o Estado vai investir 21,5 cou que “não foi nada fácil chegar a instituições dos encargos decorrentes unívoca dos utentes e segundo um mo-
rio do Trabalho e da Solidariedade por cento da sua riqueza na área so- este acordo”, mas que este “resulta do aumento gradual da taxa social úni- delo operacional a definir na Comissão
Social, União das Misericórdias Por- cial, que representam cerca 1200 mi- de um consenso entre parceiros e ca. Nacional de Acompanhamento e Ava-
tuguesas, a União das Mutualida- lhões de euros, “um número muito vai ajudar a melhorar a forma como A medida deverá manter-se durante liação dos Protocolos e Acordos de Co-
des e a Confederação Nacional das europeu”, destacou. a população é tratada”. Consenso o período em que se verifique a actu- operação durante o primeiro trimestre
Instituições de Solidariedade Social. este que vai abranger cerca de 15 mil alização da taxa contributiva e as insti- de 2011.
O documento abrange mais de 500 O sector social não só é impor- acordos de cooperação que abran- tuições deverão entregar os elementos Contudo, por causa da sua natureza, al-
mil pessoas e foi assinado a 21 de tante para a economia social, gem mais de meio milhão de pessoas demonstrativos do montante efectivo gumas respostas sociais serão dispensa-
Dezembro, no Centro Cultural de mas é também essencial para em todo o território nacional, mas de encargo decorrente do aumento da das desta obrigação. As cantinas sociais,
Belém, em Lisboa. Apesar de não ha- a melhoria das condições de que não foi fácil de se obter. A medi- taxa contributiva no ano anterior, bem pelo seu carácter de utilização pontual
ver aumentos nas comparticipações, igualdade em Portugal da referente ao IVA das organizações como do montante de comparticipação ou esporádica, e as casas-abrigo, por
estão consagradas diversas medidas do sector social foi um dos aspectos financeira da segurança social corres- motivos de confidencialidade necessá-
que visam assegurar a qualidade e O primeiro-ministro fez uma a dificultar as negociações (ver texto pondente à actualização extraordinária ria para garantir a integridade física dos
a sustentabilidade das instituições. analogia com o ano de 2005, ano na página ao lado). de 0,4% durante o mesmo período. utentes, são dois exemplos.
Para José Sócrates, a parceria en- em que o governo investiu nesta Para o presidente do Secretariado
tre Estado e as organizações do sec- área cerca de 17,5 por cento da sua Nacional da União das Misericórdias
tor social representa a melhor via de riqueza, o que representa seis mil Portuguesas, Manuel de Lemos, o
prossecução das políticas de solida- milhões de euros a menos em rela- protocolo é um “sinal político de res-
riedade. “Estas instituições garantem ção ao que será investido este ano. ponsabilidade pública” que contém
uma gestão de proximidade descen- Este aumento está directamente rela- “virtualidades que urge potenciar,
tralizada, que asseguram melhorias cionado com a construção de novos nomeadamente em matéria da qua-
de eficiência e eficácia. Mas é também equipamentos sociais, no âmbito do lidade e em matéria da utilização
uma gestão assente no factor huma- PARES e do POPH. No que diz res- partilhada de recursos”.
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Venda de Natal na Ericeira


A Santa Casa da Misericórdia da Ericeira promoveu uma venda de Natal.
Os fundos angariados através da iniciativa serão utilizados
na desparatização do museu e da igreja da instituição.

BREVES IVA social


é principal
Protocolo MTSS 2010 preocupação
Inalterados os valores de 2009
Mantêm-se inalterados os valores da
para 2011
comparticipação financeira da seguran-
ça social, praticando-se os montantes Mudanças no código
acordados para 2009, sem prejuízo de contributivo e no IVA social.
novos mecanismos e iniciativas previstos Estas são as principais
no presente protocolo. áreas de preocupação
do presidente da União
Acesso dos mais carenciados das Misericórdias
Foram revistos os limites de compar-
ticipação familiar nos lares de idosos, Bethania Pagin
mantendo-se o equilíbrio e reforçando
o acesso dos mais carenciados a estes Mudanças no código contributivo e
equipamentos, num quadro de susten- no IVA social. Estas são as principais
tabilidade das instituições. áreas de preocupação do presidente
do Secretariado Nacional da União
Obras de requalificação das Misericórdias Portuguesas. O
Aos equipamentos sociais com acordos receio é igualmente partilhado pelos
de cooperação que sofram obras de presidentes da Confederação Nacio-
requalificação e que legalmente não ne- nal das Instituições de Solidariedade
cessitem licença camarária, não é exigida e da União das Mutualidades.
a celebração de novos acordos, mas tão De acordo com Manuel de Lemos,
só a actualização quanto à capacidade. “é essencial manter em Portugal o
Estado Social que, com dignidade e
Consagrada reserva de vagas com qualidade, acolhe os que pre-
Consagra-se neste protocolo a reserva cisam, independentemente do seu
de vagas em acordos de cooperação ce- credo, cor, rendimento ou origem”.
lebrados para novos equipamentos, com Por essa razão, continuou, “as Mi-
vista à colocação de idosos indicados pe- sericórdias se dispuseram a celebrar
los serviços competentes da segurança o presente protocolo para o ano de
social. 2010, quando alguns achavam que
Protocolo foi assinado a sua assinatura em 21 de Dezembro
na presença Maior capacidade em creche já não fazia sentido, nomeadamente
de José Sócrates
Vai ser revisto normativo relativo às cre- desde logo, porque dele não resulta,
ches, no prazo de 30 dias após a assina- directa e imediatamente, qualquer au-
tura do protocolo. Este normativo con- mento de comparticipação do Estado
templará o aumento da capacidade nas aos utentes das Misericórdias”.
salas de creche salvaguardando sempre Além disso, “ainda ninguém con-
as condições técnicas do equipamento. seguiu explicar a alteração da legisla-

10% dos idosos para RNCCI Sistemas de qualidade


As instituições podem optar pela imple-
ção sobre o IVA para o sector social”.
Para Manuel de Lemos, “não faz
sentido penalizar as instituições que,
mentação de outros sistemas de qualida- pelo recurso a fundos próprios, pro-
de Acção Social da UMP. imediatamente a seguir. de (sem ser os Manuais de Qualidade do movem a cooperação com o Estado
Protocolo contempla Ainda segundo aqueles respon- Em 2011 também será revista ISS), cuja certificação seja atribuída por lançando obras, criando empregos,
admissão de utentes sáveis, no que respeita à terceira a Circular Normativa nº 3 de 2 de uma entidade acreditada no âmbito do directos e indirectos, a montante e a
de lares de idosos em idade, serão revistos os requisitos Maio de 1997, com o fim de ade- Sistema Português de Qualidade. jusante, e desenvolvendo respostas
unidades da Rede legais em vigor tendo em vista, “de- quar o esforço das famílias à sua sociais. De facto, não há crise que ex-
Nacional de Cuidados signadamente, a harmonização das situação social. “Para o cálculo da Sustentabilidade energética plique este tipo de medidas. Ou talvez
Continuados Integrados condições previstas para as estrutu- comparticipação do utente e da com- O Ministério da Economia, da Inovação e seja por causa deste tipo de medidas
ras residenciais de maior dimensão, participação familiar, a prova de ren- do Desenvolvimento vai criar, num prazo que a crise tem a dimensão que tem”.
Bethania Pagin em particular no que respeita à per- dimentos é relativa aos agregados de nove meses, um plafond específico Para o presidente da Confederação
centagem de quartos individuais”. familiares dos utentes e respectivos de potência reservado a projectos apre- Nacional das Instituições de Solida-
Apesar de não contemplar aumentos Quanto a novos acordos de coo- sentados por Instituições Particulares de riedade, o padre Lino Maia, apesar
nas comparticipações, o protocolo peração, quando se trate de respostas Em causa está o elevado grau Segurança Social. da data em que é assinado, este pro-
anual de cooperação assinado com sociais objecto de comparticipação de dependência dos utentes tocolo não pode ser encarado como
o Ministério do Trabalho e da Soli- pública na sua construção, são garan- dos lares de idosos das Mise- Lar de crianças e jovens “uma prenda de Natal”, já que “seria
dariedade Social contempla medidas tidas 20% das vagas para colocação ricórdias, explicou o Gabinete Relativamente ao lar de crianças e jovens, um mau sinal” entrar em 2011 “com
que visam assegurar a sustentabili- de utentes pelos serviços competentes de Acção Social da UMP será analisado pela Comissão Nacional dúvidas acrescidas” na cooperação en-
dade e a qualidade das instituições. da segurança social. Em casos onde de Acompanhamento e Avaliação dos tre governo e instituições privadas de
Entre outras novidades (ver caixas não tenha havido comparticipação, descendentes em primeiro grau”, Protocolos e Acordos de Cooperação, solidariedade social. Quanto à contro-
ao lado), será prioritária a admissão serão garantidas, progressivamente e refere aquele gabinete, destacando no decorrer do ano de 2011, um novo vérsia em torno do IVA social, o padre
de utentes provenientes de lares de por consenso, 10% das vagas. que perante a recusa na entrega modelo de cooperação. Lino Maia defendeu um novo enqua-
idosos, até ao máximo de 10% da As vagas reservadas e não preen- desta documentação, será legítimo dramento legal para estas instituições:
capacidade das unidades de interna- chidas são mantidas por dois meses aplicar a comparticipação máxima “O que se passou recentemente em
mento de longa duração e manuten- e pagas neste período pelo valor da relativa ao utente e não serão con- relação ao reembolso do IVA vem de-
ção da Rede Nacional de Cuidados comparticipação mensal, podendo siderados os encargos com rendas e monstrar que o sector da economia
Continuados Integrados. Em causa ao fim desse prazo serem preenchi- prestações com habitação no cálculo social talvez careça de um novo en-
está o elevado grau de dependência das pela instituição, obrigando-se do rendimento per capita do utente quadramento legal”. Críticas apoiadas
dos utentes dos lares de idosos das esta, no entanto, a comunicar à se- quando na habitação ou residência também pelo presidente da União das
Misericórdias, explicou o Gabinete gurança social a vaga que ocorra não permaneça mais nenhum idoso. Mutualidades, Alberto Ramalheira.
10 vm dezembro 2010 www.ump.pt
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VOLTAAPORTUGAL

Centro comunitário é maior


obra de Ponte de Lima Gondomar entrega
cabazes de Natal
A Câmara Municipal de Gondo-
mar entregou recentemente, em
colaboração com a Santa Casa da
Apoio domiciliário, lar Misericórdia de Vera Cruz, cabazes
de idosos, centro de dia, de Natal a cerca de 1000 famí-
cuidados continuados lias carenciadas daquele concelho.
e creche. São estas as “Em Gondomar não acordamos
respostas do futuro agora para a solidariedade social,
centro comunitário já a praticamos desde há vários
anos”, afirmou o presidente da au-
Susana Ramos Martins tarquia, Valentim Loureiro, durante
a cerimónia.
João e José estão encostados a um
carro parado. Olham em frente para
um terreno cheio de lama e de gente, Óbidos celebra
onde uma grande pedra é o centro de 500 anos
todas as atenções. É a primeira pedra O Cardeal Patriarca de Lisboa, D.
do Centro Comunitário de Arcoze- José Policarpo, presidiu à missa
lo, em Ponte de Lima. É também o solene que marcou o arranque
primeiro passo para a concretização das comemorações dos 500 anos
de um sonho da Santa Casa da Mise- da Santa Casa da Misericórdia de
ricórdia local: a construção de uma Óbidos. A iniciativa teve lugar a 19
infra-estrutura capaz de dar apoio de Dezembro. A próxima iniciativa
a “uma franja da população mais Equipamento vai custar será a inauguração da creche, que
vulnerável: os idosos e as crianças”. 4,5 milhões de euros já se encontra a funcionar desde
José, de 64 anos, ainda quer usu- Setembro com 33 crianças com
fruir do centro. João, de 70 anos, idades dos quatro meses aos três
aplaude a iniciativa, mas espera que anos.
Deus lhe dê saúde para “andar” na

50%
sua vidinha e ir-se “remediando lá
por casa”. João ainda tem dois anos
para mudar de ideias. sericórdia de Ponte de Lima realiza Mendes fez questão de lembrar que ajudou a dar os primeiros passos
O início da construção do Centro nos últimos 60 anos, depois do hospi- “estamos a fazer história com um para a construção do equipamento
Comunitário de Arcozelo arrancou a tal Conde de Bertiandos, inaugurado equipamento social que é, seguramen- ao estabelecer um “protocolo de in-
8 de Dezembro, com a cerimónia do em 1958, e do lar de idosos Cândido te, o maior e o melhor do concelho. tenções” com a Misericórdia limiana. Portugueses cansados
lançamento da primeira pedra. No Barbosa Correia, que abriu portas “A Santa Casa percebeu que este A actividade da Santa Casa da Emprego, falta de exercício e
Natal de 2012, o provedor da Santa em 1993”, lembrou, durante a ceri- é um equipamento que faz falta não Misericórdia de Ponte de Lima foi má alimentação deixam por-
Casa da Misericórdia de Ponte de mónia, o provedor. António Veloso só na freguesia de Arcozelo, que é a bastante elogiada por Bernardo Reis, tugueses com falta de energia,
Lima, António Veloso, conta fazer a frisou que, contudo, tal só foi possível mais populosa do nosso concelho, representante do Secretariado Na- revela estudo europeu.
inauguração do equipamento, cons- graças à união de esforços de várias mas faz muita falta no concelho de cional da União das Misericórdias
truído na base do miradouro de San- entidades: Junta de Freguesia, que Ponte de Lima”, sublinhou. Portuguesas, que marcou presença
to Ovídeo, na vila de Arcozelo. cedeu o terreno com 20 mil metros O autarca aplaudiu a coragem no lançamento da primeira pedra Braga vai abrir
Apoio domiciliário para 50 pesso- quadrados, e Câmara Municipal, da irmandade ao avançar com um do Centro Comunitário de Arcozelo. cantina social
as, lar de idosos para 40 utentes, centro que disponibilizou recursos técnicos empreendimento que ainda só têm “A Misericórdia de Ponte de Lima A Misericórdia de Braga vai abrir,
de dia para 30 utentes, cuidados con- e humanos para acompanhamento e o financiamento garantido para cre- tem desenvolvido um trabalho no- no primeiro trimestre de 2011,
tinuados com 30 camas e uma creche execução da obra e “uma compartici- che e cuidados continuados. O lar, o tável com reflexos na comunidade, uma cantina social. “A cantina vai
para 30 crianças. São estas as respostas pação para a sua construção”. centro de dia e o apoio domiciliário resultando daqui uma mais-valia so- funcionar num edifício, proprieda-
do futuro Centro Comunitário, orçado Um “acto de coragem”, um “mo- ainda não foram objecto de financia- lidária para a população”, enfatizou de da Santa Casa, na freguesia de
em quase 4,5 milhões de euros. mento histórico”. Palavras usadas mento comunitário. Bernardo Reis, para quem as Miseri- S. Vicente”, revelaram ao Correio
“Este empreendimento é o maior pelo presidente da Câmara de Ponte Apoio certo é o da Junta de Fre- córdias vão ter um papel importante do Minho, Gastão Sequeira e Irene
investimento na área social que a Mi- de Lima para classificar a obra. Vitor guesia de Arcozelo que, em 2007, nestes tempos de crise. Montenegro, da mesa administra-
tiva da instituição. Os responsáveis
sublinharam que ainda não está
definido o número de refeições a
Menos indiferença face à exclusão social servir.

e o factor “indiferença” deu lugar a das iniciativas realizadas localmente. das Misericórdias no seu combate, Equilíbrio entre vida
Iniciativas promovidas pelas um conhecimento mais alargado do Entre outras, a Santa Casa de Tarou- onde também distribuiu o material pessoal e trabalho
Santas Casas no âmbito do fenómeno em termos macro e co- ca organizou, em conjunto com os de divulgação do AECPES.” Um estudo realizado em 14 países
Ano Europeu de Combate nhecimento mais específico sobre as parceiros locais, um colóquio sobre o Contudo, algumas actividades fi- Da União Europeia revela que
à Pobreza e Exclusão especificidades do fenómeno da po- tema “Luta contra a pobreza e Exclu- caram por realizar, por falta de meios Portugal é o país onde há maior
Social aumentaram breza e exclusão social em Portugal e são social: uma realidade para todos, humanos e financeiros: o projecto dificuldade em equilibrar vida
consciência do problema na Europa. A conclusão é do Gabinete uma responsabilidade de cada um”. do microcrédito e o levantamento profissional e pessoal, seguido
de Acção Social da União das Miseri- “Para dar outro exemplo, agora assimétrico-geográfico da pobreza da Espanha, Grécia e Holanda. O
córdias Portuguesas (UMP). na zona sul do país, também o Ga- a nível local em Portugal. “Mas é estudo indica, também, que 40%
As iniciativas promovidas pelas Mise- Segundo aqueles responsáveis, a binete de Acção Social, durante uma intenção da UMP tentar reunir as pretende passar mais tempo com
ricórdias no âmbito do Ano Europeu UMP envolveu-se no AECPES através sessão do Secretariado Regional de condições para a eventual concreti- família e amigos, 36% dedicar
de Combate à Pobreza e Exclusão de iniciativas próprias como organi- Évora, levou a cabo uma sessão de zação do projecto de levantamento mais tempo a si próprio e ao par-
Social (AECPES) trouxeram maior zação de cúpula representativa de 398 esclarecimento sobre os factores de de dados locais específicos sobre o ceiro e 32% participar em mais
consciencialização da problemática Misericórdias, mas também através exclusão social e pobreza e o papel fenómeno da pobreza”. actividades de lazer.
12 vm dezembro 2010 www.ump.pt
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Receitas nas misericórdias

Inventário da União
Sopa de feijão com poejos premiado pela APOM
à moda de Redondo
A União das Misericórdias
Portuguesas foi uma
das entidades galardoadas
com os prémios da
Associação Portuguesa
de Museologia 2010

Bethania Pagin

A União das Misericórdias Portugue-


sas (UMP) foi uma das entidades
galardoadas com os prémios da As-
sociação Portuguesa de Museologia
2010. O prémio deve-se ao projec-
to de inventariação do espólio das
Santas Casas. A menção honrosa da
categoria Inovação e Criatividade foi
recebida pelo membro do Secreta-
riado Nacional, Carlos Andrade, no Inventário da UMP
Museu do Oriente a 13 de Dezembro. foi reconhecido
Iniciado em Setembro de 2006,
o projecto já contemplou 62 Santas
Casas, às quais se juntaram recente-
mente outras 20 da região do Alente-
jo. Ao todo, este projecto já produziu
Ingredientes MODO DE PREPARAção: mais de 14 mil fichas, muitas delas lho de restauro, as fichas represen- mitivos Portugueses (1450-1550): O
disponíveis na internet através do tam um documento de segurança em Século de Nuno Gonçalves”, patente
1/2 litro de feijão manteiga Depois de demolhado coze-se o feijão site da UMP. Contudo, destacam os caso de furtos. no Museu Nacional de Arte Antiga e
4 postas de bacalhau aproveitando-se o caldo. Faz-se um responsáveis pelo Gabinete do Pa- Daí que o inventário seja ape- no Museu de Évora. O certame teve
2 cebolas refogado com o azeite, as cebolas e os trimónio Cultural (GPC) da UMP, o nas um primeiro passo. De maneira início a 11 de Novembro e estará aber-
1 cabeça de alhos alhos bem picados, as folhas de louro inventário é apenas o primeiro passo a conservar o espólio centenário, to ao público até 27 de Fevereiro.
6 colheres de sopa de azeite e os poejos devidamente arranjados. para a conservação do espólio. as Misericórdias estão a apostar em Reunindo e colocando em con-
2 folhas de louro Deixa-se apurar bem durante algum Ainda segundo aqueles respon- melhores condições de preservação fronto mais de 160 pinturas dos sécu-
1 bom molho de poejos tempo. Em seguida junta-se ao refo- sáveis, a menção honrosa deve-se ao e também em restauro. Numa fase los XV e XVI, reconstituindo alguns
Sal q.b. gado o feijão cozido com o respectivo facto de ser o primeiro inventário sis- seguinte, as exposições temáticas dos mais belos retábulos portugueses
Pão caldo da cozedura. Introduzem-se as temático e em larga escala do espólio podem ser uma boa maneira de di- desse período, esta exposição ensaia
postas de bacalhau e deixa-se cozer artístico das Misericórdias. vulgar a história dessas instituições. um panorama crítico, actualizado e
bem. Verifica-se o sal. Deixa-se ferver Recorde-se que o inventário per- Contudo, as novidades recentes de grande dimensão, acerca dos cha-
mais um pouco. mite conhecer em pormenor as pe- na área do património não se ficam mados Primitivos Portugueses e visa
Numa terrina migam-se sopas de pão, ças. Cada ficha contém dados como por aqui. As Santas Casas da Miseri- demonstrar como o estudo técnico e
sobre as quais se verte a sopa a ferver, dimensão, data, material utilizado, córdia de Abrantes, Lourinhã, Setúbal material desse património contribui
estando pronto a comer. Acompanha- peso, estado de conservação etc. e Tomar emprestaram peças do seu decisivamente para renovar e apro-
-se com umas boas azeitonas da região. Além de facilitar um possível traba- espólio artístico para a exposição “Pri- fundar o seu conhecimento.

Serpa promove recolha de mantas


provenientes da Roménia — que vie-
Misericórdia de Serpa está a promover, durante todo o ram a Serpa para a apanha da azeitona
mês de Dezembro, uma recolha de mantas e agasalhos e ainda se encontram na localidade.
informação nutricional: Para a provedora daquela insti-
tuição alentejana, estas iniciativas
906,25 Kcal A Santa Casa da Misericórdia de Ser- e depois de uma triagem, as roupas são são importantes na medida em que
65,8g Proteínas pa está a promover, durante todo o disponibilizadas na loja da Misericór- as Misericórdias devem estar servir
137,5g Hidratos de carbono mês de Dezembro, uma recolha de dia, que fica no centro da vila”, afirmou as comunidades onde estão inseri-
15,25g Gordura mantas e agasalhos. “Mimos de Na- Maria Ana Pires. das, procurando ir de encontro aos
tal” é o nome da iniciativa que visa Além de agasalhos, para crianças mais diversos tipos de necessidades.
Preço: apoiar a população mais carenciada. e adultos, a Misericórdia de Serpa Recorde-se que também a União
Em declarações ao Voz das Miseri- está a recolher também outros arti- das Misericórdias Portuguesas está
€€€€€ córdias, a provedora da Santa Casa de gos têxteis como lençóis, mantas e empenhada em recolher mantas e
Serpa explicou que há vários pontos de cobertores. agasalhos durante a época natalícia.
DIFICUDADE: recolha espalhados pela cidade, sendo Ainda de acordo com Maria Ana A iniciativa decorre em parceria com
que a comunicação social da região tem Pires, as pessoas que neste momento as lojas a AKI e já vai na segunda
,,,,, apoiado a divulgação da iniciativa. “De estão a passar as maiores dificuldade edição. “Vamos distribuir calor neste
dois em dois dias procedemos à recolha são os estrangeiros — especialmente Natal” é o mote da campanha.
14 vm dezembro 2010 www.ump.pt
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Securicórdia com 300 População


activa
Santas Casas até 2012 caiu 0,8%


em 2009
embora sempre no quadro de uma postas. Além disso, há os mediadores
Securicórdia é agora gestão criteriosa e cuidada. locais, com quem já há seguros e para A população activa diminuiu
composta exclusivamente Assim, “2011 será o ano em os quais os mesários algumas vezes, em cerca de 42 mil
por capital social da União que a Securicórdia se apresentará têm dificuldade em cessar contratos”. indivíduos, contrariando
das Misericórdias. Em no mercado, com uma nova face Nova estratégia de Contudo, continua Vasco Fer- a tendência de aumento
carteira, esta participada determinada, exclusivamente, pe- intervenção da mediadora nandes, a Securicórdia gostaria que verificada ao longo dos dez
tem 120 Santas Casas los interesses das Misericórdias em Securicórdia deve fazer os provedores pelo menos conhe- anos terminados em 2008
matéria de seguros, e corporizando prevalecer a atitude cessem as suas ofertas de seguros.
Bethania Pagin a estratégia e os objectivos definidos de servir em detrimento “Além de taxas e condições compe-
pela UMP, enquanto sua única pro- do interesse puramente titivas, somos capazes de assegurar A população activa em Portugal di-
A Securicórdia é agora composta ex- prietária, detentora de 100% do seu comercial uma assistência de proximidade e minuiu em cerca de 42 mil indiví-
clusivamente por capital social da capital social”, referiu o responsável. personalizada”, destacou, lembran- duos (-0,8%) no ano passado, con-
União das Misericórdias Portuguesas Neste momento, os seguros mais do que, especialmente agora, a me- trariando a tendência de aumento
(UMP). Em carteira, esta participada procurados pelas Santas Casas são diadora é das Santas Casas e foi cria- verificada ao longo dos dez anos
tem 120 Santas Casas, mas espera os acidentes de trabalho, acidentes da justamente para apoiá-las, entre terminados em 2008, indica o Ins-
poder mediar os seguros de muitas pessoais, automóvel, multi-riscos, res- outros aspectos, através da criação tituto Nacional de Estatística (INE).
mais. O objectivo é, até 2012, alcan- ponsabilidade civil e ainda seguros de de produtos adequados às suas exi- Entre 1998 e 2009 a população
çar 75 por cento dessas instituições. vida e do voluntário. Ao todo, são 120 gências específicas. activa aumentou cerca de 9,6%. Para
A alteração estatutária teve lu- Misericórdias. “Em 2004 eram 81”, Com a saída do outro accionista este crescimento terão contribuído o
gar a 3 de Novembro e, segundo o recorda o presidente do Conselho de — a Partisagres, que detinha 45 por aumento da população feminina no
presidente do Conselho de Gerência, Gerência, destacando que, naquela cento do capital social —, o Conselho mercado de trabalho, o adiamento
“é de primordial importância para a altura, o total de prémio rondava os de Gerência da Securicórdia passou a da reforma e a dinâmica dos fluxos
mediadora ao nível da sua natureza 500 mil euros e actualmente este valor ser constituído por três provedores: migratórios.
e da sua relação com as Misericór- duplicou, rondado o milhão de euros. Vasco Fernandes, da Santa Casa de O INE destaca também o incre-
dias”. Para Vasco Fernandes, que Criada em 1993, a Securicórdia Torres Vedras, Fernando Cardoso Fer- mento na qualificação da força de
também é provedor da Santa Casa nasceu para ser a mediadora das reira, de Setúbal, e Aníbal Rodrigues trabalho, a avaliar pelo grau de esco-
da Misericórdia de Torres Vedras, a Santas Casas, mas registam-se ainda da Silva, de Mafra. Está em avaliação laridade: a um aumento da população
nova estratégia de intervenção da algumas dificuldades junto destas a possibilidade deste conselho ser activa total na ordem de 487 mil indi-
Securicórdia deve fazer prevalecer instituições. “Registamos fraca recep- alargado, passando a contar com a víduos correspondeu um aumento de
a atitude de servir em detrimento tividade das Misericórdias e alguma presença de cinco representantes das cerca de 785 mil indivíduos tendo pelo
do interesse puramente comercial, lentidão na resposta às nossas pro- Misericórdias portuguesas. menos o ensino secundário concluído.

Braga e Barcelos
distribuem cabazes
mais completos”. Gastão Sequeira e
Misericórdias de Braga Irene Montenegro, da Santa Casa,
e Barcelos distribuíram estavam presentes no momento de
cabazes de Natal às famílias entrega dos cabazes à maior parte
mais carenciadas da das famílias. “Preocupa-nos o au-
comunidade em que mento da pobreza encapotada e es-
estão inseridas condida”, confidenciaram ao Correio
do Minho.
A Santa Casa da Misericórdia
Ainda não eram 15 horas e muitas de Barcelos também procedeu à
das famílias que receberam um entrega de cabazes de Natal,  a 21
cabaz de produtos alimentares já de Dezembro. O provedor, António
esperavam à porta da Basílica dos Pedras, explicou que “a Misericór-
Congregados. Mas algumas famílias dia, que tem vindo a acompanhar a
pediram para os entregar em casa, situação de crise do país, entendeu
outras foram antes ou depois da hora que era altura de começar a fazer
marcada e houve ainda outras que alguma coisa em prol daqueles que
nem chegaram a pedir. Simplesmen- mais necessitam em termos de re-
te por vergonha. Todos os anos, a feições sendo o primeiro passo a
Equipa Sócio-Caritativa da Basílica entrega de cabazes de Natal. Evi-
dos Congregados ajuda a famílias dentemente que o ideal é que caba-
carenciadas do concelho na altura zes desses fossem dados todo o ano,
do Natal e este ano contou com a mas não sendo possível, pensamos
colaboração da Santa Casa da Mise- através deste gesto simbólico dar
ricórdia de Braga. Foram entregues algum apoio às famílias dos nossos
91 cabazes. utentes mais carenciados e também
A coordenadora da equipa, a familiares dos nossos funcioná-
Bernardete Sepúlveda, estava feliz: rios. No próximo ano, procuraremos
“Com a ajuda da Misericórdia conse- alargar iniciativa a outras famílias
guimos entregar mais cabazes e bem do concelho.”
www.ump.pt dezembro 2010 vm 15

EM FOCO

Lugar de pequenas BREVES


ali desde a inauguração, 21 anos atrás.
O trabalho é heterogéneo. Entre os
192 residentes, as necessidades e capa-
cidades variam muito e para fazer face

grandes vitórias 192


a tudo, 212 colaboradores fazem, pas-
se a expressão, das tripas coração para
que tudo corra bem. E correr bem,
naquele centro, significa conquistar
“pequenas grandes vitórias”. Residentes
“Só quem os acompanha todos O Centro João Paulo II tem a sua capaci-
os dias é que consegue perceber e dade sempre esgotada. Ao todo, recebe
valorizar essas pequenas vitórias”, 192 residentes. A lista de espera é gran-
disse ao VM Manuel Cálem, desta- de e raramente há vagas.

212
cando a importância do trabalho de
reabilitação que se tem desenvolvido
ali. E aqui ganha especial importân-
cia aquele ditado popular: “é de pe-
quenino que se torce o pepino”. No Colaboradores
Centro João Paulo II, os residentes O Centro João Paulo II conta com 212
mais jovens são acompanhados des- colaboradores. Entre eles, 126 são aju-
de a primeira infância e por isso são dantes de lar que diariamente asseguram
visíveis algumas “pequenas vitórias” aos residentes cuidados e muito afecto.
em termos de mobilidade — conse-
guir andar — ou de comunicação
— conseguir falar. Dos 3 aos 65 anos
Em relação aos mais velhos, o Os residentes daquele centro
trabalho de reabilitação não obtém têm idades entre os três e 65
tantas conquistas quanto com os anos. O trabalho desenvolvido
mais jovens, mas é facto que ali os tem em atenção a idade, mas
residentes gozam de boa saúde, ra- também as necessidades espe-
zão pela qual alguns têm alcançado cíficas de cada um.
os sessenta e muitos anos.

21
Daí que seja fundamental o papel
da Escola Os Moinhos, continuou
aquele responsável. “Na escola, a
missão não é ensinar a ler ou es-
crever, mas sim potenciar algumas Anos de existência
capacidades que estejam retraídas”. O Centro João Paulo II comemorou
Recorde-se que muitos dos residen- 20 anos de existência em 2010. Para
tes frequentam o ensino normal, sen- celebrar, está a decorrer o processo de
do que a Escola Os Moinhos apenas certificação da qualidade.

3
recebe aqueles cujas necessidades
não encontram resposta nos estabe-
lecimentos de ensino formal.
Mas para que se possa falar em
lar é preciso que haja afecto e, infe- Residentes
lizmente, são poucos os residentes São três os residentes que vivem no Cen-
que recebem visitas dos familiares. tro João Paulo II desde a primeira hora.
“A percentagem é mínima”, desaba- Piedade, Rita e Orlando têm acompa-
fou Manuel Cálem, lembrando que nhado as mudanças ao longo dos tem-
as ajudantes de lar — 126 no total pos.
— é que acabam voluntariamente
por desempenhar esse papel. “Se a
capacidade profissional é elevada, a Rodas dançantes
dedicação afectiva em relação aos O centro tem um grupo de dança
residentes é inexcedível”. inclusiva. O projecto, da respon-
Além dos 212 colaboradores, o sabilidade da técnica Lídia Sara-
Centro João Paulo II recebe, durante mago, começou internamente,
os meses de Verão, diversos grupos de mas o grupo tem feito actuações
voluntários, muitos deles provenien- em Lisboa e no Porto.
tes de Espanha e alguns já visitam o
centro há mais de dez anos. O traba-
Centro João Uma casa onde todos os dias aconte-
cem “pequenas grandes vitórias”. É Beneméritos em
lho dos voluntários passa por asse-
gurar necessidades básicas dos resi-
Paulo II acolhe assim que o presidente do Conselho tempo de crise dentes, como higiene e alimentação,

192 residentes. de Administração, Manuel Cálem,


define o Centro João Paulo II. Naque- Muito do trabalho realizado no Centro
e actividades lúdicas. “Os residentes
adoram”, concluiu Manuel Cálem.
Naquela casa, le local, a União das Misericórdias
Portuguesas alberga há mais de 20
João Paulo II deve-se aos beneméritos
que, ao longo dos anos, têm apoiado
Recorde-se que a União das Mi-
sericórdias Portuguesas tem ainda
todos os dias, anos 192 pessoas portadoras de de- a instituição. Mas também aqui se faz outro equipamento de apoio a pes-
sentir a crise. Segundo Manuel Cálem,
acontecem ficiência profunda.
Quem lá entra não consegue dei- há alguns anos eram muitos os peque-
soas com deficiência: o Centro S.
Estevão, em Viseu. Além disso, pre-
“pequenas grandes xar de perceber que tudo se faz para
que “lar” seja não só uma palavra ou
nos donativos entre 10 e 50 euros,
mas actualmente os beneméritos são
para-se a construção de uma terceira
resposta social deste tipo. O novo
vitórias” um título, mas sim uma realidade. da classe alta e das empresas. Também centro vai funcionar em Borba, no
Os residentes têm idades que variam o Santuário de Fátima desempenha um Alentejo, e vai receber 122 pessoas
entre os três e 65 anos. Entre os mais papel fundamental para o equilíbrio das em lar de internamento e centro de
Bethania Pagin
velhos, Rita, Piedade e Orlando vivem contas do centro. actividades ocupacionais.
16 vm dezembro 2010 www.ump.pt

reportagem

Inclusão é palavra-chave para


A 3 de Dezembro comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma data que o
Voz das Misericórdias não quis deixar passar em branco. Além das duas respostas residenciais da
União das Misericórdias Portuguesas (UMP), o Centro João Paulo II em Fátima (ver página 15), e de
Santo Estêvão em Viseu, as Santas Casas, por todo o território nacional, auxiliam quase 1700 pessoas
portadoras de deficiência, segundo dados do último inquérito realizado pela UMP.
Inclusão é a palavra-chave para quem trabalha com essas pessoas e por isso fomos assistir a uma

Vila do Conde encena origem das Misericórdias


no passado dia 3 de Dezembro, Vila do Conde e aconteceu também feita por todos os colegas. Estamos pelo centro da Touginha, sendo
Utentes portadores de no auditório municipal de Vila do no Dia Internacional da Pessoa com muito contentes”. Já o Jorge Pereira, que a peça de teatro apenas veio
deficiência mostraram Conde, pelos utentes do Centro de Deficiência. Foi feita uma viagem no apesar de utente, é a voz do centro “confirmar essa tese”, basta ter ao
talentos e capacidades de Apoio e Reabilitação para Pessoas tempo, com coreografia e cenários da Touginha, pois é quem atende seu lado pessoas “que puxem pelas
representação durante com Deficiência, em Touguinha, da da responsabilidade dos utentes, e o telefone. Desta vez não subiu ao suas capacidades”. “Os 500 anos
a peça de teatro sobre a Misericórdia vilacondense. além de se ilustrar a fundação destas palco, ficando na plateia e no final seria uma data que lhes passaria ao
origem das Misericórdias O João, apesar da sua parali- instituições também foi representada deixou o desafio de que “deve ser lado, mas com esta peça vivem a
sia cerebral, não teve dificuldade a criação da Misericórdia de Vila novamente representada”. efeméride”, evidenciou Sérgio Pin-
em contar a moral da história: “é do Conde. Foi recriado o ambiente Esta peça “foi vivida com to que salienta ainda a necessidade
Celso Campos

A
necessário ajudar, colaborar e ser- de uma corte medieval, com o rei e muito entusiasmo”, manifestou, de “dar um pedaço de felicidade
pesar da cadeira de mos amigos uns dos outros”, que a rainha, com condes e condessas, por seu lado o provedor Arlindo a estas pessoas todos os dias”, e
rodas, o João Paulo é basicamente o fundamento das bobos, trovadores, camponeses po- Maia, feliz com mais um evento estamos a falar de 97 internos,
Silva foi rei durante Misericórdias portuguesas. Esta bres e excluídos, todos devidamente marcante a evocar os 500 anos da 115 em actividades ocupacionais e
35 minutos, repre- “grande produção” contou com um trajados, com as vestes cedidas pelo Misericórdia a que preside, salien- mais 26 com apoio domiciliário.
sentando o papel de elenco composto por 30 “actores”, Museu de Etnografia e História da tando que apesar de serem pessoas A ocasião foi ainda aproveita-
marido da Rainha D. a maioria dos quais pessoas por- Póvoa de Varzim com deficiência, apresentaram-se da para oferecer aos presentes um
Leonor, fundadora das Misericór- tadores de deficiência e utentes do O Luís Ramos foi outro dos “desinibidos, conscientes do que exemplar da segunda edição do livro
dias, corria o ano de 1498. Este centro da Touguinha. actores, representando o papel de estavam a fazer”. «A Rainha da Misericórdia», escri-
foi um dos papéis que compôs a A peça de teatro foi mais uma cocheiro. No final manifestou ao “Estas pessoas acabam por to por João Ribeiro e ilustrado por
peça de teatro inédita “A origem iniciativa integrada nas comemora- Voz das Misericórdias a sua alegria: surpreender”, avançou por seu Sandra Nascimento. Uma edição da
das Misericórdias”, levada a cena ções dos 500 anos da Santa Casa de “Foi uma peça muito maravilhosa, lado Sérgio Pinto, responsável Santa Casa de Vila do Conde.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 17

lidar com deficiência


iniciativa da Misericórdia de Vila do Conde. Naquela instituição, os utentes do Centro de Apoio e
Reabilitação foram os responsáveis por uma peça de teatro inédita sobre a origem das Misericórdias. O
João, apesar da sua paralisia cerebral, não teve dificuldade em contar a moral da história: “é necessário
ajudar, colaborar e sermos amigos uns dos outros”. E por estarmos no Natal, também fomos a Alvorge
assistir a uma festa em que os protagonistas foram os utentes do lar para pessoas portadoras de
deficiência. Mas participam todos, inclusive funcionários e dirigentes.

Chuva de estrelas no Natal de Alvorge


Cristina está a cantar em playba- da Misericórdia de Alvorge, Solange do que acontece em cena. num espectáculo musical.
Os protagonistas da festa ck “Momento”, de Pedro Abrunho- Ferreira, psicóloga de formação. Entra a seguir para o palco, Os meninos do ATL da insti-
de Natal da Santa Casa sa perante as cerca de 200 pessoas Naquele dia, 17 de Dezembro, ela uma magistral Amália Rodrigues. tuição também integram o espec-
da Misericórdia de Alvorge que estão à assistir a festa de Natal é Catarina Furtado e apresenta o Novamente o público fica empol- táculo. Se no início as crianças
são os utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia do “Chuva de Estrelas”. A paródia do gado pela interpretação teatral vestiram-se de anjinhos para entoar
para pessoas portadoras Alvorge. Com ela, estão André, sen- conhecido programa televisivo é um proporcionada pela Luísa da “Casa cantos de Natal, depois fez-se lugar
de deficiência tado a frente de um piano improvi- dos temas do espectáculo de Natal. da Mariquinhas”. As palmas que para um pequeno Quim Barreiros
sado no papel do cantor português, No tapete vermelho que delimi- acompanham a encenação tornam- de bigodes grandes. Para cantar o
e Paulo, a acompanhar a encenação ta o palco, está agora uma bateria. -se por fim palmas, mas em cada “Mestre da Culinária”, o “acordeo-
Suzana Marto

O
como guitarrista. São chamados quatro outros utentes representação nunca param. nista” não dispensou a companhia
vestido escolhido “Quando cá chegou em Feve- do lar que passam os seus dias no Para a realização da festa da de bailarinos que envergam a panó-
cobre-lhe apenas reiro, não falava com ninguém. E se centro de actividades ocupacio- Santa Casa da Misericórdia do plia de um verdadeiro cozinheiro.
o ombro direito, o aparecessem pessoas, escondia-se nais. O “x” vermelho dentro de um Alvorge todos participam. E o Até na peça de teatro onde a
cabelo vai solto e os delas”, conta ao Voz das Misericór- círculo não deixa dúvida: é a vez ingrediente principal é a música. Alexandrina, utente do lar, interpre-
olhos estão pintados dias Júlio Bacalhau, vice-provedor da dos Xutos e Pontapés entrarem em Este ano pela primeira vez, os ta a Carochinha, tudo acaba em bai-
com um risco preto, instituição. “É o fruto do trabalho de cena. Ao som de “A Minha Casi- idosos do lar residencial da Santa larico depois do Pai Natal ter salvo o
ao estilo de uma rock star. No cen- integração”, realça aquele dirigente. nha”, a assistência deixa-se levar e Casa do Alvorge prepararam uma João Ratão de se afogar na sopa.
tro do palco, os movimentos do seu É de facto o resultado do tra- acompanha a performance com pal- actuação. No papel de um chefe O ponto alto foi o coro das fun-
corpo marcam o ritmo da música, o balho desempenhado pela direc- mas. Algumas pessoas do público de orquestra, a animadora Goreti cionárias. Por fim, Jaime Laim, pro-
micro firme entre seus dedos, os lá- tora técnica do lar residencial para levantam-se das suas cadeiras para Correia transformou os exercícios vedor, com tanta comoção, acabou
bios mexem-se sem emitir um som. pessoas portadoras de deficiências poder dançar e pular, à semelhança de ginástica praticados pelos idosos por desistir de ler o seu discurso.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 19

Terceira idade

Albertina Roque e António


Barreto fizeram 66 anos de
casados em Outubro

Liberdade e privacidade
nas residências da Golegã
Vivendas assistidas da Misericórdia da Golegã acolhem 32 pessoas e são sucesso há uma década.
Instituição pretende expandir equipamento onde uma das palavras-chave é humanização
Filipe Mendes ao seu êxito”, como confidenciou ao kitchinette e casas de banho adapta- ao VM Fernanda Oliveira, directora que durante a noite, basta levantar
Voz das Misericórdias António Mar- das às necessidades dos mais idosos. técnica da instituição. o auscultador do telefone para haver
Albertina Roque e António Barreto tins Lopes, provedor da instituição. Inicialmente, a Misericórdia pen- “Começámos por funcionar resposta do lado de lá da linha.
fizeram 66 anos de casados em Outu- Contudo, dez anos depois, o sou em mobilar as casas, mas cedo numa vertente integrada no apoio Conceição Ferreira e Janete Vieira
bro. Uma vida longa de convivência sucesso desta iniciativa justifica, percebeu que os utentes preferiam domiciliário. Agora, temos três fun- são as duas funcionárias de serviço.
e partilha, que não apaga o afecto e já para o ano, a construção de oito fazê-lo a seu gosto. E de facto, tra- cionárias afectas a esta resposta Tiveram experiências profissionais
a cumplicidade entre o casal. novas habitações deste tipo, que se zem consigo os seus objectos que social que asseguram um horário anteriores em áreas que não tinham a
É com entusiasmo e um brilho somam às 16 já existentes. são, de certa forma, a afirmação da alargado de 12 horas, desde as 08h ver com o terceiro sector, mas afirmam
especial nos olhos que António, 92 “Há aqui uma perspectiva de sua identidade. às 20h, todos os dias da semana”, sentir-se plenamente realizadas. E per-
anos, fala da mulher e lhe gaba as humanização do envelhecimento”, Na casa de Albertina Roque e explica a responsável, acrescentando cebe-se que há laços que ultrapassam
qualidades: “coragem, curiosidade explica o responsável. “Os seniores António Barreto há inúmeras moldu- a amizade entre elas e estes utentes.


e determinação”. estão nas suas casas e têm toda a ras nas paredes que testemunham a José Pereira Figueiredo mudou-se
Para trás, ficou uma vida de traba- autonomia para organizarem o seu sua longa vida em comum. E de en- para este pólo há três anos, e tem o car-
lho no campo, feita de jornas de sol a dia da forma como entenderem”. tre elas, destaca-se a fotografia tirada ro estacionado no parque. Está pronto
sol, e caminhadas de dez quilómetros E na altura em que começarem em 1934 no antigo Teatro Dona Elisa para sair. Mas antes, aceita mostrar-
para vender, na praça de Torres No- a ter necessidade, por razões várias, Bonacho da Golegã. -nos as miniaturas das alfaias artesa-
vas, os produtos retirados da terra. de apoio por parte da instituição, Albertina, então com dez anos, nais que lhe têm ocupado o tempo.
Não tiveram filhos, mas há qua- dispõem-no “de imediato e em toda participou na peça “Belezas da Mi- Para além do artesanato, tem di-
tro anos encontraram nas funcioná- a linha”. nha Terra”, e o ‘bichinho’ da repre- namizado, em conjunto com os seus
rias da Misericórdia da Golegã uma “Há uma panóplia de serviços, sentação permaneceu. “Há aqui uma perspectiva ‘vizinhos’ uma “horta de cheiros”:
família, quando decidiram mudar-se desde a saúde à alimentação, que lhes Hoje, na Santa Casa da Golegã, de humanização do enve- ervas aromáticas para temperar al-
para uma das Vivendas Assistidas, permite viver com grande tranquili- participa activamente nas actividades lhecimento. Os seniores gumas refeições.
instaladas no complexo Rodrigo da dade e segurança, e alcançar efecti- da instituição e já teve a oportunidade estão nas suas casas e têm “Privacidade e liberdade são os
Cunha Franco, que lhes proporciona vamente bons níveis de qualidade de de subir ao palco diversas vezes. toda a autonomia para orga- valores fundamentais deste equipa-
os cuidados de um Lar na privacida- vida e conforto”, assegura o provedor. Nesta geografia de afectos, “há nizarem o seu dia da forma mento”, reforça Fernanda Oliveira,
de de uma residência. Neste momento, existem 32 pes- a preocupação de proporcionar o como entenderem” para quem os factores de vizinhança
No distrito de Santarém, este soas, na sua maioria casais, a habitar maior grau de autonomia possível, que aqui se criam, e as cumplicida-
foi um projecto-piloto, iniciado em estas vivendas térreas com climati- no sentido de desenvolvimento do Martins Lopes des que se geram, são “extremamen-
2000, e havia “algum receio quanto zação, compostos por quarto, sala, projecto pessoal de cada um”, disse Provedor te positivas”.
20 vm dezembro 2010 www.ump.pt
terceira idade

VOLTAAPORTUGAL
Póvoa de
Lanhoso Aveiro vai construir
investe em
equipamento
complexo social Obras em Santa
Cruz da Graciosa
O governo regional dos Açores vai
comparticipar a obra de remodela-
Tratando-se de um edifício clas- ção e adaptação do interior do lar de
Para melhorar condições sificado, e dadas as exigências da Se- idosos da Santa Casa da Misericór-
de acolhimento, Santa Casa gurança Social e ao seu actual estado dia da Vila de Santa Cruz da Gracio-
da Misericórdia da Póvoa de de degradação, o provedor acredita sa até ao montante de 903.207,75
Lanhoso acaba de adquirir que será uma intervenção delicada, euros. Nos termos de um acordo
48 camas articuladas para “de modo a não comprometer a sua celebrado entre a Secretaria Re-
o Lar de São José identidade”. gional do Trabalho e da Solidarie-
Lacerda Pais especifica que será dade Social e a Misericórdia, o apoio
preciso remendar tectos, paredes e governamental será repartido pelos
A Santa Casa da Misericórdia da Pó- chão, que estão severamente danifi- anos de 2010 e 2011.
voa de Lanhoso acaba de adquirir 48 cados. Contribuíram, de igual forma
camas articuladas para o Lar de São para o estado de degradação, actos
José. “Queremos dar melhores condi- de vandalismo contra o imóvel, in- Cuidados especiais
ções e uma vida com mais qualidade clusive com tentativas de incêndio. em Castelo Branco
aos nossos idosos. Mais do que isso, A conversão do edifício em cen- Os utentes do Centro Social Dr.
temos a obrigação moral de, dentro da tro de dia — que funcionará a par Adriano Godinho, da Misericórdia
Instituição, nivelarmos a qualidade de Casa do Seixal vai com um serviço de apoio domiciliá- de Castelo Branco, receberam
vida dos nossos utentes, comparada ser reabilitada rio para 60 utentes, proporcionando nove formandos da Belalbi, um
com a de que beneficiam os utentes DIÁRIO DE AVEIRO a criação de 22 empregos — implica- centro de formação profissional
da Unidade de Convalescença e da rá ainda a construção de um anexo de cabeleireiro. Ao longo de um
Unidade de Longa Duração. Se temos no quintal para acolher uma cozinha dia cerca de 40 pessoas tiveram
nestas duas Unidades, tidas como de e um refeitório. direito a corte e brushing, feito por
referência nacional, 57 camas, no lar luta, por se tratar de um edifício O projecto prevê também a pre- formandos do Curso Oficial de Ca-
temos 50”, refere o provedor da Insti- Santa Casa da Misericórdia classificado, mas no início de 2011 servação de um muro construído beleireiro, que possuem a carteira
tuição, Humberto Carneiro. de Aveiro prepara-se para arrancarão as obras”. O investimento com recurso a formas de açúcar, profissional de cabeleireiro de se-
Melhorar as condições e a quali- arrancar, no início rondará o milhão de euros, sendo peças cerâmicas cónicas de fabrico nhoras.
dade do serviço prestado aos utentes do próximo ano, com que a instituição “conta com um local dantes usadas no ciclo de pro-
a intervenção na Casa

65%
do Lar de S. José é, portanto, o ob- apoio de 50 por cento no âmbito do dução do açúcar atlântico, servindo
jectivo desta medida, que representa do Seixal Programa de Alargamento da Rede para a modelação dos pães de açúcar
um investimento superior a 35 mil de Equipamentos Sociais e com o e para a purga do melaço. Como não
euros, que vai permitir que todos os Vera Campos resultado da venda de um terreno tinham saída comercial, acabaram
quartos passem a estar dotados deste doado pela Câmara de Aveiro”. por ser utilizados na construção de
equipamento. A Misericórdia de Aveiro prepara-se Localizado numa área com po- muros de quintais. Dada a actual es- Chumbam renovação
Ainda de forma a melhorar a para arrancar, no início do próximo pulação predominantemente idosa, cassez dessas estruturas em Aveiro, Maioria das pessoas com mais
qualidade de vida dos cerca de 50 ano, com a intervenção na Casa do a Misericórdia pretende transformar a Casa do Seixal é muito procurada de 65 anos chumbam os tes-
utentes do Lar de São José, a Santa Seixal. Um edifício classificado pelo a Casa do Seixal num complexo so- por estudiosos. tes para renovação da carta de
Casa da Misericórdia da Póvoa de Instituto de Gestão do Património cial de assistência à população ca- A Capela da Madre de Deus, condução, segundo o IMTT.
Arquitectónico e Arqueológico e que renciada. “Teremos em atenção a em frente à Casa do Seixal, será
Novo equipamento represen- será convertido em centro de dia. nossa população, idosa e com algu- igualmente requalificada. O edifí-
tou investimento de 35 mil eu- Adquirida pela Santa Casa em mas dificuldades financeiras”, que cio religioso está igualmente muito Araucária iluminada
ros. As camas antigas foram 2000, a Casa do Seixal encontra-se poderão integrar o centro de dia, deteriorado. Os três altares em talha no lar de Gaia
cedidas ao Banco de Volunta- num estado de degradação avança- com capacidade para 30 utentes, e dourada irão merecer uma atenção No passado dia 1 de Dezembro,
riado da Póvoa de Lanhoso do. Em declarações ao VM, o prove- usufruir do serviço de apoio domi- especial, estando a sua recuperação o Lar José Tavares Bastos e a fre-
dor Lacerda Pais lembrou algumas ciliário. Lacerda Pais acredita a obra confiada ao Laboratório de Restauro guesia da Madalena ficaram mais
Lanhoso adquiriu oito cadeiras de ro- dificuldades. “Foram sete anos de possa ficar concluída em 2012. e Conservação da Santa Casa. iluminados. A Junta de Freguesia
das normais; duas cadeiras de rodas da Madalena associou-se à Santa
para obesos; seis colchões de pressão Casa da Misericórdia de Gaia para
alterna; e 10 andarilhos. iluminar a Araucária, presente na-
“Temos que intervir no lar, a nível
das acessibilidades, da segurança, da Provedor de Góis homenageado quele equipamento e que, com
mais de 30 metros, é visível em
inovação. Também vamos investir a quase toda a freguesia. D. Manuel
nível de equipamentos, como as ca- Domingos da Ascensão Cabeças, um Clemente visitou o lar para apreciar
mas, que queremos que sejam idên- Nome de José Cabeças foi dado ao centro investimento de 100 mil euros, o vice- a iniciativa.
ticas às da unidade de longa duração, de reabilitação e bem-estar da Santa Casa -provedor da Misericórdia afirmou que,
com as mesmas funcionalidades, e assim, foi concretizado mais um objec-
vamos substituir grande parte das tivo da Santa Casa, aproveitando a oca- Sempre em férias
camas existentes, dando mais con- O nome de José Cabeças ficará para dalha de ouro do concelho, “o maior sião para se prestar, “de forma sentida e com Inatel
forto aos utentes. Pretendemos igual- sempre associado à Santa Casa da Mi- galardão do município”, como for- reconhecida”, uma homenagem a José Sempre em Férias é o nome da
mente remodelar as acessibilidades, sericórdia de Góis depois de, a 15 de De- ma de reconhecimento pelo trabalho Cabeças. “É graças à sua determinação nova iniciativa para reformados
criar outras condições de segurança, zembro, ter sido atribuído o seu nome que o homenageado, neste momento e perseverança que esta casa se afirma que o Inatel vai criar no próximo
aumentar a capacidade para camas ao Centro de Reabilitação e Bem-Es- afectado por problemas de saúde, como uma referência na prestação de ano. Programa pretende ser uma
e remodelar os quartos existentes”, tar inaugurado em Vila Nova do Ceira. desenvolveu enquanto médico, pre- cuidados à população idosa”, lembrou. alternativa à institucionalização
refere o provedor, revelando que esta Segundo o Diário As Beiras, pre- sidente da direcção da Associação A inauguração é “o concretizar dos idosos, que assim têm a opor-
é uma intervenção a ser realizada por tendendo ser esta uma homenagem de Desenvolvimento Integrado da de um sonho”, disse José Serra, tunidade de passar três meses em
fases, de acordo com as disponibili- ao provedor que dirigiu a Santa Casa Beira Serra (ADIBER), antigo presi- lembrando que José Cabeças “des- cada uma das unidades hoteleiras
dades da Misericórdia. desde 1989, quando teve início o dente da câmara e ex-presidente da de cedo elegeu como prioridade a da fundação, usufruindo de cuida-
As camas antigas foram cedidas processo de reactivação da Miseri- Administração Regional de Saúde. criação de uma estrutura desta na- dos médicos, alojamento, alimen-
ao Banco de Voluntariado da Póvoa córdia, a presidente da Câmara de Na inauguração do Centro de tureza e acautelou um espaço que tação e programas culturais e de
de Lanhoso. Góis anunciou a atribuição da me- Reabilitação e Bem-Estar – Dr. José permitisse a sua criação”. entretenimento.
22 vm dezembro 2010 www.ump.pt

saúde
Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

4610 Rede das SCM por região Participação


das Misericórdias
na RNCCI, Dezembro 2010;
(Nº camas; %)

Situação Actual
2335

Pós Modelar Misericórdias


2ª fase
4517

212

131
118
66% 34%
76

2335
Nº de Camas Nº de UnIDADES Nº de SCM RNCCI

Intervenção das Misericórdias na 2199 Intervenção dos três sectores


RNCCI, Nº de camas por tipologia, na RNCCI, Nº de camas por Sector Social
dezembro 2010 tipologia, dezembro 2010

Sector Privado

Misericórdias Sector Público

RNCCI 2951

1558
4517
1478 1143

1309

2335

423

1092

839

641

682

386
314
287

187
158
109
81
14 35
0 0 0
Convalescença MDeR LDeM Paliativos Convalescença Paliativos MDeR LDeM
682 158 1478 2199
www.ump.pt dezembro 2010 vm 23
Centro de Paramiloidose na RNCCI
Está concluído o processo de reconversão do Centro de Estudos e Apoio
à Paramiloidose, ou doença dos pezinhos, da Misericórdia da Póvoa
de Varzim, numa unidade de cuidados continuados integrados.

Presença
Nº de camas por tipologia - Situação actual maioritária
obriga à
Região de Saúde 921
excelência
Norte (SCM=32) 740
Santas Casas detêm 66%
da Rede Nacional de
CEntro (SCM=22) Cuidados Continuados,
278 uma presença que obriga
251 a uma cada vez maior
LVT (SCM=7) preocupação com excelência
145

Alentejo (SCM=10) As Santas Casas são responsáveis por


66% da Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados, uma presen-
Algarve (SCM=5) ça maioritária que obriga a uma cada
vez maior preocupação com a exce-
lência dos cuidados e na qualidade
477 da organização das unidades. Por isso,
415 2010 foi um ano repleto de actividades.
Uma delas foi a criação de núcle-
337 os de trabalho específicos, que visam
289 apoiar os profissionais das Santas
Casas no desenvolvimento e conso-
193 lidação de boas práticas. Conforme
124 explicou o vogal da União das Mise-
107 102 85 100 ricórdias Portuguesas (UMP) para a
36 25 26 saúde, Manuel Caldas de Almeida,
19
0 0 0 0 0 0 esses núcleos trabalham no sentido
Convalescença MDeR LDer Paliativos de desenvolver conteúdos técnicos, de
187 839 1309 0 promover a sua adopção e de apoiar
as Misericórdias na sua implementa-
ção. Os grupos são constituídos por
Nº de camas por tipologia - Pós modelar - 2ª fase profissionais de saúde, mas contam
1660
também com a participação de peritos.
Por exemplo, continuou o dirigente, no
Região de Saúde 1402
grupo sobre feridas, “contamos com a
colaboração do Grupo Associativo de
Investigação em Feridas”.
Norte (SCM=49) “Em 2010 avançámos com a orga-
nização de núcleos técnicos centrais
nas áreas de controlo de infecção,
841
CEntro (SCM=39) feridas, boas práticas de cuidados
e processo clínico”, lembrou o diri-
gente, destacando que este último
LVT (SCM=20) 511 grupo está  a finalizar a consulta a
1058
várias empresas para a construção
do processo clínico electrónico. “É
Alentejo (SCM=16) muito importante que as Misericór-
874 196 dias adoptem o processo clínico que
constituirá a nossa imagem de marca
Algarve (SCM=7) e qualidade e a negociação em curso
para a aquisição do software preten-
de obter um melhor preço de mer-
cado e responder às exigências da
plataforma de Unidade de Missão”.
Ainda na área da qualidade, a
492
486 492 UMP apresentou, em 2010, candi-
daturas ao QREN-POPH. O objec-
369 tivo dos processos de certificação
310 e acreditação é, assegura Caldas de
Almeida, “promover elevados níveis
de qualidade dos cuidados e a segu-
rança dos utentes, mas a dinâmica
151
112 que lhes está subjacente repercute-se
106
também na motivação e satisfação
36 39 30 26 dos colaboradores, bem como no
19 10
0 0 0 0 prestígio da instituição junto da co-
Convalescença MDeR LDer Paliativos munidade que serve”.
230 1426 2944 10
www.ump.pt dezembro 2010 vm 25

EDUCAÇÃO
Vendas Novas inaugura NÚMEROS

creche para 58 crianças 781


Mil euros
A nova resposta social da Santa Casa da
Misericórdia de Vendas Novas teve um
custo global contratual de 781 mil euros
e contou com diversos apoios.

345
Mil euros
Através do Programa de Alargamento da
Rede de Equipamentos Sociais, a creche
foi comparticipada em 345 mil euros. A
autarquia colaborou com 83.500 euros.

58
Crianças
O equipamento vai receber 58 crianças
e para o seu funcionamento foi assinado
um acordo de cooperação com o Centro
Distrital da Segurança Social.

800
Equipamentos
O governo socialista espera construir
mais de 800 equipamentos financiados
pelo Programa de Alargamento da Rede
Equipamento vai de Equipamentos Sociais.

83
receber 58 crianças

Mil e quinhentos euros

Misericórdia de Equipamentos Sociais (PARES)


no montante de 345 mil euros e da
pais de Vendas Novas, o Centro Dis-
trital de Segurança Social de Évora, a
Novamente no interior do edifí-
cio, os visitantes tiveram oportunida-
A Câmara Municipal de Vendas Novas
também apoiou a construção do novo
de Vendas Novas Câmara Municipal de Vendas Novas, Escola Prática de Artilharia, a União de de apreciar uma pequena mas no- equipamento da Misericórdia da locali-
no valor de 83.500 euros”, entre ou- das Misericórdias Portuguesas, bem tável exposição de peças de cortiça dade. A autarquia comparticipou 83500
inaugurou Creche tros apoios que, além da construção, como provedores de outras Misericór- portuguesa, bem demonstrativas da euros

“Lydia Maia possibilitaram também a aquisição


de material. “A Fundação Calouste
dias do distrito de Évora, instituições
e colectividades locais dedicadas à
qualidade de excepção deste produto
nacional. O Sr. Arquimínio, autor da
Cabeça” Gulbenkian concedeu um apoio sig- acção social, entre muitos irmãos da exposição – a pessoa que cuida do Chaparro centenário
nificativo destinado a equipamento Santa Casa de Vendas Novas. “chaparro” centenário – e um perito No espaço de recreio da nova
com a presença móvel”, revelou aquele dirigente. O nome atribuído à nova creche, com uma longa prática de assuntos creche, ergue-se um “chapar-
de governantes Após o descerramento da placa
pelos dois governantes presentes, pa-
“Lydia Maia Cabeça”, homenageia
uma ilustre senhora, viúva do ven-
relacionados com cortiça, falou à
comitiva sobre as peças ali expostas.
ro” centenário. Um “verdadeiro
ex-libris da instituição”, afian-
e amigos dre José Carlos Patrão, representan- dasnovense Custódio Cabeça. Am- çou o provedor Artur Aleixo
do o arcebispo de Évora, procedeu à bos foram grandes beneméritos da 800 equipamentos Pais.
Bethania Pagin bênção das instalações. Durante aquela visita ao Alentejo,
Depois de uma visita pela cre- Entre outros apoios, Helena André também inaugurou a
A Santa Casa da Misericórdia de Torres che, onde os convidados puderam a Fundação Calouste ampliação do centro de dia da Asso-
Novas inaugurou uma nova creche. conhecer colaboradores e crianças, Gulbenkian concedeu um ciação de Reformados, Pensionistas e
A cerimónia que abriu oficialmente teve lugar a sessão de assinatura do apoio significativo destinado Idosos de Igrejinha. Em declarações à
a Creche “Lydia Maia Cabeça” teve acordo de cooperação para o funcio- a equipamento móvel Lusa, a ministra garantiu que, mesmo
lugar a 16 de Novembro e contou com namento daquela resposta social de que o governo não cumpra a legislatu-
a presença da ministra do Trabalho e creche. O documento foi assinado Misericórdia de Vendas Novas. O ra, a construção de mais de 800 equi-
Solidariedade Social, Helena André, e entre a Santa Casa e o Centro Dis- nome “transita” da anterior creche pamentos financiada pelo PARES e
do ministro da Agricultura, Desenvol- trital da Segurança Social de Évora, substituída por acusar os seus longos pelo Programa Operacional Potencial
vimento Regional e Pescas, António tendo sido depois confirmado pela anos de utilização. Humano (POPH) está salvaguardada.
Serrano. O novo equipamento social ministra do Trabalho e da Solidarie- Durante a visita, que incidiu “Quando falamos dos 841 equipa-
tem capacidade para 58 crianças. dade Social. essencialmente sobre as áreas des- mentos, isto é uma realidade, não é
A obra, segundo o provedor Ar- Numa das salas da creche foi de- tinadas às crianças, como sala de um número virtual. É tudo aquilo que
tur Aleixo Pais, teve um custo global pois servido aos membros do governo refeições, berçário, salas de activida- está contratualizado. Alguns deles
contratual de 781 mil euros, “que e restantes entidades, um “Alentejo de des e no exterior espaços de recreio, estão em obra, alguns deles já estão
só foi possível concretizar-se graças Honra”. Entre as entidades convidadas os onde se ergue um “chaparro” acabados e o futuro está assegurado,
aos apoios do Estado, através do estava o Governo Civil do Distrito de centenário: verdadeiro ex-libris da independentemente de não estarem
Programa de Alargamento da Rede Évora, câmara e assembleia munici- instituição, afiançou o provedor. todos construídos”.
26 vm dezembro 2010 www.ump.pt
em acção

Creche de Alpalhão com novas instalações


des das crianças, foi escolhido como córdia, José Baião, esta é sem dúvida comparticipadas pelo Programa PA-
Santa Casa de Alpalhão sendo o local ideal para instalar defi- Atrair casais «uma conquista que nos enche de RES, 80 mil pela Câmara de Nisa, e
estreou as novas nitivamente a creche, não só porque para região alegria», sobretudo porque «a Mise- o restante montante foi suportado
instalações da creche. Um se tratava de um importante edifício ricórdia está bastante satisfeita por pela Misericórdia.
investimento de cerca de da freguesia que estava a ficar devo- Criar condições para jovens poder dar às crianças umas instala- O provedor refere que a estreia
190 mil euros a pensar luto, uma vez que a sua utilização O provedor da Santa Casa da Miseri- ções como elas merecem», sublinha. das novas instalações foi feita já com
no futuro das crianças era esporádica, e que desta forma foi córdia de Alpalhão, José Baião, diz ter a José Baião explica que, até ao 16 crianças, avançando ainda que
recuperado, mas também devido à convicção de que é preciso criar condi- momento, a Câmara Municipal de já tem cinco inscrições para o ber-
Patrícia Leitão sua própria estrutura. Embora tenha ções para que jovens casais queiram viver Nisa apoiava a creche através de um çário. «Contamos ter no início do
dois pisos, a sua área térrea foi sufi- nestas freguesias. subsídio com o qual «nós conseguí- ano pelo menos umas 20 crianças a
Depois de vários anos a funcionar ciente para construir duas salas, para amos pagar às funcionárias». No frequentar a creche», entre as quais
em locais provisórios, a creche da distribuir as crianças de acordo com Condições para educar filhos entanto, e uma vez que a responsa- «estão incluídas algumas crianças de
Santa Casa da Misericórdia de Al- a idade, um berçário, um espaçoso Se «sentirem que têm condições para bilidade da gestão do equipamento Tolosa», o que para José Baião serve
palhão conseguiu finalmente ter refeitório, bem como as restantes aqui educar os seus filhos, sem dúvida social é da Misericórdia, «temos a de exemplo de como esta resposta
as suas próprias instalações, o que divisões que são indispensáveis ao que isso será mais um incentivo para que partir de agora um acordo com a social com as instalações adequa-
representa o concretizar de um so- funcionamento da creche. essas pessoas venham viver para cá», Segurança Social, pelo que a Câmara das, que agora já tem, pode ser útil
nho que vinha sendo alimentado No exterior do edifício, as crian- sublinha o provedor. deixa de estar ligada», esclareceu, para todo o concelho e não se limitar
desde que a instituição assumiu a ças têm ainda um terraço onde fo- sem no entanto deixar de enaltecer apenas às crianças da freguesia de
responsabilidade de gerir esta res- ram colocados escorregas e caixas Creche a pensar no futuro a preocupação que a autarquia teve Alpalhão.
posta social. de areia, para que nos dias em que Para o provedor José Baião, investimento de também ajudar no financiamento «Nós temos capacidade para re-
O edifício da antiga Escola Pri- o tempo permitir possam brincar na creche foi «feito a pensar no futuro e das novas instalações que tiveram ceber até 30 crianças e estou con-
mária, que está agora totalmente re- ao ar livre. para o futuro que são as nossas crianças». um custo total de cerca de 190 mil vencido de que depressa teremos a
modelado e adaptado às necessida- Para o provedor daquela Miseri- A capacidade é de 30 vagas. euros, dos quais 58 mil e 800 foram creche lotada», assume o provedor.

Cantinas do1º ciclo


abertas nas férias
ciação Nacional de Professores, dis-
Muitas escolas do primeiro se ao jornal que a detecção destes
ciclo vão manter as cantinas casos nem sempre é fácil pelo facto
abertas durante as férias de nem as crianças nem os pais co-
de Natal para assegurar municarem a “alteração da situação
refeições às crianças familiar, que normalmente resulta
mais carenciadas do desemprego de um ou mesmo de
ambos os adultos”.
A gravidade da situação, já le-
Muitas escolas vão manter as canti- vou alguns professores a juntarem-se
nas abertas durante as férias de Na- para pagar o lanche a alguns alunos.
tal para servir refeições às crianças “As verbas destinadas a vários ti-
mais carenciadas. De acordo com o pos de apoio social são usadas para
jornal Público, as situações de po- adquirir suplementos alimentares”,
breza de alguns alunos levaram as disse Manuel Pereira, presidente da
autarquias a pensar numa solução. Associação Nacional de Dirigentes
João Grancho, presidente da Asso- Escolares.

Sangalhos festeja Natal


dos mais pequenos
tações em que os mais pequenos são
Misericórdia de Sangalhos os protagonistas, durante os interva-
festejou o Natal dos mais los, foi possível visualizar vídeos em
pequeninos, a 11 que as crianças falavam sobre a época
de Dezembro. Estiveram do Natal: qual o significado do presé-
presentes cerca pio, que prendas esperavam receber,
de 400 pessoas o que há especial no Natal em ter-
mos de decoração e de Alimentação
e para quem gostariam de mandar
A Comunidade Educativa Centro de beijinhos. As famílias adoraram estas
Bem Estar Infantil e Centro de ATL da curtas-metragens, contou a técnica
Misericórdia de Sangalhos festejaram responsável, Helena Barros.
o Natal, a 11 de Dezembro, no Salão do No final do Espectáculo o pro-
Centro Paroquial de Sangalhos. Estive- vedor e alguns elementos da equipa
ram presentes cerca de 400 pessoas. técnica leram a história que as crian-
Além das características apresen- ças do Pré-Escolar inventaram.
28 vm dezembro 2010 www.ump.pt

património

Crato tem maior ARTE NAS MISERICÓRDIAS

acervo de Meninos Jesus


Apesar do seu falecimento
em 2008, a colecção do Padre
Belo não pára de aumentar

Adoração dos Magos


SCMSE 0316
Jorge Afonso
1519-1530
Santa Casa da Misericórdia de Setúbal

Pintura a óleo sobre madeira de car-


valho representando a Adoração dos
Magos. No lado direito da composição
está representada a Virgem, sentada,
Virgem da Conceição segurando o Menino com ambas as
SCMVCO 0117 mãos. À sua frente encontram-se os
tativa da veneração que o Padre Belo pudesse ser apreciada pelo público Século XVIII três reis magos em adoração. O edifício
Padre Belo conseguiu, tinha por Jesus Menino. «não fazia sentido», o Padre Belo Santa Casa da Misericórdia de Vila do arruinado que serve de fundo à cena
ao longo de anos e com Conforme nos conta Mariano decide também doar uma parcela Conde apresenta-se como estrutura de dois
sacrifícios, reunir a maior Cabaço, director da Casa Museu, o de tão valiosa colecção de Meninos andares à qual se encontra anexado
colecção de imagens de interesse do Padre Belo pelas figura- Jesus ao Museu da Consolata, em Escultura de vulto em madeira poli- um telheiro improvisado sob o qual se
Meninos Jesus alguma vez ções do Menino Jesus começou bem Fátima. «Ele achava que Fátima, por cromada e estofada, representando abriga uma vaca. No lado direito, em
vista em Portugal cedo, assim como a sua vocação para diversas razões, seria o local ideal a Virgem da Conceição. A imagem plano recuado, vêem-se quatro ho-
o sacerdócio. «O Padre Belo contava para que muitos milhares de pes- encontra-se frontalizada, de pé sobre mens conversando, perto da base de
Patrícia Leitão que tinha quatro anos quando lhe foi soas pudessem ver aquelas peças um globo terrestre azul com estrelas uma coluna. Mais atrás vislumbra-se,
oferecida a primeira peça, e foi a par- de arte», constata Mariano Cabaço. douradas, envolvido por uma serpente. encostada à margem direita do painel,
Situada na Rua do Convento, na vila tir dai que passou a reunir todas as Salientando que nunca percebeu Pousa os pés sobre duas cabeças de elevação de terreno com árvores e ar-
de Crato, a Casa Museu da Santa imagens do Menino Jesus e de tudo que o Padre Belo tivesse uma peça anjo relevadas. Veste túnica vermelha, bustos, a que se sucedem outras, em
Casa da Misericórdia guarda um pa- o que tivesse a ver com a infância», preferida, Mariano Cabaço confessa com decoração floral dourada e azul. A direcção a fundo esfumado. Pairando
trimónio de valor incalculável que elucida o responsável. que o sacerdote tinha «uma particular cabeça encontra-se coberta por manto sobre a Virgem e o Menino vê-se a es-
resulta de uma grande sensibilida- Mariano Cabaço explica que «o atenção» por uma peça que lhe foi azul com debrum e decoração vegeta- trela que guiou os reis magos.
de de quem entendia a arte sacra Padre Belo dedicava-se muito à re- oferecida e que havia sido encontrada lista dourada, o qual cai em pregas lar-
como fruto de inspiração divina e colha de imagens para aumentar a no lixo. Trata-se de uma imagem fran- gas até aos pés. Sob o manto exterior,
uma forma de louvar a Deus, o Padre sua colecção e que, embora tenha cesa dos finais do século XIX, existen- ostenta na cabeça uma coifa branca
Francisco Belo. reunido peças de várias tipologias e te no escritório da casa, que já só tem até ao pescoço, formando uma gola
Na Casa Museu Padre Belo en- de várias épocas, tinha o cuidado de um braço com a mão a apontar para o drapeada na horizontal, a qual cai pelo
contra-se um acervo extraordinário de valorizá-las com fatos e com adereços coração, e que possui a legenda, em peito até à zona do ventre. De olhar
colecções reunidas pelo sacerdote ao que ele próprio também recolhia», francês, que diz “se Me amais, imitai- distante, apresenta expressão serena.
longo de muitos anos e com muitos realça, acrescentando que o que torna -Me”. «Ele ficou muito magoado por As duas mãos estão postas em posição
sacrifícios. Entre a grande variedade de saber que a peça estava no lixo e por de oração. Tem as mãos e a face com
arte sacra, os ferros forjados, as faian- A paixão do Padre Belo pelas isso ficou com um carinho especial carnações.
ças, e até uma colecção de latas que imagens do nascimento e por ela», explica Mariano Cabaço.
também faz parte deste espólio notá- da infância de Jesus está na Apesar do seu falecimento em
vel, destaca-se aquela que é a maior origem desta colecção que 2008, a colecção do Padre Belo não
colecção de representações de Meninos reúne mais de 900 imagens pára de aumentar, por um lado
Jesus exposta ao público em Portugal. devido às doações que as pessoas
A paixão do Padre Belo pelas esta colecção «tão especial» e a «dife- continuam a fazer à Casa Museu,
imagens do nascimento e da infância rencia» de qualquer outra «é a carga e por outro, porque a Misericórdia
de Jesus está na origem desta colec- emotiva e a devoção com que o Padre do Crato faz questão de proceder a
ção que reúne mais de 900 imagens, Belo cuidava de cada peça». algumas aquisições de imagens de
e que o sacerdote doou, ainda em O Padre Belo acreditava que Meninos Jesus todos os anos, res- Apontamentos do inventário promovido pela UMP,
vida, à Misericórdia do Crato, junta- todas as peças de arte de temática peitando desta forma o pedido feito Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/
mente com a sua residência, hoje a religiosa, para além da habilidade pelo sacerdote.
Casa Museu Padre Belo. do autor e do artista, eram fruto de Uma colecção que sem dúvida
É uma colecção que surpreende e uma inspiração divina, e que por isso merece ser visitada, apreciada e,
não deixa ninguém indiferente, não também a arte é uma forma de Deus. porque não, amada com a serenida-
Errata
só pela sua dimensão e diversidade, Convicto de que ter uma colec- de que o Padre Francisco Belo no-la
mas sobretudo por ser bem represen- ção desta qualidade sem que esta legou a todos. Na última edição, por lapso, publicamos as fotos das fichas trocadas.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 29

estante

Investigação publicada em livro Lista de livros

então início uma investigação em opinião sem grande margem para


Os resultados da duas frentes: centrada por um lado dúvidas - comprovar a identificação
investigação em Viana no retábulo que continha a tela, do encomendante, as circunstâncias
do Castelo são agora com o fito de tentar por essa via em que o retábulo terá sido erguido
publicados em livro. “Uma esclarecer a datação da pintura e e a datação aproximada para a sua
brisa holandesa na foz do a forma pela qual tinha chegado à execução”.
Lima”, de Pedro Raimundo igreja da Misericórdia, e, por outro “Esta datação permitiu, por sua
lado, focada no nome do pintor. Os vez, conhecer a da pintura, apesar Era uma vez
resultados desta investigação são de os pormenores da encomenda Fernando Mendes
No princípio de Maio de 2007, agora publicados em livro. “Uma permanecerem ainda uma incógnita. Esfera dos Livros, 2010
durante a campanha de inven- brisa holandesa na foz do Lima”, Um olhar mais demorado e descriti-
tariação do património artístico de Pedro Raimundo, é uma publi- vo sobre o retábulo e a pintura nele O Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau,
móvel e integrado da Misericór- cação da UMP. contida, com vista a um conheci- a pobre da Gata Borralheira, o esper-
dia de Viana do Castelo, levada a A investigação desenvolvida mento mais aprofundado das mes- talhão do Gato das Botas, o coitado do
cabo pela equipa do Gabinete do em torno do retábulo que contém a mas, integram também a primeira Príncipe mais as suas malfadadas ore-
Património Cultural da União das Adoração dos Pastores, efectuada em parte deste trabalho.” lhas de burro, a veloz Lebre e a ainda
Misericórdias Portuguesas (UMP) grande parte no Arquivo Histórico da A informação publicada sobre mais rápida Tartaruga, a Cigarra can-
no âmbito de um projecto que in- Misericórdia, fundo que se encontra Cornelis de Beer não é abundante tante e a Formiga trabalhadora, entre
cluía o levantamento do espólio de depositado no Arquivo Distrital de e encontra-se dispersa, continua o muitas outras histórias que fazem parte
27 Santas Casas, foi inventariada Viana do Castelo, revelou-se muitas autor, destacando que esta edição da nossa infância reúnem-se no novo
uma pintura seiscentista que, pela vezes frustrante, dada a míngua de in- “foi uma tentativa de colmatar esta livro de Fernando Mendes. Depois do
invulgar qualidade artística que formações claras que foi possível ex- lacuna que nos propusemos escrever sucesso de Petiscos de Fazer Crescer
evidenciava, despertou especial trair da documentação prospectada. Uma brisa holandesa na foz a segunda parte deste trabalho, em- Água na Boca, o conhecido apresenta-
atenção. A pintura, uma Adora- Segundo Pedro Raimundo, o en- do Lima bora conscientes que o estado actual dor de televisão escolheu 30 dos seus
ção dos Pastores, encontrava-se cadeamento das pistas a pouco e Pedro Raimundo do conhecimento da biografia desse contos tradicionais favoritos e recriou
assinada, mas o nome do pintor, pouco afloradas conduziu no final a UMP, Novembro 2010 artista apenas possibilitaria um pri- estas magníficas histórias, ao sabor da
que só mais tarde foi identifica- um resultado satisfatório, “na medi- meiro esboço de uma monografia sua imaginação, dando-lhe um toque
do, era ainda desconhecido. Teve da em que conseguimos - na nossa mais completa e mais correcta. pessoal de humor e emoção.
30 vm dezembro 2010 www.ump.pt

voz activa

Editorial VM Opinião
Voz das
Misericórdias
As Misericórdias Portuguesas nas- tagem cobrada ainda vai aumentar.
Órgão noticioso ceram em Lisboa em 1498, pela mão Como tudo que é pequeno, ou
das Misericórdias
em Portugal da Rainha D. Leonor, vindo a pouco seja não é Departamento de Estado,
e no mundo e pouco a proliferar pelo país. São Fundação ou Instituto Publico, fica
Propriedade: as Misericórdias e as IPSS que hoje sem voz, torna-se invisível, ape-
Paulo Moreira União das Misericórdias Vasco Fernandes realizam a grande se não a totalida- nas mais um com obrigações, sem
paulo.moreira@ump.pt Provedor da Mis. de Torres Vedras
Portuguesas de do serviço social que competia direitos sem visibilidade, assim se
Contribuinte: ao Estado realizar, é verdade que estagna uma sociedade, assim não
501 295 097
Cidadania Redacção
e Administração:
IVA para as esta prestação de serviços é com-
participada, mas estas verbas não
se pode apoiar, a nós só nos é dado
o direito de contribuir enquanto nos
empenhada Rua de Entrecampos, 9,
1000-151 Lisboa
Santas cobrem os valores reais dos custos
das Instituições, mas com a força de
é exigido o cumprimento das leis,
das obrigações fiscais e ainda ser-
Tels:
218 110 540
Casas em 2011 vontade, o desejo de ajudar o outro, vir o outro, que é obrigação de um
Passamos 2010 a invocar o combate vai encontrando soluções para sub- Estado que empurra as suas obriga-
218 103 016
à pobreza, em muitos casos com Fax: sistir no dia-a-dia. ções sociais para a sociedade civil.
manifestações e iniciativas mais ou menos 218 110 545 Se a situação destas Instituições A partir de 2011 quem vai apoiar
folclóricas e, que se saiba, de concreto e-mail: que prestam serviço social, Miseri- o Idoso com reformas de fome, a
pouco ou nada se fez para atacar de facto jornal@ump.pt
o fenómeno córdias, Centros Paroquiais e outras quem aumentaram os medicamen-
Tiragem
congéneres tem sido difícil, devido tos, a luz, a água, o pão, a quem
do n.º anterior:
às muitas exigências da Segurança tudo o que sobra é o vazio, quem

C
13.550 ex.
hegados ao fim de 2010, é Registo: Social, às poucas comparticipações vai apoiar as famílias com crianças
tempo de fazermos o balanço. 110636 e dificuldades económicas das famí- cujo rendimento familiar acabou,
Encerra-se o Ano Europeu Depósito legal n.º: lias, a partir de 2011 as dificuldades porque o desemprego bateu á porta,
55200/92
de Luta Contra a Pobreza e a vão ser agravadas em grande escala. porque o subsídio terminou, pelas
Assinatura Anual:
Exclusão Social. Sucederam- Normal - €10 A Segurança Social não realiza mil e umas razões que nasceram
se um pouco por todo o espaço europeu Benemérita – €20 novos acordos, corta alguns já exis- neste país, onde hoje a fome é o
e em Portugal, diversas iniciativas Fundador: tentes e não efectuam aumentos, as pão-nosso de cada dia em muitos
sobre as quais importa reflectir um Dr. Manuel Ferreira famílias vivem cada vez com mais lares, onde a miséria alastra nos
da Silva
pouco. Por cá, as verbas alocadas a esta dificuldades, as despesas aumen- sem abrigo que surgem a cada es-
Director:
iniciativa, foram sobretudo canalizadas Paulo Moreira tam, e para agravamento da situ- quina? São as Misericórdias e as
para publicidade na rádio e televisão Editor: ação o governo corta um benefício IPSS deste país? E Onde vão elas
e para a produção de t-shirts, sacos, Bethania Pagin que estas Instituições usufruíam, buscar recursos para realizar o mi-
autocolantes, canetas e outros materiais Design e Composição: nomeadamente o reembolso do IVA lagre das rosas?
Mário Henriques
publicitários. Fizeram-se marchas, relativo a obras destinadas à pros- Hoje as Instituições vivem sufo-
Publicidade:
jornadas de sensibilização ou reflexão e Paulo Lemos Instituições secução dos fins. cadas de problemas, de exigências,
iniciativas semelhantes. Houve lugar a Colaboradores: vivem sufocadas Sempre com dificuldades, mas enfraquecidas no ânimo de não
alguns seminários no espaço europeu e Adriana Melo de problemas, com algum esforço as administra- conseguir dar ao próximo o que ele
assistimos à intervenção, mais ou menos Celso Campos de exigências, ções iam conseguindo conservar precisa, o que ele merece, é assim
Filipe Mendes
inflamada, de várias personalidades
Patrícia Leitão
enfraquecidas o património ou construindo um que se transforma uma energia de
nacionais e estrangeiras, reclamando Patricia Posse no ânimo de não novo espaço necessário às respostas trabalho em desânimo.
a necessidade urgente de financiar Susana Martins conseguir dar ao exigidas pela sociedade, sempre se
estudos e projectos de investigação sobre Suzana Marto próximo o que ele recebia o valor do IVA cobrado na
a pobreza nas suas várias vertentes. Vera Campos precisa, o que ele facturação, agora para além de não
Assinantes:
Que eu saiba, há já várias estantes
Sofia Oliveira
merece ser ressarcido esse valor a percen-
cheias de estudos para todos os gostos Impressão:
sobre esta temática, faltando realmente Diário do Minho
passar à prática para construir respostas – Rua de Santa
concretas que combatam este problema. Margarida, 4 A
4710-306 Braga
Passamos o ano de 2010 a invocar o
combate à pobreza, em muitos casos
Tel.: 253 609 460 Correio VM
com manifestações e iniciativas mais
ou menos folclóricas e, que se saiba,
de concreto pouco ou nada se fez para Lugares de beleza guardanapos, dos pratos, do cen- peixe, porque hoje é bacalhau.
atacar de facto o fenómeno. Resta-me a tro de mesa. Coloco cada prato Antigamente, na véspera das
satisfação de poder assinalar diversas Ao estender a toalha recém engo- pensando na pessoa da família festas fazia-se abstinência – esse
iniciativas concretas e discretas de mada e ao recontar novamente que se vai sentar nesse lugar. Tem sacrifício de não comer carne.
solidariedade efectiva e actuante levadas os convivas, ressoam na minha que ter espaço, embora a família Comer peixe continua a ser
a cabo por algumas instituições da memória umas palavras de Bento seja grande e ficar onde possa coisa difícil para muita gente, em
sociedade civil nas quais me apraz XVI, em Lisboa, no Centro Cultu- conversar. As crianças, o mais especial com os talheres específi-
contar com muitas Santas Casas. ral de Belém: “Fazei coisas belas, juntas possível, para ser mais cos. Bacalhau não constitui uma
Trabalho que vem sendo feito há muitos mas sobretudo fazei das vossas fácil servi-las e ver o que comem. refeição pobre, mas os sinais de
anos, independentemente de ser ou não vidas lugares de beleza”. O centro de mesa é uma coroa do contenção, de sobriedade, vão
o ano dedicado a este fim. Espero que, Pôr a mesa, e em particular a Advento cujas 4 velas a criança aparecendo no meio da festa:
em 2011, o Ano Europeu do Voluntariado mesa de Natal, pode constituir mais nova foi acendendo, uma a batatas e couves, doces feitos de
tenha outra dinâmica e resultados mais uma forma gráfica de criar um uma, nos almoços dos 4 domin- pão duro disfarçado com mel e
palpáveis, permitindo a construção de lugar de beleza, um acto de cultu- gos anteriores ao Natal. frutos secos, os restos aprovei-
uma verdadeira rede de voluntários, ra, uma forma de arte. Efémeros, Acto de cultura é a disposição dos tados para a “roupa velha”…
afirmando e construindo assim uma é certo; mas não são efémeras a talheres. Não é indiferente. Não é Apontamentos semi-ocultos que
cidadania empenhada e participativa. maioria das obras de arte mais preciso colher de sopa, porque na vão recordando que o Menino
Desejo, por último, em nome do Jornal surpreendentes e imprescindí- noite de consoada não se come também nasceu em circunstân-
e no meu próprio, a todos os leitores e veis? Uma gota de chuva, um sopa. (Aleluia!!! Dirão aqueles cias de crise.
União das Misericórdias
colaboradores um Santo Natal e um 2011 Portuguesas pôr-do-sol, uma flor? que não gostam deste prato da Encontro lugar para os copos e
à medida dos nossos sonhos! Conjugo as cores da toalha, dos dieta mediterrânica.) Talheres de todos os talheres de sobremesa.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 31

reflexão

O ser humano conseguiu maiores com enorme crescimento do número Foi assim necessário dotarem-se No entanto, todos reconhecemos
ganhos na sua própria longevidade de pessoas mais velhas, e profundas de recursos materiais e humanos que muitas pessoas continuarão a
nos últimos 60 anos do que em toda alterações nas necessidades sociais, com novas capacidades e compe- morrer e a viver os seus últimos dias
a sua anterior evolução de centenas ambientais e de saúde. tências capazes de construir com nos Lares e em casa com apoio do-
de milhares da anos. Assistimos assim ao crescimento qualidade estruras de gerontologia miciliário. Assim como todos sabe-
Manuel Caldas de Almeida A esperança média de vida que de novas necessidades sociais e de e geriatria generalistas. mos que uma percentagem elevada
Membro do Secretariado Nacional da UMP
durante milénios andava pelos 30 a saúde e também da interdisciplinari- Começa agora a tornar-se evidente (cerca de 30%) dos utentes dos Lares
40 anos e que nos anos 50 do século dade destas duas áreas, com a preva- que, na área da geriatria e gerontologia, das Misericórdias tem demência e

30% dos passado pouco ultrapassava os 50


anos ganhou de 1950 para hoje mais
lência crescente de doenças crónicas
em que a componente clínica e a
ou seja, no apoio social e de saúde às
pessoas idosas, surgem duas especiali-
que inevitavelmente a maioria dos
doentes com demência viverão nas
utentes tem de 30 anos.
Quer isto dizer que todos os
socioeconómicas andam a par.
As Misericórdias demonstraram
dades: os cuidados paliativos e os cui-
dados à pessoa com demência, ambos
suas casas ou em lares, estando re-
servado para casos especiais ou para
demência Portugueses passaram em média de mais uma vez a sua enorme capacida- com características próprias e justifi- determinados períodos o recurso a
uma esperança de vida de 50 anos de de adaptação e vontade de apoiar cando competências especializadas. internamento em unidade especiali-
para mais de 80 anos. as necessidades das suas populações, Tanto para os cuidados paliativos zada (casos de períodos de agitação,
É evidente que esta mudança ra- desenvolvendo primeiro uma ampla como para as demências, o País precisa alterações psiquiátricas, necessida-
dical no tempo de vida de cada in- resposta nacional de lares e centros de unidades especializadas com arqui- des de intervenção especializada
divíduo implicou mudanças radicais de dia, depois no serviço de apoio tectura, ambiente e pessoal diferencia- diagnóstica ou terapêutica).
na pirâmide etária e na estrutura de- domiciliário, e nos últimos anos na do onde pessoas com esta necessidade As pessoas com demência e as
mográfica nacional e internacional, área dos cuidados continuados. de cuidados os possam receber. pessoas com necessidades paliativas
podem e devem ter recurso a apoio
em unidades especializadas em de-
terminado período da sua doença,
mas receberão maioritariamente
(felizmente) cuidados nos seus do-
micílios ou nos lares onde devem
no entanto ter também acesso a
cuidados competentes para as suas
necessidades específicas. Quer isto
dizer que as unidades de cuidados
continuados, os lares e serviços de
apoio domiciliário que cuidem estas
pessoas têm de ter competência de
recursos arquitectónicos materiais e
humanos na área da demência ou da
atenção paliativa respectivamente.
Maioria dos doentes Não basta portanto dizer que qual-
com demência viverá quer unidade recebe pessoas com de-
nas suas casas ou mência ou paliativos será necessario
em lares, estando qualificar os serviços em qualquer dos
reservado para casos níveis referidos em recursos materiais
especiais o recurso e humanos e reconhecer técnica e
a internamento em contratualmente o esforço e os custos
unidade especializada desta qualificação.

Como Contactar-nos
Correio Rua de Entre campos, As cartas devem ser identificadas com morada e número
9, 1000-151 Lisboa de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito
Fax 218 110 545 de seleccionar as partes que considera mais importantes.
email jornal@ump.pt Os originais não solicitados não serão devolvidos

Primeiro a colher, pois virão mexi- tangível nos olhos dos outros, o capaz de cumprir e vir a trazer cam às compras, às decorações Nós tivemos a nossa avó num lar
dos vários, porque cada casa tem Deus-Amor que dorme no presépio. consequências para as pessoas de Natal, enfim ao consumismo e claro as despesas eram mais
a sua variante e a aletria da tia é que necessitavam de uma palavra em massa, quero-vos agradecer que muitas: pagar mensalida-
sempre melhor e mais amarelinha. Maria Amélia Freitas amiga e de uma esperança. por não se deixarem influenciar de, fraldas, medicamentos fora
Depois, o garfo e faca virados um mariameliafreitas@gmail.com Cada vez me questiono mais se e darem oportunidade a todos os as despesas inesperadas. Mas
para o outro, para as rabanadas um dos principais objectivos da assinantes do VM de terem consci- sentimos as nossas consciências
ou a fruta. O aroma a mel e canela Decretos que geram Igreja (sim porque esta institui- ência do que se passa na socieda- tranquilas por termos o nosso
rescende das travessas antigas, incertezas ção tem um compromisso com o de actual (se bem que a maioria dever cumprido, mas muitas
herdadas dos avós. Dos avós her- ser humano) não deveria de ser das pessoas prefere não ver). vezes, em conversas com amigos
dámos também todas as receitas, Algumas coisas parecem ser tão ajudar, ensinar a amar o próximo, Talvez a minha carta seja mais um e familiares questionávamo-nos
os sabores, os rituais, a fé num óbvias que temos tendência a levar conforto em vez de andar desabafo mas a vossa reportagem se como seria o dia-a-dia dos
Deus que nasceu numa família aceitá-las sem reservas, mas há com Decretos que só conseguem “rostos que iluminam um sorriso” “avozinhos” que não tem nin-
como a nossa. outras que nos deixam cada vez gerar o pânico e incertezas entre fez-me reflectir sobre como se guém e, para ser sincera, embora
Não significa isso que na nossa mais tristes e com um sentimento os que mais precisam? pode fazer alguém feliz, quando tivesse conhecimento dos apoios
mesa não haja Coca-Cola e gomas de injustiça dentro de nós. É triste Maria do Céu Horta nada parece sorrir à sua volta. aos idosos nunca pensei que
ao lado dos pinhões e das nozes. constatar que nem nesta quadra Beja A sociedade actual tem tendência fossem tão bem feitos, tendo por
Importa sim que cada um note e os homens não se entendem. Nun- a ver os mais idosos como um vezes chegado mesmo a duvidar
saboreie que é festa, que lhe entre ca me dediquei a ser voluntária Terceira Idade fardo e uma despesa, mas não do carinho que era dado a essas
por todos os sentidos o passado e o (pelo menos de nome), talvez pelo nos podemos esquecer que foram pessoas.
futuro, as tradições e o carinho de medo de assumir um compro- Nesta altura do ano em que cada essas mesmas pessoas as respon- Antónia Machado
família, a alegria de ver encarnado, misso que depois poderia não ser vez mais as pessoas só se dedi- sáveis por estarmos aqui. Sátão
Crato Equipamento Misericórdias
4517
Cuidados continuados
Maior acervo Vendas Novas 66% 34%
Santas Casas
de Meninos inaugurou detêm 66%
Jesus creche para 58 da Rede
Património Pág. 28 Educação Pág. 26 2335 Saúde Págs. 22 e 23
RNCCI

www.ump.pt

12 10
O Voz das Misericórdias
deseja a todos os seus
leitores, assinantes e
colaboradores um santo
Natal e um 2011 repleto
de realizações

Descubra a Misericórdia na sua terra


Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra
Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo
Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Be-
nedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães
Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas
Entradas Entroncamento Ericeira Espinho Esposende Estarreja Estombar Estremoz Évora Évoramonte Fafe Fão Faro Fátima/Ourém Felgueiras Ferreira do Alentejo Ferreira do Zêzere Figueira de Castelo Rodrigo Figueiró dos Vinhos Fornos de Algodres Freamunde
Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares
da Beira Loulé Loures Louriçal Lourinhã Lousã Lousada Mação Macedo de Cavaleiros Machico Madalena Mafra Maia/Açores Maia/Porto Mangualde Manteigas Marco de Canaveses Marinha Grande Marteleira Marvão Matosinhos Mealhada Meda Medelim Melgaço
Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte
Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira
Odemira Oeiras Oleiros Olhão Oliveira de Azeméis Oliveira de Frades Oliveira do Bairro Ourique Ovar Paços de Ferreira Palmela Pampilhosa da Serra Paredes de Coura Paredes Pavia Pedrogão Grande Onde mora a solidariedade
Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor
Portalegre Portel Portimão Porto de Mós Porto Santo Porto Póvoa de Lanhoso Póvoa de Santo Adrião Póvoa de Varzim Povoação Praia da Vitória Proença-a-Nova Proença-a-Velha Redinha Redondo Reguengos de Monsaraz Resende Riba de Ave Ribeira de Pena
Ribeira Grande Rio Maior Rosmaninhal S. Bento Arnóia/Celorico de Basto S. Brás de Alportel S. João da Madeira S. João da Pesqueira S. Mateus do Botão S. Miguel de Refojos/Cabeceiras de Basto S. Pedro do Sul S. Roque de Lisboa S. Roque do Pico S. Sebastião
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