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COPPE / UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
SH Sphaier
Julho de 2003
Forças hidrodinâmicas em plataformas fixas
SH Sphaier
Julho de 2003
1 Introdução
Estruturas fixas no mar são utilizadas em pequenas profundidades. Em geral são do tipo
de jaqueta. Entretanto não podemos deixar de considerar o caso de estruturas com grandes
dimensões.
Sobre essas estrutiras atuam a correnteza e as ondas do mar. Tanto para as estruturas
compostas por elementos esbeltos como para estruturas com grandes volumes a correnteza
atua gerando efeitos viscosos significaticos. Já no caso de ondas a questão difere um pouco e a
forma da ação dependerá das relações entre altura da onda, comprimento da onda e dimensões
da estrutura.
Ao se propagarem e encontrarem estruturas tı́picas utilizadas para prospecção e exploração
de petróleo as ondas poderão, de acordo com as relações entre as caracterı́sticas das ondas e
as dimensões da estrutura, sofrer modificações sensı́veis na sua aparência, dado ao fenômeno
de difração, ou causar efeitos de ação local sem entretanto modificarem sensivelmente sua
estrutura.
A diversidade nos tipos de plataformas empregadas na exploração de petróleo no mar
implica em distintas formulações para a solução dos problemas inerentes à interação onda /
estrutura. Existem basicamente dois enfoques distintos para o cálculo da ação do fluido sobre
a estrutura associados tanto a estruturas fixas quanto flutuantes:
Aceita-se em geral a aplicação da fórmula de Morison como uma aproximação válida para
o cálculo das forças que atuem sobre corpos cujas dimensões lineares sejam muito menores
do que o comprimento da onda incidente. Nessa condição, a presença do corpo não deforma
a trajetória das partı́culas da onda incidente. Nesse caso a força atuante sobre o corpo se
divide em duas componentes, de arraste e inercial.
À medida em que as dimensões do corpo crescem relativamente ao comprimento de ondas
as hipóteses básicas sobre as quais se assenta a formulação de Morison são violadas. A
onda incidente sofre um acentuado espalhamento quando se aproxima do corpo. Nesse caso
1
SH Sphaier 2
a hipótese inicial de que o corpo não interfere na onda incidente deve ser abandonada e
temos que analisar os efeitos da difração que ocorre quando estudamos o comportamento das
plataformas de grandes dimensões tais como as plataformas de gravidade tipo ”Condeep”ou
os tanques submersos para armazenamento de óleo.
Na análise do problema hidrodinâmico de interação onda/estrutura, três parâmetros são
relevantes: as relações entre as dimensões lineares das seções do corpo transversais ao escoa-
mento e o comprimento de onda, entre a altura de onda e as dimensões das seções do corpo
transversais ao escoamento e a relação entre a profundidade do mar e as dimensões lineares
do corpo.
O primeiro parâmetro é significante com relação à região de validade da equação de Mori-
son indicando se os efeitos de deformação da onda podem ou não ser desprezados. O segundo
indica a influência dos fenômenos de origem viscosa principalmente os efeitos de separação
da camada limite. Como a altura de onda está ligada ao movimento orbital das partı́culas
fluidas quando esse parâmetro for pequeno os efeitos de separação serão desprezı́veis pois a
partı́cula fluida em contato com o corpo irá percorrer uma trajetória sem brusca mudança de
forma. O terceiro parâmetro indica a influência dos efeitos de superfı́cie livre no coeficiente
de massa adicional CM .
A figura 1 indica as regiões de validade para a formulação de Morison ou para a teoria
potencial podendo-se notar uma região de superposição onde ambas as teorias são válidas.
Nela estão assinaladas três regiões. Na região 1 a dimensão caracterı́stica do corpo a, por
exemplo o diametro D de um cilindro circular vertical, é bastante grande comparada com o
comprimento da onda λ (e por conseguinte com a sua altura H). As partı́culas fluidas sofrem
uma modificação em suas trajetórias e escoam próximo ao corpo sem desenvolver uma camada
limite e sua separação, uma vez que seus deslocamentos são muito menores que o corpo.
Pode-se dizer que o número de Keulegan-Patterson KC = Um T /a é pequeno, onde Um e T
caracterizam a velocidade média e o perı́odo do movimento oscilatório das partı́culas fluidas.
Nesta região, o fenômeno predominante é o de difração das ondas. A região 2 caracteriza
escoamentos de ondas com alturas superiores à dimensão caracterı́stica do corpo. Imaginando-
se novamente um cilindro circular vertical cortando a superfı́cie livre com diâmetro D como
dimensão caracterı́stica a, têm-se que as partı́culas fluidas vão orbitar com deslocamentos
superiores ao diâmetro do cilindro, escoando junto à superfı́cie do cilindro desenvolvendo
a camada limite e sua separação. A onda não sofre modificação em sua estrutura, mas
fenômenos viscosos serão preponderantes junto ao corpo, isto é, não há difração das ondas
e o regime de escoamento é tı́pico para a aplicação da fórmula de Morison. A região 3
corresponde ao caso de corpos suficientemente pequenos para não deformar a onda que se
propaga (dimensão caracterı́stica pequena comparada com o comprimento da onda), porém
suficientemente grandes para que os movimentos das partı́culas não superem a dimensão
caracterı́stica (dimensão caracterı́stica grande comparada com a altura da onda). Voltando
ao caso do cilindro circular vertical, seu diâmetro é bem menor que o comprimento da onda,
mas é grande comparado com a altura da onda.
Em 1950, Morison et al. propuseram para o cálculo da força por unidade de comprimento
atuante em um pilar cilı́ndrico vertical, perpendicular ao eixo do cilindro, a seguinte fórmula:
SH Sphaier 3
ρ πD2
f = CD Du|u| + CM ρ u̇ (1)
2 4
onde:
ρ - Massa especı́fica
D - Diâmetro do Pilar
Esta expressão, proposta de uma forma semi-intuitiva, pode ser justificada, uma vez que
ao se considerar um escoamento retilı́neo acelerado bidimensional de um fluido ideal (não
viscoso), incidindo sobre uma seção circular, atuará uma força sobre o cilindro, resultante das
pressões hidrodinâmicas, com intensidade proporcional à aceleração da massa fluida, tendo a
seguinte expressão:
πD2 πD2
fI = CM ρ u̇ = (1 + CAD )ρ u̇ (2)
4 4
onde:
f = fI + fD (4)
Entretanto, observando-se os efeitos de camada limite e seu descolamento, as carac-
terı́sticas de escoamento potencial ficam consideravelmente modificadas. Porém, o efeito da
SH Sphaier 4
forma do corpo continua causando perturbações na massa fluida fora da região da camada lim-
ite. Da mesma forma que anteriormente, irá provocar sobre o corpo pressões hidrodinâmicas
responsáveis por uma força resultante diferente de zero. Neste caso, entretanto, essas pressões
sofrerão efeitos da viscosidade e do descolamento da camada limite. Esta interação de efeitos
pode ser considerada fazendo CM depender do número de Reynolds Re , de tal forma que
πD2 ρ
f = CM (Re )ρ u̇ + CD (Re ) Du|u| (5)
4 2
Para a determinação dos valores de CM e CD , para o cálculo das forças devidas às ondas,
outros parâmetros devem ser considerados, os quais representam a rugosidade da superfı́cie
do cilindro e o movimento oscilatório das partı́culas fluidas.
A expressão acima pode ser aplicada também quando o tubo é flexı́vel, considerando as
velocidades e acelerações locais do tubo v e v̇.
πD2 πD2 ρ
f = CM ρ u̇ − (CM − 1)ρ v̇ + CD D(u − v)|u − v| (6)
4 4 2
Essas expressões podem ser estendidas para o caso em que uma correnteza esteja presente.
No caso de correnteza com velocidade constante sem ondas a velocidade u corresponde à
velocidade da correnteza e sua derivada u̇ é nula. No caso em que ondas se propagem èm
presença de correnteza, pode-se superpor as velocidades da correnteza e da onda em u.
A análise da ação de ondas sobre estruturas de grandes dimensões só veio a merecer
maior atenção por parte de engenheiros e pesquisadores a partir de meados da década de
sessenta com a necessidade de tais estruturas para a exploração do petróleo. No entanto, já
em 1949, o matemático F. John [] formulara rigorosamente o problema de valor de contorno
decorrente da aplicação da teoria potencial para solução do problema da ação de ondas sobre
corpos flutuantes utilizando o método da função de Green. Pouco se fez, no entanto, no que
diz respeito ao cálculo numérico das equações resultantes dada a grande complexidade das
mesmas.
A partir de 1970 apareceram diversos trabalhos utilizando o método da função de Green
para a solução dos problemas de difração e irradiação de ondas tais como os de Garrison
e Rao [ ] que estudaram a ação de ondas sobre um semi-elipsóide submerso pousado no
fundo da região fluida. Outro trabalho de Garrison e Chow [ ] analisa a ação de ondas sobre
um corpo flutuante de forma semi-esférica comparando seus resultados com a solução exata
obtida por Havelock [ ]. Faltinsen e Michelsen [ ] calcularam os coeficientes hidrodinâmicos,
forças de excitação e movimentos para plataformas flutuantes em forma de caixa utilizando
o método da função de Green e compararam seus resultados com aqueles obtidos por meio
da teoria das faixas. Como esperado os resultados divergiram acentuadamente posto que a
geometria das caixas flutuantes não se enquadra nas hipóteses da teoria das faixas. Hogben
e Standing [ ] utilizando o método da função de Green analisaram os efeitos da difração de
ondas em diversas estruturas verticais fixas com diferentes seções transversais e compararam
seus resultados teóricos com resultados obtidos experimentalmente.
SH Sphaier 5
Outro trabalho pioneiro no setor foi desenvolvido por Havelock [ ] que calculou a força
horizontal atuante num cilindro vertical de altura infinita sob a ação de um trem de ondas
regulares. Posteriormente, MacCamy e Fuchs [ ] resolveram problema análogo para o cilindro
vertical de altura finita sendo que esses dois trabalhos são dos poucos que apresentam uma
solução analı́tica completa para o problemas da difração de ondas em corpos de grandes
dimensões.
A partir da década de 1970, liderado por Newman, no MIT, houve o desenvolvimento do
programa WAMIT, com otimização de modelos matemáticos para avaliar as funções de Green.
Muitos outros pesquisadores envolveram-se em seu desenvolvimento e em sua utilização em
diversos centros de pesquisa no mundo. Tornou-se hoje um padrão para análises em que os
fenômenos de radiação e difração são preponderantes.
Um T
KC = (9)
D
onde:
T - é o perı́odo da corrente e
D - é o diâmetro do cilindro.
Alternativa 1 :
Supõe-se que somente as componentes de velocidade e aceleração normais ao eixo do
cilindro provocam forças sobre o mesmo. Assim sendo a força por unidade de comprimento
do cilindro, f , é dada por:
πD2 ρ
f = CM ρ (an,x i + an,y j + an,z k) + CD D|un |(un,x i + un,y j + un,z k) (10)
4 2
onde:
Alternativa 2 :
Supõe-se que as componentes tangenciais da aceleração também provocam forças no ele-
mento. Assim sendo, a força por unidade de comprimento do cilindro, f , é dada por:
SH Sphaier 9
πD2
f =ρ [(CM an,x + at,x )i + (CM an,y + at,x )j + (CM an,z + at,x )k)]
4
ρ
+CD D|un |(un,x i + un,y j + un,z k) (11)
2
onde:
Alternativa 3 :
Calcula-se a força considerando-se as intensidades dos vetores velocidade e aceleração,
porém incidindo sobre a área e o volume das projeções do cilindro, ora na direção da normal
à velocidade, ora na direção da normal à aceleração. Assim sendo:
πD2
f = CM ρ cos(θa )(ax i + ay j + az k)
4
ρ
+CD D cos(θu )|u|(ux i + uy j + uz k) (12)
2
onde:
Alternativa 4 :
Supõe-se que as intensidades das forças atuantes se devem somente às componentes da
velocidade e da aceleração normais ao eixo do cilindro inclinado. Assim sendo:
πD2
fM = CM ρ cos(θa )|a| (13)
4
ρ
fD = CD D cos(θu )|u|2 (14)
2
A direção da força é regida pelos vetores unitários das componentes de velocidade e acel-
eração normais ao eixo do cilindro nu e na , respectivamente.
f = fM na + fD nu (15)
SH Sphaier 10
Alternativa 5 :
Supõe-se que a intensidade da força atuando sobre o cilindro deve-se à velocidade e acel-
eração totais e sua direção depende dos vetores unitários nu e na , com a ressalva de que, se
o ângulo θ formado pela direção da velocidade (aceleração) e pela normal ao eixo do cilindro
excede π/3 radianos, deverá ser aplicado um fator de correção F AC:
πD2 ρ
f = CM ρ |a|F ACa na + CD D|u|2 F ACu nu (16)
4 2
onde:
tan(π/2 − θ)
F AC = (17)
tan(π/6)
A figura 6 mostra as forma de consideração dos vetores velocidade e aceleração normais
utilizada nas diversas alternativas bem como os ângulos θ.
ρ - massa especı́fica
t - tempo
dS - elemento de área
S0 - área molhada.
SH Sphaier 11
Esta força pode ser dividida em duas parcelas, força de Froude-Krylov e força devida à
perturbação, Finc e Fpert , respectivamente:
onde:
Força de Froude-Krylov Z
∂φinc
Finc = − ρ ndS (20)
S0 ∂t
A primeira parcela é a resultante das pressões sobre a superfı́cie a ser ocupada pelos limites
do corpo. A segunda parcela é a resultante das pressões devidas a modificações nos campos
de velocidade e aceleração para que as partı́culas fluidas não atravessem os limites do corpo.
Aplicando à primeira parcela o teorema de Gauss, em relação ao volume interior, tem-se
Z Z
∂φinc ∂∇φinc
Finc = − ρ ndS = − ρ dV
S0 ∂t V ∂t
Z Z
∂vinc
=− ρ dV = − ρainc dV (22)
V ∂t V
onde, pela teoria linear:
∂vinc
ainc = (23)
∂t
Poderı́amos chegar a este resultado sem usar a teoria linear, obtendo
Z Z Z Z
Dvinc
Finc = pinc ndS = ∇pinc dV = ρ dV = ρ ainc dV (24)
S0 V V Dt V
Por esta expressão vemos que a força resultante dependerá da aceleração resultante e não
somente de sua componente na direção normal. Particularmente, se tivermos um cilindro com
pequeno diâmetro em relação ao comprimento e à altura da onda teremos (ver figura 8).
πD2
Z Z Z
Finc = ρainc dV = ρainc dldS ≈ ρ ainc,m dl (25)
V V b 4
onde:
b - é o comprimento do cilindro
SH Sphaier 12
πD2
fpert = −am CAD = −am A (26)
4
onde:
Assim podemos dizer que a força por unidade de comprimento do cilindro é dada por:
πD2
f = am ( + A) (27)
4
Este resultado mostra que se o elemento for totalmente molhado a aceleração tangencial
não deverá deixar de ser considerada. Isto também poderia ser visto analisando-se a expressão
Z
F= ppert ndS (28)
S0
Se o cilindro tiver extremidades no meio fluido, os vetores normais a elas não apontarão
perpendicularmente ao eixo do cilindro, implicando em haver a necessidade de considerarmos
a componente de forças na direção axial. Pelas expressões podemos ver que a aceleração
tangencial traduz este efeito.
Dois aspectos interessantes cabem ser ressaltados. O primeiro diz respeito a cilindros que
vão do fundo até acima da superfı́cie livre. Neste caso o vetor normal é sempre perpendicular
ao eixo, só podendo ser esperado que a resultante das forças seja perpendicular ao eixo. O
segundo aspecto é que para cilindros longos e esbeltos a contribução da componente axial é
em geral pequena.
Particular cuidado deve ser tomado na avaliação das forças em juntas, uma vez que alguns
elementos terminam sobre a superfı́cie dos outros. Ao separarmos a estrutura em cilindros
para efetuarmos o cálculo das forças cilindro a cilindro devemos observar, que, conforme o
tipo de separação adotada, a extremidade de um cilindro pode ser a parte lateral de um outro
cilindro ou que partes laterais e extremidades não estarão sujeitas ao campo de pressões.
Considerar todos estes aspectos em juntas, implica em um trabalho computacional excessivo,
sem se saber até que ponto as contribuições locais fornecem uma modificação sensı́vel nos
resultados globais, particularmente se nos colocarmos diante de todas as incertezas envolvidas
no cálculo das forças. De uma certa forma podemos dizer que essa decisão é regida pela
influência da aceleração tangencial no cálculo das forças.
SH Sphaier 13
Este problema foi estabelecido anteriormente quando estudamos, escoamentos com su-
perfı́cie livre. O problema de valor de contorno para obtenção do potencial de velocidades é
dado por:
∇2 φ(x, z, t) = 0 (32)
1 C2
ρgζ + ρ[(vx − C)2 + vz2 ] − ρ =Q (41)
2 2
onde Q/(ρg) é constante para cada onda
d - em z = −d
∂ψ
=0 (42)
∂x
e - A onda é periódica em x com comprimento igual a L e simétrica em relação a crista ou
cavado
- O comprimento da onda L e
- A profundidade local d.
Destes três parâmetros pode-se obter as relações H/L, H/d e L/d que indicam a im-
portância dos termos não lineares que advêm da aceleração convectiva em relação ao termo
devido a aceleração local.
SH Sphaier 16
Em águas profundas, pequenos H/d e L/d, o parâmetro mais significativo é H/L, que
é chamada declividade da onda. Em águas rasas a altura relativa H/d torna-se o principal
parâmetro.
Entre estas duas configurações tem-se o que se chama de águas intermediárias. Neste caso
o parâmetro mais significativo é o número de Ursell HL2 /d3 .
Como exemplo pode-se observar que as velocidades das partı́culas diminuem com a diminuição
da altura da onda. Uma vez que a aceleração convectiva é quem gera o termo não linear na
Integral de Euler (o quadrado da velocidade) ela pode torna-se desprezı́vel a medida que a
onda possua uma pequena altura de onda.
As considerações feitas acima sobre águas rasas, intermediárias e profundas, têm um as-
pecto puramento matemático. é necessário quantificar estes valores para chegarmos a utilizá-
los praticamente, bem como verificar a validade das soluções que decorrem de simplificações
de acordo com os parâmetros H/L, H/d e L/d.
Com o objetivo de se chegar a soluções do P.V.C., podemos salientar três formas de
tratamento do problema:
- Solução através de linearização do P.V.C.
- Solução utilizando séries de potência para representar a função potencial de velocidades
e a equação de superfı́cie livre
- Solução utilizando série para representar a função de corrente, minimizando erros na
representação da superfı́cie livre.
No caso da solução através da linearização os termos não lineares são desprezados, o que
se tem mostrado como uma boa aproximação para ondas de pequenas amplitudes em águas
profundas.
No caso da solução através de séries de potência podemos distiguir dois sub-casos: águas
profundas, quando o parâmetro H/L é pequeno, e águas rasas, quando o parâmetro H/d é
pequeno.
O método de solução através de função de corrente consiste em utilizar-se a representação
N
L X 2πn(z + d) 2πnx
ψ=− z+ an senh cos (43)
T n=1
L L
onde N indica a ordem da série.
Esta expressão satisfaz exatamente as equações (39) e (42). A função ψ é uma incógnita
porém constante ao longo da superfı́cie livre e no fundo, em z = −d
dL
ψ=− (44)
T
Seu valor na superfı́cie livre reflete a medida do transporte de massa ao longo da onda.
A determinação dos coeficientes a1 , a2 , ...,an ,...,aN , do comprimento de onda e ψ na
superfı́cie livre é feita então numericamente tentando se satisfazer a condição dinâmica na
superfı́cie livre tão exatamente quanto possı́vel.
SH Sphaier 17
onde a = H/2.
0
Outras grandezas adimensionais importantes, são t , escala de tempo, e o potencial de
0
velocidades adimensional φ tal que:
L 0 L 0
t= √ t φ = √ gaφ (47)
gd gd
Com essas grandezas adimensionais (45), (46) e (47) em (32), (33), (35) e (36), considerando
patm = 0 e retirando a notação ”linha”, obtemos o seguinte problema de valor de contorno:
- em todo o domı́nio fluido
∂2φ ∂2φ
+ µ =0 (48)
∂z 2 ∂x2
- no fundo, isto é, em z = −1
∂φ
=0 (49)
∂z
- na superfı́cie livre z = ζ
∂ζ ∂φ ∂ζ(x, t) ∂φ
+ 2 = 2 (50)
∂t ∂x ∂x µ ∂z
- na superfı́cie livre z = ζ
∂φ 1 ∂φ 2 ∂φ
+ [( ) + 2 ( )2 ] + ζ = 0 (51)
∂t 2 ∂x µ ∂z
A partir de (48), (49), (50) e (51) podemos então observar, de acordo com as relações entre
H, d e L, representadas por e µ, os distintos problemas de interesse na determinação de
cargas em estruturas offshore. Podemos inicialmente separar em duas tendências de acordo
com o valor de µ. Soluções para águas profundas quando µ → 1 e soluções para águas rasas
quando µ → 0. Com base nas ordens de µ e podemos representar φ e ζ por séries de
potências adequadas. No caso em que µ → 1 e é pequeno, utilizando
SH Sphaier 18
∞
X
φ= n φn (52)
n=1
∞
X
ζ= n ζn (53)
n=1
Deve-se lembrar que quanto aos limites entre águas rasas, intermediárias e profundas não
existem em si dúvidas. Define-se matematicamente esses limites com base na relação entre
profundidades de comprimento de onda L:
A figura 9 apresenta uma proposta sobre os esperados limites de validade das diversas teo-
rias de acordo com LeMehaute []. Estas divisões baseiam-se em uma comparação sistemática
com resultados experimentais. Efetuando uma investigação de erros relativos, em relação à
condição de contorno dinâmico na superfı́cie livre. Dean [] posteriormente propôs o esquema
apresentado na figura 10.
Na figura 9 são apresentados os limites propostos por Ippen [] de validade das teorias:
as restrições
ζ(0) − ζ(L/2) = H (59)
Z L
ζdx = 0 (60)
0
com n
1X
Q̄ = Qi (61)
n i=1
SH Sphaier 21
- no fundo
ψ(x, 0) = 0 (65)
- na superfı́cie livre
ψ(x, η(x)) = −Q (66)
- na superfı́cie livre
1 ∂ψ 2 ∂ψ
[( ) + ( )2 ] + η = R (67)
2 ∂x ∂y
De forma similar ao que fizemos anteriormente introduzimos a a série abaixo que satisfaz a
equação de Laplace (64) e a condição de contorno cinemática na superfı́cie livre (66)
N
X senh(j m0 y)
ψ(x, y) = B0 y + Bj cos(jm0 x) (68)
j=1
cosh(j m0 d)
N
1 X senh(j m0 η)
+ [m0 jBj sen(jm0 x)]2 + η = R (70)
2 j=1
cosh(j m0 d)
Substituindo as equações (69) e (70) em N + 1 pontos ao longo de meio comprimento de onda,
geramos 2N + 2 equações com 2N + 5 incógnitas, B0 , B1 , ..., BN , Q, R, η0 , η1 , ... , ηN e m0 .
nova equação impondo que o nı́vel médio do fluido permaneça constante
N −1
1 X
(η0 + ηN + 2 ηj) − d = 0 (71)
2N j=1
SH Sphaier 23
η 0 − ηN − H = 0 (72)
m0 CT − 2π = 0 (73)
Com esta equação introduzimos uma nova incógnita, a celeridade. Finalmente utilizamos a
relação entre uma possı́vel corrente presente no escoamento Ce , a celeridade e o coeficiente
B0 :
C − Ce + B0 = 0 (74)
As equações formadas por (69) a (74), 2N + 6 equações, são reunidas no vetor de funções
f com componentes:
fi (ηj , Bj , C, m0 , Q, R) = 0 (75)
com j = 0, 1, ..., N , e i = 1, 2, 3, ..., 2N + 6.
f (wn )
wn+1 = wn − +e
∇f (wn )
onde e é o vetor indicativo do erro.
Os resultados obtidos por tal metodologia são bastante promisores. Além da metodologia
ser mais leve que a metodologia originalmente proposta por Dean, os resultados apresentam
uma aderência muito boa com os resultados experimentais obtidos por LeMeháutè, como
mostra a figura 14.
o nome de onda difratada. Como ainda são válidas as hipóteses de fluido incompressı́vel e,
menos de efeitos locais, as forças viscosas são desprezı́veis, o problema de valor de contorno
estabelecido anteriormente continua valendo. Entretanto, junto ao corpo deve ser imposta
uma condição de contorno que represente a impenetrabilidade do corpo. Assim, se φ é o
potencial total tal que
φ = φinc + φdif (76)
onde φdif é o potencial de difração, junto ao corpo deve valer a condição:
∂φ ∂φinc ∂φdif
= + = 0. (77)
∂n ∂n ∂n
Isto implica em que
∂φdif ∂φinc
=−
∂n ∂n
Linearizando as condições de contorno cinemática e dinâmica na superfı́cie livre e introduzindo
a condição de radiação obtemos o seguinte problema de valor de contorno para determinação
do potencial φdif :
- em z = 0.
∂φdif
σ 2 φdif − g =0 (79)
∂z
- no fundo, z = −d,
∂φdif
=0 (80)
∂z
- junto ao corpo
∂φdif ∂φinc
=− (81)
∂n ∂n
p
- condição de radiação para R = x2 + y 2 + z 2 → ∞
√ ∂φdif
lim R( + iσφdif ) = 0 (82)
R→∞ ∂R
onde n é a normal voltada para fora do domı́nio fluido e ST é a superfı́cie que delimita o
domı́nio fluido de interesse. No caso ST é composta da superfı́cie do corpo SC , da superfı́cie
SL−C em z = 0 excetuando a região do corpo, p da superfı́cie do fundo SF e da superfı́cie
bastante longe do corpo SR̄ , distando R̄ = x2 + y 2 do centro de ordenadas, formando um
cilindro de seção circular, com base no fundo e de raio R̄, estendendo-se até a superfı́cie z = 0.
Isto é, [ [ [
S = SC SL−C SF SR̄
A partir da expressão acima podemos escrever:
Z Z Z Z
1 ∂φdif ∂G 1 ∂φdif ∂G
φdif = (G − φdif )dS + (G − φdif )dS
4π SC ∂n ∂n 4π SL−C ∂n ∂n
Z Z Z Z
1 ∂φdif ∂G 1 ∂φdif ∂G
+ (G − φdif )dS + (G − φdif )dS (84)
4π SF ∂n ∂n 4π SR̄ ∂n ∂n
A função de Green é a solução fundamental da equação de Poisson
∇2 G = δ(R − R0 ) (85)
∂G σ2
= G
∂z g
que é similar ao comportamento de φdif na superfı́cie livre, obtido de (79)
∂φdif σ2
= φdif
∂z g
Disto decorre: Z Z
∂φdif ∂G
(G − φdif )dS = 0 (86)
SF ∂n ∂n
SH Sphaier 26
e
σ2 σ2
Z Z Z Z
∂φdif ∂G
(G − φdif )dS = (G φdif − φdif G)dS = 0 (87)
SL−C ∂n ∂z SL−C g g
Na superfı́cie SR̄ temos:
Z Z Z Z
∂φdif ∂G ∂φdif ∂G
lim (G − φdif )dS = lim (G − φdif )dS =
R→∞ SR̄ ∂n ∂n R→∞ SR̄ ∂R ∂R
uma vez que a derivada em n e igual à derivada em R, e somando e subtraindo im0 Gφdif
Z −∞ Z 2π
∂φdif ∂G
lim dz R1/2 R1/2 (G − φdif )dθ =
R→∞ 0 0 ∂R ∂R
Z −∞ Z 2π
∂φdif ∂G
lim dz R1/2 R1/2 (G + im0 Gφdif − im0 Gφdif − φdif )dθ =
R→∞ 0 0 ∂R ∂R
Z −∞ Z 2π
∂φdif ∂G
lim dz [R1/2 GR1/2 ( + im0 φdif ) − R1/2 φdif R1/2 ( + im0 G)]dθ (88)
R→∞ 0 0 ∂R ∂R
Pela condição de radiação temos que:
Assim sendo, Z Z
∂φdif ∂G
lim (G − φdif )dS = 0
R→∞ SR̄ ∂n ∂n
Reunindo esses resultados, temos que a expressão que fornece a representação integral do
potencial, resume-se a uma integração sobre a superfı́cie do corpo, ou seja:
Z Z
∂φdif ∂G
φdif (M ) = (G − φdif )dS (89)
SC ∂n ∂n
Considerando agora:
SH Sphaier 27
- ψ, um potencial de velocidades fictı́cio que representa o fluido que ocupa a região interna
ao corpo,
- De e Di os domı́nios externo e interno, respectivamente,
- n e n̄ os vetores normais ao contorno externo e interno, voltados para fora dos corre-
spondentes domı́nios, e
- M (x, y, z) um ponto pertencente ao domı́nio externo De ,
podemos escrever as seguintes expressões:
Z Z
1 ∂φdif ∂G
φdif (M ) = (G − φdif )dS (90)
4π SC ∂n ∂n
Z Z
1 ∂ψ ∂G
0= (G −ψ )dS (91)
4π SC ∂ n̄ ∂ n̄
Devemos observar que (∂/∂n) = −(∂/∂ n̄) pois os vetores normais n e n̄ estão orientados
para o exterior dos domı́nios De e Di , respectivamente,
Somando (90) e (91) teremos:
Z Z
1 ∂φdif ∂ψ ∂G
φdif (M ) = [G( − )− (φdif − ψ)]dS (92)
4π SC ∂n ∂n ∂n
Supondo agora que os potenciais φdif e ψ se igualem no contorno SC do corpo, isto é,
φdif = ψ em SC e definindo
1 ∂φdif ∂ψ
q(P ) = q(ξ, η, ζ) = ( − )
4π ∂n ∂n
onde P = (ξ, η, ζ) é um ponto de SC , temos que o potencial de difração é dado por:
Z Z
φdif (M ) = G(M, P )q(P )dSP (93)
SC
ou Z Z
φdif (x, y, z) = G(x, y, z, ξ, η, ζ)q(ξ, η, ζ)dSξ,η,ζ (94)
SC
Supomos que os pontos (x,y,z) da superfı́cie SC coincidem com os centróides das facetas,
então:
N Z Z
X ∂G(xj , yj , zj , ξ, η, ζ)
−2πqj (xj , yj , zj ) + q(ξi , ηi , ζi ) dS = Pj (xj , yj , zj ) (98)
i=1,i6=j ∆Si ∂n
obtemos:
N
X
−2πqj (xj , yj , zj ) + GNji q(ξi , ηi , ζi ) = Pj (xj , yj , zj ) (99)
i=1,i6=j
ou na forma matricial
[GN ∗ ]{q} = {P } (100)
Resolvendo o sistema (100) obtemos as intensidades complexas das singularidades qj .
A função de Green na forma de uma série infinita já havia sido desenvolvida por John,
sendo expressa por
2π(ν 2 − m20 )
G= cosh[m0 (z + d)] cosh[m0 (ζ + d)][Y0 (m0 r) + iJ0 (m0 r)]
[(m20 − ν 2 )d + ν]
N
X (µ2m + ν 2 )
+4 cos[µm (z + d)] cos[µm (ζ + d)]K0 (µm r)
m=1
(µ2m + ν 2 d − ν)
onde:
µm tan(µm d) + ν = 0
ν = σ 2 /g
- g é a aceleração da gravidade.
As derivadas da função de Green são calculadas diretamente já que a série é uniformemente
convergente.
A função de Green pode ser dada também na forma uma integral de valor principal:
Z ∞
1 1 (µ + ν)e−µd cosh[µ(z + d)] cosh[µ(ζ + d)]J0 (µr)
G= + + 2P.V. dµ
R R1 0 µ sinh(µd) − ν cosh(µd)
2π(m20 − ν 2 )
−i cosh[m0 (z + d)] cosh[m0 (ζ + d)]J0 (m0 r)
(m20 − ν 2 )d + ν
onde
R = [r2 + (z − ζ)2 ]1/2 R1 = [r2 + (z + 2d + ζ)2 ]1/2
SH Sphaier 31