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SUMÁRIO
1. Introdução
2. A Origem de Uma História
3. O Primeiro Bairro
4. Um Centro Histórico
5. A Vida Além dos Limites Centrais
6. Conclusão: Uma Identidade Atemporal
ABSTRACT
REFERÊNCIAS.
RESUMO
O artigo apresenta um rápido passeio pela história de bairros, ruas e avenidas de São Luís do
Maranhão, através da análise de documentos que possibilitam voltar ao passado desses
logradouros, revelando a conjuntura que permitiu denominar cada espaço, com suas
respectivas origens e, porventura, homenageados. Busca-se analisar, também, a importância
econômica, política e cultural de cada endereço aqui citado, estabelecendo com isso uma
importante interpretação da história do estado através de um novo olhar, topográfico e quase
perdido no tempo.
1
Acadêmico do curso de História da Universidade Federal do Maranhão – UFMA (2011)
E-mail: mamlima91@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
Como disse Ítalo Calvino, em seu livro As Cidades Invisíveis, “A cidade não
conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas
grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das
bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladura”.
Um grande exemplo de cidade atemporal como a citada por Calvino é São Luís do
Maranhão. Fundada por franceses em 1612, a ilha sempre esteve envolta por lendas e
mistérios, que povoaram o imaginário popular e atravessaram gerações sedentas por boas
histórias. Fatos auspiciosos, contos animalescos, curiosas biografias, tudo isso fez da cidade
esse berço cultural em que se transformou atualmente. E algo mais curioso ainda permeia seu
passado, trazendo um belo reflexo para os dias de hoje: a denominação de seus logradouros.
Ruas poéticas, becos com nomes pitorescos, homenagens póstumas a quem muito
contribuiu para a formação da cidade, entre outros motivos, levaram a população a perpetuar
adjetivos para o que, de início, seriam apenas passagens costumeiras e cotidianas. Qualquer
coisa era motivo para batizar o seu endereço, a sua morada. E fazer uma análise das razões
que motivaram a ilha a ganhar tantos logradouros com nomes curiosos é a proposta principal
deste trabalho.
Buscamos analisar também o âmbito atual destes endereços, verificando até que
ponto essas denominações ganharam notoriedade e de que forma são conhecidas pela
população atual. Daremos prioridade a ruas e avenidas do Centro Histórico, por entender que
a história da urbe teve início nesse espaço, porém sem deixar de reconhecer a devida
importância que outras partes da cidade proporcionaram ao desenvolvimento local,
comentando, inclusive, suas origens.
2 A ORIGEM DE UMA HISTÓRIA
Como citado anteriormente, algumas ruas faziam parte do traçado de São Luís
desde sua fundação, a exemplo da Rua dos Afogados, da Estrela e da Palma, todas localizadas
na região da Praia Grande, primeiro bairro propriamente dito da capital. A Praia Grande era,
pois, todo o terreno desde a travessa Boa Ventura (fluvial) até a Rua do Trapiche, onde
despontavam vários olhos d’água sob frondosos juçarais, recebendo as enxurradas vindas da
Rua do Giz, um tremendo lamaçal tornado impraticável, duas vezes ao dia, nas marés
crescentes, para o transporte das mercadorias recebidas do interior, quando toda a
comunicação de São Luís se fazia por mar (LIMA, 2007, p. 24).
Configura-se como primeiro bairro de São Luís por estabelecer já naquela época
todos os parâmetros socioeconômicos de desenvolvimento. Seu aterramento partiu da
necessidade de conseguir um local onde se pudesse guardar e vender os gêneros alimentícios
da população. Surgia assim o Barracão, Celeiro Público ou Casa das Tulhas, um misto de
feira e órgão público, aberto em 1805 para atender ao povo. Fora fechado em 1833 devido a
escândalos administrativos da época e demolido, pois enfeava o bairro comercial.
Em 1834, um novo edifício começava a ser construído no mesmo local. Concluído
em 1862, tratava-se da “Casa da Praça” e possuía uma forma retangular, um jardim interno
com chafariz e quatro portões, um em cada fachada. É conhecido hoje como a “Feira da Praia
Grande”.
É dessa época também o início das construções dos casarões históricos, mirantes e
sobrados, com seus azulejos imponentes e características únicas. Onde hoje existe a Praça
João do Vale, antigamente situava-se a primeira Alfândega, no antigo edifício da extinta
Companhia de Comércio. No bairro, houve também a construção de rampas de desembarque,
inúmeras igrejas e o desenvolvimento do comércio popular, que ganharia forte impulso com a
substituição, em 1924, do bonde de tração animal pelo movido a eletricidade.
Mas o que mais chama atenção em toda São Luís é a denominação de seus
logradouros, batizados não por acaso, mas seguindo uma linha incontestável de sapiência.
Observa-se até hoje ruas nomeadas com elementos da natureza, sentimentos, tipos e espécies
de plantas, animais, entre outras referências. A Rua do Giz, localizada na Praia Grande, por
exemplo, deve seu nome à íngreme e escorregadia ladeira de argila, que dificultava o trânsito,
pelo que recebeu a escadaria que lhe corrigiu o defeito (LIMA, 2007, p. 151). Entende-se por
giz o calcário de fácil fragmentação e que contém sílica e argila (FERREIRA, 2008, p. 434), e
nota-se que o nome da rua foi atribuído a sua constituição física, permitindo conhecer um
pouco da sagacidade observadora dos maranhenses da época.
Convém salientar que a maioria dessas ruas de nomes curiosos já possui novos
registros e são conhecidas oficialmente por outras denominações. A Rua do Giz hoje é
chamada de Vinte e Oito de Julho, data em que oficialmente o Maranhão reconheceu o Brasil
como independente de Portugal, em 1823. Mas, para muitos, a possibilidade de voltar ao
passado e continuar a chamar esses logradouros pelos seus nomes antigos, dados pelo povo de
uma época, é bem mais forte.
4 UM CENTRO HISTÓRICO
Esta igreja, iniciada em 1780 e acabada em 1817, foi construída por Pantaleão
Rodrigues de Castro e Pedro da Cunha, dedicada a São José da Cidade, cuja
imagem foi colocada em seu altar em 17 de março daquele ano. Em 1793, Pantaleão
e seu filho Manuel Rodrigues de Castro fazem doação dela à Santa Casa de
Misericórdia, chamando-a Igreja de São José da Misericórdia, mostrando que as
igrejas, à moda das ruas, também tinham a mania de mudar de nome; porque o povo
tanto a chamou de igreja de Seu Pantaleão que acabou se transformando em igreja
de São Pantaleão, como até hoje. (LIMA, 2007, p. 143)
O santo, aliás, existe, mas não é reconhecido pela igreja. Jacques Pantaleão, ou
papa Urbano IV, instituiu a festa de Corpus Christi ao calendário cristão em 1264, mas nada
tem a ver com a rua e a igreja conhecidas pela população ludovicense.
Há também na capital, logradouros adjetivados por sentimentos, nomes de
animais e elementos da natureza, a exemplo da Praça da Alegria, Rua da Paz, da Inveja, da
Cotovia, das Flores, Beco das Laranjeiras, etc. O interessante é que a Praça da Alegria só
passou-se a chamar assim em 1849, depois de décadas conhecida como “Largo da Forca
Velha” (local onde eram enforcados desertores da ordem pública vigente), provavelmente,
com o intuito de fazer desaparecer a primeira e triste designação. Os outros endereços citados
acima são puramente poéticos, sem uma origem surpreendente ou que chame atenção.
5 A VIDA ALÉM DOS LIMITES CENTRAIS
The article presents a quick tour through the history of neighborhoods, streets and avenues of
São Luís do Maranhão, by examining documents that enable return to the past of these
neighborhoods, revealing the circumstances that allowed each name space,
with their origins and, perhaps, honored. Seeks to analyze also the importance of economic,
political and cultural life of each address mentioned here, thus establishing an important
interpretation of the history of state through a new look, topographic and almost lost in time.
AMARAL, José Ribeiro do. O Estado do Maranhão em 1896. São Luís, Governo do
Estado, 1898.
LIMA, Carlos de. Caminhos de São Luís (ruas, logradouros e prédios históricos). São
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SILVA FILHO, José Oliveira da. Tramas do Olhar: a arte de inventar a cidade de São Luís
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