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Universidade Federal de Lavras

Departamento de Agricultura
Setor Plantas Daninhas
Caixa Postal 37
37200-000, Lavras, MG

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

ITAMAR FERREIRA DE SOUZA

- Semestre 02/2009 -
INDICE

Conteúdo Página

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS .....................


Conceito ..........................................................................................................
Definição de planta daninha .............................................................................
Classificação de plantas daninhas quanto ao ciclo .............................................
Classificação de plantas daninhas quanto ao habito de crescimento ..................
Classificação de plantas daninhas quanto ao habitat ..........................................
BANCO DE SEMENTES NO SOLO, GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA .....
Banco de sementes ..........................................................................................
Germinação .....................................................................................................
Dormência .......................................................................................................
COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS X CULTURA ...........................
Competição .....................................................................................................
CONCEITO DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ...........................
MEDIDAS DE MANEJO ...............................................................................
Medidas Preventivas ........................................................................................
Medidas de Erradicação ...................................................................................
Medidas de Controle .......................................................................................
Controle Cultural .............................................................................................
Controle Biológico ............ .............................................................................
Conceito ..........................................................................................................
Táticas de controle biológico ...........................................................................
Controle Químico ............................................................................................
Combinação e Integração de Métodos de Controle .............................. ...........
Diferenças entre Métodos Convencionais e Métodos Integrados ......................
ALELOPATIA PLANTA X PLANTA ............................................................
Conceito ..........................................................................................................
Alelopatia na agricultura ..................................................................................
Metabolismo primário x secundário .................................................................
Fatores que determinam a eficiência dos aleloquímicos ....................................
Natureza dos aleloquímicos .............................................................................
Mecanismo de ação dos aleloquímicos .............................................................
HERBICIDAS ................................................................................................
Introdução .......................................................................................................
Classificação fisiológica dos herbicidas ............................................................
Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação .................................
Classificação dos herbicidas quanto ao modo de aplicação ...............................
Classificação química dos herbicidas ................................................................
MOVIMENTO, DEGRADAÇÃO E INATIVAÇÃO DOS NO AMBIENTE
..
Movimento e degradação no solo ....................................................................
Movimento e degradação no ar ........................................................................
ABSORÇÃO E TRANSLOCAÇÃO DOS HERBICIDAS NAS PLANTAS ....
Absorção foliar ................................................................................................
Absorção radicular ..........................................................................................
Translocação ...................................................................................................
LITERATURA ...............................................................................................
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CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS

Sinonímia:
Planta daninha - "daninha" é atributo humano = vontade de agir com daninhesa.
Mato - termo usado por profissionais do Paraná e São Paulo. Termo mais popular.
Pode significar pequena floresta.
Erva daninha - não engloba todas as espécies. Nem todas são herbáceas.
Planta infestante - pode não causar danos, o que significa um novo conceito.
Planta invasora - a maioria das vezes não é ela que invade, mas sim o homem.
Invasora - bastante geral e muito usado. Porém, mesmo comentário da anterior.
Erva má - pouco usado e dependendo do local ou situação pode não ser má.
Inço - arroz, Rio Grande do Sul.
Juquira - Pastagem.
Planta espontânea (conceito ecológico).

Definição de planta daninha


É uma planta que se desenvolve onde não é desejada.
É uma planta que causa mais danos que benefícios.
É uma planta que causa danos a outras plantas de interesse.
É uma planta fora de lugar.
É uma planta indesejável.
É uma planta que ocupa espaço destinado a outras atividades.
É uma planta que domina todas as artes de sobrevivência, exceto a de crescer em
fileiras.
É uma espécie de planta que se adaptam ao habitat alterado pelo homem.
Portanto, envolve qualquer espécie: herbácea, arbustiva, arbórea, aquática, terrestre,
parasítica, epífita, melhorada, silvestre, rural, urbana.
As plantas daninhas podem ser vistas dentro de um contexto mais amplo, o que ajuda a
entender que não são sempre indesejáveis pois, podem: favorecer um microclima, controlar
erosão, aumentar teor de matéria orgânica, criar ambiente favorável para microflora e
microfauna. Ou podem ser vistas como causadora de danos (daninha) e assim tem-se que
dimensionar o problema mais específico em função: da espécie, da frequência, da época de
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emergência, do ciclo de vida, da competitividade.

Espécies de plantas infestantes quando não devem ser consideradas daninhas:


1. com possibilidades apícolas: Ex. assa-peixe, Vernonia ferruginea, unha de
gato, Acacia paniculata
2. usadas na alimentação humana: Ex. carurú, Amaranthus lividus, beldroega,
Portulaca oleraceae
3. medicamentosas: Ex. carqueja, Baccharis trimera, apaga-fogo, Alternanthera
tenella
4. companheiras: Ex. beldroega - cobertura do solo para o milho (Zea mays)
carurú - recicla nutrientes para batata (Ipomoea batatas) e milho.

Características comuns a todas as plantas daninhas (silvestres) e que conferem


capacidade particular de perpetuação da espécie, segundo Baker, 1974.
dormência
germinação assincrônica
desenvolvimento rápido
reprodução clonal
plasticidade fenotípica
alta capacidade reprodutiva
autogama ou apomítica
sementes pequenas e de fácil dispersão
formação de raças fisiológicas
poliploidia

Prejuízos causados pela presença de plantas infestantes nas culturas:


1. Produção mais baixa
a) Efeitos químicos (alelopatia)
b) Efeitos competitivos
2. Menos eficiência de uso da terra
a) Custos mais elevados. Têm que serem controladas às vezes a custos elevados.
b) Valor da terra decresce (devido a sua presença)
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c) Custo de colheita elevado


d) Cultura danificada pelo cultivo
e) Estrutura do solo destruída
3. Custo mais elevado de proteção contra insetos e doenças
a) Abrigo de pragas e doenças
b) Migração da praga para a cultura após o final do ciclo da planta daninha.
4. Qualidade de produto mais baixa
a) Sementes de plantas daninhas
b) Restos vegetais de planta daninha em feno e algodão
c) Odor de planta daninha no leite
d) Sementes de plantas daninhas na lã
e) Plantas daninhas tóxicas diminui crescimento
f) Aumenta teor de umidade das sementes colhidas

5. Manejo da água
a) Problemas para irrigação e drenagem
b) Recreação e pesca
c) Odor e sabor em suprimentos de água
6. Saúde do homem
a) Irritação da pele – urtiga
b) Tóxica – cuscuta, mamona
c) Alergia – semente de capim gordura

Custo anual para controle de pragas de culturas (US$)


Perdas Controle Total %
(x 1000) (x 1000) (x 1000)
Doenças 3.152.815 115.000 3.267.815 27,1
Insetos 2.965.344 425.000 3.390.344 28,1
Nematóides 372.335 16.000 338.335 3,2
Plantas daninhas 2.459.124 2.535.050 5.010.680 41,6
Total 8.949.618 3.107.050 12.057.174 100,0
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Classificação de plantas daninhas quanto ao ciclo

Anuais, bienuais e perenes


Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem sementes e morrem dentro de
um ano. Propagam por frutos e sementes. Melhor época de controle - antes de produzir
sementes. Ex: carurú (Amaranthus hibridus).
Bienuais: plantas cujo ciclo completo se dá em 2 anos. No primeiro ano
germinam e crescem. No segundo, produzem flores, frutos, sementes e morrem. Devem ser
combatidas no 1º ano. Podem ser anuais em uma região e bienuais em outra. Ex.: Rubim
(Leonurus sibiricus).
Perenes (ou vivazes): podem dar flores e frutos durante anos consecutivos.
Reproduzem por sementes e por meios vegetativos. São melhores controladas através de
herbicidas sistêmicos, pois sistema mecânico de controle fazem com que se multipliquem
ainda mais através de suas partes vegetativas. Ex.: guaxuma (Sida rhombifolia).
Dentro das perenes, tem-se:
1. Perenes simples – reproduzem apenas por sementes. De fácil controle. Ex.:
Guanxuma, cuscuta.
2. Perenes complexas – órgãos subterrâneos, superficiais. Ex. grama seda, sapé.
a) Perenes rizomatosas - produzem caule subterrâneo (rizoma) que se propaga e
se reproduz a certa distância da planta mãe. Controle através de herbicida sistêmico.
Ex: capim massambará (Sorghum halepense).
b) Perenes estoloníferas - produzem estólons, os quais emitem nós e daí raízes
e a nova planta. Ex: capim angola (Brachiaria purpuracens).
c) Perenes tuberosas - reproduzem basicamente por tubérculos (ou
batatinhas). Ex.: tiririca (Cyperus rotundus).
d) Lenhosas: perene, de porte maior. Infestam normalmente pastagens. Ex.:
assa-peixe (Vermonia ferruginea).
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Classificação das plantas daninhas quanto ao hábito de crescimento

Herbácea - tenra, de porte baixo.


Arbustiva - ramificação desde a base.
Arbórea - ramificação acima da base caule bem definido.
Trepadeira - usa outras plantas como suporte.
Hemiepífita - iniciam seu desenvolvimento sobre outra e depois emitem sistema
radicular.
Epífita - cresce sobre outra sem, no entanto utilizar do fotossintato do hospedeiro.
Parasita - cresce sobre outra utilizando do seu alimento.

Classificação de plantas daninhas quanto ao habitat


1. Plantas daninhas terrestres:
Vivem sobre o solo. Algumas se desenvolvem melhor sobre solo mais fértil.
Exemplos: carurú (Amaranthus spp), beldroega (Portulaca oleracea). São consideradas
indicadoras de solo fértil, sendo que sua presença valoriza a terra.
Ao contrário, existem as espécies que se desenvolvem em solos de baixa fertilidade.
Exemplos: capim barba de bode (Aristida pallens), guanxumas (Sida spp). São indicadoras de
solo pobre e desvalorizam a terra.
Existem ainda aquelas indiferentes à fertilidade. Exemplo: tiririca (Cyperus spp).
2. Plantas daninhas de baixada
São aquelas espécies que se desenvolvem melhor em solos orgânicos e úmidos.
Exemplos: sete sangrias (Cuphea carthaginensis), tripa de sapo (Alternanthera philoxeroides).
O quadro a seguir mostra algumas características de solo indicadas pela presença de
algumas espécies daninhas.
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Espécie Ambiente
Guanxuma Subsolo compactado ou solo superficial erodido. Em solo fértil
fica viçosa. Solo pobre fica pequena.
Nabiça Carência de boro e manganês. A presença da aveia quebra a
dormência da nabiça
Picão branco Solo com excesso de nitrogênio e deficiente em micronutrientes.
É beneficiado pela presença de cobre.
Picão preto Indica solos de média fertilidade. Solos muito remexidos e
desequilibrados
Samambaia Altos teores de alumínio. Reduz com calagem. As queimadas
fazem voltar o alumínio ao solo e proporciona um retorno
vigoroso da samambaia.
Amendoim bravo Desequilíbrio entre nitrogênio e micronutrientes, sobretudo
molibdênio e cobre.
Capim barba de bode Fogo, solo pobre em fósforo, cálcio, potássio e com pouca água.
Beldroega Solo fértil, não prejudicam as lavouras, protegem o solo.
Capim amargoso Aparece em lavouras abandonadas ou em pastagens nas manchas
úmidas, onde a água foi estagnada após as chuvas.
Capim carrapicho Indica solos decaídos, erodidos e compactados. Pastagens
pisoteadas.
Capim marmelada Típica de solos constantemente arados, gradeados, com
deficiência de zinco. Desaparece com o plantio do centeio, aveia
preta e ervilhaca. Não prejudica o milho se este levar uma
vantagem de 40 cm. Regride com a adubação corretiva de fósforo
e cálcio.
Capim rabo de burro Típico de terras abandonadas. Indica solos ácidos com baixo teor
de cálcio, impermeável entre 60 e 120 cm;
Capim carrapicho Típico de lavoura empobrecida e muito dura, pobre em cálcio.
(amoroso)
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Espécie Ambiente
Carqueja Solo pobre compactado osuperficialmente,
pobre em molibdênio, que retem água
Carrapicho de carneiro Solo deficiente em cálcio
Grama seda Solo compactado

3. Plantas daninhas aquáticas

Fig. 1 - Comunidade de macrófitas aquáticas.

Podem ser:
3.a. Aquáticas marginais (ou de talude) - são terrestres que ocorrem às margens de rios,
lagoas, represas, etc. Exemplos: tiririca, capim fino (Brachiaria purpurascens)
3.b. Aquáticas flutuantes - ocorrem livremente nas superfícies da água, com as
folhas fora da água e as raízes submersas. Ex. aguapé (Eichornia crassipes).
3.c. Aquáticas submersas livres - vivem inteiramente abaixo do nível da água. Ex.
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algas
3.d. Aquáticas submersas ancoradas - submersas com as raízes presas ao fundo. Ex.
elódea (Egeria densa).
3.e. Aquáticas emergentes - possuem as folhas na superfície da água e as raízes
ancoradas no fundo. Ex. taboa (Typha angustifolia).
4. Plantas daninhas de ambiente indiferente
Vivem tanto dentro como fora da água. Exemplo: capim arroz (Echinochloa spp).
5. Plantas daninhas parasitas
Vivem sobre outras plantas e vivendo às custas delas. Exemplos: cipo chumbo
(Cuscuta racemosa), erva de passarinho (Phoradendrum rubrum)

BANCO DE SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS NO SOLO


GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA

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Dormência Quebra de Germinação
Primária Dormência

1 4
2

Dormência Inibição de
Secundária Germinação
2

CICLO DE DORMÊNCIA

1 . Fatores que quebram a dormência


2 . Fatores que induzem a dormência
3 . Fatores que coicidem com condições requeridas para germinação
4 . Fatores que não coicidem com condições requeridas para germinação
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Banco de sementes:
A quantidade de sementes no solo, também denominado de “banco de sementes”,
pode-se consistir de milhares (10-100) de sementes por m2 e é a fonte de sementes para as
futuras infestações. A maioria das sementes de plantas daninhas estão localizadas na camada
de 0-6 cm do solo, podendo ir até aos 15 a 20 cm. Existem técnicas de determinação do banco
de sementes que constituem de processos mecânicos e químicos.
Existem dois tipos de bancos de sementes: transiente e persistente.
O transiente são sementes que permanecem viáveis e germinam em 1 ano apenas.
O persistente contém sementes que não germinam no 1o ano porque muitas delas estão
na dormência primária ou secundária. Estas estão mais aprofundadas no solo e constituem a
principal fonte de futuras infestações. Algumas podem permanecer em dormência por até 20
anos em solos trabalhados. O banco de sementes persistente pode ser de curto prazo (<8 anos)
e de longo prazo (>8 anos).
O banco de sementes é constituído principalmente por anuais que representam 95% e
as perenes, bienuais e outras, o restante (Thompson, 1992)
Quando se fala em espécies dominantes em uma área, estas representam pelo menos
80% do banco de sementes (Barralis et al., 1988)
Vários fatores podem afetar o banco de sementes no solo.
1. Fatores que diminuem
1.1 Germinação (emissão de radícula), seguida pela emergência: é a causa primeira
da diminuição do banco de sementes do solo. Portanto, o cultivo que estimula germinação
reduz o banco de sementes.
1.2. A atividade de microorganismos: é fator importante na deterioração das sementes.
1.3.A exaustão metabólica da semente: sementes embebidas com pouca umidade,
exibe baixa mas, constante respiração. A respiração é uma das causas da diminuição da
concentração de carbohidratos. A baixa respiração não é suficiente para provocar a
germinação.
1.4. A germinação fatal: germinação não acompanhada pela emergência. Isto acontece
quando a semente germina na época errada ou no ambiente (solo) errado. Mais comum em
sementes velhas.
1.5. Os métodos de cultivo: podem alterar o banco de sementes como por exemplo o
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não revolvimento do solo no plantio direto. Este processo nunca trará sementes mais
profundas, o que acabam por deteriorarem.
1.6. Os Tratamentos químicos: hormônios e compostos nitrogenados são os mais
importantes para estimular germinação de sementes. Outros como inibidores de respiração e
compostos naturais de plantas (strigol, sorgolactone) são também reportados. Sem considerar
os problemas técnicos, o sucesso desta aplicação não tem tido muito sucesso porque a maioria
dos compostos são de custo elevado. Seria o ideal conseguir que todas as sementes
germinassem de uma só vez para se ter um controle eficiente.
2. Fatores que aumentam
2.1. Não controle de áreas adjacentes: permitindo que espécies infestantes de terraços
não cultivados ou áreas adjacentes produzem sementes.
2.2. Máquinas, homem, pássaros: são veículos de disseminação de sementes de outras
áreas para a área de plantio. Alguns são controláveis outros não.
2.3 Não controle de espécies infestantes: permitindo que estas produzem sementes
e reinfestam a área.

Germinação:
Processo fisiológico da semente que emite radícula e caulículo.
Apesar do arsenal de químicos que atuam sobre as sementes elas ainda sobrevivem.
Isto é a causa da perpetuação do germoplasma original para manter a regeneração da espécie
de forma indefinida.
1. Químicos: Nitrato é o principal composto inorgânico no solo, estimulador de
germinação. Sementes podem absorver nitrato do solo quando ainda na planta mãe. Existe
uma correlação positiva entre o nitrato endógeno da semente e a germinação. O efeito
interativo entre teor de nitrato e luz tem sido observado para muitas espécies de plantas
daninhas.
A interação de vários fatores é a responsável pela germinação: químicos, água,
temperatura, O2 / CO2 e luz (para certas espécies). A inadequação destes fatores e mais a
presença de inibidores (químicos endógenos) são os responsáveis pela dormência que será
discutida logo após a germinação.
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2. Água - necessário para o primeiro passo para germinação que é a embebição. Alta
respiração é conseguida com a presença de água na semente e a respiração é fator essencial
para a germinação. Esta respiração não é suficiente até que a semente atinja 14% de umidade.
3. Temperatura: existe uma mínima, máxima e uma ótima temperatura para
germinação. Assim, certas espécies podem germinar sob baixas enquanto outras dependem de
temperaturas mais altas. Temperaturas mais altas podem causar dormência secundária em
espécies de inverno. Temperaturas alternadas normalmente são melhores do que constantes.
Exemplo Caruru (A. retroflexus) germina bem quando colocada a 18 e 32oC de temperatura.
Existe na literatura várias controvérsias sobre germinação de espécies daninhas sob condições
de alternância ou não de temperaturas.
4. Relação O2 / CO2: respiração aeróbica exige mais O2 livre. Assim, algumas
sementes iniciam a germinação sob condições anaeróbicas e quando a casca da semente rompe
a respiração muda para aeróbica. A espécie aquática taboa (Typha angustifolia) germina
melhor sob condições de baixo teor de O2. Normalmente, espécies de solanáceas exigem teor
de O2 próximo da atmosfera (20%): Solanum carolinense germina melhor a 36% de O2 no
solo.
Cultivo que areja o solo, estimula, portanto, germinação de muitas espécies como aveia
selvagem (A. fatua). Muitas espécies de sementes pequenas (beldroega, serralha, falsa-
serralha) germinam melhor se estiverem nas primeiras 1-2 polegadas mas se em solos
arenosos germinam bem, mesmo a maiores profundidades.
O uso de herbicidas para eliminar plantas daninhas anuais antes que elas produzem
sementes é importante, principalmente em áreas onde não se revolve o solo, pois sementes
profundas não germinam por muitos anos.
5. Luz: algumas sementes germinam melhor sob condições de luz, outras de escuro.
Além da presença ou ausência de luz, a duração e qualidade (espectro) também influencia a
germinação. Tudo isto, varia de espécie para espécie e entre sementes de plantas daninhas
existem muito pouco estudos a respeito. Hoje na Inglaterra tem-se iniciado mais trabalhos com
luz associada a umidade sobre germinação de sementes de plantas daninhas.

Dormência:
Dormência é crucial à sobrevivência da espécie e como conseqüência causa sérios
problemas na estratégia de controle.
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Todos esses fatores que estimulam a germinação, quando em concentrações não


favoráveis provocam a dormência da semente. Até agora, foram citados fatores ambientais
mas, várias outras características intrínsecas à semente também são responsáveis pela
dormência como: presença, em altas concentrações, de inibidores de germinação, embrião
imaturo, tegumento da semente impermeável.
Dormência é considerada como o retardamento do início da germinação por causas
externas e internas anteriormente comentadas.
A dormência pode ser: primária, que é aquela causada por fatores intrínsicos como
tegumento impermeável, inibidores internos de germinação, etc: secundária, que é aquela
causada por fatores extrínsicos como baixa luz, baixa umidade, etc.
Na dormência secundária, significa que a semente já esteve pronta para germinar
(dormência primária quebrada) mas, por causas externas ela entrou novamente em dormência
e agora necessita de ter a dormência quebrada novamente para germinar. Isto é diferente da
quiescência o que significa que a semente já esteve também pronta para germinar e devido aos
mesmos fatores externos ela não germina. A diferença reside no fato de que assim que estes
fatores voltarem ao normal ela germina imediatamente sem necessidade de nova quebra de
dormência.
Em resumo:
Quiescência = dormência ambiental e a semente germina assim que estes fatores se
normalizarem.
Dormência secundária ou induzida = dormência ambiental e a semente necessita de ter
a dormência quebrada novamente assim que tais fatores se normalizarem.
Dormência primária ou inata = devido a fatores intrínsicos. Ex: tegumento
impermeável, inibidores bioquímicos.

Principais fatores da quiescência:


1. Falta de água - não haverá embebição
2. Falta de oxigênio
3. Excesso de CO2 (acontece com as enterradas a maior profundidade).
4. Temperatura baixa
5. Luz inadequada
Principais fatores da dormência primária:
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1. Impermeabilidade do tegumento. Ex.: leguminosas são impermeáveis à água; capim


carrapicho (Cenchrus echiratus) ao O2.
2. Resistência mecânica do tegumento. Ex.: carurú, Lepidium.
3. Imaturidade fisiológica do embrião.
4. Dormência do embrião.
5. Presença de inibidores.
Principais fatores da dormência secundária:
Luz, oxigênio, temperatura.
Por causa da dormência muitas sementes podem persistir no solo por muitos anos e
germinarem quando as condições forem favoráveis.
Dentro de uma mesma população as sementes podem estar em diferentes estados de
germinação e produzirem plântulas durante um período longo.
Como dito anteriormente, a fisiologia da dormência de sementes de plantas daninhas é
pouco estudado.

COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS x CULTURA

Competição
É a remoção ou redução de um fator do meio, essencial ao crescimento. Competição
é um componente de interferência, que divide em:
Competição - remoção de fatores essenciais ao crescimento.
Alelopatia - adição de inibidores de crescimento.
Alelomediação – adição de inibidores que alteram o meio que por sua vez inibem o
crescimento.
Para se estudar competição, deve-se levar em consideração alguns fatores, tais como:
Espécie da Planta Daninha, distribuição na área, duração da competição, densidade de
infestação, espécie da cultura e estágio de desenvolvimento.
1. Espécie da Cultura:
Crescimento oinical rápido – mais competitiva
Dossel maior – mais competitiva
Menos exigente a fatores de crescimento – mais competitiva.
2. Espécie de planta daninha
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Exemplo: na cultura do milho

% Redução produção
Carurú 0
Guanxuma 25
Corda de viola 40

3. Distribuição na área
Infestação concentrada em um ponto x mesma infestação distribuída na área.
Haverá maior perda numa área pequena x baixa ou nenhuma perda em toda a área. Ou,
infestação concentrada na linha é mais competitiva do que na entrelinha.
4. Duração da competição
Período crítico de competição. O efeito da duração da competição das plantas daninhas
sobre a produção tende a seguir a curva abaixo:

4000

3500

3000
Produção de grãos (kg/ha)

2500

2000

1500

Sem plantas daninhas


1000
Com plantas daninhas

500
0 10 20 30 40 50 60

Dias após emergência

Fig. 1: Período crítico de competição das p.d. com soja.

Esta curva, após a aplicação de uma regressão nos dados, sempre mostra uma curva sigmoide
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ascendente para períodos sem plantas daninhas e uma descendente para períodos com plantas
daninhas, como segue:

4500

4000

3500

Produção de grãos (kg/ha)


3000

2500

2000

1500

Sem planta daninha


1000 Com planta daninha

500
0 10 20 30 40 50 60

Dias após emergência

Fig.2: Curva de regressão dos dados da Fig. 1.

Período crítico de competição - é o período compreendido entre: o ponto a partir


do qual a planta daninha deve ser removida, e o ponto após o qual a infestação de plantas
daninhas não afeta mais a produção. Ou, o ponto onde se deve iniciar a capina e o ponto onde
se pode parar a capina.
5. Densidade
A densidade das plantas daninhas nas culturas, afeta sua produtividade de maneira
conforme curva sigmoide a seguir:
Produtividade

Densidade
Dentre os danos causados, a diminuição no rendimento continua sendo um dos mais
importantes. Normalmente as plantas competem entre elas por: nutrientes, água, luz, espaço,
sendo que a competição pode ser tanto interespecífica como intraespecífica.
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Exemplo de competição intraespecífica:

Densidade de centeio Peso seco palha Infestação de pl. dan.


(kg/ha) (t/ha) (%)
0 - 77,50
50 3,45 45,50
100 4,27 37,50
200 3,82 32,50
300 3,69 30,00

A medida que aumenta a densidade vai havendo um aumento de peso seco das palhas mas,
até 100 kg/ha. Depois, decresce.
6. Espécie da cultura – cada espécie tem sua própria capacidade de competição. Exemplo
aquela espécie que tem uma capacidade de desenvolvimento inicial rápida tem maior
capacidade competitiva ou aquela com grande quantidade de área foliar tem maior capacidade
de sombreamento.
7. Estágio de desenvolvimento da planta daninha e da cultura – plantas no estágio de
desenvolvimento juvenil apresentam menor capacidade de competição.
Competição por nutrientes:
As plantas daninhas consomem grandes quantidades de nutrientes. Ex.: carurú
(Amaranthus viridis) consome 54 kg/ha de K e guanxuma (Sida sp) 2 kg, em cafezal
plantado num latossolo vermelho escuro.
Competição pela água:
Necessitam de grande quantidade de água para produzirem 1 kg de matéria seca.
Estudos indicam que esta quantidade varia entre 110-450 kg. Ex.: ambrosia (Ambrosia
arthemisifolia) consome 3 vezes mais água do que o milho (Zea mays L).
Competição pela luz:
Relativa falta de luz para certas plantas reduzem grandemente a fotossíntese,
tornando-as as vezes estioladas. Algumas são mais eficientes não dependendo de muita luz.
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Competição por espaço:


As plantas daninhas invadem espaços de outras plantas podendo limitar
grandemente seu desenvolvimento. Não se trata de competição por nutrientes ou água. As
raízes necessitam de espaço para crescerem ou então vão limitar o crescimento da parte aérea
através de um processo de compensação entre as duas partes.

CONCEITO DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS


Entende-se por controle a redução das plantas daninhas existentes, e dos seus
dissemínulos, até o ponto em que elas não interfiram seriamente no uso econômico da terra.
Controle x erradicação x prevenção:
Controle: redução da infestação a nível que não causa danos;
Erradicação: completa eliminação. As vezes relação custo/benefício muito alta. Em
certas circunstâncias pode ser necessário mas, na maioria das vezes pode-se fazer o controle;
Manejo: envolve consideração sobre: controle, erradicação, biologia plantas daninhas,
benefícios e prejuízos causados, economia, conhecimento sobre métodos de controle e
conhecimentos ecológicos. Enfim: melhor maneira de conviver com a planta daninha. Pense
em: método preventivo, de controle e erradicação.
Componentes do sistema de produção influenciando a variabilidade das espécies e a
intensidade de infestação.
Componentes Influência sobre a flora
Tipo* Densidade
Cultivo e preparo do solo 9 9
Suprimento de água 5 5
Suprimento de nutrientes (especialmente N) 9 7
pH 9 5
Data semeadura/plantio 7 7
Ciclo da cultura 6 3
Intensidade e duração do sombreamento 6 8
Sementes de culturas contaminadas 4 2
Maquinários e equipamentos contaminados 3 1
Medidas de controle 9 9
21

* 1=raro ou pouco efeito; 3=baixo efeito; 5=médio efeito; 7=alto efeito; 9=muito alto efeito

MEDIDAS DE MANEJO

Medidas Preventivas
Esta é uma prática considerada ideal. Estes métodos visam evitar a infestação e a
reinfestação, das plantas daninhas, nas áreas em que são economicamente indesejáveis.
1 - Evitar infestação
Evitar a introdução voluntária ou involuntária de uma espécie estranha.
Ex.: Introdução voluntária: a) capim massambará como forrageira na Carolina do Sul,
(EUA). b) aguapé como ornamental na Flórida (EUA). c) Tiririca junto com esterco
em jardins. d) Destruição das plantas daninhas de áreas adjacentes. E) Manejo adequado da
água para evitar que esta se torne veículo de disseminação; ex. canais de drenagem, canais de
irrigação. e) Plantio de sementes de culturas livres de sementes de plantas daninhas. Ex.:
Introdução involuntária: a) Cardo-russo (Salsola kali) foi introduzida na Dakota do Norte
junto com sementes de linho da Rússia.
2 - Evitar reinfestação
Destruição das plantas daninhas já existentes antes que alcancem o estádio de
disseminação. Colheita de culturas no limpo para evitar contaminação no próximo
plantio. Manejo e tratamento de pastagens para evitar disseminação.
3 - Evitar infestação e reinfestação
Limpeza de veículos e implementos (vindas de áreas diferentes ou da mesma área).

Medidas de Erradicação
Processo difícil de se conseguir uma vez uma espécie instalada na área. É sempre dito
que “torna-se mais fácil evitar a entrada de uma espécie na área do que tentar erradicá-la”.
Porém, introdução através de pássaros, vento, etc é inevitável.
22

Medidas de Controle
Controle cultural, controle biológico, controle químico, controle mecânico, controle
físico, integração de métodos.

Controle Cultural
Utiliza-se as próprias características ecológicas e biológicas das culturas e das
plantas daninhas de modo que as primeiras levem vantagem.
1. Escolha de variedades bem adaptadas e competitivas.
Variedades mal adaptadas às condições edafo-climáticas se tornam enfraquecidas,
mais vulneráveis a ação de pragas, doenças e plantas daninhas. Existem variedades de
culturas com maior capacidade de competição como: a) ciclo mais curto - se desenvolvem
rapidamente, saindo na frente das plantas daninhas; b) porte mais alto - competindo mais em
luz; c) mais resistente à pH, Al+++ e baixos teores de nutrientes - com bom desenvolvimento
mesmo sob tais condições
2. Correta época de plantio, quantidade de semente, espaçamento e adubação.
Época de plantio - plantio mais tarde, após a emergência da planta daninha e sua
respectiva capina, evitando assim a primeira infestação.
Quantidade de semente - altas densidades podem concorrer mais com plantas
daninhas. Porém, não muito altas para evitar concorrência entre as próprias plantas da
cultura (competição intraespecífica)
Espaçamento - veja "quantidade de semente".
Adubação - pouco adubo pode ser favorável às culturas que resistem baixo nível
de fertilidade. Altos níveis de adubação favorecem as plantas daninhas. Ou, correção de
acidez pode eliminar samambaia (Pteridium aquilinum) ou sapé (Imperata cylindrica).
3. Uso de plantas companheiras.
Plantas Companheiras são plantadas ou desenvolvidas juntamente com a cultura
com o fim especial de eliminar as plantas daninhas sem causarem danos às plantas
cultivadas. Ex.: brássicas em feijão (normalmente alelopatia está envolvida).
4. Consorciação de culturas.
23

A consorciação é um método semelhante à "plantas companheiras", porém, visa


o plantio de 2 culturas na mesma área com fins de: competição maior com as plantas daninhas
e produção das 2 culturas.
5. Rotação de culturas.
Rotação entre culturas visa o plantio de 2 culturas na mesma área, porém, em anos
diferentes. Utiliza-se dos comportamentos diferentes das culturas para o controle de
plantas daninhas. Ex.: exigência de adubação diferentes, capacidade de competição
diferentes.
6. Uso correto da água de irrigação e drenagem.
Inundar ou drenar em tempo que favorece a cultura e prejudica as plantas
daninhas.
7. Cobertura do solo.
Cobertura do solo. É uma das práticas mais antigas. É a chamada cobertura morta.
Pode ser usada na entressafra ou também na entrelinha. O solo pode ter cobertura tanto com
cobertura morta como cobertura viva.
Ex. de cobertura morta: palha de arroz, de café, etc.
Ex. de cobertura viva: mucuna (Mucuna deeringina), feijão de porco (Canavalia
ensiformis).

Alelopatia como controle cultural

Esta ciência pode ser considerada como um controle cultural, uma vez que se trata de
um tipo de associação de plantas na mesma área. Isto é semelhante a uma consorciação onde
se tem duas espécies porém, uma com a finalidade de controlar outra, ou seja, uma espécie
daninha ou cultivada para controlar uma daninha.

Controle Biológico

Conceito
É a ação de uma população de organismos parasitas, predadores ou patógenos,
mantendo outra população de organismos a um nível mais baixo do que aquele em que
24

ocorreria naturalmente. O objetivo do c.b. é manter população de planta daninha a um nível


que não causa danos econômicos. Para seu sucesso é necessário a permanência de um
pequeno número de hospedeiros para manter a presença de inimigos naturais (agentes
biológicos), quando se tratar da tática clássica de controle biológico.

População Agente Biológico

N.D.E.

Hospedeiro
Tempo

Táticas de controle biológico:

Tática Clássica - uso de inimigo natural trazido de uma área geográfica, normalmente
da origem do hospedeiro, e introduzido em outra área, onde o hospedeiro está se tornando um
problema. Mais adaptado para plantas perenes (pomares e pastagens) e aquáticas.
Tática dos Bioherbicidas - o agente de controle (ou agente biológico) é inoculado de
forma maciça, semelhante à aplicação de herbicidas sintéticos. Ex. Collego: Colletotrichum
gloeosporioides var. aeschynomene, controla Aeschynomene virginica (Angiquinho) em arroz
e soja. DeVine: Phytophtora palmivora - controla Merremia odorata (corda de viola) em
citrus.
Os bioherbicidas podem ser aplicados de duas formas:
Processo inundativo – quando se aplica todo o agente e espera um controle
eficiente com uma única aplicação.
Processo aumentativo – quando se aplica em quantidades menores de forma
25

seqüencial. Ex: Cyperus esculentus - Puccinia canaliculata (Biosedge). O inóculo de plantas


infectadas é concentrado e reaplicado.
Alguns exemplos de bioherbicidas (micoherbicidas):
Fusarium solani, curcubitae
Cercospora rodmanii
Phytophtora palmivora (DeVine)
Colletotricum gloeosporioides, aeschynomene (Collego)
Colletotricum gloeosporioides, malvae (BioMall)
Alternaria cassiae (CASST)
Puccinia caniculata (Biosedge)
Colletotricum orbiculare
Cephalosporium diopyri
Colletotricum gloeosporioides, cuscutae (Luboa)
Colletotricum gloeosporioides, jussiaea

Vantagens e Desvantagens da Tática Clássica


_________________________________________________________________
Vantagens Desvantagens
_________________________________________________________________
Sistema permanente Processo lento
Sem resíduos Menos certo
Sem poluição ambiental Específico para número de spp.
Não tóxico (insetos) Não erradica
Econômico depois de estabelecido Não é limitado para uma área
P.D. adquire resistência
Menos eficiente que fungo

_________________________________________________________________

Vantagens e Desvantagens da Tática dos Bioherbicidas


_________________________________________________________________
Vantagens Desvantagens
Controla sp de difícil controle Insuficiente retorno do investimento
Especificidade e rapidez Registro muito caro
Mais eficientes
26

Mais fácil domínio


_________________________________________________________________

Alguns exemplos clássicos de c.b.:


_________________________________________________________________
Alvo Agente
_________________________________________________________________
Opuntia vulgaris (Austrália) Dactylopius aylomicus
Cyperus rotundus Puccinia sp
Chondrilla juncea (Hawaii) Puccinia chondrilla
Sida spinosa Colletotrichum malvarum
Eichornia crassipes Cercospora rodmanii
Aschaenomene Colletotrichum gloeosporioides
__________________________________________________________________

Tática dos Bioherbicidas

Pode ser através de aplicações de toxinas produzidas pelos organismos ou da aplicação


do próprio organismo. Toxinas específicas: são produzidas por patógenos os quais são de
estruturas complexas. Às vezes são tão específicos que controlam somente subespécies ou em
certos casos somente variedades. Ex.: maculosin produzida por Alternaria alternata afeta
Centaurea maculosa (Cardo). Estas são de pouco interesse para a indústria, pois são muito
específicas.
Toxinas não específicas - de mais interesse pela indústria por afetarem maior número de
27

espécies dentro de uma cultura. Ex.: Tentoxin produzida por várias espécies de Alternaria
controla várias espécies em soja e milho.
Comparação entre toxinas e organismos vivos:
A toxina mais estável que o organismo.
Formulação e aplicação mais simples.
Possibilidade de espalhar para espécies não alvo é zero.
Eficácia é mais previsível e menos dependente do meio.
Dificuldades para o desenvolvimento do controle biológico:
Medo de importar um novo problema.
Pouco interesse da indústria.
Baixo espectro de espécies controladas.
Difícil de coincidir subespécies ou variedades com o agente biológico.
Controle pode não ser em tempo hábil ou eficiente bastante.
Falta de agentes efetivos.
Relação botânica semelhante entre a espécie daninha e cultivada.
Alterações devido à aplicação de pesticidas ou outra prática como o fogo, irrigação.
Bioherbicidas não permanente.
Dificuldade de integração entre controle biológico e outra prática de manejo.

Pouco progresso do controle biológico devido a:

Fungos para matar plantas – até então a ciência se preocupava em destruir fungo que
matava planta (fitopatologia) e neste caso seria cultivar o fungo para matar a planta.
Formulação e sistemas de aplicação – devem ser especiais, pois em muitos casos o
manuseio é de organismos vivos.
Balanço hospedeiro X patógeno – dar condições ao patógeno em detrimento ao
hospedeiro, ao contrário da fitopatologia onde deve-se dar condições ideais para a planta em
detrimento ao patógeno.

O que se deseja de um bioherbicida?

Crescer em meio artificial


28

Infectar rapidamente
Capacidade de armazenamento
Compatível em misturas de tanque
Adaptável à tecnologia de aplicação
Custo efetivo
Não causar problemas ao meio ambiente

Alelopatia como controle biológico – neste caso, como no caso de controle cultural, pode-se
considerar alelopatia como um controle biológico, uma vez que existe um agente de controle
(no caso uma espécie de planta) e um indivíduo a ser controlado (uma espécie daninha). Este
último evidentemente não é um hospedeiro mas, é um indivíduo que deverá ser controlado por
um agente.

Controle Químico

Herbicidas são compostos químicos que, quando aplicados às plantas, em


concentrações convenientes, provocam distúrbios fisiológicos que podem chegar à morte.
O ideal é que os herbicidas matassem 100% de uma população de plantas daninhas
em uma determinada área. Isto em termos de eficácia do método. Porém, indivíduos dentro
de uma população oferecem resistência, tornando este controle muito caro pois, precisaria de
doses altas de herbicidas (erradicação). Ter-se-ia a relação custo/benefício muito alta ( x/ y
> 1); onde: x = aumento da dose do herbicida e y = aumento no controle em função do
aumento da dose.
Portanto, dentro do conceito de manejo de plantas daninhas, os herbicidas são usados
para controlar, mantendo-as ausentes ou à níveis baixos (abaixo daquele que não causa danos
econômicos) durante parte do ciclo da cultura (durante o período crítico de competição).
No caso de culturas , às vezes o ideal é manter a planta daninha a um nível de
infestação que não causa prejuízos e que colha a cultura no limpo para evitar que suas
sementes sejam colhidas juntas com os grãos.
Mesmo em áreas onde o manejo exige uma eliminação total como canais de
irrigação, represas, acostamentos de rodovias, apenas o controle pode ser conveniente quando
29

se considera a relação custo/benefício.


Para se conhecer como atuam os herbicidas, deve-se conhecer como eles penetram na
planta (penetração), qual o caminho que eles percorrem dentro dela (translocação), e qual a
reação química na planta que é afetada (mecanismo de ação).
A penetração e translocação estão intimamente relacionados com o movimento de água
e dos solutos na planta, por conseguinte, com a transpiração, com a fotossíntese, respiração,
síntese de proteínas, etc. Ainda, todos esses processos estão na dependência das características
estruturais da planta.
É indispensável portanto um conhecimento básico sobre a estrutura da planta e seus
processos fisiológicos para entender os movimentos e ações dos herbicidas e usá-los de forma
racional.
O controle químico das plantas daninhas é uma técnica muito importante, porém,
para se obter o máximo de controle, deve-se utilizar uma combinação de dois ou mais
métodos.
Os equipamentos de aplicação dos herbicidas podem ser: costais, tratorizados, aéreos
Os pulverizadores costais podem ser utilizados para aplicações de pós-
emergência (POS), em áreas que apresentam manchas de infestação isoladas e bem
espalhadas. Chama-se catação a esta prática, a qual é muito utilizada, especialmente por sua
economicidade e preservação do meio ambiente

Alelopatia como controle químico


Este processo trata-se de um controle químico, porém, diferente dos herbicidas
sintéticos pelo fato de serem liberados nas suas formas naturais e em época e concentrações
controladas pela natureza.
Assim sendo, as pesquisas atuais têm sido no sentido de isolar e caracterizar estas
toxinas liberadas pelas plantas e estudá-las de tal forma que possam ser utilizadas de forma
mais controlada.
O estudo de moléculas naturais de plantas ou de microorganismos (como fungos) para
serem usadas como herbicidas naturais é muito caro devido a complexidade da molécula a ser
sintetizada e estudada. Também são produzidas em pequenas quantidades pelas plantas o que
dificulta ainda mais estudos sobre tais moléculas.
Algumas companhias tem se dedicado ao estudo destas moléculas naturais e
30

transformando-as em laboratório para seu uso como herbicidas. Ex.: cynmethilin derivado de
monoterpenos (cineole) produzido por Eucaliptus e Salvia; bialafós produzido por
Streptomyces, cujo produto sintetizado no laboratório é o glufosinato.
O caminho pelo qual os herbicidas seguem desde a saída do sistema de aplicação até o
ponto de ação, é apresentado por Wolf (1997).

Da aplicação ao Mecanismo de Ação (Wolf, 1997)

Aplicação (pulverização, atomização)


deriva
interceptação não alvo
Transporte até o alvo
evaporação

Impacto
secagem, reflexão
retenção, espalhamento

Depósito
redistribuição no interior
intempéries internas
Movimento para dentro
absorção, adsorção, degradação

Movimento dentro
atividade
31

Efeito biológico

O herbicida é aplicado sobre o alvo (planta ou solo), e neste processo pode sofrer
deriva ou ser interceptado por agentes não alvos (outras plantas, partículas do ar, etc). Uma
vez atingindo o alvo pode sofrer evaporação. Depois, pode ainda sofrer secagem, ser refletido
no momento do impacto, além de poder ser retido e/ou espalhado sobre o alvo. No processo de
movimento para dentro da planta (absorção) ou do solo, ele pode ser redistribuído no interior
ou sofrer ações das intempéries internas. No interior do alvo, pode sofrer absorção por
organelas não alvos, serem adsorvidos, ou serem degradados. Após todas estas perdas, parte
do produto, chega à reação bioquímica ou biofísica de interesse e exerce seu papel que é seu
efeito biológico.

Combinação e Integração de Métodos


Conceito de Métodos Integrados

Sistema Agrícola (MIC)

Planta Daninha como praga (MIP)

Planta Daninha isolada (MIPD)

Planta Daninha dentro de um sistema agrícola – cultura (MIC) – são métodos


integrados adotados para o controle de plantas daninhas como sendo parte de um sistema
agrícola como um todo. Exemplo: adotar um espaçamento menor no plantio de uma variedade
bem escolhida, visando, além do aumento de produção, um auxílio no controle de pragas,
inclusive das plantas daninhas.
Planta Daninha como praga da lavoura (MIP) – neste caso se refere a aplicação de um
conjunto de métodos integrados visando, além do controle de insetos e doenças, também as
32

plantas daninhas. Exemplo: controlar algumas espécies conhecidas como hospedeiras de


insetos pragas, visando o controle do inseto e da própria planta daninha.
Planta Daninha isolada (MIPD) – neste caso se refere aos métodos de controles
associados para o manejo da planta daninha.
Muitas vezes a utilização de um único método de controle não é suficiente para
resolver o problema de infestação das plantas daninhas. Um único método de combate pode
também não ser o mais econômico.
Em vista disto procura-se, cada vez mais, combinar diferentes métodos,
integrando-os a outras práticas de conservação de solo e controle de pragas e doenças. Os
objetivos são evidentes: aumentar a eficácia, reduzir custos, preservar o ambiente (eficiência).
As combinações possíveis são as mais variadas, dependendo: das lavouras, das
espécies de plantas daninhas, das características do solo, da disponibilidade de mão-de-obra,
de máquinas e implementos disponíveis, de herbicidas, tempo, etc.
Uma simples redução na dose de um herbicida, pode ainda ser suficiente para um bom
controle, aumentando inclusive a segurança à cultura. Porém, qualquer erro de cálculo ou
manuseio do produto pode, fazer com que o agricultor não tenha um bom controle. A
associação de métodos, como exemplo cobertura no plantio direto, escolha correta do estádio
de desenvolvimento, podem minimizar os riscos de insucesso.
Em função de todos estes fatores, e de outros, não existe uma fórmula fixa ou
padronizada de controle integrado, podendo optar, por vezes, entre dois ou mais
conjuntos de práticas para solucionar determinado problema de plantas daninhas.
Exemplos:
Primeiro: uma lavoura de soja (Glycine max) em área infestada com diferentes
espécies de plantas daninhas, o controle poderá ser realizado de diferentes maneiras:
1. cultivo prévio com gradagens e a aplicação de um herbicida incorporado
(PPI), utilizando um espaçamento normal para a cultura, seja, 50cm.
2. utilizar o mesmo cultivo inicial, aplicar um herbicida em PPI, em dose reduzida,
usando um espaçamento menor entre linhas da cultura.
3. utilizar o mesmo cultivo inicial, plantar a cultura num espaçamento menor, e usar
um herbicida de PRE.
4. uso do sistema de plantio direto (melhor, semeadura direta), com aplicação de
herbicidas de POS, em mistura com herbicida residual (=PRE).
33

5. Preparo prévio do solo, como anteriormente, com gradagens, semear num


espaçamento reduzido e, condicionar o uso de um herbicida de POS, à intensidade da
infestação de plantas daninhas e à época de seu surgimento dentro do ciclo da cultura.
As mesmas práticas, ou combinações, podem ser utilizadas em outras lavouras de
porte semelhante, como amendoim (Arachis hypogea), feijão (Phaseolus vulgaris) e
algodão (Gossypium hirsutum).
Segundo: em uma lavoura de milho (Zea mays):
1. pode-se utilizar o cultivo mecanizado prévio em áreas de grande infestação de
gramíneas, complementando o controle com herbicidas seletivos, como triazinas, em PRE.
2. pode-se aplicar herbicidas em PRE, em faixas de 40 a 50cm de largura sobre as
linhas de semeadura, deixando-se faixas centrais das entrelinhas para cultivo mecanizado,
concomitante ou posterior, (manual ou tratorizado).
Este exemplo se aplica bem à lavouras de cana-de-açúcar ou, outra que apresente
espaçamento de 1,00m ou mais entre as linhas.
3. aplicação de PRE em área total, complementada com catação com enxada ou
com herbicida em POS, aplicado com pulverizador costal.
4. plantio de outras culturas de ciclo curto intercaladas, como o feijão, amendoim e
arroz. O controle das plantas daninhas se torna menos oneroso.
Terceiro: uma lavoura de arroz (Oryza sativa):
1. cultivo prévio com gradagens, antes da semeadura, associando ao uso do lençol
de água.
2. cultivo prévio com gradagens, aplicando herbicida à base de propanil, em POS,
antes da entrada da água.
3. cultivo prévio com gradagens, aplicando herbicida à base de molinate na água pelo
sistema pinga-pinga.
4. cultivo prévio com gradagens, entrada da água até 5cm, plantio de mudas de arroz
dentro da água, elevando o nível aos poucos, com o crescimento da cultura.

Quarto: em lavouras perenes:


1. capina manual na "saia" associada à herbicidas de POS na entrelinha, ou sistema
mecanizado que permite a formação de cobertura morta.
2. plantio de outras culturas intercalares, à semelhança do que foi visto anteriormente
34

para lavouras com espaçamentos maiores.

Diferenças entre métodos convencionais e métodos integrados de manejo

Convencional Integrado

Objetivo Final Maximizar produção e lucro Otimizar produtividade a longo tempo

Objetivo Específico Controlar 100% a planta daninha das Manter planta daninha a nível abaixo
culturas da competitividade

Métodos Uso de um ou dois métodos mais fáceis Relação dinâmica entre p.d. X cultura;
e efetivos para a cultura Balanço do melhor método para o
sistema agrícola.
Emprego de cultivos convencionais; Emprego de cultivo mínimo;
Emprego de dose completa de Emprego de práticas agrícolas para
Ação herbicida aumentar habilidade competitiva
Quase perfeita eliminação de Redução de pressão de planta daninha
Meta pl.daninha Ótima lucratividade agrícola
Alta produção
Aplicação Aplicação total Necessita adaptação para locais
específicos

ALELOPATIA PLANTA X PLANTA

Conceito:
Alelopatia se refere à interações bioquímicas entre todo tipo de planta, incluindo
microorganismos. Isto inclui: ação inibitória e ação estimulatória.
O termo alelopatia foi primeiro descrito por Molish em 1937. Porém, a observação de
alelopatia na agricultura data do século V a. C.
Hoje o termo alelopatia que é derivado do grego se refere à " efeito detrimental entre
dois indivíduos" (de um sobre o outro) tem outro sentido, podendo ser inibitório ou
estimulatório.
35

Os seres vivos vivem em comunidades dinâmicas cuja constituição é definida por


fatores físicos, químicos, e por interações que entre eles se estabelecem.
Estas interações se desencadeiam entre os indivíduos da comunidade que é dado o
nome de Interferência. Este têrmo é diferenciado em:
Alelospolia - ou competição, retiram do meio elementos tais como água, nutrientes e
luz, baixando o seu teor a níveis que prejudicam o desenvolvimento normal de outros
componentes da comunidade.
Alelopatia - introdução de substâncias químicas por eles elaboradas que afetam
outros componentes da comunidade.
Alelomediação - ou interferência indireta, que alteram o ambiente físico ou biológico
com reflexos nos elementos da comunidade.
As substâncias químicas liberadas no meio (substâncias alelopáticas) são também
denominadas de aleloquímicos.
Em relação aos químicos entre agentes doador (que libera as substâncias) e receptor
(que é afetado pelas substâncias), aparecem os termos apropriados:
Antibiótico - para as substâncias produzidas por microorganismos e que afetam
outros microorganismos.
Marasminos - produzidas pelas plantas superiores e que afetam microorganismos.
Fitoncidas - elaboradas pelos microorganismos e que afetam plantas superiores.
Colinos - elaboradas por plantas superiores e que afetam plantas superiores.

colinos
PLANTAS SUPERIORES → → → PLANTAS SUPERIORES
fitoncidas   marasminos
 antibióticos 
MICROORGANISMOS    MICROORGANISMOS

Estas toxinas alçam o meio ambiente de várias formas:


1. Exsudação (processo ativo=depende de energia) e difusão (processo
passivo) pelas raízes.
Ex.: ácidos fenólicos liberados pelas raízes do arroz e podem inibir o
36

desenvolvimento do próprio arroz.


solução de exsudatos de raiz de sorgo (sorgoleone) - inibe crescimento
de carurú.
2. Lixiviação pela água da chuva.
Ex.: monoterpenos lixiviados da folha do eucalipto.
3. Volatilização
Ex.: terpenos volatilizados pelo gênero Salvia.
4. Decomposição química de resíduos vegetais.
Ex.: vários aleloquímicos liberados ao solo pela decomposição de folha de
trigo, ou, decomposição palha de centeio - inibe crescimento de mostarda
silvestre.
5. Decomposição de resíduos pelos microorganismos.
Ex.: idem ao 4.
6. Substâncias produzidas por organismos que se desenvolvem em restos
vegetais. Ex. Streptomyces que se desenvolve em palhada de trigo, produz
patulina (aleloquímico).

Alelopatia na agricultura
Exemplos:
1. Palha de trigo em decomposição - afeta crescimento de várias plantas.
2. Extratos aquosos de palha de arroz - afeta crescimento do arroz. Máximo efeito ocorre no
1º mês de decomposição.
3. Palhas de arroz em decomposição - inibem crescimento de Rhizobium (responsável pela
fixação do N), prejudicando desenvolvimento da soja plantada após o arroz.
4. Extrato aquoso de sorgo - inibe crescimento de sorgo em solo arenoso, mas não em solo
argiloso.
5. Adição de Aspergillus ou Trichoderma viride eliminaram o efeito do extrato aquoso.
Conclusão: microflora do solo pode detoxificar certos aleloquímicos (veja ítens 4 e 5)
6. Estímulo de crescimento: Alfafa picada no solo estimula crescimento de tomate. Produto =
triacontanol.
Outros exemplos de ordem prática:
1. Palhas ou a própria planta de centeio controla com eficiência as espécies picão preto e
37

picão branco, infestantes da soja plantada em sucessão. Isso basicamente devido ao


produto BOA (benzoxazolinona) contido no centeio.
2. A planta de sorgo plantada anteriormente à soja, pode causar problemas sobre a soja
porém, controla algumas espécies de plantas daninhas, como picão branco, poaia. Isto
devido ao produto denominado sorgoleone.
3. A casca de café se retornada à lavoura poderá reduzir a vida útil do cafeeiro em função do
acúmulo de cafeína do solo com o passar do tempo.
4. Injúria na alface causada por sorgo:

# pl sorgo/vaso p.s. sorgo/vaso (mg) Injúria alface (%)


0 0 0c
1 57 50 b
2 148 58 ab
4 250 71 ab
8 608 a

5. Ação do sorgo sobre plantas daninhas:

Cobertura do solo (%)


35
pé de galinha

belodroega

corda de violo
apaga fogo
5
caruru

# pl sorgo/m2
38

Metabolismo primário X secundário

Metabólitos secundários eram considerados como produtos dispensáveis à vida da


planta. Hoje, sabe-se que estes têm a mesma importância dos metabólitos primários.
Metabólitos primários = se referem aos primeiros produtos sintetizados num
determinado ciclo metabólito da planta. Ex: PEP (phosphoenolpyruvate) e E-4-P (erytrose-4-
phosphate). DAHP (deoxi-arabino-heptulose phosphate). Metabolitos secundários = produtos
originados a partir dos primários dentro daquele ciclo metabólico. Ex: DAHP (deoxi-arabino-
heptulose phosphate) (PEP+E-4-P).
Os produtos secundários hoje, pode-se dizer, que constituem o "sistema imunológico"
das plantas.
Metabolismo Primário: Responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento.
Metabolismo Secundário: Responsáveis pela interação da planta com o meio.

Fatores que determinam eficiência dos aleloquímicos

1. Teor de material húmico no solo - Ex.: adsorve ácido tânico.


2. Teor de argila - algum teor de argila é necessário para reter aleloquímicos a nível mínimo,
cumulativamente.
3. Decomposição abiótica ou por microorganismos - para que se acumule a nível tóxico é
necessário que o aleloquímico não se decompõe à uma forma não tóxica. Ou, ao
contrário, se decompõe a uma forma tóxica. Ex.: hidrojuglone (presente em nogueira) →
juglone , florizin (presente em macieira) → compostos fenólicos
4. Interações entre aleloquímicos - efeitos aditivos ou sinérgicos normalmente são
necessários
no campo para que se observe efeitos alelopáticos, pois, todos estão em concentrações
abaixo do mínimo necessário para uma ação eficiente. Ex.: derivados do ácido cinâmico +
ácidos benzóicos; hidroxibenzaldeído + cumarina.
39

5. Interações entre aleloquímicos e ambiente.

Mei
Meio ambiente Aleloquímico

Efeito no crescimento

Esquema acima: o meio ambiente afeta a produção de aleloquímicos na planta; a quantidade


de aleloquímico estimulada pelo meio ambiente afeta mais o crescimento de outro organismo;
mas, o próprio meio ambiente interfere na ação do aleloquímico que ele mesmo produziu.

Natureza dos aleloquímicos

Vários autores sugeriram no passado que estas substâncias, produzidas pelo


metabolismo secundário, eram consideradas como resíduos e armazenadas no vacúolo da
célula para evitar a autotoxicidade da própria célula. Na seqüência, que estas substâncias
eram armazenadas no vacúolo e que a célula se serviria delas somente quando necessário.
Estas teorias hoje são consideradas ultrapassadas e que os aleloquímicos são
produzidos com finalidades específicas.
Conhece-se atualmente cerca de 10.000 produtos secundários. Supõe-se porém que
este número ultrapasse os 100.000 (incluindo os não conhecidos)
São agrupados em classes de diferentes formas. Uma delas será apresentada a
seguir:
1. Gases tóxicos
Glicosídeos cianogênicos, tais como amigdalina, durrina, linamarina, por hidrólise
produzem HCN (ácido cianídrico). Ex. durrina em sorgo produz hidroxibenzaldeído +
40

HCN. HCN inibe germinação de sementes e crescimento radicular de várias plantas.


Amônia (NH3) é produzida durante a germinação da beterraba e é tóxica para várias
plantas.
2. Ácidos orgânicos e aldeídos
O ácido tricarboxílico presente no sorgo é responsável pela toxicidade de seus
resíduos à algumas espécies que lhe seguem.
Os ácidos simples alifáticos (acético, propiônico, etc) formam-se quando da
decomposição anaeróbica de resíduos vegetais no solo, impedem germinação de sementes.
Estudos em andamento indicam que os ácidos alifáticos ou produtos deles derivados têm
características herbicidas.
3. Ácidos aromáticos
Derivados do ácido cinâmico e do ácido benzóico são conhecidos pelas suas ações
alelopáticas: derivados do ácido cinâmico, clorogênico, p-cumárico, ferúlico, cafeico;
derivados do ác. benzóico, p-hidroxibenzóico, seríngico, vanílico.
Todos estes liberados no solo quando da decomposição de resíduos vegetais,
principalmente de trigo, milho, sorgo e aveia.
4. Lactonas simples insaturadas
Derivadas dos acetatos são potentes inibidoras de germinação de sementes. Ex.
ácido parasórbico impede germinação de mentruz (Lepidium sp). Patulina produzida por
Penicillium urticae que se desenvolve em resíduos de trigo e impede o desenvolvimento
do milho.
5. Cumarinas
Esculina, escopoletina, psoraleno.
6. Quinonas
Juglona - uma das primeiras substâncias estudadas como alelopática, encontrada
em casca de nogueira (Juglans nigra).
Sorgoleone - encontrada no sorgo com grande ação alelopática.
7. Flavonóides
A florizina - encontrada em raízes de macieira (Malus domestica) é tida como
inibidora de crescimento de várias espécies.
8. Alcalóides - ex. cocaína, cafeína, quinina, estriquinina.
São compostos cíclicos com N em sua cadeia. Muito comuns em sementes de fumo,
41

café e cacau.
9. Terpenóides e esteróides
Monoterpenóides são constituintes dos óleos essenciais de muitas espécies. Ex.
gêneros Salvia, Eucalyptus, Artemisia e Cyperus.
Vários quimiotipos, termo usado para classificar indivíduos dentro da mesma
espécie de tiririca que apresentam concentrações variadas de sesquiterpenos em seus
óleos essenciais, apresentam variações de agressividade sobre as culturas, em função do
ambiente em que elas se desenvolvem.

Mecanismo de ação de aleloquímicos

Não existe nenhuma equação simples que explique a ação de um aleloquímico que
causa inibição de crescimento de plantas. São vários compostos atuando nas mais diversas
reações da planta que fatalmente agem em conjunto sobre várias reações ao mesmo tempo.
Com isto, torna-se difícil identificar o principal ou único mecanismo de ação de um
aleloquímico.

HERBICIDAS

Introdução
Herbicidas - são compostos químicos que quando aplicados às plantas em
concentrações convenientes, tanto sobre as folhas como na parte subterrânea, matam ou
inibem o seu crescimento normal.
O uso de herbicidas deve visar: controle eficiente das plantas daninhas, mínimo de
fitotoxicidade sobre a cultura, mínimo de agressividade ao meio ambiente, mínimo de
toxicidade aos animais e ser econômico.
Grupos mais modernos de herbicidas como imidazolinonas e sulfoniluréias são
aplicados em doses reduzidas, normalmente menos que 150 g/ha. Apresentam a grande
vantagem de agredir menos o meio ambiente porém, o agricultor está mais sujeito a insucesso
devido ao fato de que pequenos erros podem levar ao prejuízo de não controle (erro para
42

menos na dose) ou dano à cultura (erro para mais na dose).

Vantagens do uso de herbicidas


1. Controlar praticamente todas as espécies.
2. Podem ser usados em épocas chuvosas quando outros métodos (cultivador, grade,
roçadeira) não seriam possíveis ou pouco eficazes.
3. Permite uma melhor distribuição das operações de plantio – processo mais rápido
além de permitir controle mais tarde (POS)
4. Reduzem os tratos culturais que normalmente danificam as raízes.
5. Permite plantio com espaçamentos menores quando estes são baseados na largura
do
implemento de capina – cuidado com competição intraespecífica.
6. Operação mais rápida permitindo bom controle em lavouras grandes.

Desvantagens do uso de herbicidas


1. Agressividade ao meio ambiente
2. Necessita de conhecimento de tecnologia de aplicação
3. Toxicidade para o homem

Classificação fisiológica dos herbicidas

Dois grandes grupos: Seletivos e não seletivos


Seletivos - são aqueles que, quando aplicados sobre uma população de plantas, são
capazes de agirem somente sobre um número determinado de espécies. Ex.: 2,4-D age sobre
espécies de folhas largas; trifluralin age sobre espécies de folhas estreitas.
Não seletivos - são aqueles que, quando aplicados sobre as plantas agem sobre todas as
espécies. Ex.: glyphosate.
Tanto os seletivos como os não seletivos apresentam seletividade relativa.
Ex.: Trifluralin , considerado herbicida graminicida, também controla certas espécies
de folhas largas, como caruru (Amaranthus hibridus), enquanto que o glyphosate, considerado
como herbicida de não seletivo, não controla bem trapoeraba (Commelina benghalensis).
43

Também, tanto os seletivos como os não seletivos podem ser: de translocação e de


contato.
De translocação - também chamados "sistêmicos", são aqueles que aplicados à
planta em um determinado ponto, são absorvidos e translocados, indo exercer sua ação
fitotóxica em locais distantes do ponto de aplicação. São ainda classificados em:
1. de translocação apoplástica - quando aplicados às raízes, e se
transportados via xilema, até as folhas. Ex.: diuron.
2. de translocação simplástica - são os aplicados às partes verdes (folhas,
ramos novos) entram e se translocam para as demais partes das planta. Ex.: clethodin.
3. de translocação apo-simplástica - são aqueles que tanto translocam no
apoplasto como no simplasto. Quando translocam no simplasto (juntamente com a seiva
orgânica) chegam às raízes e podem ser reabsorvidos translocando apoplasticamente. Ex.:
dalapon.
4. de translocação simplástica restrita - são aqueles predominantemente de
translocação simplástica mas, por motivos diversos (alta toxicidade do produto, alteração do
pH do floema, etc.) saem do simplasto e seguem apoplasticamente junto com a corrente
transpiratória.

Ex.: 2,4-D
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Célula do Floema (simplasto)

mais alto pH (7,5)


Espaço intercelular (apoplasto)
mais baixo pH (5,5)

atravessa membrana

COOH → → → → → COOH

 

   COO-
COO- não atravessa membrana

Qualquer alteração de pH no interior ou exterior do floema, 2,4-D pode ir para o


apoplasto.
De contato - quando aplicados à planta exercem sua função no próprio local de
aplicação. Ex.: óleos minerais, dinitrofenois, paraquat.

Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação

Herbicidas de pós-emergência (PoE).


São aplicados sobre as plantas invasoras já emergidas do solo. Normalmente são de
translocação simplástica, apo-simplástica ou simplástica restrita. São mais eficientemente
absorvidos pelas folhas, sendo que muitos deles perdem sua ação se aplicados ao solo
(adsorvidos pelos coloides) . Dentro deste grupo existe ainda uma variação: os chamados de
pós-emergência inicial (ou pós-emergência precoce) e os de pós-emergência tardia.
Os de pós-emergência inicial são mais eficientes quando aplicados sobre as plantas
invasoras logo após a emergência do solo (poucos dias após a emergência). Os de pós-
emergência tardia normalmente podem também ser aplicados logo após a emergência.
Porém, podem ser aplicados sobre as invasoras num estádio de desenvolvimento mais
avançado. Torna-se mais vantajosos pois, dão chances de um maior número de sementes
germinarem e assim controlá-las em uma única aplicação.
45

Os herbicidas de pós-emergência precoce normalmente têm efeitos em pré-emergência,


ou seja, são também eficientemente absorvidos pelas raízes das plantas.
Vantagens de herbicidas de pós-emergência
1. Escolha correta do produto para controlar aquelas espécies emergidas.
2. Economia de produto usando doses e pulverizando áreas de acordo com a
infestação.
- usando doses: para plantas invasoras menores e espécies mais susceptíveis usa-se
doses menores.
- pulverizando áreas: somente aplica onde a infestação é densa, e não necessariamente
em toda a área.
3. Permite melhor distribuição das operações por ocasião do plantio.
É importante o conhecimento do período crítico de competição para se saber quando
iniciar o controle com herbicidas de pós-emergência. Baseado neste conhecimento, pode-se
escolher entre herbicidas de pós-emergência inicial ou tardia.
4. Evita movimento de trator sobre o solo recém preparado.
O movimento de máquinas sobre um solo arado e gradeado causa maior compactação.
5. Menor agressividade ao meio ambiente. Observando a vantagem 2, pode-se
aplicar menor quantidade do produto tanto em área, no caso de infestação desuniforme,
como em dose, no caso de invasoras de porte menor.
6. Produção de matéria seca
Desvantagens de herbicidas de pós-emergência
1. Efeito "guarda-chuva"
Após o desenvolvimento inicial, poderá haver uma proteção de muitas espécies de
invasoras pela própria folhagem da cultura, impedindo que todo o herbicida pulverizado
alcance as invasoras.
2. Sujeito à ação da chuva.
Todos os herbicidas necessitam de um certo tempo de permanência sobre as folhas
para penetração. A ação das chuvas logo após uma pulverização poderá lavar estes produtos
para o solo.
3. Cultura cresce junto com a invasora
Exigindo assim conhecimento do período crítico de competição de várias espécies de
invasoras além da exigência para o início do controle.
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4. Pouco efeito residual


Cultura com pouca capacidade competitiva e/ou a aplicação feita em época
adequada para germinação das invasoras, haverá necessidade de repetição do tratamento
devido a reinfestação.

Herbicidas de pré-emergência (PE)


São aplicados sobre o solo antes da emergência das invasoras. Normalmente são de
translocação apoplástica. São mais eficientemente absorvidos pelas raízes e radículas ou
hipocótilos. Aqueles que são absorvidos pelas raízes podem ser aplicados após a emergência
da invasora, desde que haja área de solo descoberto para que o produto atinja o solo,
penetra no solo e seja absorvido pelas raízes, controlando a planta após a emergência. Neste
caso estes produtos podem ser classificados como de pré-emergência uma vez que sua
absorção pelas folhas é restrita. Dentro deste grupo, pode-se ter ainda: os de pré-emergência
pós plantio (PE) e os de pré-emergência pré plantio (PPI)
Os de pré-emergência pós plantio são aplicados logo após a operação de plantio da
cultura, porém, antes da emergência tanto da invasoras como da cultura. São normalmente
denominados de pré-emergência apenas.
Vantagens dos herbicidas de pré-emergência
1. Apresentam um efeito residual (ação biológica mais longa) no solo, mantendo as
invasoras sob controle por um período mais longo, dando oportunidade à cultura de se
desenvolver e competir mais eficientemente.
2. Eliminam as invasoras logo no início não dependendo do conhecimento de
período crítico de competição para se iniciar o controle.
3. Menos sujeitos à ação das chuvas após a aplicação. É necessário sempre que a
aplicação seja feito sobre solo úmido (com exceções).
4. Dependendo do tempo disponível, a operação é feita quando todas as máquinas,
equipamentos e mão-de-obra estão em atividades ligadas à pulverização.

Desvantagens dos herbicidas de pré-emergência


1. Devido à desuniformidade de infestação na área poderá acontecer pulverizações
em áreas de pouca ou nenhuma infestação, com gasto excessivo de produto.
2. Exige maior conhecimento das características físico-químicas do solo.
47

3. Exige conhecimento prévio das espécies invasoras para melhor escolha do


produto.
4. Exigem certa umidade no solo.
Os de pré-emergência pré plantio são aplicados antes do plantio da cultura. Isto se
faz necessário uma vez que esta classe de herbicidas deve ser incorporada ao solo logo
após a aplicação e esta operação geralmente é feita com grade ou enxada rotativa. A
necessidade da incorporação é devida à alta volatilidade destes produtos bem como a sua
sensibilidade à luz solar. O termo PPI é justamente para expressar pré plantio incorporado.
5. Exige solo muito bem preparado, destorroado.
Vantagens dos herbicidas PPI
As vantagens são as mesmas apresentadas para os herbicidas de pré-emergência pós
plantio. Uma vantagem particular dos que apresentam alta volatilização é que não necessitam
de umidade do solo para serem aplicados.
Desvantagens em relação aos PE
1. Maior volatilidade e/ou fotosensível sendo portanto mais sujeitas às perdas.
2. Exigem uma operação a mais (incorporação) nas suas aplicações.
Esta última desvantagem tem levado os fabricantes a desenvolverem novas
técnicas para se evitar este problema.
Várias derivadas de modo de aplicação dos herbicidas podem ser consideradas, tais
como:
Pre - pré semeadura (Ex. beterraba)
PreT - pré transplante
PósT - pós total ou pós transplante
PósD - pós dirigido
AP - aplique plante

Classificação dos herbicidas quanto ao modo de aplicação


→ Aplicação em faixa.
Esta modalidade de aplicação é mais aconselhada para culturas plantadas em linha e
com espaçamentos maiores.
Aplicação em faixa normalmente, pulveriza-se sobre a linha (principalmente para os
herbicidas de pré-emergência) e/ou aplica-se outro método ou outra época nas entrelinhas.
48

Apresenta três grandes vantagens:


1. economia de herbicidas,
2. consequentemente menor agressividade ao meio ambiente e
3. evita danos às raízes devido à operações mecânicas.
→ Aplicação em área total
Neste caso faz-se uma pulverização na área contínua. No caso de culturas com
espaçamentos menores torna-se difícil uma aplicação em faixa.
A vantagem desta modalidade é que uma vez aplicado, não há necessidade de voltar
com outro método ou voltar em outra época para completar a operação de controle.
→ Aplicação em jato dirigido
Pós-emergência , evitando que atinja a cultura. Têm a vantagem de poderem ser
aplicados inclusive herbicidas não seletivos (Cana).
→ Aplicação em reboleiras
É uma pulverização de pós-emergência em que se faz uma "catação" das invasoras.
Muito comum para controle em pastagens ou em áreas com infestação desuniforme.
Vantagens: economia de produto e mão de obra.
→ Pulverização de toco
Este tipo de controle é feito para a eliminação de árvores ou arbustos onde se corta
mecanicamente a planta e pulveriza o herbicida para evitar brotações.
Geralmente usa-se herbicidas de translocação veiculado em óleo.
→ Pincelamento no toco
Semelhante a pulverização no toco, porém, pincela-se em vez de pulverizar o toco.
→ Aplicação na água
A aplicação de herbicidas em água apresenta várias modalidades:
1. Tratamento de espécies aquáticas - vários são os métodos de controle de invasoras
aquáticas. Por exemplo, pulverização em pós-emergência de invasoras emergentes ou
flutuantes, tratamento de água para controle de submersas e planktons.
2. Aplicação ao canal de irrigação - neste caso usa-se a própria água de irrigação para
controlar as invasoras de uma cultura inundada. Ex.. pinga-pinga
3. "benzedura" - usa-se a própria embalagem ou outro recipiente e através jatos
descontínuos, aplica o produto na água de inundação.
4. Pulverização sobre a água - semelhante ao tratamento de canal, porém, pulveriza-se
49

sobre a água já na lavoura, com o auxílio de um barco no caso de lagos mais profundos.
5. Aplicação aérea (por avião).

Classificação química dos herbicidas


O grupo químico confere ao herbicida características específicas referente à ação,
seletividade, absorção, translocação, etc. Além do núcleo da molécula, que confere as
principais características do grupo principalmente em termos de mecanismo de ação, estão os
radicais que conferem características mais peculiares dentro do grupo como estabilidade,
absorção e translocação na planta, etc. Exemplos: dentro do grupo das anilidas tem-se o
propanil com características bem diferentes do alachlor; as diversas formulações moleculares
do glyphosate confere ao produto características diferentes entre cada produto comercial.
Estes grupos foram, com o tempo, recebendo denominações cada vez mais específicas
em função das características da molécula, principalmente, visando modo de ação e
seletividade. Exemplo: difenileteres x fenoxi-fenoxi x ariloxifenoxipropionato: estes tres
grupos, embora com certa semelhança entre elas, apresentam comportamentos bastante
diferentes.
Absorção - a absorção dos herbicidas pelas plantas pode acontecer pelas raízes,
hipocótilo, ou pelas folhas, ou ambos, embora exista sempre uma predominância por uma ou
outra via.
Translocação - em muitos casos a translocação pode ser pelas duas vias (apoplástica,
simplástica).
Os exemplos de nomes comerciais aqui citados são usados apenas para fins
didáticos e foram aleatoriamente escolhidos dentro do grupo.
A forma da classificação química apresentada seguirá o seguinte roteiro:

Grupo químico:
Fórmula estrutural (do núcleo da molécula, sem radicais)
Exemplo (s) (de nomes técnicos)
Época de aplicação (PoE, PE, PPI)
Absorção (via radicular, foliar)
Translocação (apoplástica, simplástica, etc)
Modo de ação (ação fisiológica sobre a planta)
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Grupo Químico: Ácidos benzóicos


COOH

Exemplo: dicamba (Banvel)


Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: folhas, raízes
Translocação: apoplástica, simplástica
Modo de ação - semelhante às auxinas naturais

Grupo químico: Fenóxicos


O

Exemplo: 2,4-D (Aminol)


Época de aplicação: pós-emergência, pré-emergência
Absorção: foliar, radicular
Translocação: simplástica, apoplástica, simplástica restrita (sistêmico)
Modo de ação - idem aos benzóicos

Grupo Químico: Ácidos ftálicos


COOH

COOH
Exemplo: DCPA (Dacthal)
Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: reduzida
Translocação: reduzida (de contato)
Modo de ação - mata semente em germinação
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Grupo químico: aminoácidos


H2N - CH2 - COOH
Exemplo:
1) amonio-glufosinato (Finale)
Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: reduzida (de contato)
Modo de ação - destrui membrana celular, interfere no metabolismo da amônia.
2) Glyphosate (Roundup), sulfosate (Zapp)
Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: apo-simplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibe síntese de a.a. aromáticos

Grupo químico: anilidas


HN-COOH

Exemplo: acetochlor (Fist), alachlor (Laço), propanil (Stan)


Época de aplicação: pré-emergência, pós-emergência (propanil).
Absorção: radicular, foliar (propanil)
Translocação: apoplástica (sistêmico), reduzida (de contato - propanil)
Modo de ação - inibe crescimento celular (síntese das membranas)
Grupo químico: Ariloxifenoxipropionato

A-O -O-C-C
COOH
A = aril
Exemplo: fluazifop (Fusilade), haloxyfop (Verdict), propaquizafop (Shogun)
Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
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Translocação: apo-simplástica (sistêmico)


Modo de ação - inibe síntese de lipídeos
Grupo químico: Carbamatos
O
R-C
N-R
Exemplo: asulam (Asulox)
Época de aplicação - pós-emergência
Absorção - foliar
Translocação - simplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibe crescimento celular (destrui fusos)
Grupo químico: Ciclohexenonas
O

Exemplo: sethoxydin (Poast)


Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: aposimplástia (sistêmico)
Modo de ação - interfere na divisão celular dos meristemas

Grupo químico: Difenil-éteres

Ex.: acifluorfen (Blazer), fomesafen (Flex.), lactofen (Cobra)


Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: reduzida (de contato)
Modo de ação - destruem membranas celulares
Grupo químico: Dinitroanilinas

H2N

O 2N NO
2
53

Exemplo: trifluralin (Treflan), pendimethalin (Herbadox), oryzalin (Surflan)


Época de aplicação: PPI (trifluralin, pendimethalin), pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: reduzida
Modo de ação - inibem divisão celular

Grupo químico: Dipiridilos

+N N+

Exemplo: paraquat (Gramoxone), diquat (Reglone).


Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: restrita (de contato)
Modo de ação - destruição de membranas celulares

Grupo químico: Fenoxi-fenoxi

O O

Exemplo: diclofop (Iloxan)


Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar
Translocação: apo-simplástica
Modo de ação - inibem crescimento celular (bombeamento de H para
fora da célula)

Grupo químico: Imidazolinonas

N
O
N NH
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Exemplos: imazapyr (Arsenal), imazaquin (Scepter), imazethapyr (Pivot)


Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem síntese de a.a. alifáticos

Grupo químico: Isoxazolidinonas


O
CH3 N

CH3
O
Exemplo: clomazone (Gamit)
Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem síntese de carotenóides

Grupo químico: Sulfonamida

NHSO2

Exemplo: flumetsulan (Scorpion)


Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica
Modo de ação - inibem síntese de a.a. alifáticos

Grupo químico: Sulfoniluréias


O

N-C-N-SO
2
Exemplo: chlorimuron (Classic), halosulfuron (Sempra),
nicosulfuron (Sanson), pirasosulfuron (Sirius)
55

Época de aplicação: pós-emergência


Absorção: radicular, foliar
Translocação: apo-simplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem síntese de a.a. alifáticos

Grupo químico: Tiocarbamatos


O
S-C
N-R
Exemplos: butylate (Sutan), EPTC (Eptam)
Época de aplicação: PPI
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem síntese de lipídeos
Grupo químico: Tiodiazinas

N
S
N
Exemplo: bentazon (Basagran), dazomet (Basamid)
Época de aplicação: pós-emergência
Absorção: foliar (bentazon), radicular (dazomet)
Translocação: reduzida (de contato)
Modo de ação - inibem fotossíntese

Grupo químico: as-triazinas


N N

N
Exemplo: metribuzin (Sencor)
Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem fotossíntese
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Grupo químico: s-triazinas


1) clorotriazina
N Cl

N N

N SCH3

N N
2) metiltiotriazina

3) metoxitriazina

N OCH3

N N
Exemplo: 1) simazine (Gesatop) 2) ametryn (Gesapax) 3) prometone (Primatol)
Época de aplicação: 1) Pré-emergência, 2) Pré-emergência, 3) Pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem fotossíntese
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Grupo químico: Uracilas


N

O
Exemplo: bromacil (Hyvar), terbacil (Sinbar)
Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica (sistêmico)
Modo de ação - inibem fotossíntese

Grupo químico: Uréias


O

N-C-N
Exemplo: diuron (Karmex)
Época de aplicação: pré-emergência
Absorção: radicular
Translocação: apoplástica
Modo de ação - inibem fotossíntese

MOVIMENTO, DEGRADAÇÃO E INATIVAÇÃO DOS HERBICIDAS


NO AMBIENTE

Movimento e degradação no solo:


Neste caso, refere-se à produtos de aplicação em pré-emergência, ou seja,
produtos que atingem o ambiente solo e aí inicia a perda.
O banco de sementes de invasoras numa determinada área do solo é composta de
sementes grandes e pequenas das várias espécies. As sementes menores permanecem mais na
superfície e como esta camada aquece primeiro, estas sementes germinam antes que aquelas
situadas a maior profundidade.
Estas últimas germinam mais tarde assim que o calor e umidade atingirem tais
camadas do solo.
58

Assim deve-se dispor do herbicida no local adequado do perfil do solo, na ocasião


apropriada. Os herbicidas penetram no perfil do solo até sua posição apropriada, juntamente
com a chuva, irrigação, por incorporação mecânica ou ainda por difusão gasosa.
1. Incorporação mecânica: a incorporação mecânica implica em muitas variáveis
que podem acarretar numa distribuição desigual (equipamento inadequado, discos
regulados de forma inconveniente, velocidade de incorporação inadequada, etc.). Mesmo
para este sistema o produto ainda depende de alguma umidade para se integrarem na
solução do solo e serem absorvidos.
2. Movimento pela água: o movimento do herbicida pela água da chuva, depende do
índice pluviométrico, da solubilidade do produto em água, e da relação de
adsorção do solo/herbicida. Um herbicida com alta solubilidade (ex. metribuzin)
requer menor precipitação para penetrar o perfil do solo. O tempo de ocorrência
das chuvas é também importante para colocar o herbicida na localização
adequada para que possa controlar espécies de sementes mais profundas que
germinam mais tarde.
3. Movimento em forma de vapor: alguns herbicidas também se movimentam nos
poros do solo como gases (ex. EPTC).
O movimento dos herbicidas no solo pode ir além das zonas de concentração de
sementes: os teores de argila e matéria orgânica do solo são de suma importância para o
movimento dos herbicidas, tanto dentro da zona de concentração de sementes como para
fora desta.
Se perdem por: 1 - lixiviação, volatilização, percolação, lavagem horizontal
(movimento), 2 - fotodecomposição, degradação química, degradação microbiana e
absorção pelas plantas resistentes (degradação) e, 3 - adsorsão por coloides do solo
(inativação).
1. Movimento
1.1. Lixiviação
O movimento por lixiviação para fora da zona de maior concentração de sementes
depende de vários fatores: relação de adsorsão entre o solo e o herbicida, solubilidade do
herbicida em água e quantidade desta água.
1.2. Volatilização
O movimento por volatilização também depende da relação de adsorsão entre o
59

produto e o solo e pressão de vapor do herbicida. Este movimento de volatilização pode ser
tanto na forma de gases (alta pressão de vapor) e neste caso, o solo seco favorece a
volatilização. Também o movimento de codestilação, junto com a água em evaporação, pode
acontecer e neste caso depende de maior umidade e alta temperatura. Exemplo deste
último caso é a atrazine (com baixa pressão de vapor) e ainda se perde juntamente com a
água do solo em evaporação.
1.3. Percolação
Produtos são facilmente perdidos para as camadas mais profundas através de
macroporos do solo, juntamente com a água ou não. Em solos onde se pratica o sistema de
plantio direto, com alta concentração de minhocas, este processo de movimento de
herbicidas se torna mais importante.
1.4. Lavagem Horizontal
Em solos sujeitos à erosão laminar ou em solos onde o uso de herbicidas de pré-
emergência são usados por longo tempo, criando um filme impermeável à água, este
movimento é mais acentuado.
Normalmente o problema do movimento horizontal se agrava se acontecer próximo às
fontes de água.
2. Degradação
Vários fatores de solo e planta são responsáveis pela degradação de herbicidas
aplicados ao solo:
2.1. Fotodecomposição
Decomposição pela luz tem sido observado para muitos herbicidas (ex.
trifluralin). Este processo começa quando uma molécula absorve energia luminosa; isto
causa excitação eletrônica e pode resultar em quebra da molécula ou reações químicas.
Esta fotodegradação se dá principalmente com aqueles que absorvem luz na região
de UV(150-4000 A). Outras moléculas podem absorver dentro de um espectro e transferir a
energia para a molécula do herbicida, causando excitação eletrônica, degradando a
molécula. Processo este denominado "sensitisação". Assim, o comprimento de onda
efetivo pode estar fora do espectro de absorção do herbicida e ainda assim ser
fotodegradado.
Químicos aplicados na superfície do solo são fotodegradados especialmente se eles
permanecerem por um longo período sem chuva.
60

2.2 Degradação química


Decomposição química destrui alguns herbicidas e ativa outros. Decomposição
química envolve reações como oxidação, redução e hidrólises. Por exemplo 2,4-DB por
hidrólises se transforma no produto ativo 2,4-D. Enquanto alguns são ativados outros são
inativados: dalapon se transforma, também por hidrólise em metabólitos inativos.
Alguns casos de oxi-redução: clorotriazinas se oxida em hidroxitriazina.
Vale a pena ressaltar a influência dos fatores edafoclimáticos neste tipo de
degradação: normalmente, condições frio-seco fazem com que os herbicidas permaneçam
em atividade biológica por mais tempo.
Este processo de degradação ocorre no interior da planta de milho pela presença da
benzoxazolinona que tem a propriedade degradar a atrazina como processo de seletividade do
milho a este herbicida.

2.3. Absorção e degradação pelas plantas

A absorção com posterior degradação dos herbicidas pelas plantas resistentes ao


produto depende da capacidade de absorção da planta, capacidade de adsorsão do solo e da
umidade do solo.
O processo de absorção de um herbicida pelas raízes ou hipocótilos ocorre
segundo o processo normal de absorção de moléculas orgânicas e, no interior da planta, o
produto sofre degradações químicas perdendo sua atividade. Em muitas casos são também
inativados por adsorsão nas paredes celulares ou incorporadas em moléculas de lipídios.
2.4. Degradação por microorganismos
Os principais microorganismos do solo são: bactérias, fungos, actinomicetos e
algas. Todos estes requerem substâncias orgânicas como alimento.
Este é provavelmente o meio mais importante de degradação dos herbicidas no solo.
A velocidade de degradação depende muito do herbicida. Exemplo: chlorpropham
é atacado e degradado muito rapidamente enquanto que os ácidos benzóicos são mais
lentamente degradados.
Três fatores, além da molécula do herbicida, são importantes para a decomposição
microbiana: 1. Temperatura, 2. Umidade, 3. Teor de matéria orgânica.
Pelo fato do herbicida não fazer parte constituição do solo, é necessário um
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período de adaptação do microorganismo, antes que inicie a degradação. Após uma


adaptação pelos microorganismos, uma segunda aplicação sofre uma degradação mais rápida.
3. Inativação
Muitas vezes o herbicida não se movimenta nem é degradado no solo mas sim, se
torna inativo devido a adsorsão pelos coloides (argila e matéria orgânica).

Movimento, degradação e inativação no ar:


Trata-se aqui de perdas de herbicidas de aplicação em pós-emergência que se perdem
antes ou logo após atingirem as folhas das plantas daninhas (alvo).
1. Movimento
O mais comum de se perceber na prática são as perdas por movimento do produto
para fora do alvo.
1.1. Deriva
Em função do tamanho de gotas, velocidade de aplicação, velocidade do vento e
outros fatores, o produto se movimenta em uma direção tal que não atinge o alvo, no caso, a
planta daninha.
1.2. Volatilização
Em função da pressão de vapor da molécula o herbicida se volatiliza. Esta
volatilização pode ser de duas maneiras: a. antes de atingir o alvo - ou seja, no percurso entre
a saída do bico e as folhas das plantas daninhas. b. após atingir o alvo - ou seja, após a
deposição das gotículas sobre a folhagem o produto começa a se volatilizar.
1.3. Escorrimento
Ainda, após atingir as folhas, as gotículas se coalescem, formando gotas maiores
que escorrem para fora da folha. Neste caso, uma boa distribuição da gota, bem como
tamanho uniforme de gotas, se tornam fatores importantes para se evitar este tipo de perda.
1.4. Lavagem pela chuva
Também, após o herbicida se depositar na folha, corre-se o risco de chuva,
consequentemente a lavagem do produto para o solo.
1.5. Gotas que não atingem o alvo
Gotículas são desviadas para fora do alvo tanto pelo movimento da aplicação
como pela dimensão do alvo (folhagem) em relação as várias direções das gotículas.
2. Degradação
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Fotodecomposição e degradação química são exemplos de perdas de herbicidas


aplicados em pós-emergência.
4. Inativação - adsorção pela subperfície foliar, inativação por glândulas de gordura.

ABSORÇÃO E TRANSLOCAÇÃO DOS HERBICIDAS NAS PLANTAS

Quando um herbicida entra em contato com a planta, sua ação é influenciada pela
morfologia, anatomia e fisiologia daquela planta.
Absorção:
A natureza química do herbicida bem como natureza da superfície da planta (foliar e
radicular) são dois fatores a serem considerados na penetração do herbicida, assim que ele
entra em contato com a planta.

Absorção foliar:
A penetração de um herbicida na folha pode ser tanto pela superfície foliar como
pelos estômatos. Alguns vapores de herbicidas entram via estômatos mas, para a grande
maioria a rota mais importante de penetração é via superfície foliar.
O herbicida penetra na cutícula composta de: externamente cera, seguida por cutina,
pectina até a parede celular.
A localização da cutina e cera na cutícula foliar não é claramente distinta, mas sim
uma gradação contínua entre elas. A cera chega até a superfície da pectina e esta está em
contato com o plasmodesmata (apêndice do citoplasma que projeta pela parede celular e a
pectina). Existe portanto uma transição gradual de polaridade a partir da cera (não polar) até
a celulose (polar) da parede celular. Herbicidas hidrofílicos (sal sódico de 2,4-D;
glyphosate) têm maiores dificuldades de penetrarem na cera, porém, penetram mais
facilmente a medida que se aproxima da parede celular. Ao contrário, os herbicidas não
polares (hidrofóbicos) como por exemplo esteres de 2,4-D, haloxyfop-metil penetram mais
facilmente na cera da cutícula, e com mais dificuldade a medida que aproxima da parede
celular. Tudo isto é muito dependente da polaridade do herbicida, bem como condições de
hidratação da cutícula que irá favorecer um produto polar, se estiver hidratada, ou apolar, se
estiver menos hidratada. A penetração foliar é influenciada por:
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1) Surfactante: qualquer substância que coloca um herbicida mais em contato com a


superfície foliar favorece sua penetração por:
a) reduzir a tensão superficial proporcionando um maior contato com a folha e;
b) modificar substâncias cerosas da cutícula. Assim, herbicidas polares (de difícil
penetração nas ceras) penetram mais facilmente quando adicionados de surfactantes.
Um surfactante pode, em alguns casos, diminuir a seletividade de herbicidas, se a
seletividade for por absorção diferenciada.
2) Temperatura: a absorção é um processo químico que é acelerado em n vezes a
cada 10oC de aumento de temperatura (Q10). Portanto, como em surfactantes, a
seletividade pode ser influenciada pelo aumento de temperatura. Ex.: dinoseb.

Absorção radicular
Herbicidas aplicados ao solo são absorvidos via raiz, hipocótilo (folhas largas) ou
coleóptilo (gramíneas).
Alguns são absorvidos mais rapidamente (simazine) que outros (dalapon). Alguns
são absorvidos passivamente (diuron) e outros requerem energia para absorção (2,4-D).
Herbicidas entram na raiz por 3 rotas: apoplasto, simplasto, aposimplasto, para então
chegarem aos vasos condutores (xilema e floema) e serem translocados.
A rota apoplástica envolve penetração exclusivamente via parede celular, passando
pelas estrias de Caspary e chegando ao xilema. A rota simplástica envolve parede celular da
epiderme e então no protoplasto e através dos plasmodesmatas chega ao floema. A rota
aposimplástica envolve a penetração via paredes celulares até as estrias de Caspary, daí
penetram no protoplasma para atravessar as estrias de Caspary, saem novamente do interior
da célula e chegam ao xilema.
As propriedades físico-químicas de um herbicida determinam se ele segue uma ou
outra rota de entrada.
A raiz não contem cutícula, portanto não têm ceras, e a absorção de compostos polares
é mais fácil.
Esta penetração até os vasos condutores, constitui em uma translocação à curta
distância.
Absorção pelas plântulas: alguns herbicidas são absorvidos primariamente pelas plântulas
em desenvolvimento como por exemplo coleóptilo e mesocótilo.
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EPTC por exemplo é muito mais absorvido pelo capim arroz via mesocótilo do que via
raízes primárias.

Translocação (à longa distância)


O herbicida uma vez penetrou na planta, ele tem que ser translocado para o local de
ação que pode ser no meristema onde a divisão celular ocorre mais intensamente, ou na folha
onde ocorre fotossíntese.
A translocação é muito importante para o controle de invasoras perenes com
sistemas radiculares profundos. Se o produto for aplicado à folha (pós-emergência), a
translocação simplástica é a principal via; se for aplicado ao solo, a translocação
apoplástica passa a ser a mais importante. Existe ainda os de translocação apo-simplástica
que são aqueles herbicidas que têm capacidade de se translocarem por ambas as vias.
Ainda os de translocação simplástica restrita que são aqueles que preferencialmente se
translocam via floema mas que por danos mecânicos ou estresse destas células, ou
mesmo distúrbios fisiológicos, eles saem do floema e translocam nas células do xilema.
Translocação simplástica:
Quando aplicado às folhas, o herbicida segue o mesmo caminho do açúcar formado
pela fotossíntese. Estes movem de célula a célula via ectodesmata até atingirem o floema.
Movem então para o ponto de maior uso de açúcares como pontos de crescimento, folhas em
expansão, caules em crescimento, extremidades de raiz, frutos em desenvolvimento.
Translocação pelo floema envolve fluxo de massa de solução. Isto é devido a
diferença da pressão de turgor entre as células fotossintéticas (alta pressão) e as células que
utilizam produtos da fotossíntese (baixa pressão), chamadas de fonte e dreno,
respectivamente. Células do floema são células vivas, portanto herbicidas muito tóxicos
podem matar as células e parar a translocação simplástica. O uso mais efetivo de herbicidas
de translocação simplástica é conseguido se aplicado quando o máximo de fotossintato está
sendo translocado e em contínuas, porém, pequenas doses são recomendadas para se evitar a
morte do floema.
Translocação apoplástica:
Estes são absorvidos pelas raízes e transportados pela corrente transpiratória (força
que supre as folhas com água absorvida pela raiz).
O xilema e paredes celulares são os principais componentes do sistema apoplástico.
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Todo tipo de herbicida, incluindo os muito tóxicos podem ser absorvidos do solo e
translocados para todas as partes da planta. Não acontecerá morte do xilema, como no caso do
floema, pois o apoplasto é constituído de parte não viva.
Sob condições de estresse como alta transpiração e baixa umidade ao solo, um
herbicida (fortemente ácido ou fortemente básico) aplicado a folhagem pode penetrar no
xilema e translocar para baixo (para as raízes).
Translocação intercelular
Substâncias não polares com baixa tensão superficial movem através dos espaços
intercelulares. Por exemplo óleos podem ser absorvidos pela cutícula, epiderme, estômatos,
casca ou até por raízes injuriadas: óleos se movem em todas as direções: para cima, baixo,
movimento radial. É suposto que tais substâncias se movem pelos espaços intercelulares.

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