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Resumo
A entrada de jovens de diferentes classes sociais nas universidades exige uma política ativa
de igualdade, devido desnivelamento entre ricos e pobres é necessário que a assistência estudantil
cumpra um papel de criar condições para a permanência desses estudantes na universidade
disponibilizando recurso para cobrirem as suas despesas básicas e os seus gastos para se manterem
estudo. Pois de nada adianta a inclusão de alunos de baixa renda, se não houver a garantia de que
eles possam participar ativamente da vida universitária. Essas ações garantem a permanência dos
alunos em seus cursos fazendo com que não desistam e nem retardem a sua conclusão. No caso da
Universidade Federal do Ceará o Programa de Residência Universitária oferece condições para os
alunos que não possuem condições de custear moradia na cidade de Fortaleza e cursar a graduação
superarem os desafios ao bom desempenho acadêmico e se mantenham na Universidade. Assim,
com o intuído de investigar o impacto desse Programa foi desenvolvido um estudo dos aspectos
socioeconômico de seus beneficiários para analisar os reflexos dessa iniciativa na vida desses
estudantes e os impactos e benefícios desse investimento para a sociedade.
Introdução
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Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará.
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Mestrando do Curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A universidade, na sua busca por formar profissionais e cidadãos para a construção de uma
sociedade justa e igualitária, é uma expressão da própria sociedade brasileira, abrigando também as
contradições nela existentes, com diversas formas de segregação e diferenças que variam em
intensidade.
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Com a entrada na Universidade de jovens antes excluídos, exige uma política ativa de
igualdade. É preciso assegurar a todos tempo livre para estudo, amplo acesso a livros e a outros
bens culturais. Assistência estudantil é um dos meios para essa inclusão, através de um conjunto de
políticas para melhorar as condições de permanência e aproveitamento dos estudantes no ensino.
Atuando como gestora das políticas de assistência estudantil na Universidade Federal do Ceará
UFC a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE está subdivida nas coordenadorias de Desporto
e Lazer, Assistência Comunitária e Restaurante Universitário, oferecendo aos estudantes serviços de
moradia estudantil, assistência médico-odontológico, apoio psicossocial, bolsas de iniciação
acadêmica, restaurante universitário, inclusão digital e promoção de eventos e atividades. Essas
ações de Assistência Estudantil são uma política essencial no contexto do ensino, da pesquisa e da
extensão por possibilitar melhor desempenho nas atividades acadêmicas dos estudantes, na
perspectiva de inclusão social, formação ampliada, produção de conhecimento, melhoria do
desempenho acadêmico e da qualidade de vida. O objetivo é viabilizar a igualdade de oportunidades
entre todos os estudantes e contribuir para minimizar situações de repetência e evasão, decorrentes
da vulnerabilidade financeira.
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O Programa de Residência Universitária da UFC disponibiliza moradia e alimentação aos
estudantes de baixa renda que não moram na cidade de Fortaleza, tendo como finalidade promover
as condições necessárias para o bom desempenho acadêmico que auxiliem a superar as dificuldades
para permanência na graduação. Os pré-requisitos para entrar receber o auxilio de moradia da
Universidade são não ter concluído nenhum curso de graduação, o núcleo familiar não residir em
Fortaleza, avaliação da situação socioeconômica da família e ter cursado o Ensino Médio em escola
pública. No total são 15 residências universitárias – REU, abrigando 309 estudantes, 119 mulheres,
38,5% do total, e 190 homens, 61,5%, de diferentes localidades do estado do Ceará e de outros
estados, cursando os mais diversos cursos como Direito, Medicina, Enfermagem, Farmácia,
Ciências Econômicas, Administração, Contábeis, Secretariado, Biblioteconomia, Economia
Doméstica, Psicologia, Letras, Pedagogia, História, Geografia, Sociologia, Filosofia, as
Engenharias, Física, Matemática, Estatística, Química, Música, Arquitetura, Agronomia e
Zootecnia.
No gráfico 3, verifica-se que para 73% dos residentes a escolha do curso na UFC deve-se ao
fato de ser mais adequado às aptidões pessoais e para os outros 27% as escolha foi devido a outros
motivos, como influência de professores ou a baixa concorrência no vestibular. Perguntados sobre
as expectativas em relação ao que esperam obter no curso superior 56,8% dos residentes
responderam que buscavam formação profissional, 18,9% aumento de conhecimento, 16,2%
formação teórica para pesquisa e 8,1% tem outros planos em estar no curso de graduação (Gráfico
4).
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desempenho acadêmico verifica-se que 35,1% possuem o IRA acima de 8.500 pontos, 32,4% estão
com o seu IRA entre 7.500 e 8.500, 18,9% têm a sua média entre 6.500 e 7.500 e apenas 8,1% dos
residentes segundo a pesquisa estão com o IRA inferior a 6.500 pontos, o que vem a ser um bom
resultado, principalmente quando se avalia o número de reprovações, já que, apenas 32,4% dos
residentes possuem reprovações em seu histórico, sendo que dos que possuem reprovações 50% têm
apenas uma reprovação ao longo de sua de sua graduação e 41,7% duas (Tabelas 2 e 3).
Condicionando esses resultados aos do Gráfico 6, que mede a participação em atividade
extracurricular, podemos concluir que o desempenho acadêmico dos residentes está sendo
satisfatório, pois observar-se 73,0% participam de alguma atividade extracurricular inseridos em
atividade de pesquisa, monitoria, PET, grupos de estudo, bolsas e apenas 27% não participa de
nenhuma atividade extraclasse.
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Gráfico 6: Participação dos residentes em atividade extracurricular
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).
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O Programa de Residência da UFC atualmente não reserva vagas para estudantes da pós-
graduação, o contrário de outras universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, e diante da situação de grande procura por vagas na residência por alunos da graduação e
também da pós seria interessante o aumento do número de vagas na residência.
Observa-se através do Gráfico 8, se agregarmos os residentes que tem alguma renda, que
81% dos residentes responderam possuir renda, sendo que cerca de 38% recebem mais de 300 reais
mensais, 27% apresentam renda individual entre 200 e 300 reais mensais, 5,4% possuem renda
entre 100 e 200 reais e 10,8% renda individual de até 100 reais.
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Gráfico 8: Distribuição da renda mensal Gráfico 9: Participação dos residentes na
dos residentes da UFC vida econômica da família
Em relação à idade que iniciou a exerce atividade remunerada 10,8% dos residentes
começou a trabalhar antes dos 14 anos de idade, 2,7% entre 14 e 16 anos, 5,4% entre 16 e 18 anos,
43,2% após os 18 anos e 37,2% nunca trabalhou (Gráfico 10). No tocante as atividades exercidas
pelos residentes antes de sua entrada na UFC a maioria 59,5% só estudava e os 41,5% já trabalham
como consta o Gráfico 11.
Gráfico 10: Idade que o residente iniciou Gráfico 11: Atividade exercida pelo
a exercer atividade remunerada residente antes de entrar na UFC
Para 78,3% dos residentes a renda familiar mensal é de no máximo 900 reais. E 21,7%
possuem renda superior a 900 reais mensais. Para uma análise mais fidedigna da situação financeira
familiar, é importante verificar a distribuição da renda considerando o tamanho das famílias, ou
seja, quantas pessoas dependem da renda familiar. Para os residentes observa-se que a precariedade
é significativa, a renda familiar que já não é muito alta tem que ser dividida para muitas pessoas,
caso de 64,9% que tem a renda familiar dividida para mais de cinco pessoas, a renda dividida para
quatro pessoas são 16,2%, para três pessoas 13,5% e para duas 5,4% (Gráficos 12 e 13).
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Gráfico 12: Distribuição da renda Gráfico 13: Quantidade de pessoas que
familiar mensal dos residentes da UFC dependem da renda familiar
Esses auxílios são de fundamental importância para que os residentes possam manter-se
estudando e tenham um bom desempenho acadêmico, visto que, se a Universidade não cobrisse os
gastos com refeições além de provocar uma perda na qualidade da alimentação iria fragilizar ainda
mais a baixa renda na qual os residentes desfrutam mensalmente.
Tabela 7: Declaração dos residentes da UFC em relação à qualidade da moradia nas residências,
alimentação no Restaurante Universitário e assistência prestada pela PRAE
Avaliação (%)
Opinião do residente quanto a:
Ótima Boa Regular Ruim Péssima
Qualidade da moradia nas residências 8,1 51,4 40,5 0,0 0,0
Qualidade das refeições no Restaurante Universitário 0,0 32,4 51,4 13,5 2,7
Avaliação da assistência prestada pela PRAE 5,4 37,8 40,5 16,3 0,0
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).
Justificando a avaliação quanto à qualidade da assistência prestada pela PRAE 13,5% dos
residentes declararam que a PRAE possui relação distante com os residentes, 16,2% disseram que
em suas atribuições a PRAE cumpri o mínimo possível, 13,5% consideram que existe descaso e
mau atendimento de alguns funcionários, 10,8% afirmaram que sempre foram bem atendidos,
19% responderam que não tem nada a declarar e 27% não respondeu a essa pergunta (Tabela 8).
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Tabela 8: Declaração dos resistentes sobre a assistência prestada pela PRAE aos residentes
Seria muito importante que todos os estudantes vindos do interior do estado para Fortaleza e
que possuem fragilidade econômica pudessem morar na Residência Universitária, mas devido ao
limite de vagas nem todos os estudantes que solicitam vaga no Programa conseguem moradia. Mas
além do problema do limite de vagas existe a falta de informação quanto à existência de moradia e
assistência estudantil prestada pela Universidade. Muitos dos atuais residentes têm irmãos, parentes
ou amigos próximos que moram ou que moraram nas Residências, o que acabou por facilitar o seu
ingresso no Programa. Mas para muitos estudantes, do interior do estado, devido à falta de
informação, acaba por abandonando o sonho de ingressar no Ensino Superior por considerar
inviável a vinda para Fortaleza.
A resposta dos residentes a pergunta se estariam na UFC se não existisse a Residência leva a
concluir sobre a sua importância do Programa, já que para 59% dos entrevistados a sua entrada e
permanência na Universidade Federal se deve ao Programa e os outros 41% concluíram que teriam
condições de estar na UFC se não fosse a Residência Universitária (Tabela 9). Analisa a situação
dos atuais residentes se não existisse o Programa 64,9% consideraram que estariam fazendo a
graduação, na UFC ou em outra Instituição de Ensino, mas com dificuldades de morar em Fortaleza
e custear as suas despesas, 21,6% teriam feito o vestibular para a UFC e se tivessem passado no
exame não teriam condições de ingressar no curso. Para 13,5% dos residentes nem teriam feito o
vestibular para a UFC se não existisse a Residência Universitária (Gráfico 15).
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Gráfico 15: Considerações dos residentes da UFC sobre como
estariam hoje se não existisse da REU
Fonte: Elaboração própria (pesquisa direta, Inácio Fernandes, 2009).
Conclusão
A concentração de renda no Brasil é uma das maiores do mundo. Seus índices estão dentre
as últimas posições do mundo. “Os dados apontam que cerca de 1% dos brasileiros mais ricos (1,7
milhão de pessoas) detém uma renda equivalente à renda dos 50% mais pobres (86,5 milhões)”
(NETO e SORONDO, 2007).
A má distribuição de renda torna mais difícil para os pobres saírem do estado de miséria no
qual estão inseridos. Um dos caminhos para acabar com essas desigualdades são melhorias na
educação, a fim de gerar inclusão social e reduzir a concentração de renda.
Referências Bibliográficas
NETO, Dary Pretto e SORONDO, Fabrício Borges - A nova metodologia de cálculo do PIB: Brasil
a décima Economia Mundial – e o desenvolvimento econômico, 2007.
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