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As bases da fé cristã

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

O que teremos aqui?

Introdução ---------------------- 5
Filosofias importantes
Gnosticismo -------------------- 6
Iluminismo --------------------- 7
Relativismo --------------------- 8
Parte 1
A Bíblia Sagrada -------------- 11
Parte 2
Jesus o Messias --------------- 16
Parte 3
A graça de Deus no At ------ 26

Versão e-book: 3.0 - 02/2020


Texto: Devair S. Eduardo

Versões bíblicas utilizadas:


NAA – Nova Almeida Atualizada
ACF – Almeida Corrigida Fiel
NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Por que esse texto é importante?


O que faz um texto importante é exatamente o que ele traz
para o nosso crescimento. No nosso caso o texto do estudo é
um chamado ao ponto inicial da nossa fé e isso é
extremamente importante levando em conta o nosso
contexto cultural/religioso.
Passamos décadas aceitando todo tipo de visão teológica e
filosofia humana, mas quando paramos para analisar tudo
isso usando uma base sólida e fiel? Poucos fizeram isso e
infelizmente poucos tem acesso a estas impressionantes
informações. Lembro-me de quando iniciei meu curso de
teologia, o choque de informações foi suficiente para que
eu questionasse (isso desde o início) as bases de ensino e a
preocupação com a teologia dentro da igreja, muitas
pessoas passam pela mesma situação, algumas acabam
saindo da igreja, outras são colocadas de lado.
Então, por que esse texto é importante? Porque o meu
desejo é que todos os cristãos recebam o mesmo nível de
ensino que nós recebemos ao iniciar os estudos teológicos,
nada mais, nada menos. Ainda que muitos rejeitem esse
ensino, é extremamente importante que tenham um
contato com ele, analisando, observando e pensando sobre
tudo o que representa a nossa fé. Tenho certeza de que não
vou conseguir chegar muito longe sozinho, por isso estou
contando com você, que vai iniciar um dos melhores textos
que já fiz desde que iniciamos os estudos da fé reformada.
Vale lembrar ainda que esse texto veio de alguns estudos

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que fizemos no YouTube então você pode acompanhar eles


on-line também.
Para isso use os links abaixo:
Vídeo 1 – A Bíblia
Vídeo 2 – Jesus o Messias
Vídeo 3 – Jesus a promessa
Vídeo 4 – A salvação no At

Esse estudo é essencialmente gratuito e o


compartilhamento dele é de grande importância. Então não
sinta medo de mandá-lo em todos os grupos que você faz
parte. Sobre a impressão eu preparei uma edição específica
em A4 que vai facilitar ainda mais a sua experiência, para
isso acesse o blog e baixe na seção de e-book.
Boa leitura e que Deus te abençoe.

blog Palavras em Chamas


http://palavrasemchamas.blogspot.com

Devair S. Eduardo
Novembro / 2019

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

As Bases da Fé Cristã

Nos últimos meses tenho pensado nas nossas bases


teológicas e busquei à luz das escrituras um ponto em
comum, algo que faça sentido de Gênesis à Apocalipse e
que possamos chamar de Base para o estabelecimento da
nossa fé. Creio ser importante encontrar e edificar essas
bases para que não andemos por outros caminhos ou
criemos caminhos melhores, ou piores. O que sempre
importou para mim foi o que está escrito na Bíblia Sagrada,
acredito ter encontrado algo que podemos chamar de “As
Bases da nossa fé”. É sobre isso que vamos analisar e refletir
nesse estudo.

Desde o primeiro século, questões surpreendentes e


incomuns ocorreram quanto a nossa fé. Tendo como base a
Bíblia Sagrada muitos estudiosos tentaram e tentam
acrescentar sentido ao que está divinamente revelado e
com isso muitas filosofias têm sido usadas para dar suporte
ao que já está estabelecido, algo que hoje em dia foi
abraçado por quase todas as igrejas cristãs. O problema é
que essas filosofias não carregam o mesmo nível
revelacional das escrituras e, no fundo elas tentam desviar
o que já está determinado, quero destacar apenas três
destas que vão fazer bastante sentido para o nosso estudo,
são elas:

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Gnosticismo

A base do gnosticismo é a revelação especial através de um


processo de entrada em um suposto mundo espiritual. Um
artigo da Wikipédia define bem o que se entende por gnose
e que é a base dessa filosofia pagã, veja:
“Gnose ou Gnosis é um estado mental específico que
permite o contato com outros planos não físicos, como o
plano etérico, o plano astral e o plano espiritual. Este
estado pode ser alcançado por métodos de transe, assim
como meditação ou privação de sentidos, além de métodos
de hiper-excitação. O estado de Gnose pode ser utilizado
para realizar reflexões filosóficas, ou rituais mágicos e
religiosos”. (Fonte: Wikipédia)

Então, este encontro entre o homem e o estado espiritual


traz informações novas e faz com que as informações
reveladas não tenham tanto interesse ou qualquer
significado. Me parece que as pessoas que participam desse
“culto” se tornam viciadas em novas revelações ou novos
conhecimentos ao ponto de negar a própria realidade.
O gnosticismo não é mais uma realidade pagã, embora
continue sendo parte desse tipo de religiosidade. Muitas
igrejas adotam o movimento adaptando-o às suas
necessidades, um bom exemplo são as revelações que
acontecem dentro de várias igrejas ou mesmo a escolha do
texto a ser pregado entre tantos outros aspectos. É bastante

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preocupante afirmar que a religiosidade cristã tenha bebido


de algo que para Deus não é aceitável.

Iluminismo

A ideia de não aceitar fatos que não podem ser explicados


entra no contexto atual de muitos cristãos, porém, quase
nada da Bíblia Sagrada pode de fato ser explicado ou
revelado usando o raciocínio humano e sua inteligência.
O Pastor e professor Franklin Ferreira ensina que
Iluminismo se separou em meados dos séculos XVII e XVIII
em duas correntes difusas de pensamento – Racionalismo
e Empirismo, ele relata que “Segundo o racionalismo, todo
conhecimento encontra sua base em argumentos lógicos
fundamentados em suposições indubitáveis [incontestável,
indiscutível] – O empirismo localiza o início de todo
conhecimento nos cinco sentidos. A experiência com os
dados empíricos do mundo é a base de conhecimento”
(Franklin Ferreira & Alan Myatt - Teologia Sistemática - Ed.
Vida Nova – 2017).
É influência do iluminismo acreditar que alguns detalhes
da Bíblia podem não ser reais, é dele também a ideia (ou
surge nele) de que nem tudo na Bíblia serve ao povo de
Deus atualmente. Essa é uma das filosofias que mais
influenciaram o cristianismo moderno, bem como a
anterior.

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Relativismo

O relativismo é bem pouco estudado, mas a base do


pensamento é que um fato pode assumir verdades distintas
ou dois conceitos diferentes, esse pensamento filosófico
tem influenciado bastante o meio religioso e o maior
exemplo dessa influência é o texto de João 3.16 onde muitos
ignoram o contexto do texto para dar outros significados ao
mesmo.
O site Wikipédia novamente me ajudou a encontrar uma
definição melhor para essa linha filosófica, veja: “Na
filosofia moderna o relativismo por vezes assume a
denominação de "relativismo cético", relação feita com sua
crença na impossibilidade do pensador ou qualquer ser
humano chegar a uma verdade objetiva, muito menos
absoluta.
Nietzsche na sua obra "A Gaia Ciência", no tópico intitulado
"Nosso novo infinito", assim afirma: "o mundo para nós se
tornou novamente infinito no sentido de que não podemos
negar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de
interpretações"; frase que Michel Foucault objeta: "Se a
interpretação nunca se pode completar, é porque
simplesmente não há nada a interpretar… pois, no fundo,
tudo já é interpretação"” (Fonte Wikipédia).

Parece não ser tão assustador, mas as igrejas parecem ter


adotado um padrão incrivelmente relativista em relação ao

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que precisam ou não ensinar e o que precisam, ou não


cobrar de seus membros. Algumas usam, por exemplo, a
perda da salvação como fonte para obter mais dos membros
enquanto a Bíblia assume uma postura fechada sobre o
assunto, para isso eles relativizam a salvação a ponto de
conseguir modificar o que foi ensinado para um propósito
particular.

É exatamente por ter tantas influências humanas que


precisamos encontrar uma base que seja firmada apenas
nos textos bíblicos, essa é a necessidade de muitos pastores
e líderes, entender e buscar a verdade de uma única fonte e
abandonar suas ideias sobre o que a Bíblia ensina, para isso
vamos pensar em alguns pontos importantes sobre a nossa
religiosidade que deverão assumir o posto de “revelação
especial” por não poder ser modificado biblicamente ou
alterado usando a razão humana. Para isso vamos trabalhar
com o seguinte esboço:

1 – A nossa fonte primária de pesquisa e aplicação, a Bíblia


Sagrada;
2 – Noções bíblicas quanto a Jesus, o Messias enviado por
Deus;
3 – Revelações quanto a graça de Deus no Antigo
Testamento;
4 – Revelações quanto a graça de Deus no Novo Testamento.

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Com isso vamos transitar pelos principais pontos teológicos


encontrados na Bíblia e tentar aplicar eles à nossa realidade
para que possamos voltar ao centro da palavra ensinada
pelo Espírito Santo na Bíblia Sagrada.

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A nossa fonte primária de pesquisa e aplicação:


A Bíblia Sagrada

Se quase tudo no mundo sofre influência quanto ao que se


enxerga ou entende, precisamos assumir que apenas uma
fonte precisa ser buscada. Caso contrário voltaremos ao
mesmo problema que estamos enfrentando. Cada um pode
entender aquilo que preferir e da maneira como desejar e
tudo isso usando o mesmo texto bíblico, portanto, é
necessário assumir e ouvir apenas os textos como fonte
principal e extrair daí sinceramente o que estamos
procurando, esse processo pode não agradar a todos, mas é
o mais correto a ser adotado.

O autor à carta aos Hebreus escreveu que “Antigamente,


Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo
Filho” (Hb 1.1,2) e com isso estabelece uma única fonte de
informação que usará em todos os argumentos da sua

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carta, essa foi a informação mais necessária segundo o


autor, por que fez isso?
O autor estava prestes a mostrar Jesus Cristo em
praticamente toda escritura. Muitos irmãos estavam
acostumados ao modelo antigo de revelação, aquele vindo
pelos profetas e que ficou realmente no passado. Parece
que a preocupação do escritor dessa carta é igual à nossa,
encontrar uma fonte verdadeira de informação, nesse caso,
segundo ele, Jesus Cristo. A grande dificuldade dos leitores
originais, assim como a dos nossos dias, parece ter sido
encontrar Jesus nos textos do Antigo Testamento para
assim crer que ele era de fato o Messias.
Não é muito diferente do que observamos hoje em dia,
onde um Jesus substituto é criado a partir da leitura isolada
do Novo Testamento, modificando ou inventando questões
nunca antes reveladas. Nesse sentido precisamos fazer
como o autor, buscar as respostas na Palavra de Deus.
Sabemos que Jesus é a Palavra e é por isso que o autor
inicia sua argumentação com textos antigos, para mostrar
que Cristo está tão vivo no Novo quanto no Antigo
Testamento. São provas suficientes para crer que a nossa
revelação especial se encontra na Palavra revelada por
Deus, creio que não somos os únicos a pensar assim, pois
certo escritor disse: “Bem-aventurados os que guardam os
seus testemunhos e os buscam de todo coração” (Sl 119.2),
posteriormente o Apóstolo João nos ensina que “o verbo [ou
a palavra] se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e

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de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito


do Pai” (Jo 1.14) – não muito longe disso o Apóstolo Pedro
também usa a mesma ideia revelacional para ensinar que
“pelo poder de Deus nos foram concedidas todas as coisas
que conduzem à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento
daquele que nos chamou para a sua própria glória e
virtude” (2Pe 1.3).
Em todas essas breves citações estão à ideia de um
conhecimento que nos leva a Deus, nenhuma delas
demonstra estar em um local espiritual específico ou numa
maneira diferente de interpretar a Bíblia de forma a
entender a mesma de várias formas diferentes, por isso é
tão primordial, além de definir ela como nossa única regra
de fé e prática, saber ler e interpretar bem as escrituras.

Para isso creio que seja válido pelo menos três regras
básicas de leitura e interpretação, irei citá-las brevemente
na esperança de que o leitor após encerrar esse estudo
busque uma compreensão maior sobre o assunto:

A – A Bíblia é uma só de Gênesis à Apocalipse e deve ser


interpretada de igual modo do início ao fim. Isso significa
que um ensino extraído do Novo Testamento precisa
obrigatoriamente estar no Antigo (de forma direta ou
indireta), uma vez que os autores, inspirados pelo Espírito
Santo, recorriam aos textos sagrados. Isso é visível até
mesmo em Jesus que, enquanto ensinava a Nicodemos (Jo

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3.14) citou o trecho de Números 21.9 para demonstrar o que


aconteceria com o Messias enviado por Deus.
B – Outra regra básica, mas bastante negada entre muitos
estudiosos é que a Bíblia não foi escrita em versos, mas em
blocos de textos. Isso significa que os autores, enquanto
escreviam, não desejavam separar os textos em versículos
como fazemos hoje. O maior problema em ler a Bíblia em
versos é tentar fundamentar uma doutrina a partir de
versos e não de todo o texto. Um exemplo surgiu esses dias
e posso citar como ilustração. Certo estudante de teologia
enviou-me o texto de 2 Pedro 3.9 aonde o Apóstolo ensina
que Deus aguarda que “todos cheguem ao arrependimento”.
O problema nessa leitura é que ela não considera o próprio
verso, uma vez que o autor diz “paciente com vocês”
estabelece o sujeito no final do texto, ou seja, segundo o
ensino de Pedro, Deus não terá pressa para vir, pois
aguarda que todos os destinados à salvação se arrependa. A
teologia de Pedro demonstrada nas duas cartas é que Deus
salva aqueles que elegeu para a salvação, portanto seria
estranho que o apóstolo mudasse de posição em 1/3 de um
verso e assumisse outro no restante da carta. Por isso não
se deve criar uma linha teológica com base em um verso ou
metade de um. Isso nos leva ao terceiro problema que
devemos evitar.
C – Como podemos ter certeza de que Pedro não prega a
salvação a todos os homens? Considerando o texto
completo bem como o contexto de toda sua carta. Nisso

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podemos confiar uma vez que para considerar o ensino em


um verso precisamos conhecer tudo que o autor escreveu.
Para fugir desse erro precisamos conhecer todo o texto que
estamos lendo, bem como os textos próximos a ele e a
teologia de quem escreveu, assim como fizemos no
exemplo anterior, mas não apenas isso. Se considerarmos
que os autores do Novo Testamento estavam ensinando
com base nos textos já revelados por Deus, isso é, o Antigo
Testamento, o ensino deve ser encontrado também na sua
fonte, ou seja, no Antigo Testamento. A isso eu chamo de
teologia bíblica, aquele ensino que a Bíblia esclarecesse do
início ao fim.

Isso nos obrigará a conhecer toda a Bíblia antes de citar um


ensino? Acredito que não, porém, quando vamos afirmar
um ensino precisamos, obrigatoriamente, saber onde ele
está em toda a Bíblia. Creio que com o tempo trará uma
compreensão maior do que desejamos aprender e ensinar
com base nos dois testamentos.

A BASE DA NOSSA FÉ:

A base imutável da nossa fé aqui é que a Palavra de Deus é


perfeitamente capaz de nos ensinar o que precisamos
compreender sobre Deus e o homem. Ainda que nem toda
ela seja de fácil compreensão não devemos modificar o que
ela ensina para atender aos nossos propósitos humanos.

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Noções bíblicas quanto a Jesus, o Messias


enviado por Deus

A confissão Belga (1618 - 1619), quanto a Deus, ensina o


seguinte:
“Conforme essa verdade (creio ser o ponto anterior) e a
Palavra de Deus, cremos em um só Deus, que é um único
ser, em quem há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. Esses são, realmente, desde a eternidade, distintos
conforme os atributos próprios de cada Pessoa”. Em outro
ponto ela declara: “Cremos que Jesus Cristo, segundo sua
natureza divina, é o único Filho de Deus, gerado desde a
eternidade”.
Esse é um ensino comum acerca de Jesus, e reflete bem o
que aprendemos na Bíblia. Cabe apenas uma breve
explicação de que Jesus não é alguém nascido na
eternidade, como se a segunda pessoa da Trindade em
algum momento não existisse. O que podemos afirmar é
que o plano de salvação do povo de Deus foi criado ou
planejado na eternidade e incluía as três pessoas da

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Trindade eterna, isso já nos leva a pesquisar quanto ao


plano de salvação, afinal de contas, quem é Jesus Cristo
segundo a Bíblia? E como a teologia bíblica trata esse
assunto? Alguns pontos importantes vão ser apontados a
partir de agora sobre esse assunto.
Há pelo menos duas informações importantes sobre Jesus,
são elas:

A – Jesus é o Messias enviado por Deus


O profeta Isaías faz muitas declarações sobre o Messias
enviado por Deus, pelo menos duas delas valem muito
serem citadas.
No capítulo 40 aprendemos: “A glória de Deus se
manifestará, e toda humanidade a verá, pois, a boca do
Senhor o disse” (v.5), mais tarde no mesmo capítulo ele diz:
“Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço
dominará; como um pastor, ele apascentará o seu rebanho;
entre seus braços recolherá os cordeirinhos e os carregará
no colo; as que amamenta ele guiará mansamente”.
(v.10,11)
No capítulo 53 aprendemos como Jesus realizou isso por
nós, em todo o texto é apresentado um Messias que sofre
por causa dos nossos pecados e no fim nos traz a paz com
Deus, o verso que pode ilustrar isso muito bem é o 4:
“certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as
nossas dores levou sobre si”.

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Jesus é apresentado como aquele que veio pagar pelos


pecados do seu povo, e alguns textos como o que veremos
mais tarde fazem questão de declarar isso várias vezes para
que não tenhamos dúvida, o Messias enviado por Deus
removeu a culpa do povo que Ele escolheu salvar. Esse não
é um ensino exclusivo do Antigo Testamento, vemos o
mesmo em todos os evangelhos e as cartas também nos
mostram a mesma realidade, veja como Mateus faz uma
interessante ligação entre Jesus a Abraão e posteriormente
ao seu povo eleito:
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão […] Assim, todas as gerações, desde Abraão até
Davi, são catorze; desde Davi até o exílio na Babilônia,
catorze gerações; e desde o exílio na Babilônia até Cristo,
catorze gerações” (Mt 1.1,17).
Com isso Mateus liga o Messias à promessa de Deus a
Abraão, lida em Gênesis, veja como isso aconteceu no
passado:
“Quanto a mim, esta é a minha aliança com você: você será
pai de muitas nações. O seu nome não será mais Abrão, e
sim Abraão, porque eu o constituí pai de muitas nações.
Farei com que você seja extraordinariamente fecundo. De
você farei surgir nações, e reis procederão de você.
Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e a sua
descendência no decurso de suas gerações, aliança
perpétua, para ser o seu Deus e o Deus de sua
descendência” (Gn 17.4-7).

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Não é em vão que o Espírito Santo leva Mateus a descrever


Jesus como filho de Abraão, pois o Messias veio salvar
justamente o povo da aliança, assim como o Mateus escreve
no verso 21, leia:
“Ela dará à luz a um filho e você porá nele o nome de Jesus,
porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).

Fica claro, portanto, que Jesus é o Messias enviado por


Deus para salvar o seu povo dos seus pecados. Diferente do
que muitos acreditam esse povo não é a uniformidade dos
judeus ou a formação da igreja como um todo, mas pessoas
escolhidas por Deus, por isso o Apóstolo Paulo ensina que
nem todos que nascem em Israel são de fato israelitas, ou
como o Apóstolo João ensina que apenas os que recebem
Jesus são agraciados com a benção de serem chamados
“filhos de Deus” (Rm 9.6-18; Jo 1.12,13).
A essa altura você pode estar se perguntando: “então para
que serve o evangelho? ” - Vamos pensar sobre isso daqui a
pouco.

A BASE DA NOSSA FÉ

A base imutável da nossa fé aqui é que Jesus é o filho de


Deus enviado para salvar o seu povo, o povo da aliança
perpétua entre Deus e Abraão – ainda que possamos
encontrar essa aliança anterior a Abraão, levamos em conta

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essa informação por ter sido ela citada pelos autores do


Novo Testamento.

B – Jesus Cristo é Deus


Algo que precisa ser estabelecido aqui é que, diferente do
que muitos pensam, Jesus não é um profeta enviado por
Deus. Ele não era um humano ungido. Por isso a
preocupação de João ao escrever:
“O verbo (a palavra) estava com Deus, e o verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo
1.1,2).
O próprio Cristo conhecia e não tinha medo de divulgar
essa verdade, veja como João ensina sobre isso: “Mas o
próprio Jesus não confiava neles, porque conhecia a todos.
E não precisava que alguém lhe desse testemunho a
respeito das pessoas, porque ele mesmo sabia o que era a
natureza humana” (Jo 2.24,25).
Vemos isso, na prática quando Jesus se encontra com a
mulher samaritana quando Ele descreve a sua vida
particular sem antes ter falado sobre isso com ela em João
4.
O autor à carta aos Hebreus descreve Jesus como aquele
que mantém toda a criação, veja: “sustentando todas as
coisas pela sua palavra poderosa” (Hb 1.3).
Ao afirmar ser o bom pastor (Jo 10) Jesus estava afirmando
ser Deus, pois o profeta Ezequiel havia profetizado o

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seguinte: “Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu


mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Como o
pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra
ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas” (Ez
34.11,12) – Isso liga os dois pontos, Jesus é o Messias
enviado e Deus, a segunda pessoa da Trindade Santa.
As declarações de Jesus quanto a isso ficam para a última
parte desse tema.

A BASE DA NOSSA FÉ

A base imutável da nossa fé aqui é que Jesus não foi um


homem ungido por Deus, ele é Deus conosco, o Deus
encarnado conhecido na Bíblia por ser a segunda pessoa da
Trindade Santa. Sendo assim podemos afirmar que Jesus foi
totalmente homem e totalmente Deus, mas na eternidade
ele é Deus de Deus, a segunda pessoa da Trindade é igual à
primeira mudando apenas a sua atuação no plano da
salvação.

C – Jesus cumpre as promessas feitas no Antigo


Testamento
Tudo isso não é mera especulação teológica. Considere que
o Messias prometido no Antigo Testamento não apenas
viria, mas realizaria uma missão específica. Como lemos
em Mateus, Ele veio salvar “o seu povo dos pecados deles”
(Mt 1.21). O Messias real, aquele que atravessa os séculos e

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nasce de Maria não caiu no mundo por acaso, Ele não surge
do além para salvar toda a humanidade caída e aplicar isso
àqueles que creem, não, os textos são específicos demais
para crermos que Jesus é o super- homem na Terra. Aquele
Jesus veio cumprir uma missão muito mais específica do
que parece e a Bíblia nos mostra que Ele cumpriu
exatamente o que estava proposto.

Considere por um momento o texto mais usado para criar


um Jesus irreal, as pessoas leem que “Deus amou o mundo
de tal maneira, que deu seu filho unigênito” - e disso
imaginam que Jesus foi dado para todos os homens na
terra, crendo ou não. “Aceitando” ou não. Isso é simplificar
demais o próprio texto uma vez que a continuação do
mesmo revela outro Messias, portanto Deus deu o seu único
filho “para que todo aquele que nele crê não morra, mas
tenha a vida eterna”. Ele não veio aleatoriamente. Jesus não
estava perdido na terra tentando salvar um bando de
fariseus que negaram Ele até a sua morte na cruz. Fosse
assim a missão de Jesus teria falhado, pois, no fim o próprio
Messias decretou a condenação daqueles fariseus pelos
quais morreria, isso certamente não faz sentido.
Agora, considere o que Isaías disse sobre o Messias
verdadeiro, “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as
nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como
aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi transpassado
por causa das nossas transgressões e esmagado por causa

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das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava


sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados” (Is 53.4,5).
Veja que quem escreve esta profecia está sentindo a dor do
Messias, ele consegue detalhes que apenas quem sente
pode descrever. Quando diz “esmagado por causa das
nossas iniquidades” ele parece estar apertando o próprio
coração e demonstrando que apenas pensar sobre isso já
causa dor física, essas são as palavras do profeta Isaías,
homem escolhido por Deus para levar uma mensagem de
consolo ao seu povo, que teria validade apenas para o povo
de Deus. E quanto aos demais?
Se colocássemos uma pessoa que não fora alvo da graça de
Deus diante do Messias pendurado numa cruz o que ele
faria? Daria uma dose de vinagre a ele no lugar de água?
Rasgaria as suas vestes novamente para vender?
Provavelmente ele não sentiria muito mais do que isso, pois
não compreenderia que aquele pendurado na cruz é Deus,
nosso salvador.
O fato é que algumas pessoas não irão desejar Jesus e nunca
irão se curvar diante da sua majestade. São pessoas frias
espiritualmente, mortas em seus próprios desejos. Estas
serão julgadas por sua própria incredulidade, enquanto
isso, enxergamos um Messias cumprindo perfeitamente a
sua missão. Mas qual missão? A de salvar o seu povo dos
seus pecados. Esse sofrimento pode ser visto antes mesmo
da cruz.

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Mateus escreve que Jesus, antes de ser preso os chamou a


orar e nessa ocasião revelou como se sentia em relação a
tudo que haveria de acontecer: “A minha alma está
profundamente triste até a morte” (Mt 26.38) – compare
isso à informação anterior em João 3.16 e ao texto citado de
Isaías 53 e verá que Jesus estava cumprindo tudo que havia
sido ensinado sobre Ele.

Há mais informações quanto a obra de Jesus, estas


envolvem nós que cremos no evangelho. A verdade é que as
profecias haviam dito tudo sobre Jesus, nós é que deixamos
de lê-las. Por último uso o maravilhoso texto de Ezequiel 34
(um dos meus favoritos). Nele encontramos uma das
maiores provas de que Jesus estava mesmo realizando uma
obra previamente preparada para si, veja:
“Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo
procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Como o pastor
busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas
dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Eu as livrarei
de todos os lugares por onde foram espalhadas no dia de
nuvens e densas trevas”. (Ez 34.11,12).
Aproximadamente 200 anos antes dessas palavras serem
ditas por Deus ao profeta Ezequiel, Isaías declarou o
seguinte: “Como pastor, ele apascentará o seu rebanho;
entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os
carregará no colo” (Is 40.11).

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


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E a maior prova disso tudo está no evangelho de João, onde


ouvimos Jesus declarar:
“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas
me conhecem” (Jo 10.14) – Texto que vamos estudar um
pouco mais adiante.
Em 5 versos com diferenças de aproximadamente 760 anos
lemos a referência a um povo pelo menos 5 vezes! Os
profetas viam uma importância enorme em declarar que
Jesus viria para o seu povo! Por que não fazemos isso hoje?

O fato é que, quando Jesus declara ser o bom pastor, está


nos ensinando duas coisas importantes: 1 – Ele é o Messias
prometido no Antigo Testamento e tem ciência de todos os
detalhes (ref. Lc 24.40); 2 – Ele cumpre perfeitamente
aquilo que foi mandado cumprir por nós – veremos mais
sobre isso nos próximos pontos.

A BASE DA NOSSA FÉ
A base imutável da nossa fé aqui é que Jesus não é um deus
inventado no Novo Testamento de modo a salvar toda a
humanidade, como alguns insistem em ensinar. O Messias
enviado por Deus veio pagar pelos pecados daqueles que
creem, a estes chamamos “filhos” de Deus conforme
aprendemos no Novo Testamento e no Antigo Testamento
são chamados de suas ovelhas.

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A graça de Deus no Antigo Testamento

Falamos sobre pontos importantes quanto a nossa fé.


Entendemos a nossa base de pesquisa, a Bíblia e pudemos
observar quem é de fato Jesus, o Messias enviado por Deus.
Os demais pontos importantes da nossa fé já haviam sido
ensinados no Antigo Testamento, vamos fazer como os
Apóstolos, buscar este conhecimento direto da sua fonte
principal e deixar que o Espírito Santo nos conduza ao
conhecimento pleno da sua vontade.
A doutrina bíblica mais atacada hoje em dia não é a eleição
e predestinação, como alguns imaginam. Trata-se da graça
de Deus, esta é a doutrina mais atacada, pois cada vez que
um novo líder cria um método para que pessoas sejam
salvas ou garantam sua salvação a base principal é atacada.
Por isso vamos mergulhar exatamente nessa matéria e
deixar que os outros pontos surjam a medida que buscamos
compreender melhor como Deus realiza em nós a sua
salvação. Para isso escolhi, dentre vários textos, um que

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

ajuntasse o máximo de pontos importantes quanto a nossa


fé. Usaremos o profeta Ezequiel, capítulo 36.

A Revelação de Deus ao homem


“E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo” (v.16 ACF)

Ezequiel inicia seu ministério em um período bastante


conturbado para o povo de Deus. Isso porque eles estavam
sendo castigados mais uma vez devido ao péssimo governo
praticado pelo rei Zedequias como pode ser constatado em
2Re 25. O mais impressionante é que isso aconteceu logo
após a purificação do templo pelas mãos do rei Josias, que
descobriu jogado dentro do tempo a Lei do Senhor (2Re 22-
23). Isso é particularmente importante, pois nos mostra
como o povo da aliança estava sujeito a cair em pecado e
como Deus sempre os castigava, esse evento não era o
primeiro e não seria o último. Até Jesus vir nos salvar esse
era o padrão do povo de Deus. Você pode ficar
particularmente surpreso ao perceber, por exemplo, que
desde que o povo saiu do Egito, até a vinda de Jesus o povo
seguia o mesmo padrão, caiam em terrível pecado e Deus
os castigava e posteriormente os perdoava e restaurava,
porém, isso mudaria um dia e é por isso que Deus usou o
profeta Ezequiel, para mostrar esperança eterna no futuro
Messias.
Percebam que o profeta inicia o texto com a mesma
importância que tratamos aqui, ele diz: “veio a mim a

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

palavra do Senhor”. Isso é particularmente importante, pois


nos lembra algumas coisas que não devemos mais
esquecer, são elas:
A – A profecia verdadeira vem sempre de Deus para o
homem, nunca o contrário (hoje vemos isso como a Palavra
de Deus, a Bíblia Sagrada);
B – O desejo de salvação vem primeiramente de Deus,
quando Ele disse isso ao profeta o povo ainda estava
vivendo em pecado;
C – A busca e revelação também vêm da palavra de Deus
para o homem, nunca o contrário.

Isso é importante, pois lutamos contra uma geração que


adora personalizar tudo que encontra, com isso muitos
tentam personalizar a forma como aceitaram ou
alcançaram Deus, fazendo-os parecer mais santo do que os
outros. A verdade quanto ao nosso estado é que Deus nos
viu em pecado e quis nos salvar, essa verdade vai ficar
particularmente clara nesse texto conforme vamos
acompanhando ele expositivamente.
Sabemos, portanto, que indiferente da opinião de diversas
pessoas, Deus tem apenas duas formas de se comunicar
com o homem. E isso não é um ensino novo, leia, por
exemplo, às duas formas no Salmo 19, onde os versos 1 – 6
tratam de uma revelação pela sua criação e dos versos 7 – 8
uma revelação especial, mas, por que especial? Porque é
nessa revelação que Deus molda aquele a quem está se

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

revelando, portanto, a revelação especial de Deus é a sua


Palavra e sabemos que isso só pode ser real e válido com a
instrução do Espírito Santo.
Veja como João Calvino no apresenta esse Salmo:
“Enquanto os céus dão testemunho acerca de Deus, seu
testemunho não guia os homens ao ponto de, por meio
deles, aprenderem a temê-lo realmente e adquirirem um
sólido conhecimento dele”. Tal testemunho só serve para
deixá-los indesculpáveis. É realmente verdade que, se não
fossemos tão obtusos e estúpidos, as assinaturas e provas
da deidade que se encontram no teatro do mundo são
suficientemente abundantes para incitarmos ao
reconhecimento e reverência de Deus; mas visto que,
embora circundados com uma luz tão vívida, somos, não
obstante, cegos, essa esplendida representação da glória de
Deus, sem o auxílio da palavra, de nada nos aproveitaria,
ainda que ela seja para nós uma audível e distinta
proclamação a soar em nossos ouvidos. Consequentemente,
Deus se digna conceder graça especial àqueles a quem
determinou chamar para a salvação, justamente como nos
tempos antigos, enquanto concedia a todos os homens, sem
exceção, evidencias de sua existência, em suas obras, ele
comunicava sua lei exclusivamente aos filhos de Abraão,
para, por esse meio, dotá-los de um conhecimento mais
definido e íntimo de sua majestade”. (João Calvino – Salmos
volume 1 – Editora Fiel)

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

A BASE DA NOSSA FÉ
Aprendemos com isso que a revelação é sempre de Deus ao
homem e não uma conquista do homem para com Deus.
Enquanto estávamos caídos em pecados, Deus se revelou a
nós e a nosso favor. Anteriormente Deus fez isso de outras
maneiras, hoje, porém, Ele o faz através da sua palavra.

O povo andava distante de Deus


“Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua
terra, então a contaminaram com os seus caminhos e com as
suas ações. Como a imundícia de uma mulher em sua
separação, tal era o seu caminho perante o meu rosto” (v.17
ACF)

Ok! Esse verso nos obriga a recapitular pelo menos alguns


séculos sobre o povo de Deus, o que nos fará enxergar a nós
mesmos nessa história de pecado.
Deus está iniciando o resumo a partir daquilo que podemos
entender hoje, do livro de Juízes. Podemos fazer isso
também. Lembremos, porém, que o povo esteve escravo no
Egito e que Moisés foi usado por Deus para libertá-lo das
mãos do Faraó. Com isso uma longa jornada, com altos e
baixos os levou à terra prometida – e isso inclui pelo menos
um episódio muito parecido com o de Juízes, se encontra
em Êxodo 32.
Após a longa jornada pelo deserto, o que mais se poderia
esperar? Um povo que adorasse a Deus e confiasse na sua

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

vontade executando tudo que Ele ordenasse, porém, o que


houve foi muito longe disso, veja o que está escrito no início
de Juízes, livro que nos mostra como o povo entra na terra
prometida:
“Então fizeram os filhos de Israel o que era mau aos olhos
do Senhor; e serviram aos baalins” (Jz 2.11 ACF).

Foi isso que o povo fez assim que chegou, claro,


cronologicamente outras coisas aconteceram, mas o que
causou tudo que Ezequiel estava vivendo foi o deslize do
povo que não obedeceu o que Ele havia ordenado. De Juízes
até Ezequiel e consequentemente até Jesus, o povo
experimentou as mesmas coisas. Eram socorridos por
Deus, pecavam se envolvendo com os povos que não
deveriam e eram punidos por Deus novamente, iniciando
um estanho ciclo de altos e baixos com o seu Salvador. Eis o
problema que Deus está anunciando, o povo de Deus
continua fazendo o que é mau diante dos seus olhos.
Isso é muito mais sério do que parece, pois, o próprio rei
Davi e seu filho Salomão passaram pelo mesmo problema.
Iniciaram o reinado servindo a Deus e um deslize
(geralmente muito grande) colocou eles numa situação
reprovável e isso trouxe consequências duradouras, tanto
para eles, quanto ao povo que eles guiavam.

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

A denúncia que Deus faz no verso 17 em questão é muito


grave e aponta alguns detalhes importantes sobre nós, eis
um breve resumo:
A – O que separa o povo de Deus da sua graça é sempre o
seu pecado, Deus odeia o pecado e por isso castiga o seu
povo para que se arrependam e aprendam a obedecer – isso
não funcionou muito bem até Jesus chegar (uma vez que
tempos depois o povo voltava ao pecado), mas Deus
conhecia todos os resultados e escolheu assim;
B – O pecado do povo afetava todo o povo. Isso é muito
grave pois, uma vez que vivemos em um país problemático
fica difícil responder quanto a culpa. Afinal, Deus castigou
Israel por ter líderes maus ou por que o povo se afastava da
sua vontade? Poderemos sempre culpar a política, mas e
quanto a nós? O que estamos fazendo? Algumas pessoas
podem argumentar dizendo que Deus nos perdoou, sim, Ele
eternamente nos perdoou, mas isso não o impede de nos
castigar sempre que nos desviamos dos seus caminhos, veja
como Paulo mostra isso:
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer [zombar]; porque
tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o
que semeia na sua carne [dos seus desejos pecaminosos], da
carne ceifará [colherá] a corrupção; mas o que semeia do
Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”. (Gl 6.7,8 ACF –
acréscimo meu) – sim, ele não estava falando de
consequências eternas, pois na teologia paulina há espaço
para o arrependimento e confissão de pecados, mas isso

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

não anula a nossa responsabilidade quanto aos nossos atos;


e se descobrirmos que essas consequências afetam aqueles
que nos amam também?
C – Não havia justiça no povo de Deus antes de ser
alcançado pela sua misericórdia e salvação, vemos isso
quando o profeta aponta o “caminho” do povo como sujo,
coberto de pecado. Foi por isso que Paulo ensinou em
Efésios 2 sobre o nosso estado antes da graça de Deus nos
alcançar, ele disse que estávamos mortos em pecados, Deus
ao profeta Ezequiel mostra que todo o nosso caminho era
de pecado, dois exemplos de um mesmo problema. Isso
ilustra muito bem que o povo, ao ser alcançado não havia
mudado seus costumes, nem abandonado seus pecados –
por isso Deus veio ao seu encontro para resolver estes
problemas.

Um detalhe que gosto de lembrar sempre é o que lemos


aqui. Deus fala ao profeta: “tal era o seu caminho perante o
meu rosto” - por que temos a estranha sensação de que
quando pecamos Deus não está vendo? Por que pecamos
escondidos se Deus está em todos os lugares? O certo é que
pecamos diante dos seus olhos, alguém que está, por
exemplo, cometendo adultério faz isso na presença de
Deus, é como se isso fosse um culto a sua ira, uma
provocação (muitas vezes fatal) da sua justiça.
A estrutura do antigo homem o separava de Deus, quanto
dessa estrutura ainda nos influência?

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

A BASE DA NOSSA FÉ
Aqui aprendemos que o homem sem a ação de Deus não
consegue mudar o seu destino. Suas ações e seus desejos
estão presos no pecado e isso os torna ainda mais culpados,
pois eles buscam dia após dia esse resultado. A isso
chamamos de Depravação total.

O Deus que castiga e repreende o seu povo


“18. Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do
sangue que derramaram sobre a terra, e dos seus ídolos, com
que a contaminaram. 19. E espalhei-os entre os gentios, e
foram dispersos pelas terras; conforme os seus caminhos, e
conforme os seus feitos, eu os julguei. 20. E, chegando aos
gentios para onde foram, profanaram o meu santo nome,
porquanto se dizia deles: Estes são o povo do Senhor, e saíram
da sua terra. 21. Mas eu os poupei por amor do meu santo
nome, que a casa de Israel profanou entre os gentios para
onde foi” (ACF)

O que mais poderíamos esperar de um Pai, que amando


seus filhos os veem cometendo tudo que fora proibido? O
certo é que o povo de Deus demonstrou quão depravado
era, cometendo todo tipo de pecado na presença de Deus, e
Ele, um Deus justo não deixaria de cumprir tudo que havia
prometido anteriormente. Talvez esquecer das promessas
de Deus tenha sido o pior erro que o seu povo poderia

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

cometer, mas o que isso nos ensina sobre a graça de Deus?


E como ligamos esse fato com a nossa própria salvação?
Você está bem perto de descobrir que estamos mais ligados
ao povo de Israel do que pensamos.
O certo, e estranho ao mesmo tempo, é que o povo de Deus
estava recebendo exatamente o que havia sido prometido.
Ora, anteriormente Deus fez um pacto com o seu povo, e
esse pacto incluía bênçãos quanto a obediência, mas, muito
mais importante nesse momento é que haviam promessas
quanto a desobediência. Portanto, Deus enquanto castiga o
seu povo cumpre exatamente o que fora anteriormente
acordado com ele.
Sabemos que o mundo “jaz no maligno”, mas o que
aconteceu ao povo de Deus é que ele atraiu a justiça divina,
anteriormente preparada para esse evento na história. E é
justamente a aplicação dessa justiça que fez com que o seu
povo fosse espalhado pela terra, veja como isso foi
prometido:

A – Promessas quanto a obediência


“Se andarem nos meus estatutos, guardarem os meus
mandamentos e os cumprirem, então eu lhes darei as
chuvas na época certa […] Estabelecerei paz na terra. Vocês
se deitarão, e não haverá quem os atemorize […] Porei o
meu tabernáculo no meio de vocês e não me aborrecerei
com vocês. Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e vocês
serão o meu povo” (Lv 26)

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Esse trecho das promessas foi colocado antes que


realmente acontecesse, e vamos compreender o por que
aconteceu assim nesse estudo. Por hora, repare que as
promessas de Deus quanto a obediência do seu povo é
justamente aquela que recebemos em Jesus. Quando o texto
diz: “Estabelecerei paz na terra” ele está ensinando o que
Paulo vai escrever depois em Romanos 5 quando diz que
“justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus
através de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.1). - O mesmo se
aplica aos demais textos quanto a obediência, sabemos que
apenas em Cristo temos essas bênçãos, mas o que sabemos
hoje está em um contexto muito mais amplo, algo que o
texto de Ezequiel vai nos mostrar também, mas antes,
precisamos entender as promessas quanto a desobediência
do povo de Deus, aquilo que acontece antes da vinda de
Cristo, mas que só foi resolvido com Ele.

B – Promessas quanto a desobediência


“Mas, se não me ouvirem e não cumprirem estes
mandamentos; se rejeitarem os meus estatutos, e se
ficarem aborrecidos com os meus juízos, a ponto de não
cumprirem todos os meus mandamentos, e quebrarem a
minha aliança […] eu também, com furor, serei contrário a
vocês e os castigarei sete vezes mais por causa dos seus
pecados […] Assolarei à terra, e os inimigos de vocês, que
nela vierem morar, ficarão espantados. Espalharei vocês

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

entre as nações e irei atrás de vocês com a espada na mão; a


terra de vocês será assolada, e as cidades ficarão em ruínas”
(Lv 26)

Essa foi a realidade do povo desde a entrada na terra


prometida. Aprendemos em Juízes que ao entrar na terra
prometida, algum tempo depois dessas promessas terem
sido pronunciadas, o povo não demorou muito a
demonstrar que não cumpriria a sua parte na aliança. Em
pouco tempo eles haviam desobedecido as primeiras
ordens quanto ao povo pagão que havia naquele lugar (Jz 3)
e após isso se envolveram com os ídolos deles. Esse foi
basicamente o reinício da queda de todo o povo de Deus,
onde eles demonstraram quão pecadores eram.
Compreender essa parte da história é muito importante
para fazer a ligação com a vinda de Jesus, e Ezequiel havia
sido revelado sobre isso, por isso escreve: “Derramei, pois,
o meu furor sobre eles” (Ez 36.18) - Deus fez isso como
parte do acordo feito no deserto! Exatamente como estava
escrito e mais, ele executou seu juízo perfeitamente no seu
povo.
O verso 19 faz a ligação entre o povo no Egito e o das
tribulações na Babilônia; entre as tribulações na Babilônia
e a vinda de Jesus e posteriormente no fato de Deus ter
eleitos espalhados pela terra, veja novamente: “espalhei-os
entre os gentios, e foram dispersos pelas terras” (v.19)

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Esse verso não foi pronunciado para os gentios que nunca


pertenceram ao povo de Deus, foram ditos ao povo da
aliança caso desobedecessem aos mandamentos de Deus. E
é esse fato que interliga o povo eleito do deserto comigo,
você e todo aquele que crê em Jesus. O fato é que Deus quis
espalhar o seu povo pelos quatro cantos da terra; e cumpriu
isso exatamente como mostrou que seria.

O que precisamos compreender com esse texto é que Deus


espalhou o seu povo pela terra, o povo que anteriormente
estava numa terra prometida e que, por causa dos seus
pecados fora castigado como havia sido prometido (Lv 26).
O mais interessante e importante é que o mesmo Deus que
os espalhou prometeu os reunir novamente, vemos isso no
capítulo 34 de Ezequiel quando diz que “Como o pastor
busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas
dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas” (Ez 34.12).
Eu quero simplificar o máximo agora para que você
compreenda o que estamos estudando aqui. Deus havia
feito anteriormente uma aliança com um povo que
escolheu. Dessa aliança tínhamos dois tipos de promessas,
uma quanto à obediência (que não conseguimos cumprir
antes da vinda de Jesus), e outra quanto ao nosso pecado,
nossa desobediência (que cumprimos e recebemos o que
nos fora prometido) – Essa última promessa se aplicou
literalmente sobre o povo de Deus, o povo da aliança
perpétua. E como parte do cumprimento, a nação foi

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

invadida, saqueada e destruída – assim como foi revelado


ao profeta Isaías em 6.9-13 fazendo com que o povo
desobediente fosse espalhado por todo mundo. É nesse
contexto que Jesus é inserido na história da redenção. Um
povo espalhado que precisava ser perdoado (fez isso com
seu sacrifício) e ajuntado (fez isso com o Reino de Deus e a
ação do Espírito Santo). Mais tarde nos evangelhos vemos
Jesus ordenando aos discípulos buscar as ovelhas que
foram espalhadas pelo mundo, veja como ele diz isso: “vão
e façam discípulo de todas as nações” (Mt 28.19) e em Atos
ficou registrado de forma similar: “sereis minhas
testemunhas… até os confins da terra” (At 1.8) – Esse
comissionamento cumpre o que Ele mesmo havia dito em
João 10 e consequentemente à profecia em Isaías 40 e
Ezequiel 34; 36 sobre chamar as suas ovelhas que estão em
outros apriscos. Tais ovelhas são os eleitos espalhados por
toda terra – isso é, eu, você e todos os que creem em Jesus.

Algumas pessoas irão questionar que tais promessas no


Antigo Testamento foram feitas ao povo judeu. Não
discordo de tal afirmação, porém, a que tipo de judeu elas
foram ditas? O Apóstolo João nos ensina que aqueles que
nascem de novo são justamente os que nascem de Deus,
nãos os da nação de Israel, mas os de Deus (Jo 1.13) [ou
seja, os filhos da promessa]. O mesmo ensino é mais claro
em Paulo quando diz: “isto é, não são os filhos da carne que
são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

contados como descendência” (Rm 9.8) e anteriormente o


Apóstolo ensinou sobre esses filhos da promessa, segundo
ele é: “aqueles que Deus de antemão conheceu ele também
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”
(Rm 8.29).

Mesmo cumprindo o que havia prometido quanto a


desobediência do povo, Deus não quis os destruir. O profeta
revela isso e ainda mais, Deus não fez isso apenas porque
não quis – claro que Ele teria muitos motivos para isso, mas
por ter dito que sua aliança Ele escolheu apenas castigar o
seu povo. Apesar de vermos o seu amor e sua misericórdia
nessa ação, Deus fez isso para honrar o seu próprio nome,
como veremos mais tarde.

A BASE DA NOSSA FÉ
Aprendemos, portanto, que Deus executa seu justo juízo
sobre o seu povo. Isso fez com que fossem perseguidos por
vários inimigos e recebessem assim a recompensa pela sua
desobediência. Um fato importante para compreendermos
a graça de Deus é que parte desse castigo envolve espalhar
o seu povo pelo mundo e enquanto faz isso Deus os
persegue até a vinda de Jesus, momento histórico em que
decide encerrar o castigo (Is 40.1-2) e buscar o seu povo
(v.10-11). Deus realiza isso com a vinda do Messias (o bom
pastor - Jo 10), a proclamação do evangelho aos judeus e
posteriormente aos gentios e a conversão realizada pelo

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As bases da fé cristã

Espírito Santo. Tudo isso pode ser visto na história do Novo


Testamento e experimentado por todos os cristãos que, em
qualquer parte do mundo, crê no evangelho de Cristo.
Esse é um ensino bastante esquecido pela igreja cristã,
porém a Bíblia mostra ele constantemente e acredito que
precisamos aprender a enxergá-lo também. Para isso, tire
algumas horas do seu dia e estude com calma os textos
citados: Lv 26; Is 40; Ez 34; Ez 36; Mt 1; Jo 1; Jo 6; Jo 10 e Rm
9.

A Soberania de Deus quanto a salvação do seu povo


“22. Dize portanto à casa de Israel: Assim diz o Senhor DEUS:
Não é por respeito a vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas
pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para
onde fostes. 23. E eu santificarei o meu grande nome, que foi
profanado entre os gentios, o qual profanastes no meio deles;
e os gentios saberão que eu sou o SENHOR, diz o Senhor
DEUS, quando eu for santificado aos seus olhos” (ACF)

Algumas pessoas podem ficar assustadas com estes versos.


Isso porque eles nos apresentam um Deus muito mais real
do que geralmente ouvimos por aí. O fato de dizer “Não é
por causa de vocês que faço isso, ó, casa de Israel, mas pelo
meu santo nome” (NAA), não ensina que Deus não nos ama,
mas que Ele não se rebaixa ao ser humano.
Deus não é inferior ao seu povo para permitir que o mesmo
faça o que quiser do seu nome, Ele tem um compromisso

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

muito maior consigo mesmo do que com os nossos


pecados, por isso Ele nos castiga sempre ao invés de nos
mimar, como alguns pais fazem. O que o profeta está
dizendo é que Deus se preocupa com o que o povo de Israel
fez enquanto espalhado pelo mundo, e demonstra que
ainda ama o seu povo escolhendo restaurá-lo ao invés de
simplesmente os destruir. Isso nos mostra um ponto
importante sobre a nossa salvação: nós estávamos pecando
contra o nome de Deus antes de sermos salvos por Ele. Isso
é muito distante do que dizem por aí sobre o mundo estar
ansiando por Jesus, como vi outro dia no Manual Bíblico
SBB. O mundo não anseia por Deus, ele demonstra
claramente não desejar a sua presença, e como isso fica
visível? Ele peca constantemente contra Deus.
Esse é mesmo ensino que Paulo nos traz em Romanos,
compare isso ao que ele disse:
“Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a
seu tempo pelos ímpios… Mas Deus prova o seu próprio
amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós
quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.6,8).
Aos Efésios ele escreve algo bastante similar: “Mas Deus,
sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com
que nos amou, e estando nós mortos em nossas
transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo – pela
graça vocês são salvos” (Ef 2.4).

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Agora precisamos corrigir um erro comum para que


possamos compreender algo sobre o termo “mundo”
quando as palavras do profeta foram ditas. Considere que o
profeta está transmitindo essa mensagem de salvação a um
povo específico, temos então dois tipos de povos na terra –
isso é uma afirmação literal. Deus não está afirmando que
os povos estavam pecando contra o seu nome, também não
estava dizendo que iria restaurar todas as nações da terra,
como alguns costumam ensinar. Deus nunca quis restaurar
todas as nações, fosse assim ele teria restaurado Sodoma e
Gomorra ou o mundo inteiro antes do dilúvio.
Considere, portanto, que dentre todo o mundo Deus esteja
chamando o seu povo, isso pode ser estranho para a
maioria dos cristãos brasileiros porque aprendemos
erroneamente que Deus ama todo o mundo, mas é
justamente isso que aprendemos enquanto lemos a Bíblia –
Deus está chamando o seu povo dentre todas as nações do
mundo. Como isso é possível? Lembre-se que estudamos
isso enquanto líamos os versos 18-21? Deus quis, como
castigo, espalhar o seu povo em todo o mundo, mas agora
ele está prometendo os reunir novamente e fez isso em
Cristo. Talvez o que Paulo ensinou aos Coríntios seja de
maior importância sobre isso, veja:
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros,
e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um
só corpo, assim também é com respeito a Cristo” (1Co
12.12).

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Ou seja, todos os que creem em Jesus, de todo o canto da


terra, constituem um só corpo de Cristo e demonstram ser
os filhos de Deus que foram espalhados pela terra. Você
poderia perguntar: E o restante da terra que não crê? - Jesus
mesmo o responderia dizendo: “mas o que não crê já está
condenado, porque não crê no nome do unigênito filho de
Deus” (Jo 3.18).

A BASE DA NOSSA FÉ
Podemos concluir com esses versos que a salvação do povo
de Deus é algo extremamente restrita a sua vontade e que
da parte do homem só lhe resta o pecado e a morte. Mas
Deus quis nos salvar, pela sua graça e pelo seu amor e isso
não acontece porque fomos bonzinhos no mundo, ou
porque negociamos a nossa salvação com as nossas obras –
muito pelo contrário, são as nossas obras que atraiam o
justo castigo de Deus, como poderíamos fazer algo para ser
salvos? Isso é impossível ao homem, como bem ensina
Jesus nos evangelhos.
Salvos pela graça de Deus! E por sua graça temos uma nova
vida, onde podemos (apenas agora que fomos alcançados)
viver em santidade e observância à sua vontade, como
veremos nos próximos pontos desse estudo.

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Deus toma o seu povo de volta


24. E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de
todas as terras, e vos trarei para a vossa terra. (ACF)

Este verso reproduz uma parte muito importante do que


Jesus veio fazer na terra. Esse capítulo poderia estar muito
bem colocado no anterior, mas eu quis separá-lo para que
você possa compreender o que de fato está acontecendo na
terra desde que Jesus veio morrer por nós. No capítulo 34 o
profeta disse que Deus mesmo viria ajuntar as suas ovelhas
e alguns versos depois ele nos ensina que enviaria um rei
chamado Davi, veja como o profeta escreve:
“Porei sobre elas [as suas ovelhas] um só pastor, e ele as
apascentará. O meu servo Davi. Ele as apascentará e será o
seu pastor” (Ez 34.23).
Sabemos que os mortos não podem voltar a esta terra,
aprendemos isso com Jesus em Lc 16.19-31. Portanto, como
pode Davi voltar à vida e reinar? A resposta talvez esteja na
genealogia de Jesus, veja como Mateus escreve o primeiro
verso do seu evangelho:
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão” (Mt 1.1).
Davi foi, dentre todos os reis, o mais fiel a Deus que Israel já
teve, porém, ele ainda não era perfeito e vemos isso na sua
história. Mas Ezequiel pega emprestado o seu reinado para
dizer que viria um Rei como Davi, porém este seria o Davi

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

perfeito. Esse é Jesus, o Rei enviado por Deus para guiar o


seu povo e é isso que Ele faz conosco exatamente agora.

Ezequiel não foi o único a ensinar que seríamos tomados


dentre os gentios, o profeta Isaías anteriormente tinha dito
“que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço
dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante dele
vem a sua recompensa. Como pastor, ele apascentará o seu
rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e
os carregará no colo” (Is 40.10,11) e com isso ele se referia
justamente a Jesus Cristo, à sua obra na cruz e àquilo que
faz com o seu povo e fará até a sua vinda.

Infelizmente muitos irmãos, por não entender os profetas,


passaram anos ensinando que essa profecia (e outras como
essa) se referiam ao povo judeu, como se os judeus fossem
os únicos eleitos e não aqueles que creem, dentre judeus e
gentios – essa é a mesma briga que Paulo resolve nas suas
cartas, mas muitos ainda não compreendem o que isso tudo
significa. Quando o profeta diz que Deus vai reajuntar o seu
povo ele não está dizendo sobre os nascidos da terra de
Israel, ele está dizendo sobre aqueles que seriam salvos, e o
local onde eles seriam reajuntados não é literal, mas
espiritual. Isso é sobre o Reino de Deus que vemos nos
evangelhos, e apenas nele todos os crentes estão ajuntados
em Cristo, como vimos em Romanos 5 (texto que lemos no
capítulo anterior). Esse ensino é tão antigo quanto os

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

evangelhos que o próprio Cristo ensinou, isso foi registrado


pelo Apóstolo Lucas, veja:
“Indagado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de
Deus, Jesus lhes respondeu: - O Reino de Deus não vem
com visível aparência. Nem dirão: “Ele está aqui!” ou “Lá
está ele!” Porque o Reino de Deus está entre vocês”. (Lc
17.20,21) – algumas versões dizem “o Reino de Deus está
dentro de vocês”, mostrando que este é um Reino espiritual
do qual fazemos parte.

Isto não é sobre um reino físico e político, como muitos


esperam. Veja que confusão será quando um certo rei se
colocar em Israel dizendo-se ser o messias. Muitos crentes
hoje esperam um reinado humano de Jesus, eles aguardam
a vinda dEle para reinar na terra – por outro lado, os judeus
esperam o messias “verdadeiro”, que não é o que veio
anteriormente. Em outro lugar nas sagradas escrituras
entendemos que algum tipo de rei humano virá reinar e
enganar as nações, ele é mais conhecido como às duas
bestas do apocalipse, ou o anticristo. Temos, porém, um
aviso muito sério aqui: “o Reino de Deus está entre vocês” -
ou seja, ele não será terreno, mesmo que muitos apareçam
dizendo ser Jesus devemos rejeitar essa mensagem, pois o
Cristo verdadeiro deixou claro que a nossa união a Deus
não acontecerá como um reino político nessa terra.

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Muito distante disso o que se tem ensinado é que um dia


Jesus vai vir e reinar literalmente por mil anos, veja como o
pastor John MacArthur ensina isso:
“Ensinamos que depois do período de tribulação, Cristo
voltará ao mundo para ocupar o trono de Davi e estabelecer
o seu reinado messiânico na terra por mil anos” (Bíblia de
estudo MacArthur – SBB)
Enquanto isso as palavras de Jesus vão perdendo
significado, pois ele disse que o Reino de Deus já está entre
nós, e se temos um Reino certamente temos um Rei! Jesus,
o Rei dos reis. Ele mesmo nos ensina isso, veja como Jesus
se coloca como Rei do seu Reino: “E, chegando-se Jesus,
falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na
terra” (Mt 28.18 ACF) e o escritor aos Hebreus não disse que
Jesus sustenta todas as coisas à-toa quando escreveu:
“sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” e
posteriormente declarando: “assentou-se à destra da
majestade nas alturas” e ainda atribuindo a ele o reinado
divino sobre um certo povo declarou: “Mas, do Filho, diz: Ó
Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro
de equidade é o cetro do teu reino” (Hb 1.3,8).
Sobre esse fato Spurgeon comenta de forma
completamente bíblica o Salmo 45 (referência usada pelo
escritor de Hebreus aqui). Spurgeon sabia e reconhecia
Jesus como o Rei que já governa sobre o seu povo, por isso
ele pode ser o nosso professor quanto a esse tema:

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

“A quem essas palavras se referem senão ao nosso Senhor?


[…] Que alegria é saber que Ele reina em um trono que
nunca acabará, porque precisamos da sua graça soberana e
do amor eterno para garantir a nossa felicidade. Deixasse
Jesus de reinar, nós deixaríamos de ser abençoados, e não
fosse Ele Deus, e, portanto, Eterno, é o que aconteceria?
Não há trono que dure para sempre, senão aquele em que
Deus se assenta” (Os Tesouros de Davi – vol 1 – CPAD – 1ª
Edição).
Spurgeon não esquece da divindade de Cristo quando exalta
o seu reinado, aliás, muitos se esquecem de que Jesus é
Deus como Deus. A segunda pessoa da Trindade Santa
Reina para sempre.
Apesar de publicar o ensino de Spurgeon, a CPAD não
concorda com ele e também ensina sobre um reinado
terreno e político de Jesus, como esse não é o foco do nosso
estudo não mostrarei detalhes sobre isso aqui.

O Apóstolo Pedro, não apenas concorda que já estamos


vivendo o Reino de Deus como também escreve sobre esse
fato fazendo quase que uma paráfrase do que lemos no
profeta Ezequiel, veja como ficou isso: “Vocês, porém, são
geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as
virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. Antes, vocês nem eram povo, mas agora
são povo de Deus; antes, não tinham alcançado

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia” (1Pe


2.9,10) – Isso nos leva de volta dois fatos importantes: 1 –
Nós fazemos parte de um povo eleito de Deus e vemos isso
nos profetas ao anunciar a salvação e restauração de Israel;
2 – Em algum momento estávamos distantes do nosso Rei
devido ao nosso pecado, mas fomos reajuntados nEle por
Cristo Jesus, alcançando assim a sua eterna misericórdia.
Era sobre isso que Jesus estava dizendo ao proferir estas
palavras: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco.
Preciso trazer também estas. Elas ouvirão a minha voz e,
então, haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10.16) e
cumpre perfeitamente o que havia sido prometido a Abraão
sobre a sua aliança, veja: “Estabelecerei uma aliança entre
mim e você e a sua descendência no decurso das suas
gerações, aliança perpétua, para ser o seu Deus e o Deus
da sua descendência” (Gn 17.7).
Você acabou de fazer uma viagem de Gênesis até o dia que
leu este estudo. Ele trata sobre nós, que cremos em Jesus,
daqueles escolhidos para serem povo de Deus através da
sua graça e misericórdia. Os que creem são os encontrados
na aliança de Deus a Abraão, e Deus cumpre em nós o que
prometeu a ele também, por isso no capítulo anterior
vemos Deus nos buscando dentre as nações por amor do
seu próprio nome, ou seja, por que Ele prometeu, Ele vai
cumprir e isso pode ser visto hoje mesmo tanto em nós que
cremos, quanto naqueles que ainda crerão em Jesus Cristo.

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

A BASE DA NOSSA FÉ
Cremos e confiamos nas promessas de Deus. Assim
podemos ter certeza de que pela pregação do evangelho e fé
em Jesus Cristo somos recebidos como filhos de Deus e
introduzidos no seu Reino sob a proteção de Jesus Cristo,
nosso eterno Rei. Esse não é um reino humano ou terrestre,
mas divino. Não é um Reino visível em relação ao seu
governo e majestade, mas um Reino espiritual e pode ser
hoje mesmo percebido e vivido por todo aquele que crer em
Jesus, o Messias enviado para ajuntar o seu povo num só
Reino. A isto chamamos Reino de Deus, ou Reino dos céus.

Deus restaura o seu povo para sempre


25. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis
purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os
vossos ídolos vos purificarei. 26. E dar-vos-ei um coração
novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da
vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de
carne. (ACF)

A obra completa de Deus exige que o seu povo seja


purificado. Se anteriormente estávamos mortos em nossos
pecados, afastados de Deus, agora algo precisa acontecer
para que sejamos aceitos por Ele. Mas, quem pode se
arrepender se Deus mesmo não operar isso em nós? Quem
pode se purificar se todos os nossos pensamentos são
maus? Por isso Ele mesmo decidiu, não apenas buscar o seu

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

povo, mas purificá-los para que estejam aceitáveis diante da


sua presença. A obra inteira da salvação vem de Deus para
nós e isso inclui a remissão dos nossos pecados, isso deve
ser suficiente para compreendermos que “pela graça vocês
são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de
Deus, não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8).
Por isso Jesus veio, e inclui o fato de que ele foi literalmente
derramado por nós em pelo menos dois pontos
importantes: 1 – Ele foi derramado pois veio do céu para a
terra; 2 – Ele foi derramado porquê da terra ele
experimentou a morte, sendo derramado na cruz por nós.
A água pura que foi aspergida em nós é o próprio Cristo,
que pela sua vontade fez a expiação pelos nossos pecados,
como era feito no Antigo Testamento apontando para um
evento superior e perfeito, isso é, Jesus. A obra de Cristo
por nós nos fez novas criaturas, pessoas diferentes das
demais, pois agora somos purificados por Ele. O Apóstolo
Paulo compreendeu isso enquanto estudava as escrituras e
inspirado pelo Espírito Santo nos ensina que:
“Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de
vida”. (Rm 6.4) – Ou seja, a morte de Cristo fez com que os
seus filhos fossem completamente modificados, passando
de um estado de rejeição à vontade de Deus para uma vida
de plena obediência. Sabemos que essa é uma obra que se
inicia no ato da conversão e termina na volta de Jesus, a

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

isso chamamos de processo de santificação. Algo que Deus


fez em nós e nos leva a uma vida de piedade cada vez mais
voltada a Deus e à sua vontade, sobre isso o profeta
Ezequiel conta em detalhes e é isso que vamos aprender a
partir de agora:

A – Uma purificação completa


Quando o profeta diz: “de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei” - ele está dizendo que
a obra de Cristo na cruz foi completamente perfeita para
nos perdoar. Esse texto mostra a completa extensão do
pecado do povo de Deus, o povo era imundo porque amava
mais o pecado do que a Deus e isso é mostrado não apenas
no Antigo Testamento, mas nas nossas ações anteriores à
salvação como bem ensina o Apóstolo Paulo: “Entre eles [os
filhos da desobediência] também andamos no passado,
segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade
da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos
da ira, como também os demais” (Ef 2.3) – esse povo, assim
como nós, era idólatra porque estavam de fato desejando e
buscando outros deuses além do verdadeiro Deus. Essa é
uma característica do povo pagão, eles preparam e adoram
seus próprios deuses e nós antes de sermos chamados
fazíamos igual, mesmo não percebendo. Veja como Jesus
ensina: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e
desprezar o outro. Vocês não podem servir à Deus e às

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

riquezas […] Portanto, não se preocupem, dizendo: “que


comeremos? ”, “Que beberemos? ” ou “Com que nos
vestiremos? ” porque os gentios é que procuram todas estas
coisas” (Mt 6). Jesus disse isso porque os deuses dos gentios
eram geralmente voltados às coisas humanas, existiam (e
ainda existem) deuses responsáveis pelas plantações,
estações, sucesso, sexualidade e uma infinidade de motivos
mais, por isso Jesus disse que essas preocupações eram
coisas dos gentios, porque eles adoravam algum deus para
conseguirem essas coisas. Disso tudo fomos libertos! Não
precisamos de uma imagem para conseguir alguma coisa
com Deus, não há mais necessidade de intermediadores
entre Deus e o homem, ainda que isso hoje seja praticado
por religiosos que se dizem cristãos, eles demonstram, na
prática, dessa idolatria, não terem sido alcançados pela
graça de Deus. São ainda, um povo estranho para Deus e
idólatras em todas as suas atitudes, mas nós fomos
alcançados, portanto, nenhuma imagem ou adoração faz
mais sentido. Nisso vemos que fomos lavados pela ação
graciosa de Cristo na cruz

B – Uma nova vida voltada à vontade de Deus


O povo alvo da graça de Deus estava também vivendo
contrário à sua vontade e negando aquilo que Deus havia
dito a eles. Nisso fica claro que o coração do povo estava
duro como uma pedra, ele não absorvia mais nada que
vinha de Deus. Quando dizemos isso parece que estamos

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

falando filosoficamente e sobre algo que não pode ser na


prática experimentado, ora, como pode o povo ter o
coração duro porque não absorve as palavras de Deus? Por
acaso a palavra é algo que necessita de um coração mole?
Sim! A palavra de Deus só age naqueles corações sensíveis à
sua mensagem, e são esses que experimentam o que é viver
a sua palavra. Gosto muito de citar o Salmo 119 sobre isso,
sobre como a palavra de Deus modifica o nosso caminho e
nos direciona para Deus, veja esse verso:
“Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos, e os
seguirei até o fim. Dá-me entendimento, e guardarei a tua
lei; guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela
encontro felicidade. Inclina o meu coração aos teus
testemunhos e não à cobiça” (Sl 119.33-36). A palavra de
Deus é que nos direciona para a sua vontade, é dela que
temos a experiência verdadeira em Deus.
Veja que o salmista usa as palavras “decretos, leis,
mandamentos, testemunhos” para demonstrar que isso
tudo vinha do conhecimento da sua palavra e não de uma
experiência aquém da sua palavra. A falta dela faz com que
o povo caminhe exatamente contrário ao que Deus quer e
eles são castigados, veja outra citação de Salmos nos
lembrando essa verdade:
“Logo, porém, se esqueceram das obras de Deus e não
esperaram pelos seus desígnios. Entregaram-se à cobiça, no
deserto; e, nos lugares áridos, puseram Deus à prova” (Sl
106.13,14) – isso lembrando o que o povo havia feito no

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

deserto enquanto desejavam as coisas do Egito (Nm 11.4-


34). Em outras palavras, o coração do povo se tornou duro
como uma pedra, deixaram de lado a vontade de Deus e
agiram como se Ele não fosse o nosso Deus e direcionador.
Isso fez com que fossem duramente castigados, mas agora,
em Cristo Jesus Ele resolve de uma vez por todos esses
problemas, pois recebemos um novo coração, voltado à sua
vontade para que nunca mais sejamos afastados de Si por
conta dos nossos pecados.

Essa é a restauração que Deus iniciou em nós no momento


da conversão, não foi concluída ainda pois vivemos com
uma mente humana, em breve, quando ele voltar isso será
resolvido. Enquanto isso não acontece, a sua palavra e a
ação do Espírito Santo em nós nos leva a uma vida de
santidade e arrependimento.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é
manifestado o que haveremos de ser. Mas sabemos que,
quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;
porque assim como é, o veremos. E qualquer que nele tem
esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é
puro” (1Jo 3.2,3).

A BASE DA NOSSA FÉ
Cremos que toda mudança positiva – verdadeiramente
positiva – no homem vem de Deus. Esse é um processo que
se inicia no ato da conversão, quando somos tocados pelo

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

Espírito, mediante a exposição do evangelho. Chega-se à


conclusão de que até aquele instante vivíamos afastados de
Deus por conta dos nossos pecados. Sendo o nosso estado
natural contaminado pelo pecado apenas Deus pode mudar
isso em nós, nos fazendo assim, novas criaturas separadas
para si. Isso não significa que somos perfeitos, na verdade,
é pela ação de Deus em nós que podemos perceber quão
pecadores somos e assim nos arrepender das nossas ações.
Sempre que, fazemos isso de coração recebemos de Deus o
perdão verdadeiro.

Deus marca o seu povo para sempre


“27. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis
nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis”
(ACF)

Com tudo que Deus faz em nós no ato da conversão, como


garantir que não voltemos ao nosso estado anterior? Deus
poderia nos salvar, purificar e transformar para depois
perdermos tudo isso e voltarmos ao ponto zero? Se essa
fosse a vontade de Deus, Ele certamente estaria perdendo
tempo e ficaria claro sua incapacidade em conhecer o
coração do homem, mas o texto não diz isso, muito pelo
contrário! Deus nos mudou para sempre e Ele mesmo
garante que seja para sempre.
Após a purificação, recebemos o seu Santo Espírito em nós.
Não é algo que simplesmente nos capacite a fazer algum

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

tipo de missão, embora isso venha acompanhado na


mudança. Deus realmente nos amou de tal forma a enviar
seu filho por nós, mas Ele não faria isso tendo possibilidade
de perder tempo, por isso Ele mesmo garante que vai dar
certo.
O certo é que Deus deseja que andemos na sua vontade, Ele
realmente nos quer para si e não vai deixar que nada mude
os seus planos, Jesus mesmo nos ensina sobre isso, veja:
“Pois eu desci do céu para fazer a vontade daquele que me
enviou e não para fazer a minha própria vontade. E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum daqueles
que o Pai me deu se perca, mas que eu ressuscite todos no
último dia” (Jo 6.38,39 NTLH) e mais à frente ele declara
algo parecido: “Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas
nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha
mão. O poder que o Pai me deu é maior do que tudo, e
ninguém pode arrancá-las da mão dele” (Jo 10.28,29 NTLH)
Jesus não foi o único a ensinar isso, o Apóstolo Paulo
ensinou o mesmo quando disse: “Diante de tudo isso, o que
mais podemos dizer? Se Deus está do nosso lado, quem
poderá nos vencer? Ninguém! ” (Rm 8.31 NTLH).

Agora, pense por um minuto em como Deus garante isso


em nós e para nós. Ele precisa, além de tudo, se certificar
que a sua criação não cairá como aconteceu com Adão e
Eva. Por isso a promessa é tão importante aqui. Deus
garantiu que não vamos mais sair da linha quando disse

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

que o seu Espírito fará com que obedeçamos a Ele! Se o


nosso estado anterior era de desobediência e Cristo veio
para nos salvar justamente do resultado de uma vida assim,
agora, com o Espírito Santo nós nunca mais voltaremos a
esse estado. Morremos para o mundo, e ressuscitamos para
Deus (Rm 6). Este Santo Espírito não é apenas uma marca,
muito menos a simples presença de Deus, pois essa se
encontra em qualquer parte da criação. O Espírito Santo
prometido aqui é a terceira pessoa da Trindade em nós. Isso
mesmo, Deus habita em nós para que nós não saiamos mais
da sua vontade. O seu Espírito está muito longe de ser uma
presença simbólica e passiva, o Espírito Santo é soberano
sobre aquele que crê. Ele nos direciona para a vontade de
Deus e nos usa para o aprimoramento dos santos no seu
Reino (1Co 12.11-13).
Um povo que anteriormente andava segundo a sua própria
vontade, sendo assim levados para longe do seu Deus, agora
foi aproximado por Deus e para sempre. Foi assim que Ele
nos trouxe até aqui e será assim que Ele nos levará a
cumprir toda sua vontade, para que no fim possamos estar
eterna e perfeitamente com Ele.

A BASE DA NOSSA FÉ
Descobrimos pelas promessas de Deus que o seu Santo
Espírito habita todo aquele que nele crê. Não apenas

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As bases da fé cristã

pessoas seletas dentro do Reino, mas todos os crentes


foram batizados no mesmo Espírito para que cumpramos a
sua vontade e nunca mais saiamos da sua presença. Esse é
um dos sinais mais fortes quanto ao seu amor, a ponto de
fazer com que permaneçamos em sua presença pela sua
santa e soberana vontade. Sendo assim, Deus nos faz
perseverar até o fim pela Palavra e pelo Espírito Santo.

A aliança perpétua, Deus é o nosso Deus


“28. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis
o meu povo, e eu serei o vosso Deus” (ACF)

Espere um instante. Esse texto não é novo para nós! A


promessa feita aqui é de que Deus estará conosco, mais
ainda, ele será o nosso Deus e nós seremos o seu povo. Caso
isso não soe familiar eu irei refrescar a sua memória, veja
isso:
“Estabelecerei uma aliança entre mim e você e a sua
descendência no decurso das suas gerações, aliança
perpétua, para ser o seu Deus e o Deus da sua
descendência” (Gn 17.7 NAA).

Deus fez uma aliança perpétua com Abraão estendendo à


sua descendência, essa aliança só pode ser cumprida em
Jesus, “filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1) – essa é a
geração daqueles que creem, os que foram chamados à
salvação e creram em Jesus. Anteriormente vimos como o

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As bases da fé cristã

pecado do povo fez com que Deus cumprisse a sua justiça


descrita em Levítico 26, mas agora Ele fez com que fosse
possível participar das promessas quanto a obediência,
como vimos no ponto anterior. Por isso sua promessa e
aliança perpétua se estende a todo aquele que crê em Jesus
fazendo assim um só povo e um só Deus, como havia
anteriormente prometido a Abraão. Em Jesus, Deus cumpre
a sua promessa e nos traz de volta para si. Mas essa não é
uma bênção a ser manifesta apenas nesta terra, é algo que
experimentaremos de forma grandiosa na volta de Jesus.
Alguns irmãos fazem separação entre Israel e Igreja, mas
veja que Deus não faz nenhuma promessa dupla, ele diz:
serei o seu Deus – só há um povo nessa promessa. Isso
poderia ser suficiente para levantar outra questão: seremos
esse povo, se Deus está prometendo isso ao povo judeu?
Claro que sim! Na verdade, todo aquele que crê em Jesus é
parte do seu povo, do povo da aliança feita a Abraão, não
pela nacionalidade, mas pela fé. Por isso ainda, quando
Jesus descreve a sua vinda não faz separação de 3 povos,
mas de 2. Os salvos e os não salvos (Mt 25.32,33). Por isso
ainda Jesus disse que iria chamar suas ovelhas dispersas
para que fossemos todos um rebanho com um só pastor (Jo
10), isso tudo nos mostra que Deus cumpriu a sua aliança
perpétua exatamente como disse a Abraão e hoje podemos
desfrutar dessa maravilhosa bênção espiritual, mas isso
não termina aqui, ainda há muito para conhecer e
conforme experimentamos essa caminhada entenderemos

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

tudo que Deus preparou para nós até que enfim chegue
aquele grande dia.
“E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço
novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas
palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está
cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A
quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da
água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu
serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21:5-7 ACF)

BASE DA NOSSA FÉ
Entendemos que a nossa salvação cumpre a aliança feita
entre Deus e o seu povo, dita a Abraão. A isso chamamos de
Doutrina da Aliança, onde entendemos que tudo que Deus
cumpriu em Cristo Jesus fez com que o seu povo, o povo
escolhido, fosse efetivamente salvo por Ele recebendo
assim as promessas feitas anteriormente para nós. Por isso
cada ponto anteriormente tratado pode ser aceito com fé,
tendo a certeza da nossa eleição, salvação e a segurança de
que Deus não nos chamaria para si com a intenção de nos
afastar posteriormente, portanto, podemos ter certeza da
nossa salvação e eleição.

Conclusão
Vimos no decorrer desse estudo que devemos ter como
base primária para o estudo teológico a Bíblia sagrada, a

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As bases da fé cristã

santa palavra de Deus. Sem isso, ou com acréscimo,


corremos sério risco de cair no engano do liberalismo o
qual tem levado diversas pessoas à apostasia e negação da
fé.
Entendemos ainda que Jesus não é uma mera figura criada
a partir de uma leitura do Novo Testamento, o Messias é
visto em toda a Palavra de Deus e a sua vinda cumpre
perfeitamente o que o Pai havia determinado para ele e por
nós. Compreendemos perfeitamente que Jesus tinha
consciência de sua missão e isso demonstra pleno
conhecimento dos textos sagrados do Antigo Testamento,
vimos em Cristo o maior exemplo de teologia bíblica e
aprendemos sobre a graça salvífica a partir do Antigo
Testamento, fonte perfeita para a teologia do Novo
Testamento desenvolvida pelos apóstolos e pelo Messias.
Aprendemos um pouco sobre a teologia da aliança,
esquecida pelos brasileiros e ocultada por pastores para que
a nossa base fique distante da realidade. Não tenha dúvida,
a doutrina da aliança é uma das bases fundamentais da fé
cristã, por isso ela aparece em toda a Bíblia, como você viu
anteriormente. Todo esse esforço serve para que tenhamos
certeza da nossa fé, cresçamos na graça e no conhecimento
daquilo que o Pai deixou para nós a fim de que vivamos de
acordo com a sua santa e soberana vontade, mas isso ainda
não é o fim. Desde que nos arrependamos dos nossos
pecados e buscamos uma vida de santidade estamos
iniciando uma nova jornada, portanto, todo esse

Palavras em Chamas – Devair S. Eduardo


As bases da fé cristã

conhecimento sem a sua devida aplicação infelizmente não


resultará em nada além de suave alegria. Crente, viva o que
Deus tem para nós. Não deixe que o comodismo ou as
dificuldades da vida os parem, ninguém pode ser maior que
aquele que nos tirou das trevas para a luz, portanto,
vivamos tudo aquilo que Ele tem para nós.

Devair S. Eduardo
Blog. Palavras em Chamas

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