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William MacDonald

Vivendo Acima da Média

Demonstrações heróicas de semelhança com Cristo

Ebook - 1ª edição - 2015


Traduzido do original em inglês:
Living Above the Average
Gospel Folio Press
Port Colborne-ON, L3K 6A6. - ISBN 1-882701-76-3
Tradução: Cleide Camargo
Revisão: Sérgio Homeni, Ione Haake, Célia Korzanowski, Arthur Reinke
Edição: Arthur Reinke
Capa: Tobias Steiger
Layout: Roberto Reinke
Passagens da Escritura segundo a versão Almeida Revisada e Atualizada (SBB), exceto quando indicado
em contrário: Nova Versão Internacional - NVI, Almeida Corrigida e Revisada Fiel – ACF, ou Almeida Revista
e Corrigida – ARC.
Todos os direitos reservados para os países de língua portuguesa.
Ebook ISBN - 978-85-7720-127-3
Copyright 2015 Actual Edições
R. Erechim, 978 – B. Nonoai
90830-000 – PORTO ALEGRE – RS/Brasil
Fones (51) 3241-5050 e 0300 789.5152
www.chamada.com.br - pedidos@chamada.com.br
Índice

1. O Que Jesus Faria?


2. Um Amigo de Deus
3. Um Apóstolo do Amor
4. Profunda Paz em Meio Às Aflições
5. O Custo da Obediência
6. O Quebrantamento Que Vence
7. Nenhum Serviço É Modesto Demais
8. O Filho da Escócia Que Honrou Seu País
9. O General Que Se Humilhou
10. Na Doença e na Saúde
11. Meu Capitão
12. Amigo dos Rejeitados
13. Pagando o Ódio Com a Gentileza
14. Ele Deu a Outra Face
15. O Fogo Mais Quente
16. Ame Seus Inimigos
17. Perdoar É Divino
18. Onde Há Um Testamento
19. Suportando a Vergonha e as Cuspidas
20. O Judeu Negociante de Sucatas
21. Os Gladiadores do Imperador
22. O Primeiro Mandamento com Promessa
23. O Deus Que Ama
24. A Incrível Graça
25. Ele Amou os Pobres
26. Pés Descalços na Igreja
27. Abatidos no Rio Amazonas
28. Louise e o Engenheiro Sanitarista
29. O Tempo Não Conseguiria Contar Tudo
30. Vivendo Acima da Média
Notas de Fim
1. O Que Jesus Faria?

Depois de uma noite de oração em um monte, Jesus escolheu doze discípulos. Ele
os chamou apóstolos porque iria enviá-los para divulgarem o Evangelho. A palavra
“apóstolo” significa “aquele que é enviado”.
Quando eles desceram, Jesus começou a treiná-los para sua missão. Primeiro, Ele
tratou com os estilos de vida deles. Eles deveriam viver sacrificialmente, levar seu
chamado a sério, não ser populares e sofrer perseguição por amor a Ele.
Depois, Ele passou a uma descrição sobre como eles deveriam se comportar.
“Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam; 28bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos
caluniam. 29Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a
tua capa, deixa-o levar também a túnica; 30dá a todo o que te pede; e, se alguém
levar o que é teu, não entres em demanda. 31Como quereis que os homens vos façam,
assim fazei-o vós também a eles. 32Se amais os que vos amam, qual é a vossa
recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. 33Se fizerdes o bem
aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso.
34E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 35Amai,
porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será
grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para
com os ingratos e maus. 36Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso
Pai” (Lc 6.27-36).
Qual é a sua reação a estas ordens do Senhor? Você diz: “Sim, é nisto que creio e
isto é o que nós, cristãos, fazemos”. Se você sente que todos nós vivemos dessa
maneira, sugiro que você leia a passagem novamente e que fique chocado com o que ela
está dizendo.
O que o Senhor está ensinando aqui é um outro modo de vida. É um
comportamento que não é natural; é uma caminhada que está acima da carne e do
sangue; é uma vida em um plano mais elevado. Jesus está insistindo em que a minha
vida deve ser diferente da vida dos meus próximos. Se eu não for distinto deles, estou
dizendo-lhes: “Não tenham medo. Sou exatamente como vocês”. Se não houver
diferença, por que eles deverão ouvir o que você diz quando você busca imprimir as
afirmações de Cristo neles? É a diferença que importa. É a vida acima da média.
Se, por outro lado, eles virem uma grande diferença entre a minha vida e a deles,
eles estão aptos a buscar a razão para isso e, assim, podem abrir a porta para eu
compartilhar o Evangelho com eles. O Major Ian Thomas, fundador dos
“Torchbearers”, diz:
É apenas quando sua qualidade de vida deixa seus próximos perplexos que você tem a probabilidade
de impressioná-los. Deve ficar patentemente óbvio aos outros que o tipo de vida que você está
vivendo não é apenas altamente recomendável, mas que está além de toda explicação humana. Que
ela está além das consequências da capacidade do homem de imitar e, embora eles pouco entendam
sobre isto, está bem claro que somente Deus tem a capacidade de reproduzir-Se a Si mesmo em
você.
Em suma, isto significa que seus amigos devem ficar convencidos de que o Senhor Jesus Cristo, de
quem você fala, é essencialmente o ingrediente da vida que você vive.[1]

Pessoas não cristãs geralmente realizam grandes atos de heroísmo. Elas doam rins
para vítimas de nefrite; tomam conta extraordinariamente bem de seus pais idosos;
fazem generosas doações para causas de caridade. Nós, entretanto, somos chamados
para ir além daquilo que é normal para os não salvos.
Tendo dito tudo isto, devemos acrescentar que todas as vezes que um cristão
mostra um comportamento verdadeiramente semelhante ao de Cristo, ainda assim não
há nenhuma garantia de que os não salvos serão ganhos para o Salvador. Somos
responsáveis por agir como o Senhor agiria, mas os incrédulos ainda são responsáveis
por colocarem sua fé nEle. Sempre haverá aquele que se desviará.
Porém, isto não é tudo. Se você observar bem aquilo que Jesus fala, há os que
pensarão que você está mentalmente perturbado, que você perdeu o juízo. Você não
pode esperar melhor tratamento do que aquele que Ele recebeu. O discípulo não está
acima do seu Mestre.
Anos atrás, o romancista russo Fyodor Dostoyevsky escreveu um livro [2] no qual
ele tentava retratar o Príncipe Myshkin como um perfeito exemplo de ser humano. As
pessoas não conseguiam entender o Príncipe. Elas pensavam que ele estivesse maluco.
O título do livro é “O Idiota”. Quanto mais semelhantes formos à imagem de Cristo,
mais correremos o risco de sermos considerados como idiotas.
Portanto, o apóstolo Paulo estava certo. Somos o aroma da vida para alguns e o
aroma da morte para outros. Ou os impressionamos deixando-os perplexos, ou os
confundimos por agirmos de maneira piedosa. Em qualquer um dos casos, nos
revelamos como filhos do Altíssimo quando O imitamos.
Nas páginas que seguem, pensaremos sobre vários grandiosos momentos no tempo
em que os cristãos tomaram as palavras de Jesus literalmente, amando seus inimigos,
perdoando seus adversários, retribuindo o mal com o bem, suportando sem retaliar,
dando sem ter a esperança de receber de volta, em suma, perguntando-se “O que Jesus
faria?” e, então, buscavam fazer o que Ele fazia.
2. Um Amigo de Deus

Henry Suso foi um místico alemão que viveu nos anos 1300. Ele, Paul Tersteegen e
alguns outros crentes devotos eram conhecidos como “Os Amigos de Deus”. Foram
homens que “habitavam no abrigo do Altíssimo”. Eram como o homem abençoado do
Salmo 1, onde lemos que o “seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de
dia e de noite”. A cidadania deles era nos céus. A santidade de suas vidas era lendária.
Um dia, alguém bateu à porta de Suso. Quando ele a abriu, uma mulher, a quem ele
nunca havia visto antes, estava ali, com um bebê em seus braços. Sem maiores detalhes,
ela empurrou o bebê para os braços dele, dizendo: “Aqui está o fruto do seu pecado”. E
foi-se embora.
Suso ficou perplexo. Aquela acusação infundada acertou-o como um raio. Ele
ficou ali parado com o bebezinho em seus braços. Não havia dúvida de que a criança
era fruto do pecado dela, mas não era dele. Atualmente, ela colocaria o bebê em uma
sacola de plástico e o jogaria em um lixão. Mas para ela foi mais importante colocar a
culpa em alguém.
A notícia do incidente se espalhou rapidamente por toda a cidade, expondo Suso à
culpa de ser uma fraude religiosa. Mas ele não era nem hipócrita nem fraudador. Tudo o
que ele pode fazer foi se retirar e clamar ao Senhor.
“O que devo fazer, Senhor? Sou inocente”.
A resposta veio a ele clara e completamente: “Faça como Eu fiz; sofra pelos
pecados de outros e não diga nada”. Suso teve uma visão renovada da Cruz e paz veio à
sua alma.
Ele criou o bebê como se fosse seu filho e nunca, jamais se defendeu da acusação.
Anos mais tarde, a mulher pecadora retornou à cidade e disse às pessoas que Suso
era inocente, que sua acusação contra ele era falsa. O mal estava feito, mas Deus o
transformou em bem. Suso havia se tornado ainda mais conforme a imagem de Cristo.
Ele havia ganhado a vitória.
Lemos no Antigo Testamento que José experimentou a angústia e a injustiça de ser
acusado falsamente. A mulher sedutora acusou-o de tentar estuprá-la, até mesmo
entregando o manto dele como prova de seu suposto pecado. Entretanto, ele entregou
seu caso ao Senhor, dependendo dEle para sua absolvição.
O Senhor Jesus foi falsamente acusado. Seus inimigos insistiram que Ele havia
nascido fora do casamento. Eles afirmaram que Ele realizava milagres pelo poder de
Satanás. Acusaram-No de subverter o governo romano. Mesmo assim, Ele foi capaz de
dizer: “Que assim seja, Pai, porque aos Teus olhos pareceu bem que isto acontecesse”.
A partir do exemplo dEle, aprendemos que não precisamos nos justificar ou lançar
mão de assistência legal. Deus permite que o pecado trabalhe por si mesmo, expondo o
acusador e honrando a vítima.
3. Um Apóstolo do Amor

O jovem Robert Chapman foi criado em uma família rica, com uma casa luxuosa,
uma equipe de empregados e um veículo que ostentava o brasão da família em seu lado.
A família era religiosa, mas não era de cristãos comprometidos.
Quando Robert tinha vinte anos, um amigo convidou-o para ouvir James
Harrington Evans pregar. Este foi um momento de mudanças na vida de Chapman. Ele
se converteu a Deus em poucos dias.
Ele viu no Novo Testamento que os crentes deveriam ser batizados, então pediu ao
Sr. Evans que o batizasse. O pregador, cauteloso, disse: “Você não acha que deveria
esperar mais um pouco e considerar melhor a questão?”
Chapman respondeu: “Não, eu acho que preciso me apressar em obedecer o
mandamento do Senhor”. E Chapman manteve esse espírito obediente e sensato por
toda a sua vida.
Embora ele tenha se tornado um advogado bem sucedido, sentiu que o Senhor o
estava chamando para o trabalho cristão em período integral. Ele não teve paz até que
deixasse tudo para seguir a Cristo. Em seu caso, “deixar tudo” significava vender suas
posses, doar sua fortuna e voltar as costas para o status e prestígio de sua profissão de
advogado. Sua ambição era trabalhar entre os pobres. “Ouvi, meus amados irmãos.
Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e
herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?” (Tg 2.5).
Não deveria o Evangelho ser pregado aos pobres (Mt 11.5)? E as pessoas comuns
não ouviam Jesus alegremente (Mc 12.37)?
As pessoas viam esse “jovem advogado, alto, sorridente, ternamente conduzindo
uma mulher pobre, muito velha, cega, que não tinha ninguém mais que a levasse aos
cultos. À medida que eles entravam juntos pela nave da igreja, eram uma reprovação
viva àqueles que, embora tivessem a sã doutrina, eram egoístas e, na prática, não eram
amorosos”.
Finalmente, Chapman mudou-se para uma área de favelas em Barnstaple,
Inglaterra, para alcançar os maltrapilhos. Era um cenário de bebedeira, imundície, uma
região com ratos, choupanas cheias de doenças e pobreza. Mesmo assim, ele ministrava
para as pessoas constantemente e elas eram sempre bem-vindas à sua casa.
Disse ele: “Há muitos que pregam Cristo, mas poucos que vivem Cristo; meu
maior alvo é viver Cristo”. Anos mais tarde, John Nelson Darby disse a respeito dele:
“Ele vive o que eu prego”.
Quando o casaco de Chapman ficou roto, um amigo cristão lhe deu um novo, mas o
doador nunca o viu sendo usado. Ele havia passado o casaco adiante para um homem
pobre que não tinha nenhum. O que intrigava Robert Chapman era que as pessoas
achavam que essas coisas eram extraordinárias.
Seus parentes e amigos ficavam perplexos com seu estilo de vida sacrificial. Um
deles decidiu ir visitá-lo para ver o que estava acontecendo. Quando o táxi parou em
frente à casa de Chapman, o parente reclamou com o motorista: “Eu lhe disse para me
levar à casa do Sr. Chapman”. “Esta é a casa, senhor”.
Quando já estava dentro da casa, o visitante, chocado, disse: “Robert, o que você
está fazendo aqui?”
“Estou servindo ao Senhor no lugar para onde Ele me enviou”.
“Como você vive? Você tem uma conta bancária?”
“Eu simplesmente confio no Senhor e falo para Ele tudo o que eu preciso. Ele
nunca falha e assim minha fé aumenta e o trabalho continua”.
O visitante viu que a despensa estava praticamente vazia, então ele se ofereceu
para comprar alguns alimentos. Robert disse-lhe para ir a um determinado mercado. Na
verdade, o proprietário do mercado havia sido amargamente hostil com o Sr. Chapman.
Quando esse homem recebeu a ordem para entregar a enorme compra de alimentos para
o Sr. R.C. Chapman, ele ficou pasmado. Foi diretamente à casa de Chapman com a
encomenda e, com lágrimas nos olhos e sincero arrependimento, pediu perdão. Além
disso, ele aceitou Cristo como seu Senhor e Salvador.
A hospitalidade se tornou uma importante parte de seu ministério. Chapman
comprou uma casa do outro lado da rua e pediu ao Senhor que lhe enviasse hóspedes
segundo a vontade do próprio Senhor. Ninguém tinha que pagar e a ninguém era
perguntado quando planejava ir embora. Aos hóspedes era solicitado que colocassem
seus sapatos e botas do lado de fora de seus quartos todas as noites. Pela manhã, eles
estavam todos limpos e engraxados. Esta era a maneira do Sr. Chapman lavar os pés de
seus hóspedes. Essa hospitalidade mostrada por um solteirão tinha o objetivo de
ensinar aos hóspedes sobre a vida de fé e de serviço ao povo do Senhor. “Havia um
grande contentamento à mesa; palavras de sabedoria e graça eram constantemente
ouvidas; mas não se permitia conversas nos quartos, para que não degenerassem em
conversações frívolas. Uma regra da casa era que ninguém poderia falar de alguém na
ausência deste e qualquer infringir desta regra exigiria uma firme, porém amorosa,
reprimenda”.
A virtude pela qual Robert Chapman era mais conhecido era o amor. Um de seus
críticos jurou que jamais teria alguma coisa a ver com Chapman. Jamais falaria com ele
novamente. Um dia eles se acharam andando pela mesma calçada, um indo ao encontro
do outro. Chapman sabia tudo o que o homem havia dito sobre ele, mas, quando se
encontraram, Robert abraçou o homem e disse: “Amado irmão, Deus ama você, Cristo
ama você e eu amo você”. O homem se arrependeu e retornou à comunhão da igreja.
Tão incrível quanto possa parecer, um amigo, em um país estrangeiro, enviou uma
carta endereçada simplesmente com: R.C.Chapman, Universidade do Amor, Inglaterra.
A carta foi corretamente entregue.
O Sr. Chapman não gostava de divisões denominacionais dentro da Igreja, mas ele
amava todo verdadeiro filho de Deus, não importando em que igreja estava afiliado.
Quando uma facção em sua comunidade queria se separar e reivindicava ser dona da
propriedade, ele concordava com a demanda desse grupo. E quando o governo da
cidade queria um terreno que Chapman havia comprado para construir uma igreja, ele
cedia para a cidade. Ele nunca levava esses casos para serem resolvidos nos tribunais,
a despeito de sua própria habilidade como advogado. Ao tratar de disputas pessoais,
ele evitava ações apressadas, mas se dedicava à oração. Uma vez, quando ele chamou a
atenção de J.N. Darby por ter agido precipitadamente, Darby defendeu sua posição,
dizendo: “Nós aguardamos seis dias”. Chapman respondeu: “Nós teríamos aguardado
seis anos”.
Chapman levava uma vida disciplinada, com tempo para oração, leitura da
Palavra, refeições, visitação nos lares, alimentação aos famintos, ajuda aos
desafortunados, pregações ao ar livre e ensino da Bíblia. Ele jejuava aos sábados e
trabalhava em seu torno mecânico, fazendo pratos de madeira como presentes para as
pessoas.
Um dos seus biógrafos, Frank Holmes, disse dele: “Quanto a uma vida de
santidade, peso de caráter e auto sacrifício, poucos se igualavam a ele; não obstante,
ele era simples e humilde como uma criança. Chapman foi um gigante espiritual. Nem
uma polegada de sua estatura era devida a métodos carnais de experts em publicidade”.
Cristo ensinou a Seus discípulos que a vida deles deveria ser acima da média se é
que eles queriam causar um impacto por Ele. Vemos isso cumprido na vida de R.C.
Chapman. Um de seus parentes estava curioso para saber o que fez com que Robert
seguisse um estilo de vida tão fora deste mundo. Ele chegou à conclusão de que “forças
interiores, das quais ele próprio não entendia nada, impulsionavam Chapman”. Ele
determinou-se a descobrir o que estava faltando em sua vida. “Contou para Chapman
com bastante franqueza qual era sua posição. Os dois oraram e estudaram a Bíblia
juntos. O resultado foi que, quando o visitante voltou para sua casa, era um homem
transformado”.
Para nossa época sofisticada, com seus recursos, engenhosidades e estratégias
manipulativas, um homem como Chapman se parece com um homem de Marte, alguém
de um outro mundo. Isto é verdade. Ele era. Ele habitava no “esconderijo do Altíssimo,
à sombra do Onipotente”. Foi sobre pessoas como ele que A.W.Tozer escreveu:
“O homem verdadeiramente espiritual é de fato algo de certa estranheza. Ele não vive para si, mas
para promover os interesses de Outro. Ele parece persuadir as pessoas a darem tudo ao seu Senhor
e não pede nenhuma porção para si mesmo. Ele tem prazer não em ser dignificado, mas em ver seu
Salvador glorificado aos olhos dos outros. Sua alegria é ver seu Senhor valorizado e ele mesmo ser
negligenciado.
Ele encontra poucos que querem conversar sobre aquilo que é o supremo objeto de seu interesse,
portanto ele está freqüentemente calado e preocupado no meio das barulhentas conversas religiosas.
Por esse motivo, ele ganha a reputação de ser monótono e sério demais; as pessoas o evitam e o
abismo entre ele e a sociedade se alarga. Ele procura amigos em cujos trajes ele possa detectar o
perfume de mirra e aloés nos palácios de marfim e, encontrando poucos ou nenhum, ele, como Maria
dos tempos antigos, guarda essas coisas em seu coração”.[4]

Que nós possamos fazer com que nossa ambição seja a de sermos crentes
verdadeiramente espirituais em nossa geração.
4. Profunda Paz em Meio Às Aflições

Anos atrás, H.A.Ironside contou uma história inesquecível sobre uma viúva
australiana. Esta senhora cristã era uma mulher de Deus. A profundidade de sua
espiritualidade era evidente para todos. Sua vida era marcada por uma fé inabalável e
por uma profunda submissão a Ele.
Quando o seu marido faleceu, ela ficou com cinco filhos para criar. A viúva
encontrou forças no Salmo 146.9: O Senhor (...) ampara o órfão e a viúva... Esta era
uma promessa pela qual ela clamava ansiosamente. Os meninos tiveram o grande
privilégio de crescer “na disciplina e admoestação do Senhor”. No devido tempo,
todos confessaram Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Então estourou a guerra e os cinco jovens responderam ao chamado da pátria.
Talvez tenha sido a pedido deles mesmo que foram designados para o mesmo regimento
do exército. A mãe os entregava ao Senhor dia após dia, sabendo que a vida deles
estava aos cuidados de Deus.
Um dia, ela olhou pela janela e viu um homem caminhando pela pequena calçada
que levava à porta da frente da sua casa. Ela soube imediatamente quem ele era. Era o
ministro capelão da cidade, designado a notificar as famílias quando seus amados
haviam sido mortos na guerra ou haviam desaparecido em ação. Ele também era um
cristão devotado, que tinha essa triste responsabilidade.
Ela foi até à porta e ele estava parado ali com um cabograma amarelo nas mãos. O
tempo pareceu ter ficado imóvel. Depois de se cumprimentarem, ela o convidou para
entrar. Quando se sentaram, ela finalmente conseguiu perguntar:
“Qual deles?”
Foi difícil para ele responder. Ele temia que a notícia fosse dura demais para ela.
Mas ela estava esperando, ansiosa por saber qual de seus filhos havia tombado em
combate.
Finalmente ele conseguiu pôr as palavras para fora: “Todos os cinco”.
A face dela embranqueceu. Seu queixo tremia. Seus olhos se encheram de
lágrimas. Então, ela disse com seu típico espírito confiante: “Todos eram dEle. Deus os
levou para estarem com Ele”.
Juntos, eles se ajoelharam e oraram.
“Não houve histeria, nem murmuração, nem reclamação. Ela tinha entregado seus
filhos a um Deus que guarda Suas alianças quando eles saíram de casa para atender ao
chamado da pátria e ela conhecia seu Salvador bem demais para questionar Seu amor e
Sua sabedoria. Ela tinha a paz que excede a todo entendimento e seu testemunho
significou mais naquele vilarejo do que todos os sermões pregados ali durante anos”.
A história não sugere que todos os crentes devem reagir da mesma maneira que
esta viúva cristã reagiu. O Senhor obviamente deu a ela graça especial para esta perda
incomparável. Chorar pela morte de um ente querido não é sinal de vergonha nem de
fracasso. Até Jesus chorou. Mas o incidente mostra que os cristãos são diferentes na
hora dos pesares devastadores, tão diferentes que o mundo observa e fica perplexo.
Quando os crentes se apropriam das promessas de Deus, eles possuem recursos
escondidos sobre os quais outros nada sabem.
5. O Custo da Obediência

A vida era como uma brisa para Bud Brunke. Ele tinha uma esposa amável, Janice,
seis filhos e era sócio de uma empresa de manutenção de aviões em um pequeno
aeroporto em Elgin, no estado americano de Illinois. O mundo era a sua ostra, ou pelo
menos ele pensava assim.
Finalmente, entretanto, a paz dele foi perturbada quando pensamentos sobre sua
condição espiritual começaram a incomodá-lo. Até aquele momento, ele tinha sido um
diácono e um membro fiel da Igreja Luterana local, mas isso não o satisfazia. O
principal conflito com o qual ele tinha que lidar era o batismo infantil. Ele não
conseguia mais aceitar a idéia de que esborrifar um pouco de água em uma criança faria
dela um membro de Cristo e uma herdeira do Reino de Deus. Devido a uma série de
estranhas circunstâncias, ele começou a participar de aulas em uma Faculdade de
Teologia à noite. Em semanas sucessivas, luz nasceu em sua alma e ele se tornou um
cristão comprometido, enquanto assistia uma cruzada evangelística na televisão.
Desde o início, Bud tinha um desejo forte de conhecer a Palavra de Deus e
obedecê-la. Se ele tivesse pensado que, quando ele fosse salvo, não haveria mais
problemas, ele estaria errado. Um problema em particular se sobressaía. Agora ele
estava em uma parceria com um homem que não era cristão. Isto nunca havia sido um
problema antes, mas agora ele havia lido:
“Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a
justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia
entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente? Que acordo há
entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse
Deus: Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus e eles serão o meu
povo. Portanto, saiam do meio deles e separem-se, diz o Senhor. Não toquem em
coisas impuras e eu os receberei e lhes serei Pai e vocês serão meus filhos e minhas
filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2Co 6.14-18 – NVI).
As palavras eram uma facada em Bud toda vez que ele as lia: “O que há de
comum entre um crente com um incrédulo?” Era verdade. Ele e seu sócio estavam
agora em diferentes patamares. Tinham senso de valores diferentes. As práticas não
éticas nunca haviam sido um problema antes, mas agora elas pareciam enormes. Era
como se um boi e um burro estivessem debaixo do mesmo jugo. Eles não conseguiam
puxar o carro juntos.
Bud sabia o que deveria fazer. Ele deveria sair de debaixo do jugo desigual. Mas
o negócio da manutenção de aviões era o meio de vida dele. Ele tinha que pensar sobre
sua família. Eles não teriam como se sustentar se ele deixasse os negócios. Como
viveriam?
Primeiramente, ele decidiu consultar-se com um presbítero da igreja local. Contou
ao presbítero toda a história sobre como ele se encontrava entre o fogo e a caldeira.
O presbítero disse: “Não há um grande problema aqui. Simplesmente compre a
parte do seu sócio e você será o único proprietário do negócio”.
- “Não tenho dinheiro suficiente para isso”.
- “Nesse caso, por que você não deixa que ele compre a sua parte?”
Isso valia a pena investigar. Ele conversou com o sócio e, para sua surpresa, o
sócio pareceu gostar da idéia. Ele prometeu pagar 40 mil dólares a Bud por sua parte
no negócio. Parecia a solução ideal para o problema. O dinheiro começou a entrar. Os
cheques mensais eram de $200 dólares. Depois, os pagamentos ficaram esporádicos.
Mais tarde, quando Bud apresentou os cheques, eles voltaram com a notificação “sem
fundos”.
Não foi surpresa quando Bud soube que seu ex-sócio pediu para abrir falência.
A determinação de Bud de obedecer a ordem: “Não vos ponhais em jugo desigual
com os incrédulos” (2Co 6.14) lhe havia custado entre 38 e 40 mil dólares. O que ele
deveria fazer? Mas Deus não havia se esquecido de Sua promessa: “...serei vosso Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas...” (2Co 6.18). Não muito tempo depois disso,
Bud foi trabalhar para um cristão, um emprego que durou 25 anos. Quando ele atingiu a
idade de 65 anos e se aposentou, Bud recebeu um pagamento que foi três vezes maior
do que aquilo que ele havia perdido. É exatamente assim que o Senhor age: Ele não
deve a homem algum.
6. O Quebrantamento Que Vence

David Akeman era um correspondente sênior para uma das grandes revistas de
notícias e trabalhava em Hong Kong. Ele tinha a reputação de ser um cristão
comprometido, que era honesto em seu testemunho para o Senhor.
O chefe do escritório naquela época era uma constante irritação para Akeman por
causa de seu palavreado profano. Esse homem praticamente não conseguia falar sem
usar o nome do Senhor em vão. A conversação dele era invariavelmente acrescida de
juramentos. Akeman tentava suprimir sua raiva, mas a pressão crescia em seu interior.
Finalmente, a válvula de escape explodiu. Um dia, quando os xingamentos desse
homem estavam anormalmente ofensivos, Akeman vociferou: “Com licença, mas eu não
gosto da maneira que você toma o nome de Deus em vão”. Ele não falou isso mansa e
gentilmente. Pelo contrário, foi uma repreensão dura. O chefe do escritório não recebeu
a repreensão calmamente. “Com licença”, disse ele. “Eu não gosto da maneira que você
acaba de falar comigo”.
A princípio David sentiu-se satisfeito por ter finalmente trazido o assunto à baila.
Ele teve a satisfação de repreender esse senhor. Talvez isso resolvesse o problema. Ele
não precisaria mais ficar ouvindo a contínua profanidade. Ele havia tocado em um
problema difícil e tinha feito o que devia.
Mas então ele percebeu que havia estragado tudo. O que ele havia dito ao chefe
era pura verdade, mas a maneira que ele tinha dito estava errada. Seu testemunho havia
ficado manchado. A comunicação entre eles havia sido interrompida.
Uma noite, quando já estava deitado, ele entendeu o que, como cristão, ele deveria
ter feito. Ele falou consigo mesmo: “Amanhã irei lá e me declararei culpado por tudo o
que houve”. Seria a morte de seu orgulho. Para ele, seria uma grande humilhação. Mas
ele teria que superar o impasse e na manhã seguinte ele estava lá, diante do chefe do
escritório.
“Eu gostaria de saber duas coisas e depois eu saio. Número um: Nosso
relacionamento está quebrado. Não estamos nos comunicando um com o outro e o
motivo para isso sou eu. Não fui o tipo de pessoa que deveria ser. Eu assumo toda a
culpa e peço seu perdão. Você não tem culpa de nada. A culpa foi minha”. O chefe ficou
boquiaberto.
Agora era hora para ele caminhar a segunda milha:
“Número dois”, continuou Akeman: “De agora em diante, darei a você a primeira
escolha em cada matéria para a revista. Se você quiser pegar uma matéria, a escolha é
sua. Se você não quiser, eu a pegarei. Perdoe-me. Todas as matérias serão
primeiramente suas e eu ficarei com as que sobrarem”.
Tais palavras de escusa e de pesar e tal altruísmo eram virtualmente
desconhecidos nos círculos jornalísticos. O chefe do escritório ficou sem fala. Akeman
saiu do escritório, desta vez muito alegre porque havia restaurado o relacionamento.
Alguns dias mais tarde, David ouviu falar sobre um café-da-manhã de empresários
cristãos no qual um executivo iria dar seu testemunho de fé em Cristo. Um tanto
receoso, ele foi à sala do chefe do escritório e disse: “Olhe, vou a um café-da-manhã
onde um empresário vai falar sobre sua crença em Deus. Você gostaria de ir?” Esta foi
a vez de Akeman ficar surpreso. “Tudo bem”, seu chefe respondeu. No final da reunião,
ele entregou sua vida a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
Akeman comentou: “Ele trouxe consigo um monte de bagagem e ainda está lutando
para se livrar dela. Mas, se eu não tivesse dado o primeiro passo, eu jamais teria
ganhado esse homem para o Senhor”.
Um pedido de perdão real e incondicional como o de Akeman é um artigo raro na
selva deste mundo. Um renunciar de todos os direitos é algo estranho à economia
competitiva. Contudo, este é o tipo de comportamento do outro mundo que vence
homens e mulheres durões para a fé em Cristo.
7. Nenhum Serviço É Modesto Demais

Deus havia chamado Doug Nichols para levar o Evangelho para a Índia; sobre
isso não havia a menor dúvida. A necessidade espiritual daquele país era terrível.
Milhões estavam presos nas garras de falsas religiões. Doug tinha certeza de que havia
sentido o toque divino em seu ombro.
Se tudo isso fosse verdade, o que ele estava fazendo agora, imobilizado na
enfermaria para tuberculosos de um hospital, e, ainda, num hospital de segunda classe?
Teria sido fácil ficar pensando sobre os motivos pelos quais essa enfermidade o havia
derrubado. Ele poderia fazer muito mais pelo Senhor se estivesse passando bem.
Entretanto, ao invés de sucumbir diante da dúvida e da depressão, ele decidiu
evangelizar aquela ala do hospital. Foi de leito em leito, oferecendo porções bíblicas e
falando do Evangelho. A recepção foi inesperada. Os outros pacientes guardavam
rancor contra ele. Eles o olhavam como se ele fosse um americano rico, ocupando um
leito no hospital que poderia ter sido designado a um indiano. Eles rudemente se
recusavam a aceitar as porções bíblicas.
O Senhor tinha um método diferente para Doug alcançá-los com as Boas Novas.
Certa noite, um paciente, que estava extremamente fraco e doente, saiu de sua cama com
muita dificuldade. Ele queria ir ao banheiro, mas estava fraco demais para tanto. Ele se
sujou e sujou o chão da enfermaria e exalava um horrível mau cheiro.
As enfermeiras e funcionários voltaram-se para ele, gritavam, falavam palavrões,
porque precisavam limpar toda aquela sujeira. Uma enfermeira até deu um tapa no
homem. O incidente fez com que os pacientes ficassem constrangidos.
Na noite seguinte, o patético sofredor tentou sair da cama novamente para ir ao
banheiro, mas estava fraco demais. Ele deitou-se de novo na cama e chorou.
A despeito de sua própria fraqueza, Doug foi até o homem, pegou-o e levou-o ao
banheiro. Esperou até que o homem terminasse e carregou-o de volta ao leito.
Nessa hora todos já estavam acordados e viram o que havia acontecido. A atitude
deles com respeito ao intruso americano mudou drasticamente. Um paciente veio até o
leito de Doug e ofereceu-lhe uma xícara de chá, dando a entender que ele queria uma
porção bíblica. Médicos, enfermeiras e mulheres da limpeza pediram livretos do
Evangelho e o Evangelho de João. Finalmente, alguns deles vieram a Cristo porque
haviam visto o Senhor na vida e na compaixão de Doug Nichols.
Isto é o que o Senhor Jesus quis dizer quando Ele disse que não é suficiente
fazermos as gentilezas que as pessoas do mundo podem fazer. Devemos ir além disso e
mostrar Cristo em ações e demonstrações de amor sobrenatural, estranhas ao mundo. Se
nosso comportamento não exceder ao modo que o mundo age, ele jamais causará um
impacto sobre aqueles que estão perecendo.
8. O Filho da Escócia Que Honrou Seu
País

Para entender Eric Liddell, você tem que saber que na Escócia do tempo dele os
cristãos respeitavam e honravam o Dia do Senhor. Eles o chamavam o Sabbath Cristão.
Ninguém trabalhava, nem fazia esportes, mas fielmente participava dos cultos na igreja.
As lojas ficavam fechadas e, exceto em emergências, os prédios dos transportes
paravam. Os crentes separavam aquele dia de uma maneira especial para o louvor e o
culto ao Senhor. Eles raciocinavam que, se você amasse o Senhor, amaria o Seu dia
também.
Eric tomou a maior decisão de sua vida quando tinha quinze anos: ele aceitou
Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Mesmo quando ele se apaixonou por
participar de corridas, o Senhor sempre foi sua prioridade.
Ele aspirava representar seu país nas Olimpíadas e sua oportunidade surgiu em
1924, quando foi escolhido para correr no evento dos 100 metros em Paris. Ele ficou
extasiado. Mas isso mudou quando um membro da equipe contou-lhe que o evento
aconteceria em um domingo.
“Não pode ser”, ele pensou, “não pode ser!”
Eric buscou um lugar tranquilo e passou um tempo em oração. Quando se levantou,
ele tinha um olhar determinado. Não desonraria o Senhor nem o Seu dia.
Quando isto se tornou conhecido, levantou-se um rumor. “Você prejudicou o seu
país. Você é um traidor”. O diretor do time britânico gritou: “Você não pode fazer isso”.
Ele respondeu calmamente: “Não posso correr no dia do Senhor”.
Sua retirada foi manchete dos jornais. As autoridades atléticas britânicas ficaram
furiosas. Os jornais foram impiedosos em sua condenação. Alguns de seus amigos
tentaram defendê-lo, mas foi inútil. O popular Eric agora era um desmancha prazeres.
Eric estudou o quadro com os horários. Observou que a corrida de 400 metros não
seria em um domingo. Não era a distância que ele estava acostumado, mas ele poderia
tentar. Então, ele foi ao diretor e perguntou se poderia fazer aquela corrida.
Contrariamente à política convencional, o diretor concordou. Eric ganhou a primeira
etapa. Correu novamente e ganhou a segunda. Logo ele chegou às semifinais, depois às
finais daquilo que era considerado o evento principal das Olimpíadas.
Antes da corrida, o massagista do time passou-lhe uma folhinha de papel. Eric leu
e estava escrito: “No velho livro está escrito: ‘Aos que me honram, honrarei’. Desejo
a você o melhor sucesso sempre”. A referência bíblica da citação é 1Samuel 2.30. O
versículo foi junto com ele por toda a corrida. Um oficial que fez um discurso animador
à equipe britânica, disse: “Jogar o jogo é a única coisa que interessa”. Esta
provavelmente era uma reprimenda para censurar Eric; mas o tiro acertou no chão
porque, para Eric, havia outras coisas que interessavam mais.
Quando os atletas se enfileiraram em suas posições, a posição de Eric era ruim.
Além disso, a temperatura aquele dia estava insuportável. Era algo sem paralelos,
considerando os demais jogos olímpicos.
As pessoas disseram que o estilo de corrida do Eric foi indesculpável. Os braços
dele estavam balançando, os punhos davam socos no ar, seus joelhos arquejavam e sua
cabeça estava jogada para trás. Alguém comparou-o a um moinho de vento. Mas,
quando faltavam cerca de 50 metros para a chegada, ele fez um esforço supremo para
aumentar sua velocidade. Ele se distanciou dos outros atletas, ganhou a medalha de
ouro e estabeleceu um novo recorde mundial.
Um de seus biógrafos escreveu: “Ele capturou a imaginação de milhões ao jogar
fora sua chance de medalha de ouro nos 100 metros – a corrida na qual ele era favorito
– porque um princípio de sua fé cristã era mais importante. Quando ele,
inesperadamente, ganhou a corrida de 400 metros, em vez da de 100, o país ficou aos
seus pés”.[9] Um proeminente atleta disse: “Sem a menor sombra de dúvida, Eric foi o
maior atleta que a Escócia já produziu – por sua influência, seu exemplo e suas
capacidades”.
Mais tarde, ele se tornou um missionário na China. Antes de embarcar, ele disse a
sua irmã: “Jenny, Deus me fez com um propósito – a China; mas Ele também me fez
rápido e, quando eu corro, sinto o prazer dEle”.
Quando os japoneses ocuparam a China, Eric foi enviado para um campo de
concentração. As condições eram duríssimas. Alimentos e roupas eram escassos e os
prédios dos banheiros eram indescritíveis. O campo fez surgir o que havia de pior nas
pessoas. Houve discórdias entre muitos dos cativos, especialmente homens de negócios
americanos.
Mas havia acordo entre eles de que Eric era diferente. “Ele vivia seu cristianismo.
Ele é retratado como a figura de Cristo aqui no campo assim como ele era dentre o
povo chinês em Siaochang. Ele dá assistência às prostitutas e aos negociantes
desprezados; ele carrega carvão para os fracos e ensina os jovens; ele se prontifica a
vender seu relógio de ouro ou a abrir mão de qualquer outra coisa para servir aos
outros E, mesmo assim, ele é o mesmo Eric marchando em volta com uma camisa
colorida feita de velhas cortinas e com uma aparência extremamente comum e nada de
especial”.[10]
Uma das internas, uma prostituta russa, precisava de algumas prateleiras. Quando
Eric cuidou disso para ela, ela falou que era a primeira vez que um homem fazia algo
por ela sem querer pagamento em troca.
Um dos cativos disse sobre ele: “Nunca ouvi o Eric falar nenhuma palavra rude
sobre ninguém”. Outro testificou: “Eric foi o homem mais semelhante a Jesus que eu
conheci”.
Quando um guarda japonês percebeu um dia que Eric não estava na chamada,
alguém explicou que ele havia morrido algumas horas antes. O guarda hesitou, depois
disse: “Liddell era cristão, não era?” Ele nunca havia conversado com Eric, mas deve
ter visto Cristo nele.
Eric morreu ali, não como resultado de brutalidade, mas por causa de um tumor no
cérebro. A clínica do campo não estava equipada para tratar desse tipo de problema.
As últimas palavras de Eric, ditas a Annie Buchan, uma enfermeira escocesa, foram:
“Annie, é uma completa entrega”.
Quando a notícia chegou a Glasgow, o jornal Evening News anunciou: “A Escócia
perdeu um filho que a fez orgulhosa todas as horas de sua vida”.
No culto fúnebre, Arnold Bryson, um dos missionários seniores, disse:
Ontem um homem me disse: “De todos os homens que conheci, Eric Liddell foi um em cujo caráter e
vida o espírito de Jesus Cristo era preeminentemente manifesto”. E todos nós que tivemos o privilégio
de conhecê-lo com alguma intimidade ecoamos este julgamento. Qual era o segredo de sua vida
consagrada e tão forte influência? Absoluta submissão à vontade de Deus como revelada em Jesus
Cristo. Ele teve uma vida controlada por Deus e seguiu seu Mestre e Senhor com uma devoção que
nunca enfraqueceu e uma intensidade de propósito que fez homens verem tanto a realidade quanto o
poder da verdadeira religião.[11]

Há um “post-scriptum” a esta história. Em 1977, o diretor de filmes britânico


David Puttnam deparou-se com a história da vitória de Eric Liddell nas Olimpíadas de
1924. Puttnam havia acabado de produzir um filme chamado “O Expresso da Meia
Noite” (Midnight Express), que retratava o que há de pior na natureza humana. Tinha
sido um filme cético que deixara um gosto amargo em sua boca. Ele estava, de fato,
decepcionado que o filme estava sendo um tremendo sucesso de bilheteria. Agora, ele
sentia que a história de Eric serviria como uma catarse. Ele disse: “Aqui está um
personagem que busca algo maior que a si mesmo, colocando o dever a Deus antes do
sucesso mundano”.
Foi assim que o filme “Carruagens de Fogo” (Charriots of Fire) veio a existir. Foi
um sucesso instantâneo. As pessoas em todo o mundo ouviram falar sobre o jovem
cujos escrúpulos significavam mais para ele do que uma medalha de ouro nas
Olimpíadas, um humilde atleta escocês que tinha convicções firmes e não faria
concessões.
O filme teve grande aclamação. As pessoas choravam quando viam como Deus
honrou um homem que O honrava. O crítico de cinema de Nova Iorque, Rex Reed,
chamou-o “Um dos melhores filmes que já foram feitos. Ele penetra fundo em verdades
universais e expressa sentimentos considerados fora de moda pelos padrões céticos de
hoje em dia”.
Eric correu a famosa corrida em 1924. Cinqüenta e sete anos mais tarde, o filme
surgiu e o honrou de maneira que ele jamais poderia ter imaginado.
9. O General Que Se Humilhou

A Guerra Civil americana havia terminado e os preparativos para a grande parada


da vitória em Washington estavam sendo feitos. O General William Tecumseh Sherman
estava encarregado dos planos. O roteiro do desfile seria ao longo da Avenida
Pennsylvania, passando pela Casa Branca. O protocolo ditava que um general
cavalgaria à frente da divisão que ele havia comandado.
Na manhã do desfile, aconteceu um imprevisto. O General Sherman parecia
preocupado quando se aproximou do General Oliver O. Howard. A corporação desse
general havia ajudado a ganhar vitórias nas campanhas do Tennessee e Atlanta.
Promovido ao comando do Exército do Tennessee, ele havia participado da famosa
“marcha para o mar” de Sherman.
- “General Howard, o senhor sabe que está escalado para cavalgar à frente de sua
divisão”.
- “Sim, senhor”.
- “Bem, eu gostaria de lhe pedir um favor”.
- “Às suas ordens, senhor”.
- “O General _____, que o precedeu no comando, quer cavalgar à frente de sua
antiga divisão. Sei que o senhor esteve no comando nas últimas campanhas. Mas,
Howard, sei que você é cristão e, portanto, pode suportar uma decepção. Será que você
sairia do posto e permitiria que o General _____ tivesse a honra de conduzir as tropas
na parada?”
O General Howard ficou meio atordoado momentaneamente. Ele tinha estado
ansioso por cavalgar com suas tropas que o haviam servido tão leal e sacrificialmente.
Um tremendo “esprit de corps” havia se desenvolvido à medida que eles viveram e
lutaram juntos. Aqueles homens teriam morrido por ele e uns pelos outros. Ele havia
perdido um braço em serviço. Agora estavam pedindo-lhe que perdesse seu lugar de
honra para um outro oficial que havia feito uma solicitação sem precedentes e sem
justificativa.
Mas rapidamente o General Howard se recuperou. Cumprindo com o ditado
militar: “Seu pedido é uma ordem”, ele ficou parado, ereto, diante de seu oficial em
comando e disse: “Sim, senhor. Já que o senhor coloca as coisas desta forma e já que
eu sou cristão, farei o que me pede com prazer. O General _____ pode cavalgar à frente
da divisão”.
Sherman olhou para ele com alívio e admiração. Depois, disse: “Howard, eu já
esperava que você concordasse com isso. Agora, quero que você cavalgue comigo à
frente de todo o exército”.
Contrariamente ao comportamento humano normal, o General Howard agiu de
modo cristão. Ele havia aprendido aquela rara humildade que vem quando adotamos a
mente de Cristo. Tomar o lugar mais humilde vai contra a natureza. Mas Sherman o
honrou de uma forma que jamais aconteceria se ele não tivesse agido como agiu.
10. Na Doença e na Saúde

Robertson McQuilken foi presidente do Columbia Bible College and Seminary


[Faculdade e Seminário Teológico de Columbia]. Uma de suas grandes alegrias na vida
era formar jovens para se tornarem servos eficientes do Senhor Jesus Cristo. Ele
trabalhou incansavelmente com esse objetivo. Sob sua liderança, a faculdade tinha uma
reputação de excelência espiritual e acadêmica.
Então parece que a casa caiu de uma vez. Tudo teve início quando sua esposa
Muriel começou a contar a mesma história, dia após dia. Depois, ela perdeu a
capacidade de ler e suas habilidades artísticas. Teve que parar seu ministério público.
Era agonizante para Robertson vê-la “se apagando gradativamente”. Finalmente,
quando o médico pediu-lhe que dissesse o nome dos quatro Evangelhos e ela não
conseguiu, o diagnóstico foi confirmado: Ela estava com o Mal de Alzheimer.
Ela havia sido a companheira devotada de Robertson por muitos anos. Sem ela,
ele não poderia ter realizado o ministério que fora tão frutífero. O que ele deveria
fazer? Será que deveria contratar cuidadoras para ela, para que ele pudesse continuar
com seu trabalho na faculdade e no seminário? Ou deveria se demitir para dar a ela um
pouco do cuidado que ela havia tido por ele durante tanto tempo?
Para os associados dele, a decisão estava clara. Havia muitas pessoas amigas que
ficariam na brecha por ele, tratando de Muriel com amor cristão e ternura. Isso o
deixaria livre para continuar sua liderança na Columbia.
Mas ele não havia feito os votos de estar com sua esposa na saúde e na doença até
que a morte os separasse? Agora ela estava enferma e isso era irreversível.
Logicamente que Deus poderia realizar um milagre em Muriel, mas, se não, Ele poderia
realizar um em Robertson. Portanto, o que ele poderia fazer? Será que deveria manter
os votos?
Sim, ele manteria os votos. Para a grande consternação da comunidade cristã, ele
se demitiu da presidência da faculdade e do seminário para tomar conta de Muriel nos
tempos da deterioração mental e física pelas quais ela iria passar. “Quando chegou a
hora, a decisão foi firme. Não foram necessários muitos cálculos. Era uma questão de
integridade. Este não era um trabalho penoso ao qual eu, estoicamente, me submetia.
Afinal, ela tinha cuidado de mim por quase quatro décadas com maravilhosa devoção;
agora era a minha vez. E que companheira ela era! Se eu cuidasse dela por quarenta
anos, ainda estaria em débito”.
Durante dezessete anos Robertson caminhou com Muriel em sua jornada para
dentro do esquecimento. Ele escreveu o que segue:
“Agora é meia noite, pelo menos para ela e às vezes eu me pergunto quando
chegará o amanhecer. Nem mesmo o terrível Mal de Alzheimer deveria atacar tão cedo
e atormentar por tanto tempo. Contudo, em seu mundo silencioso, Muriel é tão contente,
tão amável. Se Jesus a levasse para casa, eu sentiria tanta falta de sua presença gentil e
doce. Sim, há momentos em que fico irritado, mas não freqüentemente. Não faz sentido
ficar irritado. E, além disso, talvez o Senhor esteja respondendo a oração da minha
juventude, de amansar meu espírito.
Certa vez, eu perdi a paciência completamente. Nos dias em que Muriel ainda
conseguia ficar em pé e andar e ainda não tínhamos lançado mão das fraldas, às vezes
aconteciam uns “acidentes”. Eu estava ajoelhado ao lado dela, tentando limpar aquela
sujeira e ela estava em pé ao lado do vaso sanitário, toda confusa. Teria sido mais fácil
se ela não fosse tão insistente em tentar ajudar. Eu fui ficando cada vez mais frustrado.
De repente, para fazê-la ficar quieta, dei um tapa na perna dela, como se isso fosse
melhorar as coisas. Não foi um tapa com força, mas ela ficou assustada. Eu também
fiquei. Nunca, em nossos quarenta e quatro anos de casamento, eu havia sequer tocado
nela com raiva ou para repreendê-la de alguma coisa. Nunca! Na verdade, nunca fui
nem tentado. Mas agora, quando ela mais precisava...
Soluçando, supliquei a ela que me perdoasse, não importando que ela não
entendesse minhas palavras da mesma forma que não as conseguia falar. Então, voltei-
me para o Senhor para dizer-Lhe quão arrependido eu estava. Demorei dias para me
recuperar. Talvez Deus tenha guardado aquelas lágrimas em garrafas para apagar o fogo
que algum dia possa se acender”.
Assim, Robertson McQuilken renunciou à presidência da Faculdade de Teologia e
do Seminário, que ele havia dirigido por vinte e dois anos, a fim de cuidar de sua
esposa, à medida que ela descia para o esquecimento.
Esta história foi publicada na Christianity Today [O Cristianismo Hoje], uma
revista cristã. Os leitores choraram ao ler. Levei alguns casais que conheciam o Senhor
a renovar seus votos de casamento. Outros desenvolveram um novo caminho pela
bênção do relacionamento conjugal. Ainda outros perceberam que haviam visto Jesus
na vida de Robertson McQuilken.
11. Meu Capitão

Uma professora de escola pública em Melrose, estado americano de


Massachusetts, havia falado para seus alunos decorarem o poema Invictus, de William
Ernest Henley e recitarem para a classe. Este poema é geralmente considerado um
clássico da literatura inglesa e ela pensou que seus alunos deveriam ficar
familiarizados com ele. Ele inspira pessoas que não têm o hábito da reflexão por meio
de seu espírito de poder, independência e bravura. O título do poema está em Latim e
significa “aquele que não foi vencido”.
De fato, Invictus é totalmente infiel. Ele questiona a existência de Deus e zomba
dEle se é que Ele existe. O autor se orgulha de sua autossuficiência. Ele não precisa de
Deus para determinar seu destino ou para dizer-lhe o que fazer. Ele desafia o Todo
Poderoso. Aqui está o poema:
Invictus
Na noite que me cobre
Negra como a mina de carvão de polo a polo,
Agradeço a quaisquer que sejam os deuses,
Por minha alma invencível.
Considerando as circunstâncias,
Não estremeci nem chorei alto;
Sob as perseguições do acaso
Minha cabeça se cobre de sangue, mas não se dobra.
Além deste lugar de ira e lágrimas
Surge o horror das sombras,
E, não obstante, a ameaça dos anos
Me encontra destemido.
Não importa quão reta seja a porta,
Quão mudado o pergaminho pela punição,
Eu sou o mestre do meu destino.
Eu sou o capitão da minha alma.

Essas palavras apresentaram um problema para Edith Vail, uma garota cristã da
classe. Recitar esse poema diante da classe seria negar aquilo em que ela acreditava.
Seria desonroso para Aquele a quem ela reconhecia como seu Mestre e Capitão. Na
verdade, ela sentiu que seria uma blasfêmia contra seu Senhor e Salvador.
Havia apenas uma coisa a ser feita. Ela foi falar com a professora e explicou
cortesmente sua situação. Ela não foi nem combativa nem desrespeitosa. A professora
tentou raciocinar com ela. Explicou que Edith não tinha que concordar com os
sentimentos do poema, mas deveria conhecê-lo como uma grande obra de literatura. Foi
inútil. Edith havia traçado uma linha na areia. Suas convicções não eram negociáveis.
A professora percebeu que ali estava um caso de verdadeira insubordinação, mas
as coisas não pararam por aí. Alguém relatou o acontecido aos jornais locais e logo o
caso se tornou célebre. Foi estampado nas páginas de rosto: aluna teimosamente se
recusa a obedecer sua professora. Edith foi comparada às Testemunhas de Jeová, que se
recusam a prestar lealdade à bandeira. Obviamente, ela era membro de um cultismo
rebelde e possivelmente anti-americano.
Os cristãos em toda aquela área oravam fervorosamente por Edith. Então uma
moça cristã veio ao seu socorro com uma brilhante sugestão. Ela disse que havia uma
versão cristã do poema de Henley escrito por Dorothy Day. Talvez a professora
permitisse que ela recitasse esse poema no lugar daquele ofensivo. E eis o que
aconteceu. Edith pegou a versão cristianizada e mostrou-a à professora. Para sua
surpresa, a professora concordou.
Edith se colocou diante da classe e recitou o seguinte:
Meu Capitão
Da luz que brilha sobre mim,
Luzente como o sol, de polo a polo,
Agradeço ao Deus que sei que é
Em Cristo, o Conquistador da minha alma;
Como a Ele pertencem as circunstâncias,
Eu não estremeceria nem choraria alto.
Sob a regra que os homens chamam oportunidade,
Com alegria, curvo humildemente a cabeça.
Para além deste lugar de pecado e lágrimas,
Aquela vida com Ele! Ele é a ajuda
Que, a despeito da ameaça dos anos,
Me guarda e me guardará destemida.
Não tenho medo embora o portão seja estreito
Ele limpou do pergaminho a punição
Cristo é o Mestre do meu destino.
Cristo é o Capitão da minha alma.

Deus havia feito a ira do homem louvá-lO. Ele havia vindicado uma corajosa
jovem crente, que estava disposta a sofrer abuso verbal por causa de sua lealdade a
Cristo. Ele havia trazido muitas pessoas para um encontro face a face com o
inescapável Cristo.
É necessário ter sabedoria para permanecer veraz para com Jesus quando todo o
mundo parece estar contra você. Edith Vail foi uma dessas pessoas que faria o que fosse
preciso.
12. Amigo dos Rejeitados

Jack Wyrtzen foi fundador e diretor do Acampamento Palavra da Vida, em Schroon


Lake, no estado americano de Nova Iorque. Os meses de verão eram lotados com
conferências bíblicas, acampamentos de jovens e outras atividades projetadas para
ganhar os perdidos para Cristo, edificar os crentes na fé e fortalecer as igrejas cristãs
locais. Jack era um líder espiritual e um dínamo humano. Seus dias eram cheios de
deveres administrativos, preparação de mensagens, encontros com os convidados e
todas as outras tarefas necessárias para um acampamento ser realizado calmamente.
Certo ano, um cristão com uma deficiência física desagradável veio à conferência
de adultos. Ele chamou especialmente a atenção quando estava na sala de jantar. Antes
que a refeição começasse, alguém tinha que pegar um jornal, enfiá-lo em seu queixo e
cobrir seu peito e colo com ele. Veja bem, quando ele colocava comida na boca, ele
conseguia engolir apenas um pouco. Como os músculos da sua boca estavam
comprometidos, o restante da comida caia fora da boca, em cima do jornal. Não havia
nada que ele pudesse fazer a esse respeito. Esta era apenas uma de suas muitas
deficiências. Contudo, o patético crente apreciava a Palavra de Deus e queria
participar da conferência para poder ouvi-la.
Os outros hóspedes evitavam sentar-se à mesma mesa. Obviamente, não era um
ambiente favorável para uma refeição. Alguns sentiriam repulsa, outros perderiam o
apetite. Como consequência, este precioso filho de Deus invariavelmente se sentava
sozinho à mesa.
Por causa de sua enorme carga de trabalho, Jack raramente chegava na hora à sala
de jantar. Geralmente os hóspedes já haviam começado a comer e o lugar estava cheio
de animada conversação.
Quando os hóspedes finalmente o viam chegar, acenavam com as mãos, chamando-
o para vir e sentar-se com eles.
Mas Jack nunca sentava à mesa com eles. Ele ia sentar-se à mesa onde o irmão
abandonado estava comendo sozinho. Isto era o que Jesus Cristo teria feito. Ao fazê-lo,
Jack pregou um de seus melhores sermões. Silenciosamente, ele relembrou os outros de
que O Salvador dava atenção ao menor, ao último, ao mais simples e que nós também
somos chamados para dar atenção às pessoas de posição social humilde. Não
deveríamos aspirar a cair nas graças das pessoas importantes (Rm 12.16), mas a nos
associarmos aos simples e humildes.
As pessoas consideravam um símbolo de status terem Jack à suas mesas. Afinal,
ele era uma celebridade do rádio, um famoso evangelista e o diretor do Acampamento
Palavra da Vida, uma organização cristã em alta. Era importante e significava algo
chegar em casa e dizer aos amigos que eles conheciam Jack Wyrtzen. Mas, como Jack
era um homem humilde que vivia Cristo, o status e os privilégios especiais eram
dirigidos à pessoa menos estimada na sala de jantar.
13. Pagando o Ódio Com a Gentileza

Você pode ficar tentado a pensar que o nome Cubas era de um cubano. Mas não
era. Oscar Cubas foi um hondurenho que serviu ao Senhor na fronteira da Nicarágua.
Foi o primeiro hondurenho a ser aprovado para o serviço em período integral para o
Senhor, enviado pelas igrejas de Honduras. O Senhor usou-o para implantar uma igreja
do Novo Testamento em um vilarejo chamado Tauquil.
Oscar não tinha escolaridade; era um simples cristão. Uma de suas grandes
qualidades era ter uma profunda fé na Palavra de Deus e um profundo desejo de
compartilhar a Palavra com os outros. Além disso, ele buscava praticar aquilo que
aprendia na Bíblia e isto significava que ele era humilde, paciente, amoroso e gentil.
O vilarejo de Tauquil, entretanto, era um ninho de comunistas. As simpatias e
lealdade do povo eram em favor dos sandinistas. Mas, quanto mais pessoas vinham a
Cristo e quanto mais a igreja crescia, o controle dos sandinistas sobre a população
enfraquecia. Não era porque os crentes se envolviam na política; eles não se
envolviam. Era simplesmente porque eles eram sal e luz que sua moral positiva e
influência espiritual começara a ter efeito.
Certa ocasião, Oscar estava enfrentando um problema – o tipo de problema que
alegra todo verdadeiro servo do Senhor. À medida que o trabalho crescia, a igreja
precisava de um prédio. Até então, os crentes haviam se encontrado nos lares, mas isso
já não era viável. As casas dos crentes eram muito pequenas. Então, a igreja comprou
uma propriedade. Metade dela seria para a capela e a outra metade seria para a casa de
Oscar e sua família.
Naquela época, os cristãos não haviam percebido que aquela propriedade era
vizinha do terreno de Santos, um dos líderes comunistas do vilarejo. Esse homem não
era amigo dos evangélicos. Não há dúvida que ele se ressentia pela maneira que o
comunismo havia perdido um tanto de seu poder em Tauquil. Então, ele começou a
incomodar Oscar. Certa vez, ele até conseguiu colocá-lo na prisão sob a ridícula
acusação de que ele havia cortado uma árvore morta. Quando as autoridades
investigaram e perceberam quão bizarra era a acusação, libertaram Oscar.
Oscar tentava retaliar? Ele denunciou seu vizinho? Ele tentou se defender? Não.
Em todos os maus tratos que suportou, ele agia à semelhança de Cristo. Os habitantes
do vilarejo se admiravam com o comportamento dele; era como se ele não fosse deste
mundo. As pessoas de Tauquil não eram daquele jeito.
Quando a capela ficou pronta, Oscar começou a construir sua casa. Era exatamente
do outro lado da cerca da casa do Santos. Ah, isso deu ao vizinho a oportunidade de
fazer o pior que pudesse. Ele construiu uma latrina nova do lado de fora da casa, perto
da cerca, sendo que o mau cheiro iria diretamente para dentro da cozinha de Cubas. Era
o suficiente para estragar qualquer refeição.
Oscar não disse nada. Ele sempre cumprimentava Santos com simpatia e respeito.
Não havia pensamentos quanto a se vingar. Em sua fé simples, ele cria que a batalha era
de Deus. Ele estava contente por ficar parado esperando para ver a salvação do Senhor.
A latrina não tinha sido uma obra de arte da engenharia. Um dia, quando Santos a
estava usando, a coisa toda veio abaixo. Aqui vamos colocar um véu sobre o restante
desse deselegante cenário. O homem, humilhado, percebeu que estava lutando contra
Deus e estava perdendo feio. Como Saulo de Tarso, ele estava ‘recalcitrando contra os
aguilhões’. Certamente Santos não queria que aquela experiência se repetisse.
Então, agora chegamos à boa notícia. O sórdido episódio teve um final feliz.
Aquele foi o meio de trazer Santos a Cristo. A pessoa que compartilhou esta história
conosco disse: “O que houve de mais bonito foi que, quando Santos recebeu o Senhor,
ele se entregou totalmente a Ele. Hoje ele é um irmão cristão devotado, em plena
comunhão com nossa pequena igreja e está ativamente alcançando outros”.
O salmista diz: “...o Senhor se agrada do seu povo” (Sl 149.4). É fácil ver como
Ele se agrada de um homem como Oscar Cubas. Esse crente simples exemplifica Jesus.
Ele suportou pacientemente quando sofreu por fazer o bem. Ele escolheu ser maltratado
ao invés de se levantar em nome dos seus direitos. Ele orou por aqueles que o
perseguiram e deixou o Senhor fazer o resto. Oscar não retaliou.
Tendo dito isto, deixe-nos perguntar por que é que os cristãos não devem ser
retaliadores. A razão é que perdemos nossa credibilidade como a sociedade alternativa
se nos comportarmos exatamente como as outras pessoas se comportam. Parte de nosso
testemunho a Cristo e a Sua graça salvadora é uma atitude de mansidão e humildade.
Em outras palavras, toda a missão da igreja, o testemunho do Evangelho, são afetados
se os cristãos cederem espaço à retaliação ou à vingança.[15]
14. Ele Deu a Outra Face

Esta é uma história que parece vir à tona todas as vezes que estoura uma guerra e
homens e mulheres são convocados para o serviço militar. É impossível sabermos a
versão original. Sem dúvida, ela ocorreu muitas vezes.
O Dr. J. Stuart Holden, um pregador britânico, deu a versão de uma história que
podemos saber que é autêntica porque ela foi contada a ele diretamente por um dos
participantes.
No final da Segunda Guerra Mundial, Holden encontrou-se, no Egito, com um
sargento britânico que era um cristão notável. Quando Holden perguntou-lhe como ele
havia chegado à fé no Senhor Jesus, o sargento explicou que, antes de ter vindo ao
Egito, ele estava baseado em Malta. Havia um soldado raso em sua companhia que era
crente e que não se envergonhava de testemunhar a outros homens. Os outros gostavam
de assediá-lo, mas isso parecia não perturbá-lo.
Disse o sargento: “Uma noite todos viemos aos alojamentos, muito molhados pela
chuva e muito cansados. Antes de se arrastar para seu beliche, esse soldado raso se
ajoelhou e orou. Eu não deixei passar. Minhas botas estavam pesadas por causa do
barro e eu bati em um lado do seu rosto com uma das botas. Depois, peguei a outra bota
e joguei contra o outro lado do rosto dele. Ele simplesmente continuou orando”.
“Na manhã seguinte”, continuou o sargento, “encontrei aquelas botas ao lado do
meu beliche, lindamente engraxadas. Aquela foi a resposta do soldado à minha
crueldade. Isso me tocou profundamente. Naquele mesmo dia fui salvo”.
A resposta do soldado raso à perseguição do sargento foi um retrato vívido das
palavras do Salvador: “Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra”
(Lc 6.29 – NVI). Ele não havia seguido seu Mestre em vão.
Eu apenas acrescentaria uma palavra de precaução. Não devemos supor que o
abuso físico sempre vem após um vibrante testemunho por Cristo nas forças armadas.
Feqüentemente, penso eu, homens e mulheres do mundo têm respeito por um cristão que
tem firmes convicções e que está disposto a defendê-las. Mesmo que um soldado haja
ofensivamente em relação a um cristão, outros não cristãos estão sempre prontos a se
levantar em sua defesa. O Senhor, com misericórdia, assegurar-se-á de que os
problemas não devastarão os fracos e abandonados. Ele nunca nos dá uma provação
maior do que pudermos suportar.
15. O Fogo Mais Quente

Em seu livro From Grace to Glory (“Da Graça à Glória”, em tradução livre) [17],
Murdock Campbell fala sobre um ministro piedoso do norte da Escócia cuja esposa não
compartilhava de sua profunda espiritualidade. Aparentemente, ela não tinha o mesmo
amor pelo Senhor ou por Sua Palavra. Um dia, quando ele estava sentado ao lado da
lareira, lendo a Bíblia, ela entrou na sala em uma explosão de raiva. Arrancou o livro
das mãos dele e o atirou ao fogo.
Como um cristão deveria responder a tamanho sacrilégio ou raiva? Será que ele
deveria repreendê-la seriamente por um comportamento tão ímpio? Ou ele deveria usá-
lo nesta ocasião para mostrar a ela um espírito semelhante ao de Jesus?
O ministro escolheu o último. Olhou para ela e disse calmamente: “Acho que
nunca me sentei ao lado de um fogo tão quente”.
Ali estava uma ilustração clássica do provérbio: “A resposta branda desvia o
furor” (Pv 15.1). O Sr. Campbell escreve: “Foi uma resposta que desviou a fúria dela e
marcou o início de uma vida nova e amorosa. A Jezabel tornou-se uma Lídia. O espinho
tornou-se um lírio”.
Mas algo deve ser rapidamente acrescentado para completar o quadro. Mulheres
cristãs, mais freqüentemente, têm sido vítimas do que agressoras.
Linda é um exemplo.[18] Antes que fosse salva, ela se casou com um rapaz
chamado Tony. Ela achava que ele era bonito e charmoso.
Mas quando seu primeiro filho nasceu e ela se tornou cristã, ela entendeu que Tony
era um perdedor. Ela não deveria tê-lo julgado pela aparência. Ele era alérgico ao
trabalho e estranho a um viver responsável. Era beberrão e mulherengo. Às vezes, ele
se ausentava durante meses depois retornava para casa como se nada tivesse acontecido
e novamente vivia como marido de Linda. Quando o próximo bebê nasceu, ele se
ausentou de novo, deixando com Linda a responsabilidade de prover para a família.
Como uma mulher piedosa, Linda tentou seguir o padrão estabelecido em 1 Pedro
3.1-2 (NVI): “Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se
alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento
de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês”.
Em vez de retaliar ou de ficar resmungando, Linda tentou ganhar seu marido por
meio de uma vida de justiça e de um comportamento que vem de outro mundo. Livros e
livros poderiam ser escritos sobre mulheres que obedeceram ao conselho de Pedro e
viveram para ver seus maridos virem a Cristo.
16. Ame Seus Inimigos

Não há dúvida que Jesus falou: “...amai os vossos inimigos...” (Lc 6.27), mas
será que Ele quis dizer isso literalmente? Ou Ele estava falando isso meramente como
um ideal pelo qual deveríamos lutar? Amar nosso inimigo é algo nada natural. Por que
deveríamos amá-los quando eles provavelmente apenas aumentarão sua hostilidade?
Parece impossível amar aqueles que nos odeiam. Portanto, ao lermos esse mandamento
do Senhor, temos a tendência de dar uma satisfação a fim de elevarmos o nosso nível de
conforto.
Todavia, no profundo do nosso coração sabemos que o Senhor Jesus quis dizer o
que Ele disse mesmo. O que esquecemos é que, quando Ele dá uma ordem, Ele nos dá o
poder para obedecer aquela ordem. Humanamente falando, é impossível amarmos os
nossos inimigos. Isto é verdadeiro para a vida cristã em geral. Esse princípio só pode
ser vivido pelo poder da habitação do Espírito Santo em nós.
Nossa tendência de amaciar o fio cortante das palavras do Salvador termina
quando vemos a ordem dEle sendo obedecida por outro cristão. Muitos versículos das
Escrituras ganham vida quando os vemos em ação. Não se pode discutir contra um fato.
Mostre-me um cristão que realmente ame seu inimigo que eu ficarei convencido.
Isso aconteceu comigo. Eu vi Lucas 6.27 em carne e osso em uma vida humana.
Foi na vida de um homem chamado Theo McCully. Ele foi o pai de Ed McCully, um dos
cinco mártires do Equador e o Presidente da Escola Bíblica em que eu era o
administrador.
Certa noite, ele e eu nos encontramos para discutir alguns problemas da escola e
algumas decisões que tínhamos que tomar. O Sr. McCully nunca me disse o que fazer.
Ele sempre dizia: “Vamos orar sobre isso”. Portanto, no final da noite de trabalho, nos
colocamos de joelhos e oramos longamente com relação à escola.
Quando ele chegou próximo ao final de sua oração, sua mente foi até o sul, para as
margens do Rio Curaray, no Equador, onde índios da Era da Pedra haviam matado com
uma lança o missionário, filho do Sr. McCully. Ed tinha sido um filho ideal. O pai dele
certa vez me disse que Ed jamais havia dado um só momento de ansiedade a seus pais.
Agora Theo orava: “Senhor, permita-me viver o tempo suficiente para ver aquelas
pessoas salvas, aquelas que mataram nossos rapazes, para que eu possa abraçá-los e
dizer-lhes que os amo porque eles amam a Cristo”.
Quando nos levantamos, lágrimas estavam rolando por sua face. Foi um momento
sagrado, que nunca poderá ser revivido. Ali estava um homem que realmente amava os
assassinos culpados da morte de seu amado filho, um filho que havia abandonado uma
carreira profissional para levar o Evangelho aos índios Aucas (mais tarde conhecidos
como Waorani).
Não me surpreendeu que fosse uma oração que alcançou o trono de Deus. Os
missionários finalmente fizeram contatos bem sucedidos com os Waorani e puderam
levar vários dos assassinos a Cristo. A oração de Theo fora respondida. Ele foi ao
Equador, abraçou amorosamente os novos crentes e contou-lhes que ele os amava
porque seu Salvador era agora Salvador deles também.
Sim, Jesus quis dizer exatamente o que Ele disse, Devemos amar nossos inimigos.
Quando obedecemos, causamos um impacto ao mundo. Mostramos a outros crentes
maneiras práticas de realizar Seu mandamento. Trazemos os dizeres difíceis de Jesus à
vida. E damos uma verdadeira representação de como o Senhor Jesus é. Ele nos amou o
suficiente para morrer por nós, Seus inimigos.
17. Perdoar É Divino

Os Ten Boom eram uma família cristã piedosa da Holanda. Durante a Segunda
Guerra Mundial a casa deles foi um refúgio para o povo judeu que estava tentando se
esconder dos nazistas. Se os judeus fossem descobertos, iriam para o campo de
concentração, com sofrimento inenarrável e freqüentemente a morte. Esconder judeus
naquela época significava campo de concentração também.
Depois de abrigarem os judeus com sucesso durante um longo tempo, os Ten Boom
foram pegos. O pai e as duas filhas, Corrie e Betsie, foram empurrados para o campo
Ravensbruck, um lugar de indescritível crueldade e tortura desumana. Finalmente, o Sr.
Ten Boom e depois a Betsie morreram. Corrie sobreviveu e foi solta quando a guerra
terminou.
Depois que a paz havia sido declarada, Corrie foi à Alemanha e uma noite estava
falando no saguão do porão do prédio de uma igreja. Dentre outras coisas, ela falou da
maravilha que é quando confessamos nossos pecados, o Senhor os lança no mais
profundo mar e coloca ali uma placa que diz: “Proibida a Pesca”.
No final do culto, as pessoas saíram calmamente, mas um homem conseguiu vir até
a frente onde Corrie estava em pé. Ele estava usando um uniforme azul e segurando um
boné que tinha um crânio e ossos cruzados. Corrie o reconheceu. Ele havia sido guarda
em Ravensbruck.
Quando ele chegou perto de Corrie, estendeu sua mão e disse: “Foi uma bela
mensagem, Senhorita. Como é bom sabermos que, como você disse, todos os nossos
pecados estão no fundo do mar”.
As lembranças da crueldade como que relampejaram diante dela e seu sangue
ferveu.
“Você mencionou Ravensbruck” continuou ele. “Fui guarda lá. Mas, desde aquele
tempo, tenho sido cristão. Sei que Deus me perdoou pelas coisas cruéis que fiz ali, mas
gostaria de ouvir dos seus lábios também, senhorita. Você me perdoa?”
A reação instantânea dela teria sido, compreensivamente, amarga e não
perdoadora. Ela poderia ter recitado a selvageria cometida contra os judeus e o
tratamento desumano que sua própria família recebeu até que seus sucos gástricos
virassem ácido sulfúrico.
Corrie permaneceu ali, estupefata. Parecia que havia passado horas, embora
fossem apenas alguns minutos, antes que ela pudesse responder. Finalmente ela
conseguiu tirar a mão de dentro do bolso de seu casaco e estendê-la à mão do ex-
guarda. “Se Deus me perdoou, como posso eu fazer menos do que perdoar você? Eu
perdoo você, meu irmão, com todo o meu coração”.
Durante um longo momento eles seguraram um a mão do outro, o ex-guarda e a ex-
prisioneira, agora feitos um em Cristo.
Sempre que penso sobre um comportamento semelhante ao de Cristo, minha mente
inevitavelmente vai à família Ten Boom. Quanto pesar. Quanto sofrimento. Quanta
humilhação. No entanto, em tudo o que passaram, eles tinham a mente de Cristo,
pensando nos outros e não neles mesmos. Eles não se tornaram amargos nem céticos,
tampouco murmuraram contra Deus. Em tudo o que passaram, eles testemunharam do
amor e da graça do Senhor Jesus e perdoaram aqueles que os colocaram no fogo da
brutalidade nazista.
18. Onde Há Um Testamento

Vovó Phillips freqüentemente se alegrava de que ela, seus dois filhos e as esposas
deles vivessem em uma feliz comunhão. Todos eram crentes e os filhos deles também.
Seu filho mais velho, Scott e sua esposa, Sara, moravam na mesma cidade que a Vovó e
a visitavam com regularidade, certificando-se de que ela estivesse comendo bem e que
era capaz de cuidar da casa. O outro filho, Ron e sua esposa, Rose, também conseguiam
visitá-la regularmente embora morassem a 20 milhas de distância. Ambos os filhos
tinham boa posição e eram financeiramente seguros. A família toda se encontrava para
celebrar o Dia de Ações de Graça e o Natal e também em algumas ocasiões para uma
refeição fora de casa.
Então, Vovó subitamente morreu de um ataque cardíaco. Eles a encontraram
sentada em sua cadeira de balanço, com a Bíblia aberta em seu colo. Ela não deixou
muito. Havia uma casa modesta onde ela e seu falecido marido criaram os filhos. Ela
tinha algumas ações, como AT&T, General Electric e General Motors. Havia uma
poupança com cerca de 10 mil dólares e a coleção chinesa de xícaras de chá feitas de
osso. Ela não havia feito um último testamento, pensando que os filhos seriam capazes
de distribuir as coisas amigavelmente.
Não foi o que aconteceu. Rose subitamente ficou ultrapossessiva. Ron sentiu que
não tinha alternativa a não ser ficar fiel à sua esposa. Para ele era uma questão de paz a
qualquer preço. Uma família que viveu feliz por tantos anos agora estava quebrada pela
ganância. Coisas triviais como as xícaras chinesas de osso se tornaram causa de
controvérsia. Scott e Sara fizeram o que puderam para ser conciliadores, mas
encontraram animosidade.
À medida que Scott e Sara oravam fervorosamente por uma solução pacífica, Scott
se lembrou da história de Abraão e Ló. Quando esses dois homens deixaram o Egito e
vieram para Canaã, eles perceberam que não havia pastagem suficiente para seus
animais. Houve uma discórdia entre os servos deles. A situação era séria. Então
Abraão disse a Ló:
“Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e
os teus pastores, porque somos parentes chegados. 9Acaso, não está diante de ti toda
a terra? Peço-te que te apartes de mim; se fores para a esquerda, irei para a direita;
se fores para a direita, irei para a esquerda” (Gn 13.8-9).
Ló escolheu a planície bem irrigada do Jordão, onde as pastagens eram ricas e
habitou na cidade de Sodoma. Abraão escolheu a terra de Canaã.
Quando Scott compartilhou isto com Sara, eles chegaram a um momento
significativo. Eles deixariam que Ron e Rose ficassem com todos os bens se era isso
que eles queriam. Preservar a unidade familiar era mais importante do que brigar pelos
ítens materiais.
Ron e Rose ficaram confusos. Como eles não esperavam por isso, ficaram
envergonhados de querer tudo. Rose se satisfez com algumas jóias, a porcelana e outros
itens pequenos. Então, sugeriram que os pertences restantes eles dividissem igualmente.
Foi uma solução pacífica que beirava a uma situação potencialmente alienante.
Nem sempre as coisas acontecem assim. O ditado sempre é verdadeiro: “Onde há
um testamento, há muitos parentes”. Pessoas que normalmente são generosas e pacíficas
discutirão e romperão a amizade por causa de coisas velhas e desbotadas.
O jeito de Deus é o melhor jeito. Abraão enriqueceu ao ceder seus direitos à terra
a Ló. Ló empobreceu por escolher as pastagens perto de Sodoma.
19. Suportando a Vergonha e as Cuspidas

Dick Faulkner estava servindo como líder do louvor para um grupo da igreja que
estava em uma viagem turística pelos locais mencionados no Novo Testamento. Eles
haviam chegado à Ilha de Patmos, no Mar Egeu. O guia turístico os havia levado para
dentro da caverna onde se acredita que o apóstolo João escreveu o Livro do
Apocalipse. Quando saíram, subiram a uma colina próxima, onde o anfitrião trouxe uma
mensagem sobre a prisão de João pelo Imperador Domiciano. Quando terminou, ele
pediu a Dick que cantasse uma canção.
Dick estava segurando um gravador com grandes alto-falantes que amplificariam
sua voz. Ele começou a cantar a versão de Don Wyrtzen de Apocalipse 5.12:
Digno é o Cordeiro que foi morto;
Digno é o Cordeiro que foi morto;
Digno é o Cordeiro que foi morto;
Digno é o Cordeiro que foi morto de receber:
Poder e riquezas e sabedoria e força
Honra e glória e bênção!
Digno é o Cordeiro;
Digno é o Cordeiro;
Digno é o Cordeiro que foi morto;
Digno é o Cordeiro.

A mensagem ecoou através do ambiente rochoso de Patmos.


Antes que Dick tivesse terminado, outro ônibus de turismo chegou. A maioria das
pessoas passou por eles, mas uma senhora de baixa estatura e de pele bem morena
chegou perto de Dick e cuspiu nele. Ela acertou o alvo. Bateu no alvo, mas aquilo não
fez a canção parar. Dick continuou até o final “Digno é o Cordeiro”.
Algumas pessoas do grupo de turistas cristãos sentiu que alguma coisa deveria ser
feita ou dita para a ofensora por esse insulto grosseiro, mas Dick não compartilhava do
sentimento delas. Afinal, homens cobriram o rosto de nosso Senhor com vergonha e
cuspidas e Ele não retrucou. Zombaram dEle e cuspiram nEle, mas Ele não revidou o
mal com o mal. Quando os homens cuspiram no Senhor Jesus, eram as criaturas dizendo
ao Criador: “Isto é o que nós pensamos a Seu respeito”. Quando o Criador morreu na
Cruz, Ele estava dizendo às criaturas: “Isto é o quanto amo vocês”.
Somos chamados a termos o Espírito de Cristo. Amados, nunca procurem vingar-
se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu
retribuirei”, diz o Senhor (Rm 12.19 – NVI). Estamos vivendo no Ano Aceitável do
Senhor e não no dia da vingança do nosso Deus.
20. O Judeu Negociante de Sucatas

Naqueles tempos em que as pessoas guardavam jornais, trapos e metais,


ocasionalmente elas ouviam o negociante de sucatas vindo pela rua e gritando alguma
expressão que denotasse prontamente a sua presença.
Um dia, H.A. Ironside ouviu a chamada familiar, correu para a varanda e disse ao
homem para vir com ele ao celeiro. Esse negociante de sucata em particular era judeu,
um povo por quem Ironside tinha grande afeição porque seu Salvador também era
judeu.
No celeiro, havia uma boa quantidade de jornais e uma boa pilha de canos e outros
metais.
Ironside decidiu entrar em uma rodada amistosa de negociações, tentando obter
tanto quanto fosse possível. Não que ele se importasse, mas o importante era tirar
aquela bagunça do seu porão.
Assim, ele elogiou o grande valor de seu acúmulo de quinquilharias. Mas o
negociante percebeu a artimanha, então entrou magnificamente no jogo e venceu. Ele
deu uma quantia insignificante de dinheiro a Ironside e começou a carregar o que havia
comprado.
Quando ele ia saindo com sua última carga, o Dr. Ironside chamou-o de volta,
enfiou algum dinheiro na mão dele e disse: “Olha, quero dar isto a você em nome de
Jesus”.
O negociante de sucata ficou boquiaberto por um instante. Depois, ele foi embora
sussurrando: “Ninguém nunca antes me deu alguma coisa em nome de Jesus”.
Esse ato de gentileza do Dr. Ironside não é realmente algo que Jesus teria feito?
21. Os Gladiadores do Imperador

Era algum tempo depois da ressurreição de Cristo, quando o infame Nero estava
no poder. Ele tinha uma divisão de soldados de elite, escolhidos por causa de suas
habilidades atléticas. Eram conhecidos como os gladiadores do Imperador.
Fisicamente, esses homens eram representantes notáveis da raça humana. Eram bonitos,
musculosos, bem proporcionais, eram a nata dentre os homens romanos.
Quando marchavam para dentro do Coliseu, eles cantavam: “Somos os lutadores
do Imperador. Lutamos por ti, ó Rei. Para viver ou morrer. Tudo seja para a tua glória”.
Então, eles empreendiam uma luta por Nero.
Houve um dia em que foram enviados para o norte para lutar contra as tribos
germânicas. Foi também a época em que um decreto foi editado que impedia a fé cristã.
Nero enviou ordens específicas para eliminar quaisquer cristãos que estivessem no
exército. Eliminar era um eufemismo para destruir.
No improdutivo inverno, o General Vespasiano alinhou suas tropas, inclusive os
gladiadores. Ele vociferou: “Chegou aos meus ouvidos que alguns de vocês podem ter
abraçado essa nova superstição chamada cristianismo. Duvido que seja verdade. Vocês
são espertos demais para isso. Mas, se alguns dentre vocês forem cristãos, quero que
dêem um passo à frente”. Para sua surpresa, quarenta gladiadores deram o passo que
poderia significar a morte deles.
O general dispensou todos os outros das tropas e, pelo restante daquele dia, tentou
dissuadir os quarenta homens de sua fé. “Pensem em seus familiares. Pensem em seus
colegas soldados. Pensem no que vocês estão perdendo. Pensem nas consequências se
vocês não renunciarem ao cristianismo”. Os quarenta crentes ficaram impassíveis
diante dos apelos e ameaças do general.
Quando Vespasiano viu que seus esforços eram inúteis, ele reuniu seu exército e
deu uma última oportunidade para se retratarem. “Ordeno a cada cristão neste exército
a dar um passo à frente”. Quarenta homens da elite deram um passo à frente sem
hesitação. Ele poderia ter ordenado ao esquadrão de execução que os matasse a todos
naquele momento, mas Vespasiano tinha outros planos.
Quando a noite caiu, suas tropas levaram os quarenta para fora, ao lago congelado,
despiram-nos e os deixaram lá no frio extremo para morrerem. Disse Vespasiano aos
homens nus: “Se vocês tiverem bom senso e renunciarem à sua fé, caminhem de volta
para fora do lago. Haverá fogo ao redor de todo o lago bem como roupas quentes e
alimentos”.
Durante a noite, os outros soldados que estavam a postos ao redor do lago
olhavam para dentro da escuridão, tentando ver o que estava acontecendo. Eles não
conseguiam ver nada, mas de vez em quando ouviam os homens cantando: “Somos os
quarenta lutadores por Cristo. Lutamos por Ti, ó Rei! Para viver ou morrer, é para Tua
glória”.
De madrugada, eles viram uma figura patética dolorosamente caminhando sobre o
gelo em direção a uma das fogueiras. Os soldados correram para encontrá-lo,
envolveram-no em cobertores e levaram-no para perto do calor do fogo. O homem
havia renunciado à sua fé.
Depois, por todo o lago, eles ouviram uma canção: “Somos os trinta e nove
lutadores por Cristo. Lutamos por Ti, ó Rei! Para viver ou morrer, é para Tua glória”.
Vespasiano chegou a tempo de ver o único desertor e ouvir os trinta e nove
vitoriosos. A decisão dele foi firme. Ele retirou sua armadura e caminhou para dentro
do lago para morrer com os trinta e nove homens que preferiram morrer a negar seu
Senhor.
22. O Primeiro Mandamento com
Promessa

Reuben Torrey, evangelista americano e estudioso da Bíblia, costumava contar a


história de uma mãe viúva, do estado americano da Georgia, que tinha somente um
filho. Eles viviam abaixo da linha da pobreza, mas ela conseguia fazer frente às
despesas lavando roupa para fora. Ela não reclamava. Aceitava tudo como vindo do
Senhor.
O filho era excepcionalmente brilhante. Na verdade, ele era o melhor aluno do
último ano de ensino médio. Fora o Senhor, ele era o que havia de melhor na vida da
mãe.
Por causa de suas notas altas, ele foi escolhido para fazer o discurso de despedida
na entrega dos diplomas. Ele também receberia uma medalha de ouro por sua
excelência em uma das disciplinas.
Quando chegou o dia da formatura, ele percebeu que sua mãe não estava se
preparando para participar da festa. Ele disse a ela: “Mãe, este é o dia da formatura. É
o dia da minha graduação. Por que a senhora não está se arrumando?
Ela respondeu tristemente: “Eu não vou. Não tenho roupas decentes para vestir.
Todas as pessoas proeminentes da cidade estarão lá, com seus trajes elegantes. Você
ficaria envergonhado se sua velha mãe comparecesse em seu vestido de algodão
desgastado”.
Os olhos dele brilharam de admiração por ela. “Mãe”, disse ele, “não diga isso.
Jamais me envergonharei da senhora. Jamais! Devo tudo o que tenho no mundo à
senhora e não irei a menos que a senhora vá também”. Ele insistiu até que ela
concordasse; depois ele a ajudou a se arrumar para que tivesse a melhor aparência
possível.
Eles foram descendo a rua de braços dados. Assim que chegaram ao auditório, ele
a acompanhou a um dos melhores lugares à frente. E ali ela se sentou com seu vestido
de algodão bem passado, em meio às pessoas proeminentes da cidade em seus
elegantes trajes.
Quando chegou o momento, ele fez o discurso de despedida sem um defeito.
Houve considerável aplauso. Então, o diretor o honrou com a medalha de ouro. Assim
que ele recebeu a medalha, desceu da plataforma e dirigiu-se para onde sua mãe estava
sentada. Prendeu a medalha no vestido da mãe e disse: “Mãe, esta medalha pertence à
senhora. Foi a senhora que a ganhou”. Desta vez o aplauso foi tremendo. As pessoas se
colocaram em pé e lágrimas correram pelo rosto de muitas delas.
Aquele filho deu um exemplo vivo de obediência ao que diz Efésios 6.2: “Honra
teu pai e a tua mãe”. Sempre que o Dr. Torrey contava a história, ele fazia uma
aplicação especial. Ele dizia: “Nunca se envergonhe do Senhor Jesus. Você deve tudo a
Ele. Fique em pé e confesse o nome dEle. Os mártires não se envergonharam. Onesíforo
não se envergonhou de Paulo (2Tm 1.16). Paulo não se envergonhou do Evangelho (Rm
1.16), nem d’Aquele em Quem ele cria (2Tm 1.12). Nunca deveríamos nos envergonhar
de Cristo”.
23. O Deus Que Ama

Na história das missões cristãs, Gladys Aylward sempre será conhecida como “A
Mulher Pequenina”. Mas o que lhe faltava em estatura física mais que lhe sobrava em
realizações espirituais. Essa missionária intrépida tinha uma fé simples no Senhor e
demonstrava um destemor resoluto, coragem e perseverança em servi-lO.
Conseqüentemente, ela viu maravilhosas respostas à oração, incríveis acertos de
circunstâncias e um tremendo número de portas abertas ao Evangelho na China.
Certa vez ela estava hospedada em uma casa com estudantes refugiados que
haviam fugido dos invasores japoneses. Os jovens estavam orando por uma área no
noroeste. Por vários motivos eles não ficaram livres para ir, então Gladys concluiu que
o Senhor queria que ela fosse. Ela empreendeu viagem, dependendo de guias para
acompanhá-la de um vilarejo ao outro. Quando ela atingiu Tsin Tsui, os habitantes do
vilarejo tentaram dissuadi-la de ir adiante. Eles lhe disseram: “Este é o fim. Não há
nada adiante”. Mas Gladys retrucou: “O mundo não acaba deste jeito. Devo continuar.
Foi por isso que vim”.
Quando um médico chinês cristão chamado Huang viu que ela estava determinada,
ele se ofereceu para acompanhá-la durante cinco dias. Os cinco dias se estenderam
para dez, uma vez que eles falavam de Jesus a todos com quem se encontravam.
Ninguém havia jamais ouvido falar nEle. No décimo primeiro dia, eles entraram em
uma área estéril sem nenhum sinal de habitação humana. Não havia lugar para dormir,
nem comida para comer. Foi um tempo para orar. Gladys começou: “Querido Deus, tem
misericórdia de nós. Tu podes ver em que dificuldade nos encontramos. Dá-nos
alimentos e abrigo para esta noite”. Ela se sentiu censurada porque sua oração foi
somente por ela mesma e pelo doutor.
Então o Dr. Huang orou: “Ó Deus, envia-nos aquele a quem Tu queres que falemos
sobre Jesus. Hoje não testemunhamos a ninguém, mas Tu nos trouxeste aqui por algum
propósito. Mostra-nos onde encontrar o homem a quem Tu queres abençoar”. Este
homem estava preocupado somente com o trabalho do Senhor.
Gladys decidiu que eles deveriam cantar um corinho, para que as palavras e a
melodia se espalhassem pelo ar fresco da montanha.
Logo o Dr. Huang viu um homem bem longe, deu um salto e correu para encontrá-
lo. O doutor gritou para a senhorita Aylward vir, mas ela não queria subir a montanha
íngreme e rugosa nem deixar seus pertences, sem alguém que pudesse cuidar deles.
Então, o médico retornou para junto dela e finalmente conseguiu persuadi-la a ir com
ele. Ela não precisava se preocupar com a bagagem deles; ali não havia ninguém para
roubá-la.
Quando encontraram o homem, ela ficou surpresa por saber que ele era um lama
tibetano, ou seja, um monge. A despeito do fato de que os lamas supostamente não têm
nada a ver com mulheres, este convidou Huang e Gladys para virem passar a noite no
convento dos lamas. Quando o sacerdote viu que ela estava hesitando, disse: “Estamos
esperando há muito tempo que vocês venham nos falar sobre o Deus que ama”. A
mulher pequenina ficou chocada. Como poderiam eles saber que existe um Deus que
ama? Que contato poderiam esses monges enclausurados ter tido com missionários ou
com alguém do mundo exterior?
Depois que os lamas haviam preparado almofadas, água para se lavarem e uma
deliciosa refeição, dois deles apareceram à porta de Gladys e pediram-lhe que fosse
com eles. Outros trouxeram o Dr. Huang para o mesmo lugar, um salão onde havia 500
monges sentados em almofadas. Tudo isto intrigou Gladys, mas o bom médico deve ter
entendido o propósito daquela reunião, então disse a ela que começasse a cantar um
cântico. Quando ela terminou, ele falou a todos sobre o nascimento do Salvador em
Belém e continuou até a morte e a ressurreição do Salvador.
A Senhorita Aylward cantou de novo, depois falou; cantou de novo, depois o
médico falou; cantou de novo, depois falou. Finalmente, ela se desculpou e foi para seu
quarto. Estava exausta. Mas seu trabalho não havia terminado. Dois lamas apareceram à
sua porta e pediram-lhe que lhes contasse mais. Quando foram embora, outros dois
vieram e isto continuou a noite inteira. Eles pareciam estar especialmente interessados
no Deus que ama.
Depois de cinco dias de evangelismo ininterrupto, a senhorita Aylward foi
convidada para uma reunião com o lama diretor. Para alívio dela, ela ficou sabendo que
ele falava mandarim, que ela entendia perfeitamente. Ela perguntou por que ele havia
permitido que uma mulher estrangeira viesse ao convento e falasse aos sacerdotes. Ele,
então, lhe contou uma história notável:
Todos os anos os lamas colhem e vendem ervas para fazer licor que crescem nas
montanhas. Um ano, quando eles foram ao vilarejo, ouviram um homem que segurava
uns folhetos e clamava: “Quem quer um destes? A salvação é gratuita e não custa nada.
Quem tem a salvação vive para sempre. Se você quiser aprender mais, venha para o
hall do Evangelho”.
Eles pegaram um daqueles folhetos, levaram para o convento e fixaram-no na
parede. Nele estava a citação de João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna”. Este era um lembrete constante a eles de que há um Deus que
ama.
Durante cinco anos eles levaram ervas ao mercado, cada vez perguntando onde
morava “o Deus que ama”. Finalmente, em Len Chow, um homem dirigiu-os para o
complexo da Missão para o Interior da China, onde o missionário explicou-lhes o
caminho da salvação e deu-lhes uma cópia dos Evangelhos. À medida que eles
estudavam, chegaram a Marcos 16.15: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura”. A partir daí, eles concluíram que alguém finalmente viria
a eles com o Evangelho. Eles decidiram que, quando Deus enviasse um mensageiro,
eles deveriam estar prontos para recebê-lo.
Esperaram mais três anos. Então, dois monges que estavam trabalhando nas
montanhas ouviram alguém cantando. Eles disseram: “Somente pessoas que conhecem
Deus cantam”. Enquanto um homem desceu a montanha para se encontrar com Gladys e
Dr. Huang, o outro voltou para o convento, alertando seus companheiros lamas para se
prepararem para os hóspedes há tanto tempo aguardados.
Foi por isso que os dois cristãos foram recebidos tão calorosamente e por
corações tão famintos, Será que alguns dos lamas se converteram? Gladys Aylward
partiu sem saber. Tudo o que sabia era que o Senhor havia conduzido a ela e ao Dr.
Huang até os monges por uma série de arranjos e ela estava contente por deixar os
resultados com o Senhor. Sem dúvida, Ele não haveria de arranjar todas aquelas
circunstâncias intrincadas apenas para ficar frustrado no final.
A mulher pequenina imitava o Senhor Jesus com sua fé calma e inteira, com
obediência às Suas ordens e com a confissão fiel do nome dEle diante dos outros. Ela
viu os mecanismos de sua vida se entrosar. Seu serviço para Deus tinha o brilho do
sobrenatural. Quando ela tocava outras vidas, algo acontecia para Deus.
24. A Incrível Graça

Vou designar nomes fictícios a esse casal por motivos que se tornarão claros à
medida que a história for progredindo. Ernie era oficial do exército americano,
morando em uma grande base nos Estados Unidos. Elise estava contente por não
precisar de uma carreira fora; ela sentia que seu chamado era ficar em casa e cuidar de
seus dois filhos. Deixando de lado os desacordos eventuais, eles tinham um casamento
feliz.
Então Ernie foi transferido para o Japão. Era numa época em que não era
permitido que a família acompanhasse o militar. Mas esta família mantinha contato
freqüente por correio. Era sempre o momento mais importante da semana quando
chegava a carta do Papai. As crianças se sentavam no chão perto da Mamãe enquanto
ela lia a carta para eles. As notícias se tornavam o assunto das conversas pelo restante
do dia. Parecia que o Papai não estava tão longe. Portanto, foi motivo de alarme quando
uma semana se passou sem uma carta. Elise tinha uma imaginação vívida. Ela imaginou
Ernie doente ou em um acidente, ou fora, em uma missão perigosa e secreta. Duas
semanas se passaram e nenhuma carta. Se tivesse acontecido um acidente, ou se ele
estivesse doente, ela já teria sido notificada a estas alturas. Três semana e nenhuma
correspondência. Quatro. Finalmente chegou uma carta e com ela veio o baque. Os
recentes temores de Elise haviam se tornado realidade. Era incrível. O que ela tinha
feito para merecer isto? Ela estava arrasada, infeliz demais para compartilhar sobre
isso com as crianças.
Finalmente, um dos filhos perguntou: “Mamãe, o que é que há de errado?
Aconteceu alguma coisa ao papai? O que ele disse na carta?
Foi uma tortura falar-lhes que o pai deles havia se apaixonado por outra mulher.
Ela viu o olhar de espanto no rosto deles. Eles obviamente não podiam entender tudo de
uma vez só. Mas eles entenderam que o pai não voltaria mais para eles. Finalmente, um
deles disse: “Mamãe, posso perguntar uma coisa? Só porque o papai não nos ama mais
significa que nós também não podemos amá-lo mais?”
Elise ficou atônita com a pergunta. Ela se lembrou do Salmo 8.2 (NVI): “Dos
lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza”. Em
sua desolação e pesar, a idéia não havia ocorrido a ela. Depois de lutar com a pergunta,
ela respondeu: “Não, nós podemos, sim, amá-lo”. Mas havia um nó em sua garganta
quando ela disse isto. Seu filho pequeno disse: “Bom, será que você pode escrever a
ele e pedir que ele continue a nos escrever porque ainda queremos amá-lo?” Isto
significava que talvez as cartas ainda continuassem a vir da parte dele.
À medida que as cartas chegavam, os detalhes da infidelidade dele foram se
desdobrando. Ele havia se apaixonado por sua empregada de quinze anos.
Subseqüentemente, ele teve vários filhos daquela união. Elise ainda sofria em pensar
sobre o que teria acontecido. Mas ela ainda não estava totalmente à prova de choques.
Outra barbaridade estava por vir.
Foi uma carta do Ernie: “Querida Elise! Sinto muito estar escrevendo desta
maneira a você, mas fui submetido a exames e o diagnóstico é que estou com câncer e
não tenho muito tempo de vida. Fui privado de minha pensão e estamos vivendo muito
apertados. Depois que eu morrer, será que você estaria disposta a enviar algum
dinheiro para ajudar minha família?”
Depois de ter lido, Elise pensou: “Bem agora eu já ouvi tudo”. Ela não podia
acreditar no atrevimento e na falta de arrependimento dele. Nem uma palavra de
desculpas. Nem uma confissão ou pedido de perdão. Era incompreensível.
Mas depois de uma reflexão mais sóbria, ela se lembrou do que seu filho havia lhe
perguntado: “Só porque o papai não nos ama mais significa que nós também não
podemos amá-lo mais?” Então, ela escreveu uma carta a ele e explicou que, embora ela
não pudesse enviar o dinheiro, havia algo que ela faria. Ela escreveu o seguinte: “Vou
dizer a você o que farei: Por que você não providencia para que eles venham para a
América depois que você morrer? Eles poderão morar aqui nesta casa e eu lhes
ensinarei como se sustentarem a si mesmos”.
E foi isto o que aconteceu. Elise mais tarde explicou: “Eu tinha duas opções:
poderia voltar-me para o passado e amaldiçoar aquele homem pelo que ele havia feito
a mim, ou eu poderia agradecer a Deus por dar-me o privilégio de fazer a Sua luz
brilhar no túnel escuro deste mundo”.
Sem dúvida, fazer Sua luz brilhar em um túnel escuro incluía compartilhar o
Evangelho com essa família adotada para que eles pudessem se tornar luz para o
Senhor.
O Arcebispo Temple tinha razão quando disse: “Pagar o bem com o mal é
demoníaco. Pagar o bem com o bem é humano. Pagar o mal com o bem é divino”.
25. Ele Amou os Pobres

John Nelson Darby não era bajulador. Ele não procurava agradar os ricos e
famosos. Isto era um tanto destoante porque ele havia sido criado em uma família rica e
em uma sociedade consciente das classes sociais. Teria sido natural que ele
favorecesse a companhia da classe alta e que preferisse acomodações onde seu
conforto fosse maximizado.
Porém, não, ele amava os pobres e deixava que soubessem disso de uma maneira
não convencional, que não deixasse dúvida na mente de ninguém. Certa vez, quando
estava ministrando a Palavra no Continente, Darby chegou de trem a uma cidade onde
deveria ficar por vários dias de reuniões. A grande multidão de cristãos que se reuniam
na estação para encontrá-lo incluía algumas damas de sangue azul, que disputavam a
honra de ser a anfitriã do distinto pregador. Se ele tivesse ido às suas casas palacianas,
teria se hospedado no que havia de melhor em comida e mobiliário. Elas, por sua vez,
teriam tido a oportunidade de se gabar frente a suas famílias de terem hospedado o
ilustre Sr. Darby.
J.N.D. olhou a multidão e entendeu a situação. Ele perguntou àqueles que pareciam
ser líderes: “Quem geralmente cuida dos pregadores que vêm à cidade?” Eles
apontaram para um homem discreto e comum, obviamente de posses modestas, em pé
atrás da multidão. Darby caminhou até o homem e perguntou se poderia ficar em sua
casa. O irmão, tão simples, ficou encantado e correu para pegar a mala do Sr. Darby.
Em uma das biografias de J.N.D. está escrito o seguinte: “Assim, o anfitrião de
itinerantes obscuros tornou-se, ele mesmo, o anfitrião do grande homem”.
Darby explicou seu amor pelos pobres:
“Cristo amou os pobres; desde que me converti, também tenho amado os pobres.
Deixem aqueles que gostam mais da sociedade que a tenham. Se eu tiver que freqüentá-
la, ou se ela passar por meu caminho em Londres, ficarei doente. Eu vou aos pobres;
encontro neles a mesma natureza má que nos ricos, mas vejo a seguinte diferença: os
ricos e aqueles que gostam do conforto e da sociedade, analisam e medem quanto de
Cristo eles podem ter sem precisar se comprometer com Ele; os pobres [tentam
imaginar] quanto eles podem ter de Cristo para confortá-los em suas aflições”.
É interessante que, quando estava dando o treinamento aos setenta discípulos,
Cristo comentou sobre o assunto da hospitalidade.
“Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa! 6Se houver
ali um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não houver, ela voltará sobre
vós. 7Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; porque
digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis a mudar de casa em casa” (Lc 10.5-
7).
Aqui Ele estava ensinando que os discípulos deveriam aceitar a hospitalidade que
lhes fosse oferecida por uma pessoa que estivesse aberta à mensagem de paz. Mas eles
não deveriam sair de uma casa na esperança de encontrar acomodações mais
confortáveis e melhor comida.
Esta não é exatamente a mesma situação com a qual Darby se defrontava. Aqui,
eles deveriam aceitar o que lhes fosse oferecido. Lá ele, aberta e francamente, pedia
para ficar com os pobres. Mas o princípio é o mesmo. Eles não deveriam ficar
buscando a hospedagem mais luxuosa. Observe a ordem dada por Jesus: “Permanecei
naquela casa, (...) Não andeis a mudar de casa em casa”.
26. Pés Descalços na Igreja

Escrevendo ao “O Pão Diário”, Dennis DeHaan nos conta sobre uma crise de
pequenas proporções que irrompeu em uma igreja moderna e elegante. Um domingo, um
jovem cristão de uma faculdade perto dalí, entrou na igreja de pés descalços, vestindo
uma camiseta e calças jeans. A congregação se mexeu para lá e para cá
desconfortavelmente. Será que ele não sabe que não se vem à igreja de pés descalços?
Será que ele não vê que se espera que os homens venham de terno e camisa de
colarinho?
Bem, os bancos estavam tão cheios que Bill teve de caminhar longamente até o
banco da frente. Não havia lugares vazios ali, então ele se sentou no chão,
confortavelmente, em frente ao púlpito. Ninguém jamais havia feito algo como aquilo
antes. Era um dia para quebrar tradições e isso não caiu bem para certos paroquianos.
Então, um senhor de avançada idade e cheio de artrite quebrou outra tradição.
Pegando sua bengala, ele se chegou à frente. O que iria acontecer agora? Pondo sua
bengala no chão, ele se abaixou cheio de dores e se sentou ao lado de Bill. Ele não
queria que este jovem se sentisse solitário e indesejável.
Isto me faz lembrar de um incidente que aconteceu em uma capela não muito longe
de onde eu moro. Foi na época dos hippies, as crianças com flores, a geração do amor.
Um crente novo apareceu à noite para a Santa Ceia e estava descalço. Nem todos
prestaram atenção a isso, mas uma santa irmã idosa sentiu-se obrigada a corrigir o
rapaz no final da reunião. Outro senhor idoso viu o que estava acontecendo e, quando
aquela havia terminado o seu sermão, ele foi até o rapaz, colocou os braços ao redor
dele e disse: “Não se importe. Eles são bonitos”. O rapaz respondeu: “Bem, são
originais”.
“Tiramos o chapéu” para o senhor cheio de artrite e o velhinho compassivo. E
“tiramos o chapéu” para todos os crentes que conseguem ver além do exterior e detectar
um coração que ama o Senhor Jesus. As críticas simplesmente os farão desistir. O amor
os ajudará a crescer. O espírito semelhante ao de Jesus diz: “Permita-lhes que venham a
Mim”.
27. Abatidos no Rio Amazonas

Jim e Roni Bowers haviam estado no consulado em Letícia, Colômbia, para


conseguir um visto de residência peruano para sua filhinha, Charity (sete meses), recém
adotada. Agora eles estavam voando de volta para sua casa que ficava em um barco em
Iquitos, Peru. Voavam no hidroavião Cessna da missão. O piloto era seu companheiro
missionário e amigo chegado, Kevin Donaldson. No banco de trás, olhando para fora,
estava Cory Bowers (sete anos), fascinada pela deslumbrante paisagem peruana.
Logo Kevin e Jim perceberam que estavam sendo seguidos de perto por um avião
caça da força aérea peruana. Eles não viram que havia outro jato com a tripulação da
CIA que estava cooperando com o avião caça, parte de uma operação maciça para
impedir a movimentação das drogas naquela região. A CIA afirma que avisou o piloto
do caça peruano para investigar cuidadosamente antes de abrir fogo contra o Cessna,
mas foi tarde demais.
Uma bala passou pelas costas de Roni, depois entrou na cabeça de Charity, que
estava dormindo no colo de Roni. Ambas morreram instantaneamente. Outra bala se
alojou na perna direita do piloto. E outras furaram o tanque de combustível, fazendo o
avião pegar fogo. Jim conseguiu apagar o fogo da cabine e Kevin milagrosamente
desceu o avião em chamas em um afluente do Rio Amazonas. O caça continuou a atirar
nos missionários, mesmo depois que o avião havia pousado.
A essa altura o avião estava em chamas, mas Jim conseguiu retirar os corpos de
Roni e Charity. Ele manteve as duas com os rostos voltados para baixo para que Cory
não visse os rostos mortos de sua mãe e irmã. Quando o avião afundou o suficiente para
apagar o fogo, Kevin e Jim puderam nadar de volta e pegar uma bóia no avião.
Logo os nativos vieram ajudá-los em um barco a motor.
As autoridades peruanas e a tripulação de segurança da CIA imediatamente
culparam-se mutuamente por abaterem o avião e matarem as pessoas. Em notável
contraste foi a atitude semelhante à de Jesus, de Jim Bowers, Kevin Donaldson e a sede
da missão nos Estados Unidos. Ninguém apontou o dedo para atribuir culpa, nem
ameaçou com processos legais. Pelo contrário, houve repetidos testemunhos de fé no
Senhor e de submissão a Ele.
Mais tarde, Bowers disse: “Nossa atitude para com os responsáveis é de perdão.
Isto não é incrível? Não deveria ser incrível para nós, cristãos. Tenho orado por eles
(os pilotos). Falei com o supervisor deles sobre isso. Ele está muito interessado em
conhecer mais sobre o Senhor. Liguei para ele daqui (de casa). Então, todas as coisas
estão bem a esse respeito. Não há ressentimentos”.
A despeito de sua perda irreparável, ele disse: “Cory e eu temos experimentado
uma paz inexplicável”. A revista Newsweek comentou o seguinte: “Poucos tiveram essa
fé tão firme”.
No culto fúnebre de sua devotada esposa e filhinha, Jim foi capaz de ver o sol
através da chuva. Ele viu a mão de Deus em uma série de milagres que aconteceram
naquele dia tão doloroso.
Da rajada de balas que penetraram a cabine, nenhuma atingiu Cory nem ele, a
despeito do fato de que uma bala que veio de trás dele fez um buraco no para-brisa bem
à frente de onde ele estava sentado.
O extintor de incêndio funcionou excepcionalmente bem por uns momentos,
contrariamente à sua experiência usual com eles. Jim ficou surpreso.
Se a bala que matou Roni e Charity não tivesse parado onde ela parou,
provavelmente teria matado o piloto e, nesse caso, todos os ocupantes do avião teriam
perecido.
Nem Cory nem ele ficaram estarrecidos. Ninguém gritou nem fez estardalhaço.
Eles experimentaram a paz de Cristo que excede a todo entendimento. E conseguiram
pensar de forma clara e reagir rapidamente.
Um piloto precisa do uso das pernas para pousar um Cessna. A despeito de sua
perna estar seriamente ferida, Kevin ainda conseguiu trazer o avião em segurança para
o rio, embora o rio fosse longe de onde o avião recebeu o primeiro tiro. Kevin sabe que
foi o Senhor que pilotou o avião para baixar na água.
Jim teve força suficiente para pegar os corpos de Roni e de Charity e colocá-los
fora da aeronave, embora esta estivesse pegando fogo. Ele ficou maravilhado de que
não sentiu o calor do fogo. Estava fresco. A experiência dele reflete aquela dos três
hebreus na fornalha acesa (Dn 3.27).
Quando o avião afundou o suficiente para apagar as chamas, Kevin, Jim e Cory
conseguiram pegar a bóia e ficar flutuando.
Um barco motorizado chegou bem na hora em que Kevin e Jim estavam perdendo
as forças para ficar flutuando com Cory e os dois corpos.
Eles foram abatidos sobre uma cidade onde Jim conhecia algumas pessoas. Essas
pessoas testemunharam o que havia acontecido e tinham um rádio para chamar por
socorro. Esse rádio em particular funcionou.
Quando Jim usou o rádio para ligar para a esposa de Kevin, ela estava em casa.
Um piloto amigo estava disponível e pronto para voar para levar Kevin para obter
assistência médica.
Cory e Jim experimentaram uma paz sobrenatural, obviamente em resposta às
orações do povo de Deus. Algumas pessoas falaram ao Jim que aquela paz não iria
durar, mas ele tinha certeza de que iria.
Um milagre final. Os Bowers, os Donaldsons e todos os cristãos que estiveram
envolvidos de uma forma ou de outra tiveram uma atitude perdoadora em relação aos
responsáveis pela tragédia. Era o amor de Deus derramado em seus corações.
Roni e Charity não morreram em vão. O falecimento dela tem levantado um novo
interesse na obra missionária. As pessoas estão sendo desafiadas a ir em resposta à
Grande Comissão. Disse Jim: “Creio que Ele quis acordar cristãos que estavam
dormindo, inclusive eu mesmo, e, possivelmente o mais importante, Ele talvez tenha
querido acordar aqueles que não têm nenhum interesse ou têm pouco interesse em
Deus”.
Finalmente, Deus estendeu a vida de Cory, dando-lhe oportunidade mais tarde de
receber Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
À medida que o tempo passa, fica cada vez mais claro que o mundo viu uma
demonstração vívida do fato de que os cristãos são diferentes. O noticiário Prime Time
deu um relato completo do que aconteceu dia 24 de maio de 2001. Naquele programa,
Diane Sawyer chamou o incidente de “Uma história de amor e sofrimento humano e um
tipo de fé absoluta que muitos conhecem apenas de longe”.
28. Louise e o Engenheiro Sanitarista

Louise é uma dona de casa perfeita. Ela se encaixa bem no perfil da esposa e da
mãe cristã. Uma de suas grandes alegrias é criar seus sete filhos de Deus. Outra é
apoiar seu marido uma vez que ele viaja muito e trabalha incansavelmente para o
Senhor Jesus. Aqui está um exemplo.
Certa vez, quando ele estava falando em uma conferência no estado americano de
Nova Jersey, lembrou-se de que era o aniversário dela. Ele ligou e expressou seu pesar
por não poder estar com ela e dar-lhe um presente. Sem hesitação, Louise disse: “Você
não poderia me dar melhor presente do que estar onde Deus quer que você esteja,
fazendo o que Ele quer”.
Havia algo mais sobre Louise. Seu cronograma diário muito cheio de atividades
não a impedia de ser uma ardente ganhadora de almas. Ela sempre levava senhoras da
vizinhança para um estudo bíblico na hora do café. No entanto, depois de um certo
tempo, ficou evidente que elas estavam satisfeitas com sua própria religião. Tinham
pouco interesse em um relacionamento pessoal com o Senhor.
Certa manhã bem cedo, quando Louise estava orando na sala de estar, lembrou-se
da história do Grande Banquete em Lucas 14. Todos os que foram convidados
apresentaram desculpas, então o mestre enviou seus servos às estradas e becos para
compelir outras pessoas a virem.
Louise contou isso ao Senhor em oração: “Senhor, aqueles que eu convidei deram
desculpas; eu gostaria de ir a estes outros em Teu nome, mas estou aqui com meus
filhos. Se Tu enviares alguém a mim das estradas e dos becos, eu o convidarei para a
Tua Ceia”.
Imediatamente ela ouviu o “bip-bip” do caminhão de lixo dando marcha a ré. Ah,
aquele motorista é das estradas e becos. Ela olhou para fora da janela e viu o homem,
hoje eufemisticamente chamado de “engenheiro sanitário”, levantar o latão de lixo de
sua vizinha e esvaziá-lo dentro do caminhão. Era óbvio que seu corpo se contorcia
quando ele fazia isto. Ele estava tentando arrumar uma posição para evitar a dor.
Louise ficou perto do meio-fio quando o caminhão se dirigiu para sua casa.
Quando o motorista, Reg, desceu sobre a calçada, Louise perguntou-lhe se ele tinha
dores nas costas. “Não”, disse ele, “tenho problemas de coração”.
- “Bem, por que você fica pegando latões de lixo pesados o dia inteiro?”
perguntou ela. “Espera aí, eu mesma vou jogar o meu”. E ela levantou seu latão de lixo
e virou o conteúdo dele dentro da carroceria do moedor do caminhão.
O motorista respondeu: “Foi o único trabalho que consegui”.
- “Bem, vou orar para que você ganhe um novo trabalho ou um novo coração”.
- “Ninguém se importa com os lixeiros”, disse Reg.
- “Deus se importa”, respondeu Louise.
Reg subiu novamente na cabine do caminhão e continuou rua abaixo. Uma semana
mais tarde, Louise estava esperando no meio-fio quando o caminhão chegou. Antes que
Reg pudesse chegar até o latão do lixo, Louise já o havia esvaziado no caminhão. Ele
olhou para ela e perguntou: “Você orou por mim?”
- “Todos os dias”.
Reg não acreditou, embora não tivesse vocalizado sua dúvida.
Louise continuou: “Ouça-me. A Bíblia diz que a fé sem obras é morta. Estou
orando, mas você precisa procurar outro emprego”. Ele consentiu com a cabeça, não
disse nada e foi embora.
Na próxima rua, ele viu Moira, a filha de Louise que estava na segunda série e ia
indo para a escola. Quando o caminhão parou perto dela, ela gritou: “Oi, a gente ora
por você lá em casa”. Reg então soube que alguém realmente se importava com um
lixeiro.
Uma semana mais tarde, quando Louise esperava no meio-fio, Reg disse: “Sra.
Nicholson. Eu creio em Deus, no céu, no inferno e em tudo isso, mas deve haver um
outro passo. Existe mais um passo?”
Cuidadosamente, Louise explicou a ele o caminho para a salvação e a importância
do passo de fé. Ele ouviu intensamente, depois, com um sorriso e um acenar de mãos,
foi embora. Ela chamou por ele e gritou: “Certifique-se de fazer sua inscrição para
aquele outro emprego”.
Durante mais uma semana os Nicholson oraram por Reg sem falhar. No dia da
coleta do lixo, Louise estava em seu lugar no meio-fio. Reg era todo sorrisos quando
desceu do caminhão e disse: “Bem, eu consegui”.
- “Conseguiu o quê?” Será que isso queria dizer que ele havia procurado por um
outro emprego?
- “Dei o passo, Sra. Nicholson”. Ele explicou que tinha colocado sua fé no Senhor
Jesus Cristo.
Seria verdade? Teria ele realmente sido salvo? Louise pensou: Bem, seja verdade
ou não, ele deverá ler a Bíblia. Afinal, a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. “Reg,
você precisa começar a ler a Bíblia, é como o alimento para a alma”.
- “Ah, Sra. Nicholson você deveria ter-me dito isto antes. Se isto é o que um
cristão deve fazer, sinto muito, não sou um leitor. Não leio nem o jornal. Sinto muito”. E
ele dirigiu o caminhão rua abaixo, para a outra casa.
Ao virar a esquina, ele encontrou uma caixa pesada esperando para ser levada
embora. A curiosidade o impeliu a dar uma olhada. Ali, em cima de tudo, estava uma
Bíblia nova, ainda envolta em um plástico. “Tudo bem, Senhor, eu vou ler Seu Livro”.
Ele não somente começou a ler a Bíblia, mas também a participar da igreja da qual
os Nicholson eram membros. Ele apareceu vestido em um terno vermelho, com a
logomarca da empresa de lixo estampada no bolso da frente. Era o melhor que ele tinha.
Lá estava ele, na primeira fileira de bancos, sorrindo como uma criança em uma loja de
doces. Tudo serviu para ele, desde os cânticos, a pregação, a simpatia do povo. Quando
alguém lhe perguntou por que ele tinha participado da reunião de oração na terça-feira e
de outra em uma igreja ali perto na quarta, ele respondeu: “Tenho que fazer o trabalho
dobrado. Tenho muito que aprender”.
Logo depois de sua conversão, Reg foi batizado. O Senhor deu-lhe vitória sobre o
alcoolismo. Ele tanto participava fielmente das reuniões da igreja quanto levava seus
amigos para ouvirem o Evangelho. Ele desfrutava de sua salvação diariamente.
O coração dele não melhorou, mas ele conseguiu encontrar um trabalho que não
exigia tanto esforço físico onde ficou vários anos. Depois, o Senhor levou-o para o lar.
Um amado irmão em Cristo, que havia sido chamado das estradas e dos becos para vir
ao grande banquete.
E tudo isso porque uma dona de casa fiel orou: “Senhor, usa-me!”
29. O Tempo Não Conseguiria Contar
Tudo

Todos os dias em todo o mundo, há cristãos mostrando como Jesus é. “Sua imagem
não é vista na forma de seus corpos, mas na beleza da mente e do coração renovados.
Santidade, amor, humildade, amabilidade e perdão, estes formam o caráter divino”.[26]
Tenho visto o Salvador demonstrado nas vidas de pessoas através da
hospitalidade. Quão freqüentemente meu anfitrião e minha anfitriã me deram seu quarto
de dormir e banheiro e foram dormir em algum outro lugar! Em uma ocasião, era época
de conferência e uma família tinha dezesseis hóspedes debaixo de seu modesto teto. Os
pais e três filhos dormiram na garagem. Em Taiwan, um missionário dormiu no chão ao
lado da lareira enquanto eu dormia em sua cama. Ele desistiu da glória insistindo em
que ele teria um lugar mais quentinho do que eu para dormir. Ele tratava todos os
hóspedes como se fossem Cristo. Uma irmã, no estado americano do Colorado, sofreu
um acidente de carro a caminho do culto matutino. Seus ferimentos exigiram imediata
cirurgia. Quando ela recobrou a consciência, suas primeiras palavras foram: “Quem vai
preparar o jantar para nossos hóspedes?”
Quando pensamos sobre a amabilidade de Jesus, nossas mentes invariavelmente se
voltam para o amor que Ele tinha pelos pequeninos. Para os discípulos, elas eram uma
distração ou talvez até um aborrecimento. Não para o Senhor Jesus. Para Ele, elas eram
pessoas adequadas para o reino de Deus. Sempre suspeitei que Ele se sentisse mais à
vontade com as crianças do que com os adultos.
Sadhu Sundar Singh tinha Jesus como seu modelo. Freqüentemente, quando se
hospedava em uma casa, ele se sentava no chão e brincava com as crianças. Um dia
algumas crianças perguntaram: “Mãe, será que Jesus pode nos colocar para dormir esta
noite?” Elas haviam visto Jesus em Singh.
Outro incidente conta uma história semelhante. Um homem caminhando com
pressa, descuidadamente trombou com um jovem rapaz cujos braços estavam cheios de
pacotes e chamou-lhe a atenção como se a culpa fosse do rapaz. Outro transeunte viu o
que havia se passado, ajudou o rapaz a pegar os embrulhos e deu-lhe uma moeda de um
dólar, dizendo: “Espero que isto lhe pague pelo acontecido”. O rapaz, que desconhecia
aquele tipo de atitude, perguntou: “Senhor, você é Jesus?” “Não”, respondeu-lhe o
cristão, “mas sou um de Seus seguidores”.
Outros crentes demonstram semelhança com Jesus através de seu controle quando
estão debaixo de provocação. Uma mulher fazendo a curva à esquerda amassou o lado
do carro dele. Quando cada um saiu de seu carro, ela gritou com ele, insultou sua raça e
nação, depois deu-lhe um tapa no rosto. Quando ele voltou ao seu carro, agradeceu a
Deus pelo fruto do Espírito chamado domínio próprio. Disse ele: “Embora tivesse tido
apenas pouco estrago em meu carro, devo confessar que, pelos dias que se seguiram,
vi-me imaginando como deveria ter respondido se eu não tivesse o Senhor”.
A Dra. Ida Scudder, médica missionária na Índia durante muitos anos, tinha um
espírito não retaliador. Um muçulmano certa vez perguntou-lhe por que ela era assim.
Antes que pudesse responder, um amigo hindu, que conhecia bem a Dra. Scudder, deu a
resposta: “Você não sabe por quê? É porque o Deus da Dra. Ida é paciente e amoroso e
ela é como Ele”.[27]
Amamos o Senhor Jesus por Sua amabilidade e compaixão para com os mais
humildes e amamos ver essas qualidades em Seu povo. Borden de Yale, criado em um
lar de riqueza e luxo, às vezes ia lavar louça na sede de uma missão para os pobres.
Quando um evangelista britânico estava retornando para sua casa, alguém lhe
perguntou: “O que lhe impressionou mais nos Estados Unidos?” Ele respondeu: “Ver
William Borden, aquele filho de milionários, com seus braços ao redor de um
maltrapilho na missão da cidade”.
Paul Sandberg foi alguém que não seguiu seu Mestre em vão. Um dia ele entrou em
uma cafeteria, sentou-se em um banquinho e começou a conversar com um senhor ao seu
lado. Paul, que era cantor famoso, testemunhou fielmente a Fred e finalmente teve o
privilégio de levar Fred ao Senhor. Depois de algumas semanas, Fred soube que estava
com um câncer terminal. Paul visitou-o regularmente em uma casa de repouso de baixa
qualidade, realizando os trabalhos que as enfermeiras deveriam fazer. Na noite em que
Fred morreu, Paul estava segurando-o em seus braços e citando versículos das
Escrituras. Chamo a isso compaixão.
Quando uma pequena comunidade cristã no Japão decidiu construir uma capela, os
membros saíram pela região mostrando os planos para todos os vizinhos e perguntando
se alguém era contrário à construção. Ninguém foi. Mas antes que o trabalho realmente
começasse, eles ouviram falar que havia um homem que temia que a capela impedisse a
luz do sol de entrar em seu quintal. Os cristãos não ficaram irritados por ele não ter se
manifestado antes. Em vez disso, pagaram ao arquiteto para projetar novamente o
prédio com um teto mais baixo. O vizinho ficou satisfeito e intrigado: satisfeito porque
teria sua luz do sol e intrigado com o espírito de graça dos cristãos.
Se nós formos semelhantes a Jesus Cristo, teremos amor e consideração por
pessoas de todas as classes sociais na vida. Era costumeiro na família Elliot fazer seus
momentos devocionais à mesa do café da manhã. Uma manhã, quando o pai estava
lendo a Bíblia para os outros, ele ouviu um barulho nas latas de lixo em seu quintal.
Imediatamente colocou a Bíblia de lado, abriu a janela e cumprimentou alegremente o
lixeiro. Para ele, nenhuma atividade era mais sagrada do que outra. Ele não fazia
distinção entre o sagrado e o secular.
Cristo deve ser o modelo para todas as camadas sociais. Um empresário falou o
seguinte a respeito de um competidor cristão: “Não é necessário um contrato quando a
gente faz negócios com ele. A palavra dele basta”. Aquele homem nunca teve que fazer
contrato com seus clientes.
Um árbitro de futebol disse: “Quando estou trabalhando em um jogo no qual
Tommy Walker está jogando, tenho que observar apenas vinte e um jogadores, não vinte
e dois”. Tommy nunca violava as regras.
Quando um consultor de impostos falou a seu cliente para não declarar uma grande
soma de rendimentos, assegurando-lhe que o governo jamais ficaria sabendo, o cristão
disse: “Devo declarar. Sou cristão”. Sua fé afetava suas finanças.
Logo depois que foi salvo, um vendedor de carros usados falou a um provável
comprador: “Não tenho nada em meu pátio que pudesse vender ao senhor”. Isso não é
típico de um vendedor falar sobre seu pátio de carros usados.
Um médico cristão se recusou a assinar um falso pedido de seguro para um
paciente e ocasionou uma torrente de abuso verbal contra si mesmo.
A bagagem de um missionário ficou presa na alfândega porque o agente de
aeroporto queria um suborno e o missionário não pagou.
Depois que um crente fez um acordo verbal de vender sua casa por 250 mil
dólares, outro provável comprador surgiu e lhe ofereceu 265 mil. O que ele deveria
fazer? A resposta está em Salmos 15.4: Aquele que habita em Deus mantém a sua
palavra, mesmo quando sai prejudicado. É melhor perder 15 mil dólares do que
perder sua integridade. É melhor ter, na segunda-feira, a mesma religião que você teve
no domingo.
Às vezes vemos a semelhança com Cristo naqueles que triunfam sobre as
dificuldades. Um casal cristão finalmente teve um bebê depois de anos de espera.
Infelizmente, entretanto, o bebê morreu de apnéia do sono alguns meses mais tarde. O
pastor disse: “O que realmente me desafiou e mexeu comigo foi o canto de um hino na
igreja. Grandioso é o nosso Deus, a Rocha. Vi a mulher em pé ao lado do marido,
lágrimas escorrendo de seus olhos, mas com seu rosto brilhando, voltado para o
Senhor. E ela cantava:
Grandioso é o nosso Deus, a Rocha.
Sua obra é perfeita e todos os Seus caminhos são justos.
Um Deus de fidelidade e sem injustiça,
Bom e reto para comigo.

Também me lembro do caso de Beverly West. O médico tinha acabado de dizer-


lhe que ela estava com câncer terminal. E exatamente naqueles dias, ela ouviu falar que
Gary Wilson estava no hospital com um sério caso de pancreatite. Ela se sentou e
escreveu o seguinte:
Nossos queridos Gary, Beth e família!
Queremos que saibam que vocês estão em nossas orações diariamente e o dia todo. Que vocês
sintam a consolação dos braços eternos ao seu redor. Vocês são sustentados por Sua força e Sua
graça.
Desde que foi diagnosticado que estou com câncer terminal, estou fazendo quimioterapia e tenho
muito tempo para orar. Vocês estão no topo da minha lista.
Alguém, Amy Carmichael em Gold by the Moonlight, eu creio, apontou que, em Filipenses 3.10, o
poder de Sua ressurreição vem antes da companhia de Seus sofrimentos. Que vocês todos venham
a conhecer a Cristo dessa maneira. É um privilégio entender um pouco da comunhão no Getsêmani e
na Cruz e ser capaz de dizer, por Seu poder: “Seja feita a Tua vontade e não a minha”.
Em Seus laços de amor,
John e Beverly

Falando de coisas mais leves. Quando o médico falou para um cristão que um de
seus olhos teria que ser removido e que um olho de vidro seria colocado no lugar, ele
disse: “Por favor, doutor, coloque um olho cintilante”. Isso, amigos, é vitória por meio
da submissão.
Alguém escreveu: “Como é bom pensar que podemos seguir o modelo das
qualidades de Cristo e mostrá-Lo àqueles que O estão buscando. Através de um modo
de vida exemplar, o discípulo pode tornar o seu Senhor atraente para os outros. Em sua
carta a Tito, Paulo disse-lhe que ensinasse os escravos a agradarem seus senhores
“para que assim tornem atraente, em tudo, o ensino de Deus, nosso Salvador” (Tt
2.10 – NVI).
As pessoas não deveriam apenas ouvir a verdade que vale a pena ser ouvida, mas
também ver a verdade que vale a pena ser imitada.
30. Vivendo Acima da Média

Michelangelo estava em pé em seu estúdio, olhando fixamente para um bloco de


mármore. Finalmente, um companheiro interrompeu seu devaneio e lhe perguntou por
que ele estava gastando tanto tempo observando um bloco grosseiro de pedra. O rosto
de Michelangelo se iluminou e ele disse com entusiasmo: “Há um anjo naquele bloco e
eu vou libertá-lo”.
Há um paralelo espiritual aqui. Cristo habita em cada filho de Deus. O apóstolo
Paulo disse aos Colossenses: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27). Em
Gálatas 2.20, ele deixou bem claro que Cristo vive nos crentes. Mas o mundo não pode
vê-Lo a menos que Ele seja liberado. Isto acontece quando os cristãos mostram-No
através de uma vida de piedade. Isto acontece quando nós falamos e agimos como o
Senhor o faria. Isto acontece quando o Senhor Jesus Cristo tem permissão para viver a
Sua vida em nós.
Mostrar Cristo ao mundo não deveria ser confinado a atos isolados de um
comportamento piedoso. Deveria ser nosso modo de vida, nosso modo característico. O
problema com muitos de nós é que nossos reflexos espirituais são vagarosos demais.
Uma oportunidade maravilhosa vem para que respondamos por meio de uma vida que
está acima do comum. Só depois que a oportunidade passa é que pensamos em quão
brilhantemente poderíamos ter falado ou agido como Jesus teria feito. Mas perdemos a
oportunidade. Não nos elevamos acima da carne e do sangue.
A maioria das pessoas nunca rejeitou o Senhor Jesus. Elas rejeitaram nossa
representação dEle: nosso pavio curto, nossas palavras sarcásticas e nosso orgulho.
Elas não viram o amor dEle, a cortesia dEle e a amabilidade dEle em nós.
Como poderemos consistentemente seguir o modelo de Cristo para um mundo que
nem O vê, nem O conhece? Como poderemos viver acima da média? Podemos cultivar
a mente de Cristo através da humildade, do espírito de servos, do altruísmo e da estima
pelos outros mais do que por nós mesmos. Podemos habitar no esconderijo do
Altíssimo (Sl 91.1) permanecendo perto do Senhor, vivendo no santuário em vez de
vivermos nos subúrbios. Podemos ficar constantemente ocupados com o Senhor.
“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a
glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem,
como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co 3.18).
Quanto mais voltamos nossos olhos para o Senhor através da Bíblia, mais o
Espírito Santo nos transforma à semelhança dEle.
Notas de Fim

1. Major Ian Thomas, citado em Sua Morada Vitoriosa [His Victorious Indwelling], Nick Harrison, ed., Grand
Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1999, p. 133-134.
2. The Idiot [O Idiota], Ware, Herts, England, 1996.
3. Adaptado dos seguintes dois livros:
- Brother Indeed [Irmão de Fato], Frank Holmes, London: Victory Press, 1959.
- Chief Men Among the Brethren [Chefe Entre Irmãos], Hy Pickering, London: Pickering & Inglis, 1931.
4. Citado em “Em Todas as Suas Aflições” [In All Their Afflictions], Murdoch Campbell, Resolis, Scotland:
Self-published, n.d., p. 90-91.
5. Adaptado de “O Caminho da Paz” [The Way of Peace], H. A. Ironside, New York: Loizeaux Brothers, 1940,
p. 176-177.
6. Adaptado da fita #150 “Flertando com a Verdade” [Flirting with the Truth], Ravi Zacharias.
7. Adaptado de “Nosso Pão Diário” [Our Daily Bread], Grand Rapids, MI: Radio Bible Class, leitura de 28 de
Junho de 1995. Também da fita de Lloyd Oppel, 5 de fevereiro de 2000.
8. Adaptado de “O Escocês Voador “[The Flying Scotsman], Sally Magnusson, New York: Quartet Books,
1981 e miscelânia de clips.
9. The Flying Scotsman [O Escocês Voador], p. 9-10.
10. The Flying Scotsman, p. 163-164. Ibid.
11. The Flying Scotsman, p. 174. Ibid.
12. Adaptado de “Filipenses: O Evangelho em Ação” [Philippians, The Gospel at Work], Merrill C. Tenney,
Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdman Publishing Co., 1956, p. 60.
13. Adaptado de Vivendo por Votos [“Living by Vows”], Christianity Today, October 8, 1990, pp. 38-90 e A
Bênção de Muriel [“Muriel’s Blessing”] Christianity Today, 5 de fevereiro de 1996. Ambos os artigos forma
escritos por Robertson McQuilken.
14. Adaptado da carta de Jim Haesemeyer.
15. Tragedy to Triumph [A Tragédia para o Triunfo], Frank Retief, Milton Keynes, England: Word Publishing,
1994, p. 148.
16. The Pilgrim [O Peregrino], E. Schuyler English, ed., Vol. IX, No. 4, April 1952, p. 2.
17. London: Banner of Truth Trust [Bandeira da Confiança na Verdade], 1970, p. 149.
18. Adaptado da fita #118 Raised to Run: Jacob [Criado para Correr: Jacó] de Ravi Zacharias
19. Tramp for the Lord, Corrie Ten Boom, Old Tappan, NJ: Fleming H. Revell Co., 1974, p. 53-54.
20. Uma ou duas ilustrações neste livro são composições, combinando as experiências de mais de uma
pessoa.
21. Adaptado de Gladys Aylward. The Little Woman [A Mulher Pequena], Gladys Aylward como foi contado a
Christine Hunter, Chicago, IL.: Moody Press, p. 109-120.
22. Adaptado da fita #118 Raised to Run: Jacob [Criado para Correr: Jacó] de Ravi Zacharias.
23. Adaptado de John Nelson Darby, Max S. Weremchuk, Neptune, NJ.: Loizeaux Bros, 1992, p. 149-150.
24. Adaptado de O Pão Diário [Our Daily Bread], 23 de Agosto de 2000.
25. Usado por permissão de Louise and J. B. Nicholson, Jr.
26. Notas Diárias de Scripture Union. Mais documentações disponíveis.
27. Adaptado de O Pão Diário [Our Daily Bread], 9 de Fevereiro de 1993.

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