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g u a po
l ín maio/06
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e escrever, suposições, ler com olhos livres (de preconceito, de religião, de sugestões). Além disso, estar
sempre atento ao contexto em que o texto se insere, caso contrário, a compreensão das idéias nele contidas
fica comprometida. Por exemplo, para a maioria dos jovens de hoje é difícil compreender uma obra de José
de Alencar, porque simplesmente não conseguem se transportar para o século XIX, não conseguem relacio-
nar texto e contexto: lêem um romance romântico com olhos e idéia do século XXI.
Tudo isso, resumido, torna fácil a compreensão de por que o brasileiro lê tão mal. O processo de fazer o
indivíduo ler com atenção e interpretar um texto — verbal ou não — é, antes, um processo de ensiná-lo a
pensar e a pensar por si próprio, alertando-o para as conseqüências que isso acarreta e a responsabilidade
que ele tem sobre suas idéias e ações que delas derivam. A famosa lei de ação-e-reação, infalível.
Esse processo todo demanda um longo tempo e muita paciência, dois fatores que não combinam numa
sociedade como a nossa, imediatista e ansiosa. Algumas gerações, por mais que doa dizer isso, já estão
perdidas no que diz respeito ao tema. Há muito a se fazer para as próximas, mas não como pretendem os
governos, que querem, acima de tudo, resultados. O pensamento é veloz, mas ensinar a pensar, não.