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CAICÓ/ RN
2016
CÉLIO TORQUATO DE ARAÚJO JÚNIOR
CAICÓ/ RN
2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES
Caicó
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Ms. Bruno Jorge Rijo Lamenha Lins – Orientador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________
Prof. Esp. Saulo de Medeiros Torres – Examinador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________
Profª. Esp. Luísa Medeiros Brito – Examinadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Aos meus pais, Célio Torquato de
Araújo e Dalvina da Silva Araújo, por
todo esforço e dedicação a mim
dispensados.
AGRADECIMENTOS
Aos mestres dos Cursos de Direito da UFRN, de Natal e Caicó, com os quais tive a
honra de aprender os pilares básicos do Direito, ensinamentos que me acompanharão
por toda vida, meu agradecimento mais singelo, em especial ao meu orientador, Prof.
Ms. Bruno Jorge Rijo Lamenha Lins, por ter me auxiliado na concretização deste
trabalho.
Por fim, mas não menos importante, agradeço a minha família, e principalmente
aos meus pais, que jamais mediram esforços para me proporcionar a melhor educação,
sempre acreditaram no meu potencial e nos meus sonhos, me dando apoio e amor
incondicionais, estando sempre ao meu lado para me ajudar a superar os obstáculos da
vida, me levantando das quedas e comemorando minhas vitórias como se deles fossem.
“A garantia dos direitos humanos no
plano internacional só será
implementada quando uma jurisdição
internacional se impuser concretamente
sobre as jurisdições nacionais, deixando
de operar dentro dos Estados, mas contra
os Estados e em defesa dos cidadãos”.
(Norberto Bobbio)
RESUMO
International community watchs everyday the penury and disregard that Syrian's
refugees are submitted on their hard struggle to leave that country, devastated by a civil
war headed for almost five years. Although they have an specific internacional law, that
comes to their status as refugees, many of their groups, going to Europe, dreaming
about reconstruction the hope in their lifes, undergoes situations of violation of their
rights and guarantees, conferred on not just by their refugee' status, but also inherent on
the condition of being human, by some member nations of the Council of Europe which
are signatories to the European Convention on Human Rights, which in turn seeks to
ensure full protection of human rights. Thus, becomes necessary the detailed
explanation and supporting of such breaches in light of the European Regional System
for the Protection of Human Rights, established by that Convention, and to carry out the
remedial measures undertaken, as well as prove the actual effectiveness of European
Regional System.
Key-words: Refugees; Europe; European Regional System for the Protection of Human
Rights; Syrian's Civil War; International Human Rights Law.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12
2 REFUGIADOS ....................................................................................................................... 13
2.1 CONCEITO....................................................................................................................... 13
2.2 TRATADOS INTERNACIONAIS ................................................................................... 15
2.3 DIREITOS E DEVERES .................................................................................................. 18
2.4 ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS (ACNUR) 19
3 GUERRA CIVIL SÍRIA ........................................................................................................ 23
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 23
3.2. CAUSAS .......................................................................................................................... 24
3.3 CONSEQUÊNCIAS ......................................................................................................... 26
3.4 DADOS HUMANITÁRIOS ............................................................................................. 30
3.5. ESTADO ISLÂMICO ...................................................................................................... 32
4 CRISE HUMANITÁRIA ....................................................................................................... 36
4.1 CONCEITO....................................................................................................................... 36
4.2. EMIGRAÇÃO DA SÍRIA ............................................................................................... 36
4.3 ROTAS DE FUGA ........................................................................................................... 37
4.4 COMPORTAMENTO DOS LÍDERES EUROPEUS ...................................................... 38
4.5 ATUAÇÃO DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS ................................................... 40
5 O SISTEMA REGIONAL EUROPEU DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
..................................................................................................................................................... 42
5.1 TEORIA GERAL DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS . 42
5.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O SISTEMA REGIONAL EUROPEU DE
PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS (SEDH) ............................................................ 46
5.3 COMPOSIÇÃO ORGÂNICA DO SEDH ........................................................................ 47
5.3.1 Convenção Europeia de Direitos Humanos (1953) .................................................... 48
5.3.2 Comissão Europeia de Direitos Humanos (1954-1998) ............................................. 48
5.3.3. Comitê de Ministros do Conselho da Europa (1953) ................................................ 49
5.3.4. Corte Europeia de Direitos Humanos (1998) ............................................................ 50
5.4 PROCEDIMENTOS PERANTE O SEDH ....................................................................... 52
5.4.1 Extinto Procedimento Bifásico ................................................................................... 52
5.4.2. Procedimento Unitário vigorante .............................................................................. 55
5.5 CASO “HIRSI JAMAA, e outros, vs. ITÁLIA”. .............................................................. 57
6 VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ......................................................................... 63
6.1 DIREITO À VIDA ............................................................................................................ 63
6.2 DIREITO À DIGNIDADE HUMANA E INTEGRIDADE FÍSICA ................................ 65
6.3 DIREITO À LIBERDADE ............................................................................................... 67
6.4 DIREITO À IGUALIDADE E OS IMPACTOS DOS ATENTADOS TERRORISTAS À
PARIS ..................................................................................................................................... 68
7 MEDIDAS RESOLUTIVAS ................................................................................................. 73
7.1 POLÍTICAS: O PAPEL DOS CHEFES DE ESTADO .................................................... 73
7.2 JUDICIAIS: O PAPEL DO SEDH NA RESOLUÇÃO DA CRISE HUMANITÁRIA ... 75
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 78
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 79
12
1 INTRODUÇÃO
2 REFUGIADOS
2.1 CONCEITO
1
Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. 28 jul. 1951. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_
Refugiados.pdf>. Acesso em: 16 out. 2016.
14
2
Protocolo de 1967 Relativo ao Estatuto dos Refugiados. 31 jan. 1967. Disponível em: <
http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/BD_Legal/Instru
mentos_Internacionais/Protocolo_de_1967>. Acesso em: 16 out. 2016.
15
Assim, não restam dúvidas de que os imensos grupos de pessoas que saem da
Síria em razão da Guerra Civil que lá se desdobra, intensificada pelas ameaças e
dominações do grupo terrorista “Estado Islâmico” se enquadram perfeitamente no
conceito de refugiados determinado pela Convenção Relativa ao Estatuto dos
Refugiados de 1951, bem como de seu Protocolo Adicional de 1967.
Não é novidade que após a Segunda Guerra Mundial, a Europa iniciou um duro
processo de reestruturação culminando numa série de alterações decorrentes do
3
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Indivíduos e o Direito Internacional. In: _____. Curso de Direito
Internacional Público. 6. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. p. 760-761.
4
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Op. cit, p. 761.
16
5
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Op. cit., p. 762.
18
internacionais completam essa seara jurídica, haja vista ser perfeitamente possível que
instrumentos regionais tratem da questão dos refugiados, inclusive ampliando as
motivações para refúgio, por exemplo, para abranger ameaça de violência ou agressão
interna. Entre os dispositivos regionais a esse respeito pode-se citar a Convenção
Relativa aos Aspectos dos Refugiados Africanos de 1969, no âmbito da União Africana,
e a Declaração de Cartagena, de 1984, no âmbito da Organização dos Estados
Americanos6.
Todo refugiado tem deveres para com o país em que se encontra, os quais
compreendem notadamente a obrigação de se conformar às leis e
regulamentos, assim como às medidas tomadas para a manutenção da ordem
pública.
6
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Op. cit. p. 763.
7
ACNUR. Quais os direitos de um refugiado. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/perguntas-e-respostas/>. Acesso em: 10 out. 2016.
19
Artigo 4º - Religião
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), muitas vezes citado
apenas como Agência da ONU para Refugiados.8
Este importante mecanismo internacional foi criado em 14 de dezembro de
1950, por força de uma resolução a Assembleia Geral das Nações Unidas, iniciando
suas atividades em janeiro de 1951 com o objetivo de auxiliar as famílias europeias que
ainda sentiam os efeitos diretos da Segunda Guerra Mundial. A ONU determinou ao
ACNUR a condução e coordenação de ações internacionais visando proteger os
refugiados, bem como solucionar seus problemas.9
Cabe ao ACNUR assegurar os direitos e o bem-estar dos refugiados, garantindo
a qualquer pessoa o exercício de seu direito de buscar e usufruir de refúgio seguro
noutro país, inclusive se regressar ao seu de origem se assim preferir. O Conselho
Executivo dessa Agência da ONU atuando em conjunto com a Assembleia Geral das
Nações Unidas autorizam a atuação voltada para outros grupos, como por exemplo, os
apátridas e as pessoas com nacionalidade controversa.10
Outro objetivo da Agência da ONU para Refugiados é o de reduzir os casos de
deslocamento obrigado de modo a incentivar que outros países e instituições criem
condições condignas para proteger os direitos humanos e solucionar de modo pacífico
seus conflitos, neste sentido, o ACNUR busca consolidar a reintegração de refugiados
que optaram por retornar a seus países de origem, buscando evitar situações que
imponham nova concessão de refúgios.
Ademais, o ACNUR oferece proteção e assistência de forma absolutamente
imparcial, não levando em consideração nas suas atuações raça, sexo, religião,
tampouco opinião política, entretanto, procura dar atenção especial às necessidades de
crianças e visa promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, para
isso, atua estreitamente com governos, organizações regionais ou internacionais, e
ONGs. Um ponto interessante na atuação dessa agência das Nações Unidas é a
participação dos refugiados na tomada das decisões que diretamente influem e suas
vidas, um principal primordial.
Em razão da sua atuação humanitária, apolítica e social, tomando por base os
ditames da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 e de seu Protocolo
8
ACNUR: Agência da ONU para Refugiados. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/o-
acnur/>. Acesso em: 16 out. 2016.
9
ACNUR. Informação Geral. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/>.
Acesso em: 16 out. 2016.
10
ACNUR. A missão do ACNUR.. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/informacao-
geral/a-missao-do-acnur/>. Acesso em: 16 out. 2016.
21
11
ACNUR. Breve histórico do ACNUR. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/informacao-
geral/breve-historico-do-acnur/>. Acesso em: 16 out. 2016.
12
ACNUR. Manual de Procedimentos e Critérios para Determinação da Condição de Refugiado.
Disponível em: <
http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2013/
Manual_de_procedimentos_e_criterios_para_a_determinacao_da_condicao_de_refugiado>. Acesso em:
16 out. 2016.
22
(...)
(b) perseguição
51. Não existe uma definição universalmente aceita de “perseguição” e as
diversas tentativas de se formular essa definição obtiveram pouco sucesso.
Do Artigo 33 da Convenção de 1951 pode-se inferir que a ameaça à vida ou à
liberdade em virtude da raça, religião, nacionalidade, opiniões políticas ou
pertencimento a um grupo social específico é sempre caracterizada como
perseguição. Outras violações graves aos direitos humanos – pelas mesmas
razões – também poderiam caracterizar perseguição.
52. Para avaliar se outras ameaças ou ações prejudiciais podem configurar
uma perseguição, é preciso analisar as circunstâncias específicas de cada
caso, incluindo o elemento subjetivo a que se fez referência em parágrafos
anteriores. O caráter subjetivo do temor de perseguição exige uma apreciação
das opiniões e sentimentos da pessoa em questão.
Assim, conclui-se que o ACNUR não detém uma tarefa fácil, haja vista possuir
um direcionamento orçamentário fixo pela ONU, além do dever de atuar em diversas
frentes para garantir a proteção integral ao ser humano refugiado 13 e a busca pela
soluções eficientes para evitar que o contingente de refugiados continue elevado.
Atualmente, e sem sombra de dúvidas, a agência das Nações Unidas para Refugiados
encontra-se diante de mais um grande teste de sua atuação com o imenso fluxo de
refugiados da Guerra Civil Síria para Europa, conflito que será explicitado no capítulo
seguinte.
13
ACNUR. Quem ajudamos?. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/quem-ajudamos/>.
Acesso em: 16 out. 2016.
23
Em 2011, o Mundo Árabe teve seus pilares sacudidos com uma série de revoltas
populares encabeçadas pela juventude cansada dos velhos governos ditatoriais que
estavam no poder desde a década de 1960, ou seja, remontando o período de
independência da maioria desses países. Entretanto, o que parecia ser um movimento
isolado com focos nas capitais de países do norte da África, acabou tomando dimensões
sem precedentes, impulsionadas principalmente pelas redes sociais, como Twitter e
Facebook, chegando até mesmo aos governos quase intocáveis, em razão da forte
tradição islâmica, do Oriente Médio, como foi o caso do Iêmen.
Em menos de seis meses, desde o início do estopim das revoluções, que ficou
conhecida como Primavera Árabe, no norte africano, mais de cinco países tiveram seus
governos derrubados pela força do manifesto popular em busca de novos anseios
políticos, econômicos e sociais, como foi o caso do Egito e da Líbia, cujos Chefes de
Estado foram protagonistas de perseguição popular e de julgamento televisionado.
Desta forma, a juventude árabe, em sua maioria islâmica, passou a tecer os
novos caminhos em busca da redemocratização, entretanto, muitos acabaram se
entrelaçando com novos Golpes de Estado e até mesmo com o agravamento de conflitos
que evoluíram rapidamente para verdadeiros massacres civis, como é o caso da Síria
que desde 2013 vive uma destruição regrada de suas instituições políticas, econômicas e
sociais, protagonizando o maior banho de sangue da nova década do século XXI.
Em razão disso, não se deve analisar a Guerra Civil Síria como um evento
isolado e com características específicas e tensões particulares deste país, mas sim como
um dos alhures da Primavera Árabe que acabou se desgarrando dos princípios básicos
dos movimentos que clamavam por democracia, paz e prosperidade social, acabando
por mergulhar uma nação inteira no palco de um circo de horrores onde famílias são
dizimadas diariamente, milhões buscam refúgio noutro país e cidades inteiras são
destruídas por ataques militares sem precedentes.
24
3.2. CAUSAS
14
G1. Entenda a guerra civil da Síria. Disponível em: < http://g1.globo.com/revolta-
arabe/noticia/2013/08/entenda-guerra-civil-da-siria.html>. Acesso em: 16 out. 2016.
15
G1. ONU condena governo sírio por morte em Hula e pede investigação. Disponível em:
<http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2012/06/onu-condena-governo-sirio-por-mortes-em-hula-e-
pede-investigacao.html>. Acesso em: 16 out. 2016.
25
16
G1. Negociações entre governo e oposição são suspensas na Síria. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/02/negociacoes-entre-governo-e-oposicao-da-siria-sao-
suspensas.html>. Acesso em: 16 out. 2016.
17
G1. Regime sírio não fará concessões na negociação de paz. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/01/regime-sirio-nao-fara-concessoes-na-negociacao-de-
paz-diz-ministro.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
18
British Broadcasting Corporation. Oito capítulos para entender a crise na Síria, que dura mais de
quatro anos. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151012_crise_siria_entenda_rb>. Acesso em: 16 out.
2016.
19
G1. Al-Qaeda desautoriza grupo terrorista que atua na Guerra da Síria. Disponível em:
<http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/02/al-qaeda-desautoriza-grupo-jihadista-que-atual-na-
guerra-civil-da-siria.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
20
G1. Entenda a disputa de potências por trás da Guerra Civil na Síria. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/01/entenda-disputa-entre-potencias-por-tras-da-guerra-
civil-na-siria.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
21
Terra Notícias. ONU: governos e rebeldes cometeram crimes de guerra na Síria. Disponível em: <
https://noticias.terra.com.br/mundo/oriente-medio/onu-governo-e-rebeldes-cometeram-crimes-de-guerra-
na-siria,0badec09b57da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
26
com a interferência ainda maior de Rússia e EUA nos conflitos, a busca diplomática
pela solução que irá por fim ao conflito e trazer novamente a estabilidade mínima para
Síria tardará a acontecer, apesar das insistências por parte da ONU que já passou por
três secretariados sem conseguir chegar ao liame resolutivo do conflito sírio.
3.3 CONSEQUÊNCIAS
22
G1. Dezenas de corpos com tiro na cabeça são achados na Síria. Disponível em: <
http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2013/01/dezenas-de-corpos-com-tiros-na-cabeca-sao-achados-
na-siria.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
23
UOL Notícias. Estado Islâmico divulga vídeo de execução de cristãos egípcios. Disponível em:
<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2015/02/15/ei-divulga-video-de-execucao-de-cristaos-
egipcios.htm>. Acesso em: 17 out. 2016.
27
O governo insistia que seu arsenal estava seguro e nunca o usaria "dentro da
Síria", mas relatos de ataques com armas químicas começaram a vir à tona no
início de 2013.
Mais tarde, em agosto do mesmo ano, foguetes carregados com gás sarin
foram disparados em diversos subúrbios do cinturão agrícola de Damasco,
matando entre 300 e 1,4 mil pessoas, número que varia de acordo com a fonte
consultada.
24
UNRIC. Aprovada por unanimidade, resolução do Conselho de Segurança exige acesso a ajuda
humanitária na Síria. Disponível em: < http://www.unric.org/pt/actualidade/31400-aprovada-por-
unanimidade-resolucao-do-conselho-de-seguranca-exige-acesso-a-ajuda-humanitaria-na-siria->. Acesso
em: 17 out. 2016.
25
G1. Oposição fala em 1.300 mortos; Síria nega uso de armas químicas. Disponível em: <
http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2013/08/oposicao-fala-em-1300-mortos-siria-nega-uso-de-
armas-quimicas.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
26
British Broadcasting Corporation. Oito capítulos para entender a crise na Síria, que dura mais de
quatro anos. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151012_crise_siria_entenda_rb.>. Acesso em: 16 out.
2016.
28
27
British Broadcasting Corporation. Acordo entre Rússia e EUA prevê destruição de arsenal químico
sírio. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130914_siria_arsenalquimico_dg>. Acesso em: 17 out.
2016.
28
G1. Síria aceita por arsenal químico sob controle internacional. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2013/09/siria-aceita-colocar-armas-quimicas-sob-controle-
internacional-diz-agencia.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
29
British Broadcasting Corporation. ONU vê base para paz na Síria após fracasso de negociações.
Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/01/140131_siria_conferencia_pai>.
Acesso em: 17 out. 2016.
29
30
G1. Entenda a disputa de potências por trás da Guerra na Síria. Disponível em:
<http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/01/entenda-disputa-entre-potencias-por-tras-da-guerra-
civil-na-siria.html>. Acesso em: 17 out. 2016.
30
31
2014 Global Trends Report. Disponível em: <
http://www.unhcr.org/statistics/country/556725e69/unhcr-global-trends-2014.html>. Acesso em: 18 out.
2016.
31
Do total de 65,3 milhões, 12,4 milhões são novos deslocados por conflitos e
perseguições apenas em 2015. Esse conjunto se divide entre 8,6 milhões de
pessoas forçadas a abandonar seus lares e a mudar-se para outros lugares de
seu país e 1,8 milhões que tiveram de cruzar as fronteiras. O universo de 65,3
milhões inclui 21,3 milhões de refugiados ao redor do mundo, 3,2 milhões de
solicitantes de refúgio e 40,8 milhões deslocados que continuam dentro de
seus países. Com o aumento de 2,6 milhões de casos apenas em 2015, na
comparação com os dados de 2004, conclui-se que o mundo assiste a um
recorde de deslocados internos.
A Síria figura como sendo o país que perfaz o maior número de refugiados (4,9
milhões), além disso, tem destaque nos números relativos a pessoas em deslocamento
interno (6,6 milhões) fazendo com que seja o país que concentra o maior número de
pessoas em situação de interesse por parte das atividades da agência. O relatório da
referida agência informa, ainda, que a Turquia é o país que mais recebe refugiados no
32
2015 Global Trends Report. Disponível em: < http://www.unhcr.org/576408cd7.pdf> Acesso em: 18
out. 2016.
32
33
ACNUR. Estatísticas. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/recursos/estatisticas/> Acesso
em: 18 out. 2016.
34
O Globo. Cinco pontos para entender o Estado Islâmico. Disponível em: <
http://infograficos.oglobo.globo.com/mundo/cinco-pontos-para-entender-o-grupo-isis.html>. Acesso em:
18 out. 2016.
33
35
Revista Super Interessante. Sete coisas que você precisa saber sobre o Estado Islâmico. Disponível em:
< http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-coisas-que-voce-precisa-entender-sobre-o-estado-
islamico/> Acesso em: 18 out. 2016.
34
36
Mundo Educação. Estado Islâmico. Disponível em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/estado-islamico.html>. Acesso em: 18 out. 2016.
37
Revista Super Interessante. Sete coisas que você precisa saber sobre o Estado Islâmico. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-coisas-que-voce-precisa-entender-sobre-o-estado-islamico/>
Acesso em: 18 out. 2016.
35
38
Revista Super Interessante. O que o Estado Islâmico quer? Disponível em:
<http://super.abril.com.br/historia/o-que-o-estado-islamico-quer> Acesso em: 18 out. 2016.
36
4 CRISE HUMANITÁRIA
4.1 CONCEITO
Dados fornecidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
mostram que, chegaram à Turquia cerca de 1.9 milhão de sírios nos últimos anos. Já no
Líbano foram 1,1 milhão, e na Jordânia, 629,6 mil. Ao passo que a União Europeia
debate e estuda onde colocar os 120 mil beneficiários de requisições de refúgio que
pretende receber nos próximos dois anos, os outros três países citados acima já
receberam aproximadamente 3,6 milhões de sírios, bem mais que a União Europeia.
Porém, apesar desses dados, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude
Junker, pediu aos países da UE que recebam 160 mil refugiados e adotem ações
corajosas para responder à mais grave crise migratória em décadas na Europa. Diante do
Parlamento Europeu, Junker disse ainda que vai avançar com uma proposta que prevê a
distribuição urgente e com caráter obrigatório de mais 120 mil refugiados, além dos 40
mil já propostos, que hoje estão espalhados pela Húngria, Itália e Grécia39.
Devido ao caos que a região do Oriente Médio está passando, provocado por
conflitos armados, pobreza extrema e violência, o número de refugiados e pedidos de
asilo tem crescido de maneira acentuada; os refugiados não hesitam em buscar rotas de
risco, pela terra ou pelo mar, tendo em vista que enxergam na migração a última chance
de buscar uma nova perspectiva de vida, onde possam viver em paz, com acesso a
saúde, educação e oportunidades de trabalho para trilhar um novo caminho em suas
vidas.
Antes de tentarem rotas de fugas, milhares de refugiados fazem o pedido de asilo
aos países europeus, os destinos que mais recebem pedidos de asilo até o fim do mês de
julho de 2015 são: Alemanha, Hungria, Turquia, Suécia, Itália, França, Áustria, Grécia e
Grã-Bretanha.
De acordo com números divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados, a Alemanha continua sendo o destino mais procurado por imigrantes
que chegam à Europa. Foi o país que recebeu o maior número de pedidos de asilo, com
mais de 188 mil até o fim de julho de 2015 – 15.416 a mais do que em 2014.
Tendo em vista o insucesso dos pedidos de asilo, os refugiados acabam por
buscar rotas alternativas de fuga perigosas, pondo em risco as suas vidas e dos
39
British Broadcasting Corporation. Refugiados na Europa: a crise em mapas e gráficos. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150904_graficos_imigracao_europa_rm>. Acesso em:
18 out. 2016.
38
familiares. As principais rotas de fuga por quais os refugiados estão chegando a Europa
pelo Mar Mediterrâneo são: Mediterrâneo Ocidental - partindo da Argélia e entrando na
Espanha (estimativa de 6.698 refugiados, sendo 3.789 sírios); Mediterrâneo Central –
partindo da Tunísia e entrando na Itália (estimativa de 91.302 refugiados, sendo 23.878
eritreus, 10.747 nigerianos e 9.766 da África subsaariana); Mediterrâneo Oriental –
partindo da Turquia e entrando na Grécia (estimativa de 132.240 refugiados, sendo
78.190 sírios).40
As principais rotas de fuga pelas quais os refugiados estão chegando a Europa
por terra são: Da Albânia à Grécia – os refugiados atravessam a fronteira por terra
(estimativa de 4.622 refugiados, sendo 4.608 albaneses, 8 georgianos e 6 macedônios);
Balcãs Ocidental – os refugiados partem da Macedônia em direção a Hungria
(estimativa de 102.342 refugiados, sendo 29.245 afegãos, 28.749 sírios e 23.260
kosovar); Fronteiras Orientais – estimativa de 717 refugiados, sendo 183 vietnamitas,
175 afegãos e 68 georgianos.
Tanto por terra quanto pelo mar, os refugiados correm grande perigo no caminho
que eles trilham para chegar a Europa. A travessia pelo mar Mediterrâneo é feita em
botes ou em embarcações sem estrutura e superlotadas, sem o mínimo de segurança a
oferecer aos passageiros, que são transportados por traficantes de pessoas.
A precariedade das embarcações e o perigo da viagem resultaram em desastres
horrendos. Em outubro de 2013 um naufrágio próximo à ilha de Lampedusa matou 360
pessoas, em setembro de 2014 traficantes assassinaram 300 pessoas, pois essas se
recusaram a ir para uma embarcação menor. Os desastres se estendem a este ano, de
fevereiro a abril de 2015 morreram 1.400 imigrantes em naufrágios.41
As mortes não se resumem apenas em travessias marítimas, em agosto de 2015
foram encontrados 71 corpos de imigrantes que tentavam fazer a travessia dentro de um
caminhão de frango, as vítimas morreram asfixiadas e os seus corpos foram encontrados
por patrulheiros, após dois dias, em estado de decomposição.
40
Revista Época. Seis perguntas para entender a crise humanitária de refugiados na Europa. Disponível
em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/09/seis-perguntas-para-entender-crise-humanitaria-de-
refugiados-na-europa.html>. Acesso em: 18 out. 2016.
41
G1. Entenda a arriscada travessia de imigrantes no mediterrâneo. Disponível em:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/04/entenda-arriscada-travessia-de-imigrantes-no-
mediterraneo.html >Acesso em: 19 out. 2016.
39
42
Carta Capital. Na crise de refugiados a Alemanha abala a União Europeia. Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/internacional/ao-lidar-com-refugiados-alemanha-abala-a-uniao-europeia-
2547.html>. Acesso em: 19 out. 2016.
40
refugiados e adotem ações corajosas para responder a mais grave crise migratória em
décadas na Europa. Diante do Parlamento Europeu, ele disse que vai avançar com uma
proposta que prevê a distribuição com “urgência” e com caráter “obrigatório” de mais
120 mil refugiados, além dos 40 mil já propostos, que hoje estão espalhados pela
Hungria, Itália e Grécia. A proposta irá prever multas para os países que rejeitem a sua
quota. Segundo a ONU, a Europa deveria receber 200 mil refugiados43.
43
Carta Capital. Perguntas e respostas: crise imigratória na Europa. Disponível em:
<http://www.cartacapital.com.br/internacional/perguntas-e-respostas-crise-imigratoria-na-europa-
9337.html>. Acesso em: 19 out. 2016.
44
British Broadcasting Corporation. Como os brasileiros podem ajudar os refugiados sírios. Disponível
em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150904_sirios_brasil_ajuda_rm>. Acesso em: 19
out. 2016.
45
UNICEF. Ajude as crianças da Síria. Disponível em: <
https://secure.unicef.org.br/Default.aspx?origem=siria>. Acesso em: 19 out. 2016.
41
utilizadas na compra de itens de higiene para famílias refugiadas, bem como latrinas e
gêneros alimentícios46.
A Save the Children é uma entidade internacional reconhecida no auxílio direto
à crianças vítimas de conflitos armados, razão pela qual é bastante atuante nas regiões
da Síria e nas rotas de fuga, auxiliando mais de 6 mil crianças que acabam chegando a
seus postos de apoio sozinhas47.
Por fim, o ACNUR possui várias campanhas direcionadas aos refugiados
simultaneamente, uma vez que sua atuação não se limita apenas as situações da Síria,
mas sim aos refugiados de modo geral. O dinheiro arrecadado é direcionado para
compra de itens de cozinha e utensílios que evitam doenças transmitidas por mosquitos,
como a malária. Entretanto, com o intenso fluxo para Europa nos últimos tempos, boa
parte das doações está sendo direcionadas para compra de cobertores térmicos e
barracas, devido ao intenso e rigoroso inverno na região europeia48.
46
Rescue International. Support people in crisis. Disponível em: < https://donate.rescue-uk.org/support-
people-in-crisis>. Acesso em: 19 out. 2016.
47
Save the Children. Child Refugee Crisis Appeal. Disponível em: <
http://www.savethechildren.org.uk/about-us/emergencies/child-refugee-crisis-appeal>. Acesso em: 19
out. 2016.
48
ACNUR. As famílias refugiadas precisam da sua ajuda agora. Disponível em: <
https://doar.acnur.org/acnur/donate.html>. Acesso em: 19 out. 2016.
42
49
PIOVESAN, Flávia. Internacionalização dos direitos humanos e humanização do direito internacional.
In: _____ Direitos Humanos e Justiça Internacional. 6 Ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 74.
50
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, Campus, 1992.
p. 25-47.
43
51
BOBBIO, Norberto. Loc. cit.
52
RAMOS, André Carvalho. A constatação internacional coletiva da violação de direitos humanos. In:
____ Processo Internacional de Direitos Humanos. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 74.
53
RAMOS, André Carvalho. Ibid. p. 75.
54
PIOVESAN, Flávia. Op. cit. p. 89.
44
55
General Assembly Resolutions 32nd. Session. Disponível em: <
http://www.un.org/documents/ga/res/32/ares32r127.pdf> Acesso em: 30 out. 2016.
56
PIOVESAN, Flávia. Op. cit. p.100-101.
45
Além disso, fazendo uma análise mais precisa dos núcleos normativos dos
Sistemas Global e Regionais, é possível identificar que o primeiro traça bases mínimas
a serem cumpridas por todos os Estados, ao passo que os Regionais, mediante tais
bases, acabam por contextualizar as normas globais à realidade regional, levando em
consideração as peculiaridades de cada região, ampliando o rol de direitos humanos
protegidos. Assim, é possível concluir que a relação entre os Sistemas é útil e
complementar, pois são conciliadas numa base funcional: os valores e princípios da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.57
Esse comportamento de utilidade e complementaridade nos conduz a ideia de
coexistência pacífica e harmônica entre esses sistemas, ampliando e fortalecendo a
proteção dos direitos humanos, levando a evidência o grau de eficiência desta proteção,
materializado no fato da “justicialização” dos direitos humanos nos sistemas regionais
já ter alcançado um patamar mais avançado que o global, em razão da obtenção de
poder e capacidade sancionatórios pelas Cortes de Direitos Humanos.
A esse ponto, convém esclarecer que no Sistema Global o estabelecimento de
uma Justiça Internacional foi feito no âmbito penal com a criação de Tribunais ad hoc,
para ex-Iugoslávia (1993) e Ruanda (1994), e do Tribunal Penal Internacional (1998),
reconhecendo, assim, que a responsabilização internacional em termos penais alcança
indivíduos que cometeram crimes internacionais. Em contrapartida, as Cortes Regionais
de Direitos Humanos assumem papel relevante na proteção de direitos humanos, pois
atuam neste sentido quando as instituições nacionais dos Estados são falhas e omissas.
Nesse sentido, no âmbito dos Sistemas Regionais, a “justicialização” abarcou a
seara cível, pois os Estados são responsabilizados pelas violações dos direitos humanos
dispostos nos tratados internacionais que instituem tais Sistemas, impondo pagamento
de indenização pecuniária às vítimas em certos casos. Ora, não é duvidoso de que a tal
modo não se comporta o Sistema Global, pois além de não possuir uma Corte de
Direitos Humanos, tem sua atuação pautada pelos Comitês impõem medidas
recomendatórias de natureza política e moral, mas nunca sancionatória e vinculante.
Porém, os Sistemas Regionais sofrem atualmente com a resistência estatal para
ampliação da capacidade internacional postulatória, bem como do reconhecimento de
indivíduos e ONGs como sujeitos internacionais aptos a postular perante os mecanismos
regionais de proteção, principalmente por meio de petições individuais. Noutras
57
PIOVESAN, Flávia. Ibid. p.105.
46
palavras, deve-se fomentar o acesso à Justiça Internacional, tarefa esta que apenas o
Sistema Regional Europeu conseguiu realizar em 1998 com o Protocolo nº 11, mais
adiante demonstrado.
Por fim, outro ponto de dificuldade que os Sistemas Regionais atualmente lidam
é com a efetivação das decisões de suas Cortes pelos Estados submetidos à sua
jurisdição, uma vez que falta atitudes internas para implementar tais decisões,
consequentemente de nada adiantaria a existência de um órgão jurisdicional que vê
como resposta a sua determinação o silêncio e a indiferença dos Estados. Em razão
disso, devem os Estados respeitaram e cumprirem as decisões exaradas pelas Cortes de
Direitos Humanos a que se submetem, sob pena de afronta ao princípio da boa-fé, norte
do Direito Internacional.58
58
PIOVESAN, Flávia. Op. cit. p. 110.
59
O Conselho da Europa foi criado em 05 de maio de 1949, em Londres, quando da assinatura de seu
tratado institutivo por Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega,
Suécia e Reino Unido. Sua sede é em Estrasburgo, na França.
47
cenário mundial da Guerra Fria, quais sejam: forte pressão do bloco socialista que
avançava pelo Leste Europeu estabelecendo a “Cortina de Ferro”, e subordinação direta
aos interesses do bloco capitalista, representado pelos EUA.60
Com a criação do Conselho, as democracias ocidentais da Europa firmaram sua
contraposição a URSS, reforçando suas premissas políticas liberais, as quais foram
materializadas com a aprovação da Convenção Europeia de Direitos e Liberdades
Fundamentais, em Roma em 1950, mais conhecida como Convenção Europeia de
Direitos Humanos (CEDH), que entrou em vigor em 1953, formalizando o
estabelecimento do Sistema Regional Europeu de Proteção aos Direitos Humanos.
Essa originalidade da CEDH, além de ser oriundo do desejo de diferenciação
para com o bloco socialista, advém do fato de estabelecer mecanismos internacionais de
proteção aos direitos humanos: Comissão Europeia de Direitos Humanos (encarregada
de investigação e conciliação, extinta em 1998), Comitê de Ministros do Conselho da
Europa (órgão político para análise de responsabilização), além da Corte Europeia de
Direitos Humanos61 (órgão jurisdicional).
Atualmente, de toda a Europa, apenas Bielorrússia, Cazaquistão e Kosovo não
ingressaram no Conselho da Europa e ratificaram a CEDH, bem como seus protocolos
adicionais, logo tem-se uma lista extraordinária de 47 Estados ratificantes,
consequentemente os direitos previstos na Convenção se estende a mais de 820 milhões
de pessoas. Importante mencionar que qualquer país com território na Europa tem
autorização para ratificar a CEDH e seus protocolos, integrando o Conselho da Europa.
Entretanto, a ousadia da CEDH mostrou suas consequências logo nas tratativas
iniciais, pois foram constatados vários percalços entre a Corte Europeia de Direitos
Humanos e as Constituições, mais especificamente as Supremas Cortes, dos Estados-
Parte, sendo necessárias várias técnicas para evitar violações de soberania. Não obstante
a isso, o procedimento inicial, que era bifásico, no Sistema Regional Europeu era
complexo, além de moroso, até que em 1998, com a aprovação do Protocolo Adicional
nº 11 (P-11), houve a fusão da Comissão Europeia com a Corte Europeia, originando a
atual Corte Europeia de Direitos Humanos (Corte EDH) de caráter permanente.
60
RAMOS, André Carvalho. Op. cit. p. 162.
61
Também conhecida como “Corte de Estrasburgo” em razão da sua sede funcional.
48
62
RAMOS, André Carvalho. Op. cit. p. 166.
63
RAMOS, André Carvalho. Ibid. p. 167-168.
64
RAMOS, André Carvalho. Op. cit. p. 169.
50
No que concerne a Corte, cabe salientar que sua consolidação, nos moldes que
hoje a temos, teve como consequência a extinção da Comissão e da Corte Europeia que
65
RAMOS, André Carvalho. Ibid. p. 170.
51
66
O’BOYLE, Michael. Reflections on the effectiveness of the European System for Protection of Human
Rights, In: ___ Anne F. Bayefsky (ed.), The UN Human Rights Systems in the 21st. Century. The Hague-
London-Boston Kluer Law International. p. 176.
52
67
Procedimento de Admissibilidade.
68
RAMOS, André Carvalho. Op. cit. p. 166.
53
defesa. Isto posto, era aprazada uma audiência com os representantes das partes
envolvidas para, tendo a Comissão como mediadora, chegarem a um consenso na
solução pacífica do impasse, tendo como limite para tanto o caráter intransigível dos
direitos humanos. Caso tal acordo restasse exitoso, a Comissão analisava requisitos para
sua homologação e, assim fazendo, não podiam mais as partes discutir a questão perante
o Sistema Europeu.
Caso não restasse frutífera a proposta de conciliação, a Comissão Europeia
deveria elaborar um relatório final sobre o caso, conforme previa o art. 31 da CEDH
(por isso era conhecido como “Relatório 31”), levando em consideração os fatos
ventilados e a possibilidade de responsabilização internacional do Estado acusado. Em
razão disso, era tido como documento conclusivo e que demonstrava a decisão da
Comissão sobre o caso, sendo remetido ao Comitê de Ministros, ao Estado acusado,
bem como aos representantes das vítimas.
Entretanto, apesar de representar peça chave na apuração da violação ante o
crivo da Comissão, o Relatório 31 não possuía força vinculante necessária para impor
sanções ao Estado, motivo pelo qual era quase sempre necessário ajuizá-lo perante a
Corte EDH ou adjudicá-lo ao Comitê de Ministros, quando este ainda detinha papel
decisório residual.69
Ora, diante da falta de força vinculante do documento decisório, era inevitável
recorrência direta à Corte de Estrasburgo na maioria dos casos, consequentemente o
Sistema Europeu possuía duas análises de um mesmo caso por órgãos distintos, logo de
uma complexidade tremenda e morosidade incontestável, principalmente após o fim da
Guerra Fria quando os antigos países europeus que integravam a extinta URSS
ingressaram no Conselho da Europa, no início da década de 1990.
Diante disso, não restou alternativa para permanência do aludido procedimento,
o que levou os membros do Conselho a aprovarem o P-11 em 1994, o qual em 1998 ,
fundiu as então existentes Comissão e Corte Europeias de Direitos Humanos, surgindo a
Corte Europeia Permanente de Direitos Humanos, consequentemente tornando o
procedimento unitário, pois a nova Corte de Estrasburgo poderia processar e julgar
demandas individuais, interestatais ou movidas por ONGs.
69
RAMOS, André Carvalho. Ibid. p. 167.
54
Por fim, chega-se a conclusão de que o real motivo para conversão do modelo do
sistema de processamento de petições perante o SEDH foi mais de cunho geopolítico,
visando impor aos ex-países socialistas as consequências, do ponto de vista capitalista,
de seus governos autoritários, retirando qualquer vantagem processual ofertada pela
Convenção aos Estados-membros. Entretanto, tal alteração também importou em maior
facilidade das demandas contra os próprios Estados capitalistas, haja vista que não há
diferenciação neste sentido.
70
RAMOS, André Carvalho. Op. cit. p. 167-168.
55
71
Aprovado em 2004, entrando em vigor apenas em 2010. Instituiu, no procedimento, a figura do juiz
singular, bem como novos requisitos de admissibilidade.
56
72
Artigo 28 - Competência dos Comitês
1. Um comité que conheça de uma petição individual formulada nos termos do artigo 34° pode, por voto
unânime:
a) Declarar a inadmissibilidade ou mandar arquivar a mesma sempre que essa decisão puder ser tomada
sem posterior apreciação; ou
b) Declarar a admissibilidade da mesma e proferir ao mesmo tempo uma sentença quanto ao fundo
sempre que a questão subjacente ao assunto e relativa à interpretação ou à aplicação da Convenção ou dos
respectivos Protocolos for já objeto de jurisprudência bem firmada do Tribunal.
73
Artigo 36º - Intervenção de Terceiros
1. Em qualquer assunto pendente numa secção ou no tribunal pleno, a Alta Parte Contratante da qual o
autor da petição seja nacional terá o direito de formular observações por escrito ou de participar nas
audiências.
57
Para a vítima, há dúvida sobre uma filtragem excessiva, uma vez que o juiz
singular decide de modo definitivo e sem recurso. Já o Comitê – de três
juízes – decidirá por unanimidade para rejeitar sumariamente a demanda, o
que dá maior segurança às vítimas. (RAMOS, André Carvalho. 2015. p. 178).
2. No interesse da boa administração da justiça, o presidente do Tribunal pode convidar qualquer Alta
Parte Contratante que não seja parte no processo ou qualquer outra pessoa interessada que não o autor da
petição a apresentar observações escritas ou a participar nas audiências.
3. Em qualquer assunto pendente numa secção ou no tribunal pleno, o Comissário para os Direitos do
Homem do Conselho da Europa poderá formular observações por escrito e participar nas audiências.
74
A Comissão de Direitos Humanos do Conselho da Europa foi criada em 1997, devendo o Comissário,
conforme Protocolo n. 14 apresente sua opinião em qualquer demanda em trâmite na Corte.
75
RAMOS, André Carvalho. Op cit. p. 178.
76
European Court of Human Rights. Case HIRSI JAMAA AND OTHERS V. ITALY. Disponível em: <
http://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-109231#{"itemid":["001-109231"]}> Acesso em: 31 out. 2016
58
77
Proibição de devolução de refugiado à país em que sofra perseguição.
78
European Court of Human Rights. Press Release - Forthcoming Grand Chamber judgment in the case
of Hirsi Jamaa and Others v. Italy 23.02.2012. Disponível em: <
http://hudoc.echr.coe.int/eng#{"itemid":["003-3847021-4421058"]}> Acesso em: 31 out. 2016.
79
Artigo 3º da CEDH - “Ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos
ou degradantes”.
Artigo 4º do Protocolo IV – “São proibidas as expulsões coletivas de estrangeiros”
59
Artigo 13º da CEDH - “Qualquer pessoa cujos direitos e liberdades reconhecidos na presente Convenção
tiveram sido violados tem direito a recurso perante instância nacional, mesmo quando a violação tiver
sido cometida por pessoas que atuem no exercício de suas funções oficiais”
80
Os erros formais eram em decorrência das procurações que não constavam identificação suficiente do
outorgante, local e data da assinatura, bem como ausência de referência ao número do procedimento.
81
European Court of Human Rights. Grand Chamber – Case “Hirsi Jamma and others vs. Italy –
Judgement. Disponível em: < http://hudoc.echr.coe.int/eng#{"itemid":["001-109231"]}> Acesso em: 31
out. 2016.
82
European Court of Human Rights. Information Note on the Court’s case-law No. 149. Disponível em:
< http://hudoc.echr.coe.int/eng#{"itemid":["002-102"]}> Acesso em: 31 out. 2016.
60
comparação com um julgado anterior83, pois, até então, a expulsão coletiva era
reconhecida como ato praticado dentro do território contínuo do Estado e contra várias
pessoas sem prévia análise de particularidades entre elas.
Ora, se já havia reconhecido que a nau que conduziu os refugiados à Líbia estava
sobre jurisdição italiana e, levando em consideração o artigo 91, item 184, da Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982)85, a embarcação em questão era
extensão do território italiano, logo a atitude de devolução sumária dos refugiados, sem
qualquer análise prévia acerca da situação internacional e identificação dos mesmos,
configurou-se como expulsão coletiva.
Com relação a violação ao artigo 13º da Convenção Europeia, a Corte entendeu
que como os refugiados não foram informados para onde estavam sendo conduzidos
pelas autoridades italianas, tampouco estas procederam com uma avaliação individual
da situação de cada um deles, e, ainda, a devolução deles já havia sido realizada,
qualquer recurso cabível perante a jurisdição italiana não obteria efeito prático, pois as
consequências da devolução já haviam produzido seus efeitos irreversíveis, como foi o
caso da exposição ao risco de tratamento humano e degradante e violação ao princípio
do non-refoulement. Em razão disso, reconheceu como procedente o pedido neste ponto.
A Corte condenou ainda, conforme art. 41 da CEDH, o governo italiano ao
pagamento das custas processuais e de indenização, no montante de quinze mil euros,
para cada peticionante em razão das violações perpetradas. Posteriormente, o Comitê de
Ministros atuou perante o caso no sentido de verificar o real cumprimento da sentença
pelo governo italiano, apresentando seu relatório86 em 14 de setembro de 2016, o qual
conclui pelo cumprimento integral da sentença por parte da Itália, requerendo o
arquivamento definitivo do caso.
Assim sendo, do julgamento do caso “Hirsi Jamaa, e outros, vs. Itália”, a Corte
EDH entendeu que a proteção internacional aos direitos humanos assumida pelos
Estados-membros do Conselho da Europa é superior ao cumprimento do princípio do
83
Caso Čonka vs. Bélgica (2002), único em que a Corte reconheceu a violação ao artigo 4º do Protocolo
IV.
84
Todo estado deve estabelecer os requisitos necessários para a atribuição da sua nacionalidade a navios,
para o registro de navios no seu território e para o direito de arvorar a sua bandeira. Os navios possuem a
nacionalidade do Estado cuja bandeira estejam autorizados a arvorar. Deve existir um vínculo substancial
entre o Estado e o navio.
85
Assinada em Montego Bay, Jamaica, em 1982. Disponível em:
<https://www.egn.mar.mil.br/arquivos/cursos/csup/CNUDM.pdf> Acesso em: 31 out. 2016.
86
European Court of Human Right. Execution of the judgment of the European Court of Human Rights –
Case “Hirsi Jamaa and others vs. Italy. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/eng#{"itemid":["001-
167228"]}> Acesso em: 31 out. 2016.
62
pacta sunt servanta, no presente caso direcionado ao acordo bilateral entre Itália e
Líbia, reconhecendo também a incidência do princípio do non-refoulement, o qual busca
prevenir danos à integridade física e psicológica dos refugiados.87
87
CLARO, Carolina Batista de Abreu. O caso Hirsi Jamaa e outros vs. Itália e a responsabilidade estatal
no tratamento de estrangeiros. Revista de Estudos Internacionais, João Pessoa, v.1, n.2, p. 167-168.
2010. Disponível em:
<http://www.revistadeestudosinternacionais.com/uepb/index.php/rei/article/view/31/pdf>. Acesso em: 31
out. 2016.
63
88
Não tem força vinculante reconhecida pelos países signatários. Disponível em: <
http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>. Acesso em: 31 out 2016.
89
Artigo 1º. As Altas Partes Contratantes reconhecem a qualquer pessoa sob sua jurisdição os direitos e
liberdades definidos no titulo I da presente Convenção.
90
Artigo III – Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
64
Sem dúvida, interessante salientar que é o direito a vida o mais ameaçado pela
situação que atualmente se presencia na Europa, tendo em vista os dados alarmantes que
demonstram a periculosidade do percurso e das modalidades de fuga empreendidas
pelos refugiados, além disso, mais alarmante é o total de mortes diretas ocasionadas
pela falta de infraestrutura e planejamento no controle da saída dos refugiados sírios91,
ausência essa que já ceifou milhares de vidas, como foi o caso do caminhão encontrado
na Áustria contendo vários corpos de refugiados em agosto de 2015.
O caminhão que pertencia a uma empresa frigorífica estava abandonado às
margens de uma rodovia no estado de Burgenland há alguns dias, entretanto o que
chamou a atenção dos policiais fora o líquido mau cheiroso que jorrava pela porta
traseira do veículo, o qual fora identificado posteriormente como sendo fluídos
corpóreos, e, ao abrir o caminhão, a polícia austríaca se deparou com mais de 71 corpos
em estado de decomposição, incluindo crianças.
Iniciadas as investigações, a polícia austríaca chegou a três suspeitos, de
nacionalidade húngara e afegã, que as pessoas foram mortas por sufocamento e
depositadas no caminhão há cerca de dois dias antes da abertura do caminhão, razão
pela qual o mau cheiro e os fluídos estavam latentes.
Outro caso que reflete muito bem as consequências diretas dos conjuntos de
fatores acima mencionados é o do menino Aylan Kurdi92, que tomou proporção
internacional imediata se tornando símbolo das duras condições que os refugiados sírios
se submetem para alcançar o continente europeu. Em 02 de setembro de 2015, algumas
embarcações sírias que rumavam para ilha grega de Kos acabaram naufragando no Mar
Mediterrâneo devido às péssimas condições de infraestrutura das embarcações aliadas à
quantidade de pessoas à bordo, vários corpos foram encontrados em praias turcas e
gregas, entre eles, o de uma criança: Aylan Kurdi, cujo impacto na política internacional
acabou intensificando a celeridade nas reuniões internacionais tratando da crise.
91
G1. Número de corpos encontrados em caminhão na Áustria passa de 70, diz polícia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/n-de-corpos-em-caminhao-achado-na-austria-passa-de-70-
diz-policia.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.
92
G1. Foto chocante de menino morto vira revela crueldade de crise migratória. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-
migratoria-europeia.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.
65
93
Artigo V – Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
94
Artigo 3º. Ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos ou
degradantes.
95
Deustche Welle. Refugiados na Sérvia enfrentam situações sub-humanas. Disponível em: <
http://www.dw.com/pt/refugiados-na-s%C3%A9rvia-enfrentam-condi%C3%A7%C3%B5es-sub-
humanas/a-18808608>. Acesso em 31 out 2016.
66
Contudo, tais Estados declaram que não possuem infraestrutura suficiente para
garantir as condições necessárias de vida digna para esses grupos, isso porque a
quantidade de pessoas que já se encontra em seus territórios já superlota o maquinário
estatal, impedindo que novas concessões e destinações à eles sejam destinadas. Munidos
de tais justificativas, os Chefes de Estado acabaram determinando o fechamento, ainda
que temporário, das fronteiras.
Inicialmente, importa esclarecer que tal medida não é vista de maneira razoável
pelas instâncias europeias de direitos humanos, bem como judiciárias no geral, haja
vista sua incidência direta e de maneira contrário às disposições vigentes. Ademais,
levando em consideração que o período em que as fronteiras da Sérvia e Croácia foram
fechadas correspondem a de intensa instabilidade climática, um número sem precedente
de refugiados foram submetidos à temperaturas extremamente frias por um longo
período de tempo, sem qualquer auxílio prestado pelos estados fronteiriços.
Não obstante a isso, os agentes governamentais que monitoravam a fronteira
utilizaram jatos d’água para tentar obstruir a multidão, sem qualquer relativização da
intensidade, somente parando quando as crianças que acompanhavam os grupos foram
levantadas, mas ainda assim foram atingidas pelos canhões d’água. E, ainda com a
posterior abertura das fronteiras, os refugiados iniciavam mais uma longa caminhada
rumo ao destino que melhor pensassem, geralmente as grandes metrópoles europeias, o
que faziam sem qualquer apoio ou contribuição por parte dos Estados.
Além disso, nem as crianças estão à salvo das barbaridades que momentos de
pânico como este proporcionam, muitas delas acabam sendo vendidas e destinadas a
prostituição96, restando, assim, mais uma vez violadas disposições não só da Convenção
Europeia, mas também da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Tais situações
ocorrem principalmente na Itália, isso porque nesse país o número de crianças e
adolescentes vindas do Oriente Médio desacompanhadas dos país é extremamente alto,
decorrente das mortes que ocorrem na guerra ou nas rotas de fuga aliada a uma difícil
escolha tomada pelos pais: deixarem seus filhos irem sozinhos para terem uma
expectativa de vida maior e melhor que a deles.
Contudo, tais anseios não são realizados, vez que nos abrigos aos quais são
encaminhadas, falta pessoal capacitado para atende-las e iniciarem uma integração no
96
British Broadcasting Corporation. Prostituídas e exploradas: a dura realidade das crianças imigrantes
abandonadas na Europa. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150921_criancas_refugiadas_rm.shtml>. Acesso em:
31 out. 2016.
67
Artigo III – Toda pessoa tem direito à vida, a liberdade e a segurança pessoal.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a
ele regressar.
Art. 26. Cada Estado Contratante dará aos refugiados que se encontrem
no seu território o direito de nele escolher o local de sua residência e de
nele circular, livremente, com as reservas instituídas pela regulamentação
aplicável aos estrangeiros em geral nas mesmas circunstâncias. [grifo nosso].
97
British Broadcasting Corporation. Após fechamento de fronteira, refugiados enfrentam frio e mar de
lama em “Terra de Ninguém”. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2015/10/151020_europa_refugiados_hb>. Acesso em:
31 out. 2016.
98
Sérvia e Croácia ratificaram a referida Convenção.
69
Trata-se de uma das máximas utilizadas nos tempos da Revolução Francesa que
eclodem até hoje em vários instrumentos internacionais que versam sobre a garantia de
direitos básicos, inerentes a própria natureza humana. O direito a igualdade é corolário
do direito à liberdade no sentido de que não há mais restrição desta última pelo motivo
de se pensar que os seres humanos não são todos iguais perante a sua natureza, ou seja,
tais instrumentos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, conferem a
igualdade acima de raça, cor, religião, sexualidade, nacionalidade, ou ideologia de
qualquer natureza.
Desta forma, os países signatários dos instrumentos, cujos dispositivos abaixo
fazem parte, se comprometeram internacionalmente a evitar e a punir severamente toda
e qualquer modalidade de discriminação por consequência de reconhecer a igualdade
entre os seres humanos, senão vejamos o que dispõe a Convenção Europeia de Direitos
Humanos a esse respeito:
Tendo em vista que a referida Convenção toma por base a Declaração Universal
de Direitos Humanos, mais uma vez encontra-se respaldado neste ultimo instrumento a
proteção ao direito a igualdade bem como a proibição de qualquer tipo de
discriminação, senão vejamos o que a aludida Declaração reza acerca desse ponto:
Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra
qualquer incitamento a tal discriminação. [grifo nosso].
membros do bloco, situação essa que não poderia ser diferente com relação aos
refugiados. Ora, já é de notório conhecimento internacional que os casos de xenofobia e
racismo nos países que compõem o bloco econômico mais poderoso da atualidade
tendem somente a crescer, influenciados não só por tradicionalismos arcaicos e
descabidos, como também por organizações sociais de direita exacerbada, como é o
caso do neonazismo.
Mais especificamente com relação à crise humanitária na Síria, e o grande
conglomerado de refugiados que de lá rumaram para os países europeus, uma série de
movimentos e protestos eclodiram em algumas capitais e metrópoles europeias
cobrando do governo medidas austeras para evitar que mais refugiados sejam
incorporados nos países europeus, inclusive com mensagens extremamente xenofóbicas
e preconceituosas, como aconteceu na Alemanha99, um dos principais países procurados
pelos refugiados devido a sua econômica forte e em constante desenvolvimento, sendo
organizados pelo chamado “Movimento PEGIDA” principalmente na cidade de
Dresden.
Não obstante as violações expressas a Convenção Europeia e a Declaração
Universal de Direitos Humanos, tais movimentos e protestos sociais que visam inibir a
entrada de refugiados, hostilizando-os ainda mais, violam expressamente o art. 3º100
dispositivo da Convenção de Genebra sobre Refugiados101.
Ocorre que a atuação maciça do Estado Islàmico, principalmente em 2015,
acabou se tornando um catalisador para que tais movimentos de cunho xenofóbico
tomassem conta da Europa. Não obstante todas as dificuldades que os refugiados vêm
passando, para buscar uma reconstrução de suas vidas no continente europeu, mais uma
barreira acabam de ser imposta aos 13 de novembro de 2015, com uma série de
atentados terroristas praticados na capital francesa, deixando mais de 120 mortos e
pouco mais de 350 feridos102
Na manhã de sábado (14 de novembro), ainda quando não se sabia a autoria da
carnificina que entra para história da Comunidade Europeia, a maior desconfiança da
99
G1. Protesto contra refugiados na Alemanha deixa ferido. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/protesto-contra-refugiados-na-alemanha-deixa-ferido.html>
Acesso em: 31 out. 2016.
100
Artigo 3º. Os Estados Contratantes aplicarão as disposições desta Convenção aos refugiados sem
discriminação quanto à raça, à religação ou ao país de origem
101
Alemanha ratificou a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951.
102
CNN International. Paris massacre: At least 128 killed in gunfire and blasts, French officials say.
Disponível em: <http://edition.cnn.com/2015/11/13/world/paris-
shooting/index.html?iid=ob_lockedrail_topeditorial&iref=obnetwork>. Acesso em: 31 out. 2016.
71
103
CNN International. Paris attacks: Suicide bomber identified; ISIS claims responsibility for 129 dead.
Disponível em: <http://edition.cnn.com/2015/11/14/world/paris-attacks/index.html>. Acesso em: 31 out.
2016.
104
CNN International. Paris attacks: Authorities hunt for a French national. Disponível em:
<http://edition.cnn.com/2015/11/15/world/paris-attacks/index.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.
105
Fantástico. Líderes religiosos e celebridades condenam ataques a Paris. Disponível em:
<http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/11/lideres-religiosos-e-celebridades-condenam-ataques-
paris.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.
106
British Broadcasting Corporation. Paris attacks: Impact on border and refugee policy. Disponível em:
<http://www.bbc.com/news/world-europe-34826438> Acesso em 01 nov. 2016.
72
107
Globo News. Bulgária acusada de tratar refugiados com brutalidade. Disponível em:
http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/v/bulgaria-e-acusada-de-tratar-refugiados-
com-brutalidade/4605877/. Acesso em: 01 nov. 2016.
73
7 MEDIDAS RESOLUTIVAS
Não é para menos que diante de um quadro tão grave, com uma circulação de
pessoas desenfreada, que os governos europeus tentam a qualquer custo buscar uma
solução emergencial de natureza cautelar para evitar que a situação da crise humanitária
que assola os pilares da Europa fique ainda mais grave e acabe por revelar não só mais
violações a direitos humanos, como também demonstre a total ineficácia e despreparo
daqueles que figuram como os maiores líderes mundiais.
Após a situação assumir nível emergencial, com a quantidade enorme de pessoas
optando pela rota do Mediterrâneo, além da utilização da rota Ártica, alguns premiers
europeus se reuniram108 em Luxemburgo para discutir os rumos que a União Europeia
tomaria para evitar que a crise humanitária na Síria continuasse a ceifar mais vidas dos
refugiados, bem como causar dissídios com os nacionais europeus. Inclusive, vale
salientar que a ONU já havia se pronunciado duramente acerca das medidas pouco
eficientes que a União Europeia vem tomando com relação às diversas pessoas que se
aventuraram pelas rotas de fuga, senão vejamos o depoimento do chefe de Direitos
Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein:
108
G1. Comissão Europeia define planos para aliviar a crise de imigrantes. Disponível em: <
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/04/comissao-europeia-apresenta-plano-para-aliviar-crise-de-
imigrantes.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.
109
EBC Brasil. Anistia Internacional divulga plano para combater a crise de refugiados. Disponível em: <
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-10/anistia-internacional-divulga-plano-para-
combater-crise-de-refugiados>. Acesso em: 01 nov. 2016.
74
divulgação do meio para angariar doações controladas pelo Alto Comissariado da ONU
sobre Refugiados.
De fato, as várias reuniões empreitadas pelas lideranças europeias dos países
mais procurados pelos refugiados gerou a criação de algumas medidas a serem seguidas
pela União Europeia para que novos episódios não venham a acontecer, dificultando
ainda mais a situação já crítica, e piorando a visibilidade do bloco econômico perante a
Comunidade Internacional que já vê com maus olhos a falta de atitude eficaz do bloco.
Assim, faz-se necessário expor os pontos cruciais do chamado “Plano de Emergência”:
110
Artigo 32 – Expulsão. 1. Os Estados Contratantes não expulsarão um refugiado que se encontre
regularmente no seu território senão por motivos de segurança nacional ou de ordem pública.
111
Zero Hora. Distribuição de refugiados entre os Estados-membro da União Europeia. Disponível em: <
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/09/distribuicao-de-refugiados-nos-estados-membros-da-
ue-4853761.html>. Acesso em 01 nov. 2016.
76
Tais organismos, atuando com seus métodos específicos, podem chegar a ajuizar
ações perante as Cortes nacionais do Estado violador buscando reparação dos danos
causados por ele aos refugiados que representam. Nestes casos, se a jurisdição interna
não for suficiente, podem os refugiados, auxiliados por tais órgãos, ajuizar denúncias
perante a Corte de Estrasburgo objetivando a responsabilização internacional de um
membro do Conselho da Europa.
Como já demonstrado na análise do caso Hirsi Jamma e outros vs. Itália, a Corte
EDH possui entendimento consolidado acerca das práticas estatais de seus membros
quanto a violação de direitos dos refugiados, fato é que a mesma reconheceu a
supremacia da CEDH e da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados ao acordo
bilateral entre Itália e Líbia. Ademais, a Casa de Justiça também reconheceu violação
clara ao princípio do non-refoulement e de outras garantias básica asseguradas aos
refugiados, assegurando seu papel jurisdicional na proteção aos direitos humanos.
Sem falar que nos casos ajuizados perante a Corte de Estrasburgo, é admissível a
atuação de organismos internacionais de direitos humanos ligados as causas defendidas
pelos denunciantes, na condição de amicus curiae, fato é que o HRW e ACNUR
atuaram como tal no caso supramencionado, contribuindo consideravelmente para que o
pedido das vítimas tivesse procedência in totum, o que expressa reconhecimento da
necessidade de auxílio na parte instrutória por parte dos denunciantes, os quais muitas
vezes não tem acesso facilitado à determinadas provas.
Não obstante a isso, a atuação do Comitê de Ministros em averiguar a execução
da sentença por parte do Estado condenado reflete a preocupação que o SEDH tem com
a plena efetivação de suas sentenças, muitas vezes ligadas ao pagamento de indenização
pecuniária à título reparatório, como forma de demonstrar aos Estados membros que a
proteção internacional aos direitos humanos por eles assumida é de natureza obrigatória
objetiva. Importante esclarecer, também, que o SEDH possui métodos punitivos à
descumprimentos de suas sentenças bem eficientes, como a suspensão ou expulsão de
Estados do Conselho da Europa, plenamente disposta no texto da CEDH.
Assim sendo, o SEDH, principalmente após o reconhecimento da capacidade
postulatória do indivíduo vítima de violação de direitos humanos por parte de um
Estado membro, aliado a possibilidade de intervenção de organismos internacionais de
direitos humanos, ou não, como amicus curiae durante a instrução processual, se
demonstra como meio efetivo para resolução de casos envolvendo violação à direitos
77
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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