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REVISÃO DE FILOSOFIA (Hume a Nietzsche) – 2009

Prof. Manoel Messias de Oliveira

DAVID HUME (1711-1776)

 David Hume nasceu em Edimburgo, Escócia, em 1711 e faleceu em 1776.


 Hume foi um dos mais ardorosos defensores do pensamento empirista:
corrente de pensamento que nega a existência de ideias inatas e enfatiza
o papel da experiência sensível no processo de conhecimento.
 Segundo Hume, não podemos admitir hipóteses que não possam ser
experimentadas pelos sentidos.
 Entre os principais representantes do empirismo, além de Hume,
podemos citar Francis Bacon e John Locke.
 Dividiu tudo o que percebemos em impressões e ideias.
 As impressões: São as percepções mais vivas, mais nítidas e que temos
fazendo uso de um dos nossos sentidos.
 As ideias: são percepções mais fracas que as impressões. São cópias
das impressões, ou as lembranças dessas percepções, mantidas em
nossa mente; ocorrem quando recordamos, refletimos, imaginamos,
enfim, pensamos.
 A ideia é representação mental das impressões.
 É impossível ter ideia sem uma impressão que lhe dê origem.

OBSERVAÇÕES
1. As ideias podem ser simples ou complexas.
 Ideias simples: toda representação mental de uma impressão que
produz uma ideia que não pode ser decomposta.
 Ideias complexas: toda ideia que pode ser decomposta em outras
simples.

2. O Método crítico

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 Para verificar se uma ideia possui credibilidade, “devemos perguntar
de que impressão é derivada aquela suposta ideia”.
 Toda e qualquer associação de ideias é um ato voluntário.
3. Impressões e ideias
 As impressões são mais fortes que as ideias.
 Existem diferentes graus de impressão. A fidelidade das ideias às
impressões depende da força das mesmas (impressões).

O HÁBITO

 David Hume nega o princípio necessário da causalidade (A nem sempre gera


B).
 Não existe uma verdade imutável. Não existem leis com validade universal e
necessária.
“O conhecimento científico, que sempre pretendeu guiar-se pela razão
e pela evidência da intuição e da demonstração para estabelecer
relações de causa e efeito, tem bases não-racionais como a crença e o
hábito”. (COTRIM, 2000, 168).

“Hume nega a validade universal do princípio de causalidade e da


noção de necessidade a ele associada. Para Hume, o que observamos
é a sucessão de fatos ou a sequência de eventos, e não o nexo causal
entre esses mesmos fatos ou eventos. O que nos faz ultrapassar o
dado e afirmar mais do que pode ser alcançado pela experiência é o
hábito criado através da observação de casos semelhantes. A partir
deles, imaginamos que o fato atual se comportará de forma análoga”.
(ARRANHA & MARTINS, 2000, 107).

“O costume é, pois, o grande guia da vida humana. É o único princípio


que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série
de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado”.
(COTRIM, 2000, 166).

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 O fato de observar a sequência repetitiva dos fatos nos faz esperar que
a sequência seja mantida, porém, por mais que um fenômeno se tenha
repetido nada nos garante que se repetirá novamente, assim, a
verdade é apenas provável.

 O fato de observar um fenômeno repetidas vezes nos faz vincular


causa e efeito, porém, efetivamente este vínculo não existe, é apenas
força do hábito (costume, crença).

OBSERVAÇÕES:

1. O raciocínio indutivo é ilógico, pois, por mais que um fenômeno se tenha


repetido, nada garante que continuará a se repetir.
2. A relação causa e efeito é fruto do hábito e não uma relação causal
necessária.

IMMANUEL KANT – 22/04/1724 – 12/02/1804

 Nasceu em Königsberg, pequena cidade da Alemanha. Teve vida longa e


tranquila. Homem metódico e de hábitos arraigados. Morreu aos 80 anos.
 Kant foi o maior representante do Iluminismo alemão, sintetizando o otimismo
em relação à possibilidade de o homem guiar-se por sua própria razão.
 Kant realizou uma revolução na Filosofia semelhante à de Copérnico na
Astronomia.

Revolução copernicana

 Retirou do centro do conhecimento o objeto e colocou a razão.


 Analisou a estrutura da razão e sua possibilidade de conhecer.

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o Enquanto a metafísica antes admitia que “o nosso conhecimento devia
regular-se pelos objetos”, agora “devemos experimentar” e “admitir que
os objetos devem regular-se pelo nosso conhecimento” (CRP XVI).
o Os objetos adaptam-se ao conhecimento, não o conhecimento aos
objetos. (dicionário Kant).

A Razão
A razão é composta de duas estruturas: estrutura ou forma da sensibilidade e
a estrutura ou forma do entendimento.
A estrutura ou forma da sensibilidade “capta os dados” a partir da percepção
sensorial e a estrutura do entendimento os organiza.
A razão humana é uma estrutura sem conteúdo. É uma estrutura inata e
universal, portanto transcendente. É uma estrutura a priori.
A experiência fornece a matéria do conhecimento e o entendimento fornece a
forma (universal e necessária) do conhecimento.

Estrutura ou forma da sensibilidade


É composta pela estrutura do espaço e do tempo.
O espaço possibilita a percepção das realidades espaciais.
O tempo permite a noção de passado, presente, futuro.
Estrutura ou forma do entendimento
Formada pelas categorias com as quais se organizam os dados da
sensibilidade: causa, necessidade, substância, universalidade.
Possui validade universal, o que possibilita as ciências.

Fenômeno e coisa em si

Segundo Kant é impossível conhecermos as coisas em si mesmas


(noumenon); conhecemos apenas os fenômenos.
Não conhecemos como as coisas são em si, mas como nos podemos
percebê-las, ou seja, como elas aparecem para nós.

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 No processo do conhecimento o ser humano não “assimila” de forma
“passiva” os objetos (realidade), ao contrário, participa de sua construção
mental (estrutura mental a priori).
 O objeto do saber é construído pelo próprio ser humano a partir da
manifestação do objeto.
A coisa em si ou a realidade (noumenon) não pode ser percebida pela
sensibilidade, ou pelo entendimento, portanto, não pode ser conhecida.
“Não conheço a coisa em si, mas como ela aparece para nós”.
Percebemos a realidade a partir das formas a priori da sensibilidade: tempo e
espaço.
Organizamos estes dados a partir das formas do entendimento (categorias)
que são a priori e, a partir daí, emitimos juízos sobre a realidade.

Idealismo transcendental
Idealismo: o sujeito pensante é que dá a forma ao objeto, gerando o conhecimento.
Transcendente: é o termo usado por Kant, para descrever aqueles princípios que
“reconhecem transpor” os limites da experiência, em oposição aos princípios
imanentes “cuja aplicação está inteiramente dentro dos limites da experiência
possível” (CRP 296). Ex. Liberdade; Deus; imortalidade da alma; não é possível
falar de sua existência ou não pela razão pura, outrossim, pela razão prática.
Transcendental: uma forma de conhecimento, não dos próprios objetos mas dos
modos pelos quais somos capazes de conhecê-los, ou seja, as condições da
experiência possível.“chamo transcendental todo o conhecimento que está ocupado
não tanto com os objetos quanto com o modo de nosso conhecimento de objetos, à
medida que esse modo de conhecimento é possível a priori (CRP A 12).

 Transcendental é o conhecimento da possibilidade do conhecimento, ou o


uso que dele se faz a priori.

O que é esclarecimento (iluminismo ou ilustração) aufklärung

 Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, ou seja, é usar a


razão de maneira autônoma.

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 Permanecer na menoridade é deixar que outros pensem em seu lugar.
 O sujeito é o único responsável para passar da menoridade para a
maioridade.
 Os tutores, os que pensam pelos que estão na menoridade, não desejam que
estes atinjam a maioridade e tentam mantê-los na menoridade.
 A maioridade se relaciona com a razão pública e a menoridade, com a razão
privada.

Capacidade de conhecer
Existem duas formas de conhecimento possíveis, o conhecimento empírico e o puro.
a) Conhecimento empírico: a posteriori = aquele que se refere aos dados fornecidos
pelos sentidos.
 Conhecimento imanente
b) Conhecimento puro (a priori): que é anterior à experiência. Possui validade
universal e necessária.

Tipos de juízos
Quando afirmo ou nego um predicado a um sujeito estou emitindo um juízo.
Os Juízos podem ser classificados em juízos analíticos e juízos sintéticos.
a) Juízo Analítico: é aquele em que o predicado já está contido no sujeito. Ex. o
quadrado tem quatro lados. O triângulo possui três lados.
 Serve para tornar mais claro o que já se conhece do sujeito. É sempre a priori
(possui validade universal e necessária).
 Não amplia conhecimento.

b) Juízo sintético é aquele em que o predicado não está contido no sujeito, mas é
acrescentado a ele.
 Amplia o conhecimento.
 Pode ser a priori ou a posteriori.
a) Juízo sintético a posteriori: está ligado diretamente à experiência sensorial,
portanto, está condicionado ao tempo e ao espaço da experiência.

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b) Juízo sintético a priori: é universal e necessário; seu predicado acrescenta novas
informações ao sujeito; amplia o conhecimento; é o mais aceito pela ciência.

Ética
Parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e
princípios da vida moral.
Moral: conjunto de normas livres e conscientemente adotadas que visam a
organizar as relações das pessoas na sociedade em vista do bem e do mal.
Para Kant as normas morais não devem ser impostas por “nenhuma força”
externa. Devem ser fruto da razão esclarecida. O homem, guiado pela razão, deve
agir de acordo com o dever, reconhecido pelo livre uso da razão e não ligada aos
desejos individuais e sensíveis.
A única regra, ou imperativo, a ser seguido quando da elaboração de um
princípio moral é “age de tal forma que o princípio moral de tua ação possa tornar-se
uma lei universal.”

O que se fala ou faz pode ser feito por qualquer pessoa sem trazer prejuízo a
ninguém.
A ação moral trata a pessoa do outro como fim e não como meio.
O fim (deve ser) é a felicidade da pessoa, que não pode ser usada como meio
para satisfazer os seus desejos.
Devemos agir por dever e não por interesse, portanto, devemos evitar agir por
inclinação (segundo nossas inclinações, instintos, desejos), bem como agir conforme
o dever (fazer o que é certo para evitar punições, ou para receber recompensas),
pois, desse modo, estaríamos utilizando nossas ações não como fim, mas como
meio. Devemos agir por dever, ou seja, fazer o bem em si, conforme nos mostra o
imperativo categórico.

Nicolau Maquiavel - (1469-1527)


 É considerado o fundador da ciência política.

A ITÁLIA NA ÉPOCA DE MAQUIAVEL

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 Estava fragmentada em inúmeros Estados (principados ou repúblicas)
sujeitos a disputas internas e a hostilidades entre cidades vizinhas.
 Nesta Itália dividida e por vezes dominada por nações estrangeiras, viveu
Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) na república de Florença.
 Os príncipes dos Estados italianos se apoiam nos condottieris.
 A família Médici governava a república florentina, porém, por dez anos, essa
família foi afastada do governo e em seu lugar governou o republicano
Soderini.
o Desse governo participou Nicolau Maquiavel.
 Quando Soderini foi deposto, os Médici voltaram à vida política e Maquiavel
caiu em desgraça.
 No contexto de sua “desventura” política é que Maquiavel escreveu “O
Príncipe”.

O PRÍNCIPE.
 Maquiavel afirma (a um amigo) que irá falar como as coisas são e não como
as coisas deveriam ser.
 Em 1513  dedicado a Lourenço de Médici.
 O que importa é a conquista e a manutenção do poder.
o Para conquistar e manter o poder, são necessárias a virtù e a fortuna.
 VIRTÙ: virtude = força, valor, qualidade de lutador, guerreiro. Capacidade de
realização de grandes obras ou de edificar a História, enfim, a capacidade de
agir conforme as circunstâncias.
 FORTUNA (SORTE) = ocasião; acaso; sorte.

O Estado é uma conquista do homem de virtù, daquele que sabe aproveitar da


fortuna.

Ética e Política/ a virtude do príncipe e a virtude da moral cristã.

 A ação política deve estar acima da moral individual (cristã).

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 Maquiavel questiona a moral vigente na Idade Média, pois, no período
medieval, o mais importante era a salvação da alma, assim, o príncipe de
virtude deveria pautar as suas ações a partir da moral cristã: viver a justiça, a
verdade, praticar o bem; por isso, o Estado não devia violar a moral natural.
 Maquiavel propôs um novo paradigma para a moral: a moralidade como
resultado. Não negou a moral, mas, sim, estabeleceu uma nova moral, cujo
valor ético está no resultado e não na ação.

Observações.
 Príncipe não deve apoiar-se em valores preestabelecidos, mas agir com
vistas aos resultados reais de suas ações.
 O critério para definir o que é ou não moral é a conquista ou manutenção
do poder: A coerção, a guerra, a espionagem, a violência, a mentira
podem ser legítimos se isso possibilitar a manutenção do poder e do bem
público.
 Maquiavel combate a tirania, pois o tirano age com violência, por capricho
e pelo bem individual. A violência só se justifica quando for absolutamente
necessária.
 O Príncipe de virtù deve ser capaz de distinguir a moral pública da moral
privada: o homem de ação política eficaz não deve ficar preso a nenhuma
moral pré-fixada: Não pode tomar decisões que envolva o governo, o
poder público, tendo por base uma moral privada.
 A ética política deve ser revista conforme as circunstâncias: a “razão de
Estado” coloca as ações acima das normas.
 A ação política deve ser independente da religião: Maquiavel defende a
autonomia do Estado.
 Existe uma controvérsia sobre Nicolau Maquiavel, em especial suscitada
pelas suas principais obras, “O Príncipe” e : “Comentários a primeira década
de Tito Lívio”.
o Na primeira, parece defender o absolutismo.
o Na segunda, defende a republica.

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o Hoje se acredita que Maquiavel prevê dois estágios para a ação do
Príncipe: para conquistar a estabilidade, unificar a Itália, enfim, para
conquistar e manter o poder justifica-se o absolutismo, mas, alcançada
a estabilidade, é possível e desejável a república.
o O governo deve desenvolver leis, possuir um norte e não agir por
capricho.
 Defende uma política realista: mostra como o homem age de fato (não como
diz agir). – “não vou falar sobre republicas e principados que nunca se viu”...
(comentar e relacionar com Platão).
 Defende o utilitarismo: ação eficaz e imediata.
 A legalidade ou não da ação esta no resultado alcançado.
 Não analisa “como deve ser mais como é”.

OS CONTRATUALISTAS

HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU


 Para eles, o Estado não é natural, mas sim artificial, uma vez que foi criado pelos
homens mediante o pacto: contrato.
 Combatem o poder como sendo de direito divino.
 Os filósofos contratualistas partem da análise do homem em estado de natureza,
isso é, antes de qualquer sociabilidade, quando, por hipótese, desfruta de todas
as coisas, realiza os seus desejos e é dono de um poder ilimitado.

THOMAS HOBBES (1588 – 1679)

 Segundo Hobbes, no estado de natureza, o homem vê em seu semelhante um


inimigo que precisa ser dominado, ou eliminado: O homem é o lobo do homem
(homo homini lupus). Nesse estado, predominam os interesses egoístas, por isso
é caracterizado pelo medo e pela insegurança, o que prejudica a indústria, a
agricultura, a ciência, a navegação, enfim, o progresso do comércio.
 O homem possui o direito natural à vida e à paz (que deseja ardentemente).

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 Por desejarem a paz, ter direito à paz e à vida, mas ser marcado pelo caráter
beligerante, os homens resolvem abdicar do poder de conduzir a si mesmos com
total liberdade, para, mediante um pacto, darem origem ao Estado artificial.
 No Estado artificial, a vontade de todos é transferida para um homem ou uma
assembleia de homens de maneira irrevogável.
 O poder do soberano deve ser absoluto, isso é, sem limites. A transferência do
poder individual ao soberano deve ser total, do contrário, a paz e a vida estariam
ameaçados.
 Tudo o que o soberano faz é resultado do investimento da autoridade consentida
pelo súdito, é correto e não pode ser contestado. É o Leviatã.
 O soberano garante o seu poder, a manutenção do pacto, pela força “Os pactos
sem a espada não são mais que palavras”.
 O Soberano não pode ser destituído, punido ou morto. Tem o poder de
prescrever as leis, escolher os conselheiros, julgar, fazer a guerra e a paz,
recompensar e punir. Controlar as opiniões e doutrinas contrárias à paz.
 No estado de natureza, não existe o direito à propriedade privada. “Tudo é de
todos e nada é de ninguém” (Hobbes); mas, no Estado artificial, o soberano deve
garantir a posse da propriedade privada.
 Como o poder do soberano é sem limites, nada do que ele fizer será imputado
como ilegal, ou injusto. Se possui poder ilimitado, não pode abusar do poder.

JOHN LOCKE (1632 – 1704)

 Parte da concepção individualista, pela qual os homens, isolados no estado de


natureza, completamente livres e iguais, renunciaram ao estado natural e se
uniram mediante contrato social para constituir a sociedade civil.
 Para Locke, apenas o pacto torna legítimo o poder do Estado.
 No estado natural, cada ser humano é rei e juiz, podendo legislar em causa
própria; portanto, os riscos das paixões e da parcialidade são muito grandes e
podem desestabilizar as relações entre as pessoas.
 Para evitar possíveis conflitos advindos do exercício da plena liberdade, os
homens resolvem criar o Estado, mediante o pacto.

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 O pacto que dá origem ao Estado Civil é celebrado, visando a garantir os
direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade.
 A função do Estado é garantir os direitos naturais e, para esse fim, deve fazer
leis que regulem as relações entre os homens.
 No Estado artificial, Locke considera o Legislativo o poder supremo, ao qual
deve estar subordinado o Executivo.
 O Poder Executivo deve reunir-se todos os dias; o Legislativo, somente quando
houver necessidade.
 Todos os homens são membros da sociedade civil, mas apenas os mais ricos
podem ter plena cidadania; a classe operária, não tendo bens, está submetida à
sociedade civil em virtude do suposto contrato original.
 O pacto poderá e deverá ser refeito sempre que aqueles a quem os cidadãos
confiaram o poder não cumprirem a sua função: regular as relações entre os
homens e garantir os direitos naturais.
 Propriedade privada é um direito natural, garantido pelo Estado artificial.
 Locke considera propriedade tudo o que pertence a cada individuo, ou seja, sua
vida, sua liberdade e seus bens.
 O trabalho do seu corpo é propriedade do individuo e o que dá legitimidade a
propriedade em sentido estrito (bens, patrimônio); assim sendo, o direito à
propriedade é ilimitado.

JEAN- JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778)

 Parte da análise do homem em seu estado de natureza, no qual concebe o


homem com bom ingênuo e feliz, vivendo daquilo que a natureza oferece a
todos.
 Acredita que o homem possui direito natural a vida e a felicidade.
 Para Rousseau “tudo é bom saindo das mãos do criador e tudo degenera nas
mãos do homem”.
 O estado de natureza foi rompido quando se desenvolveu a propriedade privada,
quando alguns homens resolveram cercar um pedaço da terra e afirmarem “isso
é meu”, encontrando pessoas ingênuas que acreditaram em suas palavras. Não

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deveriam ter acreditado, mas derrubado a cerca e tapado o fosso, contestando
os que cercaram “a propriedade”, afirmando que isso não é seu, ao contrário,
isso é nosso.
 Mediante a criação da propriedade privada, alguns homens passaram a explorar
o trabalho de outros, gerando a escravidão e a miséria.
 A propriedade privada é um falso contrato, pois coloca os homens sob grilhões.
Cria a desigualdade e gera diversos males. O falso contrato torna necessário o
estabelecimento de um novo contrato verdadeiro.
 O contrato social, para ser legítimo, deve-se originar do consentimento
necessariamente unânime, em que cada associado se aliena totalmente, ou seja,
abdica sem reserva de todos os seus direitos em favor da comunidade.
 O homem abdica de sua liberdade, mas sendo ele próprio parte integrante e ativo
do todo social, ao obedecer à lei, obedece a si mesmo e, portanto, é livre.
 O homem é ativo (soberano) enquanto faz a lei e é passivo (súdito) enquanto a
cumpre.
 A soberania inalienável pertence ao povo; ao povo todas as instituições devem
estar subordinadas.
 Qualquer lei que não for ratificada pelo povo (vontade geral) é nula.
 Rousseau preconiza a democracia direta ou participativa, mantida por meio de
assembleias frequentes de todos os cidadãos. Mas onde não houver
possibilidade de praticar esse tipo de democracia, deve ser implantada a
democracia representativa.
 Na democracia representativa, o poder deliberativo pertence inalienavelmente ao
povo; o poder de representar não dá o poder de decidir no lugar do povo: o
governante está a serviço do povo e não o povo a serviço do governante.
 A propriedade não existe no estado de natureza, mas passa a ser um direito
garantido pelo Estado artificial. O direito à propriedade deve ser limitado.

GEORG WILHEM FRIEDRICH HEGEL – (1770 – 1831)

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 Em 1798, época da Revolução Francesa, com 19 anos, Hegel não mais podia
aceitar a concepção metafísica da realidade, pois os pensadores dessa
corrente filosófica concebiam conhecimento como constituído de verdades
estáticas e intocáveis.
 O processo revolucionário que marcou a sua época fez Hegel procurar
desenvolver um novo sistema filosófico, um novo paradigma, uma nova
concepção da História.
 Para Hegel a História está em constante transformação, em um processo
ininterrupto de devir. Está mobilidade “perpétua” é justificada, por ser fruto do
pensamento que se modifica constantemente.
 O mundo é a manifestação da razão (ideia), “o real é racional e o racional é
real”. “A História Universal é a manifestação da razão”.
 A consciência interfere ativamente na construção da realidade; a realidade é
dinâmica, pois o pensamento é dinâmico.
 O que provoca a constante mudança no pensamento (e consequentemente
na realidade) é a dialética.
 A dialética é um processo que pode ser sintetizado da seguinte forma: “todas
as coisas morrem e da morte nasce uma nova vida”. Todas as coisas têm em
si a vida (tese), a morte (antítese) e a vida nova presente na morte (síntese).
o A vida  tese (afirmação).
o A morte  antítese (negação da afirmação).
o A vida nova presente na morte  síntese (negação desta negação, ou
nova afirmação).
 A dialética hegeliana fundamenta-se no embate e superação de contradições,
fazendo surgir uma nova tese, em um fluxo sem fim.
 Espírito subjetivo (individuo): tese. O que faz mover = emoção, desejo,
imaginação, ideia.
 Espírito objetivo (coletivo): antítese. = vontade geral expressa em leis,
normas, regras.
 Espírito absoluto: síntese = Estado: história do povo feita a partir da
autoconsciência.

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FILOSOFIA HEGELIANA: PRÍNCIPIOS BÁSICOS

 Cada individuo é filho de seu tempo; da mesma forma a Filosofia resume o


pensamento de seu próprio tempo.
 A realidade histórica é fruto do pensamento e a ele esta intimamente ligada.
 A Filosofia é a filosofia do devir (do movimento) necessária para compreender
a realidade em constante processo.
 A História é fruto de um processo dialético, não é fruto do acaso nem de fatos
justapostos.
 A crítica filosófica só se faz no final do processo histórico: a Filosofia é como
a ave de minerva, só alça voo no final da tarde.

KARL MARX (1818-1883)


“Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que
determina a sua consciência” Karl Max.

 Marx fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, afirmando que Hegel
inverteu o determinante e o determinado. Para Marx, é a realidade material
que determina os conceitos e as representações mentais dessa realidade.
 Segundo Marx, a história dos homens é a história da luta de classes, em que
uma faz o papel de dominante e a outra de dominada, assim, para entender a
sociedade, não devemos partir do que os homens dizem, imaginam ou
pensam, mas sim de como produzem. Como os homens se relacionam ao
transformarem a natureza e as relações entre eles.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

 TRABALHO: Atividade tipicamente humana. É a ação livre e consciente que


transforma a natureza para atender as necessidades humanas (trabalho
sadio). Pelo trabalho, o homem transforma a natureza e se autoproduz.

Trabalho alienado: Inversão coisa – pessoa.


 O produto de seu trabalho deixa de pertencer ao trabalhador.

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 A mercadoria adquire valor superior ao homem.
 O homem não se reconhece no que produziu, não participa do processo
produtivo.
 O homem se desumaniza, vira mercadoria, vende sua força de trabalho.

IDEOLOGIA
Instrumento usado para que os não proprietários não consigam perceber a
realidade; para que não percebam a exploração a que são submetidos. As coisas
parecem ser como são por natureza (naturalização). As ideias da classe dominante
são universalizadas. Faz parecer que todos são livres e iguais. Encobre a realidade.

ALIENAÇÃO: do latim alienare, tornar algo alheio a alguém. Segundo Marx


“alienação é o processo pelo qual os atos de uma pessoa são governados por outros
e se transformam em uma força superior e estranha, colocada em posição superior e
contrária a quem a produziu”.
Alienação na produção: uns planejam, outros executam (as ações de uns
são programados por outros).

MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO:
 Explicação da História a partir de fatores materiais, econômicos e técnicos, a
partir de um movimento dialético que se processa mediante a luta de classes.
 Estrutura (Infraestrutura): designa o conjunto das relações do homem com
a natureza e dos homens entre si no que se refere às condições nas quais os
homens organizam o seu processo produtivo.
 Superestrutura: sistema jurídico-político-ideológico, explicações teóricas para
a realidade.
 NB: A estrutura (infraestrutura) quando é modificada, provoca transformações
na superestrutura = as condições históricas produzem as ideias. As condições
materiais determinam o pensamento. A História é movida pelas lutas de
classes, não é um movimento linear.

MODOS DE PRODUÇÃO.

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 A maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas
relações de produção num dado momento histórico, ou seja, como a
sociedade se organiza para produzir (patriarcal; escravista; feudal; capitalista;
socialista).
 Para entender a sociedade, devemos procurar entender como os homens se
organizam para produzir e como se relacionam nesse processo.
 O modo de produção varia conforme as relações entre as forças produtivas:
instrumentos de produção; força de trabalho (experiência dos que manejam
os instrumentos); hábitos de trabalho.
 Relações de produção: relacionamento social dos homens no processo
produtivo; relação entre os que possuem os instrumentos de trabalho e os
que são detentores da força de trabalho:
a) Exploração, dominação.
b) Solidariedade e respeito.

Antagonismo de classes.

 A luta de classes é o motor da História. É a expressão das contradições


existente dentro da sociedade. A História da humanidade é a história da luta
de classes em que uma faz o papel de opressora e a outra de oprimida.
 Ao longo da História da humanidade, com exceção feita as comunidades
primitivas, podemos identificar diferentes modos de produção, como por
exemplo:
a) Modo de produção escravista, no qual a classe opressora é constituída pelos
senhores e a oprimida pelos escravos.
b) Modo de produção feudal, no qual a classe opressora é composta pelo
senhor feudal e a oprimida pelos servos.
c) Atualmente vigora o sistema capitalista em que a classe opressora (detentora
da força dos meios de produção) é representada pela burguesia e a oprimida
pelo proletariado (destituída dos meios de produção, mas detentora da força
de trabalho).

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 Como por fim a esta luta? Construindo uma sociedade comunista perfeita,
sem classes sociais (ex. comunismo produtivo).

Revolução e práxis
A classe oprimida sempre tenta destruir a classe opressora. No sistema atual, a
única força capaz de vencer a burguesia e o proletariado mediante a práxis: a ação
humana que une teoria e prática (dialética) visando a transformar conscientemente a
realidade.

NB: A consciência é determinada pelo modo pelo qual os homens produzem a sua
existência, contudo, a ação humana pode ser projetada, refletida gerando uma
transformação das estruturas.

OBSERVAÇÕES
a) A burguesia: é composta pelos que possuem os meios de produção e que
compram a força de trabalho.
b) O proletariado: é constituído pelos que não possuem os meios de produção
e vendem a força de trabalho em troca de um salário.
c) Salário: é o pagamento do que vende sua força de trabalho, porém, este
também pode ser fonte de exploração. NB: (Conforme a Constituição de
1988, o menor salário pago no Brasil deve possibilitar o trabalhador repor sua
energia: moradia, lazer, saúde, educação, alimentação transporte).

A Mais Valia

 A maior exploração do proletariado pelo patrão se dá mediante a mais valia =


maior valor. Nela, o lucro destinado ao proletariado fica com o patrão. Pela
mais-valia, além do lucro de mercado, o patrão se apossa do lucro da
produção.
 A mais-valia pode ser:
a) Relativa: aumento da produção por meio de investimento da tecnologia.
b) Absoluta: aumento dos lucros através do aumento da jornada de trabalho.

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Observação:
 Qual a mais valia oferece um perigo maior ao trabalhador? A relativa: pois
gera desemprego.
 LUPEMPROLETARIADO: na sociologia marxista indica a camada social
carente de consciência política constituída pelos operários que vivem na
miséria extrema e por indivíduos direta ou indiretamente desvinculados da
produção social (prostitutas, ladrões,...).

O EXISTENCIALISMO

 Para os filósofos existencialistas, a existência precede a essência, ou seja,


primeiro o homem existe e, na existência, ele se constrói, edifica a sua
essência.
 Para os pensadores essencialistas, o ser humano, assim como os demais
seres, já nascem com sua essência definida, ao menos como potencialidade;,
ao longo da sua existência, ele apenas vai atualizar essas potencialidades.
 Segundo Jean-Paul Sartre, existem dois tipos de existencialismo, o ateu e o
cristão.

JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)


 Nascido em Paris, tornou-se o maior expoente do existencialismo ateu.

ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA.

 A existência precede a essência: ao nascer, o homem nasce como um nada.


ao morrer “retorna” ao nada, assim, o homem só é na sua existência e só é o
que ele fizer de si mesmo.
 Não existe natureza humana, mas existe a condição humana de liberdade.

A LIBERDADE E A ANGÚSTIA.

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 O que diferencia o ser humano dos demais animais (e coisas) é o fato de que
o homem é livre, e as demais coisas (que conhecemos) não são, elas são
em-si e o homem é para-si. O homem é um ser que nasce como um nada e
na sua existência vai construindo o que ele é e, enquanto existente, é um ser
inacabado, em construção permanente, e é o que escolhe fazer de si mesmo.
 O homem é livre, por consequência, é responsável por tudo aquilo que
escolhe e faz: “ao afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo,
queremos dizer que cada um de nós se escolhe, mas queremos dizer
também que, escolhendo-se, ele escolhe a todos os homens.” (Sartre).
 Para Sartre, a liberdade se concretiza na ação.
 A consciência de sua responsabilidade gera em cada homem uma profunda
angústia.
 O homem não pode recusar a sua liberdade, está condenado a ser livre,
assim, a angústia é inevitável. Para superar a angústia, existem dois
caminhos, o primeiro é o da decisão. O segundo o da má-fé.

A MÁ-FÉ
 A má-fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem, na
verdade escolher. Imagina que seu destino está traçado, que os valores são
dados; aceita que elementos, ou verdades, ou divindades, exteriores
condicionem a sua ação. Assume como suas as determinações de outros.
 O homem não deveria agir de má-fé. A existência já e difícil, imagine viver
fingindo ser o que não é. É um absurdo viver o que não se é.
 O homem de má-fé é Cínico; é sério; “busca respeitabilidade”. Recusa a si
mesmo, deixa de ser para-si e torna-se em-si (coisa).

A RESPONSABILIDADE.

 O homem é responsável por aquilo que é. Isso significa que é responsável


não só por si (individualmente), mas por toda a humanidade, uma vez que, ao
criar o homem que se deseja ser, cria-se uma imagem de homem que julga

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ideal (que julga que todo homem deve ser), portanto, constrói uma imagem
que é válida para todos os seres humanos. Assim, o homem, ao agir, é
responsável por toda a humanidade (não é responsável pelo que o outro faz,
mas, ao agir, torna-se responsável por toda a humanidade).

A MORTE
 É um absurdo; Ela nadifica todos os nossos projetos. Gastamos nossa
existência construindo o nosso ser e a morte nos devolve ao nada.

DEUS
 Não existe. Se existisse, negaria nossa liberdade. Se existisse, deixaria ser
analisado pela ciência. Deus não faz parte da História. Não podemos provar a
sua existência. Não pode passar pelo crivo da ciência. Criamos a ideia de
Deus para fugir da angústia, frente ao absurdo da existência, criamos a ideia
da divindade por agir de má-fé.
 Se Deus existisse nos daria uma essência e não seríamos livres.

POLÍTICA
 Foi marxista, embora criticasse o totalitarismo e o condicionamento histórico.
Defendeu a política do engajamento, mostrando a necessidade de o pensador
estar voltado para a análise da situação concreta em que vive, tornando-se
solidário nos acontecimentos sociais e políticos de seu tempo. A liberdade se
concretiza na ação.

OBSERVAÇÕES
 Sartre viveu em um período conturbado, talvez por isso, achava a existência
um absurdo. 1914 – 1918 = Primeira Guerra; 1917 = Revolução Russa; 1929
= Crise Mundial (crack na bolsa NY); 1936 – 1939 = Guerra Civil Espanhola;
1939 – 1945 = Segunda Guerra Mundial. Tudo isso faz a existência ser um
absurdo, não existe vida após a morte, a existência tem que ter sentido, viver
em meio a violência, a assassinatos, pestes, estupros, guerras torna a
existência sem sentido.

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 O homem deve-se engajar para construir um mundo que valha a pena nele
viver, um mundo que permita um significado para a existência.
 Se a morte é inevitável, devemos viver cada instante como se fosse o último:
não deixe para o amanhã o que for necessário fazer, o amanhã não existe,
existe o hoje, o agora.

ÉTICA E MORAL

 Ética e Moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade


e, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus
membros.
 ETHÓS ou “costume” parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito
das noções e princípios que fundamentam a vida moral.
 MORAL(mos, moris, “costume”) Conjunto de normas livre e conscientemente
adotadas que visam a organizar as relações das pessoas na sociedade, tendo
em vista o bem e o mal; conjunto dos costumes e valores de uma sociedade,
com caráter normativo (regras de comportamento das pessoas no grupo).

A conduta ética
 É necessário o sujeito consciente, capaz de avaliar a obrigação de respeitar ou
não o que é estabelecido pela sociedade.
 O sujeito moral deve ser dotado de vontade, responsabilidade e liberdade.
 A vontade é o poder deliberativo e decisório do agente moral, deve pois ser livre.
 O sujeito responsável é aquele que “responde por seus atos”, ou seja, é capaz
de, livre e conscientemente, assumir a autoria e a consequência de seus atos.
 Ser livre significa ter capacidade de dar a si esmo a regra, a norma. Ter o poder
decidir se acata ou não a norma moral.

BREVE HISTÓRICO.
 A ética tem início com Sócrates, que tinha o objetivo de levar o interlocutor a
formar sua consciência, sendo capaz de conhecer as causas e os fins de sua
ação.

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ARISTÓTELES
 Afirma que todo ser possui uma finalidade. A finalidade do ser humano é a
felicidade. Para atingi-la, é necessário utilizar a razão, característica
tipicamente humana.
 A razão deve determinar as ações éticas; deve governar as paixões.
 As questões centrais, da ética aristotélica, são: como o homem deve viver?
Qual é o bem supremo? O que produz a eudaimonia (felicidade).
 O objetivo das ações do ser humano deve ser alcançar o bem supremo, a
felicidade.
 A ética gera o bem coletivo: ela oferece os princípios e os fins da vida moral:
o bem comum: a felicidade.
 Para se atingir a felicidade, é necessário desenvolver a virtude.
 A virtude é a disposição para agir de um modo deliberado, baseado em
princípios racionais, buscando o meio termo entre o excesso e a falta de
atributos.
 O homem deve buscar o meio termo, o equilíbrio.
 A virtude é a justa medida que a razão impõe aos sentimentos e as ações.
Não é uma inclinação, mas uma disposição. É um hábito adquirido na ação
(aprender fazendo o que se deve).
 A virtude ética é a disposição interior constante, realizada por escolhas
deliberadas sobre os possíveis meios bons de se alcançar um fim que seja
bom.
 A educação ética nos faz adquirir o hábito da virtude (forma o caráter).

ÉTICA EM IMMANUEL KANT.

 Para Kant, as normas morais não podem nem devem ser impostas por
“nenhuma força” externa. As normas morais ou éticas devem ser fruto da

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razão esclarecida, emancipada, autônoma (não individual ligada aos desejos
sensíveis).
 O homem moral deve agir de acordo com o dever, reconhecido pelo livre uso
da razão.
 A única regra, ou imperativo, a ser seguido quando da elaboração de um
princípio moral é “agir de tal forma que o princípio moral de tua ação possa
tornar-se uma lei universal”; assim sendo, a ação moral deve tratar a pessoa
do outro (a humanidade) como fim e não como meio: a ação moral deve ser
desinteressada.
 Para que uma ação seja moralmente correta, tanto os meios como os fins
devem ser bons: os meios devem estar em sintonia com os fins.

TIPOS DE AÇÕES

Agir por inclinação (agir por interesse)

 Segundo Kant, somos seres naturais, possuímos impulsos, desejos e paixões


que nos impelem a agir por interesse (agir por inclinação). Assim, usamos as
coisas e as pessoas conforme nossos interesses, como meio e não como fim.
 Agir por inclinação é agir sem deliberar racionalmente se devemos fazê-lo, é
agir por impulso, por instinto, portanto, como animais irracionais que agem
conforme a sua natureza e, por isso, sem liberdade: não escolhem o que
devem fazer.
 Quem age por inclinação vive a ilusão de ser livre, mas como não escolhe
conscientemente e tampouco livremente, age como escravo de seus desejos.
 A ação humana marcada pela liberdade é a realizada por dever, fruto da lei
da razão emancipada que busca fazer o que deve ser feito, mesmo que não
se queira fazer.

Agir Conforme o dever (ação movida por interesse).

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 Quem age conforme o dever faz o que é correto, o que se espera de uma
pessoa de bem. Age em conformidade com a lei, mas o faz por interesse, não
faz o correto por ser o certo, mas, sim, para evitar o castigo, ou para ter
algum tipo de recompensa. Dessa forma, trata a pessoa do outro como meio
e não como fim.

Agir por Dever (ação realizada sem interesse)

 Agir conforme os princípios racionais, sob o imperativo categórico, ou seja,


fazer aquilo que a razão atesta que possa se tornar universal. Aquilo que a
razão determina que deva ser feito que seja correto e que pode ser feito por
todo ser dotado de razão.
 O ato somente verdadeiramente moral exige que a ação seja livre e
consciente. Exige a liberdade advinda da razão, que liberta a pessoa dos
seus caprichos e inclinações.
 A lei moral diz o que deve ser feito: “o dever é uma necessidade de cumprir
uma ação por respeito à lei”. Kant.
 “O dever é uma necessidade prática, incondicional da ação, deve ser válida
para todos os seres racionais e que, por essa razão, também pode ser uma
lei para todas as vontades humanas.” Kant.
 A ação por dever é diferente da ação conforme o dever, a primeira (por dever)
implica em agir por respeito à lei, agir de boa vontade. Visa ao bem absoluto
(boa vontade) e busca o bem em si, tratando a pessoa do outro como fim e
não meio. a segunda (conforme o dever) é marcada pelo interesse, em que a
ação trata o outro como meio e não como um fim. Por isso, devemos agir
por dever.
 NB: Realizar uma ação por dever, sem ter a inclinação de fazê-lo é um bem
moral maior do que fazê-lo por inclinação.

NIETZSCHE – 1844 – 1900

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 É necessário recuperar as forças inconscientes, vitais instintivas. Devemos
assumir uma perspectiva de vida para além do bem e do mal ‘além da regra
moral’.
 Nietzsche acredita que devemos fazer uma inversão de todos os valores.
Substituir a tábua dos valores tradicionais, baseados na renúncia a vida e na
submissão, pelos da aceitação da vida, dos sentimentos, afetos, mesmo os
mais cruéis.
 Nietzsche diz ser um niilista por não crer em nenhuma verdade moral ou
hierarquia de valores preestabelecidos. É necessário ‘matar Deus’ – ele não
prescreve nosso destino, não estabelece normas morais, estas são criadas
por nós mesmos. Nb. Ele não é um niilista ‘radical’, não nega a existência de
valores: criados pelo individuo, sem conformismo e submissão.
 Nietzsche fez uma crítica a moral (tradicional) baseada na racionalização que
subjuga os sentimentos (sentidos). Os sentidos não podem ser domados pela
razão.
 Na cultura helênica havia um equilíbrio entre o espírito dionisíaco e o
apolíneo, contudo, a partir das teorias socrático-platônica, esse equilíbrio foi
rompido, predominando o apolíneo.
o Espírito Apolíneo: representa a ordem; a harmonia e a razão.
o O espírito Dionisíaco representa o sentimento, a ação, a emoção, a
aventura e a desordem.
o É necessário superar a tradição. Atingir o niilismo que conduz aos
valores afirmativos, valores que não ignorem a existência real e que
possibilite o poder, que valorize a potência.
 A moral que emana do espírito apolíneo, ratificada pela moral judaico-cristã,
criou a moral do escravo; do rebanho da decadência (subjuga os instintos à
razão); domestica a fera humana. Moral baseada nos valores da bondade; da
humildade; da piedade e do amor ao próximo (altruísmo).
 A essa moral devemos contrapor a moral dos senhores: moral positiva (sim à
vida); sadia; dos instintos fundamentais que se fundamentam na capacidade
de criação, invenção, poder e que gera alegria e possibilita a superação.
 O indivíduo que consegue superar-se é um super-homem.

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 Nietzsche critica o fato de o bem e o mal serem considerados valores
metafísicos, independentes da vida concreta, pois essa crença torna o
homem passivo; enfraquece-o; diminui a potência; gera rancor;
ressentimento; sentimento de culpa e remorso; limita a ação; transforma
fortes em fracos.
 É necessário repensar os valores, fazer a transvaloração de todos os valores
(inversão), valorizar o lado dionisíaco, equilibrar sentimento e razão, fazer
escolhas que não limitem o sentir a vida, é preciso entender que, sob o
domínio da moral, homem se enfraquece, adoece e se sente culpado.
 É bom tudo o que fortalece o sentimento de potência, que fortalece o homem
em suas conquistas, que geram poder.
 É mau tudo o que enfraquece.
 A compaixão e o altruísmo são sinais de fraqueza.
 As concepções morais surgem com os homens a partir de suas necessidades
reais.
 O homem vive por sua conta e risco.
 Os três estágios do homem
o Camelo: aceita a carga imposta pela sociedade e instituições.
o Leão: revolta-se contra os valores.
o Criança: aceitação, esquecimento e recomeço.

Questões
01. Explique o conceito de super-homem para Nietzsche. Trata-se de uma
possibilidade ou de uma utopia?
02. Nietzsche tenta ultrapassar a oposição metafísica dos valores. Discuta como
é possível a “Transvalorização de todos os valores” do ponto de vista da moral.
03. Como Nietzsche interpreta o dogmatismo dos filósofos em relação à verdade?
Nota: O esquema acima constitui um roteiro de estudo: não dispensa o aluno de
pesquisar e rever as suas próprias anotações das aulas.

Para saber mais:

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 ARANHA, M. A & MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia.
São Paulo. Moderna.
 CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 2. ed. São Paulo: Atual.
 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo. Ática.
 Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural.
 COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas.
São Paulo. Saraiva.
 www.catolicaonline.com.br/poros.

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