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COLETTE NOVELY

A VIDA AMOROSA D A MULHER


MODERNA
T r a d uç ã o d e
AGNES CRETELLA

19 7 2

CONTEÚDO

Prefácio ....................................................
9
1 — O amor aos dezesseis anos ........... 13
2 — Escolha o homem que a tornará feliz.... 21
3 — O caminho para o casamento ...... 25
4 — Casar-se com uma virgem ........... 37
5 — Se você cometeu uma tolice ......... 45
6 — Noivado e sexualidade .................. 51
7 - A lua-de-mel ..................................... 63
8 — A aprendizagem do amor ............. 73
9 — Os esposos amantes ....................... 79
10 — O que uma mãe esquece de dizer . 91
11 — A cortesia na intimidade .............. 97
12 — Um perigo: o primeiro filho ......... 105
13 — Perigo para o amor: o ciúme ........ 123
14 — Conserve seu marido .................... 133
15 — Depois da confissão ...................... 143
À guisa de conclusão .............................. 161

Prefácio

Os livros que tratam de sexualidade dirigem-se, geralmente,


aos homens. É deles que depende, sem dúvida, o equilíbrio
amoroso da mulher.
Mas esta também deve conhecer o que pode auxiliá-la a
encontrar tal equilíbrio na vida.
Entretanto, apesar de uma educação sexual teórica, a maioria
das jovens permanece totalmente ignorante dos diferentes
problemas que irão assaltá-las em sua existência amorosa.
Isto porque a educação sexual escolar, científica e livresca,
não fornece senão indicações técnicas e negligencia o
domínio psicológico, tão importante, porém, para o êxito de
uma vida amorosa plena.

Os conselhos dados neste livro não o são levi anamente. São fruto
da experiência de uma psicóloga-sexóloga que ouviu as
confidências de milhares de mulheres.

Têm por objetivo ajudar as que o lêem a se comportar em sua


vida conjugal e amorosa de tal modo que, em qualquer
situação em que se encontrem, possam atingir o equilíbrio
sexual, sem o que nenhum ser no mundo conquista a
felicidade.
Portanto, o objetivo final destas páginas é o de ajudar as
mulheres a "fazerem sua felicidade", a despeito das
dificuldades que surgem no domínio do amor, assim como em
outros.
Para que esta finalidade seja atingida é preciso também que as
leitoras deste livro não se contentem em lê-lo, mas tentem,
honestamente, seguir a linha geral de comportamento que ele
lhes indica.

CAPÍTULO 1

O amor aos dezesseis anos

O primeiro desejo de uma jovem, quando o espelho lhe revela


que se tornou mulher é agradar aos rapazes.
Nada há nisso de imoral. Agradar não quer dizer atirar-se ao
pescoço dos homens.
É a confirmação de que agora é mulher e de que um dia
encontrará o homem de sua vida, aquele cujo nome ostentará,
aquele ao qual dará filhos: em poucas palavras, agradar aos
rapazes, para uma jovem, é estar certa de encontrar um
marido.
Infelizmente, a maioria das jovens se engana quanto aos
meios a empregar para agradar. Donde, graves desilusões, por
vezes desgraças dificilmente reparáveis e, muitas vezes, uma
vida desfeita.
Para melhor evitar esses erros, é preciso conhecê-los. Em
seguida, enumerarei os melhores meios de agradar,
infalivelmente.

A jovem emancipada
O primeiro, o mais grave, talvez, dos erros que as jovens ainda
ignorantes cometem ... é querer parecer emancipadas.
É verdade que vivemos numa época de grande liberdade e,
desde a escola, muitas jovens estão habituadas a estar lado a
lado com os rapazes, a falar de tudo, inclusive de amor e
sexualidade, sem o menor constrangimento.
Existe, porém, uma grande diferença entre o fato de ser
"amigo" de uma garota e o de pretender fazer-lhe a corte. Na
verdade, os rapazes mesmo os que fingem o contrário —
detestam as jovens de atitudes muito livres.
Segundo erro: querer ser, a todo custo, a mais bela e, para
conseguir tal objetivo imitar alguma vedete do "iê-iê-iê",
empetecar-se com trajes extravagantes, maquilar-se com
exagero, procurar chamar a atenção o mais possível.
O que possa divertir os homens no palco e mesmo fazer com
que se voltem na rua, envergonha-os quando se trata de uma
jovem que levam ao braço.
De qualquer modo os rapazes têm medo do ridículo... e
também das garotas lindas demais ! Ficam imaginando que,
como elas fazem muito sucesso, tenderão a ser infiéis.
Não procurar, a qualquer preço, ser a mais bela não quer dizer
prescindir de toda a coqueteria e pensar "Estou
suficientemente bem para agradá-lo".
Não se esqueça jamais que, mesmo quando a cumulam de
elogios, os rapazes têm olho vivo e registram seu menor
defeito ! Às vezes, este não lhes desagrada..., mas — atenção!
— condenam-no sem remissão.

Não seja dócil demais


Outro erro que não se deve cometer: ser dócil demais! É claro
que não as aconselho a se tornarem insuportáveis: as
"sabidas", muitas vezes, fazem sucesso, é verdade, sendo
provocantes, mas é raro que "agarrem" seus apaixonados. Mas
daí a agradar a ponto de ser dócil a todas as exigências de um
homem, há um grande passo e jamais se deve transpô-lo.
Pois você se arrisca — depois de obter de seus admiradores
uma submissão que muito depressa lhes parecerá importuna,
e satisfeitos os desejos deles — a ver-se abandonada por eles.
É da natureza humana: não nos apegamos senão àquilo que
obtemos com dificuldade, tanto hoje em dia como há dois mil
anos.

Algumas regras de sedução


Agora que lhes mostrei os erros que não se devem cometer,
eis as regras de ouro a seguir para ser a convidada dos rapazes
ao baile, a garota a quem telefonarão todos os dias, aquela a
quem gostarão de escrever quando fizerem o serviço militar,
aquela de quem dirão aos amigos: "Conheço uma garota
formidável, que não é como as outras."
Aquela, enfim, pela qual um dia se apaixonarão loucamente e
a quem pedirão em casamento. Mas, antes de falar em
casamento — eu lhe direi mais adiante como fazer que um
homem tenha vontade de casar-se com você — vejamos o que
se deve fazer para lhes agradar.

Em primeiro lugar sorrir!


Você verá que o segredo da sedução não é nem custoso, nem
difícil.
A jovem mais feia do mundo deve acreditar que: se aceitar
tudo com um sorriso, a vida, os aborrecimentos, as decepções,
o trabalho... não somente encontrará marido, como muitas
garotas bonitas, pretensiosas, desconfiadas, de mau caráter,
serão deixadas para trás, em beneficio dela.
Pois nada agrada mais aos homens que uma jovem alegre, que
não dramatize nada, que lhes fala sorrindo, que sabe se
divertir com as estórias que lhe contam.
Isso, quanto à moral.
Falemos do físico.
Poderíamos voltar ao sorriso. Nada embeleza mais um rosto,
nada o conserva mais jovem.
E a juventude atrai, invencivelmente, os homens.
Para agradar, a primeira qualidade física ê de estar asseada,
de causar uma impressão de saúde.
Mesmo que as lojas femininas mostrem, às vezes, jov ens
arrebatadoras de rostos pálidos, de si lhuetas exageradamente
magras... saibam que um homem não passeia com uma gravura
ao braço, que tem horror às garotas que lhe dão a impressão
de não ter saúde, que detesta ouvir que lhe res pondam, no
restaurante: "Não, não como molhos, estou de regime."
Agrada-lhe quem é saudável, quem ama a vida, è otimista,
tem o rosto corado e os olhos límpidos.
Com estes dois trunfos, você já tem as maiores chances de
agradar.

A atração do natural
Antes de lhe falar de pequenos "truques", ainda um conselho
de base, mas que lhe peço observar estritamente.
Seja natural. Seja você mesma, não tente, sobretudo, copiar a
personalidade de outra... seja ela Françoise Hardy, Sylvie
Vartan, Mireille Mathieu, Georgette Lemaire... ou a da sua
melhor amiga.
E se você for a mais meridional das morenas, por natureza,
não se estrague com tinturas, no cabeleireiro, para se tornar a
mais nórdica das loiras.
Permanecendo você mesma, você terá real mente uma
personalidade sedutora. Direi mais ai nda: se você tiver algum
defeito grave — ao menos a seus olhos — realce-o e ele se
tornará uma qualidade, ele se tornará sua própria
personalidade.
Mas, preste atenção: se você for rechonchuda — não abuse de
doces para ficar obesa, não é isso que lhe aconselho!
Simplesmente lhe digo: não queira fazer da noite, dia.
Examine-se bem no espelho e conheça seu próprio tipo,
depois acentue-o.
De qualquer maneira, os artifícios são perigosos. É muito
bonito no palco usar cílios postiços, seios postiços e perucas.
Mas no dia em que você se casar e em que seu marido
perceber todo este artifício, acredite-me, será melhor agradar-
lhe com os meios naturais e não lhe jogar muita poeira nos
olhos.
Inspire confiança aos homens
Se você realmente se esforçou em seguir a linha de conduta
que acabo de lhe traçar, existem meios infalíveis de fazer
sucesso junto aos rapazes.
O primeiro é fácil. É um truque, mas creia-me, não falha
jamais.
Fale-lhes deles e ouça-os em silêncio, de preferência com
olhar de admiração: eles não resistem a isso.
Peça-lhes que falem de sua infância, juven tude, aventuras,
tanto sentimentais como as outras. De sua profissão. O
homem que fala de sua pro fissão é inesgotável.
Depois admire-os, diga-lhes que você está certa de que
conseguirão fazer g randes coisas ou, pelo menos, ganhar
muito dinheiro.
Isso lhes dará não apenas confiança em si mesmos, como
elevada opinião a seu respeito, uma vez que você foi capaz de
descobrir do que eles são capazes.
Outro pequeno "truque" compensador: pe ça-lhes conselhos.
Principalmente sobre a maneira de você se pentear, se vestir,
se divertir. Não receie aparecer insegura, um pouco
ignorante, quer num campo, quer noutro.
O que mais falta aos homens de nossos dias, com a
extraordinária promoção social e mental da mulher... é ainda
se sentirem o sexo forte !
Então, quando uma garota sorridente, jovial, dinâmica e que
não se parece com todas as outras, suspira, olhando um rapaz
bem nos olhos: "Não sei o que faria sem você!" Não tenha a
menor dúvida, ela estará certa de agradar. E não apenas ao
rapaz a quem olhar, mas a todos os outros que invejarão o
eleito.
Pois todos sonham ser o homem forte, em cujo ombro uma
mulher desejará apoiar-se por toda a vida.
Com maior razão ainda a jovem a quem se sentirão felizes de
revelar a vida e o amor.

CAPÍTULO 2
Escolha o homem que a tornará feliz

Para os homens, os problemas sexuais são mais importantes,


mais essenciais, ao que se diz, que para as mulheres: toda a sua
vida psíquica, social, profissional se arrisca a ficar perturbada
se não resolveram, de maneira harmoniosa, os problemas
sexuais que os afligiram na puberdade.
E, se tantas jovens, tantas mulheres são vítimas de obsessões
sexuais e, sem ir tão longe, vítimas, na vida cotidiana, de
maridos tirânicos, irritados, que não conseguem se afirmar
nem na vida, nem na profissão, é quase sempre porque o
homem ao qual se uniram não teve adolescência sexual
equilibrada.
Quanto não desejavam ter sucesso junto às mulheres. .. e nem
sempre o conseguiram!

O homem: este conquistad or


Está provado, cientificamente, que, se a mulher foi feita para
"guardar", uma vez que é o receptáculo de toda a vida nova, o
homem, principalmente na juventude, foi feito para
conquistar, para borboletear.
Naturalmente, a grande vitória do ser humano sobre o animal
é que suas relações sexuais não são, apenas, de "reprodução",
mas também de amor e prazer. Este amor e prazer físicos
completam, maravilhosamente, o amor sentimental e o prazer
que sentem dois seres que se amam de viverem juntos, de
conversarem, fazerem projetos, construírem a vida.
Isso não impede que o instinto exista. E que isso esteja certo.
E que não seja preciso casar-se com um homem que tenha
reprimido os instintos.
Esta é a aprendizagem mais difícil da vida sexual do homem e
é preciso que as jovens o saibam.
É claro, responderão, que existe a prostituição, declarada ou
não, que permite aos homens libertar os instintos, sem ferir a
sensibilidade das jovens com as quais querem se casar.
Não tenho a intenção de entabolar um debate sobre a
utilidade ou não da prostituição. Mas, pondo de lado a
prostituição, acontece que a liberdade muito grande nos
costumes atuais permite aos jovens ter amantes entre as
companheiras da mesma idade.
Não sejamos hipócritas. Encaremos as coisas sem emitir um
julgamento moral. Isso é certamente bom... para as que
querem, um dia, encontrar marido equilibrado.
Cabe às moças avaliar os riscos a que se sujeitam libertando-se
dos tabus sexuais. Algumas não foram feitas, absolutamente,
para a liberdade: forçam-se, pois, a isso. Restam as que,
mulheres ou mocinhas, julgam poder viver sexualmente
livres.
CAPÍTULO 3
O caminho para o Casamento

Quando se pergunta às jovens se querem se casar logo, muitas


respondem:
— Ter namorados não é difícil. Mas daí a que eles se casem!
Os homens não têm vontade de se casar? Eles não têm pressa,
eis tudo. Receiam perder a liberdade — a liberdade que é
também, para eles, muitas vezes, a solidão — mas formam
uma idéia mais certa do casamento: avaliam-lhe a gravidade.
Sabem que, no momento em que se casam, carregarão nos
ombros, novas e, por vezes, mais pesadas responsabilidades;
primeiramente, as de prover às necessidades materiais da
mulher, depois de uma ou várias crianças.
E essas responsabilidades, muitas vezes, os atemorizam.
Em certo sentido, isso é muito bom. Pois os jovens que se
casam, imaginando que sua vida será idêntica à que levavam
quando solteiros, serão maus maridos.

Escolher por uma noite ou para toda a vida?


Então como escolher aquele que convém?
Para ser feliz existe a satisfação sexual e, antes de
experimentá-la, a jovem deve ousar interrogar-se,
sinceramente, sobre a atração que sente pelo rapaz.
Ele lhe agrada porque é fascinante, por sua inteligência,
beleza ou fortuna?
Está simplesmente iludida pelo desejo, pelo amor que lhe
dedica?
Todas essas razões são insuficientes ou, antes, são apenas
superficiais.
O que se deve tentar descobrir é se nos sentimos com
coragem de viver todos os dias que Deus faz — tanto os maus
como os bons — ao lado daquele homem, se aceitamos a idéia
de que ele perderá a mocidade, a riqueza ou que sua
inteligência não lhe permitirá que se afirme socialmente.
O que é preciso saber é se se tem vontade de pôr no mundo
filhos que se lhe assemelhem. Em poucas palavras, se a
admiração, a estima não são necessárias para uma aventura
sexual, são o próprio penhor do bom casamento — o que uma
jovem jamais deve esquecer.

O amor não deve cegar


Convenhamos, porém, que nem a clarividência, nem a
lucidez são fáceis quando se está apaixonada e se é
inexperiente. E é assim que muitas jovens, confundindo
"namorico" com amor, aceitam casar-se com o homem mais
indicado para torná-las infelizes!
Bem sei que não é fácil escolher..., mas, pelo menos, não
transgrida algumas leis de ouro... e se você gosta de gastar, se
você é generosa, não se case com um homem que, mesmo
quando noivo, hesita em fazer a menor despesa, verifica as
contas do restaurante duas ou três vezes, acha que você não
precisa mudar de roupa, "que você está bonita como está!"
Sem chegar a verificar se vocês se entendem sexualmente,
tornando-se amantes, pelo menos pode-se sabê-lo,
interrogando-o, habilmente, se é muito atraído pelo sexo
feminino... ou se a beija, muito casto, na testa e se isso agrada
a você ou não !
Principalmente, não decida, com muita precipitação, que
vocês foram feitos para viver juntos a vida inteira: a vida é
longa e a vida em comum extremamente difícil e há uma
tendência a esquecer tudo quando se quer bem.
Mesmo que seja possível amar a vida inteira, é muito ma is
difícil agradar a vida toda... o importante, pois, è escolher o
amor e este é formado de mil e uma pequenas afinidades e
cumplicidades, que jovens e rapazes devem procurar
encontrar entre si, desde que resolvam casar -se.

Como se fazer desposar


No fundo, e è onde quero chegar, o melhor meio de
convencer um rapaz a desposá-la... é conseguir demonstrar-
lhe, de um lado, que você está pronta e é capaz de partilhar
com ele as responsabilidades da vida conjugal; por outro lado,
deve dar-lhe a impressão de que sua pr esença vai permitir-lhe
que desabroche, que tenha mais êxito na vida, de tornar -se,
em suma, um homem, en quanto que, vivendo ainda com os
pais, permanece, de um modo ou outro, uma criança
dependente deles.
Dizia-se, antigamente, que uma menina se casava para ser
livre, para escapar à autoridade paterna.
Pois bem, em nossos dias, olhe bem à sua volta e me dará
razão.
São os moços, muitas vezes, que desejam sacudir o jugo
familiar e deixar o domicílio paterno, para afirmar sua
independência.
Além disso, é preciso que possam viver como solteiros:
raramente é o caso. E para uma jovem, um pouco hábil,
conseguir casamento é a possibilidade mais fácil do mundo.
Compreenda-me bem. Quando digo uma jovem hábil, quero
dizer também uma jovem que ame, realmente, um rapaz.
Não se trata de apanhar um marido, por meio de um ardil,
como se fora uma borboleta. Mas de convencer um homem
que a ama — e que se ama — de que a vida a dois, no plano
do casamento, é mais feliz, mais rica, que a vida de um
solteiro solitário, que vai de garota em garota, afastando-se
cada vez mais daquilo que constitui a verdadeira felicidade: a
família, a tranqüilidade de espírito e de corpo.

O homem tranqüilo
Em primeiro lugar e antes de mais nada, faça com que ele
tenha confiança em você. Uma mulher jamais deve perder de
vista que o que os homens mais desejam é sentir-se em paz.
Em seguida, fora o fato de serem admirados, eles querem ser
estimados.
Não existe meio melhor de conquistar e con servar um homem,
que lhe dar a impressão que se é extraordinariamente feliz
com ele, feliz com sua simples presença, pelo fato de que ele
existe e, pela razão ainda mais forte, do que o ama!
Enfim, eles precisam da sua compreensão, isto é, de ser
ouvidos por você. Uma jovem que saiba ouvir, não temo
predizê-lo, terá quantos pedidos de casamento quiser!
Quando você habituar, assim, um rapaz que, além disso, a
acha bonita, encantadora, a confiar em você, a contar-lhe suas
preocupações profissionais, seus projetos e esperanças, os
problemas que possa ter com os pais, até com alguma moça
que pensara amar e que não ama mais...
Quando ele pensar em você, não apenas como um flerte, mas
como amiga, o primeiro grande passo para o pedido de
casamento estará dado.

Por que a desposará?


Há muitas outras razões que fazem com que o homem, de
repente, tenha vontade de edificar um lar com uma jovem.
São muitas vezes razões inversas das que fizeram com que,
desde os primeiros encontros, você o seduzisse.
Um exemplo: Vocês se encontraram no baile. Você usa um
vestido um pouco "maluco", não pára de rir, ao falar, dança
até perder o fôlego, faz "fofocas" e tem muitos admiradores,
entre os quais parece não saber bem qual o que mais lhe
agrada.
Houve um começo... um pequeno começo...
Ele deve ter dito a si mesmo: "Aquela ali, vai ser minha."
Depois, vocês se reviram. De repente, ele descobre que você
já trabalha como datilografa, mas que de manhã, antes de sair,
ajuda sua mãe com seus três irmãozinhos, que você sabe
trocar fraldas, lavar roupa e cozinhar. . . o que não a impede,
à noite, de fazer um curso de inglês, porque deseja melhorar
sua situação e tornar-se secretária bilingüe.
Pode ter certeza disso: ele a admirará! Achará que você não é
como as outras, indolente, frívola, coquete.
Daí concluir: eis o tipo de mulher que gostaria de ter. . .
Para seduzir um rapaz, basta, às vezes, ser um pouco
provocante.
Mas para lhe dar vontade de se casar com você, é exatamente
o contrário. É uma antiga lei da natureza que quanto mais
difícil de se conseguir uma coisa, mais ela é desejada.

Não brinque com seus sentimentos


Cuidado! Não pense que a aconselho a "fazer de tonto" um
rapaz, com a esperança de que isso lhe dê vontade de se casar
com você.
Não se trata de um jogo.
Trata-se de lhe mostrar que você não é uma pequena fútil,
que não se apaixona facilmente, que não costuma distribuir
favores a qualquer um.
Todas as qualidades que um homem possa desejar encontrar
na mulher que escolher para mãe de seus filhos, não precisa
fingir possuí-las, mas mostrar que as possui.

Prove seus talentos


Você é boa cozinheira? Não o diga. Mas, por ocasião de um
encontro em casa de amigos ou durante um piquenique ou
acampamento, dê um jeito de preparar um prato da sua
especialidade... um prato que lhe agrade.
Isso ê muito importante: conhecer os gostos daqu ele cuja
esposa você quer se tornar. Não apenas os gostos culinários,
mas os outros gostos e convicções.
A vida conjugal nem sempre é uma conversa amorosa a dois,
que se olham, eternamente, nos olhos, um do outro.
É preciso enfrentar juntos todos os problemas, todos os
obstáculos, suscitados pela vida.
É preciso, também, partilhar não apenas o mesmo leito, mas
todas as horas, por vezes monótonas, da vida cotidiana.
E criar filhos f e l i z e s .

O príncipe e a pastora?
Um homem que pretende fundar um lar sabe, geralmente, de
tudo isso e se deixa cegar menos que uma moça por
considerações românticas; mesmo que você lhe agrade
bastante, que ele a deseje e descubra que você não é das que
cedem ao primeiro que aparece, pode acontecer que hesite em
pedi-la em casamento... simplesmente porque você lhe parece
muito infantil.
A não ser no caso de homens mais velhos e ricos, que não
vêem na mulher senão uma criança para mimar, um objeto
precioso, que se cerca de luxo, a maioria dos homens quer
encontrar na futura esposa uma verdadeira companheira.
É a sua oportunidade!
Não se deixe ofuscar pelos príncipes encantados que se casam
com pastoras. Não digo que isso não aconteça jamais. Não
afirmarei também que somente homens de idade sejam ricos e
dispostos a proporcionar uma vida de princesa às jovens
deslumbrantes...
Já encontrei muitas dessas jovens, tão invejadas por milhões
de moças, e que se casaram com miliardários, com homens
célebres.
Se você lhes conhecesse a verdadeira vida, suas relações
verdadeiras com os fabulosos maridos, na maioria dos casos,
teria pena e não desejaria estar no lugar delas.
Pois ter sido escolhida por ser um belo objeto, ser a mulher de
um homem muito mais idoso, muito mais rico, quase sempre,
de um meio social diferente, constituí, muitas vezes, um
inferno. E no dia em que seu "senhor e amo" descobre um
objeto mais jovem, mais belo, que lisonjeie mais sua vaidade...
Mas não falemos de coisas tão tristes.

Os futuros sogros
Sei que me dirijo a pessoas normais, de desejos razoáveis, de
esperanças realizáveis.
As moças que desejam, de modo muito louvável, encontrar
um bom marido, torná-lo feliz, dar-lhe belos filhos e ser feliz
também.
É a estas que aconselho ainda o seguinte:
Se deseja que um namorinho se transforme em grande amor e
que este grande amor se realize pelo casamento, apresse -se
em conhecer os pais do rapaz escolhido e, principalmente,
faça-se apreciar por eles, especialmente pela mãe.
Realmente, diga o que disser um rapaz, sobre seus pais,
mesmo que pareça querer sacudir o jugo familiar, você deve
saber que, salvo algum caso excepcional (desquite, mal-
entendidos no plano profissional ou político) um homem que
deseja fundar um lar, respeita, profundamente, o lar que seus
pais fundaram, antes dele e toma a mãe como exemplo da
mulher ideal, sem o saber.
Agradar aos pais dele também é garantia contra eventuais
críticas a seu respeito que, mesmo que ele não as leve em
conta, lhe serão desagradáveis.
Agradar à mãe dele que, apesar de tudo, ele adivinha ter
ciúmes da moça que lhe levará o filho, será apaziguar os
escrúpulos que muitos rapazes sentem à idéia de causar
desgosto à mãe. Será dar-lhe a impressão que, além das razões
exteriores que o fazem desejá-la, você possui qualidades
evidentes de verdade, para agradar ao juiz mais severo.

A própria moça deve fazer o pedido de casamento?


Admitamos agora que, apesar de todos os esforços no sentido
que lhe indiquei, apesar de todo o amor que o rapaz parece
lhe dedicar, ele custe a fazer o pedido.
Evidentemente, você saberia como proceder para decidi-lo?
Não há milagre no caso.
De qualquer modo, existem pequenas receitas que trazem
bons resultados.
Mas, em primeiro lugar, cabe a você descobrir se o silêncio do
seu namorado tem motivos explicáveis.
Talvez ele ache que sua situação ainda não lhe permite os
encargos de família?
Ou talvez se sinta jovem demais para ligar, definitivamente,
sua vida a outra. Ou terá problemas de saúde ?
Em outros casos ainda, o fracasso da vida conjugal de seus pais
ou dos dele, pode preocupá-lo, fazê-lo hesitar.
A menos que seja o eterno inquieto, não estando seguro dos
seus sentimentos, de sua fidelidade futura.
Finalmente, talvez você se ache diante de um tímido! Devo
insistir num ponto: existem muitos, muito mais que as moças
possam imaginar.
Mas, cuidado! Sob o pretexto de se achar diante de um tímido,
não vá tomar a iniciativa do pedido de casamento.
Há jovens que o fazem. . . existem mesmo rapazes que cedem
a essa espécie de — às vezes — chantagem: ou você se casa
comigo ou não quero vê-lo mais. Mas geralmente isso causa,
mais tarde, péssimo relacionamento.
E, especialmente, à primeira discussão, piora, em caso de
"golpe baixo" no contrato de casamento, pois o homem fraco,
que cedeu ao pedido de sua mulher, replicará quase
automaticamente:
— Não fui eu que a pedi em casamento. Você me quis, agora
me tem. Pior para você. Tem de me aceitar como sou.
O que lhe sugiro é mais sutil.

Seja diplomata
Se ele for tímido, mencione o futuro casa mento de alguma das
suas amigas, dando a enten der que você também gostaria de
formar um lar, ter filhos, partilhar a vida de um rapaz de
valor e ajudá-lo em seus projetos.
Pode chegar mesmo a lhe esboçar o retrato do marido ideal,
com o qual você sonha e esforce-se para que seja bastante
parecido com ele, de modo que se reconheça. Em seguida, se
ele não se decidir a engulir a isca, não tema causar-lhe um
pouquinho de ciúmes — não muito! — dando-lhe à entender
que lhe fizeram propostas, mas que você he sita, porque
aquele a quem ama... infelizmente, talvez, não a ame o
bastante, para desposá-la, não seria então melhor escolher o
caminho da razão? Qual a opinião dele?
Você verá! Se a ama sinceramente, encontrará, afinal,
coragem de se declarar.
Nos outros casos (situação, saúde, etc.) você pode agir quase
do mesmo jeito, falando, o mais sinceramente possível, dos
projetos para o futuro e como planeja sua vida.
Ao que se preocupa com as coisas materiais, você provará, se
se sentir com coragem, que o di nheiro não traz felicidade e
que, de resto, você é económica e capaz de trabalhar.
Ao que se preocupa com a saúde, mostrará que cuidará dele
melhor que ninguém, no caso, aliás, bem improvável, de que
ele caia doente.
Uma jovem apaixonada jamais tem dificuldade de convencer
um rapaz apaixonado de se casar com ela, sobretudo se para
ela o casamento não é um fim, mas um começo: o de sua vida.

CAPÍTULO 4
Casar-se com uma virgem

Os homens fingem que lhe dão cada vez menos atenção. Mas
as moças que se cuidem. Afirmando, em altas vozes, que não
crêem mais na virgindade das jovens, esperam, entretanto,
encontrar uma para seu uso pessoal.
Eles não esperam se casar para ter relações sexuais com outras
mulheres. Então que direito lhes assiste?
Agora as mulheres são iguais aos homens, dizem as moças.
Ao que, evidentemente, os homens respondem: Conosco não
é a mesma coisa!
Mas o problema é outro:
É preciso conservar a virgindade?
Uma moça terá mais possibilidade de ser feliz, conservando a
virgindade até o casamento ou, pelo menos, até o primeiro
amor?
Para encontrar o equilíbrio sexual, tão importante para o
equilíbrio mental e a futura felicidade de mulher e de mãe,
haverá interesse em ter experiências pré-nupciais? Seja com
vários rapazes, seja com o futuro marido?
Ou, ao contrário, perdendo, muito cedo a virgindade, correrá
o risco de perder o equilíbrio sexual futuro, a felicidade com o
homem cuja vida partilhará?
Poderia citar aqui, em apoio ao que vou dizer, testemunhos
de psiquiatras especialistas em neuroses femininas. Ou
contar-lhe certas confidências recebidas.
Quantos gritos de alarme, quantos avisos e quantos lamentos
não acompanham este ato, que a maioria das jovens realiza
mais para afirmar sua independência, que por verdadeiro
desejo!
Então, o que responder às que perguntam: — Devo
permanecer virgem até o casamento ou, ao contrário, ter
experiências que me permitam escolher, com conhecimento
de causa, o homem capaz de me fazer feliz, não apenas
sentimentalmente, mas também fisicamente?
O seguinte:

Não dramatize!
Senhorita, se já perdeu a virgindade, não fa çamos disso um
drama. É muito compreensível que uma jovem apaixonada,
diante de um rapaz ousado, tenha tido um momento de
fraqueza. Não è um crime, uma desonra, uma prova de má
conduta, mas, antes, de amor e confiança.
A carne é fraca, todos sabem disso. O mundo que nos cerca
está sempre solicitando os sentidos, excitando-os pela
publicidade, pela moda, pela qualidade dos lazeres que
oferece (cinema, leitura, dança).
Portanto, um momento de fraqueza é desculpável e o melhor
que tem a fazer é esquecer, não dramatizar seu caso... e não
recomeçar.

Porque é melhor permanecer casta


O que lhe irei aconselhar, finalmente, é que se esforce, ao
máximo, em permanecer casta até o casamento!
E isso, não por virtude, nem por se acomodar
ao egoísmo masculino, nem mesmo pensando nas
crianças que se arriscam a nascer dessas uniões bre-ves e se
tornarem marcadas pelo resto da vida pelo
nascimento (seja ilegítimo ou legitimado, à força). Afinal,
hoje em dia existe a pílula.
Mas a experiência prova que as relações sexuais pré-nupciais,
principalmente de uma moça muito jovem, não levam à
plenitude no amor, mas, em nove dentre dez casos, à frigidez.
A grande oportunidade das mulheres é de poder, ao inverso
dos homens, descobrir todas as alegrias do amor, sem ter tido
experiência preliminar.
Realmente, não é a inexperiência que causa amantes inábeis.
Entretanto, as decepções acumuladas provocam inibições, que
se encontram na origem de graves desentendimentos sexuais
no matrimônio.
É necessária uma explicação científica.
O problema é este: não lhe revelo nada de novo afirmando-
lhe que para que o amor, para uma jovem, transcorra
normalmente, tornam-se necessários certos elementos de
segurança, romantismo e beleza.
Entretanto, o que sucede à jovem que cede a um rapaz que
não é seu marido? Eles têm de se esconder, amar-se
clandestinamente, mentir aos pais, inventar pretextos para se
encontrarem. Evidentemente, estarão sem cessar em estado
de alerta, pelo menos a moça, temendo ser surpreendida,
julgada, punida pelos pais!
Em seguida, e talvez seja essa a angústia maior, as jovens que
se entregaram a um rapaz, vivem na maior parte, na
esperança de conservá-lo. Depois que se entregaram, ficam
loucas, pois descobrem que arriscam mais do que perdê-lo.
Sentindo-se pressionadas, dilapidaram o principal trunfo, que
lhes permitiria conservar a quem amam.
É claro que me refiro aqui às moças: a todas as que se julgam
sexualmente livres, porque pensam encontrar assim um
equilíbrio maior, maiores chances de conquistar, mais tarde, o
homem que amarão a vida inteira... A estas não cesso de
repetir: estão enganadas e eis porque:

Não destrua sua felicidade


Os encontros furtivos primeiro, o medo dos pais depois, e,
finalmente, o ambiente muitas vezes sórdido desses
encontros, além de outras coisas, ainda vão estragar o amor
presente e, quase certo, o amor futuro.
Por que, afinal, onde irá você aprender este ato que pode ser
tão belo? Onde será iniciada no amor físico? num quarto de
hotel, de passagem, num carro emprestado por um colega?
Em sua casa ou na dele, aproveitando a ausência dos pais?
Você não sabe que a mulher, por sua condição fisiológica, não
atinge o prazer tão rapidamente quanto o homem e que,
quase com certeza, essas experiências a deixarão
terrivelmente decepcionada no plano físico?
Daí o perigo de uma frigidez futura.

A importância das experiências passadas


Para uma moça normal, sadia, habituada a viver num meio
normal, a virgindade não é um elemento de perturbação, nem
física, nem mental.
A vida sexual tem importância essencial no comportamento,
no equilíbrio dos indivíduos em geral, e das mulheres em
particular. Mas ela não governa todos os problemas que cada
um de nós terá de enfrentar mais tarde e cuja boa solução será
a garantia da sua felicidade. E, finalmente, há mais neuróticas
entre as mulheres que tiveram relações pré-nupciais que
entre as que tiveram a paciência de esperar.
Por várias razões.
Às vezes, essas moças, muito apaixonadas, se acham diante de
um marido que não lhes consegue esquecer o passado e,
mesmo que não as censure, sofre com isso; isso faz com que,
em contraposição, elas também se sintam infelizes e culpadas.
Mas mesmo que o marido tenha aceito o passado, acontece
que a moça lamenta, amargamente, ter feito uma "tolice",
antes do casamento e se censura tanto mais quanto mais ama
o marido. Lamenta não ter podido oferecer sua pureza ao
homem que ama. E como guarda esse remorso oculto, ele a
tortura; daí surge o desequilíbrio.
A estas moças devo dar um conselho: não é preciso voltar ao
passado. O que foi feito, está feito e nem todas as lágrimas,
todos os remorsos do mundo lhes devolverão a virgindade.
Inútil, pois, estragar o presente. A única coisa a fazer é
cercar o marido de mais amor, mais ternura. Dar -lhe, pelo
menos, virgindade de coração: ela existe! E, se for
verdadeira, é mais importante ainda que a do corpo.

A castidade não deve ser fonte de complexos


Contrariamente à idéia que muitas jovens fazem e, por mais
surpreendente que isso possa parecer, as experiências sexuais
anteriores ao casamento são, no quadro da nossa sociedade
atual, origem de muitos complexos, dos quais as mulheres
sofrem mais tarde. Sob o pretexto de que muitas psicoses e
neuroses femininas têm como origem recalques sexuais,
muitas jovens imaginam que a virgindade é uma doença, uma
tara. Que absurdo!
Ainda se for uma moça criada por pais antiquados, confinada
a uma atmosfera em que o sexo é considerado como a
personificação do mal, vá lá. Neste caso, sim, a virgindade, a
castidade se arriscam a provocar traumas.
Jamais esqueça isso. Mesmo que seu "subconsciente" se mostre
mais severo, que importa! É ele que se revolta e cria, no ser
humano, sentimentos de culpa e frustração, eminentemente
nefastos ao bom entendimento sexual!
Donde, nas que imaginam adquirir mais experiência no
prazer, surge uma frigidez súbita e incompreensível, quando
se encontram nos braços do marido que amam.
Este sentimento de culpa é instintivo e decorre da natureza
fisiológica da mulher, receptáculo futuro dos filhos.
Cabe, pois, sem dúvida, às mães, advertir as fil has, de
maneira inteligente, sobre os problemas da vida, para que não
fiquem complexadas, nem num sentido, nem noutro. Mas é
preciso confessar que o papel de orientadora é, neste campo,
particularmente difícil. E que é melhor, às vezes, pro curar o
auxílio de um especialista, para ensinar às jovens como
enfrentar o amor.

CAPÍTULO 5
Se você cometeu uma tolice

Homens e mulheres não são inimigos, mas, tão diferentes por


natureza, que, para viver juntos com sucesso e ser felizes,
devem, em primeiro lugar, aprender a se conhecer. Mas este
conhecimento, quando é não apenas sentimental, mas
também sexual, leva, às vezes, a aborrecimentos.
O que fazer neste caso?
Você verá logo o que estes aborrecimentos podem ser.
O acontecimento que, para um casal casado é o mais feliz do
mundo, torna-se catastrófico, para um casal não casado: a
perspectiva de um bebê.
A criança "acidente"
Eis, pois, uma moça e um rapaz que se amaram, se desejaram
e que o instinto vital impeliu um para o outro, carnalmente.
A moça, que se tornou mulher, está agora, a ponto de ser mãe.
Consagrarei um capítulo deste livro aos anticoncepcionais,
suas vantagens e inconvenientes, dos quais não se fala sempre
o bastante.
De qualquer modo, não estando a educação sexual entre
nossos costumes e, apesar da aparente liberdade de palavra de
tantas garotas, a maioria das que têm relações sexuais
precoces é extremamente ignorante do processo da concepção
e dos riscos em que incorrem de ficar grávidas.
Mas, cheguemos ao fato: as regras pararam e a jovem já não
tem dúvidas: está grávida!
O que fazer, a partir deste instante de certeza, para não
estragar, irremediavelmente, a vida? A quem prevenir? Quem
procurar para uma ajuda eventual? Como sair dessa? Como
viver depois, primeiro com a criança inesperada no ventre,
depois com o bebê a quem será preciso alimentar, educar e
tentar fazer feliz?
É claro que a primeira pessoa a prevenir da situação é o pai da
criança.
Pela reação do rapaz ao qual a moça anuncia: "Espero um
filho seu", ela conhecerá logo a qualidade do amor que ele lhe
dedica.
Na verdade, sejam quais forem as dificuldades que essa
criança suscitará depois, em sua vida, a primeira reação de um
homem que ama sinceramente, ao saber que vai ser pai, é uma
exclamação de felicidade, de orgulho!
Se, ao contrário, ele se espanta: " que coisa desagradável",
então... bem, então, em lugar de chorar, de ameaçar ou de
ceder ao pânico e de estar pronta a praticar qualquer tolice,
qualquer crime (suicídio e aborto são ambos crimes contra a
vida) é preciso que a moça se arme de coragem.
E seu primeiro ato de coragem deve consistir em excluir este
homem de sua vida. Este conselho pode parecer cruel, mas é
sensato.

É absolutamente necessário fazer um casamento de


reparação?
Pois, enfim, que fazer, mais tarde, de um homem que não está
pronto a suportar as conseqüências de seus atos e, em
especial, do mais grave dentre eles?
Certamente, tanto um como outro, talvez vocês decidissem
ter relações sexuais, sem para tanto desejar se casar e,
principalmente ter um filho... tão depressa!
Entretanto, quem não acredita, quem considera as relações
sexuais uma coisa e o casamento, outra e mesmo o amor...
estas relações são muito normais... mas neste caso seria
preciso preocupar-se com métodos anticoncepcionais !
Finalmente, encaremos as coisas de frente. Você está grávida
e diante de um homem que só pensa em deixá -la, debatendo-
se sozinha, num mo mento de catástrofe. O certo é nem sequer
querer vê-lo mais. Tente fazer pressão sobre ele, através dos
pais, dos amigos dele, até do ch efe e cometerá um erro pelo
qual se arriscará a pagar mais tarde. Ele não lhe perdoará
nunca de tê-lo "forçado".
Mas não seria melhor que a criança tivesse um nome? Dirá
você.
Sinceramente, creio que para a criança, ter um pai que, em
primeiro lugar, não quis saber dela não é boa solução.
Concordo que, em certas famílias, considera-se um
nascimento ilegítimo como desonra irreparável.
Não quero me insurgir contra sentimentos que, em si, são
louváveis.

O drama do aborto
Creio que uma jovem que tem a coragem de criar o filho
sozinha e de recusar casar-se com um homem que não a ama,
terá mais oportunidades, logo, de refazer sua vida.
De qualquer maneira, infelizmente, existem as que são,
realmente, abandonadas.
A essas, aconselho-as a não se desesperar e, principalmente, a
não recorrer a manobras abortivas.
Não é apenas um conselho moral.
Mesmo que estivéssemos num país em que o aborto fosse
legal, eu lhe diria: resolva você mesma, em sua alma e
consciência, mas reflita bem!
De qualquer modo, em nosso país o a borto é ainda
considerado crime. Assim, as infelizes que se arriscam a se
desembaraçar do filho, geralmente fazem-no em condições
que as traumatizam por muito tempo, senão física, pelo menos
moralmente.
Poderia contar-lhes histórias terríveis de moças, enviadas a
consultórios suspeitos, de charlatães, cuja imperícia as
prejudicou para o resto da vida.
O que fazer, então?
Prefiro, uma vez que se trata de ajudar minhas leitoras, dar-
lhes conselhos positivos.
O primeiro é que, em caso de infelicidade, devem co ntá-la
logo aos pais.
É o que parece mais difícil, sei disso. Mas é a única coisa
certa a fazer. E se você não tem co ragem de se abrir com sua
mãe, nem com uma irmã mais velha, então encarregue uma
amiga de fazê-lo em seu lugar.
Depois, vá consultar um médico ginecologista e pergunte-lhe
em que condições poderá dar à luz, ser hospitalizada,
recebida num lugar que aceite mães solteiras.
Tudo depende, evidentemente, da situação dos seus pais ou da
sua situação material pessoal.
Uma vez tomada a decisão de criar seu filho, sozinha, verá
que as coisas se encaminharão. Não totalmente, é claro.
Nunca é fácil criar um filho e muito menos quando não se é
casada. Mas é possível. E também não impede, logo, que
encontre um homem que se case com você. O fato de você ter
tido a inteligência de criar seu filho inspirará confiança aos
homens e eles saberão mostrar-se pais excelentes para aquele,
a quem derem o nome.
Para as que não têm pais, nem amigas em quem confiar, a
primeira pessoa a visitar, depois do médico, é a assistente
social da empresa em que trabalha ou da prefeitura. Esta lhe
indicará todos os passos necessários, para conseguir auxílio
pré-natal, anterior ao parto, etc., ao qual a mãe solteira tem o
mesmo direito que a mulher casada.
Aceite a chegada
Terminada a parte administrativa... chegou o tempo de aceitar
a criança, com alegria, porque esta será a melhor maneira de
calar as observações desagradáveis ou piedosas, a melhor
maneira de sair, por si mesma, deste impasse impossível de
ocultar o que é tão difícil!
Tendo examinado o caso mais terrível, é preciso também
tratar daquele que o é menos.
Penso nos jovens que se amaram, porque as circunstâncias os
impediam de se casar, antes de muitos anos ainda... e eis que
um bebê se anuncia.
Será preciso lamentar-se, imaginar as soluções mais
absurdas... como esconder a gravidez ou praticar esportes
violentos, com o carro, esperando perder este embrião de
vida?
Não, mil vezes não. Chegou o momento e, paciência, se
chegou mais cedo que o esperado, de assumir
responsabilidades de adulto. Sejam quais forem as razões,
aparentemente válidas, para não se casarem, é preciso, agora,
apressar-se para fazê-lo. Que remédio, se não tiverem
apartamento, que remédio se ainda houver muitos anos de
estudos pela frente — existem creches, os pais irão ajudar e
tudo se arranjará, aos poucos.
Senão, um dia você se arrependerá de tê-lo recusado e seu
amor estará para sempre desperdiçado.
CAPÍTULO 6
Noivado e sexualidade

Fala-se, muitas vezes, no tempo de noivado, com grande


hipocrisia. Mesmo hoje em dia.
Uma moça e um rapaz se encontraram, apaixonaram-se,
resolveram se casar, avisaram as respectivas famílias e
marcaram, mesmo, a data do casamento.
Têm, diante de si, alguns meses de espera, em que descobrirão
se foram feitos, verdadeiramente, um para o outro e se são
capazes de viver juntos a vida inteira.

Relações pré-matrimoniais
E a maioria usa mesmo estes meses para melhor se conhecer?
Em todos os sentidos?
Não é o caso de lhes dizer: sejam amantes, para terem a
certeza de que se compreendem perfeitamente bem. Aliás,
nem sempre se incomodariam de sê-lo.
Não, não é o caso de lhes aconselhar um casamento de
experiência. . . Simplesmente porque essa experiência, muitas
vezes, não significaria grande coisa. Ser amantes é coisa
completamente diferente de ser marido e mulher.
Certamente, marido e mulher devem ser também amantes e
mais adiante lhe direi até que ponto. Mas, ser amantes não
basta para se tornarem um casal bem casado, um casal que se
entende.
Se falo em noivado que permite aos noivos se descobrirem,
perceberem se agradam realmente um ao outro, inclusive no
plano físico, é porque penso numa espécie de exame que o
rapaz e a moça deveriam fazer e passar.

Um exame difícil
Exame que deve versar tanto sobre questões sentimentais
como sobre gostos físicos, sobre o comportamento diário,
como sobre o conceito que cada um tem da vida.
Os noivos conversam muito. Fazem projetos, contam suas
esperanças, objetivos, os meios que pretendem usar para
serem felizes.
Infelizmente, se no decorrer dessas conversas descobrem
divergências de pontos de vista, incompatibilidades de gênios,
logo as repelem, tentando ignorá-las e dizem ou pensam:
"Ora, tudo isso vai mudar, quando nos casarmos".
Só que nada muda na natureza profunda de cada um; muito
pelo contrário, a vida em comum ainda corre o risco de
exacerbar essas divergências.
E, mais graves ainda, talvez, que as incompatibilidades de
gênio, são as incompatibilidades físicas, que os noivos
apresentam e que se recusam a ver. No entanto, poderiam
fazê-lo, mesmo sem "casamento de experiência".

É preciso começar por conhecer -se a si mesma


As jovens têm muitas idéias falsas sobre o amor e sobre seu
próprio temperamento.
É este último que devem aprender a conhecer primeiro.
Os casamentos infelizes talvez não tenham outra origem
senão o casal ser mal combinado, porque a moça, que se
apaixonou, não conhecia a si mesma e ignorava o que ela
própria esperava do casamento e, principalmente, das relações
conjugais.
É por esta razão que alerto as jovens que vão se casar e lhes
aconselho que aproveitem o noivado para uma auto-análise e,
especialmente, quando se acharem face a face ao homem ao
qual deram o "sim".
Centenas de pequenos indícios logo lhes indicarão se existem,
entre eles, afinidades e atrações ou, ao contrário, repulsas
inexplicáveis.
Não pense que estas últimas nada significam. A jovem deve se
mostrar extraordinariamente atenta às próprias reações,
diante do noivo. Não deve negligenciar nenhuma advertência
instintiva.
E se ela achar desagradável que o noivo tenha as mãos úmidas
quando a abraça, se, apesar de si mesma tiver um movimento
de recuo quando ele quiser beijá-la com mais ardor... cuidado!
Ela que não imagine que tem medo do amor, que não espere
curar o noivo de alguma tara ou defeito. . .
A verdade é que, algo nela, repele aquele a quem julga amar.
Alguma coisa pode impedi-la de mais tarde, se tornar urna
esposa verdadeiramente realizada.

A incompatibilidade de gênios
Entretanto, ura casal que não tem afinidade física, prepara,
para si, anos difíceis, mesmo que os dois se amem
perdidamente.
As razões são simples: o que não se encontra em casa...
procura-se fora. E o que se procura fora de casa, de um modo
ou de outro arrasa o casamento.
Eis porque insisto que jovens e rapazes aproveitem o noivado
para conhecer bem suas tendências e até seus gostos ou
aversões mais sem importância.
Exemplo? Determinada jovem adora perfumar-se.. . e o
noivo, ao contrário, tem horror de beijar uma pele
impregnada de perfume, por mais caro que seja... Creia-me,
esta oposição de gostos pode ser, mais tarde, origem de um
afastamento sexual.
Ou então, é o rapaz que fuma charutos e a noiva não tem
vontade de beijá-lo depois que fumou... Tome cuidado. Não é
tanto o charuto, como a boca que desagrada.
Esses pequenos sinais são, muitas vezes, índice de uma falta
de atração muito mais grave, que se cristaliza nestes
pormenores. Não se deve negligenciá-los, mas, ao contrário,
ter coragem de examinar, talvez até com um médico, as
razões profundas destas pequenas aversões.
Nada há de mau ou de vexatório nisso, relativamente ao rapaz
a quem se ama. Ao contrário, é uma prova de lucidez,
demonstrando que o casamento não será leviano e que se
deseja uma união perfeita!
E o médico — escolha, de preferência, o médico da família —
a orientará ou, se necessário, lhe aconselhará uma separação
momentânea. De qualquer maneira, será o primeiro a lhe
aconselhar que reflita: ele sabe melhor que ninguém quantas
jovens são mal casadas unicamente por terem sido fracas.

As responsabilidades dos pais


A este respeito, minha resposta à carta de uma mãe me parece
interessar as leitoras deste livro.
Minha correspondente escrevia:
"Minha senhora, peço-lhe que me ajude. Minha filha tem
dezessete anos. Pediu-me autorização para tomar a pílula.
Fiquei sem voz. Minha filhinha se tornou mulher, ama, quer
se entregar a um rapaz e não quer ou não pode se casar. O que
fazer?
Permitir-lhe o que pedia seria o mesmo que lhe dizer: "Sim,
pode tomar um amante." Minha responsabilidade me
amedronta. O que faria a senhora em meu lugar? Sou sozinha,
meu marido já morreu, não creio, porém, que ele o teria
aceito. Pedi à minha filha que me deixasse refletir. Ela
respondeu: "Compreendo, mamãe." Helena sempre foi uma
criança modelo, séria. Trabalha há seis meses, como
cabeleireira.
Eis o caso!
A mim também causou medo a responsabilidade a tomar
nessa história. Pensei que milhares de mães poderiam,
qualquer dia, se encontrar na mesma situação, se arriscassem
uma resposta inábil — a inabilidade é sempre perigosa entre
pais e filhos — se arriscassem, sobretudo tomar medidas
autoritárias, ditadas pela cólera, pelo medo, pela angústia de
descobrir esmagados os princípios sobre os quais edificaram
suas vidas.
Fui consultar vários especialistas. Discutimos, juntos, a
questão e essas conversas me levaram, afinal, a dar a seguinte
resposta:
Prezada Senhora,
Em primeiro lugar, considere-se feliz! Sua filha deu provas de
rara confiança e esta confiança é prova indiscutível de sua
honestidade, rigor moral e do amor que lhe dedica. Pois, saiba
de uma coisa: antes de a "pílula" ser autorizada, existia um
"mercado negro" da dita pílula até nos colégios.
Este "mercado negro" existe sempre.
E se sua filha quisesse ter tomado a pílula sem que você o
soubesse, isso lhe teria sido certamente, a coisa mais fácil de
fazer.
Ao vir lhe pedir uma autorização que lhe permitisse obter
uma receita, ela também lhe deu provas de ser sensata,
prudente, "adulta", em suma, unia vez que sabe que um
médico lhe daria ou recusaria — tem esse direito — a pílula,
devendo ela fornecer as razões do pedido. Sabe, enfim, que o
médico a orientará, do ponto de vista clínico, para lhe
proporcionar o método anticoncepcional mais conveniente a
ela.
Sua filha, já não é mais uma menininha, pois se mostra,
indiscutivelmente capaz de assumir as responsabilidades da
vida, o que lhe poderá causar orgulho. Mas o que a
amedronta, é claro, é que atrás da pílula existe a sombra
ameaçadora do amante.

Sua filha já não é criança


Sua filha quer "praticar o amor" com um rapaz que não é
marido dela, que talvez jamais venha a sê-lo e é esta decisão
que a perturba, que vai de encontro a todos os seus princípios.
Além do mais, em sua alma e consciência, você acha que ela
está a ponto de causar a própria infelicidade. E talvez você
esteja errada, mas também pode ser que tenha razão.
Eis então o que lhe deve dizer:
— Minha filha, refleti bastante. Procurei "colocar-me no seu
lugar". Você ama, pois, um rapaz o bastante para querer
entregar-se a ele, antes mesmo de saber se se casará com você.
Isso, no fundo, é muito generoso de sua parte. Mas não será
diminuir 80% das suas probabilidades de ser feliz?
80% é a proporção fornecida pelas estatísticas oficiais, de
homens que preferem se casar com uma "virgem", mesmo se
"antes" fingem o contrário.
E entre os 80% há ainda 60% que acrescentam: sim, mesmo
que minha futura esposa só se tenha entregado a mim. . . acho
que teria preferido que ela esperasse que a tivesse pedido em
casamento.

É preciso dar liberdade sexual ?


Sua filha, com seu caráter honesto, pode responder-lhe — e
como se pode compreendê-la! — que os homens, neste caso,
são consumados mentirosos, hipócritas espertos, egoístas
monstruosos, por um lado, porque tudo farão para seduzir as
moças, e por outro, porque não se privam, por sua vez, de ter
vida sexual pré-nupcial e não com uma, mas com várias
jovens! Se Helena responder assim, tem razão. Então poderá
lhe dizer:
—Você tem certeza que uma liberdade sexual total a tornará
mais feliz? Não falemos nem de moral, nem da sua reputação;
admitamos que a liberdade sexual total esteja incorporada aos
costumes. Você acha que ela lhe trará o equilíbrio
sentimental e físico que todo ser procura na existência? Se
você não acredita no que digo, pergunte aos rapazes, à sua
volta, de preferência aos que têm mais sucesso, mais
aventuras e pergunte-lhes se essas experiências todas os fazem
verdadeiramente "felizes". Verá que os don juans não são de
invejar. E as mulheres que os imitam, menos ainda!
Quando você tiver falado assim a sua filha, ela talvez lhe
explique muito calmamente:
—Mamãe, se quero ter vida íntima com o rapaz que me ama e
a quem amo é porque achamos necessário saber se nossos
corpos se entendem tão bem quanto nossos corações e
mentes. Na sua geração houve, por falta desse conhecimento,
muitos dramas, que acabavam em adultérios, desquites ou
então, na infelicidade da mulher, eternamente ignorante da
harmonia sexual.

O êxtase é um mito?
A essa pergunta você deverá responder o que talvez você
mesma ignore e o que os médicos que consultei me
confirmaram:
— Filhinha, diz-se e escreve-se muito sobre a harmonia
sexual. Resultado: todas as mulheres que, por natureza, têm
muita imaginação, em lugar de compreender o que se lhes diz
com exatidão, sonham que a harmonia física, o prazer sexual
permitem conhecer êxtases indescritíveis. A verdade é bem
diferente. Seu pai e eu éramos totalmente casados — falo-lhe,
pois, com conhecimento de causa. Mas é um engano essa
harmonia física perfeita, paradisíaca e imediata! Você se
arrisca, pois, principalmente sendo ambos tão jovens, a ter
uma grande decepção. . . logo no início da sua ligação! Daí,
não estando unidos, acreditando que não foram feitos um
para o outro, não há senão um passo a transpor e vocês o
transporão rápido!
O que fará então? Recomeçará outra experiência? E depois
outra? E espera que de todas essas experiências não sairá
ferida, amargurada, neurastênica, por ter confundido amor
com harmonia física? Se você quiser, realmente, "levar sua
vida" antes de se casar, deve, ao menos, saber as armadilhas
que a esperam. É ótimo não arriscar ter filhos, mas a pílula
lhe garantirá, ao mesmo tempo, não mais ter decepções,
desgostos, tristezas? A harmonia física exige ausência total de
egoísmo, antes de mais nada, o desejo da felicidade do outro...
Eis porque os seres que se amam verdadeiramente encontram,
com mais facilidade que os outros, a harmonia sexual. E se
tantos casais da minha geração — você tem razão — não são
"amantes", é porque não estavam, antes de mais nada,
realmente apaixonados.
Tendo falado assim, gravemente e, sobre tudo, sem lágrimas,
nem exclamações de: "O que vão pensar de você, de mim?"
Sem ameaças: "Está bem, vou tirá-la do seu trabalho, mandá -
la para a sua avó, ela é que vai tomar conta de v ocê". Sem
recriminações, nem mesmo com respeito ao "rapaz": "Ele vai
arruiná-la! Vai recriminá-la a vida inteira, se algum dia a
desposar. Não deve gostar muito de você para lhe fazer
semelhante proposta", tente, com muita ternura e diplomacia,
saber quem "é" o par escolhido por sua filha. Não apenas seu
nome, idade, situação social, se trabalha ou se ainda estuda.
Isso é muito importante, mas não são as primeiras perguntas a
fazer, pois não se esqueça que sua filha defende,
primeiramente, seu direito à liberdade.
Portanto, se o rapaz ou o homem estiver em condições para se
casar (idade, situação estabelecida), observe a Helena que o
casamento também é bom... mesmo para a harmonia sexual.
Finalmente, se todos os argumentos que sua filha opôs aos
seus lhe parecem ditados pela honestidade e desejo de
estabelecer uma existência equilibrada, tenha a coragem de
responder:
—Muito bem, vou dar-lhe a autorização. Mas você irá ver um
médico ginecologista e lhe perguntará tudo o que fôr
necessário saber sobre as vantagens e os perigos da "pílula" ou
qualquer outro anticoncepcional.
E que sua filha lhe prometa, formalmente, refletir sobre todos
estes perigos, antes de tomar a decisão.
Pois uma coisa que, ao se falar na pílula, não se repete o
suficiente é que os médicos ainda estão reticentes,
principalmente no que se refere a mu lheres muito jovens.
Ainda não se conhecem, to talmente, as repercussões
fisiológicas da pílula sobre um organismo que a tenha
ingerido durante toda a vida — isto é, da puberdade à
menopausa
— ou além. Não mais que as repercussões sobre a mente. E
essa ignorância representa um perigo que sua filha deve
conhecer. Um bom médico o dirá a ela e ela o escutará com
mais atenção que a você. Ela o ouvirá principalmente, se você
foi capaz de lhe falar como amiga, sem "dramatizar" a
situação.
É ainda o melhor meio, sem dúvida, de fazê-la refletir que
talvez seja melhor para ela e para sua felicidade futura,
esperar um pouco, antes de se tornar mulher.
CAPÍTULO 7
A lua-de-mel

Uma das noites mais importantes da existência de uma


mulher é a de núpcias. Dela pode depender a felicidade ou a
infelicidade de duas existências, às vezes de mais até, se se
pensar no que espera as crianças cujos pais não se
compreendem mais.
Portanto, é preciso que esta noite e todas as que se lhe
seguem, sejam perfeitas. Nem sempre é o caso. Muitas "luas-
de-mel" se tornam "luas-de-vinagre", ou pior, "de fel".

A noite de núpcias
Eis os nossos jovens unidos, como marido e mulher. A
cerimônia terminou, despediram-se dos pais, dos amigos,
ouviram os últimos conselhos, aceitaram os últimos votos.
O novo casal se encontra, pela primeira vez, num quarto: é o
começo da sua vida de amantes e também o começo da vida
conjugal.
Ainda na véspera, mesmo se durante o noivado se viam todos
os dias, viviam, cada qual do seu lado, num meio familiar e às
vezes social, diferentes. Só se encontravam em lugares mais
ou menos públicos, depois de se terem preparado, de uma
maneira ou de outra, para o encontro.
Agora estão sós e vão se pertencer. É o ato do amor, que o
homem deseja apaixonadamente e do qual a jovem espera
uma revelação inesquecível. O homem que ela ama mais que
tudo no mundo vai torná-la mulher.
É o minuto da verdade.
É também, muitas vezes, para o rapaz e para a moça, o minuto
de angústia. Um tem medo de decepcionar, a outra de se
decepcionar.
E, embora ambos desejem, apaixonadamente, essa intimidade,
ei-los tomados de pânico à idéia da consumação do ato carnal!
Não sorria: é muito comum.
Falo aqui, evidentemente, de jovens casais que não treinaram
em experiências pré-nupciais, tendo o rapaz aprendido com a
perturbação na qual seus beijos, muitas vezes, mergulharam
sua noiva.
O ato de amor, adquire, por esse fato, nesta noite, uma
importância muito grande, uma espécie de solenidade que
lhes faz avaliar a importância do amor físico.
É preciso então render-se à evidência de que é,
freqüentemente, por absurdas inabilidades nascidas nessa
noite, que os casais estragam sua viagem de núpcias primeiro,
depois toda a vida.
Que o homem arque, a maior parte das vezes, com a
responsabilidade deste fracasso, é inegável.
Quer sua experiência sexual pré-nupcial se limitasse a breves
aventuras de tipo "higiênico" e ele se mostre ignorante, quer
seu egoísmo o impeça de preocupar-se com o que não seja seu
único prazer, quer ainda que a força do seu amor o iniba.

A inabilidade do jovem marido


Esta é, com efeito, uma coisa que toda recém-casada deve
saber. O grande amor torna, muitas vezes, inábil e até
impotente o homem, quando se encontra, pela primeira vez,
diante daquela que ama. Sim, um jovem marido pode ser um
péssimo amante, na mesma proporção em que está
apaixonado. Pelo menos, nos primeiros tempos do
matrimônio.
E é por isso que aquela que é agora sua mulher deve saber ser
paciente, infinitamente terna e compreender que o amor físico, a
felicidade física também são merecidos e que não são conquistados
sempre na primeira noite.
É claro que certos casais encontram imediatamente, no dom
recíproco, a realização absoluta do seu amor sentimental. Sua
paixão recíproca, os temperamentos miraculosamente
semelhantes fazem com que atinjam o êxtase, desde as
primeiras relações sexuais. Mas tal êxito é bastante raro.
Os tabus impostos pela religião, pela educação e pela
sociedade na qual vivemos tornam penosos, para alguns, os
atos mais naturais. O relaxamento dos costumes, a aparente
liberdade sexual, afinal nada mudaram no fundo do problema.
Não estrague sua vida futura
O que toda recém-casada deve saber é que não há motivo para
inquietações além da medida, nesses semi-fracassos e não deve
dramatizar sua decepção. As inibições que paralisam seu marido
desaparecerão. Muitas vezes elas até depõem a favor dele, pois não
é raro que, com a esposa, ele seja muito atencioso e terno,
temendo magoá-la mostrando-se ardente demais; torna-se, então,
tão inábil que acaba ficando até brutal... ou aparentemente
indiferente.
Por sua vez, a moça, paralisada, ao mesmo tempo, pelo pudor
e pelo medo de decepcionar o homem que ama, acaba, muitas
vezes, provocando inabilmente o companheiro... ou
repelindo-o!
São, pois, as situações dúbias, os gestos, as palavras que podem
deixar feridas mal cicatrizadas.
As primeiras noites de amor do casal são decisivas para a sua
felicidade. Elas o ensinam a se conhecer melhor que todos os
anos anteriores. Mas são noites difíceis.

O minuto da verdade
Para a jovem que se torna mulher, é o minuto da verdade.
Antes destas noites, ela ignora, geralmente, tudo à seu próprio
respeito, muito a respeito dos outros e mais ainda a respeito
da vida.
Essa ignorância cessa no instante em que ela se encontra a sós
com o homem que, daí por diante, na intimidade do quarto de
dormir, tem o direito incontestável de dispor do seu corpo.
Ela é obrigada a descobrir que se compõe, realmente, de
corpo e alma. Não há mais que fingir.
Conforme a maneira pela qual se conduzirem a partir deste
momento, marido e mulher edificarão sua felicidade ou
desventura.
Se são naturalmente generosos, não precisarão fazer nenhum
esforço para respeitar os sentimentos um do outro. Mas se o
interesse que demonstraram, até agora, era "só para inglês
ver", a decepção será imensa, especialmente para a moça, que
já tem bastante tendência a formar uma imagem bem
romântica das realidades conjugais.
Desta noite em diante, uma perigosa liberdade será dada a seu
marido, liberdade que lhe parece tanto mais natural, quanto
mais apaixonado estiver. Pode dispor, à vontade, do corpo da
mulher.
Entretanto, sua paixão não lhe permite sempre dominar os
ímpetos que, muitas vezes, amedrontam a jovem esposa e a
ferem.

Tabus que permanecem


É claro que ela espera que o marido lhe prove o seu amor!
Mas espera também que este amor lhe revele alegrias e
êxtases até então desconhecidos.
A dádiva total de si mesma — que dela se exige — consiste
em aceitar gestos que teriam sido severamente condenados, se
fossem realizados antes do casamento! Não costumamos
refletir o suficiente sobre tal paradoxo. E, de vergonha da
antiga condenação, ela se reveste, aos olhos da maioria das
moças, de certo caráter de vergonha perante as realidades do
amor.
Se a jovem recém-casada ama profundamente o marido,
vencerá, facilmente, esses pudores e o medo.
Para isso, porém, é preciso que o marido, principalmente nos
primeiros tempos do casamento, se mostre paciente, hábil e a
conduza, pouco a pouco, ao prazer. Não é tanto questão de
técnica, mais ou menos astuciosa, quanto de tato.
A moça jamais terá qualquer prazer nas relações sexuais se o
marido só pensa, egoisticamente, na sua satisfação pessoal. Aliás, é
provável que, egoísta no amor físico, ele o seja também em todas
as demais relações da vida conjugal.
E se seu único desejo for o de dominar a mulher, há inúmeras
probabilidades de que sua harmonia física jamais se realize.
Como chegar a uma harmonia física?
Não há mais remédio, pois afinal, uma vez casada, a mulher
prefere permanecer assim.
Existe, sim, um remédio, desde que não se perca a paciência.
Pois não se deve acusar muito depressa um homem são, jovem
e apaixonado, de brutalidade ou de egoísmo.
Não faltam razões que absolvam sua inabilidade e ardor.
Se, em primeiro lugar, lhe falta experiência, sua mulher
errará, sentimentalmente, em reprová-lo.
Por outro lado, tendo-se imposto, por amor, absoluta
castidade durante o noivado, sua brutalidade não é,
provavelmente, senão o ímpeto apaixonado do instinto
reprimido por muito tempo.
É evidente que, naquele momento, seja extremamente
sensível a demasiada reserva e temores e os interprete, muitas
vezes, bem mal.
Não será, pois, demais, advertir as recém-casadas que não se
amedrontem, exageradamente, com a violência dos maridos. As
mães ou o médico, ou qualquer pessoa em quem tenham confiança
deve avisá-las que esses primeiros ímpetos podem chocá-las,
decepcioná-las..., mas que não devem repeli-los, de medo que, por
uma recusa incontrolável, destruam sua felicidade futura. O
orgulho da virilidade é facilmente ferido, no homem, e se o for, o
casal não se entenderá mais.
É por culpa de mal-entendidos de ordem sexual, mas ao
mesmo tempo de temperamentos, que tantos jovens casais, às
vezes sinceramente apaixonados, estragam sua existência em
comum.
Amar é querer, em primeiro lugar, a felicidade do
outro
Se todo jovem casal aplicasse o princípio de "querer a
felicidade do companheiro ou companheira, antes da sua
própria", a harmonia física completaria a harmonia
sentimental e intelectual.
Quando estavam noivos, certamente desejavam proporcionar-
se, reciprocamente, essa felicidade. A moça sonhou entregar-
se; o rapaz, tudo oferecer àquela que desposou. O prazer dos
seus beijos parecia-lhes garantir o prazer permanente de que
gozariam em suas relações conjugais.
Mas para conquistar esse prazer, é preciso fazer o máximo
esforço mútuo. Aproveitar a viagem de núpcias para isso, num
clima de férias.

Ele também pode ficar decepcionad o


Dirijo-me, principalmente, é claro, às moças. Seus maridos,
apesar do desejo evidente de conquistá-las, também se
decepcionam, muitas vezes, com a posse da "sua" mulher.
Existem muitas razões físicas e psicológicas para esta
decepção. E a decepção do homem produz, evidentemente, a
da mulher. Quanto mais ela esperava... será que sabia,
exatamente, o que esperava? O fato é que, a maioria das
jovens não experimenta grande prazer, nas primeiras relações.
Isso não é grave; é, ao contrário, quase normal.
O importante é que seu desapontamento não se transforme
em aversão pelas relações sexuais: iriam direto à frigidez!
Para lutar contra este desapontamento, o melhor meio é ainda
parecer sentir prazer... a quem ainda não lhe proporciona
prazer. Não é hipocrisia, mas sim, ternura para com o
companheiro, que se tornará ainda mais apaixonado!
O erro irremediável é tomar esse desprazer momentâneo
como pretexto para se furtar ao jogo do amor.
— Mas até onde será preciso chegar nessa estimulação do
prazer? Para provar ao marido que o ama, será preciso simular
a vida inteira um êxtase que não se experimenta? Perguntarão
as que me lêem.
Não, é claro!

Sejam pacientes
Aliás, existe a maneira boa e a má de simular. Nada será mais
nocivo ao equilíbrio da mulher e do casal que uma
dissimulação que implique uma resignação. A mulher que
aceitasse esse estado de coisas aniquilaria toda a possibilidade
de verdadeiro êxtase físico e mesmo sentimental, entre ela e o
marido. Pois ele acabaria, naturalmente, percebendo a
comédia representada e isso lhe destruiria a confiança. E a
mulher também acabaria não aceitando agrados dele.
Uma vida intima realmente harmoniosa diminui as dificuldades e
decepções qwe o marido e mulher encontram, inevitavelmente, na
vida comum.

A importância do "travesseiro conjugal"


Diz-se, muitas vezes, que as preocupações se esquecem sobre
o travesseiro. É preciso, então, que sobre o travesseiro
conjugal, os dois, marido e mulher, descubram sua felicidade.
A lua-de-mel é, evidentemente, o tempo ideal para a
aprendizagem do amor. Há tempo para se permanecer
deitado, de se murmurarem palavras ternas, íntimas, secretas
e, sobretudo, é preciso não temer dizê-las.
Os que se acostumarem, durante a viagem de núpcias,
saberão, mais tarde, continuar a se falar de tudo o que diz
respeito ao amor. A maioria dos casais não o faz. Por que será?

CAPÍTULO 8
A aprendizagem do amor

Para que o amor sexual tenha êxito completo, é preciso que


ambos os membros do casal se dediquem a torná-lo perfeito.
Os amantes mais apaixonados devem aprender a conhecer
todas as possibilidades do seu amor, todas as "suas"
possibilidades. Mas este conhecimento não é tão fácil de
adquirir quanto o supõem os jovens enamorados. O amor
físico, como o amor sentimental, reclama cuidados
minuciosos, para os quais raramente estão preparados os
jovens casais, habituados a satisfazer, muito rapidamente, os
seus desejos.
Para que este amor seja exaltado, exige, principalmente, que
se preocupem, em primeiro lugar, com a felicidade um do
outro. Nunca é demais repeti-lo. O homem, especialmente,
deve observar, com atenção, as menores reações da mulher,
enquanto a beija, acaricia ou abraça. Será melhor que faça
dela uma amante realizada que uma esposa sempre frustrada.
Determinada carícia a perturba mais que outra, alguma lhe
ofende o pudor? Que ele ofereça a primeira e se abstenha,
durante algum tempo, da outra.
Todos os especialistas em sexologia, psiquiatras, conselheiros
matrimoniais estão de acordo num ponto: o êxito ou fracasso
sexual do casal dependem, na maioria, do homem. A
diferença essencial que existe entre sua sexualidade e a de sua
jovem esposa é, evidentemente, a causa principal de muitos
desajustes.
Realmente, enquanto ele espera, com impaciência, a
consumação completa do ato sexual, a mulher só pouco a
pouco desperta para a volúpia e prefere, muitas vezes, as
carícias que preparam para o ato, que o próprio ato. Além
disso, seu prazer se prolongará, se cristalizará de algum modo,
durante os instantes de paz que gozará nos braços do marido,
depois do amor.
Ele deverá, principalmente, se lembrar que a mulher é feita
assim, fisiologicamente, que atinge o êxtase com menos
rapidez que ele. E que, para chegar ao êxtase, precisa estar em
boas condições psicológicas.

Conheça a psicologia dos homens


Assim, certas jovens têm a tendência de considerar como uma
forma de indiferença o fato de que seus maridos, apesar do
ardor e paixão que demonstram experimentar, não
pronunciam nenhuma palavra de amor enquanto se amam e
adormecem assim que completam o ato sexual.
De divergências aparentemente mínimas como essa, nascem,
infelizmente, muitas vezes, terríveis desajustes, insatisfações
que afastam o casal, um do outro, e acabam fazendo com, que
procurem outros companheiros.
Por não terem sabido dizer "meu amor", no momento exato, à
mulher que, entretanto, adorava; por não ter sabido
compreender que essas palavras eram supérfluas, uma vez que
era tão amada, muitos casais, felizes no começo, se encerram
num silêncio perigoso. Depois vêm as injúrias, as palavras que
não se esquecem jamais. E o fim da história é a separação.
Se certos homens, por sua inabilidade, sua brutalidade, seu
silêncio, são freqüentemente os principais responsáveis pelo
fracasso do casamento, as mulheres também são culpadas em
muitos casos. Mostrando-se inutilmente amedrontadas com as
realidades do amor, muito nervosas, esfriam o companheiro,
que não compreende esta reserva, imaginando que se acha
diante de uma mulher fria, ou, pior ainda, de uma mulher a
quem não agrada.
Seria necessária uma explicação. Mas infelizmente nem um,
nem outro se arrisca!
Volto aqui ao erro que tantos casais cometem, não chegando a um
acordo.
Esquecem de falar um ao outro! Fecham-se em si mesmos, não
ousam confessar as decepções, as esperanças, os remorsos, os
desejos.
Muito livres ao comentar a vida sexual alheia, a maioria dos casais
não ousa abordar, com franqueza, os problemas criados por sua
própria vida sexual.

Ao fazer da jovem que ama uma mulher, todo homem que se


casa assume a responsabilidade de sua felicidade física, assim
como da sentimental,
Se conseguir conquistá-la, poderá orgulhar-se de ter dado à
sua união bases que durarão toda a vida. Esta harmonia os
ajudará nos momentos psicologicamente difíceis que todos os
casais atravessam. Ela os manterá unidos a favor e contra
tudo.

Você acha que o desejo diminui?


Diz-se, muitas vezes, que com o tempo o desejo diminui, mas
é bem mais verdade que os casais sexualmente ajustados só
poderão aumentar a harmonia do seu ajustamento físico,
quanto melhor se conhecerem.
Se me permitem a comparação, tornam-se como músicos que
tiram tanto mais dos seus instrumentos, quanto mais tempo
praticarem.
Nem sempre é a recém-casada a vítima de uma frigidez
momentânea, devida à inexperiência, às idéias falsas que
tinha sobre o amor, aos pudores supérfluos, devidos à
educação.
Acontece, e, aliás, é mais grave, que um homem, embora
muito apaixonado e que com outras mulheres sempre se
mostrara viril, descobre-se, de repente, impotente com a
própria esposa!
É claro que a origem desta falha pode ser uma grande fadiga
física e intelectual. Mas é preciso, freqüentemente, atribuir a
responsabilidade dos fracassos ou semi-fracassos a um estado
de ansiedade, que se apodera de certos centros nervosos,
quando estão muito apaixonados. Sim, esta deficiência trai,
muito mais freqüentemente que a ausência de desejo, um
grande amor, inquieto por não satisfazer a mulher que é seu
objeto.
Neste caso, a felicidade do casal depende da mulher. O papel
que deve desempenhar nessas circunstâncias é essencial.
A ironia ou o desprezo mal dissimulado tendem a agravar as
coisas. Ao contrário, poderão ser salvas por uma ternura
incessante.

CAPÍTULO 9
Os esposos amantes

Aprenda a conhecer seu corpo


É preciso aprender a conhecer seu corpo, como sua alma. O
prazer físico também se aprende. Não há indecência nisso. Há
uma procura de harmonia, que é normal e, principalmente,
muito importante para a felicidade.
Um casal que se entende fisicamente, durante longos anos,
tem mais probabilidades que outros de permanecer unido. É
claro que esse ajustamento é insuficiente para assegurar o
verdadeiro sucesso de um casamento. Eu poderia citar muitos
casais que eram "amantes" maravilhosos e que fizeram de suas
vidas um inferno. Mas o casal cuja ternura sentimental, cuja
afinidade intelectual não são cimentadas por uma
cumplicidade sexual, é um casal votado, quase infalivelmente,
ao fracasso.
É preciso saber que este fracasso pode ser evitado, que pode,
mesmo, transformar-se na mais amorosa das harmonias, desde
que cada um dos cônjuges use, para isso, de certa boa vontade
e desde que, principalmente, cada um explique suas
decepções, esperanças e desejos,

Nada de pudor mal compreendido


Portanto, para não permanecerem os estranhos que, na maior
parte do tempo, marido e mulher são, tenham a coragem de
falar do amor.
Não apenas do amor, sentimento terno que nutrem, um pelo
outro. Mas do amor físico que os transforma em uma só carne.
Do amor sexual que os une mais estreitamente que qualquer
coisa entre dois seres que partilham as mesmas idéias, os
mesmos deveres e a mesma ternura.
Isso porque, por um pudor mal compreendido, seus pais
raramente ousavam abordar o assunto que se refere a tantos
casais, separados ou não, e que, geração após geração, jamais
conheceram a grande paixão com que sonhavam e que se
encontra tanto no casamento... quanto nos romances.
— Concordo, dirá você. Mas como falar?
A mulher sempre suspeita que algo está a ponto de destruir
sua felicidade, a de seu marido e o equilíbrio físico e mental
de ambos...
Surpreende-se com o fato de que o amor físico não lhe traz
todas as sensações de felicidade que dele esperava. Percebe
que seu marido também fica surpreso, decepcionado pelo
pouco interesse que ela parece demonstrar pelas relações
sexuais.
Mas nem ele, nem você tem a coragem de abordar o assunto,
embora fosse necessário fazê-lo da maneira mais simples do
mundo e, principalmente, com a maior ternura.
Será que fiz tudo para fazê -lo feliz?
A senhora, que tantas vezes pergunta a seu marido: "Você me
ama?", que também lhe pergunta: "Eu lhe agrado?", por que
não lhe pergunta também:
—Será que fiz tudo para lhe dar prazer?
Nada há de vergonhoso, de indecente, em oferecer ao homem
que se ama as carícias que lhe causam mais alegria — nem
vergonhoso ou indecente pedi-las a ele!
É claro que não se trata de mostrar-lhe um livro de técnica
amorosa, perguntando-lhe: "Você prefere a posição 1 ou 3?"
A linguagem do amor e, sobretudo a do amor físico, exprime-
se melhor por confidências. As coisas do amor ganham se
envolvidas em mistério. Mas, no ouvido, tudo pode ser dito,
tudo pode ser reclamado.
Essa linguagem, além de lhe permitir que se dê mais a quem
ama, trar-lhe-á, muitas vezes, o clima propício ao amor.

Confessar a insatisfaçã o é um passo para a


felicidade...
E assim como pode perguntar, também poderá confessar. Ah!
quantos casamentos em que a desarmonia, as traições nascem
da frigidez feminina ou da insatisfação masculina, teriam sido
salvos se a mulher tivesse tido a coragem de reconhecer:
—Você se sente feliz, mas eu não experimento grande coisa.
Você é muito brutal. Gostaria que você me beijasse mais, que
me agradasse. E que me falasse de amor quando me deseja!
Qual a mulher que usa essa linguagem com o marido?
Qual o marido que ousa dizer: "Não seja tão pudica. Dar-se é
dar-se inteiramente, sem falso pudor."
Em lugar disso, instala-se o silêncio, surgem os desajustes. E a
insatisfação sexual, em vez de honestamente confessada, se
traduz por queixas que nada têm a ver com as verdadeiras
razões do descontentamento.
Assim, quantas mulheres se queixam:
—Seus amigos estão em situação melhor que você, você não
tem êxito em nada.
Ou dizem:
—Quando penso nos homens com quem poderia ter-me
casado... Eles estão todos bem de vida.
Quando a verdadeira queixa seria:
—Porque você não me ama melhor? Por que me deixa
insatisfeita?
As mulheres rabujentas, autoritárias, nervosas, tanto com o
marido como com os filhos... se fossem ver um médico
sexologista ou um psiquiatra, logo confessariam:
—Não, o amor físico não me proporciona grande coisa!
E, por sua vez, quantos homens medíocres, fracassados... ou
exageradamente inconstantes, não passam de maridos cuja
mulher é péssima companheira de cama !

Não permita que a desarmonia se instale


Quer dizer que não foram feitos para viver juntos?
Eis a conclusão a que, infelizmente, chegam muitos casais. E
então, com calma ou com drama, rompem um casamento que
imaginam mal combinado. Depois, alguns meses mais tarde,
percebem que se amam ainda e, de um modo ou de outro, com o
novo par, são infelizes e tornam infelizes um ao outro.
Se esses casais tivessem tido a coragem de se dizer, claramente, o
que estava errado... como teriam sido felizes juntos!
Na melhor das hipóteses tornam-se estranhos que vivem lado a
lado! Estranhos que talvez envelheçam juntos, mas sempre
ignorando a felicidade a que seu amor lhes dava direito.
O que lhe disse há pouco não é, creia-me, um conselho
indecente, imoral.
Mesmo os padres que os jovens casais cristãos consultam, para
deles receber conselhos pré-nupciais que lhes permitam
permanecer um casal cristão, sim, mesmo estes padres são
desse parecer. E não temem dizer aos futuros jovens casais: o
casamento é feito para ter filhos, mas também para que o
corpo, assim como a alma, sejam felizes. E a mulher que quer
a felicidade do marido, o marido que quer a da mulher, têm
de pensar na felicidade sexual do companheiro, sem a qual a
felicidade do casal jamais é completa.

Saber escolher o momento


Agora, qual é o melhor momento para falar do amor físico,
cuja realidade está, muitas vezes, escondida sob imagens
românticas?
Não há regra geral. É claro que, no segredo do quarto, você
pode murmurar, ternamente, seus desejos.
Mas, às vezes, o problema exige uma conversa mais séria,
menos "passional" do que deveria ser, num momento em que
mais valem gestos que palavras.
Escolha, pois, uma noite em que seu marido esteja de bom
humor, causado por um bom jantar. Se você não tem coragem
de confessar, logo assim, as próprias angústias, disfarce-as
inventando a história de uma amiga que se preocupa por não
estar totalmente satisfeita, nos braços do marido. E peça que o
seu dê uma opinião, um conselho.
Pouco a pouco, a conversa passará do particular para o geral.
E se ele não for completamente tolo, descobrirá que, para que
você se sinta feliz, será preciso agir de maneira diferente.
De sua parte, quem sabe se você não aprenderá a agradar
ainda mais ao homem que a ama?
Pelo menos em palavras, tenha confiança nele e conte-lhe o
que, sem razão talvez, conta a sua melhor amiga.
As mulheres sempre fazem muitas confidências às outras,
jamais o bastante ao homem que amam.

O último recurso
Se, mesmo depois das confissões, nem um, nem outro
conseguem satisfazer o parceiro, resta um último recurso,
muitas vezes extraordinariamente eficaz, que é o de consultar
um sexologista ou talvez mesmo um psiquiatra. Pois o que
muita gente ignora é que a maioria das inibições que tornam
os homens impotentes e as mulheres frias se origina,
freqüentemente, não no corpo, mas na mente.
As anomalias, as deficiências são menos fisiológicas que
mentais. O homem teme ofender o pudor da jovem esposa.
Porque a ama, porque a desposou virgem ou muito menos
experiente que ele, inquieta-se, de repente, do que ousará
dizer-lhe ou exigir dela.
Por sua vez, a jovem esposa, que se sente mais ou menos
insatisfeita, não ousa, absolutamente, abordar as razões de sua
insatisfação, pois muitas vezes nem ela própria as conhece.
Infelizmente, todas as questões desta natureza, que os casais
não têm coragem de discutir, acabam por acumular neles
rancores, especialmente quando já passou o tempo da paixão,
da descoberta amorosa e uma insidiosa indiferença pelo corpo
atinge os casais, apesar do amor verdadeiro que os liga.
É que todos os casais, mesmo os mais apaixonados, não têm
armas contra o hábito e este mata o desejo físico.

A descoberta dos corpos


Voltemos à descoberta que marido e mulher fazem de si
mesmos, de seus corpos e do prazer natural que podem e
devem encontrar na realização do "dever conjugal". Isso é ser
esposos amantes.
A primeira regra no ato do amor é a de se preocupar com o
prazer do parceiro, antes de procurar o próprio, como já disse.
Esta regra todos os homens deveriam aprender! Com efeito,
estes, impelidos pela violência de seu desejo, muitas vezes
esquecem que uma mulher não chega tão rapidamente ao
orgasmo e que, se quiserem agradar à companheira, devem
prepará-la para o prazer por meio de carícias, até mesmo de
palavras, capazes de excitar-lhe o desejo de amor.

Delicadeza e ternura
Para isso não é preciso ler livros muito complicados, que
falem de amor de maneira tão científica... que acabam por
estragá-lo! É melhor abandonar-se aos gestos instintivos, não
apenas do desejo, mas da ternura amorosa. Cada parcela do
corpo amado a reclama.
O desajustamento sexual provoca dramas, é verdade, mas
pode-se vencê-lo, esquecendo-lhe as falhas e os pudores
inúteis.
Basta, às vezes, uma coisa tão mínima quanto murmurar ao
jovem marido: "Veja, quando você me abraça, me acaricia, em
lugar de se "atirar" a mim, é extraordinário como me entrego
melhor. E você sabe que então somos muito mais felizes,
ambos."
O próprio fato de ousar evocar o amor, o ato sexual, os
prazeres é, para muitos homens e mulheres, uma preparação
maravilhosa para o amor. Os seres humanos não são,
simplesmente, animais impelidos pelo instinto sexual. O amor
físico, para eles, faz parte de todo um comportamento sexual,
que encontra, talvez, maior satisfação no cerimonial que cerca
o ato, que no próprio ato.
Para conseguir a harmonia desejada é conve niente
que cada um realize seus desejos e prefe rências.
Tanto o homem como a mulher. Tudo pode e deve
ser obtido com tato, para não ferir nem o pudor de
uma, nem o amor-próprio do outro.

Cuidado com a monotonia!


Com o tempo, as relações entre dois seres mudam, sobretudo
fisicamente e isso sem que sua vontade influa. Por isso é
preciso saber encontrar, constantemente, novas razões para o
desejo.
Certos casais que pensam que se adoram, que têm um pelo
outro uma paixão exclusivista, descobrem, de repente, que
não sentem mais prazer algum no ato do amor! Muitas vezes o
homem ou a mulher, neste caso, conclui: não o desejo mais ou
não a desejo mais. Para o homem, o problema, geralmente,
não apresenta preocupações. Ele procurará satisfazer-se
noutro lugar. Para a mulher, o drama é mais grave. Seja o que
for que se pense, a mulher não arranja amante só para se
divertir e raramente se resigna a tê-lo só para a satisfação dos
sentidos. Isso complica o amor e, deste momento em diante, o
casal e o lar se acham à beira da catástrofe.
Entretanto, essa sensação de não mais desejar o companheiro
ou companheira, provém do conhecimento maior que se tem
dele ou dela.
Fico sempre chocada pelas confidências do homem, que
confessa com evidente tristeza:
— Minha mulher e eu conhecemos tão bem a menor reação
de nossos corpos, que o amor entre nós se tornou monótono.
Por isso é que a enganei.. . e não me espantarei, um dia, de
descobrir que ela também teve um momento de fraqueza.
Jamais poderíamos viver separados um do outro. Mas sinto
necessidade, às vezes, de conquistar uma estranha, uma
mulher sobre a qual ignoro se chegarei a perturbá-la e de que
maneira.. . Depois destas escapadas, volto ainda mais
apaixonado à minha mulher, pois, por causa da outra, ela me
parece, por sua vez, menos conhecida.
Quantas mulheres, ao ser interrogadas, reconheceram que,
embora permanecessem fiéis, aconteceu-lhes sonhar com
outro companheiro, "porque fico cansada, por alguns
momentos, de conhecer, de cor e de antemão, todos os gestos
do meu marido, quando me toma nos braços".
Essas coisas, geralmente, são passadas em silêncio hipócrita.
Confessam-se apenas a si mesmo.
Comete-se um erro grosseiro e é desta maneira que se
destroem as chances de felicidade.
Marido e mulher devem ensinar-se, mutuamente, o amor,
procurar conhecer, com atenção, seus gostos, descobrir que
seus corpos são feitos para se amarem. Desse modo, serão
amantes.
Conseguido isso, é preciso que o conservem. É possível e por
muito mais tempo do que se pensa. Uma vez instalados numa
determinada forma de felicidade, marido e mulher que não
imaginem que será por toda a eternidade.

A arte de amar é a arte de renovar o desejo


A sexualidade, como o amor sentimental, se "recria" a cada
dia. O desejo não se conserva apenas, mas se provoca e se
renova.
A arte de amar é, aliás, antes de tudo, a arte de renovar o
desejo.
Como?
Eu poderia responder-lhe que vocês mesmos devem
encontrar os meios, que a intuição, neste caso, é um guia
melhor que qualquer "receita".

Alguns pequenos "truques"


O primeiro truque é o de se permitir, entre marido e mulher,
certa liberdade, de se reservar algumas zonas de mistério. Um
casal que não se larga um instante, que, à hora das refeições,
conta todos os aborrecimentos caseiros e profissionais, que só
fala da vida cotidiana... acaba por se entediar horrivelmente a
si mesmo. E nada mata mais seguramente o desejo que o
tédio!
Sempre na mesma ordem de idéias, é preciso resolver,
sobretudo a mulher, ser, ao mesmo tempo, a mesma.. . e uma
outra.
A mesma, porque um homem apaixonado o é por razões
precisas e porque as relações são talvez. . . o que a mulher
julga um defeito: algumas sardas, um nariz arrebitado, dentes
separados.
Cuidado, pois! Uma mulher jamais deve querer mudar a
aparência radicalmente e nem, aliás, o comportamento que
tinha quando o marido se apaixonou por ela.
Mas mesmo assim, um pouco de mistério, como o disse antes,
algumas surpresas, excitam o desejo.
Não se deve esquecer que o que o homem mais gosta é de
conquistar.
Pois bem, se seu marido conserva, por muito tempo, a
impressão de que não a conquistou "totalmente", posso lhe
assegurar que a continuará desejando.
Para isso ainda é menos necessário empregar grandes meios,
fazer segredinhos ou contar mentiras. Essa espécie de
mistério, ao contrário, a prejudicaria mais aos olhos dele.
Mas se você usa, normalmente, roupas claras... escolha, de
repente, uma roupa berrante, aproveitando para mudar o
corte ou a cor dos cabelos.
Verá que ele a olhará com novos olhos!
Às vezes, bastará mesmo que você se interesse por um livro
novo, da profissão dele, em vez dos seus cuidados com a casa,
para que ele fique intrigado, para que pense: "Mas eu nem
imaginava que ela fosse assim. . . " Alertado, o marido encara
a mulher com novos olhos, mais interessados. Isso basta,
muitas vezes, para desferir um grande "golpe".
Não é preciso que lhe diga que, com um pouco de imaginação e
vontade de agradar, as possibilidades de intrigar um marido são
ilimitadas...

CAPÍTULO 10
O que uma mãe esquece de dizer

A aprendizagem da vida e da felicidade são coisas difíceis.


Mais difícil ainda, para uma mãe, é falar à filha sobre todos os
problemas relativos ao amor, dos quais, entretanto, irá
depender sua felicidade conjugai e seu equilíbrio de mulher.
Mesmo com a maior boa vontade do mundo, com espírito
aberto e moderno, certas conversas são quase impossíveis
entre mães e filhas.
Mas além da dificuldade devida a seu pudor muito
compreensível, com um objetivo louvável, seja para não
alimentar nas filhas ilusões sobre o amor, seja, ao contrário,
para alertá-las contra todas as desgraças que este reserva, às
vezes, às jovens, não usam, por sua vez, de uma linguagem
realmente útil, especialmente no campo do amor sexual.
É preciso não esquecer que, em nossa, sociedade,
condicionada por centenas de anos de "falso pudor", o sexo
permanece o grande tabu, do qual não se ousa, na verdade,
falar em família. Entretanto, evitar-se-iam assim muitos
desajustes, muitas catástrofes conjugais.
Para ajudar essa felicidade — a das mães que se inquietam,
assim como a das jovens que devem saber — vou lhe dizer
tudo que as mães gostariam de dizer às filhas, sem saber como
fazê-lo.
Isso evitará que jovens esposas apaixonadas lancem o grito
desta recém-casada de vinte anos, que me escreve:
"O amor é horrível! Por que minha mãe não me avisou? Sou
filha única, muito reservada. . . E nunca falei dessas coisas, da
aprendizagem, com minhas colegas de classe. Falávamos dos
flertes, algumas dos amantes ou dos noivos. Mas era o mesmo
que não dizer nada... Nada daquilo poderia me deixar prever.
Eu acreditava que o amor físico iria me abrir um mundo
maravilhoso e que conheceria, nos braços de meu marido
alegrias extraordinárias. Só vejo neste ato brutalidade,
bestialidade e, para mim, sofrimento físico. Deverei suportar
"aquilo" toda a vida. . . ou arriscar-me a perder meu marido?
Eu o amo e ele diz que me adora!?"
Evidentemente, a mãe desta moça talvez tivesse tido uma
revelação fácil do amor.. . ou atribuído menos importância ao
fracasso da sua vida sexual e nem imaginou que seu silêncio
seria nefasto.
Se, entretanto, ela tivesse dito:
— O amor, minha filha, é uma coisa maravilhosa e o amor físico
completa o amor sentimental.
Mas todas vocês formam idéias falsas sobre o amor físico.
A primeira coisa que lhe devo dizer é que você não descobrirá
nele, a não ser por milagre, todas as alegrias desde os primeiros
dias e, sobretudo, desde a noite de núpcias. Pelo contrário.
A verdade é que, para que se estabeleça essa harmonia, ê preciso
começar a pensar nela antes mesmo de se casar.
"Não vá pensar que lhe estou aconselhando o amor pré-nupcial!
Mas não negligencie o problema sexual, não desdenhe a harmonia
física. E, se o menor indício lhe fizer crer que seu futuro marido
não possa agradá-la fisicamente, renuncie a esse casamento,
mesmo que lhe pareça brilhante, pronto a lhe assegurar uma vida
de ouro."

Muitas mães se esquecem que seu sonho é que as filhas


tenham uma vida agradável, confortável, fácil. Para isso,
evidentemente, preferem um pretendente que tenha uma
situação estável, a um rapaz que ainda não a tenha.
Mas, cuidado. O dinheiro, apenas, não faz a felicidade. E é por
isso que a mãe deve dizer:
— Minha filha, acredite-me, é mais importante casar-se com
um homem jovem, sem fortuna, que lhe dará filhos sadios, em
cujos braços você será feliz, do que com um homem maduro,
rico, cujas carícias não lhe agradem. É claro que o amor físico
não basta para construir a felicidade duradoura do casal. Mas
é um dos fundamentos mais seguros. Pois marido e mulher
que se amam e se desejam apaixonadamente, conservam
sempre, um para com o outro, uma afeição que lhes permite
suportar, mais tarde, os anos difíceis.
E há ainda uma outra coisa que a mãe esquece, muitas vezes,
de dizer à filha, quando esta escolheu, para se casar, o homem
que ama.
É o seguinte:
— Sim, vocês se amam, são jovens e se desejam. Realmente
querem dar-se um ao outro. Muitas vezes já se beijaram e
tiveram mesmo, muitas vezes, de resistir à vontade de não
esperar que o juiz de paz ou o padre os tivessem unido! Pois
bem, isso não impede que você, principalmente, por causa da
sua ignorância do assunto, não se arrisque a ficar muito
decepcionada, durante os primeiros tempos do casamento. O
que você deve saber é que isso não é grave.
Na verdade, o amor deve ser aprendido. E isso não se faz num
só dia. Seja, então, paciente. Lembre-se que a sexualidade
masculina não é igual à sexualidade feminina. Que um
homem, quanto mais jovem e apaixonado, mais inábil se
torna, pela própria força do desejo.
Então, eis o que você deve saber, principalmente: não perca a
cabeça. Não vá falar dos seus problemas, da sua eventual
decepção, a qualquer um.
Que não venha falar deles a mim, sua mãe, eu compreendo.
Mas se não tem coragem de falar ao principal interessado —
ao seu marido — ou pelo menos, não logo, vá a um médico,
de preferência a um sexologista: ele lhe dirá exatamente o que
poderá esperar, o que deverá fazer, para obter uma harmonia
maior. Sem dúvida, irá aconselhá-la a falar com o marido, ou,
se você o preferir, ele mesmo se proporá a falar.
O importante é que você não se feche no silêncio e na
amargura!
"Muitos casais, cuja vida sexual começou mal, tornaram-se,
logo depois, os melhores amantes do mundo, por terem
ousado falar, um ao outro, dos problemas sexuais."
Já que falei na diferença entre o temperamento sexual do
homem e o da mulher, há uma coisa sobre a qual todas as
mães que desejam realmente a felicidade das filhas deveriam
preveni-las! Quem sabe se, infelizmente, as mães também não
preferem conservar as ilusões a esse respeito!
Você o adivinhou: a infidelidade masculina!
Falar objetivamente às jovens apaixonadas, não é destruir-
lhes as ilusões.
Portanto, de duas, uma:
Ou a mãe não lhes fala da infidelidade, quer para poupá-las,
quer porque elas próprias são felizes no casamento e
imaginam nunca terem sido enganadas!
Ou então sofreram e têm tendência a aconselhar mal às filhas,
dizendo-lhes:
—Não confie nos homens! São todos inconstantes. Vigie bem
o seu se não quiser que o levem, não creia nas mentiras dele,
etc.
Isso é muito inábil. Com efeito, a melhor coisa a dizer a uma
jovem é o seguinte:
—Você vai se casar com um rapaz que a adora e que parece
reunir todas as qualidades de um bom marido. Ele a ama, a
deseja e estou certa de que você será muito feliz com ele.
Peço-lhe, entretanto, que não estrague essa felicidade se, um
dia, descobrir que seu marido teve uma breve aventura. É
claro que não a aconselho a aceitar uma ligação que estragaria
sua vida. Mas um homem que encontra uma moça fácil e
bonita e tem relações sexuais com ela, esquece essa aventura
com a mesma facilidade que um bom jantar com os colegas.
Isso não deve estragar a vida de vocês dois e a dos filhos. Você
sabe que essa aventura não significa que seu marido não a
deseje mais e mais que a qualquer outra mulher. Foi,
simplesmente, tentado e, para o seu instinto masculino, o ato
sexual pode ser inteiramente independente do amor.
"Não pense que seu marido é um monstro ou deixou de amá-
la, porque descobre que a enganou um dia. Dê-lhe a entender,
porém, que essa aventura a magoa e que, se o fizer muitas
vezes, você não aceitará mais esses "golpes baixos" ao seu
contrato de fidelidade mútua.
"Depois, esqueça o incidente; esqueça-o de verdade —
perdoar não basta — e procure tornar-se a mais sedutora
possível. Quando um homem en-„ contra na mulher uma
amante, as tentações se lhe tornam cada vez mais raras."

CAPÍTULO 11
A cortesia na intimidade

Que bom estarmos enfim só s...


O que significam essas palavras?
Um conjunto de pequenos gestos, pequenas palavras,
pequenas intenções que podem ajudar a felicidade. Uma
maneira de ser que pode, cada noite, fazer com que homem e
mulher pensem: "Como é bom estarmos juntos, que descanso
estar, enfim, longe dos outros, enfim sós no mundo".
Nenhuma sensação proporciona sono melhor, este sono sem
sonhos das pessoas felizes, o sono que permite restaurar forças
físicas e morais, antes de enfrentar um novo dia, novas
preocupações e, sobretudo, a perpétua agitação da vida
moderna.
Infelizmente, mesmo os casais mais apaixonados esquecem,
muitas vezes, essa "cortesia na intimidade", que não é apenas,
como você talvez o creia, uma maneira de falar de amor, de
propor o amor ou de realizá-lo.
É claro que é isso também.
Mas existe, em primeiro lugar, no momento em que, marido e
mulher fecham a porta do quarto, um verdadeiro ritual a
observar, que ajuda a felicidade.
A falta de atenção e o egoísmo são, neste momento, mais do
que se imagina, agentes destruidores da felicidade. Não
chegarei a dizer que conduzem ao desquite. Acontece, porém,
que muitos maridos e muitas mulheres pensam, desiludidos:
"Eis a vida em comum, o leito conjugal... Pois bem... não tem
graça!"
Deveriam, ao contrário, pensar que o famoso leito conjugal,
em que se unem, é o porto seguro que os põe ao abrigo de
todas as tempestades da vida.
O dia acabou, a mesa do jantar foi tirada, a louça guardada, as
crianças na cama, todos os deveres terminados. Vocês
desligaram a televisão e entraram no quarto. Vão se despir.
Vou impedi-los já!

Despir-se.. . uma arte


Aos vinte anos é certamente agradável despirem-se um diante
do outro. Mas mais tarde, mesmo que vocês sejam ambos, os
mais bem-feitos de corpo do mundo. . . por que não conservar
um pouco de mistério e não impor, todos os dias, ao cônjuge,
e, confessemo-lo, a sua mulher, principalmente, a visão deste
"strip-tease" nada elegante? E, sobretudo, a desordem da sua
roupa e da roupa de baixo, mais ou menos arrumados no
quarto.
Por menor que seja um apartamento, sempre se pode arranjar
um lugar para se despir, entre duas portas, dobrar as roupas
numa cadeira que não esteja sob os olhos, ao dormir e, ao
acordar, dependurar o terno ou o roupão num armário.
Pois creia-me, conservar um ambiente agradável ao seu redor,
antes de adormecer é extraordinariamente benéfico ao humor
do casal, ao amor e ao sono que se segue.

Os preâmbulos à ternura não devem ser estragados


Ei-los, então, em trajes de dormir, refrescados por um
chuveiro, os dentes cuidadosamente escovados, estendidos,
lado a lado, sob as cobertas, entre lençóis bem esticados.
Ah! . .. aqui também há lugar para a cortesia!
Você, a esposa, sente muito frio e adora cobrir-se com três
cobertores, que puxa até em cima.
Em compensação, seu marido tem horror a isso. Então, todas
as noites há discussões. Um protesta, dizendo que sufoca. A
outra geme que não agüenta mais.
Mau começo para os gestos de ternura.
Realmente, vocês têm, é claro, direito ao conforto que lhes
convém.
Mas em lugar de passar dez minutos, pelo menos, em
discussões: "Eu tenho o direito de... Estou gelando... estou
sufocando..." e acabar virando-se as costas, uma se
encolhendo, o outro, sufocando e jogando longe as malditas
cobertas, como seria simples prever essa diferença de gostos,
no momento de arrumar a cama.
Ponha um cobertor a menos do lado de quem tem o sangue
quente... e faça-o dormir do lado externo e não do lado da
parede (se for no meio, não há problema). E erguendo a
coberta, dobre-a em duas, do seu lado: você estará quente e
seu marido dirá: "Você é um amor."
Na mesma ordem de idéias: a luz e a leitura.
Marido e mulher nem sempre têm vontade de dormir no
mesmo momento. Não é, como o imaginam muitas mulheres,
erradamente, indiferença da parte do homem, nem sempre
ter vontade de terminar a leitura de um jornal ou livro, no
momento exato em que sua mulher suspira: "Apague a luz!"
O inverso também acontece, mas creio que são
principalmente as mulheres que se queixam dessa "grosseria"!
Na verdade, ela não é consciente e tudo pode ser ajeitado.
Primeiramente, o homem que quer continuar sua leitura, deve
observar duas regras: 1º. que esta leitura não impeça sua mulher
de dormir; 2º. que não a magoe sentimentalmente.
Portanto, deve perguntar-lhe primeiro, com delicadeza, se não a
incomoda... explicando, por sua vez, que lhe é necessário, para o
trabalho, manter-se informado ou que não terminou um artigo, um
capítulo, mas que se esforçará para não "demorar muito".
Depois, tomará cuidado para que esta luz que o ilumina não
incomode sua mulher. Existem lâmpadas minúsculas, que se
podem prender ao livro e que garantem, ao cônjuge, toda a
escuridão desejável para um sono tranqüilo.
Quanto ao jornal... ele deixará de lê-lo se sua mulher for
nervosa e custar para dormir. O estalido das páginas, ao virar,
põe à prova os nervos mais sólidos, quando ouvidos no
instante em que se tenta dormir.
Assim, este pequeno conflito que muitas vezes deflagra
grandes disputas, pode ser resolvido sem dramas. Basta ter um
pouco de boa vontade, de parte a parte. E, principalmente,
não bancar o tirano doméstico. "Apague a luz, quero dormir",
"deixe-me em paz, estou lendo.. . " fazem da vida conjugal um
pequeno inferno diário.
Outra cortesia a observar:
Não mergulhe, meu caro senhor, na leitura do seu jornal e a
senhora na narração das pequenas misérias domésticas,
quando se encontrarem a sós, na cama!
Obriguem-se a alguns instantes de ternura, a uma pausa
"sentimental".
Ainda não estou falando do amor, que os impelirá logo aos
braços um do outro.
Reservem uma zona de ternura, ao se deitarem na cama, uma
ternura que fará com que se preocupem com o bem-estar um
do outro:
— Não lhe falta nada, você está com seu livro, quer um copo
d’água, não quer que lhe traga alguma coisa?
E que cada um, por sua vez, se preocupe com o outro. Isso
nem sempre é o mesmo que levantar-se para verificar se o gás
está fechado, se o bebê não se descobriu, se a torneira não
ficou aberta, etc. Não é o mesmo que preocupar-se com um
objeto esquecido ou um telefone que toca... e que é,
provavelmente, engano!
Todas essas pequenas coisas não constituem,
obrigatoriamente, dever de um só ou sempre do mesmo
cônjuge.
Por favor...nada de "bobbies"!
Falemos agora de outra grande cortesia que a mulher deve ter
em relação ao marido. Será um favor evitar-lhe o espetáculo
horripilante de uma cabeça eriçada de "bobbies", de um rosto
lambusado de creme gorduroso, ou, pior ainda, coberto de
uma máscara de ovos ou de lama!
A tal cortesia, o marido poderá corresponder, deixando de
fumar na cama, a não ser que sua mulher não se incomode ou,
indulgente com suas manias de fumante inveterado, lhe
permita, depois que ele lhe pediu permissão (esse pedido é
uma prova de cortesia) fumar um último cigarro.

Luzes apagadas
Chegamos ao momento, porém, em que, apagadas as luzes, a
mulher se aconchega ao marido... a não ser que o marido
atraia a mulher para ele, para o amor, que é a dádiva de dois
corpos, um ao outro e que é também a procura do prazer, que
todo homem e toda mulher, normalmente constituídos, têm
necessidade de experimentar.
Pois bem! Mesmo neste campo, certa "cortesia" é segurança de
harmonia e felicidade.
A primeira, dentre todas, é a essencial: é preciso preocupar-se
com o desejo do outro cônjuge. Nem todos os homens ou
todas as mulheres têm vontade, todos os dias, de praticar o
amor. Isso nada tem a ver com uma evolução no desejo e,
menos ainda, no amor.
Mas tanto a mulher, quanto o homem podem estar fatigados,
preocupados, até em mau estado de saúde... não estando, pois,
com disposição para cumprir o dever conjugal.
Forçar a companheira a ser dócil.. . Queixar-se de que o
marido seja apressado, é não ligar para a felicidade do outro, é
agir de maneira egoísta... e às vezes como pessoa grosseira.
No amor físico é preciso que nos obriguemos a não magoar
um ao outro, que nos obriguemos a agir com certo tato. Mas
isso exige delicadeza amorosa e eu creio que os que se amam
verdadeiramente têm esse cuidado, de modo quase instintivo.
Terminarei agora, com uma nota mais alegre.
Dizendo-lhes: sejam corteses na intimidade, mas não exijo
que se portem como estranhos. Conhecem o ditado: "Cortês
demais para ser honesto..."
No casamento, principalmente na intimidade, às vezes é
preciso deixar de ser cortês... para se dar prova de amor.
Exemplo:
Você está aborrecida. Está com alguma dor. Vira as costas ao
marido e:
— Não me toque, não quero nada com você, não o amo mais.
É claro que você está mentindo.
Espero que neste dia seu marido insista, que sinta necessidade
de desafiá-la um pouco e imponha sua vontade e seu amor.
Você ficará radiante.
E quanto à mulher, se o marido a ameaça, porque sorriu a
outro homem, de ter, dali por diante, um quarto à parte... não
concorde com sua exigência, não lhe prepare o sofá, mas
atire-se, em lágrimas, nos braços dele: ele cederá e também
ficará radiante.
CAPÍTULO 12
Um perigo: o primeiro filho

O intruso, tão desejado


Este é um fato para o qual a tendência é estender um véu,
porque parece um tanto monstruoso, mas o nascimento do
primeiro filho nem sempre é bom para o amor.
É preciso, portanto, delimitar os riscos que o primeiro bebê
traz ao jovem casal apaixonado, na maior parte do tempo sem
que os percebam realmente, uma vez que essa criança é
desejada.
Mas em lugar de aumentar a felicidade que os jovens esposos
experimentam no amor, na vida em comum, o bebê se torna,
coitado, sem querer, responsável pelo desentendimento deles.
Este fato é mais fácil de entender do que se supõe. E quando
se sabe do que se trata, o mal é mais rapidamente reparável.
Com efeito, alguns seres, sobretudo se forem muito jovens,
têm necessidade de se conhecer bem, antes de aceitar que
uma criança os separe, que separe os apaixonados, os amantes
que foram durante os primeiros meses de sua união.
Precisam da aprendizagem da vida adulta, das
responsabilidades que comporta para serem capazes de se
tornar pais.
Se esse papel lhes cabe quando ainda mal preparados, surge o
drama entre ambos, destruindo um amor feito, normalmente,
para durar a vida toda.
É este o drama que quero evitar para os jovens casais,
explicando-lhes que o que lhes acontece nada tem de
espantoso, mas, ao contrário, é até bem normal.
Geralmente é o jovem marido que fica mais desconcertado
com o primeiro bebê.

A vida a três
É tão fácil de compreender. Ele descobre, quase sempre, na
criança que acaba de nascer, um rival todopoderoso que lhe
arrebata, pelo menos em sua imaginação, uma parte da afeição
da mulher. Os homens muito passionais, muito possessivos e
ciumentos aceitam mal a partilha!
Mas em caso algum deve a jovem esposa prejudicá-los.
Se o ciúme se manifestar antes mesmo que se anuncie um
nenê, ela deve aceitar o ponto de vista do marido e tomar,
com ele, as precauções necessárias para que isso só ocorra na
hora desejada, quando então completará a felicidade, sem
prejudicá-la.
Censuras, realmente, seriam perigosas e só serviriam para
agravar o ciúme. Ele arranjará mil razões para crer que já não
é mais amado como o era há alguns meses, até há semanas,
mas que a mulher o considera apenas chefe de família, pai que
alimenta... tudo isso o aborrecerá e lhe dará vontade de
procurar em outro lugar a grande paixão exclusiva que
pensava viver com sua própria mulher.
Existe também o pavor que muitas jovens sentem diante da
gravidez. Esses temores, injustificados com os progressos
atuais da medicina, são, entretanto, perdoáveis.
Por outro lado, algumas jovens, muito apaixonadas pelo
marido, que sabem ser muito sensual e atraído pelas
mulheres, são tomadas de pânico à idéia de que a gravidez,
deformando-as, as torne menos desejáveis. Seguindo a mesma
ordem de idéias, outras se preocupam com o tempo que terão
de consagrar ao recém-chegado. Tempo durante o qual terão
de negligenciar, forçosamente, o marido que, por causa desta
negligência se afastará delas, por sua vez.

Vença as dificuldades com um sorriso


Além disso, quantos casais jovens vivem apertados e em
condições tão precárias, que o nascimento de uma criança
lhes tirará toda a possibilidade de estarem realmente a sós. Se
moram com os pais, nem se fale: a criança será mesmo um
intruso. À noite será preciso ou ficar acordado com seu choro
ou ter medo que acorde os outros!
De qualquer maneira, para realizarem o ato do amor, terão de
tomar mil precauções para não acordá-lo.

Felicidade a dois... felicidade a três...


Muito poucos casais jovens pensam nestes detalhes, antes de
decidir se chegou ou não o momento de ter um filho. Não é
egoísmo fazê-lo, ao contrário, é razoável.
Não tenho nenhuma indulgência especial para com os casais
que só pensam em sua felicidade e se recusam a fundar uma
família. Mas parece-me mais inteligente que estes casais
consigam uma felicidade "a dois", em vez de uma infelicidade
"a três" ou a quatro.
Pois é uma verdade que muita gente esquece: as crianças
nascidas de pais aborrecidos com seu nascimento estão
condenadas, desde que nascem, à infelicidade — mesmo que
os pais lhes escondam que se sentiriam melhor sem terceiros
entre eles, essas crianças têm obscura consciência da situação
e sofrem com ela.
Devo insistir nesse ponto e isso para preservar a difícil
felicidade tanto dos adultos, quanto das crianças.
Não se esqueça que os que não foram verdadeiramente
desejados pelos pais, sabem-no sempre, sem que seja
necessário que lhes digam. Na revolta e, sobretudo, no rancor
que se originarem deste conhecimento.. . talvez se encontre o
sentido de um destino excepcional. Mas, via de regra, o filho
se tornará instável, desajustado e fracassado. E os pais poderão
ouvir um dia: "Não pedi para nascer!"
Aconselharia também às jovens casadas que se interrogassem
bastante, antes de conceber o primeiro filho. Estarão prontas
a viver de maneira um pouco diferente, a se privar de passeios
à noite, a se sujeitar a uma vida rotineira?
Já tomaram em consideração se possuem os meios financeiros
para educar um filho? Apesar do auxílio público, dos abonos
familiares, uma criança, se se quiser proporcionar-lhe tudo de
que necessita, exige um orçamento mais rico.
E, principalmente, serão eles realmente adultos? Capazes de
se portarem como adultos diante do filho?
Se a resposta for sim a todas as perguntas, então o nascimento
do primeiro filho representará uma das maiores felicidades
que um casal possa conhecer.
Mas se a menor hesitação, o menor medo se insinuar em você,
antes de responder, ou se seu marido diz: "Como você quiser",
mas não parece muito entusiasmado, então será melhor
esperar. Os anticoncepcionais, a pílula já não são proibidos.
Use-os.
Falo, evidentemente, dos casais que não estão no domínio das
proibições religiosas. Para estes, o nascimento de um filho...
de vários filhos... é a própria finalidade da união.
O primeiro filho é, muitas vezes, um perigo para a vida sexual
do casal. . . se o casal não percebe que, ao contrário, seu amor
desabrochará ainda mais. . . , mas muitos filhos, desde que
sejam "desejados" pelos pais, são, muitas vezes, uma
possibilidade de renovação do amor e mesmo do amor físico.
Cada gravidez, cada parto transforma a mulher, faz dela uma
"outra" mulher. E a mudança representa para o homem que a
ama um elemento novo de desejo, que se acrescenta a um
amor maior ainda por quem lhe deu os filhos, para os quais
sonham, juntos, uma vida feliz.

Aprenda a ser mãe e esposa


Portanto, para conseguir essa espécie de vida perfeita, ao
mesmo tempo como amante do marido e boa mãe, é preciso
que a mulher saiba organizar tanto uma vida como a outra, e,
sobretudo, não deixar que uma invada a outra.
Não pense que seja impossível.
Basta decidir, de uma vez por todas, que a casa, os filhos, a
gravidez, não a impedirão de ser vaidosa, de fazer ginástica
para se conservar esbelta, de continuar a se manter ao
corrente de tudo o que se passa no mundo, a sair "como
solteiros" com o marido, para lhe consagrar horas (e não
apenas noturnas!) para "bater um papo" e se interessar por seu
trabalho.
O que se torna perigoso para o amor é sempre passar o marido
para segundo lugar, sob o pretexto de que tem os filhos.
Perigoso é negligenciar-se, sob o pretexto de ser mãe de
família, submergida no trabalho e achar que isso não tem
importância!
A felicidade é resultado do bom equilíbrio, não apenas
pessoal, mas familiar. Também não se deve cair no oposto e,
sob o pretexto de que continuam amantes, negligenciar os
filhos!

Assumir as responsabilidades de pais


Os casais cegados por si mesmos não percebem que ter filhos
é também assumir a responsabilidade de conduzi-los, por sua
vez, à felicidade, assumindo suas responsabilidades.
É difícil, mas não impossível. Há tempo para tudo e os dias e
as noites da vida permitem tornar felizes, ao mesmo tempo, os
filhos e o marido.
Em todo caso, o resultado vale alguns esforços. Estes
consistem em não se portar apenas como "super-mãe", mas
também como amante, que sabe dizer ao parceiro que ele
também é pai e deve comportar-se, quando preciso, como
chefe de família!
As mulheres capazes de representar este duplo papel conhecem,
evidentemente, alegrias ignoradas pelas outras.
Não que elas tenham mais possibilidades; é que são mais dinâmicas
e possuem mais força de caráter.
Realmente, toda mulher deveria ser talhada de forma a conseguir
essa "façanha".
O perigo de ser muito "m ãe"
Infelizmente, muitas dentre elas, por razões que não tentam
analisar e que são, em geral, de ordem freudiana, são mais
mães que amantes. E quando, mais tarde, se queixam de ser
enganadas, dizendo: "É claro, eu cuido dos filhos dele e
envelheci, cansada antes do tempo", na verdade não
percebem que foram elas que arranjaram todo o cansaço...
porque permitiram que lhes furtasse o amor. Não é de se
espantar que os maridos deixassem de considerá-las, pouco a
pouco, mais que "chocadeiras" e não ousassem mais tratá-las
como amantes.
O erro de muitas mulheres — que, aliás, se queixam de não
experimentar prazer algum no amor — é o de recusar ao
marido carícias que consideram "escandalosas" ou "ridículas"
para pessoas casadas.
Nada é escandaloso, nem ridículo, entre amantes. No dia em que
as mulheres casadas compreenderem isso, os maridos irão procurar
menos em outro lugar o que lhes recusam em casa.

Deve-se simular o prazer?


Hoje em dia a própria Igreja admitiu que os problemas sexuais
no casamento deviam ser abordados com o máximo de
sinceridade e de franqueza. Uma das perguntas mais cruciais
que se fazem às mulheres casadas é essa: é preciso trapacear
de vez em quando, enganar o marido durante as relações
sexuais?
Digo que não há resposta válida para todas.
A moral pessoal representa papel importante na intimidade
do casal. E, no mais das vezes, as atitudes adotadas são
conformes à moral. Entretanto, na minha opinião, antes que
se recusar, antes que procurar refrear o ardor do marido,
muitas mulheres preferem fingir, fazer crer em sensações que
não experimentam. É claro que a intenção é boa, mas existe
grande risco em utilizar este meio com muita freqüência.
Pois a felicidade física é uma troca.
— Mas o meu marido não o percebe! dizem muitas mulheres.

Os perigos da passividade, na mulher


É possível. Entretanto, chega um dia, necessariamente, em
que o marido mais desatento percebe que alguma coisa não
está certa. Se fizer várias vezes em seguida essa descoberta,
não terá o direito de se acreditar ridicularizado?
Vou dizer mais.
Muitas mulheres acusam os homens de serem "indiferentes",
de só procurar a própria satisfação.
Concordo que sejam egoístas, concordo que há uma
quantidade de homens que, passados os primeiros meses do
casamento, não se preocupam mais, por assim dizer, do que
possa magoar a esposa, o que é muito triste.
Mas existem também muitos homens que foram levados a essa
"indiferença" em conseqüência da passividade muito
freqüente da esposa. Portanto, perigo!
Aos maridos sempre vigilantes, não adianta tentar enganar.
Seria tática errada. Cem vezes "melhor seria uma explicação
franca, expondo à mulher a verdadeira razão do que lhe falta.
Uma pequena decepção, que logo será esquecida, é preferível
a uma desilusão que corre e pode ser profunda e leva o
marido a caminho de todas as espécies de suspeitas.
Outra pergunta que me foi feita: posso tomar a iniciativa, dar
os primeiros passos, com meu marido? Isso sempre me faz
sorrir um pouco. Compreendo muito bem as que hesitam e se
perguntam se isso "agradará" ao marido. Mas vou tranquilizá-
las. Não estamos mais no tempo em que a mulher era
totalmente submissa e em que toda iniciativa de sua parte
deveria ser considerada condenável. Os tempos mudaram. O
casal agora se compõe de duas pessoas, que desempenham
papéis iguais e cujos impulsos, portanto, devem ser
igualmente apreciados. Um marido que ficasse chocado, hoje
em dia, com as iniciativas da mulher, certamente faria papel
de "quadrado".
Dito isso, há o fundo da natureza humana a considerar. Os
dois sexos sempre têm reações afetivas profundamente
diferentes. É preciso levar isso em conta. O marido, por mais
evoluído que seja, nem por isso esquece o sentimento de que é
dele que deve partir a decisão.
Aconselharia também às mulheres que julgassem os maridos
um pouco "adormecidos", a não ter intervenções muito
automáticas.
Conheço exemplos de maridos que se mostraram aborrecidos
e às vezes, mesmo chocados com essa atitude, a ponto de
impor às esposas uma neutralidade total. O que em nada ajuda
as relações entre o casal.
O hábito, neste caso, pode-se tornar, então, um mau hábito.
O que se deve fazer, aquilo que, quase sempre é acolhido de modo
favorável, são os primeiros passos ocasionais. Sobretudo se
coincidirem com um estado de espírito feliz do casal.
Especialmente se forem dados no fim de uma noite agradável, ou
na manhã de um dia que se anuncia bom.
As relações amorosas são também relações mentais, não apenas
físicas. Boas perspectivas, mesmo sendo momentâneas, favorecem
muito a harmonia sexual. Que uma mulher tome a iniciativa, junto
ao marido — por que não? Ela aproveitará tanto mais os efeitos
quanto melhor tiver escolhido o momento.
Até onde pode ir uma mulher casada, na intimidade conjugal?
Muitas mulheres se fazem essa pergunta.
Já falei na evolução dos costumes. Ela é válida aqui também.
Os orientais, de espírito extremamente aberto nesse assunto,
dizem que nada é proibido no amor; nós não somos orientais,
mas é claro que nenhuma igreja, em nosso país, adota, hoje
em dia, os tabus sexuais de outrora.
Cada casal tem, portanto, em princípio, toda a liberdade em
organizar sua vida íntima. Digo em princípio, pois mesmo
assim existem limites.
Todo ser humano tem sua moral pessoal, sua moral interior.
Se lhe propuserem um ato, em contradição com essa moral
interior, ele se negará. E faz bem.
O que importa, para uma mulher casada, na vida do casal, é
obedecer, antes de mais' nada, a essa moral e não transgredi-
la.
Eis a lei fundamental. A mulher não deve ser levada ou se
deixar constranger a praticar atos ou situações que a deixem
envergonhada consigo mesma.
Em todos os casos é preferível, antes, abster-se que ter de se
envergonhar de si.
A mulher não deve vacilar em ter com o marido, se
necessário, uma discussão franca sobre o assunto.
Costuma-se dizer que o casamento é para melhor e para pior.
Mas no momento em que um dos cônjuges é levado a agir
contra si mesmo, contra sua consciência ou sensibilidade, o
que resta no casamento, senão o pior?

Até onde vai a docilidade amorosa?


Tanto admito que um marido possa ensinar à mulher
determinada "arte de amar", quanto creio danoso para o casal
que o marido exija da mulher o que ela não lhe oferece de
plena vontade.
Chego, finalmente, à última pergunta, que é, em parte,
conseqüência da anterior: marido e mulher deverão debater,
entre si, com toda a liberdade, seus problemas sexuais?
Aqui, nenhuma hesitação: respondo que sim, imediatamente.
Vários desquites teriam sido evitados se marido e mulher
tivessem se sentido com liberdade para discutir, abertamente,
seus problemas sexuais. Não existe, forçosamente, desde a
manhã até à noite, acordo perfeito entre um homem e uma
mulher que se casaram. Este acordo tem certas probabilidades
de se realizar, a longo prazo, se deixarem o barco correr. Mas
há muito mais probabilidades se o homem e a mulher
conversarem entre si sobre o que não está dando certo.
Neste caso, todo o falso pudor deve ser banido.
As autoridades religiosas o compreenderam. Entendem que,
dali para diante, o casal deve se explicar, sem rodeios, nessas
questões. É uma garantia de êxito sexual e, portanto, de
felicidade.
Ensine seu marido a dialogar
Na maioria dos casos — e falo por experiência — é um
pequeno pormenor, uma incompatibilidade sem importância
que impede os casais de atingirem a plenitude.
Se você não chegou a um acordo perfeito com seu marido,
diga-lhe porque, expresse-se com liberdade, com franqueza.
Mostre-lhe a importância da discussão. Mesmo que ele seja
reticente a princípio, pois os homens são, acerca disso, em
geral, mais ariscos que as mulheres, acabará por compreendê-
la. E, compreendendo-a, seus problemas — saiba disso —
estarão bem encaminhados para serem rapidamente
resolvidos.

O poder das lágrimas: uma arma de dois gumes


As mulheres têm à disposição, na batalha do amor, uma arma
maravilhosa: as lágrimas.
Mas é uma arma de dois gumes.
Pois se essas lágrimas comovem, profundamente, o homem
que amam, acontece que o irritam. E isso é perigoso.
Mesmo que o homem ceda, para ter paz, diante da chantagem
das lágrimas que o exasperam, é preciso render-se à evidência:
um dia elas constituirão, para ele, o pretexto ideal para uma
ruptura, acompanhada desta frase, que entra na lógica das
coisas:
"Já que a torno tão infeliz, será melhor nos separarmos."
Mas de que lágrimas se deve desconfiar?
Não tomarei caminhos tortuosos: de todas aquelas que
poderão dar ao homem que a ama um complexo de culpa.
Exemplos: tenho mil para lhe oferecer.
Quando o seu marido se queixa de estar cansado e lhe pede que
desista de um passeio agradável, por que explodir em soluços e
recriminações: "Você não me ama. Nunca posso ter uma distração."
Finalmente, para ter paz, seu marido, ê claro, a acompanha.. . e
você acha que ganhou!
Noutra ocasião, você está em casa. À espera dele, preparou um
bom jantar, mudou de roupa para lhe agradar e ele chega, muito
atrasado, senta-se à mesa, sem perceber nada e, logo depois do
jantar mergulha na leitura do jornal. Você agüenta dez minutos,
vinte, trinta... depois, pronto: grossas lágrimas lhe rolam pelas
faces!
Você gostaria que ele a agradasse!
Bem, ele vai parar de ler, vai abraçá-la... e, uma vez ainda
você será feliz. Mas, em seu foro íntimo, ele estará pensando:
"Ela não me permite, sequer, a liberdade deste prazer
inocente".
E as lágrimas por um aniversário sentimental ou,
simplesmente, um aniversário, esquecido! É claro que isso,
aparentemente, não é muito delicado. Mas uma mulher não
percebe — creio que só o faz se ela própria trabalha — que
um homem, absorvido por suas preocupações, pode, mesmo
adorando a mulher, esquecer a própria data de um dia que
para ele teve enorme significado.
Enfim, todas as lágrimas que você verte tão facilmente, pelas
coisas que não valem tanto, irritam a maioria dos maridos de
modo inimaginável: um novo penteado que ele acha que não
lhe fica bem; uma observação sobre o batom ou o rímel, que
foi mal passado; uma opinião emitida sobre "a incompreensão
das mulheres", etc.
Cuidado com as lágrimas de "ciúme"
Mas a cólera provocada por essas lágrimas todas ainda não é
nada. O que é infinitamente mais grave — e não tenho o
direito de ocultá-lo — o que pode, mesmo, provocar dramas
de conseqüências as mais graves, levar à traição, à separação,
ao desquite, são as lágrimas de ciúme.
Sejam elas justificadas ou não, são sempre perigosas, com
raríssimas exceções.
Mas principalmente se forem injustificadas!
Sei que está, às vezes, acima das forças de uma mulher, resistir
ao desespero que sente à idéia de perder o homem que é toda
a sua vida. E, infelizmente, essa idéia pode surgir sem
fundamento.
Toda mulher deve travar uma luta contínua consigo mesma:
proibir-se de demonstrar sua dor, suas suspeitas e,
principalmente, as lágrimas que dor e suspeitas fazem brotar.
Porque no caso em que elas têm bons motivos para correr —
isto é, se realmente o homem amado a engana, amando outra
— tudo que essas lágrimas lhe podem trazer é piedade. Nem
por isso você será menos traída, mas vão lhe ocultar melhor o
fato.
E no caso de suspeitas, de lágrimas injustificadas... essas
podem, em 90% dos casos, provocar aquilo mesmo que você
teme.
Pois um homem, menos que ninguém, suporta ser acusado
injustamente. As lágrimas injustificadas o lavarão,
antecipadamente, do seu erro. Ele dirá a si mesmo: "Já que de
qualquer maneira ela me acusa e sofre... pois que seja por uma
razão verdadeira."
Agora que lhe pintei um quadro bem negro das lágrimas,
agora que você se revolta, pensando: mas serão os homens
egoístas a tal ponto, que eu não tenho o direito de chorar,
terão o coração tão duro que minhas lágrimas não os
comovem jamais?
Devo tranqüilizá-la. E repetir: suas lágrimas podem
conquistar o coração do homem que a ama. Basta, para isso,
que as derrame com conhecimento de causa.
Quando?
Cada vez que mostrarem sua sensibilidade, seu apego, talvez
sua própria fraqueza feminina, a necessidade que você tem de
ser "protegida" por ele.
Exemplos? Aqui também existem mais do que eu poderia
citar.
As lágrimas de inquietação também são lágrimas boas. Se, ao
pensar que ele possa cair gravemente doente ou sabendo que
o acusaram, injustamente, de uma falta profissional, você não
consegue reter as lágrimas, nada tema. Elas não o
entristecerão. Ao contrário, dar-lhe-ão coragem, vão levá-lo a
cuidar, mais conscienciosamente, de fazer um esforço para se
justificar.
As lágrimas que você verter, se num dia de cólera ou de
revolta, ele chega à conclusão "que já serviu de joguete o
bastante... que vai acontecer mesmo o que tem de acontecer...
que de nada serve ser correto e honesto", estas lágrimas
também são benfazejas, farão com que se envergonhe e o
impedirão de se meter num caminho escorregadio. O homem,
principalmente apaixonado, detesta causar desgosto, detesta
se sentir responsável por uma tristeza. Para evitá-la... fará seja
o que for.
É preciso ainda que tenha a impressão de que se trata,
realmente, de uma tristeza e não de um capricho!
Eis porque, assim como as adverti do perigo das lágrimas de
"ciúme", devo voltar ao assunto. Elas podem, em certos casos,
salvar um casamento a pique de se desfazer.
Mas para que sejam eficazes, é preciso que sejam irresistíveis
— quero dizer, que exprimam o desespero, o profundo pesar
de uma mulher prestes a aceitar o inelutável — o abandono
do homem amado — mas a quem esse pesar profundo
mergulha no desespero total. Assim, as lágrimas silenciosas
que inundam os olhos de quem ama, muitas vezes retiveram o
homem que queria fugir. Porque vendo-as correr, avaliou não
apenas o mal que estava para causar, mas a medida em que
esse mal atingiria a ele próprio.
Além disso, às vezes, essas lágrimas o tranqüilizam. Muitos
homens se rendem aos encantos de outra mulher... por
imaginarem que as suas não os amam mais realmente, não os
compreendem mais. Lágrimas derramadas judiciosamente
podem lembrar-lhes o lugar que ocupam no coração da sua
mulher. E, a essa descoberta, verão onde se acha sua
verdadeira felicidade.
Em suma, é preciso saber uma coisa: que as lágrimas
"reivindicantes" jamais atingem o objetivo... apenas
momentaneamente, por cansaço do adversário.
As outras, as lágrimas que são, afinal, uma prova de amor que
se dá a um homem.. . , pois bem! Essas podem chegar ao
coração do homem mais reservado.. . sem contar que o prazer
de amar é ainda maior depois.

CAPÍTULO 13
Perigo para o amor: o ciúme

O inferno dos ciumentos


É preciso que eu previna todas elas e também todas as que se
sentem predispostas a ser ciumentas: se não fizerem,
imediatamente, um esforço sobre-humano para se corrigir,
para se curar dessa doença, se, ao contrário, procurarem
justificar-se, explicar que têm razão, que seu ciúme é garantia
de sua paixão, então posso predizer-lhes com toda a certeza:
jamais serão felizes.
Pois a vida proporciona a cada instante, na família, em
sociedade, no meio profissional, mais de mil razões para ter
ciúme e sofrer. Mesmo que você chegue ao topo da escala
social, mesmo que alcance o objetivo profissional que se tinha
fixado, que seu casamento seja um êxito amoroso... e
financeiro e mundano, mesmo que seus pais, de um lado, seus
filhos, de outro, sejam os melhores, os mais belos, os mais
afetuosos, se você for ciumento por natureza, encontrará
sempre uma boa razão para ser infeliz e torturado.
Os outros de nada importam.
Portanto, e nunca é bastante dizê-lo, se quiser, sinceramente,
ser feliz, principalmente no plano sexual, faça um auto-exame
logo, com a maior honestidade, a fim de descobrir se você é
ou não ciumento.
Todos nós o compreendemos bem. Aliás, não ser nem um pouco
ciumento seria tal índice de indiferença, que também seria
monstruoso, especialmente no domínio amoroso: provaria,
simplesmente que você não ama ou que não ama mais.
Há ciúmes e ciúmes.

Tenha discernimento
Não vou tentar curá-lo do que lhe é natural. Quer você seja
homem, quer seja mulher, é normal que, vendo o ser que
mais ama ser atraído para outro, você sofra. Mesmo que não o
queira em espírito, seu corpo ficará com ciúmes e infeliz.
E se percebe que o homem a quem ama se interessa mais por
tudo que o afasta de você, em vez de se lhe aproximar,
compreendo que seja tomada de cólera e de angústia.

O ciúme gratuito, que envenena tudo


O ciúme perigoso é o que corrompe, um dia, o amor mais
profundo, que, qual ácido, corrói o melhor ferro. O ciúme
gratuito, sistemático, é mais freqüentemente encontrado
entre as mulheres que os homens. É este ciúme que envenena
uma existência e provoca, quase sempre, o drama que se
sucede!
Com efeito, a mulher que quer conhecer todos os fatos e
gestos do homem que ama, que o suspeita das piores traições
se ele chega em casa cinco minutos atrasado, que lhe faz uma
cena porque seu olhar pousou, um instante, no rosto de uma
bela jovem, que chora, que ameaça, suplica e dramatiza,
sistematicamente, toda a intenção ou ausência de intenção do
marido... essa mulher está destinada a ser enganada, até
abandonada, qualquer dia destes.
Pois seu ciúme fará não apenas de sua vida, mas também da
do marido, um verdadeiro inferno, que não pode ser
suportado eternamente. Além do mais, se há uma coisa que
um homem aceita dificilmente, é o de ser injustamente
suspeito. Pode acontecer que o acusem, uma vez, de não mais
amar... ou, pelo menos, de amar outra. Que se afirme tê-lo
visto agradando uma colega de serviço, quando ele lhe falava
de questões profissionais.
No começo, todo homem se sente lisonjeado de ver que se
teme perdê-lo. Isso o incita, muitas vezes, a se tornar mais
amoroso.

Quando a resistência acaba, o amor se vai


Muito rapidamente, esta vigilância, esta tirania, as eternas
repreensões, não podem senão matar o amor e o desejo.
Como curar o mal?
O conselho que lhe vou dar parecerá, talvez, inaplicável.
Entretanto, é o único válido. Se você é, realmente, ciumenta, se
sofre mil mortes quando ele fala com outra mulher — mesmo que
seja a mãe dele — se você jamais acredita no que ele diz, se todas
as mulheres lhe parecem rivais.. . então só conheço um meio de
curá-la, radicalmente: è agir de maneira oposta ao que você mais
detesta — e o que você mais detesta, bem o sabe, é a separação, o
afastamento, mesmo que seja apenas por algumas horas, do homem
que ama.
Portanto, seja a primeira a se afastar! Provoque uma separação
de curta duração. Tenha a coragem de partir de férias ou para
a casa de seus pais, dizendo-lhe:
—Acho que preciso tirar a prova do nosso amor. Sinto
necessidade de ficar só e você também. Senão, percebo que
vou ficar insuportável.. . e que vou sofrer. É preciso que
aprendamos a ter um no outro uma confiança ilimitada, senão
não pararemos de ter suspeitas.
Essa atitude terá várias vantagens. Primeiramente, irá intrigar
a tal ponto seu marido que, em lugar de se sentir a vítima
magoada do seu ciúme, ele se perguntará, por sua vez, se...
E isso não é mau, acredite-me.
Em seguida, você mesma se sentirá tão surpreendida com a
coragem da sua decisão, que lhe parecerá ter-se tornado outra
mulher. E como você se sentirá outra mulher, terá, desde já,
outra psicologia.
Por outro lado, uma vez afastada do seu marido, não por força
das circunstâncias, mas por vontade própria, sentirá certo
orgulho da sua coragem e começará, sobretudo, a encarar as
coisas com mais lucidez,
De qualquer modo, é o que você deverá se impor: fazer,
objetivamente, o balanço de sua existência conjugal, anotando
todos os atos, todas as palavras do seu marido, que provem seu
amor, por um lado e, por outro, todas as coisas que. . . a
preocupam.
Logo perceberá que o que tem a lhe censurar provém, no mais
das vezes, mais da sua imaginação do que da realidade!
Quando eu o reencontrar...
Além do mais, a separação a obrigará a ver com clareza,
dentro de você mesma e a fará sentir a necessidade profunda
que tem da presença dele. Uma vez consciente dessa
necessidade e, a menos que esteja completamente
desequilibrada — mas nesse caso a única ajuda seria um
tratamento psiquiátrico — qualquer mulher apaixonada se
prometerá que: "Quando o encontrar, não o aborrecerei mais
com as eternas suspeitas, não "aprontarei" mais uma crise de
choro quando ele chegar dez minutos atrasado em casa, não o
ameaçarei mais de me suicidar se ele for a um jantar dos seus
antigos companheiros de regimento, não me lançarei a um
interrogatório cerrado para que ele confesse ter encontrado
uma de suas antigas amantes. . . etc."
Enfim, essa separação, que sugiro como meio de acalmar os
horrores do ciúme, tem um efeito que pode alegrar a mulher:
irá, sem dúvida, tornar o marido um pouco ciumento,
obrigando-o a examinar os erros cometidos.
Ele perceberá que você não é perfeitamente feliz com ele —
que talvez você esteja pensando,
mesmo, numa separação de verdade... e se esforçará em lhe
dar maior prazer, de melhor convencê-la de que a ama, que
nem pensa em enganá-la!
Enfim, se sua partida o torna um pouco ciumento, isso não é
nada mau. A maioria dos homens tem tendência a acreditar
que sua mulher é incapaz de pensar em outro homem, não
imaginando, sequer, que ela possa ser, como ele, vítima de
uma tentação.
Não é mau que, bruscamente, seja obrigado a reconhecer que
sua mulher é desejável, que há outros homens além dele,
talvez mais belos, mais inteligentes, mais ricos... e, sobretudo,
mais delicados e que esses homens não são cegos.

Jogue para ganhar


Toda mulher ciumenta que tiver a coragem de tomar a
iniciativa de uma separação, mesmo que seja de curta
duração, ganha o jogo.
Principalmente se tiver uma profissão. Pois essa manifestação
de independência vai obrigar o marido a refletir. Perceberá
que ela não é totalmente dependente dele e se ele lhe tornar a
vida muito infeliz, ela será capaz de sair dela sozinha.
Isso è tão verdadeiro que, se eu puder dar outro conselho eficaz às
mulheres que sofrem da terrível doença que é o ciúme, dir-lhes-ei:
— Se, por acaso, você for ciumenta e não trabalha fora de casa,
apresse-se em fazê-lo. Ingresse em qualquer profissão, faça cursos,
se não tiver
profissão nenhuma, seja como for, trabalhe, ira-ballie bastante... e
verá que não lhe sobrará mais tempo para se atormentar com
traições imaginárias do seu marido.
Esta solução ainda tem outra vantagem: é que, em caso de
traição inaceitável, você poderá separar-se sem se sentir
totalmente dependente do homem que a enganou.
Aliás, o marido da mulher que trabalha, reflete duas vezes
antes de se lançar numa aventura. Sabe que sua mulher pode
"sobreviver" sem ele. Isso o fará avaliar quanto é tolo em
destruir um lar que lhe pertence, por uma aventura que só
satisfaz, momentaneamente, seus sentidos.
Já falei bastante sobre o ciúme feminino.

Seu marido é ciumento


Os homens também são, às vezes, ferozmente ciumentos. E
como esse ciúme é menos sentimental que passional, suas
conseqüências são muitas vezes mais dramáticas.
O móvel principal do ciúme masculino não é, geralmente, o
amor, mas o amor-próprio. Este é muito vivo no homem. Na
mulher trata-se mais de inquietação permanente e de um
sentimento de insegurança.
O marido ciumento é um tirano, no fundo, quer tenha
consciência, quer não, do fato.
Por considerar a mulher um objeto que lhe pertence, ele
"pega fogo" ao mero pensamento de que outro poderia lançar
o olhar ao seu bem, tocá-lo, possuí-lo.
Não espero, se um homem como esse me lê, vê-lo modificar-
se. Rirá de meus conselhos e continuará a agir como melhor
lhe parecer... talvez um dia chegue à violência, ao crime até.
A ele, todavia, se tiver consciência da doença que é este
defeito, só posso repetir: vá ver um médico, um especialista.
Ainda não existem comprimidos contra o ciúme, mas há
tratamentos. Eles o impedirão de estragar sua vida, a da sua
mulher, a de seus filhos. Evitarão, talvez, que termine a vida
na prisão.
Mas, se não posso dar conselhos, esperando vê-los seguidos,
aos homens violentos, que sofrem de ciúmes, posso me dirigir
às infelizes, que são suas vítimas, para ajudá-las a se garantir.
Dir-lhes-ei em primeiro lugar: Cuidado, se seu marido é ciumento,
não pense que, sendo mais dócil, cada vez mais apagada, deixando-
se encerrar dentro de casa, cessando de ser coquete, contando-lhe,
às refeições, tudo o que fez, deixando até de ter amigas ou
relações familiares, não pense que você irá agradá-lo.
Não, mil vezes não. Saiba que para esta espécie de homem,
quanto mais você cede, mais exigirá de você. A tirania acaba
parecendo natural, para ele.

Enfrente-o, seja firme


Sugiro-lhe, antes, que o enfrente e o mais rapidamente
possível. Por exemplo, na primeira crise de ciúme
intempestivo, de ameaças e de exigências que lhe fizer. O
único meio de acalmar esse tirano ciumento é dizer-lhe, com
a maior calma possível:
— "Olhe aqui, eu o amo, sou-lhe fiel, nem "vejo" os outros
homens. Mas exatamente porque sou assim e o amo não posso
aceitar que tenha suspeitas injustas. Não posso aceitar que me
trate como um objeto que você fecha numa vitrina. Então,
escolha: ou você me trata como mulher digna desse nome ou,
se lhe for impossível, será melhor que nos separemos logo.
Isso me fará horrivelmente infeliz, mas estou decidida a ir
embora se você me fizer outra cena de ciúme injustificado.
Pode escolher."
A mulher capaz de dirigir tais palavras ao marido e capaz de
fazê-lo com firmeza, terá todas as probabilidades de obter
ganho de causa. É caso de tentar, pode crer. É preciso, porém,
muita coragem e vontade firme. Dito isso, se tem diante de si
um marido doentiamente ciumento, você deve se resolver a
fazer tudo para não lhe excitar o ciúme, especialmente em
suas relações com outros homens: não lhes falar com muita
delicadeza, não os atrair, não lhes procurar os elogios. Isso
tornaria sua vida doméstica insuportável.

CAPÍTULO 14
Conserve seu marido

"Não a amo mais!"


Nas relações do casal a sinceridade é compensadora. Aliás, os
casais de hoje a exigem.
Não existe mais "mulher fraca" a proteger.
Para a mulher não há mais necessidade de mentir para "obter"
o máximo do marido. Os parceiros estão em igualdade,
compreendendo-se aí o domínio sexual.
Só que, quando a verdade é dita, principalmente nesse
domínio, e ouvida, é preciso saber aceitar-lhe as
conseqüências.
Especialmente quando a verdade significa dizer ou ouvir as
terríveis palavras:
"Não a (o) amo mais!"
Essa sinceridade, porém, muitas vezes não passa de
sinceridade do momento, ditada pela cólera, pelo
ressentimento, pela decepção diante da banalidade do
cotidiano.
E, exceto uma separação motivada por um ato grave, creio
que uma mulher hábil pode, facilmente, salvar o casamento,
se ouvir tal frase. Na maioria dos casos bastará que se mostre
mais amorosa.
Amo outra.. .
Mas e se a confissão for sincera? Então será preciso ter a
coragem de escolher o caminho que, mais tarde, lhe permitirá
o máximo de probabilidades de felicidade. Um homem, a não
ser que seja muito rude, raramente diz: "Já não a amo mais" à
esposa. Antes confessa: "Amo outra".
Isso, realmente, é quase sempre irremediável. Principalmente
se ele falou sem cólera, até, ao contrário, com grande tristeza,
reconhecendo:
— É terrível, não sei como aconteceu, mas amo outra.
Preferiria não lhe causar sofrimento, mas isto está acima de
minhas forças, não posso viver sem ela...
O que fazer então? Como responder a essa sinceridade
Restará um meio, se se ama o homem que não nos ama mais,
de salvar o casamento, de não ver desabar um lar em que
talvez haja crianças, que sofrerão com a separação? De não
perder, definitivamente, o amante que é seu marido?
Enfim, como encontrar novo sentido para a existência?
A todas essas perguntas que você se faz, existe uma resposta.
O que lhe vou sugerir não só é difícil, mas heróico. Não é
impossível. Para chegar a tanto, é preciso, antes de tomar uma
decisão irremediável, ter a coragem de falarem um ao outro.
Jamais deixarei de advertir dos perigos que o silêncio pode
trazer ao amor do casal. Pelo menos um certo silêncio, em
cujo seio nascem os piores mal-entendidos. Quando as coisas
tiverem chegado a esse ponto, é preciso ter a coragem de uma
explicação.
E, sobretudo, a mulher deve admitir que todo marido que
deixou de amar a esposa, fica triste por isso.
Pensar: "Eu me enganei ! Minha mulher não é meu ideal
feminino", desagrada profundamente ao homem. Essa
confissão assinala sua derrota sentimental.
Preparar-se, enfim, para as piores complicações, para os
dramas, partir o coração da mulher que se amou, arruinar a
vida dos filhos que se adoram... não, nenhum homem suporta,
com alegria, o peso de tanto sofrimento e seu novo amor o
deixa, pois num impasse.
É preciso, pois, procurar as razões profundas que levaram a
esse impasse.

Saiba reconhecer seus erros


Especialmente a mulher que se encontra neste caso deve ter a
coragem de recapitular seus erros. Porque provavelmente os
cometeu.. .
Falta de compreensão, de indulgência, são, mais
freqüentemente do que se imagina, origem do afastamento do
marido.
Muitas mulheres perfeitas esquecem que, às vezes, será
melhor "baterem um papo" de uma hora com o marido, sobre
sua profissão, suas preocupações, política ou o esporte que
adora, a arrumarem a casa com perfeição e costurarem, elas
mesmas, os vestidos!
O homem tem necessidade de encontrar na mulher, ao
mesmo tempo, companheira, cúmplice e amante, assim como
a mãe de seus filhos.
Depois, se a mulher teve, assim, a coragem de enfrentar os
antigos erros, o homem deve, por sua vez, interrogar-se
honestamente: transformada, corrigida, tal qual promete ser,
não é a sua mulher que ele prefere?
Às vezes, o mal é irreparável, O homem ama, realmente,
outra mulher.
Não acho que lutar, para a mulher, signifique,
obrigatoriamente, agarrar-se a ele, suplicar, tentar inspirar-
lhe piedade.
Não, lutar é, antes de tudo, esquecer, esforçando-se por fazê-
lo sem lágrimas, nem recriminações. Depois... esperar. Não
ser mais que amiga para o marido, amiga atenta aos seus
pesares e alegrias. Amiga presente quando ele precisar dela,
sabendo, porém, afastar-se para não aparecer diante dele
como uma reprovação viva.
Para os que não crêem na indissolubilidade do matrimônio,
existem, evidentemente, mais soluções que para os outros.
De qualquer maneira, a mulher cujo marido lhe confessa que ama
outra, deve, antes de tudo, aceitar encarar a verdade de frente.
Se percebe que se trata de uma paixão de ordem sexual, que se
faça pequenina, distante, ausente ou, se o prefere, que faça
como o paraquedista, que se dobra sobre si mesmo, para
amortecer a queda... ou como o nadador, que prende a
respiração, enquanto a onda passa sobre sua cabeça.
• Ao tentar contrariar essa paixão, ela não fará mais que
exaltá-la. Enquanto que, se a deixar correr normalmente,
talvez a veja morrer naturalmente, alguns meses mais tarde.
As paixões dos sentidos, se nada mais os completa, logo se
desgastam.
Tendo se portado de maneira nobre, a esposa encontrará,
provavelmente, um marido mais apaixonado, porque terá —
ao mesmo tempo — remorsos e dará justo valor à coragem
dela.

Tenha a coragem de se afastar


Se a esposa se encontra diante de um amor verdadeiro, de
harmonia profunda, física e moral, de dois seres que se
encontraram muito tarde, então, embora eu pareça cruel,
aconselho a esposa abandonada a se retirar.
Sim, aconselho-lhe o sacrifício, primeiro para a felicidade do
marido e, principalmente, para sua própria felicidade e paz
futuras. É claro que sofrerá muito, a princípio. Mas não mais
do que se se rebaixasse a tentar reter um homem que não a
ama mais, que acabaria mesmo por odiá-la, na medida em que
ela representasse um obstáculo a sua nova felicidade.
Aliás, para ela, seria a única oportunidade de refazer a vida,
um dia, e de se afastar do passado, o mais rapidamente
possível e esquecer o que não foi bastante sólido para durar.
Pois, afinal de contas, nenhum casamento estável se funda em
mentiras e concessões.
Infelizmente, com muita freqüência as mulheres preferem
ficar cegas e se recusam a ver que o marido não as ama mais.
Quando começam a suspeitar dessa desgraça, as melhores, as
mais apaixonadas mulheres, reagem quase sempre por um
acúmulo de sacrifícios que supõem ser os mais adequados para
reter o homem que começa a desfazer os laços do matrimônio.
A intenção é das melhores. Sacrificar-se pela felicidade ou
pelo prazer do ente amado é realmente belo! Mas o resultado
corresponderá à expectativa ?
Devo à verdade responder: quase nunca!
Aqueles por quem se faz tudo, e ainda mais, acabam por achar
isso muito natural, ou pior, têm tendência a considerar que
esta submissão aos seus caprichos, essa servidão, lhes é devida.
E se, de repente, a mulher de um homem assim, sentindo-se
cansada, pára de servi-lo como a um patrão e de se curvar às
suas menores vontades, o marido acha que ela faltou a seus
deveres.
Daí a decidir que ela o ama menos... basta um passo: os
homens o transpõem facilmente.
Não é porque a mulher engraxa os sapatos do marido, lhe leva
o café na cama, se priva de um vestido ou chapéu para
permitir que ele tome um aperitivo com os "colegas", que a
amará mais ou a enganará menos. Por ser muito sua criada,
ela se arrisca, ao contrário, a perder o respeito que ele lhe tem
e o desejo que sente por ela, o qual combina muito mal com a
submissão incondicional.
Mas passemos dos sacrifícios menores — que nem por isso são
os mais fáceis — ao que se convencionou chamar de grandes
sacrifícios.
Esses sacrifícios, tanto quanto os outros, não compensam. O
beneficiado acaba, com muita freqüência, afastando-se da
mulher que lhe sacrifica toda a personalidade, gostos e o
próprio encanto, para prestar suas homenagens a uma mulher
mais brilhante, mais coquete, mais cortejada e, em suma, mais
misteriosa!
Não são as lágrimas da esposa esgotada ou desiludida que
desviarão o marido do caminho da traição.
Sacrifícios inábeis, sacrifícios inúteis
A lista de sacrifícios "inábeis e inúteis" que as mulheres
acumulam, às vezes, com o fim de causar prazer ou de
reconquistar o marido é realmente impressionante.
Por que tão inábeis e por que tão inúteis?
É que as mulheres, agindo assim, tornam, implicitamente,
pesada a consciência dos maridos. As "mártires" logo se
tornam muito importunas! Tanta perfeição suscita, quase
inevitavelmente, o tédio — e o tédio mata de modo
irremediável o desejo!
É o momento em que o drama se arma: o casal que chegou a
essa encruzilhada escolhe o bom ou o mau caminho.
Caberá à mulher não se enganar na direção, nesse momento,
em que todo o futuro do seu amor sentimental, e também
físico, estará em jogo.
Infelizmente, é-lhe difícil não se enganar, uma vez que não
sabe que é a própria atitude que tomou que se acha na origem
de todo o mal.
Como poderia ela admitir que, não apenas sua dedicação
incessante não foi apreciada, como ainda é a fonte essencial do
desacordo que reina entre ela e o homem que ama? Como poderia
ela compreender que é esta dedicação que ele critica, da qual se
defende e à qual tenta fugir?

Não o culpe!
O mal-entendido se agrava bem depressa, pois quanto mais o
homem se esforça para se libertar, mais a mulher acumula os
sacrifícios, enquanto se irrita porque estes não são apreciados.
É então que, infelizmente, muitas dessas mulheres,
aparentemente sem culpa, cometem o erro irreparável:
invocam seus sacrifícios, cuja lista apresentam e este grito de
revolta marca sua derrota.
— Depois de tudo o que fiz por você, você tem a coragem de
não me amar mais?
Que pena! essas palavras, com as quais esperam salvar o
casamento, geralmente significam o naufrágio.
Falar dos sacrifícios feitos, agitá-los como armas capazes de
vencer o marido... ajustar contas, esperando que esse gesto
seja o preço de um beijo, um outro de uma atenção e que o
total lhes adquira o direito de comprar o amor de um
homem... cometer tal inabilidade é perder no jogo, de
antemão!
Lembrar o que se fez por qualquer pessoa — filho, marido ou
mulher — é o meio radical de lhe tirar os últimos escrúpulos.
Pois se nada viu, nada compreendeu, lembrar seu egoísmo lhe
será desagradável. Poderá pensar e lhe dizer:
"Se tudo o que você fez por mim só foi com o fim de me reter,
e não para me fazer feliz, não tem valor nenhum".
Resposta dura, mas merecida.
Os sacrifícios não são, talvez, senão um meio de reter, custe o
que custar, um homem, uma maneira de aprisioná-lo, de
conservá-lo apenas para si.

Será preciso acrescentar que, se se aprisiona, talvez, o marido,


jamais se aprisiona o amante que você gostaria que seu marido
permanecesse sempre!
Restrições, sejam quais forem, matam o desejo e, mais que
qualquer outra, a restrição que chamarei, de bom grado, de
"ternura".

"Desquito-me porque cheguei ao final


Quantos homens terão dito:
"Quero me desquitar porque cheguei ao final. Há meses que
tenho medo de entrar em casa. Não mais encontro uma
mulher, mas uma mártir do amor conjugal. É verdade que ela
me ama. Mas a maneira pela qual me ama nos torna infelizes
a ambos! Minha mulher é jovem, bonita, honesta, econômica,
tem pequenos cuidados comigo, fica aterrada à idéia de que eu
possa enganá-la, cair doente, ficar uma hora a mais no
escritório...
"Primeiro eu achava isso maravilhoso. "Pensa que é porque
não a amo mais que mudei de idéia?
"Pois bem, vamos admitir que sim! Mas eu não disse isso a ela.
Meu maior desejo era de ficar ternamente ligado a ela, até à
morte.
"Mas já não é o caso e eu nada posso fazer. Então, se ela quer
que eu fique, "apesar de tudo", como será nossa vida? Um
inferno diário, pois é muito tarde. Agora amo outra. E não é
sacrificando-se que minha mulher me fará mudar de idéia.
Ficarei, talvez, mas por piedade. E a piedade é o que existe de
mais distante do amor e do desejo. Então, o que lucrará ela ?"
CAPÍTULO 15
Depois da confissão

O mal, pois, está feito. Você não pode mais duvidar: seu
marido a enganou. O que fazer nesse momento?
Chorar, pensar "minha vida acabou, nunca mais serei feliz,
jamais terei confiança em ninguém"? Pensar em suicídio?

O socorro das lágrimas


Você pensa que vou lhe dizer "coragem"? Não, ao contrário,
vou aconselhá-la a chorar, a chorar muito. Mas num
cantinho, sozinha, sem ir contar sua desgraça a todo mundo,
sem ir pedir conselho a quem quer que seja!
Pois você o sabe tão bem quanto eu, que os mandantes nem
sempre respondem pelos seus atos. E que, em geral, mesmo
com as melhores intenções do mundo, os outros não sabem o
que nos convém ou não.
As confidências que você fizer, na sua confusão, você as
lamentará depois e. . . e se tudo se arranjar com seu marido,
você preferirá ter morrido a ter contado seus dissabores
conjugais a várias pessoas.
Esforce-se, pois, primeiro, por sofrer sozinha. Não atormente
mais seu marido com gritos, ameaças, gemidos.
É muito, muito importante para o seu futuro, seja qual for a
decisão que tomar, que seu marido tenha consciência da sua
dignidade.
Você tem o direito de estar triste, pois ele acharia mesmo
espantoso que você não o estivesse. Para que ser orgulhosa?
Para que ele pense, no fundo, "era normal que eu a enganasse,
ela não me ama mais?" Seria absurdo. Mas esforce-se para não
acabrunhá-lo com sua tristeza. Não para poupá-lo... ele não o
merece, é claro, mas para que lamente sua conduta.
Quando você já tiver chorado tudo o que tem para chorar,
quando se sentir esgotada por tantas lágrimas, então durma,
quanto for necessário, tomando um soporífero. Ao acordar,
olhe a situação de frente.

Perdoar ou lutar?
Pergunte a si mesma, o que deseja realmente: não rever o
infiel, nunca mais, ou retomá-lo à sua rival.
Tanto uma solução, como a outra, pode ser boa ou má. Tudo
depende da espécie de amor que você sente por seu marido,
dos princípios de vida a que se sujeita, das suas possibilidades
de perdoar ou de suas tendências rancorosas.
Eis porque não posso fornecer uma receita que convenha a
todas as mulheres enganadas, nem dizer que seja melhor
perdoar... ou, ao contrário, que é preferível se desquitar.
E eis porque, passado o tempo das lágrimas de cólera e de
desespero, você deve julgar, friamente, a situação.
A primeira coisa a considerar ê, evidentemente, a traição. É
preciso que, mais uma vez, as mulheres saibam disso: certas
traições masculinas são sem importância nenhuma.
Elas não ferem, em nada, o amor que dedicam à esposa. Sei
que para elas é difícil compreender, no entanto é verdade:
para eles, uma bela jovem que passa... e que não se mostre
arisca, é um prazer do tipo de uma refeição ou de uma bebida,
agradavelmente saboreadas e logo esquecidas. Por que privar-
se delas?
Se as mulheres admitissem o fato... desde antes do casamento,
eu já o disse, como lhes seria fácil esquecer o que eles mesmos
esquecem tão depressa !
Ele estava muito sério, muito triste, ao confessar: "Amo
outra"?
Seja por uma razão, seja por outra, por culpa sua ou dele, isso
importa muito no instante em que se trata de tomar a decisão
que orientará sua vida futura.

Acredite na sinceridade dele


No primeiro caso é preciso acreditar na sinceridade dele e, a
não ser na impossibilidade absoluta, não só se deve perdoar,
como esquecer o pequeno rasgão no contrato de casamento.
Só que perdoar não é suficiente, se o rancor permanece. Se
você se sente incapaz de retomar a vida em comum, como
antes, o perdão dado com os lábios é inútil.
Mas, como "esquecer"? Não é fácil, de certo, mas com um
pouco de boa vontade e muito amor dá para fazê-lo.
Eis algumas receitas para ajudá-la no esquecimento.
Uma das mais eficazes é o trabalho.
Conheço uma mulher que venceu a cólera, os ressentimentos,
a mágoa, lançando-se numa grande limpeza da casa, pintando,
ela própria, os tetos e paredes, renovando, de alto a baixo, a
arrumação de cada recinto.
Outra organizou uma viagem com a qual sonhava há muito
tempo, conseguindo arrastar o marido para seus projetos.
'Uma atividade comum, vida menos caseira, são excelentes
meios de esquecer uma ofensa na qual se pensa muito se se
permanece ocioso.
É claro que, para as mulheres que têm filhos, a solução já foi
encontrada: que se ocupem deles — sem para tanto negligenciarem
o marido — dos seus jogos, estudos, fazendo-os mesmo participar
mais da vida do casal! Isso fortalecerá os laços como pai e ele
compreenderá o que se arriscara a destruir, por alguns momentos
de prazer. E essa experiência o fará refletir duas vezes antes de
fazer com que seu lar corra tais riscos novamente.
Bem diferente será a linguagem que se terá no segundo caso.
Ao homem que tenta se justificar e fazer valer seus direitos de
homem, é bom responder com grande firmeza!
— Reconheçamos. Eu tenho minhas falhas, você as suas. Mas
não tenho disposição para suportar ser enganada por um "dá
cá aquela palha". Quero perdoar desta vez, esquecer a
aventura. Mas posso viver sozinha, posso até me casar outra
vez, se quiser. Também não tenho a intenção de aceitar uma
segunda aventura desta espécie. Quando se quer viver como
solteiro, permanece-se solteiro. Eu também tenho sentidos,
também sou tentada, às vezes, e me seria fácil enganá-lo. Mas
prefiro conservar um lar para nossos filhos. Só que virá um
dia em que eles irão perceber e então nos desprezarão, a você,
por ser infiel, e a mim, por aceitar ser enganada ou enganá-lo
também. Será melhor esclarecer a situação.
Sua segurança pode ser fingida. Mas é preciso saber fingir
para salvar a felicidade. E essa linguagem decidida
impressionará um marido muito seguro de seus direitos... e
dos deveres da esposa.
Resta o terceiro caso: o do marido que deixou de amar... e que
ama outra. Sem dúvida ele sonha em refazer a vida, com essa
mulher com a qual descobriu mais afinidades, tanto
intelectuais, quanto sentimentais ou físicas.
Neste caso, aconselho a renúncia. Não creio que se possa
"obrigar" um homem a amá-la e creio ainda menos que se
possa ser feliz ao lado de um homem, que permanece com
você por "dever". Penso assim principalmente no plano
amoroso. O marido que ama outra não pode ser um amante.

A aceitação
Por outro lado, existem mulheres que estão prontas a aceitar
tudo, desde que conservem a presença do marido. Há também
aquelas, cuja religião impõe que mantenham o casamento,
mesmo que este só o seja no nome.
A essas mulheres, que no fundo do coração, sonham em
reconquistar o marido, um dia, vou dar também razões para
esperar e alguns meios de alcançar esse objetivo.
Para isso, é preciso que essas mulheres se armem de paciência
e estejam animadas de grande força espiritual.
Pois antes de poder conquistar, será preciso que aceitem e que
compreendam.
E aceitar, compreender, neste caso, não é apenas uma atitude
do espírito e do coração, mas uma aceitação de certas
realidades sexuais. É preciso ter nervos de aço, para suportar
sem gritar, os mil pequenos pormenores que provam que um
homem... ama outra, a deseja, experimenta prazer com ela.
Uma paciência angelical para aceitar suas ausências, suas
despesas, suas inquietações com essa outra! E para reconhecer
que só tem piedade de você.
Ser, durante meses, às vezes até anos, somente a amiga a
quem ele acaba contando suas alegrias, suas angústias, seus
desejos, suas penas... não importa se você não é capaz nem de
continuar sorrindo, mas permanecendo perfeita dona de casa,
mãe de família infalível e, é claro, esposa fiel!
Em resumo, uma santa...
Mas é verdade que assim se pode ter esperança! Pois todas as
paixões se acalmam. E ainda uma vez, porque os homens
detestam as complicações, dia virá em que, fazendo a
comparação entre a outra e você, seu marido volte, talvez
definitivamente, ao lar, rompendo uma aventura que você
não deixou que se transformasse numa vida nova.
Ele o fará sem amargura? Isso já é outra história, que depende,
sobretudo, do que tenha sido a outra mulher.
E que depende, também, da idade do seu marido e da escolha
que tenha feito de determinada existência.
Na minha opinião, no caso em que um homem confessa: "Nós nos
enganamos, você sabe que nós não nos damos bem. Quero refazer
minha vida. Você poderá refazer a sua, com um homem que lhe
convenha mais", a única sabedoria verdadeira seria romper.
Amistosamente.
Esforçando-se em conservar os filhos e algumas boas recordações.

Os que se devem separar


Chego aqui aos casos em que me parece que o único meio de
salvação para todos, marido, mulher, filhos, é a separação
rápida e total.
O primeiro é o dos casais que brigam sem parar, a propósito
de tudo, infidelidade, falta de dinheiro, ausência de êxito
profissional.
A vida conjugal não é feita para os que se odeiam: ela já é
difícil para os que se amam.
As brigas incessantes levam ao desequilíbrio mental, primeiro
dos adultos, depois das crianças que vivem nesses lares
desunidos.
Romper também quando a desarmonia física é profunda. Não
afirmarei jamais que um casal, um lar, se fundem,
unicamente, nos sentidos. Mas se estes estão perpetuamente
insatisfeitos, o casamento não pode durar e, a menos que se
tenha estabelecido, desde essa descoberta, em outras bases
(por exemplo, a de uma sociedade) só pode ir ao fracasso.
Romper, enfim, se seu marido é brutal com os filhos! Uma
mulher digna deste nome, sejam quais forem os laços que a
liguem a um homem, não deveria permanecer sequer um
minuto com quem brutaliza seus filhos e os torna infelizes.

Você sonha com outro.. .


Uma noite você sonhou com outro homem, e não seu marido
e ei-la inquieta.
A primeira coisa que lhe tenho a dizer é a seguinte: há 90
probabilidades em 100 que isso não seja absolutamente grave.
Direi, mesmo, mais. Sonhar com outro homem, de tempos a
tempos, não pode fazer mal ao seu casamento; ao contrário,
poderá ajudá-la a ser mais feliz.
Entendamo-nos bem: não se traia, evidentemente, de sonhar
noite e dia, dia e noite com outro... isso seria inquietante!
Dar-lhe-ei um meio de lutar contra essa invasão: dir-lhe-ei
que trabalhe, que se ocupe mais dos filhos, faça grandes
limpezas, interesse-se pelo trabalho de seu marido, deite-se
tarde, levante-se cedo; em poucas palavras: mude suas idéias...
Mas não se trata disso.
Acontece um dia, simplesmente, que você está só, uma noite
em que seu marido dorme profundamente e você sofre de
insônia... de repente, lembra o rosto de um antigo flerte,
perdido de vista, ou mesmo um homem que encontrou
novamente, em casa de amigos, e com o qual conversou mais
tempo que com os outros.
Depois, alguns dias mais tarde, por causa de uma censura do
seu marido, ou porque ele lia o jornal, quando você estava
com vontade de conversar com ele, eis que de novo seu
pensamento pousa no outro homem. O fato se reproduz duas
ou três vezes em seguida, até que, de repente, você fica com
medo e se pergunta: "Será que já não amo mais o meu
marido?..."
Tranqüilize-se. Você ama, provavelmente, sempre àquele cujo
nome usa, mas sua vida conjugal passa por um período de ligeira
depressão: ela lhe parece monótona, conscientemente ou não você
tem saudades da sua mocidade, do tempo de noivado, quando
aquele que agora a beija nas faces lhe assegurava: "Não posso viver
sem você".
E, como reação, você imagina que outro homem pronuncia
essas palavras tão doces aos ouvidos femininos, pois após
alguns anos de casamento um marido não crê mais na
necessidade de dizê-las.
Você tem razão!
Pois deixando que seus pensamentos divaguem em outro
rosto, você salvaguarda a paz do seu lar. Primeiro porque, em
lugar de fazer recriminações a seu marido por seus silêncios,
suas faltas, seu sono. . . você se sente um pouco culpada e, para
se fazer perdoar, se mostra mais carinhosa com ele que de
costume.
"Pensar, sonhar com outro homem, de vez em quando, é um
excelente desrecalque para a mulher". Isso dará a ele a parte
de mistério sentimental, sem a qual ela é como a planta sem
água, pois o sentimentalismo faz parte integrante da
feminilidade. A mulher que sonha com um homem que não é
seu, sente-se rejuvenescida e, de repente, esquece de
dramatizar as pequenas preocupações da vida conjugal.
Mas talvez você se pergunte se esses devaneios não podem
representar um perigo para a harmonia do casal, se se
prolongarem?
Sim, certamente. E é por isso que quero lhe dar os meios de conter
esse perigo eventual. Quando você sonha com outro, que lhe
pareceu mais belo, mais inteligente, mais, sensível, mais atencioso
que seu marido, mais inclinado ao amor; quando você se demora
ao lembrar os elogios que ele lhe fez, até mesmo propostas;
quando, enfim, você não pode deixar de pensar: "Eis o homem de
que eu precisava, nós nos compreendemos bem. . . e eu lhe
agrado".
Neste momento, obrigue-se a imaginar este mesmo homem na sua
casa, voltando, todas as noites, do escritório, reclamando do
banheiro que você ocupa, da cozinha que está muito engordurada,
queixando-se dos colegas ou de ter de encontrar sua mãe com
muita freqüência...
Acredite-me, se procurar bem, logo encontrará nele defeitos e
perceberá. . . que se você tivesse de agüentá-lo todos os dias,
ele lhe agradaria muito menos que seu marido!
Neste dia você sorrirá dos seus devaneios e achando-se, você
mesma, uma romântica incorrigível, verá seu marido com
outros olhos, como um homem real, seguro, estável, com o
qual não precisa sonhar, uma vez que vive com ele!
Pois as mulheres, apesar de tudo, e a menos que estejam
muito decepcionadas com a vida conjugal, têm mais "os pés
fincados na terra" desde que se casam, como esposas e mães e
não sacrificariam, alegremente, a tranqüilidade de seu lar por
uma aventura, por mais tentadora que fosse.
Se, entretanto, você tiver cedido à tentação... e após alguns
meses de mentiras, de contrariedades, perceber que, na
verdade, você só ama um único homem...

Não confesse jamais


Então, por favor, tenha a coragem de ocultar seu erro. A
confissão é muitas vezes, não tanto uma prova de
honestidade, como uma maneira barata de se desembaraçar de
um remorso.
Convença-se de que, a menos que tenha necessidade absoluta
(no caso de seu marido ter provas da sua traição), confessar é
feri-lo por toda a vida. O amor-próprio dos homens é mais
sensível que o das mulheres e o homem, principalmente, está
convencido de que sua natureza o impele à infidelidade, e
que, portanto, é perdoável. Enquanto que a mulher...
Não faça com que ele a arranque do pedestal em que a
colocou.

A pílula
Entre as que querem amar sem precisar, cada vez, temer o
nascimento de um filho, a maioria é casada e já mãe de
família. Não é com o objetivo de se livrar da imoralidade que
usam de meios anticoncepcionais, mas para que os filhos que
puserem no mundo nasçam em condições excelentes.
É a estas mulheres e à seus maridos, preocupados com as
conseqüências de seu desejo, que se destina esse capítulo.
A todas aquelas que não estão em condições ótimas para
educar um primeiro... ou um quinto bebê.

O planejamento familiar
O primeiro passo é procurar especialistas em planejamento
familiar. Eles é que poderão melhor orientá-la, guiá-la,
auxiliá-la.
Muitas mulheres sabem que esses centros de saúde existem,
mas nem todas. E as que sabem
muitas vezes têm medo de procurá-los, por uma espécie de
pudor injustificado, e sobretudo porque imaginam que eles,
como tantos outros, não lhes darão mais que palavras bonitas
ou lhes ensinarão algum método Ogino, praticamente
ineficaz.
Enganam-se. E se posso lhes dar um conselho, do qual tenho a
certeza que se beneficiarão, é de freqüentarem um centro, o
mais próximo possível de sua cidade ou localidade. As coisas
se passarão assim:
Não é necessário marcar entrevista. Basta conhecer as horas
de consulta e telefonar.
No centro paga-se uma pequena inscrição, cujo montante não
é muito alto. A inscrição vale por um ano e permite voltar
várias vezes, desde que necessário.
Acolhida por uma recepcionista, na verdade psicóloga profissional,
nada mais terá de fazer senão explicar-lhe, o mais honestamente
possível, com a maior sinceridade, seu problema particular.
A recepcionista também possui conhecimentos médicos.
Responderá a todas as perguntas que a preocupam. Evidentemente,
você será recebida a sós, ou acompanhada de seu marido e poderá
conversar quanto tempo desejar. Conversa essa que permanecerá
totalmente confidencial.
"Mas o que responderá a todas as perguntas que lhe fizer,
como resolverá meus problemas, quais os meios eficazes que
me fornecerá para estabelecer meu próprio planejamento?"

A cada um, seu produto anticoncepcional


É principalmente nesse ponto que uma visita a um centro de
planejamento é útil: nem todos os meios anticoncepcionais
convêm a todas as mulheres. É preciso saber escolher aquele
que lhe convém, a você, em particular. Não pense que será a
própria recepcionista que o indicará.
Apenas o médico está habilitado para fazê-lo. E o médico será
indicado pela recepcionista, depois do questionário, pois é
importante que ela conheça as razões que a levam a não
querer filhos.
Prefiro adverti-la logo. Se você lhe anuncia: "Quero enganar
meu marido, ter relações com quem quer que seja... por favor,
dê-me o meio mais seguro de não ter filhos..." certamente ela
o recusará. E qualquer médico, hoje em dia, em que se
autoriza o uso da pílula, recusaria do mesmo jeito!
Mas conhecendo suas razões "válidas", ela própria a enviará a
um dos médicos do centro, que, após um exame, e
provavelmente novo interrogatório, ao qual, em geral, pedirá
que seu noivo ou marido assista, lhe indicará o meio
anticoncepcional que melhor convém à sua natureza.
Se se trata de meio local, ele mesmo o colocará, pelo menos a
primeira vez para melhor lhe explicar como deve agir. Explicará
também os cuidados que deverão acompanhar a colocação do
contraceptivo.
Se, porém, lhe aconselhar a pílula, é preciso que lhe dê uma
receita, que só terá validade por um ano! Nesse prazo de tempo,
cabe ao médico julgar se lhe convém continuar sua utilização.
Verá que, no fundo, as coisas são muito simples, desde que se
dirija aos que lutaram, há muitos anos, para garantir aos casais
o direito do amor sem medo, e acabam, finalmente, de obter
ganho de causa.
Dito isso, devo prevenir minhas leitoras contra o uso de
anticoncepcionais praticado sem discernimento e sem seguir
os conselhos do médico.

Os perigos
Não se trata apenas de certos riscos físicos, a que se expõem as
que utilizam errado e de qualquer maneira dos
anticoncepcionais e, em especial, da pílula (aumento de peso,
náuseas, perturbações circulatórias). Mas, antes, do perigo
psíquico que, para determinadas mulheres, representa o
emprego de métodos anticoncepcionais.
O fato de recusar, sistematicamente, a presença de uma
criança no lar tem seus inconvenientes. Torna egoístas os
esposos que se ignoram, mas que, no dia em que resolverem,
finalmente, ter um filho, se arriscam a não mais serem
capazes de criá-lo.
Por quê? Porque terão adquirido hábitos de casal "solteiro",
que o recém-chegado vem transtornar!
Além disso, a recusa de ter filhos causa, em certos casos,
terríveis complexos à mulher jovem que, qualquer dia se
sentirá frustrada e culpada até, à idéia de se ter furtado ao seu
dever essencial de mulher: o de ser mãe.
Q u e essas perturbações, esses complexos sejam absurdos, é
possível. Nem por isso deixam de existir e é preciso levá-los
em conta, se se deseja ser equilibrada, de modo particular,
sexualmente.
Muitos jovens casais foram educados na moral cristã. A Igreja
ainda não aceitou, pelo menos oficialmente, os únicos
métodos anticoncepcionais realmente eficazes.
Eis porque evitar filhos, elemento de felicidade na medida em
que ajuda o casal a preparar melhor a vida dos filhos, se torna
elemento de infelicidade quando utilizado para satisfazer o
egoísmo.
Na verdade e, principalmente no que diz respeito à pílula, os
métodos anticoncepcionais deveriam ser praticados mais por
mulheres que já tiveram filhos e que acham que num mundo
já super povoado, em que os problemas de alojamento e
alimentação estão cada dia mais difíceis, ter dois ou três filhos
é suficiente.
E quando uma jovem ou uma jovem casada quiser retardar o
momento de ser mãe, que aja com prudência e se informe
com especialistas do que lhe será mais conveniente.

É preferível evitar filhos a abortar


É preferível evitar filhos a abortar, não apenas porque o
aborto é um crime punido por lei, mas porque arrasa, psíquica
e moralmente, a mulher que o pratica.
Com a venda livre dos anticoncepcionais pode-se, finalmente,
esperar que diminua o algarismo impressionante dos abortos
praticados em todo lugar. Isso é um grande passo no caminho
da felicidade sexual e da felicidade imediata da mulher.

À guisa de conclusão

Estes poucos conselhos dados às jovens e às mulheres irão


garantir-lhes uma vida amorosa sem nuvens? Ninguém será
tão crédulo que o acredite.
Primeiramente, porque nenhum livro, nenhum manual é
capaz de dar aos que os lêem a vontade necessária para seguir
os conselhos que poderão ser úteis.
E também porque o que se aplica a um casal ou a determinada
mulher, não se aplica, obrigatoriamente, à outra.
Realmente, as que se consideram infelizes, incompreendidas,
as que se queixam de não estarem realizadas no amor físico,
não aproveitarão essas páginas, a não ser que tenham a
intenção firme de descobrir se o mal de que se queixam não
terá origem em seu próprio caráter ou em sua saúde.
Não posso, na verdade, terminar este livro, sem insistir no
bem que representa, muitas vezes, uma visita ao médico,
quando o "coração" vai mal.
Quantos ciúmes, realmente, dos mais leves aos mais violentos,
quantas insatisfações sentimentais e sexuais têm origem num
fígado, que funciona mal, numa pressão muito baixa, numa
perturbação hormonal. Mas o médico, assim como a psicóloga
ou sexologista não produzem milagres sem o auxílio da
própria paciente.
A primeira condição para conseguir o equilíbrio físico, moral
e sentimental é querer, com todas as forças, encontrá-lo.
Q ue nem sempre seja possível, sem ajuda, é evidente, senão
por que essa série de "conversas" que tive com minhas
leitoras?
O provérbio — "Deus ajuda a quem se ajuda" é sempre
verdadeiro e é com este último conselho que gostaria de
terminar:
Ajude-se, desejando do mais profundo do seu ser a felicidade,
tanto da alma, como dos sentidos. Se estiver animada deste desejo,
saberá exatamente como aplicar, em sua vida particular, os
conselhos que tive o maior prazer de dirigir a todas.
A recompensa virá no fim: deixando, apenas, de conhecer os
delírios amorosos que só existem na imaginação dos
romancistas, você descobrirá que a felicidade física é
realizável, que dá sabor à vida e, mesmo que se tenha iniciado
mal nesse campo, nunca é tarde demais para ter êxito e
conseguir a realização ou, se o prefere, a felicidade imediata.

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