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bezerros leiteiros
POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR E GIOVANA SIMÃO SLANZON
CARLA BITTAR
EM 26/07/2017
O objetivo principal das práticas orgânicas de criação é a prevenção de doenças. Saúde não é
apenas a ausência de doença e sim a habilidade de resistir a infecções, ataques de parasitas e
perturbações metabólicas. O tratamento veterinário é considerado sempre um complemento e
nunca um substituto as boas práticas de manejo. Deve-se sempre priorizar a prevenção, mas
quando houver algum distúrbio com necessidade de intervenção, além de procurar as causas e
não somente combater os sintomas, buscar métodos naturais para realizar o tratamento. A própolis
tem sido apontada para o tratamento de inúmeras enfermidades, tanto na medicina humana como
na veterinária, tendo apresentado efeitos positivos sobre a saúde do animal.
Em função de suas propriedades antibacterianas (Saeki et al., 2011), coccidiostáticas (Moura et
al., 1998), leishmanicida (Ayres et al., 2007) e antioxidantes (Cabral et. al., 2009),
a própolis apresenta um alto potencial para ser utilizada em grande escala nos sistemas
produtivos para a prevenção e tratamento de doenças características da fase de desenvolvimento
dos bezerros, promovendo a saúde dos animais. Para que a atividade leiteira seja
economicamente rentável é de extrema importância o bom crescimento das bezerras, associado a
baixas taxas de morbidade e mortalidade. Uma vez que os custo com mortalidade e enfermidades
representam uma grande parcela dos custos totais, esse sucesso depende do manejo nutricional,
meio ambiente e saúde dos bezerros.
A própolis é um produto natural composto por resinas vegetais; cera de abelhas; óleos essenciais e
pólen. Sua atividade farmacológica é capaz de inibir o crescimento de microrganismos e em
ruminantes se mostrou eficaz como promotora de mudanças na fermentação ruminal, com
propriedade bacteriostática sobre as bactérias gram-positivas, propriedade essa pertencente aos
ionóforos como a monensina. Estudos indicam que a atividade antibacteriana da própolis sobre as
bactérias causadoras de infecções em animais de produção combate o agente causador da
doença sem desenvolver resistência bacteriana à própolis.
Estudo realizado por Peravian et. al. (2014), comparou o efeito da própolis e da monensina na
dieta de bezerros leiteiros, e demonstrou efeito positivo da própolis, com aumento do consumo de
matéria seca e para o ganho de peso. Em outro trabalho, os autores apontam benefícios da
suplementação de 1000 ppm de própolis na capacidade de melhorar a imunidade, albumina e a
taxa de IgG de bezerras fêmeas da raça Holandês em relação ao aditivo monensina.
Uma das fases mais críticas no desenvolvimento dos animais é a fase do desaleitamento devido à
baixa adaptação aos alimentos sólidos, nessa fase a imaturidade digestiva facilita a colonização do
trato gastrointestinal por microrganismos patogênicos, o que favorece a ocorrência de diarreia,
comprometendo o desempenho animal. No trabalho realizado por Yucel et al. (2015) foi
comprovado o efeito benéfico da própolis (2 mL/d) na prevenção da diarreia em bezerros,
resultando em maior ganho de peso. Quando a doença é controlada, a energia é utilizada para o
crescimento e não para o combate das doenças características dessa fase. A diarreia é a principal
doença que afeta os bezerros nas primeiras semanas de vida, sendo que sua ocorrência pode
estar relacionada com a imunidade neonatal, o rebanho, nutrição, instalações e a época do ano.
Outro aspecto que deve ser considerado é o custo da própolis. Embora existam no mercado
diferentes tipos de própolis, a própolis vermelha parece ser aquela com maior potencial de efeito
nos animais. Os extratos comercializados em farmácias de manipulação são na sua maioria da
própolis verde e tem concentrações bastante variáveis. A própolis pura vermelha tem custo
elevado, o que pode diminuir a possibilidade de adoção como aditivo para ruminantes, tudo
dependerá dos resultados na melhoria do desempenho e saúde dos animais.
Referências bibliográficas
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