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Geografia,
Prof. Conceição Guerra
30 DE ABRIL DE 2020
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO DE HOLANDA
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Introdução
Neste trabalho iremos abordar o Genocídio da Arménia que foi, para muitos,
um dos mais marcantes da História. Esta proposta de trabalho permitiu-nos conhecer
melhor, não só o que foi o genocídio em si, mas também as suas causas,
consequências e acontecimentos que envolveram este ato de extermínio sistemático
de milhões de arménios.
A metodologia utilizada neste trabalho inclui a pesquisa de conteúdos, imagens
e gráficos em diversas fontes de informação.
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Localização e características da Arménia
A República da Arménia é um país
localizado no sul do Cáucaso, faz fronteira
com o Azerbaijão, Turquia, Irão e Geórgia e
estima-se que possui cerca de 3 000 000 de
habitantes. A sua capital é Yerevan, e nela
situa-se o Memorial do genocídio. A sua
moeda local é o Dram. Podemos dizer que a
Arménia se localiza numa região conhecida
como Eurásia, que divide a Europa Oriental e https://www.istockphoto.com/pt/vetorial/arm%C3%A9nia-mapa-pol%C3%ADtico-gm537925587-57999052
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Contextualização histórica do conflito
História da Arménia
Ao longo dos séculos, dentro da vasta região do Oriente Médio, cercada pelos
mares Negro, Mediterrâneo e Cáspio nasceu uma rica comunidade arménia. Assim,
conhecida como Ásia Menor, esta área situa-se no cruzamento de três continentes:
Europa, Ásia e África, e foi, ao longo dos anos, governada por diferentes povos como
persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes e mongóis.
A nação surgiu em 600 a.C., dando início a uma era de paz e prosperidade, marcada
pela invenção de um alfabeto e o surgimento da literatura, arte, comércio e
arquitetura. Em 301 d.C., foi o primeiro país no mundo a adotar o cristianismo como
religião oficial (antes mesmo de Roma) e, apesar das repetidas ocupações, o povo
arménio conseguiu conservar a sua identidade cultural e o seu patriotismo. Neste
sentido, a Arménia sofreu uma invasão do poderoso Império Turco-Otomano, ficando
sob o seu domínio. Contudo, a partir do século XIX, os exércitos turcos começaram a
perder força e a sofrer constantes derrotas em batalhas frente aos europeus. Desta
forma, pouco a pouco, gregos, sérvios, romenos e outros povos conquistaram a sua
aguardada independência.
Na década de 1890, os jovens
arménios, já com a ambição de
quererem obter totalmente a sua
independência, passaram a exigir
reformas políticas, pedindo um governo https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Turco-Arm%C3%AAnia
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Principais acontecimentos do genocídio
O que foi o Genocídio da Arménia e as suas causas?
Um genocídio é o extermínio deliberado de pessoas motivado por
diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sociopolíticas e tem como
objetivo final o extermínio de todos os indivíduos integrantes de um mesmo grupo
humano específico.
O massacre arménio começou com a criação da política “panturquismo” com o
objetivo de instaurar no Império Otomano uma política que valorizasse os povos
turcos e turco-descendentes em detrimento de outras culturas, nomeadamente
aquelas que adotavam o cristianismo, como os arménios, gregos e assírios.
Assim, o dia 24 de abril de 1915 (conhecido como o “Domingo Vermelho”) é a data
consagrada como o dia em que o Império Otomano (posteriormente a República da
Turquia) iniciou o processo de extermínio sistemático dos arménios e que apenas
terminou em 1923, sendo esta hostilidade das autoridades otomanas para com os
arménios muito antiga.
Efetivamente, este grupo étnico era uma das várias minorias religiosas que havia
sido integrada no Império Otomano ao longo de vários séculos, contudo começou a
surgir um sentimento de nacionalismo exacerbado neste mesmo Império, que teve
como consequências revoltas e repressões recorrentes. Para além disso, o povo
arménio encontrava-se na fronteira entre os impérios otomano e russo, o que
suscitava interesse a ambos os impérios pela posição estratégica de guerra. Não só
este fator, como também a desagregação e declínio do Império Otomano na viragem
do século XX foram as causas mais próximas que se prendem com o genocídio
arménio.
Deste modo, como consequência destes
fatores resultaram massacres indiscriminados,
perseguições generalizadas, eliminação dos
líderes das comunidades arménias e até https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-o-genocidio-armenio-
holocausto-turco.phtml
mesmo a deportação maciça deste grupo de Figura 4. Jovens arménios crucificados pelos
turcos
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pessoas para campos de concentração, em condições apavorantes. De igual forma,
jovens foram recrutados pelo exército turco e, mais tarde, assassinados pelos próprios
colegas. Mulheres, crianças e idosos foram conduzidos para centros de realocação em
desertos estéreis da Síria e Mesopotâmia, e os restantes padeceram ou com a fome,
ou com a sede, ou até mesmo com doenças. Da população que sobreviveu a este
massacre, arménios adultos foram forçados a adotar o islamismo e milhares de
crianças foram separadas dos pais e criadas como turcas. Sendo ainda hoje objeto de
discussão, estima-se que entre 500 mil e 1 milhão morreram em virtude deste
acontecimento.
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A 29 de maio de 1915, o Comité para a União e o Progresso aprovou a Lei Temporária
de Deportação, mais conhecida por Lei de Tehcir, dando, assim, ao governo e a
militares otomanos a autorização para a deportação da população arménia do Império
Otomano. No entanto, a 13 de setembro do mesmo ano, foi aprovada, pelo
parlamento otomano, uma nova lei, a “Lei sobre propriedades e bens abandonados
por deportados”. Com esta lei, o governo otomano tomou posse de todas as
propriedades e bens de arménios abandonados.
Com efeito, a população arménia foi levada para a cidade síria de Deir ez-Zor.
Idosos, mulheres e crianças tinham, inicialmente, o privilégio de serem transportados
em comboios. No entanto, ao longo do tempo, limitavam-se a atravessar a pé o
deserto da Mesopotâmia. Existem relatos que os barcos, onde os arménios eram
transportados, afundavam-se no Mar Negro e no Rio Tigre. As ordens de deportação
eram anunciadas publicamente e as famílias tinham dois dias para juntar os seus
pertences. Quando as pessoas eram expulsas de suas casas, estas eram vendidas e os
pertences eram roubados. Noutros casos, queimavam as residências, mesmo com os
moradores dentro. Privados dos seus pertences e caminhando pelo deserto, centenas
de milhares de arménios morreram, por fome e sede extremas, doenças ou atacados
pelas tropas que estavam responsáveis pela sua integridade física.
O desfecho do massacre arménio
Durante o massacre os arménios começaram a adquirir armas e a lutar contra os
turcos, como forma de resistência ao extermínio total.
Na batalha de Sadarabad, em 1918, este massacre não foi aceite. Depois da vitória
dos arménios, os líderes do país expuseram o início de uma República Independente
da Arménia. Nesse mesmo ano, verificou-se a derrota da Alemanha e os poderes
centrais, incluindo na Turquia, mas não
só, esse ano foi também o fim da
Primeira Guerra Mundial. Antes do
conflito terminar e anteriormente à
vitória dos arménios, alguns líderes do https://www.acidigital.com/noticias/senado-dos-estados-unidos-aprova-resolucao-que-reconhece-genocidio-armenio-72817
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o Djemal fugiram para território alemão, onde foram protegidos.
Contudo, durante o massacre, os turcos destruíram uma grande parte do
património cultural arménio, incluindo obras de arte, construções e antigas bibliotecas
e arquivos. A Arménia ficou completamente destruída e arrasada.
Em 1995 foi fundado, o Museu e Instituto do Genocídio Arménio e é a principal
instituição dedicada à pesquisa e reconhecimento do genocídio no mundo todo.
https://www.itinari.com/pt/tsitsernakaberd-armenian-genocide-memorial-57m8
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Como se deu o regresso a casa?
A 30 de outubro de 1918, o Império Otomano entregou-se às forças da Tríplice
Entente (Grã-Bretanha, Rússia e França). Um pacto sobre o armistício permitiu assim
que os arménios deportados voltassem para casa.
Em 1919, um tribunal militar de Constantinopla declarou vários funcionários
otomanos de alto escalão culpados de crimes de guerra, nomeadamente contra os
arménios e, por esse motivo, condenou-os à morte.
Em 1920, o Império Otomano foi destruído, dois anos depois de ter sido criado o
Estado Independente Arménio, imediatamente absorvido pela União Soviética.
mágoa.”
Figura 7. Jovens Turcos
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Papel da Cruz Vermelha no apoio à população envolvida no conflito
O auxílio da Cruz Vermelha, que até então não era considerada uma Organização
Não Governamental, foi essencial neste massacre. A Cruz Vermelha encaminhava as
pessoas mais frágeis, como crianças e idosos arménios. Direcionava as crianças para
um orfanato localizado na ilha grega de Corfu. Nesse local, as crianças, já fora de
perigo, aprendiam disciplinas em francês, mas também assistiam a aulas em arménio
para não perderem o vínculo às suas raízes culturais.
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"A deportação arménia é uma verdadeira tragédia", reconhece Ilber Ortayli, professor
de História na Universidade Galatasaray de Istambul, e pede que os historiadores dos dois
países se ocupem desta questão e estudem ponto por ponto este período da história turco-
arménia para "ir ao fundo da questão".
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/12/congresso-dos-eua-
reconhece-formalmente-genocidio-armenio-decisao-irrita-turquia.ghtml
301 do Código Penal que castiga com prisão aqueles que ofendem os valores da nação
turca. Esta forma de censura já foi posta em prática inúmeras vezes contra intelectuais
que apontaram que os arménios foram vítimas de um genocídio.
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O reconhecimento do Genocídio Arménio
Raphael Lemkin, um advogado judeu polaco, criou em 1944 a expressão
“Genocídio”. A sua família foi vítima do Holocausto. Além de fazer alusão ao
assassinato em massa dos judeus, o advogado Raphael Lemkin tencionava também
descrever o abuso realizado contra os arménios, a partir de 1915.
A ONU aprovou a “Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de
Genocídio”, a 9 de dezembro de 1948, considerando-o um crime internacional que
deve ser combatido por todos os países membros. Para além da Organização
Internacional dos Direitos Humanos, instituições como o Mercosul, a Corte
Internacional de Justiça e a Associação Internacional dos Estudiosos do Genocídio já
reconheceram que este massacre arménio se refere a um Genocídio.
Para além da Arménia, os primeiros países a reconhecerem o Genocídio, em 1996,
foram a Grécia e o Canadá. Atualmente, já mais de 20 países o fizeram, além de 42 dos
50 Estados dos EUA.
A grande preocupação refere-se à possível premeditação dos atos de extermínio. “O
artigo número 2 da Convenção de Viena sobre Genocídio, de dezembro de 1948,
descreve-o como atitudes com a intenção de “destruir, parcial ou totalmente, um
grupo étnico, racial, religioso ou nacional”, ou seja, se for premeditada com essa
finalidade, o massacre se caracteriza como um genocídio.”. Embora muitos
historiadores e políticos julguem que abusos contra os arménios foram intencionais, a
autoridade turca declara que em nenhum momento houve uma tentativa sistemática
de destruir a nação. O governo do país dá especial destaque para vários muçulmanos
inocentes que também morreram durante a guerra.
O Senado Brasileiro reconheceu, em 2015, o Genocídio Arménio, tendo forçado
Governo Federal a reconhecê-lo também. Contudo, só algumas cidades e Estados
brasileiros o reconhecem, como a capital paulista, Campinas e o Estado do Paraná.
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A denúncia do genocídio arménio feita pelo Papa aos Turcos
Quando regressou da sua visita apostólica à Arménia, o Papa Francisco comunicou aos
jornalistas: “neste genocídio
(arménio), tal como nos outros dois
(nazi e soviético), as grandes
potências internacionais, olharam
para o lado…” Por vingança, o vice-
primeiro ministro acusou o Papa de https://www.icatolica.com/2015/04/papa-francisco-chama-mortes-na-armenia.html
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membros do grupo; impor ao grupo condições de vida destinadas à eliminação física, no
todo ou em parte; impor medidas destinadas a evitar nascimentos dentro do grupo;
transferir crianças para outro grupo, à força.”
Testemunhas
“Por que não nos matam logo? De dia não temos água e os nossos filhos choram de
sede; e pela noite os maometanos vêm aos nossos leitos e roubam as nossas roupas,
violam as nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos caminhar mais, os
soldados espancam-nos. Para não serem violentadas, as mulheres lançam-se à água,
muitas abraçando a crianças de peito.”
“Em geral, as caravanas de arménios deportados não chegavam muito longe. À
medida que avançavam, o seu número diminuía com consequência da ação dos fuzis,
dos sabres, da fome e do esgotamento... Os mais repulsivos instintos animais eram
despertados nos soldados por essas desgraçadas criaturas. Torturavam e matavam. Se
alguns chegavam a Mesopotâmia, eram abandonados sem defesa, sem víveres, em
lugares pantanosos do deserto: o calor, a humidade e as enfermidades acabavam, sem
dúvida, com a vida deles.”
“Na sua tentativa de realizar seu propósito de resolver a questão arménia pela
destruição da raça arménia, o governo turco recusou-se a ser intimidado nem pelas
nossas representações, nem por aqueles da Embaixada Americana, nem pelo delegado
do Papa, nem pelas ameaças da Allied Powers, nem em deferência para a opinião
pública do Ocidente que representa metade do mundo” – Paul Wolff-Metternich
(Embaixador da Alemanha para o Império Otomano).
“O verdadeiro propósito da deportação foi o roubo e destruição, que realmente
representou um novo método de massacre. Quando as autoridades turcas deram as
ordens para estas deportações, eles estavam apenas a dar a sentença de morte para
toda uma raça”- Henry Morgenthau (Embaixador dos EUA para o Imperio Otomano)
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Conclusão
Concluindo, após termos analisado, com pormenor, as causas e consequências
deste ato que podemos caracterizar como desumano, apenas fica no pensamento a
dúvida de como há seres humanos que conseguem ser tão insensíveis e cruéis para
mandar exterminar seres vivos da mesma espécie.
É certo que todos temos as nossas diferenças e, por vezes, custa aceitá-las,
contudo, adotar uma postura racista ou discriminatória, ao ponto de executar alguém,
apenas para ter mais poder ou porque simplesmente consideramos a nossa raça
superior à dos outros, não pode ser uma solução.
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Webgrafia
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-genocidio-armenio/
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-historia-da-
ocupacao-da-armenia-pela-turquia/
https://www.politize.com.br/ocupacao-da-armenia-pela-turquia/
https://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/armenia
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-o-genocidio-
armenio-holocausto-turco.phtml
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/04/conheca-historia-os-fatos-e-versoes-do-
genocidio-armenio.html
https://www.publico.pt/2015/04/13/mundo/opiniao/o-genocidio-armenio-um-seculo-
depois-1692224
https://observador.pt/opiniao/o-genocidio-na-armenia-e-a-falsificacao-da-historia/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_arm%C3%AAnio
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-historia-da-
ocupacao-da-armenia-pela-turquia/
https://www.infoescola.com/historia/genocidio-armenio/
http://www.rfi.fr/pt/franca/20190424-franca-comemorou-genocidio-armenio-armenia-
turquia-europa-massacre
http://genocidioarmenio.com.br/o-que-e/
https://pt.qwe.wiki/wiki/Witnesses_and_testimonies_of_the_Armenian_Genocide
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