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02/06/2020 Fascismo: o modelo e as resistências da história – PCB – Partido Comunista Brasileiro

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Fascismo: o modelo e as resistências da


história
19 de janeiro de 2020

por Marcos A. da Silva

Materialismo Histórico Geográ co

O modelo clássico de fascismo


implicava violência e consenso, como
demonstrou o livro do italiano Gianni
Fresu (Nas trincheiras do Ocidente:
lições sobre fascismo e antifascismo. Ponta Grossa: Editora da UEPG, 2017). É
certo que a própria ideia de “modelo clássico” deve ser tomada cum grano
salis, se lembramos uma crítica de Palmiro Togliatti às interpretações de
Trotsky do início dos anos 1930 acerca do desenvolvimento do fascismo
alemão — um cuidado, deve-se dizer, que não está ausente no livro de Fresu.

Para o grande dirigente do PCI, que não por acaso intitulava seu artigo Contra
as falsas analogias entre a situação alemã e a situação italiana (Sul movimento
operaio internazionale. Roma: Riuniti, 1964), o organizador do Exército
Vermelho esperava um tanto mecanicamente uma nova marcha sobre Roma
— e, tal como a primeira, marcada por forte presença dos setores médios —
para de nir o governo alemão do início daquela década como fascista. (1)

Eram os anos do governo von Papen, não ainda o de Hitler, é preciso lembrar.
Mas Togliatti fazia notar que este era já um governo que realizava “a ditadura
fascista com um ritmo acelerado”, pois conduzia a “uma campanha de redução
dos salários”, desmobilizava “o sistema de assistência social e contra a

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desocupação”, e se esforçava “para cobrir esta sua política antioperária brutal


com uma máscara de demagogia social que parece ser inspirada naquela de
Mussolini e seus hierarcas”.

Como se vê, não é difícil reconhecer elementos de continuidade com o que


agora ocorre no Brasil sob Bolsonaro. Mas a despeito desta evidência, é
preciso notar que a de nição de Togliatti aqui transcrita não aborda a
questão da hegemonia, ou seja, do consenso, com o papel que terminaram
por desempenhar neste campo os meios de comunicação (rádio, cinema) e o
próprio partido fascista, bem como de uma série de direitos para uma parte
dos trabalhadores, organizados pelo Estado fascista (recorde-se a Carta del
Lavoro).

Este é um processo que se desenvolve na Itália fascista apenas na segunda


metade dos anos 1920 — após o assassinato do deputado Giacomo Matteoti,
que havia denunciado as fraudes e a violência que envolveram a vitória de
Mussolini nas eleições de 1924 — , marcando a diferença entre o que seria o
governo e o regime fascista.

E eis onde o governo Bolsonaro parece pretender chegar com as medidas na


área da cultura e educação no nal de 2019, quando deu inicio a um programa
de Olavo de Carvalho na TV pública — o “Brasil Paralelo”, a ser exibido na TV
escola, administrada pelo MEC — e agora, com o vídeo do Secretário Nacional
de Cultura, Roberto Alvim, plagiando estética, discurso e programa da
propaganda nazifascista de Aldolf Hitler, como se sabe comandada pelo
ministro da propaganda Joseph Goebbels.

Ou seja, intenções há, e são bem claras. O historiador italiano Angelo D’Orsi,
em recente turnê pelo Brasil, assinalou justamente isto para falar dos tempos
atuais: há o fascismo histórico, este foi superado; mas há o fascismo como
modelo, a inspirar uma cultura reacionária que busca reemergir.

A questão que ca, todavia, é: o modelo poderá triunfar novamente? A julgar


pelas reações negativas que a fala do Secretário da Cultura está produzindo,
vindas até mesmo de representantes da direita, talvez fosse melhor observar
as notas de inspiração hegelianas que Gramsci escreveu ao se debruçar sobre

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as fases de regressão histórica: “no movimento histórico não se volta nunca


atrás”, ou ao menos “não há restauração ‘in toto’”, escreveu o sardo nas notas
Notas sobre a política de Maquiavel.

Com efeito, as especi cidades que convidam a pensar nas di culdades de


transposição mecânica de modelos não são só geográ cas, mas também
históricas — isto é, dizem respeito às resistências que lhes impõem a própria
evolução, o progresso da história.

E não importa que a gota d’água para a demissão do Secretário da Cultura


tenha sido a posição da comunidade judaica brasileira, que Bolsonaro
pretende ter como sua base de apoio. A posição da comunidade judaica
diante de uma questão como esta é parte do consenso — certamente sob
ameaça com o crescimento da cultura de extrema-direita e a investidura de
um governo de igual orientação política — de que o que ocorreu na Alemanha
da primeira metade do século passado não pode se repetir.

Não obstante, se se trata de recorrer ao sardo que sofreu na própria pele as


agruras do fascismo, uma lição é preciso reter ao tratarmos do tempo
histórico — que jamais se movimenta sem lutas, como nos recorda uma
conhecida frase de Marx. Mais do que agarra-se à certeza binária que nos
convida a um comportamento ingenuamente otimista ou então
catastro camente pessimista, trata-se, antes, de pôr em relação dialética
estes dois sentimentos, sendo ao mesmo tempo “pessimista com a
inteligência, mas otimista com a vontade”.

Não passarão!

Nota:

(1) Togliatti a rma que ao enfatizar os setores médios, Trotsky termina por
negligenciar o papel do capital nanceiro. Um texto de Trostky escrito no nal
de 1930 todavia não con rma essa crítica, já que o organizador do Exército
Vermelho parece fazer explicita referência ao papel do capital nanceiro no
fascismo (a “grande burguesia”, escreve). De qualquer modo, do ponto de
vista metodológico, permanece válida a advertência de Togliatti quanto às

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falsas analogias. O texto de Trotsky aqui referido é “O giro da Internacional


Comunista e a situação alemã”, e está publicado em Trotsky. L. Como esmagar
o fascismo. São Paulo: Autonomia literária, 2018.

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