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Curso de Aperfeiçoamento Profissional

NR 33 – Segurança e Saúde
nos Trabalhos em Espaços
Confinados - Supervisores
de Entrada
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA -
FIESC

Glauco José Côrte


Presidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL DE SANTA


CATARINA - SENAI

Conselho Regional

Glauco José Côrte


Presidente

SENAI - Departamento Regional

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional

Antonio José Carradore


Diretor de Operações
Curso de Aperfeiçoamento Profissional
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos
em Espaços Confinados - Supervisores de
Entrada

Jaraguá do Sul/SC
2014
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento
do editor.

SUZANO Papel e Celulose Autor


Paulo Roberto Perucci

2. ed. revista e atualizada por


Juliana Carla Hobi Schmitt
Lilian Elci Claas

3. ed. revista e atualizada por


Vilmar Roque de Lima

FICHA CATALOGRÁFICA
__________________________________________________________________
P471n

Perucci, Paulo Roberto


NR 33 : segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados,
supervisores de entrada / Paulo Roberto Perucci ; revista e atualizada por Vilmar
Roque de Lima. Jaraguá do Sul : SENAI/SC, 2014.

3. ed. rev. e atual.

117 p. : il. ; 30 cm

ISBN

1. Segurança do trabalho. 2. Higiene do trabalho. I. Lima, Vilmar Roque. II


Título

CDU: 614.8
_____________________________________________________________________________

Suzano Papel e Celulose – Sede administrativa


Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1355
Jardim Paulista - São Paulo/SP
CEP: 01452-919
Tel: + 55 11 3503 9000
www.suzano.com.br
Sumário

Módulo 1 - Definições de Espaço Confinado...................................................... 11


Seção 1 - Histórico do trabalho em espaços confinados............................... 11
Seção 2 - Definição de espaço confinado...................................................... 11
Seção 3 - Exemplos de espaços confinados.................................................. 14
Seção 4 - Apresentação da NR 33.................................................................. 15
Seção 5 - Identificação dos espaços confinados........................................... 15
Módulo 2 - Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho................................ 19
Seção 1 - Disposições gerais.......................................................................... 19
Seção 2 - Definindo Perigos e Riscos............................................................. 20
Seção 3 - Comunicação de desvios................................................................ 22
Seção 4 - Análise preliminar de riscos............................................................ 27
Seção 5 - Legislação da segurança no trabalho............................................. 28
Módulo 3 - Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos........................... 35
Seção 1 - Identificação de riscos.................................................................... 35
Seção 2 - Responsabilidades.......................................................................... 37
Seção 3 - Capacitação do pessoal................................................................. 45
Seção 4 - Perigos e riscos............................................................................... 49
Seção 5 - Controle dos riscos......................................................................... 55
Módulo 4 - Funcionamento de Equipamentos Utilizados.................................... 59
Seção 1 - Equipamentos de bloqueio de energias perigosas......................... 59
Seção 2 - Exemplos de equipamentos de segurança..................................... 60
Seção 3 - Proteção respiratória....................................................................... 65
Seção 4 - Sistemas de proteção contra quedas e EPIs em geral................... 67
Módulo 5 - Áreas Classificadas........................................................................... 71
Seção 1 - Classificação de áreas e zonas....................................................... 71
Seção 2 - Propriedades dos gases................................................................. 72
Módulo 6 - Programa de Proteção Respiratória.................................................. 77
Seção 1 - Procedimentos operacionais.......................................................... 77
Seção 2 - Seleção de respiradores - atmosfera e equipamento..................... 80
Seção 3 - Classificação fisiológica das partículas.......................................... 85
Seção 4 - Classificações para escolha de filtro químico................................. 86
Sumário

Módulo 7 - Procedimentos e Utilização da PET.................................................. 91


Seção 1 - Responsabilidades do empregador................................................ 91
Seção 2 - Requisitos para entrar em ambiente confinado.............................. 92
Seção 3 - Medidas de controle e segurança................................................... 93
Seção 4 - Inspeção antes da entrada – principais cuidados ......................... 94
Seção 5 - Plano para situações de emergência.............................................. 95
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros......................................... 99
Seção 1 - Responsabilidades do empregador................................................ 99
Seção 2 - Responsabilidades do vigia............................................................ 99
Seção 3 - Sistemas de resgate..................................................................... 100
Seção 4 - Primeiros socorros – regras básicas............................................. 101
Seção 5 - Tipos de emergências................................................................... 102
Conteúdo Formativo

Carga horária da dedicação


Carga horária: 40 horas

Competências
Identificar os espaços confinados efetuando o reconhecimento, avaliação, mo-
nitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanen-
temente a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem direta ou
indiretamente nestes espaços.

Conhecimentos
 Definições;
 Reconhecimento, avaliação e controle de riscos;
 Funcionamento de equipamentos utilizados;
 Procedimentos e utilização da Permissão de Entrada e Trabalho;
 Noções de resgate e primeiros socorros;
 Identificação dos espaços confinados;
 Critérios de indicação e uso de equipamentos para controle de riscos;
 Conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confinados;
 Legislação de segurança e saúde no trabalho;
 Programa de proteção respiratória;
 Área classificada;
 Operações de salvamento.

Habilidades
 Interpretar os itens da NR 33 confrontando com os estabelecidos em
outras NRs.
 Identificar e diferenciar os níveis de atuação e responsabilidades dos tra-
balhadores (supervisores, vigias e trabalhadores).
 Emitir a Permissão de Entrada e Trabalho.
 Executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos conti-
dos na Permissão de Entrada e Trabalho.
 Assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponí-
veis e que os meios para acioná-los estejam operantes.
 Cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário.
 Encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término dos serviços.
Atitudes
 Ter atitude prevencionista em relação à saúde, à segurança e ao meio
ambiente.
 Ser organizado.
 Ser zeloso.
 Argumentar tecnicamente.
 Comunicar-se de forma clara e precisa.
 Manter concentração.
 Ser disciplinado.
 Ser observador.
 Ser proativo.
 Solucionar problemas.
 Ter senso de análise.
 Ter senso investigativo.
 Ter visão sistêmica.
 Tomar decisões e transferir a aprendizagem em novas situações.
Apresentação

Olá, caro aluno!


Seja bem-vindo ao curso sobre a Norma Regulamentadora 33! A NR 33 é uma
regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego, e trata sobre a segu-
rança e a saúde no trabalho em espaços confinados, ou seja, em atividades
profissionais subterrâneas, tubulações, silos e demais ambientes que podem
apresentar perigo iminente e/ou saída dificultada.
A ocupação contínua ou semicontínua tende a transformar os espaços confi-
nados em áreas comuns de trabalho, sem que as demais condições que o ca-
racterizam tenham sido modificadas como, por exemplo: limitação de acesso,
ventilação pobre, iluminação improvisada e outros riscos e perigos. Serviços
de gás, água e esgoto, eletricidade, telefonia, construção civil, beneficiamento
de minérios, siderúrgicas, embarcações, máquinas de grande porte, agricul-
tura e agroindústria são alguns dos setores que com frequência tem espaços
confinados. Pequenas propriedades rurais e empreiteiras informais de limpeza
e escavação de poços, limpeza de bueiros e fossas, limpeza de caixas d’água,
entre outros, também possuem trabalhadores que realizam atividades em es-
paços confinados. Infelizmente, no Brasil, muitos desses empreendimentos
tanto de pequeno como de grande porte não oferecem a segurança necessá-
ria para esse tipo de atividade profissional.
Neste curso, você conhecerá os principais conceitos de espaço confinado e um
pouco da história sobre esse tipo de atividade ao longo de toda a história da
humanidade. Além disso, você conhecerá a fundo a NR 33 com o objetivo de
reconhecer um espaço confinado e, avaliar e controlar os riscos desse tipo de
ambiente. Outros assuntos que serão abordados neste curso são: o emprego
dos EPIs e dos EPCs necessários para adentrar, permanecer e realizar atividades
em um espaço confinado; como realizar um resgate e primeiros socorros em
caso de acidente; e como preencher uma Permissão de Acesso e Trabalho.
Bons estudos!

Paulo Roberto Perucci


É bacharel em Ciências Jurídicas, pós-graduado em Administração Estra-
tégica, possui curso técnico em Segurança do Trabalho e curso de Prote-
ção Respiratória. Tem experiência com consultoria em equipamentos para
trabalhos em altura, em espaços confinados e EPIs em geral. Foi docente
em cursos técnicos do SENAI Itajaí e conteudista de materiais didáticos no
SENAI Florianópolis. Coordenou trabalhos em espaços confinados, na ade-
quação à NR33 e embarque na plataforma SS11 em diversas empresas.
Definições de Espaço Confinado Módu
lo

1
Seção 1 - Histórico do trabalho em espaços confinados
Você acredita que o trabalho em locais apertados, escuros ou inóspitos é coisa
da modernidade industrial? Não. Já no tempo do antigo Egito as pessoas exer-
ciam atividades nestas condições adversas. As pirâmides são o exemplo mais
típico de espaço confinado da antiguidade. A construção de túneis, galerias e
câmaras naquelas edificações, em condições de trabalho inadequadas, levou
muitos trabalhadores à morte. E não era apenas na construção! Como eram
locais preparados para ser a morada eterna do faraó, durante muito tempo os
súditos ainda rastejavam pelos túneis para realizar a manutenção da decora-
ção e levar alimentos até as câmaras mortuárias.
Os antigos navios também são outros exemplos de espaço confinado. Os pira-
tas, por passarem períodos muito extensos no mar, tinham verdadeiras arma-
dilhas em seus porões. O acúmulo de animais, alimentos expostos, explosivos
e metais no fundo das embarcações transformavam estes locais em espaços
confinados.

A associação do papagaio ao pirata deve-se à utilidade que


as aves tinham neste ambiente. Como são mais sensíveis que
o homem, os papagaios eram introduzidos nos porões para
avaliação ambiental e monitoramento de gases tóxicos. En-
quanto as aves permanecessem vivas, significava que o ar era
respirável, e o acesso àqueles ambientes era permitido.

Agora que já conhecemos um pouco do contexto histórico desses lu-


Hemera ([20--?])
gares, prepare-se para conhecer a definição moderna de trabalho em
espaços confinados. Vamos em frente!

Seção 2 - Definição de espaço confinado


Você já sabe que a atividade em local confinado é uma prática antiga, mas
infelizmente, ainda hoje muitos trabalhadores continuam morrendo ou têm
prejuízos à saúde no interior desse tipo de espaço. Conheça as três causas bá-
sicas.

11
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

1. falta de informação;
2. negligência de empregadores e/ou trabalhadores;
3. falta de avaliação adequada dos riscos envolvidos na ativida-
de.
Victor Borisov ([20--?])

Leia atentamente o texto a seguir.

Um estivador foi encontrado morto em um navio de bandeira estrangeira, atra-


cado no porto de Santos, no dia 1º de junho de 2007. No momento da morte,
ele trabalhava no porão do navio, em um carregamento de enxofre, considera-
do uma das operações mais perigosas do cais. As informações preliminares di-
vulgadas pela imprensa (apoiada pelo Sindicato dos Estivadores) apontavam
que o estivador estava trabalhando com deficiência de equipamentos e de
pessoal de apoio, em um ambiente inapropriado para a atividade. A consta-
Portaló tação é que, como não havia exaustores no local, o gás tóxico derivado do en-
Lugar por onde se en- xofre ficou confinado no ambiente. No momento em que o estivador teria se
tra em um navio ou por sentido mal, ele se encontrava sozinho no porão, sem a presença do sinaleiro
onde passa a carga. ou vigia no portaló. O sindicato da categoria afirma que, para esta atividade,
é imprescindível a presença de exaustores nos porões, além de máquinas em
perfeito estado de funcionamento. A gerência do terminal marítimo afirmou à
reportagem que todos os equipamentos foram fornecidos aos trabalhadores
escalados para trabalhar naquela operação. (DOMINGUEZ, 2007).

O objetivo de apresentar esta triste história não é encontrar


culpados, mas refletir sobre a necessidade de um cuidado
constante quando o assunto é trabalho em local confinado.

Como você pôde perceber, uma das principais causas neste tipo de acidente é
a falta de informação. Você consegue entender claramente o que é um espaço
confinado? Segundo a NR 33 espaço confinado é:

[...] qualquer área ou ambiente não projetado para ocupa-


ção humana contínua, que possua meios limitados de en-
trada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para
remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência
ou enriquecimento de oxigênio. (BRASIL, 2012, p. 1).

Considerando estas premissas, pode-se dizer que espaços confinados:

12
Módulo 1 – Definições de Espaço Confinado

 têm aberturas de entrada e saída limitadas;


 permitem que se introduza a cabeça e/ou braço ou tronco e/ou uma
perna e bacia;
 não possuem ventilação natural;
 podem ter concentração de oxigênio pobre ou enriquecida;
 podem conter produtos tóxicos ou inflamáveis em sua atmosfera;
 podem conter outros riscos à saúde;
 não são feitos para ocupação contínua de trabalhadores.
Preste atenção, a seguir, em duas questões importantes relativas à movimen-
tação e ventilação em ambiente confinado.
Aberturas limitadas de entrada e saída – as aberturas de um espaço con-
finado podem ser limitadas em função das dificuldades para passagem ou
de acesso, necessitando de equipamentos auxiliares como escada e içadores.
Considera-se uma limitação quando a pessoa precisa utilizar pelo menos uma
das mãos para entrar ou sair de um ambiente.
Ventilação natural desfavorável – em espaços confinados, o ar pode não cir-
cular adequadamente em seu interior. Isto pode provocar situações de perigo,
como:
 acúmulo de gases letais;
 insuficiência de oxigênio para manutenção da vida;
 excesso de oxigênio, que possibilita ignição de incêndios e
explosões.
Com base nessas definições, você pode imaginar que são diversas
as atividades realizadas em espaço confinado como, por exem-
plo: limpeza de tanques e poços; trabalhos de instalação ou ma-
nutenção de fiações elétricas e telefônicas em galerias; atividades
de construção de túneis subterrâneos; trabalhos da construção
civil; fabricação de tanques e navios; inspeção e manutenção de

Chalabala
tubulações e caldeiras; carregamento ou descarregamento de na-
vios; entre vários outros.

Estima-se que 35% das atividades de manutenção e inspeção


nas indústrias de transformação envolvem o acesso a espa-
ços confinados.

Portanto, muito cuidado ao trabalhar em espaços confinados. Observe com


atenção as questões de ventilação e abertura. Na próxima seção, você conhe-
cerá alguns exemplos deste tipo de espaço. Vamos lá? Será uma etapa impor-
tante do seu estudo!

13
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Seção 3 - Exemplos de espaços confinados


Você já percebeu que, para ser um ambiente confinado não basta apenas ter
dificuldade para acessá-lo, certo? Segundo Kulcsar Neto, Possebon e Amaral
(2009, p.7- 8), existem vários setores econômicos que possuem atividades que
são realizadas em espaços confinados. Acompanhe!
 indústria de papel e celulose;
 indústria gráfica;
 indústria alimentícia;
 indústria da borracha, do couro e têxtil;
 indústria naval e operações marítimas;
 indústrias químicas e petroquímicas;
 serviços de gás;
 serviços de água e esgoto;
 serviços de eletricidade;
 serviços de telefonia;
 construção civil;
 beneficiamento de minérios;
 siderúrgicas e metalúrgicas;
 agricultura e agroindústria.

São muitos setores produtivos, não é mesmo? Então, espa-


ços confinados podem incluir os ambientes que você verá
na sequência, embora não estejam limitados a estes.
 tanques de estocagem, recipientes de processos, cal-
deiras, recipientes pressurizados, compartimentos que
possuam entrada apenas para um homem, alçapões de
iStockphoto ([20--?])

solo e teto;
 poços (minas, valas), sistemas de lubrificação, escava-
ções acima de 1,5 metros de profundidade;
 reservatórios de água, esgotos, chaminés, porões e es-
truturas similares;
 locais que possam ser ou estar inertizados, ou seja, passaram por um
Inertizados tratamento e ventilação dos gases;
Tornar-se inerte, parali-  caixas d’água, contêineres, porões de navios, tubulações, filtros de man-
sado, indolente. A inerti- ga.
zação é obtida mediante Como você pôde perceber nesta seção, quase todos os setores produtivos
o uso de um gás inerte, possuem espaços confinados. Isto já justifica a existência de uma norma que
como o nitrogênio, que
garanta a segurança nesses ambientes! Na próxima seção, você conhecerá a
forma uma capa prote-
tora, evitando a reação própria NR 33.
dos produtos.

14
Módulo 1 – Definições de Espaço Confinado

Seção 4 - Apresentação da NR 33
Pensando nos riscos que envolvem o trabalho em espaço confinado, o Minis-
tério do Trabalho e Emprego publicou no Diário Oficial da União (D.O.U.) em
27/12/2006, a Portaria nº 202, de 22 de dezembro de 2006, a nova norma regu-
lamentadora 33, que foi atualizada pela Portaria MTE Nº 1409, de 29 de agosto
de 2012. A Norma Regulamentadora 33 foi elaborada com o foco na gestão de
segurança para trabalhos em ambientes confinados e seu objetivo é:

[...] estabelecer os requisitos mínimos para iden-


tificação de espaços confinados e o reconheci-
mento, avaliação, monitoramento e controle dos
riscos existentes, de forma a garantir permanen-
temente a segurança e saúde dos trabalhadores
que interagem direta ou indiretamente nestes es-
paços. (BRASIL, 2012, p. 1).

A partir desse conceito, é possível concluir que a NR 33 foi criada pelo


Ministério do Trabalho para trazer segurança permanente ao traba-
lhador de espaços confinados. É importante saber que ela deve ser
cumprida, independentemente do porte, mesmo que sejam micro ou
pequenas empresas.

Seção 5 - Identificação dos espaços confinados

iStockphoto ([20--?])
Você sabia que a empresa deve identificar, isolar e sinalizar os espa-
ços confinados para evitar a entrada de pessoas não autorizadas, bem
como antecipar e reconhecer os riscos nesses espaços? Sim, isso é sua
obrigação!

A NR 33 deixa claro que a empresa é obrigada a identificar


todos os espaços confinados e sinalizar todos os existentes.

A identificação deve ser feita fisicamente, por meio de sinalização prevista na


NR 33. Esta sinalização deve ser colocada em todos os pontos de acesso ao
espaço confinado.

15
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Figura 1 - Sinalização para identificação de espaço confinado

PERIGO
PROIBIDA A ENTRADA
RISCO DE MORTE

Diego Fernandes (2012)


ESPAÇO CONFINADO
Fonte: Adaptado de Brasil (2012).

Além das placas de sinalização de espaço confinado, também deve ser utiliza-
da sinalização para isolamentos como, cones, cavaletes, além de isolamento
com tela.
Figura 2 - Sinalização para isolamento de área

iStockphoto ([20--?])

Veja o que traz a NR 33 sobre as responsabilidades do empregador. Acompa-


nhe!

33.2.1 - Cabe ao Empregador:


NOR
MA
b. identificar os espaços confinados existentes no
estabelecimento;
33.3.2 - Medidas técnicas de prevenção:
a. identificar, isolar e sinalizar os espaços confina-
dos para evitar a entrada de pessoas não auto-
rizadas;
33.3.3 - Medidas administrativas:
b. definir medidas para isolar, sinalizar, controlar
ou eliminar os riscos do espaço confinado;
c. manter sinalização permanente junto à entra-
da do espaço confinado, conforme o Anexo I
da presente norma. (BRASIL, 2012, p. 2).

16
Módulo 1 – Definições de Espaço Confinado

Finalizando
Encerramos aqui o primeiro módulo de
estudos, onde descobrimos que atividades
neste tipo de ambiente acompanham o ho-
mem em toda a sua história, e que, ainda
hoje, trabalhadores continuam morrendo
por não conhecerem e tomarem as devidas
precauções.

Aprendemos neste módulo, quais são as


principais definições que envolvem o espa-
ço confinado, como identificá-los e o que
preconiza a Norma Regulamentadora 33.
Até a próxima etapa de estudos!

Anotações:

17
Legislação de Segurança e
Módu
Saúde no Trabalho lo

2
Seção 1 - Disposições gerais
Nesta seção você conhecerá o que a lei define sobre segurança e saúde no
trabalho, especialmente em espaços confinados. Além de conhecer o texto da
norma, você terá informações sobre as responsabilidades do empregador, e
também sobre seus direitos e deveres como trabalhador.
Você sabia que é um direito do trabalhador receber do empregador todos os
equipamentos de segurança necessários para a execução da atividade profis-
sional? Isso está previsto nas regras que foram criadas para os trabalhadores.
Algumas delas, chamadas de normas regulamentadoras (NRs), dizem respeito
à segurança e medicina do trabalho, e devem ser cumpridas obrigatoriamente,
tanto em empresas privadas quanto em públicas. Isso vale também para ór-
gãos públicos da administração direta e indireta, além dos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).
Quando o assunto é segurança no trabalho, não basta apenas ser
um funcionário bem equipado. É preciso que ele conheça o traba-
lho que será executado e também todos os riscos que envolvem
essa atividade. Além disso, é necessário conhecer os procedimen-
tos e os equipamentos de segurança para executar determinada
atividade, e ainda, estar ciente dos procedimentos e equipamen-
tos de resgate e primeiros socorros. Lembre-se que é sua obriga-
ção ajudar a cobrar essas informações do seu empregador!
A seguir, você encontrará um importante fragmento de texto da

Stockbyte ([20--?])
NR 1. Leia com atenção!

1.7 Cabe ao empregador:


NOR
MA a. cumprir e fazer cumprir as disposições
legais e regulamentares sobre segurança e medici-
na do trabalho;
b. elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde
no trabalho, dando ciência aos empregados por co-
municados, cartazes ou meios eletrônicos;
c. informar aos trabalhadores:
I. os riscos profissionais que possam originar-
-se nos locais de trabalho;
II. os meios para prevenir e limitar tais riscos
e as medidas adotadas pela empresa;
III. os resultados dos exames médicos e de
exames complementares de diagnóstico aos
quais os próprios trabalhadores forem sub-
metidos;
IV. os resultados das avaliações ambientais
realizadas nos locais de trabalho.
d. permitir que representantes dos trabalhadores
acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e
regulamentares sobre segurança e medicina do tra-
balho;

19
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

e. determinar procedimentos que devem ser adotados


em caso de acidente ou doença relacionada ao tra-
balho. (BRASIL, 2009, p. 2).

Perceba que a NR 1, mãe de toda a família das normas regulamentadoras, pre-


vê clareza e retidão nos procedimentos que buscam garantir a saúde do traba-
lhador. Dentro deste mesmo espírito, é possível destacar cinco direitos do tra-
balhador. Confira!
 conhecer os riscos do trabalho a ser executado;
 conhecer o trabalho a ser executado.;
 conhecer os procedimentos e equipamentos de segurança para
executar o trabalho;
 receber todos os equipamentos de segurança necessários para a
execução dos trabalhos;
 conhecer os procedimentos e equipamentos de resgate e pri-
meiros socorros.

Você acredita que a segurança no trabalho é so-


mente responsabilidade da empresa? É claro que
não! Dos cinco direitos citados anteriormente
iStockphoto ([20--?])

quatro envolvem a palavra conhecer. Portanto,


não basta a empresa lhe dar a informação, você
deve conhecê-la e entendê-la. Seja proativo quan-
do o assunto for segurança no trabalho, porque
todos sairão ganhando com isso.

Nesta seção, você conheceu os deveres da empresa para com a segurança dos
empregados e como sua participação deve ser ativa no processo. Na próxima
seção, você aprenderá a diferenciar claramente os conceitos de perigo e de
risco segundo as normas regulamentadoras. Acompanhe!

Seção 2 - Definindo Perigos e Riscos


Pergunte a um velho pescador, veterano das coisas do mar, quanto tempo ele
demora para preparar seu equipamento de pesca. Provavelmente ele respon-
derá que depende, mas em seguida, irá afirmar que todo o seu planejamento
é feito ainda em terra, e nunca no mar. Afinal, quando você já está dentro da
água é muito tarde para lembrar-se do anzol, certo?

20
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

Os marceneiros são outro exemplo de profissão experiente com pla-


nejamento. Já pensou cortar cuidadosamente uma lâmina de madeira
nobre, e depois perceber que ela não se encaixa na peça desejada!
É, por isso, que eles sempre dizem “meça duas vezes, e corte apenas
uma!” Estas duas profissões antigas estão certas e dão o exemplo para
quem vai executar uma atividade em local confinado. O planejamento
é um item imprescindível para minimizar o perigo do ambiente confi-
nado, transformando-o em controlado.
E, por que o planejamento é tão importante? Para entender isso, veja
as diferenças entre os conceitos de perigo e de risco.
Risco: combinação da probabilidade de ocorrência e da(s)
consequência(s) de um determinado evento perigoso. (OHSAS 18001,
1999 apud GOICOECHEA, 2012).

Photodisc ([20--?])
Perigo: Fonte ou situação com potencial para provocar danos em ter-
mos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente
do local de trabalho, ou uma combinação destes. (OHSAS 18001, 1999
apud GOICOECHEA, 2012).
Quando se fala em segurança no trabalho, existem quatro fontes de perigo
clássicas: altura, espaço confinado, eletricidade e fogo.
Nestas situações os acidentes podem gerar consequências como: fraturas,
contusões, asfixia, paralisia, queimaduras, inconsciência, perda de capacidade
de trabalho, morte do trabalhador etc. Além disso, os acidentes ainda podem
causar danos materiais nas instalações, na matéria-prima e nos equipamentos.
Então, para ajudar no controle e evitar acidentes, foi definido o termo medidas
de controle. As medidas de controle são o resultado da ação humana sobre os
perigos para que eles sejam eliminados, reduzidos ou identificados. Mas, na
prática, o que são as medidas de controle? O que é possível fazer quando um
perigo é identificado?
Especialistas apontam que existem três formas de lidar com o perigo: conviver,
alertar e eliminar. Observe cada uma delas, por meio das próximas ilustrações.
Figura 3 - Formas de lidar com o perigo
Diego Fernandes (2012)

21
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Você percebeu a diferença entre cada forma de lidar com o perigo? Analise
outro exemplo, na próxima ilustração. O leão é um animal que, dentro de de-
terminadas circunstâncias, torna-se um verdadeiro perigo. Para controlar esta
situação de risco, é preciso tomar medidas de controle. Neste caso, são medi-
das apropriadas: uma cela, alguns cadeados e uma placa sinalizando o perigo.
Figura 4 - Medidas de controle

Controle
Controle

Hemera; iStockphoto; Diego Fernandes


Controle Controle
Na sequência, você conhecerá como é importante que todos os envolvidos se
esforcem para comunicar e identificar os perigos nos ambientes de trabalho.
Ficou curioso para saber mais? Siga atento!

Seção 3 - Comunicação de desvios


A comunicação de desvios é uma prática que deve ser incentivada em qual-
quer empresa. Com a observação e a vigilância de todos os funcionários que
dividem o mesmo ambiente é possível diminuir os índices de acidente
Mas, para entender bem a comunicação de desvios, é importante ter claro o
que são atos e condições inadequadas. Veja as definições, a seguir.
Ato inadequado: é a ação ou omissão praticada por um indivíduo que pro-
porciona a exposição de si e de outros a determinado perigo, resultando em
ocorrência de acidentes ou em condição com potencial para causar danos pes-
soais e/ou materiais.
Acompanhe quais são as principais causas dos atos inadequados.

22
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

 falta de qualificação do colaborador para executar determinada tarefa,


ou seja, o funcionário não tem a aptidão necessária para o exercício da
função;
 desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evitá-los;
 desajustamento do colaborador que podem decorrer das características
de personalidade, problemas de relacionamento com a chefia e/ou co-
legas, política salarial, entre outros.
As condições inadequadas são aquelas decorrentes das seguintes falhas técni-
cas.
Condições inadequadas: são aquelas que, presentes no ambiente de traba-
lho, representam qualquer tipo de risco aos colaboradores.
 instalações – áreas insuficientes, pisos irregulares,
excesso de ruídos e trepidações, falta de ordem e
limpeza, falta de sinalização etc.;
 equipamentos – localização imprópria das máqui-
nas, falta de proteção em partes móveis, máquinas
com defeito etc.;

Thinkstock([20--?])
 proteção do trabalhador – proteção insuficiente,
inadequada ou inexistente, roupas não adequadas,
equipamentos de proteção defeituosos etc.
Você já ouviu a expressão “desvio de segurança”? Não? Então acompanhe a
explicação, a seguir.
Para entender o conceito da expressão “desvio de segurança”, que define atos e
condições inadequadas, observe a pirâmide de prevenção elaborada por Frank
Bird. No dia a dia de uma fábrica ou empresa há um amplo número de ações
sistêmicas e comuns, porém inadequadas, que irão resultar em acidentes.
Estes desvios de segurança formam a base de prevenção de uma pirâmide que
representa o volume de acidentes em ambiente de trabalho. A capacidade em
perceber estes desvios está relacionada com a competência dos colaborado-
res em comparar padrões reconhecidos de segurança e saúde com as práticas
desenvolvidas nos seus locais de trabalho.
Figura 5 – Pirâmide de Frank Bird

Pirâmide de Frank Bird

1 Acidente grave
s
olada

Acidente leve
30
Acidente materiais
s is

300 ambientais
Açõe

3.000
Diego Fernandes (2012)

Incidentes
30.000
Desvios
Ações
sistêmicas
Fonte: Adaptado de Fernandes (2012).

23
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Segundo Bird, se identificarmos e tratarmos os incidentes e


os desvios evitaremos os acidentes.

Segundo pesquisas desenvolvidas por grandes indústrias, de toda esta base


piramidal de desvios de segurança, 96% deles têm origem em atos inadequa-
dos, e apenas 4% em condições inadequadas. Ou seja, a maioria esmagadora
de falhas na segurança é decorrente de causas comportamentais, e não do
ambiente de trabalho.
Figura 6 – Iceberg de Segurança

Iceberg de segurança
Parte visível
Condição inadequada

Responsável por 4%
dos acidentes

Ato inadequado

Responsável por Diego Fernandes (2012)


94% dos acidentes
Parte invisível

Perceba que as causas que provocam apenas inci-


dentes e acidentes com dano à propriedade são as
mesmas que provocam acidentes com lesões leves,
graves e mortes.

A esta altura você já percebeu que a prevenção de acidentes é uma tarefa que
deve ser compartilhada diariamente por todos os trabalhadores. Uma das for-
mas de praticar isto você vai conhecer agora – chama-se “comunicação de des-
vios”.
Comunicação de desvios é uma ferramenta de uso geral para todos os cola-
boradores sejam incentivados a contribuir e apontar melhorias na gestão de
segurança. Note que a comunicação de desvio é muito diferente de uma ins-
peção de risco, que possui uma frequência definida e um conjunto de inspeto-
res que realizam a análise dos riscos.

24
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

Você deve estar se perguntando então, como efetivar uma comunicação de


desvios na minha empresa? Não é muito difícil. Da mesma forma que mui-
tas firmas têm uma “caixinha de sugestões”, é possível ter um recipiente onde
os trabalhadores possam colaborar anonimamente, inserindo um papel com
suas observações – neste caso, um desvio de segurança.
Nesta estratégia o mais importante é estimular os colaboradores a usar esta
ferramenta diariamente, observando a segurança sempre que circularem pela
unidade. A ideia é que os trabalhadores usem essa ferramenta para denunciar
os desvios e para possibilitar que eles sejam eliminados.
O que deve ser apontado na comunicação de desvios?
 materiais químicos armazenados de forma imprópria;
 excesso de equipamentos sobrecarregando algum sistema (por exem-
plo, muitos aparelhos elétricos unidos por um “T” ou “benjamin”, sobre-
carregando uma única tomada);
 materiais bloqueando o equipamento contra incêndio;
 bitucas de cigarro depositadas ou largadas em local inapropriado.

Thinkstock ([20--?])

Quando for detectado um ato ou uma condição inadequada, é possível clas-


sificá-lo por ordem de prioridade. A classificação ABC é utilizada em todos os
processos de identificação de desvios. De maneira simplificada, ela define a
prioridade de correção sobre os desvios concentrando os esforços sobre aqui-
lo que é classificado como “Grave e Iminente Risco” (GIR). Acompanhe a tabela
de classificação!

Tabela 1 – Classificação ABC

Grau de risco Correção Classificação de risco


Risco de morte, lesão incapacitante ou dano perma-
A Imediato
nente ao meio ambiente.
B 60 Risco de lesão grave ou dano ao meio ambiente.
C 90 Risco de lesão leve ou dano leve ao meio ambiente.

25
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Você certamente consegue imaginar que não é só de comunicação de desvios


que vive a segurança no trabalho. Alguns ambientes ou condições oferecem
riscos naturalmente e, por isso, precisam de sinalização ou de isolamento.
Figura 7 - Sinalização

Diego Fernandes (2012)


Avisos, alertas, advertências, barreiras ou obstáculos deverão ser utilizados
para todas as condições de perigo. Observe:
 valas, buracos, entradas de poços e bueiros sem tampas devem ser sina-
lizados para evitar quedas;
 caminhos e vias de acesso no interior da unidade devem ser identifi-
cados, o que evita que pessoas desavisadas ingressem em áreas com
perigos desconhecidos para elas;
 espaços confinados devem ser sinalizados, porque a falta de controle na
entrada nestes locais tem provocado acidentes fatais;
 a retirada de proteções, implicando em condições de trabalho inade-
quadas, precisa ser sinalizada;
 produtos químicos precisam ser identificados para
alertar sobre os riscos envolvidos, porque nem todos co-
nhecem estes perigos químicos;
 isolamento e sinalização devem ser respeitados, por-
tanto, jamais pode-se ingressar em áreas isoladas sem au-
torização;
 a sinalização de obrigatoriedade de uso de Equipa-
iStockphoto ([20--?])

mento de Proteção Individual (EPI) é muito importante e,


por isso, deve ser rigorosamente obedecida por todos;
 quaisquer condições inseguras devem ser sinalizadas
e, com isto, todos ficam sabendo dos perigos no seu tra-
balho.
Nesta seção, você teve a oportunidade de conhecer o conceito dos termos:
risco, perigo, medidas de controle, ato inadequado e condição inadequada.
Aprendeu como lidar com alguns casos de perigo, e como é importante contar
com todos os colaboradores para desenvolver um ambiente de trabalho segu-
ro. Na sequência, você conhecerá como realizar o gerenciamento dos riscos.

26
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

Seção 4 - Análise preliminar de riscos


Você já aprendeu que segurança no trabalho envolve uma série de cuidados.
Com a intenção de organizar estes cuidados em uma única planilha, foi desen-
volvida uma ferramenta de fácil compreensão para operar um sistema de se-
gurança simples, responsável por garantir um ambiente de trabalho seguro e
sem surpresas. A Análise Preliminar de Riscos (APR) é o primeiro procedimento
a ser adotado no Gerenciamento de Riscos.

Análise Preliminar de Riscos é o exame das etapas de


uma tarefa, visando determinar o perfil de perigos e

iStockphoto ([20--?])
riscos e a adoção das medidas de controle necessá-
rias para eliminá-los ou controlá-los.

A Análise Preliminar de Riscos que também é conhecida no mercado como


“observação de tarefas”, trata de uma atividade operacional do início ao fim,
na qual consta uma série de fatores: etapas, meios, pessoas, equipamentos de
proteção ao trabalhador, perigos envolvidos e medidas de controle relaciona-
das aos riscos.

Tabela 2 - Modelo de Análise Preliminar de Riscos

Logo Análise Preliminar de Risco APR


Processo Área
Atividade Data
Equipamento(s)
Etapa da Tarefa Riscos Medidas de Controle

Trabalhadores Envolvidos
Nome Cargo Registro/Matrícula

Fonte: Fundacentro (2006, p. 114).

27
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Os campos deste modelo de APR devem ser preenchidos quando se está ela-
borando uma análise preliminar de riscos. O treinamento de analistas de des-
vios de segurança deve ser realizado com foco nos aspectos comportamentais
e na avaliação de sistemas de causa-efeito, que garantem o sucesso na identi-
ficação dos desvios. É este esforço que permite a adoção de medidas de con-
trole objetivas, mensuráveis e eficazes para um ambiente de trabalho seguro.
Na próxima seção, conheça tudo o que diz respeito à legislação da segurança
e saúde em ambiente de trabalho.

Seção 5 - Legislação da segurança no trabalho


Como já mencionado anteriormente, a NR 33 é uma nor-
ma regulamentadora, fruto de uma portaria do Ministé-
rio do Trabalho e Emprego, que objetiva garantir a saúde
e a segurança para quem trabalha em locais confinados.
Ela é uma das mais novas de uma família de normas com
o mesmo objetivo, porém cada uma orienta para sua
área específica.
Hemera ([20--?])

Que tal conhecer um pouco mais sobre as leis que


visam proteger a saúde do trabalhador? Acompanhe,
na sequência, as principais disposições legais sobre
Engenharia de Segurança e Saúde Ocupacional.
Portaria 5051 - 26/02/99 - MPAS - Emissão de CAT: dispõe sobre a importân-
cia e a obrigatoriedade de preenchimento da CAT - Comunicação de Acidente
de Trabalho.
OS n.º 621 - 05/05/99 - Instruções para Preenchimento de CAT: orienta so-
bre o correto preenchimento da CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho.
NBR/ABNT 14280 - 02/99 - Cadastro de Acidentes de Trabalho: fixa critérios
para o registro, comunicação, estatística, investigação e análise de Acidentes
de Trabalho, suas causas e consequências, aplicando-se a quaisquer atividades.
NBR/ABNT 6494 - Segurança nos Andaimes: estabelece procedimentos, deta-
lhes construtivos e de montagem, classificação e dimensionamentos mínimos
exigidos.
NBR – 14276 - Jun/99 - Programa de Brigada de Incêndio: estabelece as
condições mínimas para a elaboração de um programa de brigada de incên-
dio, visando proteger a vida e o patrimônio, bem como reduzir as consequên-
cias sociais do sinistro e dos danos ao meio ambiente. Esta norma é aplicável
em edificações industriais, comerciais e de serviço, bem como as destinadas à
habitação (residenciais ou mistas).
Além dessas, há toda a família de normas regulamentadoras. Conheça-as!
NR 1 - Disposições Gerais.
NR 2 - Inspeção Prévia.
NR 3 - Embargo ou Interdição.

28
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho – SESMT.
NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA.
NR 6 - Equipamento de Proteção Individual – EPI.
NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –
PCMSO.
NR 8 - Edificações.

Thinkstock ([20--?])
NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.
NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio
de Materiais.
NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão.
NR 14 - Fornos.
NR 15 - Atividades e Operações Insalubres.
NR 16 - Atividades e Operações Perigosas.
NR 17 - Ergonomia.
NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.
NR 19 - Explosivos.
NR 20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis.
NR 21 - Trabalhos a Céu Aberto.
NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração.
NR 23 - Proteção Contra Incêndios.
NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho.
NR 25 - Resíduos Industriais.
NR 26 - Sinalização de Segurança.
NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho - REVO-
GADA pela Portaria n.º 262, de 29 de maio de 2008, publicada no D.O.U. de
30/05/2008.
NR 28 - Fiscalização e Penalidades.
NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuá-
rio.
NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.
NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura.
NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.
NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e
Reparação Naval.
NR 35 - Trabalho em Altura.
NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em empresas de Abate e Processa-
mento de Carnes e Derivados.
Também existe uma série de programas, órgãos, procedimentos e processos
dedicados a atenderem a legislação de segurança e saúde do trabalho. Conhe-
ça, a seguir, a seleção de informações importantes e guarde estes dados para
referência futura.

29
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) – deve ser elaborado


e implementado em todos os contratos ou empreendimentos industriais ou
comerciais, e sua elaboração deverá ser prioritariamente de responsabilidade
do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-
balho (SESMT).
Programa de Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção (PCMAT) – deve ser elaborado e implementado em todos os
contratos ou empreendimentos que envolvam atividades de montagem e/ou
construção (canteiros), e sua elaboração deverá ser prioritariamente de res-
ponsabilidade do SESMT.
Ficha de entrega de Equipamento de Proteção Individual (EPI) – o forneci-
mento de todo e qualquer EPI aos colaboradores deve ser registrado individu-
almente, mediante assinatura e ciência de cada colaborador quanto à utiliza-
ção e responsabilidades, e devidamente arquivado no local.
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) – a Comunicação de Acidente
de Trabalho deverá ser preenchida pelo responsável administrativo local, sob
orientação do SESMT e encaminhada ao hospital que realizou o atendimen-
to do acidentado (quando for o caso), ao órgão competente do Ministério do
Trabalho na região, ao SESMT e ao departamento de recursos humanos, bem
como é preciso manter via arquivada no local e fornecer outra ao acidentado.
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) – deve ser
elaborado e implementado em todos os contratos ou empreendimentos, e sua
elaboração deverá ser prioritariamente de responsabilidade do SESMT.
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) – a Comunicação de Acidente
de Trabalho deverá ser preenchida pelo responsável administrativo local, sob
orientação do SESMT e encaminhada ao hospital que realizou o atendimento
do acidentado (quando for o caso), ao órgão competente do Ministério do Tra-
balho na região, ao SESMT e ao departamento de recursos humanos, bem
como é preciso manter via arquivada no local e fornecer outra ao acidentado.
Relatório Mensal Estatístico e de Atividades de Prevenção – este relató-
rio deve ser encaminhado mensalmente, até o 5.º dia útil do
mês subsequente, contendo informações estatísticas, como
quantidade de colaboradores, homens/hora de trabalho,
quantidade de acidentes ocorridos, dias perdidos, dias debi-
tados os quais vão gerar as taxas de frequência e gravidade.
Além disto, o mesmo deve conter informações de atividades
de prevenção, como treinamentos, palestras, campanhas,
iStockphoto ([20--?])

DDS, reuniões e inspeções, e também da elaboração de APR,


APT, ASE. Este relatório deverá ser preenchido pelo respon-
sável no contrato com conhecimento no assunto ou pelo
SESMT da empresa, quando houver, além de ser mantido em
arquivo local.

30
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

Quadros III, IV, V e VI da NR 4 – Acidentes com Vítima, Doenças Ocupacio-


nais, Insalubridade e Acidentes sem Vítima – Conforme a Portaria 3214 MTb
NR 4, os quadros deverão ser preenchidos com as respectivas informações de
acordo com as ocorrências e condições avaliadas durante o mês em referên-
cia, mantendo-se arquivados na empresa por um prazo mínimo de cinco anos,
para o qual serão arquivados no local, durante todo o período de execução do
contrato ou unidade, e encaminhadas cópias para a SESMT, até o 5.º dia útil do
mês subsequente.
Ficha de acidente de trabalho – conforme a Portaria 3214 MTb NR 18, a fi-
cha de acidente de trabalho deverá ser devidamente preenchida, sempre que
ocorrer um acidente em canteiros de obras de construção e montagem, e en-
caminhada para a FUNDACENTRO.
Análise Preliminar de Risco (APR) – é elaborada antes do início do contrato,
para identificar as condições ambientais, suas interferências na execução das
atividades e a probabilidade da ocorrência de acidentes e/ou doenças ocupa-
cionais, bem como da prioridade de medidas de controle.
Análise Prevencionista de Tarefa (APT) – neste documento, é feita uma aná-
lise das etapas básicas de uma tarefa, visando detectar os riscos existentes, in-
corporando medidas de controle e neutralização. É prioritária a elaboração de
APTs para aquelas atividades que apresentarem maior grau de risco, maior fre-
quência de realização e/ou histórico de acidentes graves ou alta probabilidade
de ocorrência.
Inspeções de segurança – as inspeções serão realizadas
periodicamente, semanalmente e/ou sempre que se fize-
rem necessárias em locais de trabalho, equipamentos e/ou
realização de atividades, com o intuito de verificar o grau
de conformidade, em relação à prevenção, bem como es-
tabelecer medidas corretivas e seus responsáveis.

Design Pics ([20--?])


Reuniões de segurança – as reuniões serão realizadas
com periodicidade semanal, ou quando se fizerem neces-
sárias, com a finalidade de registrar e formalizar atividades
de prevenção, pendências e metas, com a participação dos
responsáveis pela execução das atividades e/ou pelas me-
didas de controle, e de todos os envolvidos.
Análise de Segurança de Equipamento (ASE) – é a análise de riscos referente
à operação, manutenção, transporte e estocagem de equipamentos (máqui-
nas/ferramentas), veículos ou materiais, para a determinação de instruções de
prevenção de acidentes durante sua utilização.

31
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Diálogo Diário de Segurança (DDS) – esta atividade será desenvolvida dia-


riamente, de preferência antes do início das atividades, com duração média de
dez minutos e com a participação de todos os membros da equipe ou frente
de trabalho, na qual o responsável direto pela equipe entrosará os colaborado-
res com a fase e riscos das atividades que serão desenvolvidas durante o dia.
Este documento deverá ser assinado por todos os participantes e devidamen-
te arquivado.
Listas de presença, treinamentos/palestras – todos os treinamentos e/ou
palestras realizadas, conforme o previsto no Programa de Prevenção de Aci-
dentes, Saúde Ocupacional e Preservação Ambiental, ou demais atividades,
deverão ser registrados em formulário próprio e devidamente arquivados.
Relatório de acidente/doença ocupacional – sempre que um acidente ou
doença ocupacional ocorrer, deverá ser preenchido o relatório de acidente/
doença ocupacional fornecido pela empresa, com o intuito de registrar todas
as informações relacionadas com a ocorrência, bem como com as medidas de
controle que serão adotadas para evitar reincidências ou ocorrências seme-
Árvore de Causas lhantes. O relatório preenchido deverá ser arquivado no local e uma cópia será
É um método de análise enviada ao SESMT da empresa.
de acidentes com o
objetivo de apontar Investigação de acidente – todo e qualquer acidente ocorrido deverá ser in-
todas as falhas que vestigado para que sejam detectadas as suas causas e fatores contributivos,
antecederam ao evento bem como obter subsídios para a tomada de providências e adoção de medi-
final (lesão ou não).
das de controle que impeçam a sua reincidência. Para isto, devem ser utiliza-
das técnicas como Árvore de Causas ou outras de mesmo efeito. A investiga-
ção será realizada pelos responsáveis pela execução da atividade, em conjunto
com o profissional de segurança do trabalho (quando houver) e uma cópia
será enviada ao SESMT.

Finalizando

Neste módulo, você pôde conhecer os vá-


rios conceitos ligados à segurança no traba-
lho e como aplicá-los - como a comunicação
de desvios e a Análise Preliminar de Riscos.
Você sabia que existem tantas normas e re-
gras com o objetivo de proporcionar saúde
e segurança à massa trabalhadora brasileira?
A partir de agora, você também tem res-
ponsabilidade em fazê-las valer, e contribuir
com a diminuição dos acidentes e mortes
em local de trabalho.

32
Módulo 2 – Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho

Anotações:

33
Reconhecimento, Avaliação e
Módu
Controle de Riscos lo

3
Seção 1 - Identificação de riscos
O objetivo de todo trabalhador que exerce atividades em espaço confinado
é transformá-lo em ambiente controlado. Para isso, é natural que ele
precise primeiro reconhecer os riscos (iminentes ou não), avaliar seus
possíveis desdobramentos e, então, agir para controlá-los, permitindo
assim, uma atividade profissional segura. Este será o assunto dessa seção,
onde analisaremos alguns exemplos práticos e o próprio texto da Norma
Regulamentadora 33. Prepare-se para novas descobertas! Você já conhece as
principais definições da Norma Regulamentadora 33, portanto sabe que seu
foco principal é a segurança no trabalho em espaços confinados. Para poder
realizar uma atividade profissional, é necessário fazer uma análise prévia e
reconhecer os riscos do ambiente confinado em questão. Observe, a seguir, o
que dizem alguns trechos da NR 33.

33.2 - Das Responsabilidades:


NOR
MA
33.2.1 - Cabe ao Empregador: [...]
c. identificar os riscos específicos de cada espaço
confinado; [...]
g. fornecer às empresas contratadas informações
sobre os riscos nas áreas onde desenvolverão
suas atividades e exigir a capacitação de seus
trabalhadores; [...]
j. garantir informações atualizadas sobre os riscos
e as medidas de controle antes de cada acesso
aos espaços confinados. [...]
33.3 - Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espa-
ços confinados [...]
33.3.2 - Medidas técnicas de prevenção: [...]
b. antecipar e reconhecer os riscos nos espaços
confinados;
c. proceder à avaliação e controle dos riscos físi-
cos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecâ-
nicos; [...]
33.3.3 - Medidas administrativas:
a. manter cadastro atualizado de todos os espaços
confinados, inclusive dos desativados, e respec-
tivos riscos. (BRASIL, 2012, p.1-2).

O inventário de riscos é uma ferramenta que contempla estes trechos destaca-


dos da NR 33.
Thinkstock ([20--?])

35
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Independente da inspeção - que deve ser realizada antes de emitir uma Per-
missão de Entrada e Trabalho (PET) - o inventário de riscos de espaços confi-
nados é requisito obrigatório para se exercer uma atividade nestes ambientes.
Acompanhe agora, o que destaca Krzyzaniak (2010) sobre os elementos que
devem estar contidos em uma identificação de riscos. Ele deve compreender
(sem limitar-se a estes) a análise e avaliação dos riscos relacionados a seguir:

Riscos atmosféricos
1. Deficiência de oxigênio (asfixia): concentrações de oxigênio abaixo de
19,5%. Em situações com concentração abaixo de 18%, o risco é grave
e iminente.
2. Enriquecimento de oxigênio: concentrações de oxigênio acima de
23,5%.
3. Intoxicação: contaminantes com concentrações nocivas. Considera-se
nociva a concentração acima do limite de tolerância até a Imediatamen-
te Perigosa à Vida e à Saúde (IPVS).
4. Incêndio e explosão: presença de substâncias inflamáveis, tais como
metano, acetileno, GLP, gasolina, querosene e similares.

Riscos mecânicos
1. Equipamentos que podem movimentar-se subitamente.
2. Choques e golpes por chapas defletoras, agitadores, elementos salien-
tes, dimensões reduzidas da boca de entrada, obstáculos no interior etc.

Riscos elétricos por contato com partes metálicas que, acidentalmente, po-
dem ter tensão.

Quedas
1. De diferentes níveis e ao mesmo nível por escorregão.
2. De objetos no interior enquanto se está trabalhando.
Posturas incorretas.
Jupiterimages ([20--?])

Ambiente físico agressivo


1. Ruído elevado e vibrações (martelos pneumáticos, esmeril).
2. Ambiente agressivo que, além do risco de acidentes, acrescenta fadiga.
3. Ambiente quente ou frio.
Iluminação deficiente.

Presença de animais no espaço confinado (vivos ou mortos).

Fechamento acidental do vedo (tampa).

Riscos derivados de problemas de comunicação entre interior e exterior do


espaço confinado.

36
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Você acabou de conhecer alguns exemplos de fatores que


sempre devem ser considerados e estudados antes de
realizar um serviço dentro de locais confinados. Esta lista
de requisitos é chamada de inventário de riscos. A seguir,
você conhecerá as responsabilidades de todos os envolvi-
dos no trabalho em ambientes confinados. Siga em frente!

iStockphoto ([20--?])
Seção 2 - Responsabilidades
Para iniciar o estudo dessa seção, acompanhe os trechos da NR 33 que tratam
das responsabilidades do empregador no trabalho confinado.

33.2.1 - Cabe ao Empregador: [...]


d. implementar a gestão em segurança e saúde no
MA
NOR

trabalho em espaços confinados, por medidas


técnicas de prevenção, administrativas, pes-
soais e de emergência e salvamento, de forma
a garantir permanentemente ambientes com
condições adequadas de trabalho; [...]
h. acompanhar a implementação das medidas de
segurança e saúde dos trabalhadores das em-
presas contratadas provendo os meios e condi-
ções para que eles possam atuar em conformi-
dade com esta NR. [...]
33.3 - Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em es-
paços confinados:
33.3.1 - A gestão de segurança e saúde deve ser planejada,
programada, implementada e avaliada, incluindo medidas
técnicas de prevenção, medidas administrativas e medidas
pessoais e capacitação para trabalho em espaços confina-
dos. [...]
33.3.3 - Medidas administrativas: [...]
d. implementar procedimento para trabalho em
espaço confinado; [...]
m. estabelecer procedimentos de supervisão dos
trabalhos no exterior e no interior dos espaços
confinados. [...]
33.3.3.2 - Nos estabelecimentos onde houver espaços con-
finados devem ser observadas, de forma complementar
à presente NR, os seguintes atos normativos: NBR 14606
- Postos de Serviço - Entrada em Espaço Confinado; e NBR
14787 - Espaço Confinado - Prevenção de Acidentes, Pro-
cedimentos e Medidas de Proteção, bem como suas altera-
ções posteriores. [...]
33.3.3.5 - Os procedimentos de entrada em espaços confi-
nados devem ser revistos quando da ocorrência de qual-
quer uma das circunstâncias abaixo:
entrada não autorizada num espaço confinado;
identificação de riscos não descritos na Permis-
são de Entrada e Trabalho;
acidente, incidente ou condição não prevista du-
rante a entrada;
qualquer mudança na atividade desenvolvida
ou na configuração do espaço confinado;
solicitação do SESMT ou da CIPA; e
identificação de condição de trabalho mais se-
gura. [...]
33.5 - Disposições Gerais [...]

37
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

33.5.2 - São solidariamente responsáveis pelo cumprimen-


to desta NR os contratantes e contratados. (BRASIL, 2012,
p.1-5).

A fim de cumprir todas estas diretrizes, cada empresa passou a definir um do-
cumento que explique sua própria gestão de segurança e saúde no trabalho
em espaços confinados. Esta documentação é chamada de Procedimento de
Segurança e define a forma como a empresa irá implementar a NR 33 em sua
rotina operacional. Também fazem parte do procedimento de segurança as
informações a seguir.
 cadastro dos espaços confinados, incluindo os riscos e suas respectivas
medidas de controle;
 relação dos trabalhadores autorizados a realizar atividades em espaços
confinados;
 medidas de controle genéricas a serem utilizadas de acordo com a ne-
cessidade da atividade da empresa;
 itens de verificação (checklist) a serem observados antes do ingresso em
espaços confinados;
 Permissão de Entrada e Trabalho (PET) em espaços confinados;
Conheça agora, modelos de algumas fichas que fazem parte do procedimento
de segurança!
Quadro 1 - Modelo de cadastro de Espaços Confinados

CADASTRO DE ESPAÇO ORGÃO:


Nome da Empresa:
CONFINADO Data:
1. IDENTIFICAÇÃO
TAG:
Tipo:
Produto:
2. DESCRIÇÃO DO ESPAÇO CONFINADO

3. ACESSOS/EVACUAÇÃO, BOCAS DE VISITA – QUANTIDADE, MODELO E POSIÇÃO

No de BVs Modelo Dimensões Localização Posição Acesso

Ponto de Reunião

38
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

4. SINALIZAÇÃO

5. RISCOS PROVÁVEIS

6. TAREFAS QUE PODEM GERAR RISCOS ESPECÍFICOS

7. MEDIDAS DE CONTROLE PARA ELIMINAR/CONTROLAR OS RISCOS

8. VENTILAÇÃO
Volume do equipamento

Requisitos:

Para condicionamento/liberação:

Para manutenção:

Notas:

9. CABOS ELÉTRICOS/ILUMINAÇÃO

10. SERVIÇOS PROVÁVEIS PARA ESPAÇO CONFINADO

11. REQUISITOS PARA O TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS


Requisitos para o VIGIA Requisitos para o TRABALHADOR

39
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

11.3 EPIs Especiais


Montagem Remoção Corte Uso de
EPIs Especiais Hidrojato Inspeção Pintura
andaime de borra solda lixadeira
Ar mandado
Conjunto de fuga
Respirador c/ filtro químico
Respirador c/ filtro mecânico
Macacão/bota/luva/ de PVC
Óculos ampla visão
Capacete com protetor facial
Cinto de seg. Paraquedista
Notas:

Requisitos Gerais de SMS

12. SISTEMA DE RESGATE

Nota:

SISTEMA DE RESGATE (Movimentação de pessoas) SISTEMA DE RESGATE (Emergência)

13. RESGATE

Equipe de resgate:

14. PROCEDIMENTOS DE TRAVA, BLOQUEIO E SINALIZAÇÃO

15. CROQUI (Bloqueios/Raquetes)

16. DETALHES ADICIONAIS DO ESPAÇO NÚMERO 2: CAIXA DE PASSAGEM DE CABOS EMH


Localização
Dimensões internas

Dimensões das BVs

40
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Quadro 2 - Relação de colaboradores em espaços confinados e controlados

RELAÇÃO DE COLABORADORES RELACIONADOS COM TRABALHOS EM ESPAÇOS


Data:
CONFINADOS E CONTROLADOS
Data da Data para
Nome Função Cargo
capacitação reciclagem

Quadro 3 - Modelo de avaliação de perigos, riscos e medidas de controle

ESPAÇOS CONFINADOS – MODELO DE AVALIAÇÃO DE PERIGOS, RISCOS E MEDIDAS DE CONTROLE


Riscos não relacionados
com atmosfera explosiva Fontes de perigo Medidas de controle
ou inflamável
Redes de adução de Todas as linhas de produtos para o espaço confinado devem
água ser desconectadas/raqueteadas
Manutenção em
Instalar linhas de vida
poços
INUNDAÇÃO Rede de esgoto Prever rotas de fuga
Biodigestores
Caixas d’água
Valas com profundidade maior que 1,25m a borda (talude)
devem ser rampadas a 30o ou escoradas
Avaliar o terreno e as condições climáticas
Escavações Confirmar que não existem tubulações, cabos elétricos, entre
SOTERRAMENTO outros, nos locais de escavação
Isolamento de área para impedir o tráfego de veículos e má-
quinas nas proximidades
Todas as linhas de produtos para espaço confinado devem
Silos
ser desconectadas/raqueteadas
Impedir que trabalhadores pisem diretamente sobre os grãos
ENGOLFAMENTO Silos
Instalar linhas de vida
Bloqueio elétrico em toda a área afetada
CHOQUES ELÉTRICOS Energia elétrica Verificar se os equipamentos elétricos utilizados estão bem
conservados, aterrados e com cabos elétricos isolados
Temperatura no interior do espaço confinado deve estar
abaixo de 25oC
Garantir fluxo de ar (insuflamento/exaustão) para baixar a
FADIGA TÉRMICA Calor temperatura
Garantir adequada hidratação dos trabalhadores
Realizar o revezamento do pessoal

41
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

ESPAÇOS CONFINADOS – MODELO DE AVALIAÇÃO DE PERIGOS, RISCOS E MEDIDAS DE CONTROLE


Riscos não relacionados
com atmosfera explosiva Fontes de perigo Medidas de controle
ou inflamável
Trabalho a quente Proteção adequada contra queimaduras
QUEIMADURAS
Superfície aquecida Verificar se as superfícies de contato não estão acima de 45oC
Todos os vãos, furos, moegas, drenos, entre outros, no in-
Altura
terior do espaço confinado devem ser bloqueados/fechados
Desníveis Implantar medidas de proteção para refreamento de queda
Acesso ao espaço confinado deverá ser feito com cinto de
QUEDAS E Teto rebaixado
segurança e linha de vida esticada
ESCORREGÕES
Se for feita a entrada pelo topo do espaço, por suspensão
C o m p a r t i m e n t o s do trabalhador, deverão ser utilizados tripés, trava-quedas e
claustrofóbicos cinto de segurança
Exigir capacitação física e psicossocial de executantes
Equipamentos e pro- Bombas, transportadores, serpentinas, exaustores, roscas, agi-
IMPACTOS,
dutos tadores, entre outros, devem ser bloqueados
ESMAGAMENTOS E
Todas as linhas de produtos para o espaço confinado devem
AMPUTAÇÕES Energias perigosas
ser desconectados/raqueteados

Quadro 4 - Itens de verificação antes do ingresso em espaços confinados

ITENS DE VERIFICAÇÃO PARA INGRESSO EM ESPAÇO CONFINADO


1 O acesso ao local é necessário, urgente e precisa se feito hoje? Neste horário?
2 Os trabalhadores e vigias estão treinados e aparentam gozar de boa saúde?
3 O espaço confinado foi inspecionado pelo supervisor de entrada para verificar se existem perigos e riscos?
4 Nas escavações, o terreno e as condições climáticas permitem o trabalho de perfuração?
5 No caso de valas com profundidade maior do que 1,25m a borda foi rampada a 30o ou escorada?
6 A área em torno da escavação foi isolada e impede o tráfego de veículos e máquinas nas proximidades?
Antes de fazer as perfurações, foi verificado se não existem tubulações, cabos elétricos, entre outros, no
7
local da escavação?
8 A temperatura interna no espaço confinado está abaixo de 25°C?
9 A atmosfera foi monitorada com um oxímetro calibrado e o teor de oxigênio está entre 19,5 e 23%?
10 Qual foi a explosividade medida por um explosímetro calibrado?
11 O serviço a quente está liberado?
Será necessário fazer insuflamento ou exaustão de gases antes ou durante a realização do trabalho para
12
garantir oxigênio ao trabalhador?
13 As bombas, transportadores, serpentinas, exaustores, roscas, agitadores, entre outros, foram bloqueados?
14 Todas as linhas de produtos para o espaço confinado foram desconectadas/raqueteadas?
15 Todos os vãos, furos, moegas, drenos, entre outros, no interior do espaço confinado foram bloqueados?
16 A iluminação utilizada será de no máximo 24V e/ou à prova de explosão?
Todos os equipamentos elétricos utilizados estão bem conservados, aterrados e com cabos elétricos isola-
17
dos?
18 Será necessário o uso de ferramentas antifaiscantes no interior do espaço confinado?

42
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

ITENS DE VERIFICAÇÃO PARA INGRESSO EM ESPAÇO CONFINADO


19 O acesso ao espaço confinado será feito com cinto de segurança com dois talabartes e corda esticada?
Se a entrada for feita pelo topo do espaço confinado, serão utilizados tripés, trava-quedas e cinto de segu-
20
rança?
21 O vigia está pronto para realizar um resgate e porta um radiocomunicador?
22 Será necessário o uso de máscara respiratória? De que tipo? Autônoma, filtrante ou ar mandado?
23 Será necessário fazer o revezamento dos trabalhadores? Em quanto tempo?

Quadro 5 - PET – Permissão de Entrada e Trabalho em espaços confinados

Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço Confinado


Nome da empresa:
Local do espaço confinado: Espaço confinado n.º:
Data e horário da emissão: Data e horário do término:
Trabalho a ser realizado:
Trabalhadores autorizados:
Vigia: Equipe de resgate:
Supervisor de entrada:
Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço Confinado
Procedimentos que devem ser completados antes da entrada
1. Isolamento S( ) N( )
2. Teste inicial da atmosfera: horário _________
Oxigênio % O2
Inflamáveis % LIE
Gases/vapores tóxicos ppm
Poeiras/fumos/névoas tóxicas mg/m3
Nome legível/assinatura do Supervisor dos testes:
3. Bloqueios, travamento e etiquetagem N/A ( ) S( ) N( )
4. Purga e/ou lavagem N/A ( ) S( ) N( )
5.Ventilação/exaustão – tipo, equipamento e tempo N/A ( ) S( ) N( )
6. Teste após ventilação e isolamento: horário _________
Oxigênio % O2 >19,5% ou <23,0%
Inflamáveis % LIE <10%
Gases/vapores tóxicos ppm
Poeiras/fumos/névoas tóxicas mg/m3
Nome legível/assinatura do Supervisor dos testes:
7. Iluminação geral N/A ( ) S( ) N( )
8. Procedimentos de comunicação N/A ( ) S( ) N( )
9. Procedimentos de resgate N/A ( ) S( ) N( )
10. Procedimentos e proteção de movimentação vertical N/A ( ) S( ) N( )
11. Treinamento de todos os trabalhadores? É atual? N/A ( ) S( ) N( )

43
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço Confinado


12. Equipamentos:
13. Equipamento de monitoramento contínuo de gases aprovados e certificados por um Orga-
nismo de Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas potencial- S( ) N( )
mente explosivas de leitura direta com alarmes em condições:
Lanternas N/A ( ) S( ) N( )
Roupa de proteção N/A ( ) S( ) N( )
Extintores de incêndio N/A ( ) S( ) N( )
Capacetes, botas, luvas N/A ( ) S( ) N( )
Equipamentos de proteção respiratória/autônomo ou sistema de ar mandado com
N/A ( ) S( ) N( )
cilindro de escape
Cinturão de segurança e linhas de vida para os trabalhadores autorizados N/A ( ) S( ) N( )
Cinturão de segurança e linhas de vida para a equipe de resgate N/A ( ) S( ) N( )
Escada N/A ( ) S( ) N( )
Equipamentos de movimentação vertical/suportes externos N/A ( ) S( ) N( )
Equipamentos de comunicação eletrônica aprovados e certificados por um Or-
ganismo de Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em N/A ( ) S( ) N( )
áreas potencialmente explosivas ___________________________________
Equipamento de proteção respiratória autônomo ou sistema de ar mandado com
N/A ( ) S( ) N( )
cilindro de escape para a equipe de resgate _____________________________
Equipamentos elétricos e eletrônicos aprovados e certificados por um Organismo
de Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas po-
tencialmente explosivas N/A ( ) S( ) N( )

_____________________________

Legenda: N/A – “não se aplica” N – “não” S – “sim”


Procedimentos que devem ser completados durante o desenvolvimento dos trabalhos
Permissão de trabalhos a quente N/A ( ) S( ) N( )
Procedimentos de Emergência e Resgate
Telefone e contatos:
Ambulância: _________________
Bombeiros: __________________
Segurança: __________________
Obs.:
A entrada não pode ser permitida se algum campo “da Permissão“ não for preenchido ou
contiver a marca na coluna “não”.
A falta de monitoramento contínuo da atmosfera no interior do espaço confinado, alarme, ordem do Vigia ou
qualquer situação de risco à segurança dos trabalhadores, implica no abandono imediato da área.
Qualquer saída de toda equipe por qualquer motivo implica a emissão de nova permissão de entrada. Esta permis-
são de entrada deverá ficar exposta no local de trabalho até o seu término. Após o trabalho, esta permissão de-
verá ser arquivada.
Fonte: Brasil (2012, p. 7-8).

44
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Nesta seção, você teve a oportunidade de compreender que as empresas em-


pregadoras têm grande responsabilidade no estabelecimento de medidas de
segurança para o trabalho em espaço confinado. Nas páginas a seguir, você
perceberá, mais uma vez, que todos têm participação ativa na implementação
e manutenção da segurança e saúde no trabalho. Esta regra vale tanto para
empregadores quanto trabalhadores, em seus diversos níveis. Acompanhe!

Seção 3 - Capacitação do pessoal


A NR 33 dedica uma grande parte do seu texto para definir e
delegar as responsabilidades de cada envolvido na capacitação
para trabalho em local confinado. Nem todo mundo sabe que os
funcionários têm um papel ativo, constante e muito importante
neste processo.
A NR 33 determina que:

33.2.1 - Cabe ao Empregador: [...]


e. garantir a capacitação continu-

Zoonar RF ([20--?])
MA
NOR

ada dos trabalhadores sobre os


riscos, as medidas de controle,
de emergência e salvamento em
espaços confinados; [...]
33.2.2 - Cabe aos Trabalhadores:
a. colaborar com a empresa no cumprimento des-
ta NR;
b. utilizar adequadamente os meios e equipamen-
tos fornecidos pela empresa;
c. comunicar ao Vigia e ao Supervisor de Entrada
as situações de risco para sua segurança e saú-
de ou de terceiros, que sejam do seu conheci-
mento; e
d. cumprir os procedimentos e orientações recebi-
das nos treinamentos com relação aos espaços
confinados. [...]
33.3.3 - Medidas administrativas: [...]
1. designar as pessoas que participarão das ope-
rações de entrada, identificando os deveres de
cada trabalhador e providenciando a capacita-
ção requerida; [...]
33.3.4 - Medidas Pessoais
33.3.4.1 - Todo trabalhador designado para trabalhos em
espaços confinados deve ser submetido a exames médi-
cos específicos para a função que irá desempenhar, con-
forme estabelecem as NRs 07 e 31, incluindo os fatores de
riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado
de Saúde Ocupacional - ASO.
33.3.4.2 - Capacitar todos os trabalhadores envolvidos, di-
reta ou indiretamente com os espaços confinados, sobre
seus direitos, deveres, riscos e medidas de controle, con-
forme previsto no item 33.3.5.
33.3.4.3 - O número de trabalhadores envolvidos na execu-
ção dos trabalhos em espaços confinados deve ser deter-
minado conforme a análise de risco.
33.3.4.4 - É vedada a realização de qualquer trabalho em
espaços confinados de forma individual ou isolada.
33.3.4.5 - O Supervisor de Entrada deve desempenhar as
seguintes funções:

45
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

a. emitir a Permissão de Entrada e Trabalho an-


tes do início das atividades;
b. executar os testes, conferir os equipamentos
e os procedimentos contidos na Permissão
de Entrada e Trabalho;
c. assegurar que os serviços de emergência
e salvamento estejam disponíveis e que os
meios para acioná-los estejam operantes;
d. cancelar os procedimentos de entrada e tra-
balho quando necessário; e
e. encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho
após o término dos serviços.
33.3.4.6 - O Supervisor de Entrada pode desempenhar a
função de Vigia.
33.3.4.7 - O Vigia deve desempenhar as seguintes funções:
a. manter continuamente a contagem preci-
sa do número de trabalhadores autorizados
no espaço confinado e assegurar que todos
saiam ao término da atividade;
b. permanecer fora do espaço confinado, junto à
entrada, em contato permanente com os tra-
balhadores autorizados;
c. adotar os procedimentos de emergência,
acionando a equipe de salvamento, pública
ou privada, quando necessário;
d. operar os movimentadores de pessoas; e
e. ordenar o abandono do espaço confinado
sempre que reconhecer algum sinal de alar-
me, perigo, sintoma, queixa, condição proibi-
da, acidente, situação não prevista ou quando
não puder desempenhar efetivamente suas
tarefas, nem ser substituído por outro Vigia.
33.3.4.8 - O Vigia não poderá realizar outras tarefas que
possam comprometer o dever principal que é o de mo-
nitorar e proteger os trabalhadores autorizados. (BRASIL,
2012, 1-4).

Você conseguiu perceber as responsabilidades do trabalhador quando o as-


sunto é capacitação e segurança? Mas é claro que a empresa também tem
várias responsabilidades sobre as atividades desenvolvidas em espaço confi-
nado. Continue conferindo no texto selecionado da NR 33.

33.3.5 - Capacitação para trabalhos em espaços confina-


NOR
MA
dos:
33.3.5.1 - É vedada a designação para trabalhos em espa-
ços confinados sem a prévia capacitação do trabalhador.
33.3.5.2 - O empregador deve desenvolver e implantar
programas de capacitação sempre que ocorrer qualquer
das seguintes situações:
a. mudança nos procedimentos, condições ou
operações de trabalho;
b. algum evento que indique a necessidade de
novo treinamento; e
c. quando houver uma razão para acreditar que
existam desvios na utilização ou nos procedi-
mentos de entrada nos espaços confinados
ou que os conhecimentos não sejam ade-
quados.
33.3.5.3 – Todos os trabalhadores autorizados, Vigias e Su-
pervisores de Entrada devem receber capacitação periódi-
ca a cada 12 meses, com carga horária mínima de 8 horas.

46
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

33.3.5.4 - A capacitação inicial dos trabalhadores autori-


zados e Vigias deve ter carga horária mínima de dezesseis
horas, a ser realizada dentro do horário de trabalho, com
conteúdo programático de:
a. definições;
b. reconhecimento, avaliação e controle de ris-
cos;
c. funcionamento de equipamentos utilizados;
d. procedimentos e utilização da Permissão de
Entrada e Trabalho; e
e. noções de resgate e primeiros socorros.
33.3.5.5 - A capacitação dos Supervisores de Entrada deve
ser realizada dentro do horário de trabalho, com conteúdo
programático estabelecido no subitem 33.3.5.4, acrescido
de:
a. identificação dos espaços confinados;
b. critérios de indicação e uso de equipamentos
para controle de riscos;
c. conhecimentos sobre práticas seguras em es-
paços confinados;
d. legislação de segurança e saúde no trabalho;
e. programa de proteção respiratória;
f. área classificada; e
g. operações de salvamento.
33.3.5.6 - Todos os Supervisores de Entrada devem receber
capacitação específica, com carga horária mínima de qua-
renta horas para a capacitação inicial.
33.3.5.7 - Os instrutores designados pelo responsável téc-
nico devem possuir comprovada proficiência no assunto.
33.3.5.8 - Ao término do treinamento deve-se emitir um
certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo
programático, carga horária, a especificação do tipo de
trabalho e espaço confinado, data e local de realização do
treinamento, com as assinaturas dos instrutores e do res-
ponsável técnico.
33.3.5.8.1 - Uma cópia do certificado deve ser entregue ao
trabalhador e a outra cópia deve ser arquivada na empre-
sa. (BRASIL, 2012, p.-4).

A capacitação para trabalho em espaço confinado é dedicada, na sua maior


parte, para a prevenção de acidentes, e não para a remediação. No entanto,
uma parte dela também define os procedimentos corretos a serem tomados
em caso de emergência. Confira!

33.4 - Emergência e Salvamento [...]


33.4.2 - O pessoal responsável pela execução das medidas
de salvamento deve possuir aptidão física e mental com-
patível com a atividade a desempenhar.
33.4.3 - A capacitação da equipe de salvamento deve con-
templar todos os possíveis cenários de acidentes identifi-
cados na análise de risco.
33.5 - Disposições Gerais:
33.5.1 - O empregador deve garantir que os trabalhadores
possam interromper suas atividades e abandonar o local
de trabalho, sempre que suspeitarem da existência de ris-
co grave e iminente para sua segurança e saúde ou a de
terceiros. (BRASIL, 2012, p. 5).

47
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

O texto que define o direito de não executar o tra-


balho em condições impróprias não é exclusividade
da NR 33. A NR 09 também concede esse direito ao
trabalhador.

Vejamos o que diz a Norma Regulamentadora 9 (NR 9), na Portaria nº 3214, do


Ministério do Trabalho:

9.6.3 O empregador deverá garantir que, na ocorrência de


NOR
MA
riscos ambientais nos locais de trabalho que coloquem em
situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhado-
res, os mesmos possam interromper de imediato as suas
atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico di-
reto para as devidas providências. (BRASIL, 1994, p. 4).

Você é capaz de listar os direitos e os deveres do trabalhador na realização de


atividades em local confinado? Não? Então siga em frente e descubra quais
são eles.

DIREITOS
 conhecer os riscos do trabalho a ser executado;
 conhecer o trabalho a ser executado;
 conhecer os procedimentos e equipamentos de segurança
para executar o trabalho;
 receber todos os equipamentos de segurança necessários
para a execução dos trabalhos;
 conhecer os procedimentos e equipamentos de resgate e pri-
meiros socorros;
 não entrar em espaço confinado, caso as condições não sejam
iStockphoto ([20--?])

seguras;
 entrar em espaço confinado somente após o supervisor de
entrada realizar todos os testes e adotar as medidas de controle
necessárias.

DEVERES
 fazer os exames médicos;
 usar os equipamentos de proteção fornecidos;
 participar dos treinamentos e seguir as informações de segurança;
 comunicar riscos.
Você já refletiu sobre a realidade dos direitos e deveres do trabalhador no dia a
dia da sua empresa? Eles são praticados? Por quê? O que é possível fazer para
melhorar estas práticas?

48
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

TRIAGEM DE FUNCIONÁRIOS
Você aprendeu que os trabalhadores autorizados para exercer atividades em
espaço confinado dividem-se em: os que entram no ambiente e os vigias que
observam a atividade. De acordo com essa situação, como a empresa ou a pró-
pria equipe deve fazer a triagem destes trabalhadores autorizados? Quem vai
entrar e quem vai vigiar?
Esse tipo de avaliação é feita por um tripé. Primeiro, observa-se a aptidão física
do trabalhador, sempre apoiado pelo Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).
Nessa avaliação são analisados os seguintes critérios: a agilidade, o biótipo,
a força e a condição física do trabalhador, além da própria condição médica.
Biótipo
Depois, é avaliada a desenvoltura do trabalhador nos treinamentos. Seu regis- Aspecto do indivíduo
tro de conhecimentos, reciclagens realizadas e avaliações são pontos impor- segundo sua
aparência física e suas
tantes que devem ser considerados.
características genéticas.
Enfim, o trabalhador também é avaliado pela sua experiência. Isso envolve sua
vivência profissional realizando a atividade específica e seu histórico positivo,
o que os avaliadores costumam chamar de “jogo combinado”. Baseado neste
tripé de avaliações, o empregador saberá afirmar, com segurança, onde cada
trabalhador autorizado exercerá sua função com mais desenvoltura.

Seção 4 - Perigos e riscos


Os riscos em relação a qualquer fonte de perigo estão diretamente relacio-
nados com as medidas de controle que podem ser utilizadas. Primeiramente,
revisaremos quais são os principais riscos, para depois estudarmos as medidas
de controle capazes de diminuir estes riscos.
A relação entre os três fatores pode ser sintetizada na seguinte equação. Ob-
serve!
Risco = Perigo
Medidas de Controle

Dessa forma, o termo “medida de controle” é definido como o resultado da


ação humana sobre os perigos para que os riscos sejam eliminados, reduzidos
ou identificados.
Analise os principais riscos quando se trabalha em locais con-
finados.
 efeitos de concentrações não comuns de oxigênio (at-
mosfera muito pobre ou muito rica em oxigênio);
 efeitos do monóxido de carbono (CO);
 efeitos do gás sulfídrico (H2S);
retinal_experiments ([20--?])

 processos de limpeza capazes de criar atmosferas peri-


gosas;

49
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 atmosfera de risco - Condição Atmosférica Imediatamente Perigosa à


Vida ou à Saúde (IPVS ou IDLH), Limite Inferior de Explosividade (LIE),
Limite Superior de Explosividade (LSE);
 aprisionamento;
 engolfamento ou envolvimento;
 distribuição dos gases na atmosfera.
Praticamente todos sabem que o oxigênio é essencial para os seres vivos. Mas
você sabia que o ar comum que todos respiram é formado basicamente por
nitrogênio, e não por oxigênio? Veja, a seguir, o gráfico que representa a com-
posição do ar.
Gráfico 1 – composição do ar

Jean Carlos Klann (2014)


Fonte: Adaptado de Dantas (2012).

Este gráfico mostra que respiramos uma mistura de gases formada principal-
mente por nitrogênio (78%), e o oxigênio representa apenas 20% a 21%. O
restante é ocupado pelo Gás Carbônico (1%) e pelos Gases Nobres (0,03%),
que completam esta mistura, como argônio, criptônio, hélio, neônio, radônio
e xenônio.
Para ser um ambiente respirável, a concentração ideal de oxigênio deve ficar
entre 20% e 21%. Teores abaixo deste podem causar vários problemas, como:
 descoordenação motora (15 a 19%);
 respiração difícil (12 a 14%);
 falhas mentais, inconsciência, náuseas e vômitos (8 a 10%);
 morte após 8 minutos (6 a 8%);
 coma em 40 segundos (4 a 6%).
A presença de gases inertes ou inflamáveis, considerados asfixiantes simples,
tomam o espaço do oxigênio e o deslocam para fora. Dessa forma, tornam o
ambiente impróprio e muito perigoso para a respiração o que justifica a obri-
gação de monitorar o ar do espaço confinado antes de entrar. A entrada só
deve ser feita ao garantir a presença de oxigênio em concentrações na faixa
de 19,5% a 23%.
Para caracterizar uma atmosfera em relação ao oxigênio respirável, foram de-
finidos dois conceitos:

50
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

 atmosfera pobre em oxigênio: ambiente contendo menos de 19,5%


de oxigênio em volume;
 atmosfera rica em oxigênio: ambiente contendo mais de 23% de oxi-
gênio em volume.
E você sabe quais são as principais fontes geradoras de insuficiência de oxigê-
nio em espaços confinados? Não? Então, confira a seguir!

 deslocamento do oxigênio devido à presença de outros


gases;
 combustão para a execução de trabalhos a quente;
 oxidação de metais;
 consumo humano;
 fermentação devido a materiais orgânicos em decomposi-
ção. (LAINHA; HADDAD, 2010).

Para um espaço apresentar excesso de oxigênio, é ne-


cessário que haja um vazamento de O2 de cilindros
ou tubulações, ou que alguém realize uma insuflação
(ventilação) de oxigênio puro (O2) em ambiente confi-
nado. Isto é proibido! O principal efeito deste ambien-
te é a geração de incêndio, na presença de substân-
cias inflamáveis e fonte de ignição.

Os efeitos do monóxido de carbono (CO)


O monóxido de carbono não possui cheiro nem cor, por isso este gás
nocivo pode permanecer por muito tempo em ambientes confinados
sem que o trabalhador perceba e tome providências de ventilar ou
esvaziar o local. O monóxido de carbono é definido como um asfi-
xiante químico, ou seja, mesmo em baixas concentrações, interfere no
processo de transporte de oxigênio (via hemácias e hemoglobina) e
causa danos à saúde do indivíduo.
O limite de tolerância de exposição do homem ao monóxido de car-
bono é de até 39ppm. Acima disso, começam a ser percebidos os se-
guintes efeitos:
iStockphoto ([20--?])

 dores de cabeça (200ppm);


 palpitação (1000 a 2000ppm);
 inconsciência (2000 a 2500ppm);
 morte (4000ppm). (MANCEBO, [200-?], p. 23).

A unidade ppm significa partes de gás por milhões de partes


de ar. Ou seja, 200ppm significa uma concentração de 0,0002
unidades de gás no ambiente; 4 mil ppm significa 0,004 uni-
dades de gás no ambiente, o que já pode levar à morte.

51
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Os efeitos do gás sulfídrico (H2S)


O H2S é um dos piores agentes ambientais agressivos ao ser humano. Em
concentrações maiores do que a média, nosso sistema olfativo não consegue
detectar a sua presença. Em concentrações superiores a 8ppm (seu limite de
tolerância), o gás sulfídrico causa os seguintes efeitos:

• irritações (50 a 100ppm);


• problemas respiratórios (100 a 200ppm);
• inconsciência (500 a 700ppm);
• morte (acima de 700ppm). (MANCEBO, [200- ?], p. 25).

Portanto, muito cuidado com a presença de monóxido de carbono e gás sulfí-


drico! O próximo passo diz respeito à limpeza do ambiente. Saiba mais!

Processos de limpeza
Segundo Mancebo ([200-?]), os trabalhos de drenagem, limpeza, lavagem e
purga de um tanque geram gases nocivos, que tornam o ambiente insusten-
Purga tável para a vida e para a saúde do trabalhador. A concentração de oxigênio
Método de limpeza tende a diminuir pelo deslocamento causado pelos gases originados nas ativi-
que torna a atmosfera dades de limpeza. Gases combustíveis são liberados das superfícies sob as in-
interior do espaço crustações orgânicas, de pontos baixos ou altos, dos flanges e demais cone-
confinado em um xões ou válvulas. Da mesma forma, gases tóxicos são liberados pela ação de
ambiente controlado.
solventes ou produzidos pela reação química entre estes e outros materiais
Purgar: depurar, livrar,
limpar, purificar. utilizados na limpeza.
Metano (CH4)
O metano é um gás incolor que, quando misturado ao oxigênio à tem-
peratura de 67°C, forma uma mistura detonante. Ele tem característi-
cas semelhantes ao gás de cozinha (butano), e riscos de explosões e
inalação equivalentes. O gás metano pode ser obtido em processos de
fermentação e putrefação.
Quanto aos sintomas, o metano possui baixa toxidade, no entanto, o
aumento de sua concentração diminui a disponibilidade de oxigênio.
Apenas em altas concentrações o gás penetra na corrente sanguínea,
iStockphoto ([20--?])

atingindo o sistema nervoso. Neste caso, ele age como um narcótico,


exercendo, entre outros sintomas, uma ação anestésica e provocando
vertigens. O tratamento compreende basicamente de respiração arti-
ficial e oxigenoterapia.
Oxigenoterapia
Terapia que consiste na Atmosferas perigosas
administração de oxigênio
adicional, com o objetivo
Atividades como solda, cortes a quente, tratamento térmico e funcionamento
aumentar o nível de de motores a combustão no interior de espaços confinados, podem criar at-
oxigênio que é trocado mosferas de alto risco. A deficiência de oxigênio é causada pelo seu consumo
entre o sangue e os tecidos. nas reações de combustão ou nos processos de oxidação, ou ainda, pelo des-
locamento causado pelos produtos de combustão.

52
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Gases tóxicos como o CO são produzidos pela combustão incompleta. Outros


gases podem ser produzidos pelo material aquecido: cádmio, vapores de mer-
cúrio, chumbo e outros metais pesados. (RUZENE; GODOY, 2000, p. 84).

Atmosfera inflamável
A atmosfera inflamável pode ser formada por meio de duas variáveis que são:
 oxigênio presente no ar;
 gás, vapor, poeira, entre outros, na mistura adequada à inflamabi-
lidade.

Gases diferentes têm diferentes limites de inflamabi-


lidade. Se uma fonte de ignição é introduzida em uma
atmosfera inflamável, o resultado será uma explosão
(combustão ultrarrápida). Por isso, é proibido o uso
de oxigênio puro para ventilar um espaço confinado.
A ventilação deve ser realizada com ar atmosférico
normal.

Você já ouviu falar sobre limites de explosividade? A ABNT NBR 14787 deter-
mina que:

Misturas de pós combustíveis com ar somente podem so-


frer ignição dentro de suas faixas explosivas, as quais são
definidas pelo limite inferior de explosividade (LIE) e o limi-
te superior de explosividade (LSE). O LIE está geralmente
situado entre 20 g/m e 60 g/m (em condições ambientais
de pressão e temperatura), ao passo que o LSE situa-se en-
tre 2 kg/m e 6 kg/m (nas mesmas condições ambientais de
pressão e temperatura); se as concentrações de pó pude-
rem ser mantidas fora dos seus limites de explosividade, as
explosões de pó serão evitadas. (ABNT, 2001, p. 2).

A ilustração, a seguir, apresenta a relação entre o LIE e o LSE.


Figura 8 - Relação entre LIE E LSE

Fonte: Adaptado de Mancebo ([200-?], p. 10).

53
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

As camadas de poeiras, diferentemente dos gases e vapores,


não são diluídas por ventilação ou difusão após o vazamento
ter cessado. (ABNT, 2001, p. 3).

Segundo a NBR 14787, é preciso observar os cuidados a seguir:

A ventilação pode aumentar o risco ao criar nuvens de po-


eira, resultando num aumento da extensão.
As camadas de poeira depositadas podem criar risco
cumulativo, enquanto gases ou vapores não.
Camadas de poeira podem ser objetos de turbulência
inadvertida e se espalharem pelo movimento de veículos,
pessoas, etc. (ABNT, 2001, p. 3).

Atmosfera tóxica
Substâncias tóxicas como líquidos, vapores, gases, névoas e pós sempre de-
vem ser consideradas perigosas quando estão em espaço confinado. Segundo
Krzyzaniak (2010, p. 80), elas podem ter origem nas seguintes ocasiões:

Produtos guardados no espaço confinado - o produto


pode ser absorvido pelas paredes do local e liberar gases
tóxicos quando removido, ou quando houver a limpeza
dos resíduos.
Tipo de trabalho sendo executado no espaço confina-
do – os exemplos incluem solda, corte, pintura, decapa-
gem, lixamento, desengraxamento etc. A atmosfera tóxica
pode ser criada em vários processos.
Exemplo disto, são os solventes usados para limpeza e de-
sengraxamento, que liberam vapores e podem ser nocivos
ao ser humano em um ambiente confinado.
Áreas adjacentes ao espaço confinado - substâncias in-
toxicantes produzidas por trabalhos na área de espaço
confinado podem entrar e se acumular no interior.

Aprisionamento
Considera-se aprisionamento quando há condições de retenção do
trabalhador no interior do espaço confinado que impeçam sua saída
do local pelos meios normais de escape, ou ainda, que possam propor-
cionar lesões ou morte ao trabalhador.
Normalmente, o aprisionamento é provocado pela ação de equipa-
iStockphoto ([20--?])

mentos no interior de espaços confinados que não foram bloqueados:


hélices de misturadores, roscas transportadoras, alçapões e tampas
que não foram devidamente fechadas, entre outros.

54
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Engolfamento ou envolvimento
Engolfamento é o termo usado quando uma substância sólida, porém dividida
em pequenos pedaços, assume o comportamento de fluido e envolve uma
pessoa. Normalmente provoca morte por asfixia.
Este tipo de acidente ocorre quando os trabalhadores andam sobre grãos no
interior de silos verticais ou graneleiros. Ao pisar sobre um ponto falso, a pes-
soa pode ser “engolida” pelos grãos, pois no local pode criar um bolsão de ar.
Com todos os assuntos estudados, certamente você vai entendendo cada vez
mais por que é importante o treinamento em segurança no trabalho, não é
mesmo? Nesta seção, você conheceu detalhes sobre os principais riscos at-
mosféricos: atmosfera asfixiante (apresentando falta ou deficiência de oxigê-
nio), atmosfera tóxica (com substâncias prejudiciais) ou incêndio/ explosão
(com misturas inflamáveis ou explosivas). Aprendeu também, que as medidas
de controle, neste caso, são: ventilação, monitoramento da atmosfera e prote-
ção respiratória. Já quando o assunto é risco físico, você aprendeu que os ti-
pos são mais abrangentes: inundação, soterramento, engolfamento, choques
elétricos, fadiga térmica, queimaduras, quedas e escorregamentos, impactos,
esmagamentos e amputações, entre outros. As medidas técnicas de controle
destes riscos físicos você conhecerá na próxima seção, à luz de trechos da NR
33. Vamos lá?

Seção 5 - Controle dos riscos


O uso de equipamentos adequados para monitorar a segurança e a qualidade
da atmosfera em ambientes confinados está descrito, com clareza, na Norma
Regulamentadora 33. Acompanhe!

33.3.2 - Medidas técnicas de prevenção:


NOR
MA
a. identificar, isolar e sinalizar os espaços confina-
dos para evitar a entrada de pessoas não auto-
rizadas;
b. prever a implantação de travas, blo-
queios, alívio, lacre e etiquetagem;
c. implementar medidas necessárias para
eliminação ou controle dos riscos at-
mosféricos em espaços confinados;
d. avaliar a atmosfera nos espaços confi-
nados, antes da entrada de trabalha-
dores, para verificar se o seu interior é
seguro;
e. manter condições atmosféricas acei-
táveis na entrada e durante toda a re-
alização dos trabalhos, monitorando,
ventilando, purgando, lavando ou iner-
tizando o espaço confinado;
f. monitorar continuamente a atmosfera
Huntstock, ([20--?])

nos espaços confinados nas áreas onde


os trabalhadores autorizados estiverem
desempenhando as suas tarefas, para
verificar se as condições de acesso e
permanência são seguras;
g. proibir a ventilação com oxigênio puro;

55
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

h. testar os equipamentos de medição antes de


cada utilização; e
i. utilizar equipamento de leitura direta, intrinse-
camente seguro, provido de alarme, calibrado
e protegido contra emissões eletromagnéticas
ou interferências de radiofrequência.
33.3.2.1 - Os equipamentos fixos e portáteis, inclusive os
de comunicação e de movimentação vertical e horizontal,
devem ser adequados aos riscos dos espaços confinados;
33.3.2.2 - Em áreas classificadas, os equipamentos devem
estar certificados ou possuir documento contemplado no
âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformida-
de - INMETRO.
33.3.2.3 - As avaliações atmosféricas iniciais devem ser rea-
lizadas fora do espaço confinado. [...]
33.3.2.5 - Adotar medidas para eliminar ou controlar os ris-
cos de inundação, soterramento, engolfamento, incêndio,
choques elétricos, eletricidade estática, queimaduras, que-
das, escorregamentos, impactos, esmagamentos, amputa-
ções e outros que possam afetar a segurança e saúde dos
trabalhadores. (BRASIL, 2012, p. 1-2).

Finalizando
Você encerrou o estudo do terceiro mó-
dulo do curso de NR 33. Aqui você teve
a oportunidade de conhecer os procedi-
mentos de reconhecimento, avaliação e
controle dos riscos existentes em espaços
confinados. A esta altura, você já tem uma
boa noção da necessidade de cuidados re-
dobrados neste tipo de atividade. Ainda te-
mos muito para estudar, portanto, mergulhe
com motivação e entusiasmo no estudo do
próximo módulo!

56
Módulo 3 – Reconhecimento, Avaliação e Controle de Riscos

Anotações:

57
Funcionamento de
Módu
Equipamentos Utilizados lo

4
Seção 1 - Equipamentos de bloqueio de energias perigo-
sas
Um dos riscos proporcionados pelo trabalho em ambientes confinados é o
potencial de exposição do funcionário a uma partida inesperada de equipa-
mentos elétricos ou mecânicos que podem liberar energias perigosas. São
exemplos: a alimentação acidental do espaço por líquidos, sólidos, ou ainda, o
acionamento inesperado de movimentadores, entre outros.
Você sabe qual é a melhor forma de controlar energias perigosas? A resposta
não é simples, uma vez que existem vários tipos de energia. Mas, à luz da ne-
cessidade de segurança e saúde no trabalho, foi criado o Programa de Contro-
le de Energias Perigosas.
Você sabe qual o objetivo deste programa? É prevenir a energização inespera-
da ou a liberação de energia armazenada em máquinas, equipamentos e ins-
talações nas quais os serviços de manutenção ou operações estejam sendo
realizados pelos trabalhadores.
Para chegar a este objetivo, é preciso isolar a energia e, dependendo do caso,
usar um bloqueador. Acompanhe as definições, a seguir.
Dispositivo de isolamento de energia: trata-se de um dispositivo mecânico,
capaz de prevenir fisicamente a transmissão ou a liberação de energia. Entre os
exemplos típicos de isoladores estão: disjuntores, chaves seccionadoras, vál-
vulas e tomadas.
Figura 9 - Exemplos de válvulas isoladoras de fluidos e gases
FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

59
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Dispositivo de bloqueio: é um acessório que mantém o dispositivo de isola-


mento de energia em posição segura prevenindo a energização ou a liberação
de energia na máquina, equipamento ou instalação onde estiver conectado. É
o caso de bloqueadores, multibloqueadores, caixas de bloqueio (lockbox),
chaves, cadeados, flanges cegos ou raquetes, entre outros.

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


Figura 10 - Dispositivo de bloqueio em válvulas

Você percebeu a diferença dos dispositivos de bloqueio? Eles permitem que


as energias só sejam liberadas após os trabalhadores desocuparem o espaço
confinado. Na próxima seção, você conhecerá detalhes específicos de equipa-
mentos de medição, ventilação e sinalização. Pronto para continuar? Então,
vamos lá!

Seção 2 - Exemplos de equipamentos de segurança


Você percebeu que existe uma ampla variedade de equipamentos capazes de
aumentar a segurança nas atividades profissionais, mas é necessário utilizar
apropriadamente cada tipo de medida técnica de prevenção, de acordo com
as circunstâncias do ambiente e da natureza do trabalho. Segundo o item
33.3.2 da NR 33, as medidas técnicas de prevenção servem para: “identificar,
isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não
autorizadas.” (BRASIL, 2012, p. 1).
Figura 11 - Dispositivo de bloqueio em disjuntores
FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

60
Módulo 4 – Funcionamento de Equipamentos Utilizados

Sinalização e isolamento da área


Placas, cavaletes, cones e outros tipos de sinalização são utilizados para identi-
ficar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas
não autorizadas.
Figura 12 - Exemplos de isolamento e sinalização

iStockphoto ([20--?])

Ao isolar a área, procure sempre utilizar um espaço que


permita à equipe de trabalho atuar de forma organizada e
com segurança no interior do espaço confinado, deixando
que trabalhadores e equipamentos fiquem posicionados da
melhor maneira possível.

E quanto aos equipamentos de monitoração, você sabe qual sua finalidade e


importância? Então prossiga para descobrir.
Equipamentos de monitoração
Medir o teor de oxigênio e identificar a presença de gases ex-
plosivos ou asfixiantes em espaços confinados são exemplos do
que os equipamentos de monitoração podem fazer. Dada a sua
importância, é preciso que se utilize um equipamento de leitura
direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado e
protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências
de radiofrequência.
Você sabe como usar um equipamento de monitoramento de
iStockphoto ([20--?])

gases? O monitor é equipado com uma mangueira de amostra-


gem, que deve ser introduzida no espaço confinado, conforme
sugere a próxima figura. No caso de espaços confinados hori-
zontais, a mangueira deve ser introduzida horizontalmente.

61
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Figura 13 - Introdução da mangueira no espaço confinado

Jean Carlos Klann (2014)


O monitoramento deve ser feito pelo supervisor de
entrada, obrigatoriamente antes da entrada do traba-
lhador, ainda no lado externo ao ambiente confinado.

Figura 14 - Proporção de concentração de gases Você está lembrado dos níveis de concentração de gases no ar que
respira? Relembre-os, observando as proporções na ilustração ao
N2 (78%) lado. É importante destacar que o monóxido de carbono (CO) é muito
diferente do gás carbônico (CO2), um asfixiante simples.
O monóxido de carbono não pode ser medido com oxímetro, porque
este é um aparelho que mede apenas oxigênio. Como monitorar CO
então? É preciso ter um monitor provido de sensor exclusivo para CO.
O2
Diego Fernandes (2012)

Analise a seguinte situação de perigo: Se um espaço confinado apre-


(19,9%) sentar uma concentração normal de 20,9% de oxigênio e receber 1%
de CO (10 mil ppm) ele passará a ter uma concentração de oxigênio
1% de 19,9%. Fique atento a esta situação, porque a concentração de 1%
de CO (10 mil ppm) é fatal para o ser humano. Como os oxímetros
emitem o alarme apenas quando a concentração de oxigênio estiver
abaixo de 19,5%, é importante prestar atenção na possibilidade de
intoxicação do ambiente por CO.

Equipamentos de ventilação e exaustão


Caso for detectada uma condição atmosférica imprópria para a respiração
humana, é possível corrigi-la por meio da ventilação ou exaustão forçada do
ambiente. Você aprendeu que espaços confinados têm pouca circulação, logo,
tendem a reter gases tóxicos à saúde humana. A função dos equipamentos de
ventilação e exaustão é fazer a troca de ar, mantendo condições atmosféricas
aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos.

62
Módulo 4 – Funcionamento de Equipamentos Utilizados

Figura 15 - Ventiladores centrífugo, axial e venturi

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


Na figura anterior, você pôde perceber que os modelos de ventiladores centrí-
fugos e axiais são movidos à energia elétrica. Já o modelo venturi funciona
com ar comprimido, o que o torna uma opção mais segura quando é necessá-
rio ventilar uma atmosfera explosiva. Observe o fluxo de ventilação de cada
modelo, nas ilustrações a seguir.

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


Ar
V V induzido
Saída M
Entrada
Ar comprimido

E qual o alcance de ventilação do meu equipamento? Isso não é muito difícil


de entender, basta ter em mente algumas medidas. Veja um esquema teórico
de ventilação.
Figura 16 - Esquema teórico de ventilação

D FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

v=20m/s v=20 m/s


v=2 m/s v=2 m/s

D 30 x D

Para calcular o alcance de ventilação, você precisa conhecer a velocidade de


insuflação do equipamento e o diâmetro das hélices (D). Considere que a velo-
cidade normal do ar em uma atmosfera confinada é de dois metros por segun-
do (2m/s), e que o diâmetro do ventilador é de 40 centímetros (ou 0,4 metros).
Se você passar a insuflar ar a 20m/s, o ar será ventilado nessa velocidade por
30 vezes o diâmetro (30 x 0,4m), ou seja, 12 metros. Depois dessa distância, o
ar gradativamente volta a ter velocidade normal de 2m/s.

63
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Este conhecimento teórico é muito importante para garan-


tir que o equipamento realmente renove o ar no espaço
confinado, e não apenas faça circular a mesma atmosfera
viciada.

Em um ambiente com pressão atmosférica normal, a insuflação e a exaustão


provocam uma pequena variação da pressão, que gera a ventilação. Essa varia-
ção de pressão é considerada desprezível ao homem, porém se torna a princi-
pal responsável pela troca do ar (e de gases) no ambiente. A insuflação é cha-
mada de pressão positiva e a exaustão, de pressão negativa. E você sabe como
acontece a ventilação por insuflação e por exaustão? Então, prossiga para ver
os conceitos.
Entenda, no esquema a seguir, as duas principais formas de ventilar o ambien-
te confinado, por meio de insuflação e de exaustão.

Ventilação por insuflação: consiste em exercer pressão positiva, forçando a


entrada de ar externo no espaço confinado, fazendo com que a atmosfera cir-
cule e expire o ar viciado.
Figura 17 - Insuflação

Terra
2
FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

Ventilação por exaustão: consiste em fazer uma pressão negativa no am-


biente confinado, forçando a entrada do ar externo. Veja um exemplo, na pró-
xima figura.

64
Módulo 4 – Funcionamento de Equipamentos Utilizados

Figura 18 - Exaustão

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


1 2

Terra

E como calcular o tempo necessário e os intervalos para a troca de ar? A conta


não é difícil. Considere um espaço confinado com as seguintes dimensões: cin-
co metros de altura, dois metros de largura e três metros de comprimento. O
volume do espaço confinado, portanto, será de 5 x 2 x 3 = 30m3. Utilizando 20
trocas de ar por hora, a vazão requerida pelo insuflador/exaustor será de 20 x
30m³ = 600m³/hora. Veja a fórmula, a seguir.

Vazão requerida = troca de ar x volume do espaço (m³/hora)

Você sabe que a ventilação e a monitoração da qualidade do ar do espaço con-


finado são imprescindíveis à segurança no trabalho. Conseguiu compreender
os fundamentos da troca de ar e do uso de equipamentos? A seguir, você terá
uma visão geral dos equipamentos de respiração. Mais adiante, você terá uma
unidade de estudos completa sobre o assunto.

Seção 3 - Proteção respiratória


Em determinadas situações de urgência no interior de espaços confinados
com gases nocivos à saúde não há tempo ou condições para realizar uma ven-
tilação eficiente e segura. É o caso de resgates ou manutenções de emergên-
cia. Neste caso, o trabalhador autorizado deve entrar no local suportado por
um respirador autônomo ou com linha de ar, sempre apoiado por um cilindro
auxiliar de fuga. Nas duas formas, ele respira apenas o ar fornecido pelo equi-
pamento. Como todo trabalho em ambiente confinado, ele precisa ser supor-
tado por um vigia, e por equipamento eficiente de resgate. Veja, na próxima
ilustração, um exemplo dos equipamentos utilizados em ambiente classifica-
do como área IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde), conforme você
aprendeu na unidade de estudos anterior.

65
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Figura 19 - Exemplo dos equipamentos utilizados em ambiente classificado como área IPVS

FabriCO (2008), Diego Fernandes (2012)


Você é capaz de distinguir todos os equipamentos de segurança que o traba-
lhador autorizado exibe nesta ilustração? Ele porta equipamento com linha de
ar, discriminado a seguir.
1. Respirador de adução de ar.
2. Cilindro de fuga.
3. Monitor de gases.
4. Linha de ar (ligada à máscara).
Figura 20 - Equipamentos de segurança utilizados pelo trabalhador

1
FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

3
2

Já em outro caso, quando o trabalhador está utilizando um respirador autôno-


mo, significa que ele está conectado a um equipamento que utiliza ar compri-
mido em um cilindro. E como se faz para calcular a autonomia deste trabalha-
dor, ou seja, por quanto tempo ele pode trabalhar em segurança sem que o ar
do cilindro esgote?
Primeiro, entenda alguns conceitos de volume, quando o assunto é ar compri-
mido. Acompanhe!

66
Módulo 4 – Funcionamento de Equipamentos Utilizados

 Volume AR: é o volume de ar existente no cilindro, medido em litros.


 Volume HIDROSTÁTICO: é o volume de água que o cilindro suporta em
litros. Geralmente está gravado no próprio cilindro ou impresso em seu
certificado de testes. Um cilindro comum suporta 6,8 litros.
 Pressão: é a pressão lida no manômetro, medida em bar (kgf/cm2). A
pressão atmosférica normal, ao nível do mar, é de um bar.

Volume AR = Volume HIDROSTÁTICO x Pressão

De acordo com a fórmula acima, um cilindro comum com ar comprimido a 200


bar terá um volume de ar respirável igual a 1.360 litros (Volume AR = 6,8 x 200).
Agora, considere que um trabalhador consuma as seguintes quantidades de
ar, de acordo com a atividade.
 Atividade normal = 20 a 30 litros/minuto.
 Atividade pesada = 30 a 40 litros/minuto.
 Atividade extrapesada (como resgates) = acima de 40 litros/minuto.
Assim, um trabalhador suportado por um cilindro de ar comum e executando
uma atividade pesada terá autonomia para, no máximo, 34 minutos (1.360 li-
tros de ar dividido por 40 litros/minuto) para sair do local de risco.

Seção 4 - Sistemas de proteção contra quedas e EPIs em


geral
Quando o assunto é risco de quedas, considera-se trabalho aéreo, aquele em
que o profissional executa atividades acima de dois metros do nível do solo.
Lembre-se de que, quando ele trabalha em galerias subterrâneas, também
existe o risco de quedas. Observe os principais exemplos de trabalhos em altu-
ra e alguns procedimentos de segurança apropriados a cada atividade.
Figura 21 - Exemplos de trabalhos em altura e procedimentos de segurança

Diego Fernandes (2012)

67
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Você conseguiu perceber a aplicação dos equipamentos de segurança nos


exemplos de procedimentos realizados em altura?
Observe a próxima ilustração, leia as indicações e tente identificar quais casos
se aplicam em sua atividade profissional.
Figura 22 - EPIs x atividades profissionais

5 6 9

5 4
11

10 5 6
3 10
6
3

3
6 7
10

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


1
4 2 8
3
1

1. Cadeiras suspensas.
2. Guinchos para pessoas.
3. Trava-quedas móveis.
4. Trava-quedas com cabos retráteis.
5. Linha de vida fixa e móvel.
6. Cinturões e acessórios de ancoragem.
7. Trabalhos em áreas de carga.
8. Trabalhos em espaços confinados.
9. Trabalhos em estruturas em construção.
10. Trabalhos em fachadas.
11. Trabalhos em telhados.

68
Módulo 4 – Funcionamento de Equipamentos Utilizados

Finalizando
Nesta unidade de estudos, você reforçou
a ideia de que a identificação e o bloqueio
de todas as fontes de energias perigosas
devem ser feitos antes de qualquer manu-
tenção, serviço, reparo, limpeza ou ajuste de
equipamento com potencial de exposição
do funcionário. Essa exposição pode vir de
uma partida inesperada do equipamento ou
contato acidental com qualquer energia, in-
cluindo elétrica, mecânica, hidráulica, pneu-
mática, gravitacional, térmica, nuclear ou
química. Por isso, para cada caso específico,
o funcionário deve estar ciente do perigo
e devidamente equipado para lidar com a
situação. Nesta etapa, você também conhe-
ceu os principais tipos de equipamentos e
suas aplicações. Até o próximo módulo de
estudos!

Anotações:

69
Áreas Classificadas Módu
lo

5
Seção 1 - Classificação de áreas e zonas
Você já ouviu falar no termo “área classificada”? Ele é usado para definir a pos-
sível presença de atmosfera explosiva formada por gases inflamáveis, vapores,
líquidos ou qualquer outra substância sujeita à ignição. Isto é importante, por
exemplo, com a possibilidade de criação de uma atmosfera explosiva durante
o funcionamento de determinado equipamento, inclusive em espaços confi-
nados.
A melhor forma de definir área classificada é: espaço delimitado, onde uma at-
mosfera explosiva está presente, ou no qual é provável sua ocorrência, a pon-
to de exigir precauções especiais para a construção, instalação e utilização de
equipamentos elétricos.
Áreas perigosas são classificadas em zonas, de acordo com a probabilidade do
perigo. Observe uma área classificada e suas zonas, na figura a seguir.
Figura 23 - Exemplo de área classificada

Zona 2

AI PETROLEUM
Zona 0 Zona 1
FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)

Zona 1

Zona 0

Zona 0 – área onde uma mistura explosiva ar/gás está continuamente pre-
sente, ou presente por longos períodos. Exemplo: interior de vaso separador,
superfície de líquido inflamável em tanques etc.
Zona 1 – área onde é provável ocorrer uma mistura explosiva em condições
normais de operação. Exemplo: sala de peneira de lamas, sala de tanques de
lama, mesa rotativa, respiro de tanques de processo etc.
Zona 2 – área onde é pouco provável ocorrer uma mistura explosiva em condi-
ções normais de operação. Se ocorrer, será por um curto período. Exemplo: vál-
vulas, flanges e acessórios de tubulação para líquidos ou gases inflamáveis etc.

71
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Velocidade de combustão
Você sabe a diferença entre explosão e detonação? As duas combustões são
basicamente as mesmas, mas diferem na intensidade ou velocidade. A veloci-
dade de combustão obedece a duas variáveis: cresce proporcionalmente na
razão entre a quantidade de substância inflamável e a quantidade de oxigênio
no instante da ignição.
A partir disso, já é possível definir os dois tipos de combustão. Veja os concei-
tos, a seguir:
 Explosão: é uma comoção seguida de detonação, produzida pelo de-
senvolvimento repentino de uma força ou pela expansão súbita de um
gás. Atinge a ordem de metros por segundo.
 Detonação: é uma combustão com características semelhantes às da
explosão, mas cuja velocidade de propagação é muito mais rápida, e
atinge a ordem de quilômetros por segundo.
Percebeu a diferença entre os tipos de combustão? Na seção seguinte, você
conhecerá as propriedades dos gases. Siga atento!

Seção 2 - Propriedades dos gases


Você aprendeu que, nas atividades em ambientes confinados, muitos traba-
lhadores são expostos a uma série de gases e vapores distintos. Por isso, é im-
portante conhecer algumas propriedades destes elementos, que são: a densi-
dade, o ponto de fulgor e a temperatura de autoignição. Confira, a seguir.

Densidade
Para analisar os gases quanto à sua densidade, é preciso pegar o ar atmosférico
como referência 1. Se o gás tiver uma densidade superior a 1, ele é mais pesa-
do e tende a descer, além de ser considerado mais perigoso. São exemplos de
gases mais densos que o ar: o propano (1,56) e o butano ou GLP de cozinha
(2,05).
Já se o gás tiver uma densidade inferior a 1, ele tende a subir, o que o torna
menos perigoso ao homem. São exemplos: o hidrogênio (0,07), o gás natural
veicular ou GNV (0,55), e o monóxido de carbono (0,97).

Lembre-se de que ser “menos perigoso” não quer dizer que


é “inofensivo”. Pelo contrário, do ponto de vista de densi-
dade, o monóxido de carbono (CO) está entre os menos
perigosos

72
Módulo 5 – Áreas Classificadas

Você já estudou como esse composto químico é especialmente perigoso para


a saúde humana, certo? Veja, a seguir, um esquema que compara a densidade
dos gases.
Figura 24 - Comparação da densidade dos gases

Ar como referência = 1

Pesados > 1 Leves < 1


Descer Subir
Mais perigosos Menos perigosos

Exemplo:
Hidrogênio = 0,07
Exemplo:

Diego Fernandes (2012)


80% metano + gases leves e
Propano = 1,56
pesados
Butano (GLP) = 2,05
(gás natural - 0,55)
Monóxido de carbono = 0,97

Ponto de fulgor
Para entender a definição de ponto de fulgor, imagine a situação de um cami-
nhão-tanque transportando combustível em um dia muito quente. É preciso
haver controle da temperatura, certo? Isso se explica porque, quando a tem-
peratura ambiente é alta, o combustível líquido (ou outros inflamáveis) desen-
volve uma grande quantidade de vapor por evaporação. Este vapor é capaz de
formar uma mistura inflamável logo acima da superfície do líquido.
Dentro deste contexto, o chamado ponto de fulgor, ou flash point, é a menor
temperatura na qual um líquido libera vapor/gás em quantidade suficiente
para formar uma mistura inflamável.

Nessa temperatura de fulgor, a quantidade de vapor


não é suficiente para assegurar uma combustão con-
tínua, formando-se apenas uma chama rápida (flash).

Temperatura de autoignição
Autoignição é o termo utilizado para definir a temperatura na qual uma con-
centração de gás inflamável explode mesmo sem a presença de uma fonte de
ignição. Observe os exemplos mais comuns, a seguir.

73
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Tabela 3 -Temperaturas de autoignição

Gás Autoignição
Metano 595°C
Querosene 210°C
Gasolina (56 a 60 octanas) 280°C
Acetileno 305°C
Hidrogênio 560°C
Propano 470°C
Monóxido de carbono 605°C

Classificação de área
A classificação de área dos gases, na metodologia brasileira, segue as regras
estabelecidas pela IEC 7910 (International Electric Code, reconhecidas pela As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT). São dois grupos. Saiba mais
sobre cada um deles!
Grupo I: define parâmetros para minas subterrâneas, onde o metano (CH4) e a
poeira de carvão estão presentes.
Grupo II (A, B e C): define parâmetros para outras indústrias onde gases estão
presentes. Os grupos A, B e C são divididos quanto à volatilidade dos gases.

Finalizando
Você está concluindo o quinto módulo do
curso sobre a NR 33! Nestas páginas, você
aprendeu a definição de áreas classificadas
e estudou outros riscos, termos e classifica-
ções relacionados a gases inflamáveis. Até o
próximo módulo em que você encontrará
novos conhecimentos!

74
Módulo 5 – Áreas Classificadas

Anotações:

75
Programa de Proteção
Módu
Respiratória lo

6
Seção 1 - Procedimentos operacionais
O Programa de Proteção Respiratória é fruto da Instrução Normativa n.º 1, de
11/04/1994. Este programa especifica um conjunto de regras que devem ser
adotadas pelas empresas e pelos fornecedores de equipamentos de proteção
respiratória com o objetivo de adequar a utilização dos respiradores a cada
usuário. Tais medidas são essenciais para que os usuários obtenham proteção
contra possíveis doenças ocupacionais provocadas pela inalação de poeiras,
fumos, névoas, fumaças, gases e vapores prejudiciais a saúde do ser humano.
Antes de mergulhar nas recomendações da Instrução Normativa (IN) 1, que es-
tabelece o regulamento técnico sobre o uso de equipamentos para proteção
respiratória, veja os trechos da NR 33 que orientam sobre este tipo de proteção.

33.3.3 - Medidas administrativas: [...]


NOR
MA
p. implementar um Programa de Proteção Respi-
ratória de acordo com a análise de risco, con-
siderando o local, a complexidade e o tipo de
trabalho a ser desenvolvido.
33.3.4 - Medidas Pessoais [...]
33.3.4.10 - Em caso de existência de Atmosfera Imediata-
mente Perigosa à Vida ou à Saúde – Atmosfera IPVS –, o
espaço confinado somente pode ser adentrado com a uti-
lização de máscara autônoma de demanda com pressão
positiva ou com respirador de linha de ar comprimido com
cilindro auxiliar para escape. (BRASIL, 2012, p. 3-4).

O Programa de Proteção Respiratória (PPR), citado pela NR 33, é regula-


mentado pela Instrução Normativa 1. Este programa prevê regras:
 administração do programa;
 procedimentos operacionais escritos;
 limitações fisiológicas e psicológicas dos usuários;
 seleção de respiradores;
 treinamento;
 ensaio de vedação;
 manutenção, inspeção, higienização e guarda;
 respiradores de fuga.
A implantação do PPR na empresa prevê que a responsabilidade pela
iStockphoto ([20--?])

administração do plano deve ser atribuída a uma só pessoa, devendo


essa, ter conhecimentos comprovados de proteção respiratória, além
de conhecer os regulamentos legais vigentes como, por exemplo, a IN
1 e a NR 33.
Fazem parte das responsabilidades do administrador do PPR as seguintes ati-
vidades.

77
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 preparação dos procedimentos operacionais escritos;


 medições, estimativas e informações atualizadas sobre concentração de
contaminantes;
 seleção do tipo de respirador apropriado;
 manutenção de registros e procedimentos escritos;
 avaliação da eficácia do programa.

A IN 1 ressalta a necessidade do registro escrito dos


procedimentos operacionais de proteção respiratória
que deve abranger o programa completo de uso dos
respiradores. Essas regras devem ser seguidas e cum-
pridas toda vez que for necessário usar um respirador
para realizar determinada atividade.

Segundo Torloni (2002, p. 21), além de incluir as informações necessárias para


o uso correto dos equipamentos de proteção respiratória, os procedimentos
operacionais escritos devem conter, no mínimo, os itens destacados a seguir.
 treinamento dos usuários;
 ensaios de vedação;
 distribuição dos respiradores;
 limpeza, guarda e manutenção;
 inspeção;
 monitoramento do uso;
 monitoramento do risco;
 seleção;
 política da empresa na área de proteção respiratória.
É bastante coisa, não concorda? E como iniciar um documento desse porte? O
texto da IN 1 explica. Confira, a seguir!

Embora não seja possível prever todas as situações de


emergência e de salvamento para cada tipo de operação
industrial, pode-se prever muitas condições nas quais será
necessário o uso de respiradores. Pode-se chegar à escolha
de respiradores apropriados para uma situação concreta
pela análise cuidadosa dos riscos potenciais devidos a en-
ganos na condução do processo industrial ou a defeitos ou
falhas no funcionamento. (TORLONI, 1994, p. 11).
Diego Fernandes (2012)

78
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

Ainda segundo Torloni (2002), os procedimentos devem ser reavaliados siste-


maticamente por uma pessoa que conhece o processo e a operação que será
realizada, levando em consideração as ocorrências de emergência e salvamen-
to que já aconteceram e que exigiram o uso de respiradores, bem como as
consequências decorrentes do seu uso. Nesta reavaliação ainda precisam ser
consideradas as falhas do respirador, a falta de energia, as ocorrências de re-
ações químicas não-controláveis, o fogo, as explosões, as falhas humanas e
todos os riscos potenciais que podem decorrer do uso dos respiradores e que,
por ventura, possam ocorrer nas emergências e resgates como:

Limitações fisiológicas e psicológicas dos usuários


Para ser capaz de exercer uma atividade profissional em ambiente pe-
rigoso, o trabalhador deve passar por uma série de exames, a fim de
determinar se tem ou não condições médicas de usar um respirador.
Quem está capacitado para fazer essa avaliação, naturalmente, é um
médico.
Segundo Torloni (2002, p. 91), baseado na IN 1, a avaliação médica es-
pecífica dos usuários de EPR deve ser renovada anualmente, com o
exame periódico. Neste exame, o médico precisa dar atenção redo-
brada à ocorrência de queixas relacionadas ao sistema respiratório e
decidir se é conveniente que o funcionário use um respirador conti-
nuamente.

Jupiterimages ([20--?])
Para verificar a aptidão em utilizar equipamentos de proteção respi-
ratória, o médico deve ter em mãos as características do ambiente de
trabalho (temperatura, umidade, pressão), a demanda física para a
atividade, a necessidade de EPIs e o tempo de uso de cada um deles,
para então avaliar as características do candidato.
Com esses dados, o médico pode fazer uma avaliação cuidadosa do candidato
ao trabalho em espaço confinado. Torloni (2002, p. 90), descreve o que deve
ser considerado na avaliação médica de trabalhadores candidatos à utilização
de equipamentos de proteção respiratória (normativo). Saiba mais, a seguir:

 Deformidades faciais: a presença de deformidades faciais


ósseas ou cicatrizes extensas pode impedir um ajuste fa-
cial adequado do respirador e impedir sua utilização. O uso
de próteses dentárias também deve ser adequado, pois a
ausência de próteses nos maxilares inferior ou superior
causa deformidades faciais.
 Pelos faciais: a barba impede um ajuste facial adequado.

79
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 Doenças pulmonares: candidatos à utilização de EPR com


doenças pulmonares obstrutivas e restritivas previamente
diagnosticadas ou sintomáticas não devem utilizá-los. A
presença isolada de sintomas – notadamente a dispneia
de esforços – exige uma avaliação cuidadosa, incluindo
avaliação funcional respiratória. A asma brônquica de cri-
ses esporádicas, com a devida orientação ao usuário, pode
não excluir a utilização de respiradores.
 Doenças cardiovasculares: a insuficiência coronariana crô-
nica, as arritmias – notadamente as arritmias ventriculares
– e os usuários com infarto prévio não devem utilizar EPR
mecânica com pressão negativa.
 Doenças neurológicas: a epilepsia controlada – isto é, au-
sência de crises nos últimos 12 meses e bom controle far-
macológico – não contraindica a utilização de EPR.
 Alterações psíquicas: candidatos apresentando claustrofo-
bia não devem utilizar EPR. A ansiedade pode ser também
um fator limitante, dependendo de sua magnitude.

Nesta seção, você pôde compreender que, no uso de EPR, assim como em
qualquer outra atividade profissional realizada em espaços confinados, não há
espaço para brincadeira.
As responsabilidades são compartilhadas: as empresas precisam organizar um
programa próprio de proteção respiratória, os funcionários devem cumpri-lo
e, ainda, precisam realizar exames médicos para verificar a aptidão em traba-
lhar equipados nas condições adversas que o espaço confinado prevê. Na pró-
xima seção, você aprenderá a selecionar o equipamento correto para cada tipo
de serviço.

Seção 2 - Seleção de respiradores - atmosfera e equipa-


mento
Observe um resumo dos fatores que influenciam na seleção de um respirador.
 atividade do usuário (trabalho pesado; permanece continuamente na
área de risco);
 características e limitações dos EPRs;
 localização da área de risco (fuga em emergências; serviços de manu-
tenção);
 características da tarefa (mobilidade).
É preciso ter conhecimento prévio de cada operação para poder fazer a sele-
ção do tipo ou a classe do respirador a ser empregado em função dos riscos
que possam existir no local onde será realizado o trabalho, de forma a propor-
cionar a proteção adequada aos trabalhadores.
Conheça, a seguir, as etapas necessárias à identificação do risco respiratório.

 Determinar o(s) contaminante(s) que possa(m) estar


presente(s) no ambiente de trabalho.
 Verificar se existe limite de tolerância, ou qualquer ou-
tro limite de exposição, ou estimar a toxidez do(s)
contaminante(s).
 Checar, ainda, a possibilidade de concentração IPVS.

80
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

 Verificar se existem regulamentos ou legislação específica


para o(s) contaminante(s), como por exemplo: asbesto, síli-
ca etc. Se existirem, a seleção do respirador fica dependen-
te dessas indicações.
 Se existir o risco potencial de deficiência de oxigênio, me-
dir o teor de oxigênio no ambiente.
 Medir ou estimar a concentração do(s) contaminante(s) no
ambiente.
 Determinar o estado físico do contaminante. Se for aeros-
sol, determinar ou estimar o tamanho da partícula. Avaliar
se a pressão de vapor da partícula será alta na máxima
temperatura prevista no ambiente de trabalho.
 Verificar se o contaminante presente pode ser absorvido
ou produz sensibilização na pele, ou ainda, se é irritante/
corrosivo para os olhos ou pele.
 Se o contaminante é vapor ou gás, verificar se é conhecida
a concentração de odor, paladar ou de irritação da pele.
(TORLONI, 2002, p. 23).

Em muitos casos, pode não ser possível determi-


nar qual o contaminante tóxico potencialmente
presente no ambiente ou a sua concentração,
nem existir limite de exposição ou valores de
orientação. Em qualquer situação em que não

iStockphoto ([20--?])
se tem informações suficientes para planejar a
segurança necessária, você tem obrigação de
considerar que a atmosfera é IPVS.

Você lembra o que é uma atmosfera IPVS? Segundo Torloni (2002, p. 29), um
local é considerado IVPS quando apresentar alguma das seguintes situações:

a. concentração do contaminante é maior que a concen-


tração IPVS, ou suspeita-se que esteja acima do limite
de exposição IPVS; ou
b. é um espaço confinado com teor de oxigênio menor
que o normal (20,9% em volume), a menos que a causa
da redução do teor de oxigênio seja conhecida e con-
trolada; ou
c. o teor de oxigênio é menor que 12,5%, ao nível do mar;
ou
d. a pressão atmosférica do local é menor que 450mmHg
(equivalente a 4.240m de altitude) ou qualquer com-
binação de redução na porcentagem de oxigênio ou
redução na pressão que leve a uma pressão parcial de
oxigênio menor que 95mmHg.

Acompanhe o checklist para a seleção do respirador.


 Há risco desconhecido? Caso positivo, considerar o ambiente IPVS.
 Há toxidez desconhecida? Caso positivo, considerar o ambiente IPVS.
 Há deficiência de oxigênio?
 Trata-se de espaço confinado?
 A atmosfera é IPVS?

81
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Quanto à concentração do contaminante, é importante destacar os itens abai-


xo.
 se for maior que IPVS, trata-se como IPVS;
 se for menor que IPVS, calcule o Fator de Proteção Requerido (FPR);
 checar o FPR = Concentração/Limite de tolerância;
 checar o Fator de Proteção Atribuído (FPA), de acordo com o quadro a
seguir.
Tabela 4 - Fatores de proteção atribuídos

Tipos de coberturas das vias respiratórias

Com vedação facial Sem vedação facial


Tipo de respirador
Peça Peça facial Capuz e
Outros
semifacial inteira capacete

A - Purificador de ar
não-motorizado 10 100 --- ---
motorizado 50 1000 1000 25

B - De adução de ar

B1 - Linha de ar comprimido
de demanda sem pressão positiva 10 100 --- ---
de demanda com pressão positiva 50 1000 --- ---
de fluxo contínuo 50 1000 1000 25

B2 - máscara autônoma (circuito


aberto ou fechado)
de demanda sem pressão positiva 10 100 --- ---
de demanda com pressão positiva --- ---
Observações sobre a tabela:
a) O fator de Proteção Atribuído não é aplicável para respiradores de fuga.
b) Inclui a peça quarto facial, a peça semifacial filtrante (PFF) e as peças semifaciais elastôme-
ros.
c) A máscara autônoma de demanda não deve ser usada para situação de emergência, como
incêndios.
d) Os fatores de Proteção apresentados são de respiradores com filtros P3 ou sorbentes
(cartuchos químicos pequenos ou grandes). Com filtros classe P2, deve-se usar Fator de pro-
teção Atribuído 100, devido às limitações do filtro.
e) Embora esses respiradores de pressão positiva sejam considerados os que proporcionam
maior nível de proteção, alguns estudos que simulam as condições de trabalho concluíram
que nem todos os usuários alcançaram o Fator de Proteção 10.000. Com base nesses dados,
embora limitados, não se pode adotar um Fator de Proteção definitivo para esse tipo de
respirador. Para planejamento de situações de emergência nas quais as concentrações dos
contaminantes possam ser estimadas, deve-se usar um Fator de Proteção Atribuído não maior
que 10.000.
f) Ver definição no Anexo 1.
Nota: para combinação de respiradores, como, por exemplo, respirador de linha de ar com-
primido equipado com um filtro purificador de ar na peça facial, o Fator de Proteção a ser
utilizado é o do respirador que está em uso. (TORLONI, 2002, p. 18).
Fonte: Adaptado do quadro I da IN de 11/04/1994).

82
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

Fator de Proteção Requerido = Concentração de Contaminante Limite de Tolerância

De posse de todos estes dados, deve-se escolher o filtro apropriado a cada


contaminante, respeitando sempre a regra de usar um respirador com Fator de
Proteção Atribuído maior que o Fator de Proteção Requerido. O FPR é obtido
dividindo-se a Concentração do Contaminante pelo Limite de Tolerância. Além
disto, a concentração do contaminante no ambiente deve ser menor que a
concentração máxima de uso do filtro químico escolhido.
Na tabela anterior, você conheceu os fatores de proteção atribuídos a cada
equipamento de proteção respiratória. Na sequência, você aprenderá sobre a
Máxima Concentração de Uso dos filtros químicos: a MCU. Mas atenção! Esses
parâmetros não se aplicam aos respiradores de fuga.

Treinamento
Para trabalhar em segurança com o auxílio de respirador, os empregados de-
vem receber treinamento e reciclagem periódicos. Esses treinamentos devem
envolver supervisores, usuários, os funcionários que distribuem os respirado-
res e as equipes de emergência e salvamento.

Todos os usuários devem receber treinamento inicial quando forem


designados para uma atividade que exija o uso de respirador, e a cada
12 meses ele deve ser repetido.

O treinamento para supervisores e usuários deve incluir, pelo menos, os tópi-


cos a seguir.

 conhecimentos básicos sobre práticas de proteção respi-


ratória;
 natureza e extensão dos riscos respiratórios a que os usuá-
rios podem ficar expostos;
 reconhecimento e resolução dos problemas que ocorrem
com os usuários de respiradores;
 princípios e critérios de seleção de respiradores usados pe-
las pessoas que estão sob sua supervisão;
 treinamento para usuários de respiradores;
 verificação, ensaio de vedação e distribuição dos respira-
dores;
 inspeção, uso, monitoramento do uso, manutenção e hi-
gienização de acordo com as instruções do fabricante;
 regulamentos e legislação. (TORLONI, 2002, p. 34).

Já os usuários devem ser treinados segundo os tópicos descritos a seguir.

 a necessidade do uso da proteção respiratória;


 a natureza, extensão e os defeitos dos riscos respiratórios
encontrados no ambiente de trabalho;

83
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 a necessidade de informar o seu supervisor de qualquer


problema que tenha ocorrido consigo ou com seus cole-
gas de trabalho devido ao uso do respirador;
 explicação do porque de a proteção coletiva não estar sen-
do realizada, ou não ser adequada, e o que está sendo feito
para diminuir ou eliminar a necessidade de uso de respi-
radores;
 explicação do porque de ter sido escolhido aquele tipo de
respirador contra aquele risco respiratório;
 explicação sobre o funcionamento, a capacidade e as limi-
tações do respirador selecionado;
 exercícios práticos sobre inspeção, colocação e uso dos
respiradores, o respirador é colocado ou ajustado, bem
como a necessidade do ensaio de vedação [...];
 explicações sobre manutenção e guarda dos respiradores;
 instruções sobre procedimentos em caso de emergência e
uso de respiradores em situação de escape;
 normas e regulamentos sobre o uso de respiradores. (TOR-
LONI, 2002, p. 35).

Cuidados com o respirador de fuga: o respirador de fuga é um apare-


lho que protege o usuário contra a inalação de atmosferas perigosas
em situações de emergência, com risco à vida ou à saúde, durante o
escape. É importante saber onde ele está localizado, devido aos riscos
potenciais em uma emergência e, os usuários precisam estar instruí-
dos quanto ao seu uso. Visitantes ou pessoas que não realizam tarefas
nessa área não precisam receber treinamento completo sobre o seu
uso ou adaptação, no entanto, devem receber pelo menos instruções
breves para casos de emergência.

Ensaio de vedação
Você conhece a expressão “ensaio de vedação”? Sabe o que significa? Ensaio
de vedação deve ser feito antes de entrar no espaço confinado submetendo o
respirador a um teste para checar se ele oferece uma boa vedação, adaptado
ao rosto do usuário.

Atenção: mesmo após o teste, a vedação deve ser verificada


Hemera Technologies ([20--?])

toda vez que for preciso recolocar, ou simplesmente ajustar,


o respirador no rosto.

Nesta seção, você aprendeu que a seleção de respiradores deve ser realizada
de acordo com a natureza da operação, o tipo de risco respiratório, a localiza-
ção da área de risco, o tempo de utilização, as características e as limitações
dos respiradores, os fatores de proteção, entre outros.

84
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

A seguir, você aprenderá detalhes sobre os perigos quando uma operação


com respiradores é solicitada.

Seção 3 - Classificação fisiológica das partículas


Existem várias formas de combater partículas nocivas e seus perigos são dis-
tintos. Você conhecerá na listagem a seguir as principais partículas e seus efei-
tos. Acompanhe:

Fibrogênicas: alteram a estrutura celular dos


alvéolos restringindo a capacidade de troca
de oxigênio. Ex.: sílica cristalina, amianto, be-
rílio e ferro.
Irritantes: irritam inflamam e ulceram o trato
respiratório. Ex.:névoas ácidas ou alcalinas.
Produtoras de Febre: produzem calafrios e
febre intensa. Ex.: fumos de cobre e zinco.
Sistêmicas: provocam danos em órgãos
ou sistemas do organismo humano. Ex.:
cádmio,chumbo, manganês.

Thinkstock ([20--?])
Alergênicas: provocam reações alérgicas de-
vido à formação de anticorpos mesmo em
pessoas sem predisposição. Ex.: pólen, pelos
de animais, resinas epóxi, platina, fungos e es-
peciarias.
Cancerígenas: provocam câncer após um período latente.
Ex.: amianto, cromatos, radionucleídeos.
Mutagênicas e Teratogênicas: induzem mutação em ní-
vel celular (mutagênicas), ou alterações genéticas (terato-
gênicas). Ex.: chumbo, mercúrio (FERNANDES, 2005, p. 2).

Partículas não-classificadas
Você sabia que existem tantas partículas nocivas e que causam tantos efeitos
diferentes? Também pode ocorrer de adentrarmos em ambientes confinados
que apresentam materiais desconhecidos, portanto, eles devem ser considera-
dos como potencialmente tóxico, sem exceção.
Acompanhe a seguir as principais características das chamadas partículas não
TLV – TWA
- classificadas:
É a abreviação dos termos
Threshold Limit Value e Time
 Substâncias para as quais não há evidência de efeitos tó- Weighted Average e refere-
xicos. -se à concentração média
 Não causam fibrose ou efeitos sistêmicos, mas também
não são biologicamente inertes. de determinada substância
 Em alta concentração, podem provocar morte devido à durante certo tempo a
proteinose alveolar. que um trabalhador co-
 Em baixa concentração, podem inibir ação ciliar, fazendo mum pode ser exposto
com que substâncias tóxicas não sejam eliminadas. Dimi- repetidamente sem apre-
nuem a mobilidade dos macrófagos.
 Pertencem a esta classe os aerossóis que não contêm as- sentar efeitos colaterais,
besto, ou a sílica cristalina que está abaixo de 1%, como dia após dia, em rotina
carbonato de cálcio, calcário, cal, gesso e amido. normal de trabalho.
 O TLV-TWA para partículas inaláveis é 10mg/m³. O TLV-
-TWA para partículas respiráveis é 3mg/m³. (GRIEP, 2012, p.
32).

85
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Lembre-se de que o conhecimento lhe oferece subsídios teóricos para lidar


com perigos específicos. Mas, no caso de substâncias não-classificadas, todo
cuidado é importante! Neste caso, elas sempre devem ser consideradas poten-
cialmente tóxicas.
Na próxima seção, você conhecerá exemplos de filtros químicos para gases e
vapores.

Seção 4 - Classificações para escolha de filtro químico


Existem quatro classificações de gases e vapores nocivos que devem ser com-
batidos com filtros químicos distintos. Acompanhe.

Vapores orgânicos – acetato de etila, benzeno, xileno, álco-


ol etílico, formaldeído, entre outros.
Gases ou vapores ácidos – cloro, anidrido sulfuroso, ácido
clorídrico, entre outros.
Gases e vapores alcalinos – amônia, aminas, entre outros.
Gases e vapores especiais – monóxido de carbono, mercú-
rio, agrotóxicos, entre outros. (SOUSA, 2005, p. 4).

Conheça agora, a classificação fisiológica dos gases e vapores. Essa classifica-


ção define qual parte do corpo tende a ser afetada ou prejudicada ao entrar
em contato com os compostos nocivos e de que maneira isso ocorre.

Irritantes: inflamam tecidos (pele, conjuntiva ocular, vias


respiratórias).
Irritantes primários:
- Alta solubilidade (atacam garganta e nariz). Ex.: ácido mu-
riático, sulfúrico e amônia.
- Solubilidade moderada. Ex.: anidrido sulfuroso e cloro.
- Baixa solubilidade (atacam pulmões). Ex.: ozona, óxido
nitroso.
- Irritantes atípicos. Ex.: acroleína, gás lacrimogêneo.
Irritantes secundários:
A ação irritante produz efeitos tóxicos em todo o organis-
mo. Ex.: gás sulfídrico.
iStockphoto ([20--?])

Anestésicos: causam ação depressiva no sistema nervoso


central.
- Anestésicos primários. Ex.: eteno, butano e propano.
- Anestésicos com efeitos sobre as vísceras. Ex.: tetracloreto
de carbono.
- Anestésicos com efeitos sobre o sistema formador de
sangue: benzeno, tolueno, xileno.
- Anestésicos com efeitos sobre o sistema nervoso. Ex.: ál-
cool etílico, álcool metílico e dissulfeto de carbono.
Asfixiantes:
- Simples: em altas concentrações no ar atuam como di-
luente, sem efeito fisiológico. Ex.: metano, etano, propano,
gás carbônico, hidrogênio, nitrogênio, acetileno.
- Químicos: interferem na oxigenação das células. Ex.: mo-
nóxido de carbono, anilina, ácido cianídrico.
Sistêmicos: são absorvidos pelo organismo e provocam
alterações funcionais ou morfológicas em determinados
órgãos do corpo humano. Ex.: mercúrio (sistema nervoso,
rins), chumbo (ossos), tetracloreto de carbono.
Alergênicos: provocam reações alérgicas. Ex.: TDI, resinas
epóxis.

86
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

Mutagênicos e teratogênicos: induzem mutação celular


(mutagênicos) ou alterações genéticas (teratogênicas). Ex.:
diclorobuteno.
Cancerígenos: provocam formas de câncer após período
latente de exposição. Ex.: cloreto de vinila, benzeno. (VEN-
DRAME, [2000?], p. 57- 63).

Percebeu como pode ser perigoso o contato dos gases e vapores com o corpo
humano? Na tabela a seguir, você visualizará a classe do filtro que precisa ser
utilizado de acordo com cada tipo de composto (gases ou vapor), a concentra-
ção máxima e o tipo de peça facial compatível com o perigo - que você analisa
através do Fator de Proteção Atribuído, estudado na seção 2 desta unidade de
estudos. Acompanhe!
Tabela 4 - Máxima Concentração de Uso dos Filtros Químicos

FILTRO QUÍMICO - MÁXIMA CONCENTRAÇÃO DE USO


Concentração
Classe de filtro Tipo Tipo de Peça Facial Compatível
Máxima (ppm)
Vapor orgânico(A)
Semifacial filtrante,
Classe - FBC Gases ácidos(A)(B) 300
quarto facial, facial inteira e semifacial
Amônia
Vapor orgânico(A) 1000
Classe - FBC - 2 Semifacial, facial inteira ou bocal
Cloro 10
Vapor orgânico(A) 1000
Amônia 300
Classe 1
Metilamina 100
Cartucho Quarto facial, semifacial, facial inteira ou bocal
Gases ácidos (A)(B)
1000
pequeno
Ácido clorídrico 50
Cloro 10
Classe 2 Vapor orgânico(A)(B)(C)

Cartucho Amônia 5000 Facial inteira


médio Gases ácidos(A)(B)
Classe 3 Vapor orgânico(A)(B)(C)

Cartucho Amônia 10000 Facial inteira


grande Gases ácidos (A)(B)

(A) Não usar contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta, ou que geram alto calor
de reação com o conteúdo do cartucho.
(B) A concentração máxima de uso não pode ser superior a I.P.V.S.
(C) Para alguns gases ácidos e vapores orgânicos, esta concentração máxima de uso é muito baixa.
Fonte:Vieira (2012, p. 14).

87
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Finalizando
E aqui você conclui mais um módulo de es-
tudos do curso sobre a NR 33 que reforçou
os conhecimentos sobre um assunto já co-
nhecido e muito importante: a respiração.
Com o objetivo de promover a saúde e a
segurança no trabalho, foi criado por meio
da Instrução Normativa 1 o Programa de
Proteção Respiratória. Aqui você também
teve a oportunidade de conhecer os princi-
pais conceitos e procedimentos, bem como
selecionar respiradores, classificar partícu-
las, gases e vapores e o emprego correto
dos filtros químicos. Que tal passar para o
próximo módulo de estudos? Até lá!

Anotações:

88
Módulo 6 – Programa de Proteção Respiratória

Anotações:

89
Procedimentos e Utilização da
Módu
PET lo

7
Seção 1 - Responsabilidades do empregador
Neste momento do curso, você já deve saber que segurança e saúde no tra-
balho é uma prática que exige responsabilidades distintas de todos os envol-
vidos no processo, não é mesmo? Entenda, a seguir, o que diz a Norma Re-
gulamentadora 33 sobre as responsabilidades do empregador na entrada de
espaços confinados.
33.2.1 - Cabe ao Empregador: [...]
NOR
MA f. garantir que o acesso ao espaço confinado so-
mente ocorra após a emissão, por escrito, da
Permissão de Entrada e Trabalho, conforme
modelo constante no anexo II desta NR; [...]
i. interromper todo e qualquer tipo de trabalho
em caso de suspeição de condição de risco gra-
ve e iminente, procedendo ao imediato aban-
dono do local;
33.3.2 - Medidas técnicas de prevenção: [...]
33.3.2.4 - Adotar medidas para eliminar ou controlar os ris-
cos de incêndio ou explosão em trabalhos a quente, tais
como solda, aquecimento, esmerilhamento, corte ou ou-
tros que liberem chama aberta, faíscas ou calor.
33.3.3 - Medidas administrativas: [...]
e. adaptar o modelo de Permissão de Entrada e
Trabalho, previsto no Anexo II desta NR, às pe-
culiaridades da empresa e dos seus espaços
confinados;
f. preencher, assinar e datar, em três vias, a Per-
missão de Entrada e Trabalho antes do ingresso
de trabalhadores em espaços confinados;
g. possuir um sistema de controle que permita a
rastreabilidade da Permissão de Entrada e Tra-
balho;
h. entregar para um dos trabalhadores autoriza-
dos e ao Vigia, cópia da Permissão de Entrada e
Trabalho;
i. encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho
quando as operações forem completadas,
quando ocorrer uma condição não prevista ou
quando houver pausa ou interrupção dos tra-
balhos;
j. manter arquivados os procedimentos e Permis-
sões de Entrada e Trabalho por cinco anos;
k. disponibilizar os procedimentos e Permissão
de Entrada e Trabalho para o conhecimento
dos trabalhadores autorizados, seus represen-
tantes e fiscalização do trabalho; [...]
n. assegurar que o acesso ao espaço confinado
somente seja iniciado com acompanhamento
e autorização de supervisão capacitada;
o. garantir que todos os trabalhadores sejam in-
formados dos riscos e medidas de controle
existentes no local de trabalho;
33.3.3.1 - A Permissão de Entrada e Trabalho é válida so-
mente para cada entrada. [...]

91
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

33.3.3.3 - O procedimento para trabalho deve contemplar,


no mínimo: objetivo, campo de aplicação, base técnica,
responsabilidades, competências, preparação, emissão,
uso e cancelamento da Permissão de Entrada e Trabalho,
capacitação para os trabalhadores, análise de risco e me-
didas de controle.
33.3.3.4 - Os procedimentos para trabalho em espaços
confinados e a Permissão de Entrada e Trabalho devem ser
avaliados, no mínimo, uma vez ao ano e revisados sempre
que houver alteração dos riscos, com a participação do
Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Traba-
lho - SESMT e da Comissão Interna de Prevenção de Aci-
dentes - CIPA.
33.3.4 - Medidas Pessoais
33.3.4.9 - Cabe ao empregador fornecer e garantir que to-
dos os trabalhadores que adentrarem em espaços confina-
dos disponham de todos os equipamentos para controle
iStockphoto ([20--?])

de riscos, previstos na Permissão de Entrada e Trabalho.


33.5 - Disposições Gerais [...]
33.5.3 - É vedada a entrada e a realização de qualquer tra-
balho em espaços confinados sem a emissão da Permissão
de Entrada e Trabalho. (BRASIL, 2012, p. 1- 5).

Como você pôde perceber, um longo trecho da NR 33 é dedicado a explicar


Permissão de Entrada e Trabalho (PET) que é o documento que reúne todas
as informações teóricas que você conheceu até agora. Por meio da PET, estas
informações passam a ter caráter prático, com poder de transformar o espaço
confinado em ambiente controlado.
Isso é apenas um indício da importância que a PET tem na responsabilidade
compartilhada no trabalho em espaços confinados. Na próxima seção, você
vai entender os detalhes da permissão de entrada. Preparado para mais uma
etapa de novos conhecimentos?

Seção 2 - Requisitos para entrar em ambiente confinado


Você sabe quando um trabalhador pode entrar em um ambiente confinado?
Apenas quando a empresa fornecer a autorização expressa na PET. Esse docu-
mento é exigido por lei, e deve ser preenchido pelo supervisor de entrada com
os procedimentos de segurança e emergência.
De posse desta autorização, o funcionário deixa de ser um “simples trabalha-
dor” para ser um “trabalhador autorizado”.

É responsabilidade do trabalhador autorizado, ao


receber a PET, verificar se as medidas de segurança
foram implantadas e se a mesma está assinada pelo
supervisor de entrada.

92
Módulo 7 - Procedimentos e Utilização da Permissão de Entrada e Trabalho

Enquanto estiver em espaço confinado, o trabalhador autorizado deve ter pos-


se de uma cópia da PET. Ao final deste livro didático, no anexo 1, você encon-
trará um modelo da PET.

Lembre-se: a PET é uma obrigação e não exclui a P.E.T.


Permissão de
responsabilidade de que o serviço a ser executado Entrada e Trabalho

seja sempre acompanhado por um vigia.


Nome da empresa
Avaliação
Medidas de controle
Isolamento
Bloqueio
Ventilação

Uma Folha de Permissão de Entrada genérica (para trabalhos que


não exigem recomendações extraordinárias) deve descrever os se-
guintes fatores.
 nome da empresa;
 trabalho a ser realizado;

Diego Fernandes (2012)


 avaliação dos riscos atmosféricos;
 data de realização do trabalho;
 medidas de controle (detalhadas na próxima seção);
 isolamento de energias perigosas;
 bloqueio de energias perigosas;
 ventilação.
Faça bom uso das informações aqui apresentadas! O próximo assunto será a
respeito das medidas de controle.

Seção 3 - Medidas de controle e segurança


No módulo 3 deste curso você teve a oportunidade de estudar sobre como re-
conhecer os riscos, avaliá-los e tomar as medidas de controle específicas para
cada um. Na PET, você irá listar e formalizar cada medida de controle necessá-
ria ao ambiente confinado específico do seu trabalho.
As medidas de controle listadas a seguir devem ser descritas na Permissão de
Entrada e Trabalho, de forma que fiquem bem claras a todos os envolvidos. Se
você tiver dúvidas em algum conceito, não deixe de rever o módulo 3!
 identificação dos espaços confinados;
 identificação dos riscos;
 especificação de EPIs;
 capacitação do trabalhador;
 monitoramento da atmosfera;
 bloqueio e etiquetagem de energias perigosas;
 comunicação adequada no espaço confinado;
 plano de resgate.
Agora, você já tem ciência das responsabilidades do empregador e do em-
pregado no trabalho em espaços confinados, não é mesmo? Recorde alguns
pontos importantes que já foram discutidos neste curso:

93
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 Os EPIs devem ser fornecidos gratuitamente.


 A escolha dos EPIs deve ser feita de maneira coerente para cada situação
de risco existente.
 O trabalhador deve ser treinado quanto ao uso adequado dos EPIs.
Uma vez que estas informações estão claras, que tal ir à próxima seção?

Seção 4 - Inspeção antes da entrada – principais cuidados


Leia com atenção o checklist de cuidados importantes para a inspeção do local
confinado antes da entrada dos trabalhadores autorizados. É importante sem-
pre ter em mente que a simples entrada em espaço confinado já caracteriza
um trabalho perigoso. Por isso, é necessária a elaboração antecipada da PET.

Antes de realizar a entrada no espaço confinado, o


controle de energias perigosas deve ser devidamen-
te aplicado, conforme os procedimentos de controle
existentes por máquina, equipamento ou instalação.

Na discussão preliminar dos riscos potenciais, sempre considere a possibilida-


de de que materiais explosivos, inflamáveis e/ou tóxicos tenham sido absorvi-
dos pelas paredes (revestimento) do espaço confinado. Isso é especialmente
importante antes de iniciar trabalhos a quente.

A atmosfera do espaço confinado deve ser obriga-


toriamente testada com equipamentos apropria-
dos. O responsável pela execução da avaliação
deve posicionar-se pelo lado externo do espaço
Hemera ([20--?])

confinado, e os sistemas de ventilação e/ou exaus-


tão devem estar desligados.

A partir dos testes e comparações que forem feitos antes da entrada em um


espaço confinado, deve-se definir se o ambiente é seguro ou não. Se ele não
apresentar risco à vida, é possível classificá-lo como espaço confinado contro-
lado. Entretanto, se os resultados dos testes revelarem que as condições do
ambiente não são adequadas, faz-se necessário adotar medidas de controle
para eliminar os possíveis riscos.
Essas medidas podem compreender a limpeza adicional do local, a verificação
de isolamento físico do trabalhador, ou ainda, a ventilação forçada do local (de
forma a eliminar os riscos detectados).

94
Módulo 7 - Procedimentos e Utilização da Permissão de Entrada e Trabalho

Uma vez que esses riscos forem minimizados, controlados ou eliminados e os


resultados dos novos testes forem considerados aceitáveis, é possível classifi-
car o local como espaço confinado controlado.

Lembre-se que a entrada em espaço confinado poderá ser


cancelada toda vez que for observada alguma condição que
gere risco à vida do trabalhador.

E quando todo este planejamento de entrada não sai como o esperado? A ela-
boração de um “plano b” também faz parte da NR 33. A seguir, você estudará
algumas alternativas de planos de emergência.

Seção 5 - Plano para situações de emergência


Apesar de toda a preparação e conhecimento levantado antes de permitir uma
entrada de trabalhadores em espaços confinados, as equipes também devem
prever procedimentos de emergência.
Este planejamento deve ser desenvolvido e discutido com todo o pessoal en-
volvido na entrada, inclusive os vigias. O plano deve contemplar, no mínimo,
as definições listadas a seguir:
 Quem solicitará ajuda em situação de emergência, e como deverá pro-
ceder neste caso?
 Como os trabalhadores serão socorridos e/ou removidos do espaço con-
finado?
 Como será realizado o combate a incêndio no espaço confinado?
 Quais recursos serão necessários em função dos riscos envolvidos?
Entre os recursos habituais, podem ser destacados os seguintes acessórios e
equipamentos:
 máscaras autônomas;
 máscaras com filtros;
 cintos do tipo paraquedista;
 cordas;
 macas;
 linhas de recuperação;
 lanternas;
 extintores e rede de hidrantes, mangueiras e outros
acessórios.
Quando você é responsável por uma entrada em local
confinado, frequentemente terá que fazer uma pergunta
iStockphoto ([20--?])

a si mesmo: “o acesso a este local é realmente necessário


e urgente?”. Responder a isso implica responder outras
questões, bem mais práticas. Observe:

95
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 É necessário entrar no espaço confinado para realizar o trabalho ou é


possível fazê-lo por fora do mesmo?
 Se for à noite ou se estivermos com pouca gente disponível, o trabalho
não pode ser adiado para amanhã durante o dia, ou quando tivermos
um grupo maior de pessoas envolvidas?
 Se as condições climáticas forem desfavoráveis, é possível adiar o traba-
lho até a melhora das condições?
 Se existe a pressão para realizar o trabalho da forma mais urgente possí-
vel, esta pressão está sendo administrada em conjunto com o responsá-
vel principal pela unidade?

Finalizando

Você está encerrando mais um módulo de


estudos. Uma recomendação final e resumida
sobre o que você estudou até agora: nunca se
iluda, e sempre observe o conjunto de fato-
res. Adiante-se na possibilidade de acidentes, e
nunca prossiga se o risco não puder ser en-
tendido e controlado. Lembre-se de que é a
saúde de seus colegas - e a sua própria - que
estarão sendo colocadas em risco, dia após dia.
E lembre-se sempre: quem entra no espaço
confinado não é aquele que aprova a entrada.
Ou seja, a corresponsabilidade entre todos os
membros da equipe precisa ser muito forte.

Anotações:

96
Módulo 7 - Procedimentos e Utilização da Permissão de Entrada e Trabalho

Anotações:

97
Noções de Resgate e Primeiros
Módu
Socorros lo

8
Seção 1 - Responsabilidades do empregador
Você já estudou que, apesar de focar todos os seus esforços na prevenção, a
Norma Regulamentadora 33 também prevê a elaboração de planos de emer-
gência. Ou seja, faz parte do treinamento do trabalhador autorizado o conhe-
cimento dos corretos procedimentos de resgate e dos equipamentos apro-
priados para essa necessidade.
Você sabia que, além da elaboração da Análise Preliminar de Riscos, o empre-
gador ainda precisa, por exemplo, realizar uma simulação real de perigo pelo
menos uma vez ao ano? Confira, a seguir, o que diz a NR 33 sobre as respon-
sabilidades do empregador quando o assunto é resgate e primeiros socorros.
33.4 - Emergência e Salvamento
NOR
MA
33.4.1 - O empregador deve elaborar e implementar pro-
cedimentos de emergência e resgate adequados aos espa-
ços confinados incluindo, no mínimo:
a. descrição dos possíveis cenários de acidentes,
obtidos a partir da Análise de Riscos;
b. descrição das medidas de salvamento e primei-
ros socorros a serem executadas em caso de
emergência;
c. seleção e técnicas de utilização dos equipamen-
tos de comunicação, iluminação de emergência,
busca, resgate, primeiros socorros e transporte
de vítimas;
d. acionamento de equipe responsável, pública ou
privada, pela execução das medidas de resgate
e primeiros socorros para cada serviço a ser rea-
lizado; e
e. exercício simulado anual de salvamento nos
possíveis cenários de acidentes em espaços
confinados. (BRASIL, 2012, p. 5).

Nesta situação de treinamento com simulação de operação de salvamento e


resgate, o empregador deve elaborar e implantar procedimentos de emergên-
cia e resgate apropriados ao espaço confinado da atividade.
Ainda dentro desta simulação, o empregador deve fornecer todos os equipa-
mentos e acessórios que possibilitem meios seguros de resgate. Os trabalha-
dores, por sua vez, devem ser treinados para situações de emergência e resga-
te. E as responsabilidades do vigia, você sabe quais são? Esse é o assunto da
próxima seção. Siga em frente!

Seção 2 - Responsabilidades do vigia


Em qualquer atividade em espaço confinado, é preciso fazer uma pergunta bá-
sica: o observador externo está pronto para resgate com radiocomunicador?
Ele é um colaborador-chave para este tipo de atividade, porque ele tem orien-
tações de trabalho descritas não apenas na NR 33, mas também na norma NBR
14.787, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

99
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Acompanhe, a seguir, os deveres do vigia, previstos na NBR 14.787.

 Conhecer os riscos e as medidas de prevenção que


possam ser enfrentadas durante a entrada, incluindo
informação sobre o modo, sinais ou sintomas e conse-
quências da exposição.
 Estar ciente dos riscos de exposição dos trabalhadores
autorizados.
 Manter continuamente uma contagem precisa do nú-
mero de trabalhadores autorizados no espaço confi-
nado e assegurar que os meios usados para identificar
os trabalhadores autorizados sejam exatos na identi-
ficação dos trabalhadores que estão no espaço con-
finado.
 Permanecer fora do espaço confinado, junto à entra-
da, durante as operações, até que seja substituído por
outro vigia.
 Acionar a equipe de resgate quando necessário.
 Operar os movimentadores de pessoas em situações
Diego Fernandes (2012)

normais ou de emergência.
 Manter comunicação com os trabalhadores para mo-
nitorar o estado deles e para alertá-los quanto à ne-
cessidade de abandonar o espaço confinado.
 Não realizar qualquer outra tarefa que possa compro-
meter o dever primordial, que é o de monitorar e pro-
teger os trabalhadores. (ABNT, 2001, p. 7).

As responsabilidades da empresa e do vigia estão claras para você? Então veja,


em seguida, as definições para um sistema de resgate seguro e efetivo.

Seção 3 - Sistemas de resgate


Toda empresa que tiver que executar uma atividade em um espaço confina-
do precisa ter um sistema de resgate adequado e colaboradores devidamente
treinados para executar tal operação.
A NBR-14.787 determina que: “Cabe ao Empregador ou seu Representante
Legal: implantar os serviços de emergência e resgate mantendo os membros
sempre à disposição, treinados e com equipamentos em perfeitas condições
de uso.” (BRASIL, 2001, p. 4).
Um dos sistemas de resgate mais usados para atividades em espaços confina-
dos é o conjunto de tripé com guincho ou com 3Way. O 3Way é um equipa-
mento que sobe, desce e trava automaticamente, enquanto o guincho ape-
nas sobe e desce. Para fixar-se ao trabalhador, o tripé emprega a cadeirinha
metálica ou o cinto de segurança especial presos ao sistema de recuperação.
Observe!

100
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros

Figura 27 - Tripé e sistema 3Way

FabriCO (2008); Diego Fernandes (2012)


Um sistema de resgate deve atender ao requisito de facili-
tar a retirada de pessoas do interior de espaços confinados
sem que a equipe de resgate precise adentrar neles. Podem
ser utilizados movimentadores individuais de pessoas, des-
de que não prejudiquem a vítima e atendam aos princípios
dos primeiros socorros.

O resgate é uma situação importante e, para isso, o preparo é fundamental!


Conheça, agora, as regras básicas de primeiros socorros.

Seção 4 - Primeiros socorros – regras básicas


Você sabe o que são primeiros socorros? É o atendimento imediato que se dá a
um acidentado ou portador de mal súbito, antes da chegada do médico.
Acompanhe o que a NR 7 determina.

[...] todo estabelecimento deverá estar equipado com ma-


terial necessário à prestação de primeiros socorros, consi-
derando-se as características da atividade desenvolvida;
mantendo esse material guardado em local adequado, aos
cuidados de pessoa treinada para esse fim. (BRASIL, 2011,
p. 5).

Para esse atendimento, é importante que sejam seguidas as seguintes regras


básicas.

Manter a calma, afastar os curiosos e agir com rapidez e


segurança.
Colocar a vítima deitada de costas, com a cabeça ao ní-
vel do corpo. Se o rosto começar a ficar congestionado
(vermelho), conservar a cabeça levantada, colocando
um pano embaixo.
Se tiver vômitos, voltar a cabeça da vítima para um dos
lados. Isso evita que o vômito chegue até os pulmões.

101
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Se estiver inconsciente, retirar dentadura, comida, lama


ou outros objetos da boca. Manter a língua do acidenta-
do esticada para evitar a sufocação, colocando um pano
dobrado na nuca.
Desapertar as roupas e tirar sapatos, cintos, gravatas ou
qualquer outra coisa que possa prejudicar a circulação.
Não remover a vítima, enquanto não tiver uma ideia pre-
cisa da natureza e extensão de seus ferimentos e sem,
antes, prestar os primeiros socorros.
Evitar fazer a vítima sentar ou levantar.
Verificar o estado da vítima, removendo a roupa com
cuidado, quando necessário.
Se a vítima estiver consciente, perguntar o que ela sen-
te. Se houver hemorragias graves ou parada respiratória,
agir com a maior urgência.
Não tentar dar de beber à pessoa que estiver inconscien-
te.
Nunca dar bebidas alcoólicas.
Em caso de suspeita de fratura ou luxação, não fazer
massagem, nem mudar a posição da vítima. Imobilizar
o local atingido na posição correta. Se a fratura for na
coluna, transportar a vítima em leito rijo.
Em caso de queimaduras, não aplicar óleo, pasta de den-
te ou qualquer outra coisa. Não mexer em ferimentos
com sangue já coagulado.
Acalmar a vítima e não deixá-la ver os ferimentos. (SA-
FONS; PEREIRA, 2007, p. 100-101).

Além disso, há outras medidas importantes a se tomar quando há um aciden-


tado no ambiente. Acompanhe!
 evitar hemorragias;
 manter a respiração;
 proteger as áreas queimadas;
 transportar com cuidado;
 manter os ossos fraturados o mais próximo da posição
normal;
 inspirar confiança;
 evitar pânico. (IVANNE, 2011, p. 5).
São muitas regras, não concorda? Mas, se você parar para pensar, muitas delas
são baseadas no simples bom senso. Na próxima seção, você conhecerá os
procedimentos específicos a serem tomados de acordo com o tipo de aciden-
te. Pronto para continuar? Ainda tem muita coisa importante aguardando por
você!

Seção 5 - Tipos de emergências


Você sabe o que fazer quando: um colega seu sofreu uma queimadu-
ra; alguém caiu de uma escada e sofreu uma fratura; alguém foi pi-
cado por um animal peçonhento. Não? Confira nas páginas a seguir
as principais regras de primeiros socorros específicas para cada tipo
de emergência!
iStockphoto ([20--?])

Ferimentos
Os ferimentos no ambiente de trabalho são mais comuns do que
possa parecer.

102
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros

Não é difícil deparar-se com um colega de trabalho que sofreu um corte em


função de uma atividade laboral. “Sempre que ocorrer um ferimento haverá
uma hemorragia, que é a perda de sangue, em maior ou menor quantidade,
devido ao rompimento de um vaso (veia ou artéria).” (SENAI/ES; CST, 1996, p.
82).
Dependendo da gravidade do ferimento existem condutas diferentes a seguir.
Acompanhe o que deve ser feito em cada caso.
Segundo SENAI/ES e CST (1996), em ferimentos leves ou superficiais deve-se
lavar a parte atingida com água e sabão. Depois, fazer um curativo com gaze
e esparadrapo. Em ferimentos extensos e profundos, é preciso controlar a he-
morragia usando uma compressa e encaminhar a vítima imediatamente ao
médico. Entretanto, se os ferimentos forem nos membros superiores ou infe-
riores e com grande hemorragia, deve-se levantar a parte atingida e manter as
compressões.

Queimaduras
As queimaduras também são outro tipo de acidente que
ocorrem com frequência no ambiente laboral. Elas po-
dem ocorrer em função de um contato com uma chama,
brasa, líquidos quentes, materiais superaquecidos, ou en-
tão, com substâncias químicas.
Segundo Kranzfeld (2007, p. 45),

iStockphoto ([20--?])
queimadura é a lesão de uma ou
mais regiões do corpo, provocada
pela ação do calor sobre o organis-
mo. [...] As queimaduras podem ser
de 1º, 2º e 3º graus. As de 3º grau
são as mais graves. Uma só pessoa
pode apresentar, ao mesmo tempo,
queimaduras de 1º, 2º e 3º graus.

Lembre-se de que a gravidade da queimadura não é medida


apenas pelo grau (1º, 2º ou 3º), mas também pela sua exten-
são na pele.

Para socorrer um trabalhador que sofreu uma queimadura, deve-se observar


uma série de fatores, que você confere a seguir.
 Colocar a vítima deitada de costas e com a cabeça em
nível mais baixo do que o do corpo.
 Se a vítima estiver consciente, dar bastante líquido
para beber, mas nunca bebidas alcoólicas.
 Colocar panos limpos umedecidos sobre a parte quei-
mada.
 Dar, se existir e se conhecer, medicamento contra dor.

103
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

 Não passar nenhuma substância como óleo, graxa,


pasta de dentes ou qualquer medicamento.
 Não furar as bolhas. Não colocar pano sujo ou as mãos
sobre as bolhas.
 Procurar sempre um médico.
 Em casos de queimaduras por agentes químicos, lavar
a parte afetada com água e proceder como em quei-
maduras de outros tipos. (KRANZFELD, 2007, p. 45-46).

Fraturas
Muitos trabalhadores também sofrem quedas em seu ambiente
de trabalho, que podem provocar pequenas ou grandes fraturas.
Segundo Kranzfeld (2007, p. 46),

fratura é uma lesão em que ocorre descontinuamento da


Comstock ([20--?])

superfície óssea, isto é, a quebra de um osso do esqueleto


humano. Ela pode ser simples, sem ferimento da pele, ou
exposta, com ferimento da pele através do qual o osso fica
exposto.

E você sabe o que fazer para socorrer um colaborador que sofreu uma fratura?
Acompanhe, na sequência, a conduta correta em caso de fraturas.

 Impedir o deslocamento das partes quebradas para


evitar maiores danos.
 Colocar o membro acidentado na posição o mais nor-
mal possível, sem desconforto.
 Improvisar talas para a imobilização. As talas devem
cobrir as duas articulações que movimentam o osso
atingido e devem ser acolchoadas para não machucar
o membro. Amarrar as mesmas com ataduras ou tiras
de pano, sem apertar muito. (KRANZFELD, 2007, p. 46).

Em caso de fraturas expostas, deve-se cobrir a parte afetada com gaze ou pano
limpo. Jamais desloque ou arraste a vítima até que a região afetada seja imo-
bilizada, a não ser que o ambiente apresente algum risco iminente de novo
acidente, como por exemplo: explosão, liberação de gás tóxico, desabamento
etc. Nos casos em que se suspeite de entorse ou luxação, a conduta é a mesma
de fraturas não expostas.

Quando houver suspeita de fratura de coluna, deve-


se:
[...] transportar o acidentado com uma
maca e evitar o flexionamento do tron-
co. Nunca transporte a vítima em arco,
isto é, pelos braços e pernas. O transpor-
te deve ser feito por deslizamento por
duas ou três pessoas, apoiando-se as
mãos nas coxas, nádegas, zona afetada
e dorso da vítima. (KRANZFELD, 2007, p.
47).

104
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros

Parada respiratória – respiração artificial


Outra situação crítica que pode ocorrer no ambiente de trabalho é a parada
respiratória repentina de um colaborador. Isso pode ocorrer em função de
uma série de ocorrências como, por exemplo:

Quando uma pessoa cai, se afoga, é soterrada ou leva um


choque elétrico, pode sofrer uma parada respiratória. Nes-
tes casos, a vida dessa pessoa pode ser salva fazendo-se a
respiração boca a boca. (KRANZFELD, 2007, p. 47).

Atualmente, esse procedimento não é mais tão indicado, entretanto, ainda é


bastante utilizado. E, você sabe como proceder para reanimar a pessoa nesse
caso? Não? Então acompanhe os procedimentos descritos a seguir. Mas, lem-
bre-se de que não é um procedimento difícil, desde que sejam atendidas as
seguintes recomendações.

 Deitar a vítima de costas e afrouxar todas as suas roupas.


Depois, inclinar a cabeça de lado, tirando o que estiver
dentro da boca, como dentadura, alimentos, saliva e água.
 Inclinar a cabeça para trás e colocar debaixo do pescoço
uma roupa dobrada ou uma peça macia a fim de ajudar a
passagem do ar.
 Apertar o nariz da vítima para não deixar o ar sair e abaixar
o queixo para que o ar entre.
 Tomar fôlego, colocar a boca sobre a boca da vítima e so-
prar até aparecer a elevação do peito. Pode-se fazer isto
também pelo nariz. Nesse caso, fechar a boca da vítima.
 Tirar os lábios da boca da vítima para não deixar o ar sair
dos pulmões.
 Repetir a mesma operação, 10 a 12 vezes por minuto (nas
crianças até 20 vezes, mas não tão profundamente) até
que a vítima volte a respirar normalmente.
 Não parar a respiração boca a boca até ter certeza de que
a pessoa está totalmente recuperada ou até que o médico
mande parar. (KRANZFELD, 2007, p. 47).

Caso você não queira manter um contato direto com a boca


do acidentado, coloque um lenço sobre o nariz ou boca,
pois isso evita o contato direto, mas não impede a passagem
do ar. Também nestes casos pode-se usar o ambu para não
ter o contato com a boca. Para cada vítima há um tipo de Ambu
respirador: adulto, criança e para recém-nascidos. Esse pro- É um respirador mecâni-
cedimento tem o objetivo de manter o sistema respiratório co em forma de “balão”
funcionando até a chegada do paciente à unidade de saúde. que auxilia na respiração
em uma possível parada
respiratória.

105
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Figura 28 - Ambu

Thinkstock (2014)
Parada cardíaca
Você sabe o que é uma parada cardíaca e sabe como proceder nestes casos?
Veja o que diz Kranzfeld (2007, p. 48), sobre isso: “uma pessoa tem parada car-
díaca quando o coração para de bater”. Para socorrê-la, é preciso realizar a res-
piração boca a boca, como você aprendeu anteriormente e, adicionar os movi-
mentos de recuperação, como segue:
deitar a pessoa em uma superfície firme e dura;
apoiar a palma da mão sobre a altura do coração e co-
locar a outra apoiada sobre a primeira;
calçar, com as mãos, o peito da vítima, fazendo força
para baixar o peito. Fazer esse movimento cinco vezes
e parar por alguns instantes. Nesse instante, o auxiliar
deverá realizar o movimento de respiração artificial;
não parar a massagem por mais de cinco segundos. O
intervalo para descansar não pode passar de cinco se-
gundos;
continuar os movimentos de recuperação e a respira-
Stockbyte ([20--?])

ção boca a boca até que a vítima volte a respirar e o


coração comece a bater normalmente. (KRANZFELD,
2007, p. 48).

Para controlar ou medir esse tempo, basta falar pausada-


mente em voz alta 101, 102, 103, 104 e 105.

Convulsões
Ver uma pessoa sofrendo uma convulsão pode assustar um pouco e deixar a
pessoa que vê a cena sem ação. Por isso, deve-se estar preparado para prestar
os primeiros socorros a estas vítimas para não prejudicar ainda mais a saúde
desse trabalhador. Bem, antes de sabermos o que fazer, é preciso saber o que
vem a ser uma convulsão:

106
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros

Convulsão é quando uma pessoa tem um “ataque” ou con-


tração dos músculos, geralmente acompanhado da per-
da de consciência. A vítima normalmente cai, agita todo
o corpo, com batimentos da cabeça, braços e pernas, e a
sua face fica contorcida, normalmente com olhos revira-
dos para cima e salivação abundante. Após a convulsão,
a pessoa entra em sono pesado. (KRANZFELD, 2007, p. 49).

Neste tipo de situação, deve-se tomar algumas providências rapidamente.


Acompanhe:
 evitar, se possível, a queda da vítima contra o chão;
 colocar um pano entre os dentes para que a vítima
não morda a língua;
 proteger a cabeça, braços e pernas para que não fi-
quem machucados;
 evitar estímulos como sacudidas, aspiração de vina-
gre, álcool ou amoníaco;
 não jogar água sobre a vítima;
 não ficar com medo da salivação abundante. (KRAN-
ZFELD, 2007, p. 49).

Desmaios
Os desmaios podem ocorrer com muita frequência no ambien-
te de trabalho, e alguns deles são decorrentes de fatores como,
por exemplo: alimentação incorreta ou insuficiente, exposição
a altas temperaturas, fortes emoções etc. Porém, alguns des-
maios podem advir de fatores bem mais sérios e demonstram
claramente que a saúde do trabalhador não está em ordem.

Igorr1 ([20--?])
Segundo Kranzfeld (2007, p. 49), “desmaio é a perda da cons-
ciência, caracterizada, geralmente, por sensação de vazio no
estômago, enjoo, suor abundante, escurecimento das vistas e
palidez.”
Veja qual conduta pode ser tomada no caso de desmaio.
Caso você se depare com uma pessoa que sofreu um desmaio, tome as seguin-
tes providências:
 coloque a vítima deitada, com a cabeça em nível mais
baixo do que o do corpo, para melhorar a circulação
do sangue no cérebro;
 afrouxe as roupas;
 ao voltar à consciência, dê líquidos açucarados, mas
nunca bebidas alcoólicas;
 se não voltar à consciência em poucos minutos, cha-
me o médico o mais rápido possível. (KRANZFELD,
2007, p. 49).

Os principais causadores de desmaio são o jejum prolonga-


do, crises nervosas e queda de pressão.

107
NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - Supervisores de Entrada

Envenenamentos
Outro acidente que pode ocorrer no ambiente profissional é o envenenamen-
to, que nada mais é do que “a ingestão ou intoxicação por substâncias estra-
nhas e agressivas ao organismo.” (KRANZFELD, 2007, p. 50). Acompanhe, a se-
guir, os procedimentos corretos para atender esse tipo de situação.
 Transportar a vítima ao pronto-socorro. Tem que ser
rápido para que o organismo não tenha tempo de ab-
sorver o veneno.
 Não deixar a vítima andar. O esforço físico auxilia a ab-
sorção do veneno.
 Se desconhecer a natureza do veneno, não se deve
dar leite.
 Não dar óleo comestível, pois poderá apressar a absor-
ção de certos venenos.
 Se o veneno for corrosivo, ou se a vítima estiver in-
consciente, não provocar o vômito. (KRANZFELD,
2007, p. 50).

Picadas de animais peçonhentos


No Brasil existem muitas espécies de cobras e animais peçonhentos. Se-
gundo Grego (2009),

no mundo existem por volta de 2.930 espécies de cobras


ou serpentes. O Brasil abriga 321 delas – aproximadamen-
te 10% do total –, das quais apenas 36 são peçonhentas. As
Hemera ([20--?])

serpentes peçonhentas brasileiras são divididas em duas


famílias: Viperidae e Elapidae.

Além das cobras, existem ainda as aranhas, escorpiões, e outros animais com
veneno capaz de colocar em risco a saúde e a vida do trabalhador. O veneno
destes animais, transmitido por um contato físico (normalmente um ataque),
causa dor, edema, sudorese, tremores, insuficiência renal ou respiratória, in-
chaço, calor, sangramento, bolhas e gangrena no local da picada. Segundo
Estadão (2010), de acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2009
houve 90.558 notificações de acidentes com animais peçonhentos em todo o
Brasil. Os dados indicam ainda que acidentes com esses animais foram respon-
sáveis por 309 mortes no país em 2009.
Para que não ocorra esse tipo de acidente, deve-se evitar andar descalço, usar
botas até os joelhos, não colocar a mão em buracos escuros e jamais mani-
pular serpentes, por mais inofensivas que pareçam. Além disso, é importante
manter o ambiente de trabalho limpo e livre de entulhos, detritos ou restos de
alimentos que atraiam os ratos - pois onde eles estão, as cobras aparecerão,
afinal são sua fonte de alimento.
Veja, agora, como ajudar vítimas de envenenamento por animais peçonhen-
tos.

108
Módulo 8 - Noções de Resgate e Primeiros Socorros

Não amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a cir-


culação do sangue, podendo produzir necrose ou gan-
grena.
Não colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer
produto na picada.
Não cortar ou chupar o local da picada.
Não dar bebida alcoólica ou querosene ao acidentado.
Manter o acidentado em repouso, evitando que ele
ande, corra ou se locomova, o que facilita a absorção
do veneno. No caso de picadas em braços ou pernas, é
importante mantê-los em posição mais elevada.
Levar o acidentado para o centro de tratamento mais
próximo, para receber soro próprio (substância que
neutraliza o veneno). (LOPES, [200-?]).

Finalizando
E aqui você encerra o último módulo de
estudos deste curso! Nesta etapa, você
conheceu a importância de um sistema
de resgate seguro durante o trabalho em
ambiente confinado. Aprendeu também as
responsabilidades compartilhadas entre
empregador e vigia autorizado a acompa-
nhar a atividade. Por fim, estudou também
os cuidados que são necessários para pres-
tar os primeiros socorros a vários tipos de
emergências. Esperamos que você tenha
aproveitado seus estudos e tirado todas as
dúvidas com seus colegas ou com o profes-
sor. Caso contrário, este é o momento para
fazer isto! Então, faça um bom trabalho com
segurança e até a próxima!

Anotações:

109
Finalizando

Parabéns, caro aluno!


Você está encerrando o curso de segurança no trabalho em espaços confina-
dos! Durante todo este tempo, aprofundou conhecimentos sobre normas e
procedimentos corretos para que o trabalho em ambiente confinado seja feito
com segurança e sem incidentes.
O objetivo de um profissional que trabalha nestas condições é sempre trans-
formar um espaço confinado em ambiente controlado, e você aprendeu que
para que isso se torne realidade, é necessária a participação de todos os envol-
vidos, ou seja, colaborador, empregador, vigia, trabalhador autorizado, super-
visor de entrada, entre outros. Sendo que cada um deve exercer a sua parte, e
a segurança de todos depende desta responsabilidade compartilhada!
Você aprendeu que espaços confinados não são áreas comuns de trabalho, e
agora está preparado para garantir a segurança do ambiente enquanto exerce
a sua função.
Portanto, mãos a obra! Desejo-lhe saúde e sucesso profissional com serviços
qualificados e responsáveis!
Paulo Roberto

111
Referências

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR


14787:2001 – Espaço confinado – Prevenção de acidentes,
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ago. 2012.
 _____. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 07 - Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional. Brasília, 2011. Disponível
em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E21660130
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 _____. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 09 - Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais. Brasília, 1994. Disponível em: <http://
portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF-1CA0393B27/
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 _____. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 33 - Segurança
e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. Brasília, 2012.
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114
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Certificação de Pessoal de Manutenção. Mecânica: Procedimento
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pt.scribd.com/doc/25218942/40/Ferimentos>. Acesso em: 27 ago.
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Recomendações, seleção e uso de respiradores. Anexo 6. São Paulo:
FUNDACENTRO, 2002. Disponível em: <http://www.fundacentro.
gov.br/dominios/CEPR/anexos/Curso%20Protecao%20Respiratoria/
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Disponível em: <http://www.criffer.com.br/imagens/artigos_tecnicos/
Curso_agentes_quimicos.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
 VIEIRA, Antonio Vladimir. Segurança Química: Equipamentos
de Proteção Respiratória. In: Curso de SEGURANÇA QUÍMICA.
2011. Disponível em: <http://unesp.br/costsa/mostra_arq_multi.
php?arquivo=8297>. Acesso em: 29 ago. 2012.
 _____. Proteção Respiratória. In: Curso de Proteção Respiratória.
Londrina/PR: FUNDACENTRO, 2012. Disponível em: <http://www.
fundacentro.gov.br/dominios/CEPR/anexos/Curso%20Protecao%20
Respiratoria/Apresentacao.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2012.

115
Anexos
Anexo 1
Quadro 6 - Permissão de Entrada e Trabalho (modelo alternativo)

data de revisão
25-01-2007
Permissão de entrada em espaço confinado Fonte
NBR - 14787:2001
e NR 33:2006
Nome da empresa Local do espaço confinado Espaço confinado nº
Data e horário Trabalho a ser
Data e horário de emissão
de término realizado
Trabalhadores autorizados Equipe de resgate
1. 1.
2. 2.
3. 3.
Supervisor de entrada
Nome Assinatura

Procedimentos que devem ser completados antes da entrada


1. Isolamento S( ) N( )
2. Teste inicial de atmosfera

Horário Inflamáveis Gases/vapores Poeiras/fumos/névoas


Oxigênio tóxicas
tóxicos
___h ___% O2 ___% Luz ___com ___mg/m2
Nome legível do supervisor de entrada Assinatura do supervisor de entrada

3. Bloquio, travamento e etique-


N/A ( ) S( ) N( )
tagem
4. Purga e/ou lavagem N/A ( ) S( ) N( )
5.Ventilação / exaustão - tipo e
N/A ( ) S( ) N( )
equipamentos
6. Teste XXXC ventilação e
isolamento
Gases/vapores Poeiras/fumos/névoas
Horário Oxigênio Inflamáveis
tóxicos tóxicas
___h ___% O2 ___% Luz ___com ___mg/m2
Nome legível do supervisor de testes Assinatura do supervisor de testes

7. Iluminação geral N/A ( ) S( ) N( )


8. Procedimentos de comunica-
N/A ( ) S( ) N( )
ção
9. Procedimentos de resgate N/A ( ) S( ) N( )
10. Procedimentos e proteção
N/A ( ) S( ) N( )
de movimento vertical

116
SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL SC

Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional


Ana Lúcia Magnani
Luciano Blauth

Coordenação do Projeto
Morgana Machado Tezza

Especialista em Educação a Distância


Magrit Dorotea Döding
Daiani Machado

Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Coordenação de Educação a Distância


Beth Schirmer
Morgana Machado Tezza

Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos


Gisele Umbelino
Daiani Machado

Elaboração
Paulo Roberto Perucci

Revisão e Atualização - 2. ed.


Juliana Carla Hobi Schmitt
Lilian Elci Claas

Revisão e Atualização - 3. ed.


Vilmar Roque de Lima

Projeto Educacional
Angela Maria Mendes
Israel Braglia

Projeto Gráfico
Jean Carlos Klann

Design Educacional
Daiana Silva

Ilustrações e Tratamento de Imagens


Diego Fernandes
D’Imitre Camargo Martins
Luiz Eduardo de Souza Meneghel
Paulo Cordeiro Lisboa

Diagramação
Jean Carlos Klann

Ficha Catalográfica
Patrícia Correa Ciciliano
CRB: 14/752

Revisão Ortográfica, Gramatical e Normativa


Ana Balbina Madeira de Oliveira

117

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