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Em O que é a Arte?

, Tolstói expõe os mecanismos de falsificação da arte,


explicando o que leva as pessoas a optar pelas falsificações da arte,
preferindo-as à “arte genuína”. São três as razões que o autor denuncia
contribuírem para a proliferação de falsa arte: a profissionalização da arte,
em virtude das suas altas remunerações; a crítica de arte; e as escolas de
arte. Estas três razões podem facilmente ligar-se com obra Wagneriana
que Tolstoi tanto critica.

PROFISSIONALISMO NA ARTE A profissionalização da arte explica-nos


Tolstói como “uma significativa recompensa dos artistas pelas suas obras,
de que resulta a institucionalização do artista como profissional”. O autor
diz-nos que a arte como profissão surgiu quando se começou a considerar
arte boa aquela que desse prazer, arte esta que as pessoas das classes
ricas recompensavam mais do que qualquer outra atividade. O artista
profissional vive da sua arte e, segundo Tolstói, tem de estar
constantemente à procura e a inventar novos temas de criação para poder
subsistir. Perante esta ideia, é fácil perceber porque Tolstoi não via arte na
música de Wagner. A sua obra era o contrário do que Tolstoi apelidava de
arte, obras de proporções megalómanas, que consomem muitíssimos
fundos de mecenas, que provêm do povo. Obras que nem estão ao
alcance deste povo que se veria humilhado só pelas dimensões do
gigantesco teatro construído para Wagner com o resultado do seu
trabalho. O autor distingue as obras de arte religiosas criadas por crentes,
canções, contos e lendas populares de autoria desconhecida, das obras
criadas por profissionais, às quais estão associadas o nome do seu criador
e a recompensa que por ela recebeu, sendo que Tolstoi apoia o primeiro
modelo. Assim, Tolstói defende que o profissionalismo é uma das
condições para a proliferação da falsa arte, pois desde “que a arte se
tornou uma profissão a sua principal e mais preciosa propriedade - a
sinceridade - enfraqueceu significativamente e, em parte, desapareceu.”
nota rodapé (Tolstói, O que é a Arte? , p. 158)

CRÍTICA DE ARTE A segunda condição que Tolstói apresenta para a


produção de falsa arte é a crítica de arte, que é a avaliação da arte por
eruditos (portanto, segundo ele, por pessoas pervertidas). «Os críticos
explicam.» O que será que eles explicam? Tolstói começa por explicar o
porquê de ser desnecessário explicar a arte. Ele diz-nos que se a obra,
enquanto arte, é boa, então o sentimento expresso pelo artista é
transmitido às outras pessoas e, assim sendo, torna-se desnecessária
qualquer tipo de interpretação, sendo este um dos princípios do
expressionismo. Se a obra não contagia as pessoas, então nenhuma
interpretação irá torná-la contagiosa. A interpretação por meio de
palavras das obras de arte só demonstra que quem faz essa interpretação
é incapaz de se deixar contagiar pela arte, e as pessoas menos capazes de
contagiar-se com a arte sempre foram os críticos. Quanto às críticas de
arte, o autor diz que as autoridades estabelecidas por críticos são o
principal meio para a perversão da arte. Os apreciadores da arte das
classes altas devem seguir inevitavelmente o critério do gosto de the best
nurtured men (das pessoas mais instruídas), mas esta tradição é
enganadora, porque a opinião dos best nurtured men é frequentemente
falsa, e porque os juízos que outrora foram corretos deixam de ser com o
tempo. Os autores de tragédias da Antiguidade eram na altura
considerados bons e os críticos, desprovidos de qualquer padrão pelo qual
pudessem distinguir a boa da má arte, não só os consideram grandes
artistas, como consideram grandes e dignas de serem imitadas todas as
suas obras. Vimos aqui um paralelismo com Wagner que se mostrou
explicitamente interessado em basear-se nestas mesmas tragedias da
Antiguidade, nos deuses e nas temáticas antigas. Tolstoi explica-nos que o
maior mal dos críticos é que, não sendo suscetíveis de se contagiar com a
arte, prestam especial atenção e elogiam obras racionais e inventadas, e
são estas que apontam como exemplos dignos de imitação. O autor diz-
nos que é unicamente por causa dos críticos que, nos nossos tempos,
elogiam as bárbaras, grosseiras e muitas vezes absurdas obras dos antigos
gregos e que, somente graças aos críticos, se tornaram possíveis nos
nossos tempos os Wagners, os Liszts, os Berliozes, os Brahms, os Richard
Strausses, etc., e toda a enorme massa de inúteis imitadores destes
imitadores. É tão claro o contraste de ideais entre Wagner e Tolstoi que
quase compreendemos o odio de Tolstoi pelo compositor. Desde a arte
altamente racionalizada (com minuciosas referencias, nuances e
detalhes), à inspiração na arte antiga e ao elitismo das obras de Wagner
tudo vem contra Tolstoi em Wagner.

ESCOLAS DE ARTE Das três condições para a produção de falsa arte que
Lev Tolstói nos apresenta, a última trata das escolas de arte. Tolstói
remete para os dois pontos anteriores, pois com os artistas profissionais
surgiram os métodos de arte, e por consequência apareceram
professores, escolas, alunos. Perante esta realidade das escolas de arte,
Tolstói argumenta tendo por base a sua teoria de arte expressionista, que
diz que a arte é um sentimento especial, vivenciado apenas pelo artista.
Então, como se pode ensinar este sentimento próprio do artista nas
escolas de arte?

Segundo Tolstói, é impossível. Não só afirma que não se pode ensinar arte
nas escolas de arte, como só se pode ensinar o sentimento especial
sentido por outros (a arte dos outros), e existe assim difusão de falsa arte.
Isto inibe os que frequentam estas escolas de compreender a arte
autêntica. No que diz respeito à música, Tolstói é muito claro a propósito
da teoria musical que é ensinada aos alunos das escolas de arte musical:
“A teoria da música nada mais é do que uma incoerente repetição de
técnicas que foram usadas por reconhecidos compositores nas suas
criações musicais”. O autor cria uma separação clara entre o que se
aprende nas escolas de arte e o sentimento que faz da arte, arte. Diz que
este sentimento provoca um contágio, e que é este sentimento tão
dificilmente atingível que não se pode ensinar nas escolas de arte. No
final do capítulo, Tolstói chega à conclusão de que as escolas de arte são
“duplamente nocivas”, ou seja, prejudicam as pessoas que as frequentam
porque as “destroem” artisticamente, retirando a sua genuinidade, e
prejudicam a arte porque há pelos formandos uma maior criação de falsa
arte. É ainda apresentado em poucas linhas o argumento de que o ensino
da arte deveria ser feito desde tenra idade para que o artista, já com
ferramentas próprias, pudesse desenvolver a sua arte.

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