Veja porque o projeto estrutural é mais do que

uma pilha de desenhos

Por Rodrigo Koerich

Mesmo nos dias de hoje, alguns profissionais e contratantes ainda não tem
o adequado entendimento do que se espera de um projeto estrutural e qual
seu papel no processo construtivo, e acabam por acreditar que o projeto é
apenas aquilo que se materializa em papel depois de impresso.

O item 5.2.3 da NBR 6118:2014 define a documentação da solução adotada para

o projeto estrutural:

5.2.3.1 O produto final do projeto estrutural é constituído por desenhos,

especificações e critérios de projeto. As especificações e os critérios de projeto
podem constar nos próprios desenhos ou constituir documento separado.

5.2.3.2 Os documentos relacionados em 5.2.3.1 devem conter informações

claras, corretas, consistentes entre si e com as exigências estabelecidas nesta
Norma.

5.2.3.3 O projeto estrutural deve proporcionar as informações necessárias para

a execução da estrutura. São necessários projetos complementares de formas
e escoramentos que não fazem parte do projeto estrutural.

5.2.3.4 Com o objetivo de garantir a qualidade da execução de uma obra, com

base em um determinado projeto, medidas preventivas devem ser tomadas
desde o início dos trabalhos. Essas medidas devem englobar a discussão e
aprovação das decisões tomadas, a distribuição dessas e outras informações
pelos elementos pertinentes da equipe multidisciplinar e a programação coerente
das atividades, respeitando as regras lógicas de procedência.

Os grifos feitos no texto da norma tentam mostrar que os desenhos são apenas
um dos itens do projeto estrutural, que inclui uma série de outras
responsabilidades e também outros profissionais para que a solução possa
atender a todos os requisitos.

Entendo que o projeto estrutural consiste na concepção de elementos

dispostos de maneira organizada, a fim de suportar as cargas que se destinam
a estrutura, e esta se mantenha estável e segura, sem deformações e patologias
que impeçam seu uso adequado em serviço, e sem que ocorram desperdícios
de materiais. Veja quantos requisitos são necessários para atender ao projeto!

Claro que através do projeto estrutural é feita a representação gráfica da

estrutura, elementos e peças que a compõem, além de fornecer informações
sobre as características do concreto e do aço relativos à execução da mesma,
mas o projeto é muito mais do que isso.
O projeto estrutural representa o estado da arte das ciências relacionadas à
engenharia de estruturas, por culminar como atividade fim do conhecimento e da
técnica da tecnologia dos materiais, das técnicas construtivas, análise e
dimensionamento estrutural.

O projeto estrutural visa, em última análise, fornecer uma solução técnica e

economicamente viável para a obra, sem interferir na arquitetura e para a
finalidade a que se destina, construída com materiais de características duráveis
e de fácil manutenção, cuja segurança e desempenho em serviço se mantenham
dentro dos limites aceitáveis por toda a vida útil.

Além disso, atualmente é inconcebível pensar no projeto sem ter em mente o

processo executivo. Um bom projeto estrutural procura evitar improvisação no
canteiro de obras, através de compatibilização de interfaces com os demais
projetos e projetistas.

A racionalização propiciada pelo bom projeto estrutural permite melhor controle

do processo produtivo, reduzindo custos e aumentando a competitividade do
empreendimento.

No contexto atual e futuro, um projeto estrutural não é finalizado ao ser

entregue, mas adquire vida juntamente com a obra. Com isso, requer um
acompanhamento durante todo o ciclo do empreendimento, com o intuito de
mantê-lo atualizado às modificações necessárias e, principalmente, garantir a
durabilidade e vida útil da obra.

Como você pôde ver, o projeto é muito mais do que uma pilha de desenhos, mas
sim uma solução técnica para a obra que atenda a maior quantidade possível de
requisitos. Nesse sentido, a responsabilidade do projetista é selecionar, dentre
diversas alternativas, o melhor sistema estrutural para as características da
edificação em questão, sob o ponto de vista dos custos e da funcionalidade.