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EE Profa.

Margarida Maia de Almeida Vieira


Língua Portuguesa - Gênero da Tipologia Relatar - Leitura e Análise de Textos - 7º Ano - 1º Bimestre / 2020

Leia atentamente os textos abaixo para responder ao que se pede. Estruture resposta completa.

GENTE É BICHO E BICHO É GENTE


Querido Diário, não tenho mais dúvida de que este mundo está virado ao avesso! Fui ontem à cidade com
minha mãe e você não faz ideia do que eu vi. Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste,
estranha, diferente, desumana... E eu fiquei chateada.
Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe o que ele estava
procurando? Ele buscava, no lixo, restos de alimento. Ele procurava comida!
Querido Diário, como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia de coisas imundas e retirar dela algo para
comer? Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou contando. Ele colocou num saco de plástico enorme um montão
de comida que um restaurante havia jogado fora. Aarghh!!! Devia estar horrível!
Mas o homem parecia bastante satisfeito por ter encontrado aqueles restos. Na mesma hora, querido Diário,
olhei assustadíssima para a mamãe. Ela compreendeu o meu assombro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele
homem vai comer aquilo?” Mamãe fez um “sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico
brava quando você reclama da comida?”.
É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. E larguei no prato,
duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!
Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso cachorro. Nem ele come uma comida igual àquela que o
homem buscou do lixo. Engraçado, querido Diário, o nosso cão vive bem melhor do que aquele homem.
Tem alguma coisa errada nessa história, você não acha?
Como pode um ser humano comer comida do lixo e o meu cachorro comer comida limpinha? Como pode,
querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho? Naquela noite eu rezei, pedindo que Deus
conserte logo este mundo. Ele nunca falha. E jamais deixa de atender os meus pedidos. Só assim, eu consegui
adormecer um pouquinho mais feliz.
(OLIVEIRA, Pedro Antônio. Gente é bicho e bicho é gente. Diário da Tarde. Belo Horizonte, 16 out. 1999).

Exercícios
01. O texto lido é do gênero “Relato Pessoal”, do tipo “Diário”. Que marcas textuais comprovam essa afirmativa?
02. A narradora inicia seu relato afirmando não ter mais dúvida de que o mundo está “virado ao avesso”? Por que ela
afirma isso?
03. O texto aborda uma problemática social muito específica. Indique tal problemática e justifique sua resposta.
04. Em certo trecho, a narradora se diz muito envergonhada? Do que ela se envergonha?
05. A narradora compara a vida de seu cachorro à vida do homem que buscava comida no lixo. A partir dessa
comparação, pode-se afirmar que o autor do texto quer mostrar a vida humana, muitas vezes, sendo menos
valorizada que a vida de um animal? Justifique seus comentários.
06. No final do relato, a narradora deposita sua confiança em um ser divino. Por que ela não deposita essa confiança
em outro ser humano? Explique.
07. Em sua opinião, o que pode ser feito para diminuir o sofrimento de pessoas como o homem retratado no relato?
Justifique.
Velho Canivete
Já ganhei vários presentes. [...]
Mas acho que, se alguém me forçasse a escolher o melhor presente que já recebi, eu ficaria mesmo com o
canivete suíço que meu pai me deu 11 anos atrás. Não é um canivete qualquer: é daqueles gordos, com dezenas de
ganchinhos, serrinhas, lâminas. Com caneta, pinça, lupa, tesoura, alicate. Ele ainda veio num estojo de couro, com
lápis, pedra de amolar, band-aid, kit de costura, lixa. E um espelhinho acompanhado de um papel com o código
morse – sim, para eu me comunicar refletindo a luz do sol em caso de naufrágio, ou terremoto, ou tsunami, sei lá.
O canivete já me salvou de várias [...]. Ele já passou por boas, e isso fica claro quando se mexe nele. As
articulações já não são tão suaves, as molas endureceram, muitas peças estão tortas e não encaixam direito. A
caneta sumiu, os band-aids suíços acabaram, as agulhas de costura estão com as pontas pretas de tanto serem
colocados na chama para esterilizar antes de serem usadas para extrair espinhos. Apesar de ser de aço inox, há
marcas de ferrugem por toda parte. Enfim, tudo nele dizia “está na hora de comprar um canivete novo”.
Pois é, hoje em dia existem canivetes espetaculares, até com recursos eletrônicos (lanternas, pen drives e sei
lá mais o quê). Aí comecei a lembrar a origem daquelas marquinhas – e cada uma delas me transportou para um
lugar diferente. Cada uma era prova de que aquele canivete viveu. De que ele abriu latas, serrou cabos de aço, lixou
unhas quebradas, aparou minha barba, arrombou portas, consertou bicicletas, tapou buracos de botas, ajustou
óculos. De que ele esteve em todos os cantos do mundo e tomou banho de mar, de óleo de peixe em conserva, de
molho de tomate, de vinho vagabundo. E me lembrei de quando ganhei o canivete de presente: eu estava de saída
para a minha primeira longa temporada fora de casa – nove meses na estrada de mochila nas costas – e, como meu
pai não podia ir comigo, aquele foi o melhor jeito que ele teve de me dizer “quer uma força?”
Fui buscar uma escova de dentes velha e uma lata de querosene e comecei a limpar as entranhas dele.
Foram umas duas horas de trabalho, esfregando, desentortando, enxugando. Não dá para dizer que o canivete ficou
novo – as marcas continuam lá, e vão continuar sempre. Mas acho que ele está pronto para a próxima.
(Denis Russo Burgierman. Vida Simples, nº56. Editora Abril.)
Exercícios
1. Nesse texto, o autor relata fatos que viveu, depois de ter ganhado um canivete de presente do pai.
a) Qual foi o motivo do presente?
b) Na sua opinião, as marcas no canivete são também marcas que estão no autor? Por quê?
c) Que sentido tem o trecho “[as marcas] vão continuar sempre”?
2. Nos relatos é comum o emprego da descrição, usada para caracterizar as pessoas, os lugares, os objetos, etc.
Pela descrição feita no relato, como estava o canivete antes de o narrador limpá-lo?
3. Os fatos relatados pelo narrador são inventados por ele ou são recordações de experiência vivida? Que trecho do
4º parágrafo comprova sua resposta?
4. Releia os seguintes trechos do relato e observe as palavras destacadas: “Já ganhei vários presentes” “eu ficaria
mesmo com o canivete suíço que meu pai me deu 11 anos atrás” “cada uma delas me transportou para um lugar
diferente”
Isabella Siqueira – Equipe PIP/CBC Língua Portuguesa SRE Curvelo
a) Os pronomes destacados (negrito) referem-se a que pessoa do discurso?
b) Em que tempo estão as formas verbais destacadas (itálico)?
c) O autor participa da história como observador ou como protagonista?
5. No relato, normalmente se emprega a variedade padrão da língua, que pode ser formal ou informal, dependendo
de quem é o narrador-protagonista e/ou seu ouvinte ou leitor.
a) No relato em estudo, que variedade linguística foi empregada?
b) O autor faz uso de certa informalidade em seu relato?
6. Levante hipóteses: a que tipo de público esse relato pessoal se destina?
7. Qual é o suporte desse gênero textual, isto é, como ele é veiculado para atingir o público a que se destina?
8. Por que a frase: “quer uma força?” (linha 22) está entre aspas?

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