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MISERICÓRDIAS
director: Paulo Moreira | ano: XXVI | dezembro 2010 | publicação mensal
Protocolo
Património
Natal Festas sem maus-tratos
Inventário
da UMP
com Estado
galardoado
A União das Misericórdias Portu-
guesas foi uma das entidades galar-
atento à
doadas com os prémios da Associa-
ção Portuguesa de Museologia 2010.
O prémio deve-se ao projecto de
inventariação do espólio das Santas
qualidade
Casas. A menção honrosa da cate-
goria Inovação e Criatividade foi
recebida no Museu do Oriente, em
Lisboa, a 13 de Dezembro. Iniciado
em Setembro de 2006, o projecto
já contemplou 62 Santas Casas, às
quais se juntaram recentemente
outras 20 da região do Alentejo. Ao
todo, este projecto já produziu mais
de 14 mil fichas. Em Acção, 13
Não haverá aumentos nas comparticipações,
mas protocolo de cooperação com Estado
contempla medidas que visam assegurar Deficiência
a qualidade e a sustentabilidade das instituições
Inclusão
O sector social não só é importante comparticipações aos utentes, estão é palavra
de ordem
para a economia social, mas é tam- consagradas diversas medidas que
bém essencial para a melhoria das visam assegurar a qualidade e a sus-
condições de igualdade em Portugal. tentabilidade das instituições.
A afirmação foi feita pelo primeiro- Para José Sócrates, a parceria en- A 3 de Dezembro comemora-se
-ministro José Sócrates durante a ce- tre Estado e as organizações do sector o Dia Internacional da Pessoa
rimónia de assinatura do protocolo social faz todo o sentido porque re- com Deficiência. Por isso fo-
anual de cooperação entre Ministério presenta a melhor via de prossecução mos assistir a uma iniciativa da
do Trabalho e Solidariedade Social, das políticas de solidariedade. “Estas Santa Casa da Misericórdia de
União das Misericórdias Portuguesas, instituições garantem uma gestão de Vila do Conde e, por estarmos a
a União das Mutualidades e a Confe- proximidade descentralizada, que comemorar a quadra natalícia,
deração Nacional das Instituições de asseguram melhorias de eficiência e também fomos a congénere de
Solidariedade Social. O documento eficácia. Mas é também uma gestão Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não está Alvorge assistir a uma festa em
abrange mais de 500 mil pessoas e assente no factor humano, onde o ao alcance de todos. Para marcar a data, o Voz das Misericórdias que a diferença esteve no centro
foi assinado a 21 de Dezembro, no amor e o desprendimento buscam um foi saber como são vividas as festividades natalícias numa casa- das atenções. Reportagem, 16
Centro Cultural de Belém, em Lisboa. objectivo altruísta”, destacou o chefe -abrigo para mulheres vítimas de violência e num lar residencial e 17
Apesar de não haver aumentos nas de governo. Em Acção, 8 e 9 para crianças e jovens em perigo. Em Acção, 4 a 7
2 vm dezembro 2010 www.ump.pt
panorama
A FOTOGRAFIA
espaço sénior
Concurso
literário
Surgiu, assim, o Prémio Literário Engenheiro A subir
Quadros Martins que, englobando as Cresceu actividade
modalidades de Conto e de Poesia, foi agrícola
devidamente regulamentado, tendo o respectivo
Regulamento sido publicado no número de O Rendimento da
Junho de O Mocho Actividade Agrícola
em Portugal, por
C
unidade de trabalho,
onforme aqui noticiámos, no deverá ter crescido
6,8%, em termos reais,
final do passado ano lectivo o
relativamente a 2009, de
Conselho Directivo da Academia acordo com o Instituto
de Cultura e Cooperação Nacional de Estatística.
PRESIDÊNCIA DA REPúBLICA
transmitiu à Redacção de O
Mocho a ideia de realizar um Concurso
Literário dirigido aos Associados da ACC.
Esta ideia foi aceite com entusiasmo. Com
ela seria possível atingir, não só objectivos
inerentes à função da nossa Academia,
mas também alguns objectivos específicos Palácio de Belém Crato colabora com exposição
da Redacção: estava a aproximar-se o Maria Cavaco Silva inaugurou, recentemente, no Palácio de Belém, a exposição “Ó Meu Menino Jesus” – que
décimo aniversário do seu Jornal e era inclui peças da colecção de presépios de Canha da Silva e da colecção de escultura e pintura da Casa Museu
mais uma oportunidade de homenagear Padre Belo, da Santa Casa da Misericórdia do Crato. Na ocasião, foi também inaugurada a Árvore de Natal
o seu fundador – na época Professor de do Palácio, numa apresentação que este ano resultou da reciclagem de materiais decorativos utilizados em
Informática – Engenheiro Quadros Martins; projectos anteriores, e de que foi responsável a decoradora Nini Andrade Silva. A exposição estará aberta ao
por outro lado, era uma nova forma de público até 6 de Janeiro de 2011. Ver página 28
dinamizar a tão desejada participação dos
Associados num trabalho que, embora
modesto, é feito a pensar neles e para eles.
O Número
Surgiu, assim, o Prémio Literário
A Descer
500
Engenheiro Quadros Martins que,
Jovens
englobando as modalidades de Conto e de
desocupados
MIL desempregados
Poesia, foi devidamente regulamentado, O número de desempregados inscritos em Novembro nos centros de emprego
tendo o respectivo Regulamento sido Cerca de 314 mil jovens diminuiu 0,7% face a Outubro, com a fasquia a situar-se nos 546.926
(16%), entre os 15 e os
publicado no número de Junho de O desempregados, informou o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
30 anos, não trabalha,
Mocho. No primeiro dos seus seis artigos nem estuda, segundo
era, de imediato, enunciado um dos o Instituto Nacional de
Estatística. É o valor
referidos objectivos: “… estimular o gosto O Caso
mais alto de sempre
pela escrita e a participação dos Associados e a tendência é para
da Academia no seu jornal…”. Os seguintes aumentar.
tratavam de vários aspectos relacionados Vila Verde a todos e que afectam, na actuali- o seu contributo nesta iniciativa.
com as categorias, formas de apresentação dade, muitas famílias, todos os tra- “Em conjunto contámos perfazer
dos trabalhos, atribuição de prémios, etc.
Um euro balhadores desta instituição, numa um montante significativo que
A Frase para os
Terminado o prazo estipulado, o Júri, de atitude altruísta e de profunda ge- servirá para a criação e distribui-
acordo com o Regulamento constituído carenciados nerosidade, decidiram colaborar ção de cabazes às famílias mais
por três elementos – um representante do no combate à crise e carência, do- carenciadas do concelho”. Os ca-
Concelho Directivo, um de O Mocho e um do A Santa Casa da Misericórdia de ando 1 euro do seu vencimento bazes serão compostos de acordo
Corpo Docente - procedeu às tarefas que lhe Vila Verde criou, recentemente, o para o Banco Solidário”. com as necessidades de cada um,
haviam sido atribuídas. As conclusões finais, banco solidário. Para o efeito, to- Além do esforço dos colaborado- e serão distribuídos pelos serviços
incluindo a identidade dos concorrentes dos os trabalhadores da instituição res, Bento Morais afirmou que o do departamento de acção social
vencedores em cada modalidade – Conto decidiram colaborar no combate à corpo clínico e os órgãos sociais da da instituição em conjunto com
Carlos Pinto
e Poesia – foram publicadas no número de Coelho
crise, doando 1 euro do seu venci- Misericórdia de Vila Verde darão as equipas de apoio ao domicílio.
Dezembro de O Mocho. Os prémios previstos Jornalista mento para aquele banco.
para os três primeiros classificados em cada 1944 - 2010 Segundo o provedor da Misericór-
categoria foram atribuídos, entre fartos dia de Vila Verde, a iniciativa tem
“E assim,
aplausos, na Festa de Natal da Academia. como objectivo servir a população
acontece”
Apesar de ter sido desejável a apresentação mais carenciada, que funcionará
de um maior número de trabalhos no em instalações da Santa Casa junto
Concurso, pensamos que ele terá contribuído ao antigo Quartel dos Bombeiros.
para aumentar, no futuro, “Será um espaço onde serão colo-
o desejo de participar. cados à disposição da população
Há muitas pessoas, na carenciada equipamentos, géne-
ACC, cheias de talento! ros alimentares, mobiliário, roupa,
Esperamos pelo seu electrodomésticos, e funcionará
contributo! em regime de voluntariado, sendo
que para tanto, contámos, com a
Boas Festas! participação da população local”,
referiu Bento Morais.
“Neste seguimento, e cientes de
Manuela Garcia
Academia de Cultura que a pobreza e as dificuldades
e Cooperação da UMP dos mais necessitados
academiadecultura@ump.pt
são problemas que dizem respeito
www.ump.pt dezembro 2010 vm 3
RADAR
ON-LINE
Opinião
Iniciativa
Formação sobre
Contribuir para direito laboral
a qualificação Arcos de Valdevez foi anfitriã de
uma formação que reuniu várias Mise-
ricórdias que integram ou integraram
Escola profissional da Misericórdia de
o projecto gestão sustentável, nas suas
Angra do Heroísmo foi criada para a
formação de indivíduos em áreas que se duas fases. A iniciativa, que teve lugar
consideram mais carenciadas em termos a 3 e 4 de Dezembro, dedicada a direito
de mão-de-obra ou estratégicas para o laboral foi organizada face ao interesse
desenvolvimento regional manifestado pelas Santas Casas sobre
o assunto. Segundo a equipa da UMP
A
Escola Profissional da Misericórdia de Angra responsável pelo projecto, outras sessões Efeméride
do Heroísmo foi fundada em 1995 mediante semelhantes já foram solicitadas e estão Mercedárias há
assinatura de Contrato Programa com a então a ser agendadas. 25 anos no lar
Secretaria Regional da Educação e Cultura (SREC).
À semelhança das demais escolas profissionais dos As irmãs mercedárias estão a ce-
Açores, também esta foi criada para a formação em áreas que lebrar 25 anos de bem-fazer no lar de
se consideram mais carenciadas de mão-de-obra ou estratégicas idosos Virgílio Lopes, da União das Mise-
para o desenvolvimento regional. O seu objectivo principal é ricórdias Portuguesas (UMP). A chegada
responder a uma procura crescente, por parte da população foi exactamente a 14 de Dezembro de
jovem, de uma modalidade de formação que, constituindo 1984, altura em que o presidente da UMP
uma alternativa ao ensino oficial normal, os prepare era o padre Virgílio, e a comunidade
convenientemente para o mercado de trabalho. era então composta pelas irmãs Luísa
Os cursos destinam-se a jovens que, tendo concluído o 9º ano de Roldan, Francisca Cano e Ana Rivas. A
escolaridade ou equivalente, optem por uma formação orientada Congregação das Irmãs Mercedárias da
para o mercado de trabalho. Contudo, esta escola abre-se caridade foi fundada pelo beato João
também à população em risco de exclusão social visando a Computadores Nepomuceno Zegri y Moreno.
sua integração social e profissional. Neste âmbito, actua no Ericeira promove
domínio do Programa REACTIVAR, destinado a indivíduos em aulas de informática Exposição
situação de desemprego. Neste momento, a escola funciona Fundão mostra
com 8 cursos Nível III da UE, nas áreas do turismo; higiene A Santa Casa da Misericórdia da presépios do mundo
e segurança no trabalho e ambiente; gestão e programação Ericeira, no concelho de Mafra, está a
de sistemas informáticos; electrónica e telecomunicações; promover aulas de informática para a A Santa Casa da Misericórdia do
sistemas de informação geográfica; electrónica, automação e comunidade. Através do seu centro de Fundão vai levar a efeito uma exposição
computadores; vendas e serviços jurídicos. Decorrem ainda, no estudos gerais, a instituição está a facul- de Presépios do Mundo. A inauguração
âmbito do Programa REACTIVAR, os cursos agente em geriatria, tar aulas a quem esteja interessado em está marcada para 19 de Dezembro. O
empregado comercial, empregado de andares e mecânico de aprender a trabalhar ou apenas divertir- certame estará patente até dia 6 de Ja-
serviços rápidos. A escola mobiliza, neste momento, cerca de -se com o computador, cuja indispen- neiro na Sala do Despacho, junto à Igreja
200 formandos, 60 formadores certificados e 12 funcionários. sabilidade é incontornável nos dias de da Misericórdia. Também a Santa Casa
A escola recorre ainda a parcerias diversas com entidades, hoje. As aulas decorrem ao ritmo da da Misericórdia do Crato está envolvida
empresas e outras forças vivas da comunidade para efeitos de aprendizagem dos alunos e há os níveis numa exposição marcada pelos símbolos
colocação dos formandos em formação prática em contexto básico e avançado. natalícios. Ver página ao lado.
de trabalho e/ou tendo em vista a realização de projectos –
factor manifestamente importante não apenas para viabilizar a
formação prática mas também para criação de emprego para os SLIDESHOW
futuros técnicos. A estrutura de apoio integra 9 salas de aulas e
5 laboratórios, para além de biblioteca, serviços administrativos,
bar, reprografia, gabinetes da direcção e instalações sanitárias.
A escola já foi alvo de duas ampliações, cujos custos foram
integralmente suportados pela Santa Casa.
Um olhar retrospectivo permite-nos constatar a tendência
expansionista da escola, a diversificação da oferta formativa e
um lugar conquistado no sistema educativo regional bem como
um estatuto social considerável como instrumento ao serviço do
desenvolvimento local e regional. Com efeito, da nossa escola
saíram 371 técnicos diplomados dos quais uma percentagem
considerável se encontra no mercado de trabalho.
Numa conjuntura de crise generalizada e de alguma indefinição
do futuro do ensino profissional nos Açores, acreditamos que o
futuro próximo da nossa escola passará pela sua conversão em
Fundação – figura jurídica que lhe dará maior consistência
financeira, também pelo envolvimento activo de outros
parceiros locais –; articulação com o Governo Regional
no sentido de contribuir para a qualificação da população
açoriana em função de necessidades concretas e
envolvimento em projectos europeus que possam
trazer mais-valias para a população escolar, para a Oliveira do Bairro Cortejo por unidade de saúde
escola e para a comunidade em que se insere. A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro organizou, a 8 de Dezembro,
um cortejo de oferendas para angariar fundos para a construção da unidade de
cuidados continuados integrados. Com capacidade para 28 pessoas, espera-se que
o equipamento esteja concluído em Abril do próximo ano. Ao todo, serão criados
António Marcos 22 novos postos de trabalho. O primeiro cortejo da Misericórdia realizou-se em
Provedor da Misericórdia de Angra do Heroísmo
Setembro de 1941 e foi organizado para beneficiar o hospital da instituição, que foi,
à época, uma obra de grande importância para o concelho.
4 vm dezembro 2010 www.ump.pt
DESTAQUE
Natal feliz
Adriana Mello ceradas não faltam. Traumatizadas,
encontraram nesta casa um novo lar.
Afinal, festejar o nascimento do me- E o recomeçar uma nova etapa
nino Jesus acompanhado por fami- nem sempre é fácil. Para a Ana (os
liares e por todos aqueles que ama- nomes dos testemunhos foram alte-
sem violência
mos e queremos bem é um privilégio rados por razões de segurança), de
que não está ao alcance de todos. 33 anos e cinco filhos, a vida nunca
A coragem de denunciar uma foi fácil. Com lágrimas nos olhos,
situação de violência doméstica, de fala-nos da sua adolescência compli-
pedir ajuda e de trocar uma vida cada e do grave problema oncológico
gasta e sufocante por um novo modo que ainda está a superar. No entanto,
de ser e de viver, implica fazer re- agora, passado um mês de estadia
núncias e deixar para trás não só na casa abrigo já está “mais forte,
o agressor, mas também mudar o
local de residência e deixar (ainda Para a Ana, de 33 anos e cinco
que temporariamente) os familiares filhos, a vida nunca foi fácil.
e amigos. Seu maior desejo é ter
Mas, nas Misericórdias, aqueles condições para poder ter no-
a quem o infortúnio bateu à porta vamente os filhos ao pé de si
não são esquecidos. Assim, numa
casa abrigo cuja localização não será com mais disposição para enfrentar
revelada ao longo desta reportagem o futuro” e o seu maior desejo é ter
de forma a salvaguardar o sigilo ne- condições para poder ter novamente
Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não cessário a segurança das utentes, o os seus filhos ao pé de si.
está ao alcance de todos. Mas uma noite especial, associada Natal foi celebrado com alegria e
num ambiente de familiar.
Laura, imigrante de 43 anos, já
está na casa há três meses e agora os
ao espírito natalício, alegrou o ambiente numa casa abrigo Nesta casa abrigo que acolhe,
actualmente, catorze utentes e os
seus dias são de esperança. A viver
em Portugal há aproximadamente
que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica seus filhos as histórias de vidas dila- oito anos, com uma filha pequena,
www.ump.pt dezembro 2010 vm 5
Laura começou a estranhar o com- foi justamente a sala de reifeições. tiveram um papel relevante: oferece- de sonhos, de esperanças renovadas
portamento possessivo do seu mari- Depoimentos Com a árvore de Natal como pano ram doces iguarias. Mais uma prova e aqui ficam registados os votos da
do: “eu não podia falar ao telemóvel, de fundo a encher de cor a ampla de que o trabalho desenvolvido nesta equipa técnica da casa que todos
nem ter amigos”. Os maus-tratos a sala, crianças e adultos foram con- casa abrigo está a ser bem visto pela os dias procura criar ferramentas
perseguiram durante anos. Agora tagiados pelo espírito natalício, num comunidade. que contribuam para que estas mu-
Laura só quer uma nova oportuni- “A violência não faz sentido: é ambiente familiar e de aconchego. A Segundo uma das técnicas da lheres se automatizem. A directora
dade para ser feliz. um acto consequente de um com- ceia foi farta. O jantar começou com instituição (que também prefere espera “que as pessoas possam viver
Como a maior parte dos imigran- portamento desviante e aquilo que múltiplas entradas – desde enchidos manter o anonimato) este tipo de as suas vidas em paz e com a digni-
tes, Laura diz que nesta altura do ano, eu gostaria que acontecesse é que e queijos até aos patês e tostas. A iniciativa é muito relevante: “É um dade que merecem”. A psicóloga da
as emoções estão à flor da pele e afir- não houvesse nunca mais nenhum canja quente aqueceu os corações. espaço de partilha que valoriza as instituição partilha, igualmente, do
ma que não gosta da quadra natalícia: Natal com violência. Assim, o mundo Mas não é tudo! Ainda foi possível pessoas e ajuda a manter a auto-es- mesmo desejo e espera que “todas
“é uma época muito triste pois estou seria outro. Isto, se calhar é um ideal saborear um excelente prato de baca- tima. O facto de as utentes poderem as pessoas possam ter Natais felizes,
longe de todos os meus familiares.” difícil de atingir. Mas, o ideal comanda lhau, seguido por um cabrito assado. contribuir na elaboração da ementa, sem violência”.
Apesar de estar acompanhada por o sonho. E, se nós não sonhamos, não “Hoje nós vamos receber pren- Da parte das Misericórdias, o
sentimentos de solidão e desamparo, criamos” das?” perguntavam as crianças ao Laura, imigrante de 43 anos, provedor responsável por aquela
esta imigrante não desanima: “quero Provedor longo do jantar. E, num misto de ale- já está na casa há três meses instituição também expressou a
começar tudo do zero” e já começa a gria e admiração os meninos e me- e agora os seus dias são de sua vontade de assistir a melhores
fazer planos para o futuro. ninas residentes na casa receberam, esperança. Os maus-tratos tempos: “Que não houvesse mais
Este é um local de passagem. De “É um espaço de partilha que por volta das 22 horas, a presença perseguiram-na durante anos violência. Afinal, a violência não
facto, a casa abrigo tem como finali- valoriza as pessoas e ajuda a mais esperada da noite: o Pai Natal faz sentido: é um acto consequente
dade recuperar as pessoas e reinseri- manter a auto-estima. O facto de as que se fez acompanhar por um saco como no caso de uma sobremesa de um comportamento desviante
-las na vida social. Para tanto, a casa utentes poderem contribuir na elabo- recheado de presentes especialmente (que muitas vezes é uma receita de e aquilo que eu gostaria que acon-
conta com uma equipa composta por ração da ementa, como no caso de destinados aos mais novos. Muitas família) e de poderem proporcionar tecesse é que não houvesse nunca
um assessor jurídico, uma directora uma sobremesa, que muitas vezes é destas prendas, que fizeram a ale- um dia diferente aos seus filhos é mais nenhum Natal com violência.
e uma psicóloga. Todos contribuí- uma receita de família, e de poderem gria dos mais pequenos, foram ofe- importante” Assim, o mundo seria outro. Isto, se
ram, de uma forma ou outra, para a proporcionar um dia diferente aos recidas pela comunidade local que São estes pormenores que mar- calhar é um ideal difícil de atingir.
concretização desta festa de Natal. seus filhos é importante” se associaram ao espírito da festa cam a diferença e podem contribuir Mas, o ideal comanda o sonho. E,
Um dos espaços mais concorri- Directora técnica e contribuíram de livre vontade. As para fazer alguém nascer de novo, se nós não sonhamos, não criamos”.
dos na casa abrigo, neste dia festivo, padarias e pastelarias locais também mudar de vida. Afinal é Natal! Época
6 vm dezembro 2010 www.ump.pt
DESTAQUE
Fazer
acontecer
o Natal
com esta dinâmica. Depois, até gos-
Na Santa Casa da tam de ver os filhos terem protago-
Misericórdia de Peso da nismo”, confirma Vera Moutinho.
Régua, reforçar laços entre Para delinear o figurino da festa há
jovens e familiares é um uma reunião onde se discutem ideias.
desígnio que se estende Durante um mês, há ensaios diários
para além do Natal depois da escola e, pelo meio, desis-
tências, reticências e regressos volun-
Patrícia Posse tários. Embora este ano, os estagiários
tivessem dado um apoio na organiza-
Se na rua caem chuviscos frios, den- ção, o esforço é muito delas, sobretudo
tro de portas, hasteiam-se sorrisos para “fazer acontecer o Natal”.
quentes. A 19 de Dezembro, o al- Na sala utilizada para ocasiões es-
voroço tomou conta das 27 crianças peciais, há mesas, com nomes alusivos
e adolescentes da Casa da Criança, à quadra, cobertas por toalhas verdes
equipamento da Santa Casa da Mise- de rebordo vermelho, onde reinam os
ricórdia do Peso da Régua que acolhe tons dourados. Nas pausas do jantar,
crianças retiradas das famílias no decorre o espectáculo com música,
âmbito de processos de protecção. dança e teatro, que arranca aplausos
Em mãos tinham a tarefa messiânica vigorosos e fartas gargalhadas.
de protagonizar a Festa de Natal para
os seus familiares. Apoio essencial
“Como as meninas têm situações Ana Santos (todos os nomes são
complicadas, relacionadas com a fal- fictícios para proteger a identidade
ta de afecto ou a gestão dos mesmos, das jovens), 15 anos, foi uma das
pretende-se reforçar os momentos apresentadoras de serviço, mas já
em família. É importante para elas
saber que os familiares querem vir, “Natal é altura de perdão e
daí que se dediquem tanto”, refere solidariedade. Eu estou cá
a directora técnica, Vera Moutinho. há pouco tempo, mas recebo
Ao final da tarde, só as figuras mais amor e atenção do que
do presépio assistem serenas à roda- aquilo que tinha”
-viva das jovens. Ora correm para
serem maquilhadas, ora se preocu- na mesa, o registo foi mais intimis-
pam com os penteados, ora duvidam ta. “Sou um bocado envergonhada,
da sua capacidade em palco. É que embora conheça as pessoas. Mas
ter a atenção dos familiares gera um sinto-me melhor do que se a minha
acréscimo de tensão. “Não querem mãe não estivesse aqui, é um apoio
fazer má figura, não quererem desi- diferente tê-la cá.” O zelo em torno
ludir”, salienta. da irmã Madalena, de 8 anos, é prio-
A festa de Natal com as famílias ritário e enquanto a pequena não
tornou-se um ritual desde 2006 e, termina a sopa, Ana não arreda pé,
em termos de participação, a respos- adiando a subida ao palco. Depois de
ta tem sido “globalmente positiva”. um abraço apertado, segue até mais
“Se alguns não vêm será mais fruto confiante. “Ensaiei toda a manhã,
da disfuncionalidade que levou ao mas os textos para apresentar só os
internamento”, justifica o provedor tive há bocado”, revela.
Manuel Mesquita. Este ano, reuniu Fernanda Santos, a mãe, não
aproximadamente uma centena de omite o que sente: “um bocadinho
pessoas. triste, porque não é o lugar apropria-
“As famílias vêm sempre, mas a do. Gostava que ela estivesse ao pé
postura é um bocado distante, por- de mim”. O Natal vai ser passado em
que não se sentem familiarizados Vila Real com a família e o desejo
www.ump.pt dezembro 2010 vm 7
Opinião
Para terminar esta série de artigos, o Decreto não tem uma palavra sobre
gostaria, mais uma vez, de agradecer os pobres e os mais desfavorecidos.
as inúmeras mensagens de apoio que O que o Decreto diz é que os bens
fui recebendo, bem como a participa- das Misericórdias são eclesiásticos,
ção interessada de muitos Senhores que os Senhores Bispos têm de fazer
Manuel de Lemos Provedores e Irmãos de Misericórdias uma aprovação prévia dos Órgãos
Presidente da UMP
que, genuinamente, me colocaram Sociais das Misericórdias e depois
dúvidas e reflexões sobre o relaciona- confirmar os eleitos (em bom por-
em acção
Protocolo atento
à qualidade
e sustentabilidade
VOLTAAPORTUGAL
50%
sua vidinha e ir-se “remediando lá
por casa”. João ainda tem dois anos
para mudar de ideias. sericórdia de Ponte de Lima realiza Mendes fez questão de lembrar que ajudou a dar os primeiros passos
O início da construção do Centro nos últimos 60 anos, depois do hospi- “estamos a fazer história com um para a construção do equipamento
Comunitário de Arcozelo arrancou a tal Conde de Bertiandos, inaugurado equipamento social que é, seguramen- ao estabelecer um “protocolo de in-
8 de Dezembro, com a cerimónia do em 1958, e do lar de idosos Cândido te, o maior e o melhor do concelho. tenções” com a Misericórdia limiana. Portugueses cansados
lançamento da primeira pedra. No Barbosa Correia, que abriu portas “A Santa Casa percebeu que este A actividade da Santa Casa da Emprego, falta de exercício e
Natal de 2012, o provedor da Santa em 1993”, lembrou, durante a ceri- é um equipamento que faz falta não Misericórdia de Ponte de Lima foi má alimentação deixam por-
Casa da Misericórdia de Ponte de mónia, o provedor. António Veloso só na freguesia de Arcozelo, que é a bastante elogiada por Bernardo Reis, tugueses com falta de energia,
Lima, António Veloso, conta fazer a frisou que, contudo, tal só foi possível mais populosa do nosso concelho, representante do Secretariado Na- revela estudo europeu.
inauguração do equipamento, cons- graças à união de esforços de várias mas faz muita falta no concelho de cional da União das Misericórdias
truído na base do miradouro de San- entidades: Junta de Freguesia, que Ponte de Lima”, sublinhou. Portuguesas, que marcou presença
to Ovídeo, na vila de Arcozelo. cedeu o terreno com 20 mil metros O autarca aplaudiu a coragem no lançamento da primeira pedra Braga vai abrir
Apoio domiciliário para 50 pesso- quadrados, e Câmara Municipal, da irmandade ao avançar com um do Centro Comunitário de Arcozelo. cantina social
as, lar de idosos para 40 utentes, centro que disponibilizou recursos técnicos empreendimento que ainda só têm “A Misericórdia de Ponte de Lima A Misericórdia de Braga vai abrir,
de dia para 30 utentes, cuidados con- e humanos para acompanhamento e o financiamento garantido para cre- tem desenvolvido um trabalho no- no primeiro trimestre de 2011,
tinuados com 30 camas e uma creche execução da obra e “uma compartici- che e cuidados continuados. O lar, o tável com reflexos na comunidade, uma cantina social. “A cantina vai
para 30 crianças. São estas as respostas pação para a sua construção”. centro de dia e o apoio domiciliário resultando daqui uma mais-valia so- funcionar num edifício, proprieda-
do futuro Centro Comunitário, orçado Um “acto de coragem”, um “mo- ainda não foram objecto de financia- lidária para a população”, enfatizou de da Santa Casa, na freguesia de
em quase 4,5 milhões de euros. mento histórico”. Palavras usadas mento comunitário. Bernardo Reis, para quem as Miseri- S. Vicente”, revelaram ao Correio
“Este empreendimento é o maior pelo presidente da Câmara de Ponte Apoio certo é o da Junta de Fre- córdias vão ter um papel importante do Minho, Gastão Sequeira e Irene
investimento na área social que a Mi- de Lima para classificar a obra. Vitor guesia de Arcozelo que, em 2007, nestes tempos de crise. Montenegro, da mesa administra-
tiva da instituição. Os responsáveis
sublinharam que ainda não está
definido o número de refeições a
Menos indiferença face à exclusão social servir.
e o factor “indiferença” deu lugar a das iniciativas realizadas localmente. das Misericórdias no seu combate, Equilíbrio entre vida
Iniciativas promovidas pelas um conhecimento mais alargado do Entre outras, a Santa Casa de Tarou- onde também distribuiu o material pessoal e trabalho
Santas Casas no âmbito do fenómeno em termos macro e co- ca organizou, em conjunto com os de divulgação do AECPES.” Um estudo realizado em 14 países
Ano Europeu de Combate nhecimento mais específico sobre as parceiros locais, um colóquio sobre o Contudo, algumas actividades fi- Da União Europeia revela que
à Pobreza e Exclusão especificidades do fenómeno da po- tema “Luta contra a pobreza e Exclu- caram por realizar, por falta de meios Portugal é o país onde há maior
Social aumentaram breza e exclusão social em Portugal e são social: uma realidade para todos, humanos e financeiros: o projecto dificuldade em equilibrar vida
consciência do problema na Europa. A conclusão é do Gabinete uma responsabilidade de cada um”. do microcrédito e o levantamento profissional e pessoal, seguido
de Acção Social da União das Miseri- “Para dar outro exemplo, agora assimétrico-geográfico da pobreza da Espanha, Grécia e Holanda. O
córdias Portuguesas (UMP). na zona sul do país, também o Ga- a nível local em Portugal. “Mas é estudo indica, também, que 40%
As iniciativas promovidas pelas Mise- Segundo aqueles responsáveis, a binete de Acção Social, durante uma intenção da UMP tentar reunir as pretende passar mais tempo com
ricórdias no âmbito do Ano Europeu UMP envolveu-se no AECPES através sessão do Secretariado Regional de condições para a eventual concreti- família e amigos, 36% dedicar
de Combate à Pobreza e Exclusão de iniciativas próprias como organi- Évora, levou a cabo uma sessão de zação do projecto de levantamento mais tempo a si próprio e ao par-
Social (AECPES) trouxeram maior zação de cúpula representativa de 398 esclarecimento sobre os factores de de dados locais específicos sobre o ceiro e 32% participar em mais
consciencialização da problemática Misericórdias, mas também através exclusão social e pobreza e o papel fenómeno da pobreza”. actividades de lazer.
12 vm dezembro 2010 www.ump.pt
em acção
Inventário da União
Sopa de feijão com poejos premiado pela APOM
à moda de Redondo
A União das Misericórdias
Portuguesas foi uma
das entidades galardoadas
com os prémios da
Associação Portuguesa
de Museologia 2010
Bethania Pagin
“
em 2009
embora sempre no quadro de uma postas. Além disso, há os mediadores
Securicórdia é agora gestão criteriosa e cuidada. locais, com quem já há seguros e para A população activa diminuiu
composta exclusivamente Assim, “2011 será o ano em os quais os mesários algumas vezes, em cerca de 42 mil
por capital social da União que a Securicórdia se apresentará têm dificuldade em cessar contratos”. indivíduos, contrariando
das Misericórdias. Em no mercado, com uma nova face Nova estratégia de Contudo, continua Vasco Fer- a tendência de aumento
carteira, esta participada determinada, exclusivamente, pe- intervenção da mediadora nandes, a Securicórdia gostaria que verificada ao longo dos dez
tem 120 Santas Casas los interesses das Misericórdias em Securicórdia deve fazer os provedores pelo menos conhe- anos terminados em 2008
matéria de seguros, e corporizando prevalecer a atitude cessem as suas ofertas de seguros.
Bethania Pagin a estratégia e os objectivos definidos de servir em detrimento “Além de taxas e condições compe-
pela UMP, enquanto sua única pro- do interesse puramente titivas, somos capazes de assegurar A população activa em Portugal di-
A Securicórdia é agora composta ex- prietária, detentora de 100% do seu comercial uma assistência de proximidade e minuiu em cerca de 42 mil indiví-
clusivamente por capital social da capital social”, referiu o responsável. personalizada”, destacou, lembran- duos (-0,8%) no ano passado, con-
União das Misericórdias Portuguesas Neste momento, os seguros mais do que, especialmente agora, a me- trariando a tendência de aumento
(UMP). Em carteira, esta participada procurados pelas Santas Casas são diadora é das Santas Casas e foi cria- verificada ao longo dos dez anos
tem 120 Santas Casas, mas espera os acidentes de trabalho, acidentes da justamente para apoiá-las, entre terminados em 2008, indica o Ins-
poder mediar os seguros de muitas pessoais, automóvel, multi-riscos, res- outros aspectos, através da criação tituto Nacional de Estatística (INE).
mais. O objectivo é, até 2012, alcan- ponsabilidade civil e ainda seguros de de produtos adequados às suas exi- Entre 1998 e 2009 a população
çar 75 por cento dessas instituições. vida e do voluntário. Ao todo, são 120 gências específicas. activa aumentou cerca de 9,6%. Para
A alteração estatutária teve lu- Misericórdias. “Em 2004 eram 81”, Com a saída do outro accionista este crescimento terão contribuído o
gar a 3 de Novembro e, segundo o recorda o presidente do Conselho de — a Partisagres, que detinha 45 por aumento da população feminina no
presidente do Conselho de Gerência, Gerência, destacando que, naquela cento do capital social —, o Conselho mercado de trabalho, o adiamento
“é de primordial importância para a altura, o total de prémio rondava os de Gerência da Securicórdia passou a da reforma e a dinâmica dos fluxos
mediadora ao nível da sua natureza 500 mil euros e actualmente este valor ser constituído por três provedores: migratórios.
e da sua relação com as Misericór- duplicou, rondado o milhão de euros. Vasco Fernandes, da Santa Casa de O INE destaca também o incre-
dias”. Para Vasco Fernandes, que Criada em 1993, a Securicórdia Torres Vedras, Fernando Cardoso Fer- mento na qualificação da força de
também é provedor da Santa Casa nasceu para ser a mediadora das reira, de Setúbal, e Aníbal Rodrigues trabalho, a avaliar pelo grau de esco-
da Misericórdia de Torres Vedras, a Santas Casas, mas registam-se ainda da Silva, de Mafra. Está em avaliação laridade: a um aumento da população
nova estratégia de intervenção da algumas dificuldades junto destas a possibilidade deste conselho ser activa total na ordem de 487 mil indi-
Securicórdia deve fazer prevalecer instituições. “Registamos fraca recep- alargado, passando a contar com a víduos correspondeu um aumento de
a atitude de servir em detrimento tividade das Misericórdias e alguma presença de cinco representantes das cerca de 785 mil indivíduos tendo pelo
do interesse puramente comercial, lentidão na resposta às nossas pro- Misericórdias portuguesas. menos o ensino secundário concluído.
Braga e Barcelos
distribuem cabazes
mais completos”. Gastão Sequeira e
Misericórdias de Braga Irene Montenegro, da Santa Casa,
e Barcelos distribuíram estavam presentes no momento de
cabazes de Natal às famílias entrega dos cabazes à maior parte
mais carenciadas da das famílias. “Preocupa-nos o au-
comunidade em que mento da pobreza encapotada e es-
estão inseridas condida”, confidenciaram ao Correio
do Minho.
A Santa Casa da Misericórdia
Ainda não eram 15 horas e muitas de Barcelos também procedeu à
das famílias que receberam um entrega de cabazes de Natal, a 21
cabaz de produtos alimentares já de Dezembro. O provedor, António
esperavam à porta da Basílica dos Pedras, explicou que “a Misericór-
Congregados. Mas algumas famílias dia, que tem vindo a acompanhar a
pediram para os entregar em casa, situação de crise do país, entendeu
outras foram antes ou depois da hora que era altura de começar a fazer
marcada e houve ainda outras que alguma coisa em prol daqueles que
nem chegaram a pedir. Simplesmen- mais necessitam em termos de re-
te por vergonha. Todos os anos, a feições sendo o primeiro passo a
Equipa Sócio-Caritativa da Basílica entrega de cabazes de Natal. Evi-
dos Congregados ajuda a famílias dentemente que o ideal é que caba-
carenciadas do concelho na altura zes desses fossem dados todo o ano,
do Natal e este ano contou com a mas não sendo possível, pensamos
colaboração da Santa Casa da Mise- através deste gesto simbólico dar
ricórdia de Braga. Foram entregues algum apoio às famílias dos nossos
91 cabazes. utentes mais carenciados e também
A coordenadora da equipa, a familiares dos nossos funcioná-
Bernardete Sepúlveda, estava feliz: rios. No próximo ano, procuraremos
“Com a ajuda da Misericórdia conse- alargar iniciativa a outras famílias
guimos entregar mais cabazes e bem do concelho.”
www.ump.pt dezembro 2010 vm 15
EM FOCO
212
cando a importância do trabalho de
reabilitação que se tem desenvolvido
ali. E aqui ganha especial importân-
cia aquele ditado popular: “é de pe-
quenino que se torce o pepino”. No Colaboradores
Centro João Paulo II, os residentes O Centro João Paulo II conta com 212
mais jovens são acompanhados des- colaboradores. Entre eles, 126 são aju-
de a primeira infância e por isso são dantes de lar que diariamente asseguram
visíveis algumas “pequenas vitórias” aos residentes cuidados e muito afecto.
em termos de mobilidade — conse-
guir andar — ou de comunicação
— conseguir falar. Dos 3 aos 65 anos
Em relação aos mais velhos, o Os residentes daquele centro
trabalho de reabilitação não obtém têm idades entre os três e 65
tantas conquistas quanto com os anos. O trabalho desenvolvido
mais jovens, mas é facto que ali os tem em atenção a idade, mas
residentes gozam de boa saúde, ra- também as necessidades espe-
zão pela qual alguns têm alcançado cíficas de cada um.
os sessenta e muitos anos.
21
Daí que seja fundamental o papel
da Escola Os Moinhos, continuou
aquele responsável. “Na escola, a
missão não é ensinar a ler ou es-
crever, mas sim potenciar algumas Anos de existência
capacidades que estejam retraídas”. O Centro João Paulo II comemorou
Recorde-se que muitos dos residen- 20 anos de existência em 2010. Para
tes frequentam o ensino normal, sen- celebrar, está a decorrer o processo de
do que a Escola Os Moinhos apenas certificação da qualidade.
3
recebe aqueles cujas necessidades
não encontram resposta nos estabe-
lecimentos de ensino formal.
Mas para que se possa falar em
lar é preciso que haja afecto e, infe- Residentes
lizmente, são poucos os residentes São três os residentes que vivem no Cen-
que recebem visitas dos familiares. tro João Paulo II desde a primeira hora.
“A percentagem é mínima”, desaba- Piedade, Rita e Orlando têm acompa-
fou Manuel Cálem, lembrando que nhado as mudanças ao longo dos tem-
as ajudantes de lar — 126 no total pos.
— é que acabam voluntariamente
por desempenhar esse papel. “Se a
capacidade profissional é elevada, a Rodas dançantes
dedicação afectiva em relação aos O centro tem um grupo de dança
residentes é inexcedível”. inclusiva. O projecto, da respon-
Além dos 212 colaboradores, o sabilidade da técnica Lídia Sara-
Centro João Paulo II recebe, durante mago, começou internamente,
os meses de Verão, diversos grupos de mas o grupo tem feito actuações
voluntários, muitos deles provenien- em Lisboa e no Porto.
tes de Espanha e alguns já visitam o
centro há mais de dez anos. O traba-
Centro João Uma casa onde todos os dias aconte-
cem “pequenas grandes vitórias”. É Beneméritos em
lho dos voluntários passa por asse-
gurar necessidades básicas dos resi-
Paulo II acolhe assim que o presidente do Conselho tempo de crise dentes, como higiene e alimentação,
reportagem
A
necessário ajudar, colaborar e ser- de uma corte medieval, com o rei e muito entusiasmo”, manifestou, de “dar um pedaço de felicidade
pesar da cadeira de mos amigos uns dos outros”, que a rainha, com condes e condessas, por seu lado o provedor Arlindo a estas pessoas todos os dias”, e
rodas, o João Paulo é basicamente o fundamento das bobos, trovadores, camponeses po- Maia, feliz com mais um evento estamos a falar de 97 internos,
Silva foi rei durante Misericórdias portuguesas. Esta bres e excluídos, todos devidamente marcante a evocar os 500 anos da 115 em actividades ocupacionais e
35 minutos, repre- “grande produção” contou com um trajados, com as vestes cedidas pelo Misericórdia a que preside, salien- mais 26 com apoio domiciliário.
sentando o papel de elenco composto por 30 “actores”, Museu de Etnografia e História da tando que apesar de serem pessoas A ocasião foi ainda aproveita-
marido da Rainha D. a maioria dos quais pessoas por- Póvoa de Varzim com deficiência, apresentaram-se da para oferecer aos presentes um
Leonor, fundadora das Misericór- tadores de deficiência e utentes do O Luís Ramos foi outro dos “desinibidos, conscientes do que exemplar da segunda edição do livro
dias, corria o ano de 1498. Este centro da Touguinha. actores, representando o papel de estavam a fazer”. «A Rainha da Misericórdia», escri-
foi um dos papéis que compôs a A peça de teatro foi mais uma cocheiro. No final manifestou ao “Estas pessoas acabam por to por João Ribeiro e ilustrado por
peça de teatro inédita “A origem iniciativa integrada nas comemora- Voz das Misericórdias a sua alegria: surpreender”, avançou por seu Sandra Nascimento. Uma edição da
das Misericórdias”, levada a cena ções dos 500 anos da Santa Casa de “Foi uma peça muito maravilhosa, lado Sérgio Pinto, responsável Santa Casa de Vila do Conde.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 17
O
como guitarrista. São chamados quatro outros utentes representação nunca param. nista” não dispensou a companhia
vestido escolhido “Quando cá chegou em Feve- do lar que passam os seus dias no Para a realização da festa da de bailarinos que envergam a panó-
cobre-lhe apenas reiro, não falava com ninguém. E se centro de actividades ocupacio- Santa Casa da Misericórdia do plia de um verdadeiro cozinheiro.
o ombro direito, o aparecessem pessoas, escondia-se nais. O “x” vermelho dentro de um Alvorge todos participam. E o Até na peça de teatro onde a
cabelo vai solto e os delas”, conta ao Voz das Misericór- círculo não deixa dúvida: é a vez ingrediente principal é a música. Alexandrina, utente do lar, interpre-
olhos estão pintados dias Júlio Bacalhau, vice-provedor da dos Xutos e Pontapés entrarem em Este ano pela primeira vez, os ta a Carochinha, tudo acaba em bai-
com um risco preto, instituição. “É o fruto do trabalho de cena. Ao som de “A Minha Casi- idosos do lar residencial da Santa larico depois do Pai Natal ter salvo o
ao estilo de uma rock star. No cen- integração”, realça aquele dirigente. nha”, a assistência deixa-se levar e Casa do Alvorge prepararam uma João Ratão de se afogar na sopa.
tro do palco, os movimentos do seu É de facto o resultado do tra- acompanha a performance com pal- actuação. No papel de um chefe O ponto alto foi o coro das fun-
corpo marcam o ritmo da música, o balho desempenhado pela direc- mas. Algumas pessoas do público de orquestra, a animadora Goreti cionárias. Por fim, Jaime Laim, pro-
micro firme entre seus dedos, os lá- tora técnica do lar residencial para levantam-se das suas cadeiras para Correia transformou os exercícios vedor, com tanta comoção, acabou
bios mexem-se sem emitir um som. pessoas portadoras de deficiências poder dançar e pular, à semelhança de ginástica praticados pelos idosos por desistir de ler o seu discurso.
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Terceira idade
Liberdade e privacidade
nas residências da Golegã
Vivendas assistidas da Misericórdia da Golegã acolhem 32 pessoas e são sucesso há uma década.
Instituição pretende expandir equipamento onde uma das palavras-chave é humanização
Filipe Mendes ao seu êxito”, como confidenciou ao kitchinette e casas de banho adapta- ao VM Fernanda Oliveira, directora que durante a noite, basta levantar
Voz das Misericórdias António Mar- das às necessidades dos mais idosos. técnica da instituição. o auscultador do telefone para haver
Albertina Roque e António Barreto tins Lopes, provedor da instituição. Inicialmente, a Misericórdia pen- “Começámos por funcionar resposta do lado de lá da linha.
fizeram 66 anos de casados em Outu- Contudo, dez anos depois, o sou em mobilar as casas, mas cedo numa vertente integrada no apoio Conceição Ferreira e Janete Vieira
bro. Uma vida longa de convivência sucesso desta iniciativa justifica, percebeu que os utentes preferiam domiciliário. Agora, temos três fun- são as duas funcionárias de serviço.
e partilha, que não apaga o afecto e já para o ano, a construção de oito fazê-lo a seu gosto. E de facto, tra- cionárias afectas a esta resposta Tiveram experiências profissionais
a cumplicidade entre o casal. novas habitações deste tipo, que se zem consigo os seus objectos que social que asseguram um horário anteriores em áreas que não tinham a
É com entusiasmo e um brilho somam às 16 já existentes. são, de certa forma, a afirmação da alargado de 12 horas, desde as 08h ver com o terceiro sector, mas afirmam
especial nos olhos que António, 92 “Há aqui uma perspectiva de sua identidade. às 20h, todos os dias da semana”, sentir-se plenamente realizadas. E per-
anos, fala da mulher e lhe gaba as humanização do envelhecimento”, Na casa de Albertina Roque e explica a responsável, acrescentando cebe-se que há laços que ultrapassam
qualidades: “coragem, curiosidade explica o responsável. “Os seniores António Barreto há inúmeras moldu- a amizade entre elas e estes utentes.
“
e determinação”. estão nas suas casas e têm toda a ras nas paredes que testemunham a José Pereira Figueiredo mudou-se
Para trás, ficou uma vida de traba- autonomia para organizarem o seu sua longa vida em comum. E de en- para este pólo há três anos, e tem o car-
lho no campo, feita de jornas de sol a dia da forma como entenderem”. tre elas, destaca-se a fotografia tirada ro estacionado no parque. Está pronto
sol, e caminhadas de dez quilómetros E na altura em que começarem em 1934 no antigo Teatro Dona Elisa para sair. Mas antes, aceita mostrar-
para vender, na praça de Torres No- a ter necessidade, por razões várias, Bonacho da Golegã. -nos as miniaturas das alfaias artesa-
vas, os produtos retirados da terra. de apoio por parte da instituição, Albertina, então com dez anos, nais que lhe têm ocupado o tempo.
Não tiveram filhos, mas há qua- dispõem-no “de imediato e em toda participou na peça “Belezas da Mi- Para além do artesanato, tem di-
tro anos encontraram nas funcioná- a linha”. nha Terra”, e o ‘bichinho’ da repre- namizado, em conjunto com os seus
rias da Misericórdia da Golegã uma “Há uma panóplia de serviços, sentação permaneceu. “Há aqui uma perspectiva ‘vizinhos’ uma “horta de cheiros”:
família, quando decidiram mudar-se desde a saúde à alimentação, que lhes Hoje, na Santa Casa da Golegã, de humanização do enve- ervas aromáticas para temperar al-
para uma das Vivendas Assistidas, permite viver com grande tranquili- participa activamente nas actividades lhecimento. Os seniores gumas refeições.
instaladas no complexo Rodrigo da dade e segurança, e alcançar efecti- da instituição e já teve a oportunidade estão nas suas casas e têm “Privacidade e liberdade são os
Cunha Franco, que lhes proporciona vamente bons níveis de qualidade de de subir ao palco diversas vezes. toda a autonomia para orga- valores fundamentais deste equipa-
os cuidados de um Lar na privacida- vida e conforto”, assegura o provedor. Nesta geografia de afectos, “há nizarem o seu dia da forma mento”, reforça Fernanda Oliveira,
de de uma residência. Neste momento, existem 32 pes- a preocupação de proporcionar o como entenderem” para quem os factores de vizinhança
No distrito de Santarém, este soas, na sua maioria casais, a habitar maior grau de autonomia possível, que aqui se criam, e as cumplicida-
foi um projecto-piloto, iniciado em estas vivendas térreas com climati- no sentido de desenvolvimento do Martins Lopes des que se geram, são “extremamen-
2000, e havia “algum receio quanto zação, compostos por quarto, sala, projecto pessoal de cada um”, disse Provedor te positivas”.
20 vm dezembro 2010 www.ump.pt
terceira idade
VOLTAAPORTUGAL
Póvoa de
Lanhoso Aveiro vai construir
investe em
equipamento
complexo social Obras em Santa
Cruz da Graciosa
O governo regional dos Açores vai
comparticipar a obra de remodela-
Tratando-se de um edifício clas- ção e adaptação do interior do lar de
Para melhorar condições sificado, e dadas as exigências da Se- idosos da Santa Casa da Misericór-
de acolhimento, Santa Casa gurança Social e ao seu actual estado dia da Vila de Santa Cruz da Gracio-
da Misericórdia da Póvoa de de degradação, o provedor acredita sa até ao montante de 903.207,75
Lanhoso acaba de adquirir que será uma intervenção delicada, euros. Nos termos de um acordo
48 camas articuladas para “de modo a não comprometer a sua celebrado entre a Secretaria Re-
o Lar de São José identidade”. gional do Trabalho e da Solidarie-
Lacerda Pais especifica que será dade Social e a Misericórdia, o apoio
preciso remendar tectos, paredes e governamental será repartido pelos
A Santa Casa da Misericórdia da Pó- chão, que estão severamente danifi- anos de 2010 e 2011.
voa de Lanhoso acaba de adquirir 48 cados. Contribuíram, de igual forma
camas articuladas para o Lar de São para o estado de degradação, actos
José. “Queremos dar melhores condi- de vandalismo contra o imóvel, in- Cuidados especiais
ções e uma vida com mais qualidade clusive com tentativas de incêndio. em Castelo Branco
aos nossos idosos. Mais do que isso, A conversão do edifício em cen- Os utentes do Centro Social Dr.
temos a obrigação moral de, dentro da tro de dia — que funcionará a par Adriano Godinho, da Misericórdia
Instituição, nivelarmos a qualidade de Casa do Seixal vai com um serviço de apoio domiciliá- de Castelo Branco, receberam
vida dos nossos utentes, comparada ser reabilitada rio para 60 utentes, proporcionando nove formandos da Belalbi, um
com a de que beneficiam os utentes DIÁRIO DE AVEIRO a criação de 22 empregos — implica- centro de formação profissional
da Unidade de Convalescença e da rá ainda a construção de um anexo de cabeleireiro. Ao longo de um
Unidade de Longa Duração. Se temos no quintal para acolher uma cozinha dia cerca de 40 pessoas tiveram
nestas duas Unidades, tidas como de e um refeitório. direito a corte e brushing, feito por
referência nacional, 57 camas, no lar luta, por se tratar de um edifício O projecto prevê também a pre- formandos do Curso Oficial de Ca-
temos 50”, refere o provedor da Insti- Santa Casa da Misericórdia classificado, mas no início de 2011 servação de um muro construído beleireiro, que possuem a carteira
tuição, Humberto Carneiro. de Aveiro prepara-se para arrancarão as obras”. O investimento com recurso a formas de açúcar, profissional de cabeleireiro de se-
Melhorar as condições e a quali- arrancar, no início rondará o milhão de euros, sendo peças cerâmicas cónicas de fabrico nhoras.
dade do serviço prestado aos utentes do próximo ano, com que a instituição “conta com um local dantes usadas no ciclo de pro-
a intervenção na Casa
65%
do Lar de S. José é, portanto, o ob- apoio de 50 por cento no âmbito do dução do açúcar atlântico, servindo
jectivo desta medida, que representa do Seixal Programa de Alargamento da Rede para a modelação dos pães de açúcar
um investimento superior a 35 mil de Equipamentos Sociais e com o e para a purga do melaço. Como não
euros, que vai permitir que todos os Vera Campos resultado da venda de um terreno tinham saída comercial, acabaram
quartos passem a estar dotados deste doado pela Câmara de Aveiro”. por ser utilizados na construção de
equipamento. A Misericórdia de Aveiro prepara-se Localizado numa área com po- muros de quintais. Dada a actual es- Chumbam renovação
Ainda de forma a melhorar a para arrancar, no início do próximo pulação predominantemente idosa, cassez dessas estruturas em Aveiro, Maioria das pessoas com mais
qualidade de vida dos cerca de 50 ano, com a intervenção na Casa do a Misericórdia pretende transformar a Casa do Seixal é muito procurada de 65 anos chumbam os tes-
utentes do Lar de São José, a Santa Seixal. Um edifício classificado pelo a Casa do Seixal num complexo so- por estudiosos. tes para renovação da carta de
Casa da Misericórdia da Póvoa de Instituto de Gestão do Património cial de assistência à população ca- A Capela da Madre de Deus, condução, segundo o IMTT.
Arquitectónico e Arqueológico e que renciada. “Teremos em atenção a em frente à Casa do Seixal, será
Novo equipamento represen- será convertido em centro de dia. nossa população, idosa e com algu- igualmente requalificada. O edifí-
tou investimento de 35 mil eu- Adquirida pela Santa Casa em mas dificuldades financeiras”, que cio religioso está igualmente muito Araucária iluminada
ros. As camas antigas foram 2000, a Casa do Seixal encontra-se poderão integrar o centro de dia, deteriorado. Os três altares em talha no lar de Gaia
cedidas ao Banco de Volunta- num estado de degradação avança- com capacidade para 30 utentes, e dourada irão merecer uma atenção No passado dia 1 de Dezembro,
riado da Póvoa de Lanhoso do. Em declarações ao VM, o prove- usufruir do serviço de apoio domi- especial, estando a sua recuperação o Lar José Tavares Bastos e a fre-
dor Lacerda Pais lembrou algumas ciliário. Lacerda Pais acredita a obra confiada ao Laboratório de Restauro guesia da Madalena ficaram mais
Lanhoso adquiriu oito cadeiras de ro- dificuldades. “Foram sete anos de possa ficar concluída em 2012. e Conservação da Santa Casa. iluminados. A Junta de Freguesia
das normais; duas cadeiras de rodas da Madalena associou-se à Santa
para obesos; seis colchões de pressão Casa da Misericórdia de Gaia para
alterna; e 10 andarilhos. iluminar a Araucária, presente na-
“Temos que intervir no lar, a nível
das acessibilidades, da segurança, da Provedor de Góis homenageado quele equipamento e que, com
mais de 30 metros, é visível em
inovação. Também vamos investir a quase toda a freguesia. D. Manuel
nível de equipamentos, como as ca- Domingos da Ascensão Cabeças, um Clemente visitou o lar para apreciar
mas, que queremos que sejam idên- Nome de José Cabeças foi dado ao centro investimento de 100 mil euros, o vice- a iniciativa.
ticas às da unidade de longa duração, de reabilitação e bem-estar da Santa Casa -provedor da Misericórdia afirmou que,
com as mesmas funcionalidades, e assim, foi concretizado mais um objec-
vamos substituir grande parte das tivo da Santa Casa, aproveitando a oca- Sempre em férias
camas existentes, dando mais con- O nome de José Cabeças ficará para dalha de ouro do concelho, “o maior sião para se prestar, “de forma sentida e com Inatel
forto aos utentes. Pretendemos igual- sempre associado à Santa Casa da Mi- galardão do município”, como for- reconhecida”, uma homenagem a José Sempre em Férias é o nome da
mente remodelar as acessibilidades, sericórdia de Góis depois de, a 15 de De- ma de reconhecimento pelo trabalho Cabeças. “É graças à sua determinação nova iniciativa para reformados
criar outras condições de segurança, zembro, ter sido atribuído o seu nome que o homenageado, neste momento e perseverança que esta casa se afirma que o Inatel vai criar no próximo
aumentar a capacidade para camas ao Centro de Reabilitação e Bem-Es- afectado por problemas de saúde, como uma referência na prestação de ano. Programa pretende ser uma
e remodelar os quartos existentes”, tar inaugurado em Vila Nova do Ceira. desenvolveu enquanto médico, pre- cuidados à população idosa”, lembrou. alternativa à institucionalização
refere o provedor, revelando que esta Segundo o Diário As Beiras, pre- sidente da direcção da Associação A inauguração é “o concretizar dos idosos, que assim têm a opor-
é uma intervenção a ser realizada por tendendo ser esta uma homenagem de Desenvolvimento Integrado da de um sonho”, disse José Serra, tunidade de passar três meses em
fases, de acordo com as disponibili- ao provedor que dirigiu a Santa Casa Beira Serra (ADIBER), antigo presi- lembrando que José Cabeças “des- cada uma das unidades hoteleiras
dades da Misericórdia. desde 1989, quando teve início o dente da câmara e ex-presidente da de cedo elegeu como prioridade a da fundação, usufruindo de cuida-
As camas antigas foram cedidas processo de reactivação da Miseri- Administração Regional de Saúde. criação de uma estrutura desta na- dos médicos, alojamento, alimen-
ao Banco de Voluntariado da Póvoa córdia, a presidente da Câmara de Na inauguração do Centro de tureza e acautelou um espaço que tação e programas culturais e de
de Lanhoso. Góis anunciou a atribuição da me- Reabilitação e Bem-Estar – Dr. José permitisse a sua criação”. entretenimento.
22 vm dezembro 2010 www.ump.pt
saúde
Misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
Situação Actual
2335
212
131
118
66% 34%
76
2335
Nº de Camas Nº de UnIDADES Nº de SCM RNCCI
Sector Privado
RNCCI 2951
1558
4517
1478 1143
1309
2335
423
1092
839
641
682
386
314
287
187
158
109
81
14 35
0 0 0
Convalescença MDeR LDeM Paliativos Convalescença Paliativos MDeR LDeM
682 158 1478 2199
www.ump.pt dezembro 2010 vm 23
Centro de Paramiloidose na RNCCI
Está concluído o processo de reconversão do Centro de Estudos e Apoio
à Paramiloidose, ou doença dos pezinhos, da Misericórdia da Póvoa
de Varzim, numa unidade de cuidados continuados integrados.
Presença
Nº de camas por tipologia - Situação actual maioritária
obriga à
Região de Saúde 921
excelência
Norte (SCM=32) 740
Santas Casas detêm 66%
da Rede Nacional de
CEntro (SCM=22) Cuidados Continuados,
278 uma presença que obriga
251 a uma cada vez maior
LVT (SCM=7) preocupação com excelência
145
EDUCAÇÃO
Vendas Novas inaugura NÚMEROS
345
Mil euros
Através do Programa de Alargamento da
Rede de Equipamentos Sociais, a creche
foi comparticipada em 345 mil euros. A
autarquia colaborou com 83.500 euros.
58
Crianças
O equipamento vai receber 58 crianças
e para o seu funcionamento foi assinado
um acordo de cooperação com o Centro
Distrital da Segurança Social.
800
Equipamentos
O governo socialista espera construir
mais de 800 equipamentos financiados
pelo Programa de Alargamento da Rede
Equipamento vai de Equipamentos Sociais.
83
receber 58 crianças
património
estante
voz activa
Editorial VM Opinião
Voz das
Misericórdias
As Misericórdias Portuguesas nas- tagem cobrada ainda vai aumentar.
Órgão noticioso ceram em Lisboa em 1498, pela mão Como tudo que é pequeno, ou
das Misericórdias
em Portugal da Rainha D. Leonor, vindo a pouco seja não é Departamento de Estado,
e no mundo e pouco a proliferar pelo país. São Fundação ou Instituto Publico, fica
Propriedade: as Misericórdias e as IPSS que hoje sem voz, torna-se invisível, ape-
Paulo Moreira União das Misericórdias Vasco Fernandes realizam a grande se não a totalida- nas mais um com obrigações, sem
paulo.moreira@ump.pt Provedor da Mis. de Torres Vedras
Portuguesas de do serviço social que competia direitos sem visibilidade, assim se
Contribuinte: ao Estado realizar, é verdade que estagna uma sociedade, assim não
501 295 097
Cidadania Redacção
e Administração:
IVA para as esta prestação de serviços é com-
participada, mas estas verbas não
se pode apoiar, a nós só nos é dado
o direito de contribuir enquanto nos
empenhada Rua de Entrecampos, 9,
1000-151 Lisboa
Santas cobrem os valores reais dos custos
das Instituições, mas com a força de
é exigido o cumprimento das leis,
das obrigações fiscais e ainda ser-
Tels:
218 110 540
Casas em 2011 vontade, o desejo de ajudar o outro, vir o outro, que é obrigação de um
Passamos 2010 a invocar o combate vai encontrando soluções para sub- Estado que empurra as suas obriga-
218 103 016
à pobreza, em muitos casos com Fax: sistir no dia-a-dia. ções sociais para a sociedade civil.
manifestações e iniciativas mais ou menos 218 110 545 Se a situação destas Instituições A partir de 2011 quem vai apoiar
folclóricas e, que se saiba, de concreto e-mail: que prestam serviço social, Miseri- o Idoso com reformas de fome, a
pouco ou nada se fez para atacar de facto jornal@ump.pt
o fenómeno córdias, Centros Paroquiais e outras quem aumentaram os medicamen-
Tiragem
congéneres tem sido difícil, devido tos, a luz, a água, o pão, a quem
do n.º anterior:
às muitas exigências da Segurança tudo o que sobra é o vazio, quem
C
13.550 ex.
hegados ao fim de 2010, é Registo: Social, às poucas comparticipações vai apoiar as famílias com crianças
tempo de fazermos o balanço. 110636 e dificuldades económicas das famí- cujo rendimento familiar acabou,
Encerra-se o Ano Europeu Depósito legal n.º: lias, a partir de 2011 as dificuldades porque o desemprego bateu á porta,
55200/92
de Luta Contra a Pobreza e a vão ser agravadas em grande escala. porque o subsídio terminou, pelas
Assinatura Anual:
Exclusão Social. Sucederam- Normal - €10 A Segurança Social não realiza mil e umas razões que nasceram
se um pouco por todo o espaço europeu Benemérita – €20 novos acordos, corta alguns já exis- neste país, onde hoje a fome é o
e em Portugal, diversas iniciativas Fundador: tentes e não efectuam aumentos, as pão-nosso de cada dia em muitos
sobre as quais importa reflectir um Dr. Manuel Ferreira famílias vivem cada vez com mais lares, onde a miséria alastra nos
da Silva
pouco. Por cá, as verbas alocadas a esta dificuldades, as despesas aumen- sem abrigo que surgem a cada es-
Director:
iniciativa, foram sobretudo canalizadas Paulo Moreira tam, e para agravamento da situ- quina? São as Misericórdias e as
para publicidade na rádio e televisão Editor: ação o governo corta um benefício IPSS deste país? E Onde vão elas
e para a produção de t-shirts, sacos, Bethania Pagin que estas Instituições usufruíam, buscar recursos para realizar o mi-
autocolantes, canetas e outros materiais Design e Composição: nomeadamente o reembolso do IVA lagre das rosas?
Mário Henriques
publicitários. Fizeram-se marchas, relativo a obras destinadas à pros- Hoje as Instituições vivem sufo-
Publicidade:
jornadas de sensibilização ou reflexão e Paulo Lemos Instituições secução dos fins. cadas de problemas, de exigências,
iniciativas semelhantes. Houve lugar a Colaboradores: vivem sufocadas Sempre com dificuldades, mas enfraquecidas no ânimo de não
alguns seminários no espaço europeu e Adriana Melo de problemas, com algum esforço as administra- conseguir dar ao próximo o que ele
assistimos à intervenção, mais ou menos Celso Campos de exigências, ções iam conseguindo conservar precisa, o que ele merece, é assim
Filipe Mendes
inflamada, de várias personalidades
Patrícia Leitão
enfraquecidas o património ou construindo um que se transforma uma energia de
nacionais e estrangeiras, reclamando Patricia Posse no ânimo de não novo espaço necessário às respostas trabalho em desânimo.
a necessidade urgente de financiar Susana Martins conseguir dar ao exigidas pela sociedade, sempre se
estudos e projectos de investigação sobre Suzana Marto próximo o que ele recebia o valor do IVA cobrado na
a pobreza nas suas várias vertentes. Vera Campos precisa, o que ele facturação, agora para além de não
Assinantes:
Que eu saiba, há já várias estantes
Sofia Oliveira
merece ser ressarcido esse valor a percen-
cheias de estudos para todos os gostos Impressão:
sobre esta temática, faltando realmente Diário do Minho
passar à prática para construir respostas – Rua de Santa
concretas que combatam este problema. Margarida, 4 A
4710-306 Braga
Passamos o ano de 2010 a invocar o
combate à pobreza, em muitos casos
Tel.: 253 609 460 Correio VM
com manifestações e iniciativas mais
ou menos folclóricas e, que se saiba,
de concreto pouco ou nada se fez para Lugares de beleza guardanapos, dos pratos, do cen- peixe, porque hoje é bacalhau.
atacar de facto o fenómeno. Resta-me a tro de mesa. Coloco cada prato Antigamente, na véspera das
satisfação de poder assinalar diversas Ao estender a toalha recém engo- pensando na pessoa da família festas fazia-se abstinência – esse
iniciativas concretas e discretas de mada e ao recontar novamente que se vai sentar nesse lugar. Tem sacrifício de não comer carne.
solidariedade efectiva e actuante levadas os convivas, ressoam na minha que ter espaço, embora a família Comer peixe continua a ser
a cabo por algumas instituições da memória umas palavras de Bento seja grande e ficar onde possa coisa difícil para muita gente, em
sociedade civil nas quais me apraz XVI, em Lisboa, no Centro Cultu- conversar. As crianças, o mais especial com os talheres específi-
contar com muitas Santas Casas. ral de Belém: “Fazei coisas belas, juntas possível, para ser mais cos. Bacalhau não constitui uma
Trabalho que vem sendo feito há muitos mas sobretudo fazei das vossas fácil servi-las e ver o que comem. refeição pobre, mas os sinais de
anos, independentemente de ser ou não vidas lugares de beleza”. O centro de mesa é uma coroa do contenção, de sobriedade, vão
o ano dedicado a este fim. Espero que, Pôr a mesa, e em particular a Advento cujas 4 velas a criança aparecendo no meio da festa:
em 2011, o Ano Europeu do Voluntariado mesa de Natal, pode constituir mais nova foi acendendo, uma a batatas e couves, doces feitos de
tenha outra dinâmica e resultados mais uma forma gráfica de criar um uma, nos almoços dos 4 domin- pão duro disfarçado com mel e
palpáveis, permitindo a construção de lugar de beleza, um acto de cultu- gos anteriores ao Natal. frutos secos, os restos aprovei-
uma verdadeira rede de voluntários, ra, uma forma de arte. Efémeros, Acto de cultura é a disposição dos tados para a “roupa velha”…
afirmando e construindo assim uma é certo; mas não são efémeras a talheres. Não é indiferente. Não é Apontamentos semi-ocultos que
cidadania empenhada e participativa. maioria das obras de arte mais preciso colher de sopa, porque na vão recordando que o Menino
Desejo, por último, em nome do Jornal surpreendentes e imprescindí- noite de consoada não se come também nasceu em circunstân-
e no meu próprio, a todos os leitores e veis? Uma gota de chuva, um sopa. (Aleluia!!! Dirão aqueles cias de crise.
União das Misericórdias
colaboradores um Santo Natal e um 2011 Portuguesas pôr-do-sol, uma flor? que não gostam deste prato da Encontro lugar para os copos e
à medida dos nossos sonhos! Conjugo as cores da toalha, dos dieta mediterrânica.) Talheres de todos os talheres de sobremesa.
www.ump.pt dezembro 2010 vm 31
reflexão
O ser humano conseguiu maiores com enorme crescimento do número Foi assim necessário dotarem-se No entanto, todos reconhecemos
ganhos na sua própria longevidade de pessoas mais velhas, e profundas de recursos materiais e humanos que muitas pessoas continuarão a
nos últimos 60 anos do que em toda alterações nas necessidades sociais, com novas capacidades e compe- morrer e a viver os seus últimos dias
a sua anterior evolução de centenas ambientais e de saúde. tências capazes de construir com nos Lares e em casa com apoio do-
de milhares da anos. Assistimos assim ao crescimento qualidade estruras de gerontologia miciliário. Assim como todos sabe-
Manuel Caldas de Almeida A esperança média de vida que de novas necessidades sociais e de e geriatria generalistas. mos que uma percentagem elevada
Membro do Secretariado Nacional da UMP
durante milénios andava pelos 30 a saúde e também da interdisciplinari- Começa agora a tornar-se evidente (cerca de 30%) dos utentes dos Lares
40 anos e que nos anos 50 do século dade destas duas áreas, com a preva- que, na área da geriatria e gerontologia, das Misericórdias tem demência e
Como Contactar-nos
Correio Rua de Entre campos, As cartas devem ser identificadas com morada e número
9, 1000-151 Lisboa de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito
Fax 218 110 545 de seleccionar as partes que considera mais importantes.
email jornal@ump.pt Os originais não solicitados não serão devolvidos
Primeiro a colher, pois virão mexi- tangível nos olhos dos outros, o capaz de cumprir e vir a trazer cam às compras, às decorações Nós tivemos a nossa avó num lar
dos vários, porque cada casa tem Deus-Amor que dorme no presépio. consequências para as pessoas de Natal, enfim ao consumismo e claro as despesas eram mais
a sua variante e a aletria da tia é que necessitavam de uma palavra em massa, quero-vos agradecer que muitas: pagar mensalida-
sempre melhor e mais amarelinha. Maria Amélia Freitas amiga e de uma esperança. por não se deixarem influenciar de, fraldas, medicamentos fora
Depois, o garfo e faca virados um mariameliafreitas@gmail.com Cada vez me questiono mais se e darem oportunidade a todos os as despesas inesperadas. Mas
para o outro, para as rabanadas um dos principais objectivos da assinantes do VM de terem consci- sentimos as nossas consciências
ou a fruta. O aroma a mel e canela Decretos que geram Igreja (sim porque esta institui- ência do que se passa na socieda- tranquilas por termos o nosso
rescende das travessas antigas, incertezas ção tem um compromisso com o de actual (se bem que a maioria dever cumprido, mas muitas
herdadas dos avós. Dos avós her- ser humano) não deveria de ser das pessoas prefere não ver). vezes, em conversas com amigos
dámos também todas as receitas, Algumas coisas parecem ser tão ajudar, ensinar a amar o próximo, Talvez a minha carta seja mais um e familiares questionávamo-nos
os sabores, os rituais, a fé num óbvias que temos tendência a levar conforto em vez de andar desabafo mas a vossa reportagem se como seria o dia-a-dia dos
Deus que nasceu numa família aceitá-las sem reservas, mas há com Decretos que só conseguem “rostos que iluminam um sorriso” “avozinhos” que não tem nin-
como a nossa. outras que nos deixam cada vez gerar o pânico e incertezas entre fez-me reflectir sobre como se guém e, para ser sincera, embora
Não significa isso que na nossa mais tristes e com um sentimento os que mais precisam? pode fazer alguém feliz, quando tivesse conhecimento dos apoios
mesa não haja Coca-Cola e gomas de injustiça dentro de nós. É triste Maria do Céu Horta nada parece sorrir à sua volta. aos idosos nunca pensei que
ao lado dos pinhões e das nozes. constatar que nem nesta quadra Beja A sociedade actual tem tendência fossem tão bem feitos, tendo por
Importa sim que cada um note e os homens não se entendem. Nun- a ver os mais idosos como um vezes chegado mesmo a duvidar
saboreie que é festa, que lhe entre ca me dediquei a ser voluntária Terceira Idade fardo e uma despesa, mas não do carinho que era dado a essas
por todos os sentidos o passado e o (pelo menos de nome), talvez pelo nos podemos esquecer que foram pessoas.
futuro, as tradições e o carinho de medo de assumir um compro- Nesta altura do ano em que cada essas mesmas pessoas as respon- Antónia Machado
família, a alegria de ver encarnado, misso que depois poderia não ser vez mais as pessoas só se dedi- sáveis por estarmos aqui. Sátão
Crato Equipamento Misericórdias
4517
Cuidados continuados
Maior acervo Vendas Novas 66% 34%
Santas Casas
de Meninos inaugurou detêm 66%
Jesus creche para 58 da Rede
Património Pág. 28 Educação Pág. 26 2335 Saúde Págs. 22 e 23
RNCCI
www.ump.pt
12 10
O Voz das Misericórdias
deseja a todos os seus
leitores, assinantes e
colaboradores um santo
Natal e um 2011 repleto
de realizações