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MAFFESOLI, Michel. A ordem das coisas; pensar a pós-modernidade.

Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2016. xi, 261 ISBN 9788530966058.

“analogia disputa com a metáfora” Pág. 25


“o saber como sabor” Pág. 26
“apreciar o mundo como ele é” Pág. 26
“ouvir é inseparável de vibrar” Pág. 27
“angústia da morte” Pág. 28
“reinos vazios” (Virgílio) Pág. 166
“tribunal da vida” Pág. 167
“torna a vida estranha a ela mesma” Pág. 167
“o mito do Progresso” Pág. 183
“A dialética é apenas um dualismo camuflado.” Pág. 207
“enraizamento dinâmico” Pág. 214

“Qual é o segredo que se esconde sob a letra? (...) Ou seja, ver em que todo fenômeno é
uma ilustração das estruturas fundamentais que constituem a coisa humana. Enfim, a
interpretação hermenêutica faz sobressair como, em dado momento, o simbólico vai
atualizar-se. O atual sendo uma encarnação do que é substancial.”
29 ¶ 1

“Em todas as culturas, encontra-se tal necessidade: a preocupação com denominações


exatas. E por mais paradoxal que isso possa parecer, é a primeira exigência de um
governo.”
31 ¶ 2

“nessas creches de crianças atrasadas que se tornaram as universidades”


35 ¶ 2

“Essa lógica “contraditória”, lógica do “terceiro dado”: pode-se ser isso e aquilo, tal
fenômeno é plural, conjuntivo... remete a essa imemorial sabedoria popular, do qual é
habitual desconfiar (ou escarnecer).”
36 ¶ 2

“E isso em oposição ao mecanismo de redução que foi a marca de fábrica do Ocidente


moderno, e que, de fato, lhe permitiu assegurar-se da hegemonia que se conhece.
Completude, ou seja, enriquecimento da razão pelos sentidos; ou ainda,
complementaridade do espírito e do corpo”
39 ¶ 3

“Resumindo, tudo o que, de uma maneira ou de outra, lembra que o irreal é constitutivo
do Real, que o sonho é uma parte importante de nossa natureza humana, que o lúdico
não está acantonado no mundo da infância, mas que se mantém, como um fio vermelho,
ao longo de nossa existência. Acontece que o ‘preço das coisas sem preço’ está
encontrando um surpreendente vigor no ciclo pós-moderno que se inicia atualmente.
‘Consenso’ que nada mais é que a partilha dos sentimentos, que o campo magnético
onde se exercem as atrações sociais.”
41 ¶ 4
“A gênese e o declínio de tudo constituem o infinito. A ordem das coisas repousa sobre
isso.”
42 ¶ 3

“Mas a coragem dos espíritos livres anda ao lado da confiança em relação ao que é.
Confiança na alteridade; seja o outro do grupo, o outro da natureza ou o outro do
sagrado. É essas duas características – coragem e confiança – que se reconhece que um
pensamento não está assujeitado.”
48 ¶ 2

“Em resumo, o Real é prenhe de possibilidades. Ele é a cristalização dos sonhos,


fantasmas, fantasias, pelos quais nossa pobre ‘humanidade’, a longo prazo, exprimiu
esperanças, medos e diversas ilusões, que constituem a cultura, isto é, o terreno a partir
do qual pode nascer, crescer, e desenvolver a vida coletiva.
A realidade seria um social de dominante racional. O Real, quanto a ele, remeteria a um
societal onde o emocional dividido desempenha um papel primordial.”
162 ¶ 1

“E é por meio das imagens, ou graças a elas, que se pode apreender o Real em sua
inteireza. Há até uma noção, proposta por Henry Corbin ou Gilbert Durand: ‘imaginal’,
que exprime bem a dimensão englobante e o aspecto fecundador das imagens, da
imaginação, do imaginário na estruturação fundamental do viver-junto. É a partir do
‘imaginal’ que se pode compreender o paradigma matricial onde toma corpo uma
sociedade. O mesmo se dá com uma ‘episteme’, pela qual representações e organizações
estruturam uma civilização. Em resumo, o jogo das imagens está na origem desses
princípios geradores, diretores, organizadores, que animam profundamente o corpo
social. Para dize-lo em uma fórmula estalando de sentido, a ‘forma é formante’.”
162 ¶ 3

“O Real é plural, complexo, completo e mais que um conceito, que tem por ambição
esgotar o que ele designa, explicá-lo em sua totalidade, a imagem, a figura, a metáfora
(e pode-se ainda encontrar outras noções) se contenta em abordar um aspecto do
enigma. Ela levanta um canto do véu. É isso a verdade como desvelamento (alétheia)
que deixa o mistério humano em sua inteireza. Pois é a partir de tal mistério que
começam o pensamento, a poesia e outras vibrações comuns, causas e efeitos da vida
coletiva. Os sociólogos falam, a esse respeito, de ‘sintonia’ para designar esse ‘animal
que troca’ que é o homem.”
163 ¶ 2

“E é tal causalismo, a maior parte do tempo inconsciente, que permanece em ação na


explicação do mundo própria à sistemática moderna”
163 ¶ 3

“A compreensão dessas formas permite reconhecer que dois fatos históricos distantes no
tempo podem ser contemporâneos. (...) Ou seja, um estado de espírito, uma atmosfera
mental barroca que pode encarnar-se em momentos diferentes das diversas épocas da
humanidade.”
164 ¶ 2
“Oswald Spengler, por sua vez, falando de ‘pseudo-morfoses’, destaca as semelhanças
entre Cristo e Buda (...). Ou ainda, em que Pitágoras pode ser considerado
‘contemporâneo’ de Descartes.”
164 ¶ 3

“Trata-se aí de um esclarecimento singular que mostra que, além ou aquém de uma


realidade efêmera e reduzida a uma só dimensão histórica, a de um social unilateral,
esse Real transcende o tempo. Ele é plural por essência e, em um ‘eterno retorno’,
permite atualizar, isto é, tornar presente, uma ou outra estrutura antropológica que é
arquetipal. É isso a sucessão morfológica: nada é ultrapassado, mas pode renascer, sob
uma forma similar, sempre e de novo.”
164 ¶ 4

“Com apoio do desenvolvimento tecnológico, tal ‘virtual’ é de uma rara riqueza. É aí


que se exprimem as solidariedades e generosidades de base. É nessas potencialidades
virtuais que se inventa a vida pós-moderna.”
165 ¶ 2

“A figura emblemática que domina no apogeu da modernidade, o século XIX, é a figura


do adulto sério, racional, produtor e reprodutor. Para essa figura, o que importa é a
prevalência da economia, do quantitativo. O ideal de vida sendo a partir de então a
satisfação das necessidades materiais. O resto, vindo, acessoriamente, de acréscimo. (...)
É interessante observar que a figura emblemática do adulto racional e produtor é
também contaminadora.”
166 ¶ 2

“É essa ampliação relativista, isto é, a colocação em perspectiva plural da vida, que é o


coração pulsante do Real.”
168 ¶ 2

“Pois ‘os conceitos que as ciências humanas inventam para pensar se tornam
rapidamente automatismo que impedem de pensar e cujo uso mecânico mascara a
descoberta’. Tais automatismo vêm dessa lógica binária que foi a especificidade dos
Tempos modernos ocidentais. E, é preciso dize-lo, garantiu sua performatividade e, até
mesmo, sua hegemonia no mundo inteiro.”
168 ¶ 3

“(...) chamam uma lógica ‘contraditorial’. Ou seja, uma lógica que reconhece a
coerência das disparidades. Por exemplo, muito concretamente, a importância dos
afetos, dos humores, e outros fatores emocionais, na vida política, economia e, é claro,
quotidiana.”
169 ¶ 2

“Eis o tripé da lógica contraditorial (...) a multiplicidade antagonista e o paradoxo


criador que é a pessoa pós-moderna que não se reconhece mais em um indivíduo, uno e
indivisível, próprio à época pós-moderna.”
169 ¶ 3
“Ao contrário disso, o que sub-repticiamente está emergindo é um homem plural, com
‘identificações múltiplas’, tendo, poder-se-ia dizer, o dom de ubiqüidade. Ele é o
mesmo tempo isto e aquilo, ele está aqui e lá.”
170 ¶ 1

“É freqüente surpreender-se com repetições de uma obra digna desse nome. E que ela
seja teórica, musical, pictural etc.Repetições só dizem e redizem a redundância do Real.
Repetições rejeitam o ‘sistema’ porque o pensamento autêntico é um perpétuo
recomeço. Sua arte é um perpétuo vaievém, e isso à imagem do fluxo e refluxo da vida,
e sendo a retórica social sua expressão.”
173 ¶ 1

“O polissicrentismo religioso, o multilateralismo da geopolítica, o latudinismo societam


comprovam isso. Em todos esses domínios, o que prevalece é não uma hegemonia única
e monovalente, mas a coincidência, mais ou menos coerente, de valores plurais. Para
dizê-lo em termos imagéticos, um mosaico onde cada peça do conjunto conserva sua
forma, sua cor, sua estrutura, integrando-se, tão bem quanto mal, ao equilíbrio do
conjunto. Harmonia conflitual não sendo fácil de viver, mas que, além da ‘redução’ dos
tempos modernos, traduz a dinâmica de uma vida viva, isto é, exuberante!”
173 ¶ 2

“É a força dos opostos que constitui a energia de ser o que se é. E isso tanto concerne à
estrutura individual quanto à organização societal.”
175 ¶ 2

“(...) quando se satura da sociedade mecanicista (modernidade), se assiste à


revivescência da comunidade orgânica (pós-modernidade)”
176 ¶ 1

“(...) a não mais pensar a realidade, mas mostrar que é o Real que nos pensa. O que não
é simples paradoxo. Pois essas descobertas científicas fazem atentar para um espaço e
um tempo indefinido em uma cosmogênese em perpétuo devir. (...) Eis o que nos
introduz a uma ‘ecosofia’, isto é, em uma sabedoria ambiental e, portanto plural, na qual
a pessoa e a tribo são apenas o eco de uma tradição que vem de muito longe, e que
repousa sobre uma correlação constante do homem e do mundo.
Eis bem colocada uma outra maneira de encarar a relação entre ‘as palavras e as coisas’,
a teoria e a práxis, o sonho e a realidade Eterno problema sua ligação e sua mútua
fecundação!”
178 ¶ 4

“Perecer para sai fim de renascer para o Outro. Entendo aqui este aspecto multiforme da
alteridade que é o outro da comunidade, o outro da natureza, na verdade o outro do
sagrado.”
180 ¶ 1

“Donde a necessidade de desconstruir essas teorias a fim de permitir ao Real mostrar-se.


Foi o desafio da fenomenologia que consistiu em reaprender a percepção das coisas.”
181 ¶ 2
“(...) o Real, sem seu aspecto complexo e plural é a expressão do arquétipo. Ficando
entendido que a atitude arquetipal, assim como nos parece nos contos e lendas, assim
como nas mitologias o mostram à vontade, é essencialmente uma adesão à vida (...)”
182 ¶ 4

“Recordar-se! Eis o que funda a progressividade. Ou seja, que além ou aquém da


simples explicação, colocando no plano e desraizando, o caminho de pensamento
autêntico se dedica a implicar: nesta terra e com os que aí vivem.”
184 ¶ 1

“A partir de então, não é o caso de esperar algum mundo reservado que seja, político ou
religioso, mas de conformar-se com este. Não querer extirpar o mal, mas homeopatizá-
lo. Não procurar a perfeição, erradicando o pecado, mas viver da melhor maneira a
completude do ser: a do claro-obscuro da existência. (...) Tal estoicismo, que é um
fundamento da sabedoria popular, não padece de falta de grandeza.”
184 ¶ 2

“Assim como o observa Monsenhor Joseph Holzner em seu livro erudito sobre Paulo de
Tarso: ‘Quem dirá a gênese de um canto ou uma epopéia? Ou a das lendas com eterno
frescor? Elas nascem na alma popular, e quando elas eclodem, um grande poeta, um
gênio saído do povo, se apodera dela e lhes dá uma forma e um nome.’ (...)
Basta, em alguns momentos, saber dizer, o mais belamente possível, o que está ‘em
todas as cabeças’, e o que palpita em todos os corações.”
188 ¶ 2

“(...) antiga memória: todos os sentidos, os sentidos de todos. Saber plural, saber
coletivo. Conhecimento que procede de através’. Ou seja, que integra o imprevisto, o
anacrônico, na verdade o que é anômico. Saber experencial também, que utiliza as
práticas ancestrais e as técnicas cumuladas ao longo das gerações.
O viés, no que ele coloca em jogo vários eixos (bi axis), não tem nenhum medo do
misterioso, da sombra, da estranheza. Todas as coisas que o racionalismo dos tempos
modernos tinha rejeitado ou, pelo menos, suspeitado. Eventualmente, acantonadas na
criação poética ou literária. (...) É essa estranha estranheza que explode, sem limitação,
em todos os domínios que convém pensar. ”
188 ¶ 3

“(interior do nada) é o que dá o ser, que me dá ser.”


190

“Via que é estranha: o outro me nega e, ao mesmo tempo, me dá a ser. O paroxismo


amoroso é seu exemplo acabado. A vida social repousa sobre isso. Está-se no cerne do
Real que apela, de facto, para um saber comunitário.”
190 ¶ 1

“Não é a consciência de si e, portanto, do mundo que é primeira, mas, sim, o exterior a


si, o Si mais vasto constituindo o mundo natural e social. (...) Essa ecosofia – interação,
reversibilidade e outra ‘religação’ – é a forma pós-moderna que assume a conjunção.
Ser religado ao outro da natureza (cosmo), da tribo (microcosmo), do sagrado
(macrocosmo).”
201 ¶ 2
“Não há separação, mas vaivém. Ao dualismo moderno sucede o ‘triadismo’ pré e pós-
moderno. Ou seja, a rejeição da exclusão do ‘terceiro’.”
208 ¶ 2

“(...) o trabalho do pensamento consiste em fazer uma restituição da vida. Atitude


sempre renovada, tanto é verdade que, com ajuda do peso sociológico, a forma tende a
ser fórmula. O que era inovador se enrijece em dogma. Isso se vê muito frequentemente:
a revolução dinâmica, com a seiva fecunda, se inverte em instituição mortífera. (...)
Donde a necessidade de um sobressalto: voltar ao espanto, esse trovão que é todo
pensamento autêntico.”
211 ¶ 1

“Hegel: ‘Toda verdade se tornou’. Ou seja, ela não está jamais certa dela mesma, ela
não é de toda eternidade.”
212 ¶ 2

“Passado/presente cheio de futuro, tradição/atualidade base da vida efetiva,


pessoas/comunidade garantia inteireza do ser, eis algumas polaridades a partir das quais
se elabora o pensamento orgânico. Poder-se-ia falar, a esse respeito, de uma atitude
extática: ser a partir do ‘fora de si’; ou, ainda, o futuro: ser-estado, vivido no presente.
(...) É tudo isso que constitui a (re)novação da preocupação ‘ecosófica’. Sabedoria da
‘casa’ comum, sempre e de novo de atualidade.”
213 ¶ 2

“Só o que é singular existe. Ao contrário das diversas formas do universalismo, só se


pode dar conta, com a ajuda do conceito (nomen) do que é presente. Presente que é, de
alguma maneira, a essência momentânea do ser. Para retomar um oximoro o mais
significativo possível: ‘um instante eterno’.”
215 ¶ 2

“Os objetos e sujeitos entram em uma dinâmica correlação própria ao ‘trajeto’


antropológico inicial. Basta observar, em relação a isso, a atitude algo fetichista que se
tem, cada vez mais, com os objetos do quotidiano, a carga emocional que se
experimenta em relação a eles, para dizer que eles são como ‘mesocosmos’, isto é,
mídias (meios), mediadores entre o microcosmo pessoal e o macrocosmo ao redor.”
217 ¶ 3

“a uma espécie de alienação: a vida tornada estranha a ela mesma.”


219 ¶ 3

“Esse sujeito que pensa, e assim nega sua animalidade, é a conseqüência lógica da
moral que o seguiu: o indivíduo deve garantir sua salvação, ele tem uma finalidade que
ele deve realizar. Seja no Paraíso celeste ou em seu avatar, o paraíso terrestre, o sentido
(para onde se deve ir) é, sempre, distante.”
220 ¶ 1

“A intelectualização da realidade, fundamento dos tempos modernos, repousava sobre a


separação, a dicotomia entre a palavra e o que esta significa. (...) As palavras são, então,
para retomar uma metáfora de Joseph Maistre, ‘os ordenadores’ de povos.”
221 ¶ 2

“Torna-se cada vez mais evidente que a verdade da razão é segunda em relação à
verdade dos fatos. (...) E isso, tão simplesmente, porque o Real, em sua essencial
imprevisibilidade, nos lembra que é preciso saber ajustar-se ao que é, antes do que
postular, de uma maneira encantatória, o que se gostaria que fosse. (...) Tanto é verdade
que, quando uma forma de pensamento não está mais em acordo com seu tempo, ela
tende a tornar-se uma fórmula que serve para tudo. Tagarelice compreensível só pela
tribo que emitiu seus códigos.”
225 ¶ 1

“Contra a abstração do conceito, é preciso deixar o pensamento aproximar-se do que é o


simples, próximo da vida de todos os dias.”
227 ¶ 3

“Há primeiramente, vida, depois uma interpretação, uma representação dessa. (...) Ela o
será, mas se souber acrescentar-lhe a claridade da paixão!”
230 ¶ 1

“O Pensar apaixonado é a harmonia conflitual de todas as capacidades e potencialidades


humanas. É, para dizê-lo brevemente: o societal.”
232 ¶ 1

“O que anteriormente chamei de real não redutível a uma realidade recortada em


rodelas, seja esta econômica, cultural, religiosa, social etc. Talvez seja tal intuição que
para Auguste Comte se chama o “Grande Ser”, ou, para Carl Gustav Jung, o Si.”
232 ¶ 3

“a ‘xenofilia’: um real amor pela inquietante estranheza sem a qual não haveria vida
viva!”
234 ¶ 1

“Heidegger lembra que ‘o poder do desejo é aquilo ‘graças’ a que algo propriamente
falando tem poder de ser’. Esse poder que é o do possível.”
234 ¶ 3

“Questionamento pueril chegando a essa tola harmonia à moda de Bernardin de Saint-


Pierre, para quem os riscos que estriam os melões tinham por finalidade que estes
pudessem ser cortados em fatias e comidos em família. O que não é uma caricatura, mas
lógica paranóica da busca racionalista do ‘por quê’.”
235 ¶ 4

“Pois é exatamente isso que está em jogo na atitude fenomenológica: enfatizar a


simpatia pela vida. Além do que se pensa, o importante é o que se é. O como (descrição,
apresentação...) permitindo, assim, abordar a intensidade autentica do vivido. Ao
contrário do ‘desviver’ teórico, o do ‘por quê’ é o do não ao que é, a apresentação das
coisas, dos fenômenos, se dedica a dar seu preço a uma vida cheia de sentidos, a do
instante vivido.”
236 ¶ 1
“A atitude do como, opondo-se a secura conceitual do por quê, poderia aparentar-se
com a historiografia de Jacob Burckhardt. Ele a qualifica de ‘patológica´ no que ela
toma como ponto de partida ‘o homem com suas penas, sua ambições e suas obras, tal
como foi, é e sempre’”
237 ¶ 1

“Entendo por isso essa atitude de espírito aberta à diversidade das culturas. Ubiqüidade
que faz de cada um o habitante de um lugar particular, sem negar que ele seja também
cidadão do mundo.”
239 ¶ 3

“Acontece que, com efeito, essa ‘participação’ que Lucien Lévy-Bruhl, em livros
esclarecedores, descrevia para a alma ou para a mentalidade primitiva encontra uma
surpreendente atualidade nas aglomerações, da música tecno, as histerias das
‘liquidações’ pontuando o consumo, os comícios políticos ou sindicais, as paradas
‘gays’ e outras jornadas mundiais da juventude (JMJ), reuniões onde o que é importante
é vibrar junto, entrar em ‘sintonia’ com o Outro, e completar, assim, esse ideal
comunitário que, aquém dos ‘mundos reservados’ teóricos, constitui um ‘antemundo’
substrato primordial a partir do qual se eleva esse estar-junto que são, em suas histórias
diversas, todas as sociedades.”
240 ¶ 3

“Intensificação que é a especificidade do societal. Intensificação, isto é, a energia,


pessoal e coletiva, é estendida na eternidade do instante vivido com o outro. O que
fortalece o corpo coletivo e lhe garante, assim, a permanência no ser.”
241 ¶ 2

“O gênio pode ser solitário, mas jamais está isolado, a partir do momento em que
participa na e da consciência ou do inconsciente coletivos. Mas é verdade que essa
comunhão com o saber incorporado do povo não deixa de irritar. Precisando que o ódio
secretado pelos sábios abstratos, com certeza, visa aqueles que ousam dizer o que é,
mas, mais profundamente, concerne, justamente, essa gaya scienza algo pagã, que sabe
reunir o que a analise infecunda tinha, a longo prazo, separado: o corpo e o espírito, a
natureza e a cultura, o intelecto e os afetos.”
242 ¶ 1

“Em As formas elementares da vida religiosa, Durkheim mostrava em que as


‘efervescências’ festivais ‘fortalecem o sentimento que uma sociedade tem dela
mesma’. Feliz fórmula que dá nem conta do imoralismo ético de todas as práticas
anômicas, alem ou aquém da lei: violência ritualizada, ingestão de produtos
alucinógenos, sexualidade desenfreada, pelas quais, ou graças às quais, o corpo social
fortalece o viver-junto.”
242 ¶ 3

“É isso que está em jogo na simpatia: correspondência dos antagonismos. Conjunção,


sempre em devir, da multiplicidade. Religação fecunda das ‘palavras e das coisas’.
Como o observa Henry Corbin, ‘simpatia com os seres que é da teopatia’. Teopatia!”
243 ¶ 3
“(...) afirma Heidegger: ‘Mas a poesia que pensa é, na verdade, a topologia do Ser.
(L’expérience de la pensée)’. É isso que constitui a experiência do pensamento. Não o
‘eu penso’ da estreita consciência individual, pivô essencial do conhecimento moderno,
mas essa experiência que aniquila o pequeno si no si mais vasto do dado mundano. Esse
si onde interagem os elementos naturais e culturais, as dimensões racionais e passionais,
os vivos e os mortos, o profano e o sagrado. Experimentar é morrer para si para nascer
para Outro. É isso que se dedicam a decifrar o pensamento e a poesia em suas
correlações fecundas.”
247 ¶ 1

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