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METODOLOGIAS ATIVAS,

PROTAGONISMO E
TIPOS DE PARTICIPAÇÃO

Dra. Lucí Fėrraz


(de Mello)
CONFRARIA DE RH

+ FICHA CATALOGRÁFICA
Mello, Luci Ferraz
Metodologias Ativas, Protagonismo e Tipos de Participação - Luci Ferraz de Mello
São Paulo: L.F.Treinamento Educacional, 2020.
54 p.
1. Metodologias Ativas 2. Protagonismo 3. Tipos de Participação 4. Competências 5. Educação 6. Gestão da
Comunicação para Educação
Metodologias Ativas, Protagonismo e Tipos de Participação - Luci Ferraz de Mello

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+ ÍNDICE

INTRODUÇÃO 04
METODOLOGIAS ATIVAS 07
PROTAGONISMO E TIPOS DE PARTICIPAÇÃO 22
METODOLOGIAS ATIVAS E TECNOLOGIAS DIGITAIS 34
DINÂMICA DE METODOLOGIAS ATIVAS NA CONFRARIA DE RH 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS 48
REFERÊNCIAS 50
FICHA TÉCNICA 53

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+ INTRODUÇÃO

Uma das discussões recorrentes nos últimos digitais, em suas modalidades presencial, híbrida e
tempos na área educacional refere-se aos tipos de a distância, para que se consiga desenvolver as
metodologias e estratégias diferenciadas passíveis chamadas competências essenciais (cognitivas,
de serem estruturadas e trabalhadas em variados emocionais, sociais), além das técnicas e
contextos de educação mediados por tecnologias gerenciais.

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Daí esse tema ter sido escolhido para ser discutido na 3a


Confraria de RH, sobre Metodologias Ativas e Inovadoras
de Aprendizagem, realizada pela Unibrad, nas instalações do
Inovabra Habitat, em 17 de fevereiro de 2020, sendo que este
e-book trata exatamente da dinâmica realizada nessa data, sobre
Metodologias Ativas, Protagonismo e Tipos de Participação.

Seu primeiro tópico trata da definição e contextualização do


referido termo, resgata alguns referenciais teóricos e apresenta a
conexão do mesmo com estudos sobre o protagonismo.

Já o segundo tópico, discorre sobre o protagonismo em si, sobre


como se dá a sua operacionalização nos processos de
aprendizagem a partir dos tipos de participação passiveis de serem
trabalhadas com os eventuais aprendizes.

O terceiro tópico apresenta algumas reflexões sobre como


trabalhar as metodologias ativas com a mediação tecnológica, com
dicas sobre como desenvolver e fortalecer a apropriação do uso
de tecnologias digitais para se trabalhar a educação híbrida de

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forma consistente.

Já no quarto tópico está apresentada a dinâmica realizada com


alguns de seus resultados para ilustrar como se pode começar a
trabalhar a mudança de modelo mental quanto à estruturação de
metodologias e estratégias diferenciadas ditas ativas, as quais de
fato coloquem o aluno no centro do processo educacional.

E encerra, fazendo algumas considerações finais sobre os passos


essenciais para se estruturar uma metodologia ou estratégia que
possa ser classificada como ativa.

Então, vamos lá!

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+ METODOLOGIAS ATIVAS - sodales.

Metodologia ativa consiste em um termo Atualmente, já há modelos devidamente


recentemente adotado na área de educação para estruturados a partir de vários aspectos, mas, em
designar metodologias e estratégias de que pese que se utilize o termo metodologias
aprendizagem que sejam estruturadas tendo o ativas para todos, algumas são de fato
aluno no centro do processo. metodologias (aprendizagem por projetos, por

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resolução de desafios / problemas, por fazer e refazer / tinkering ou


thinkering, gamificação) e outras são estratégias de aprendizagem
(desing thinking, mapas mentais, open spce, world café, gamificação,
role playing game / rpg, outras) que ancoram e viabilizam as
referidas metodologias.

Mas o que de fato significa isso?

Vários instrutores, autores de cursos, gestores de RH e de


universidades corporativas - e mesmo dos espaços acadêmicos e
escolares - acham que sabem, mas quando solicitados a definirem,
estruturarem e implementarem cursos as ditas metodologias ativas,
fazem muitas misturas e tem muito dificuldade em apresentar uma
proposta nesse sentido.

De fato, pensar propostas educacionais a partir das metodologias


ativas implica uma transformação do próprio modelo mental de
quem planeja esse processo, pois não há clareza sobre os conceitos
envolvidos e suas aplicações práticas.

Aqui é importante esclarecer que o termo metodologia ativa é


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recente, mas sua fundamentação conceitual tem origens mais


antigas, sendo que sua aplicação sempre se mostrou desafiadora -
apesar de ter sido praticada por alguns grandes nomes, como
Célestin Freinet (1896-1966). Ocorre que o modelo didático-
pedagógico majoritariamente vigente já desde o século XIX até os
tempos atuais tem sido o tradicional expositivo. E a transformação
do mesmo para uma proposta mais ativa e colaborativa tem
demandado uma mudança da forma como se olha e planeja o
processo de aprendizagem para qualquer âmbito / contexto que se
pretenda trabalhar.

Mais do que isso, alguns desses termos, além de novos, podem


ainda estar passando por revisões e ajustes à luz de sua aplicação e
validação prática. E a melhor compreensão deles implica mudança
de modelo mental - mindset -, pois demanda olhar para os
processos existentes e repensá-los a partir de novas estruturas e
dinâmicas, considerando os objetivos de aprendizagem que se
almeja trabalhar, definindo-se critérios diferenciados e identificando

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as eventuais evidências desses processos. Não se trata de algo


trivial, simples e rápido, pois implica planejamento, teste, validação,
ajuste, teste, até que se consiga alinhar seus aspectos todos.

Contudo, o surgimento e inserção das tecnologias digitais


disponíveis nesses processos educacionais tem pressionado para
que haja maior foco nessas revisões validações e implementações
de novas metodologias e estratégias diferenciadas e ativas, nas
quais o aluno seja o principal agente de concretização dessas ações.
Daí a necessidade de mudança de mindset. Trata-se de algo
prioritário, pois o pois o futuro já se faz presente.

Metodologias Ativas são processos educacionais nos quais os


cursistas são colocados no centro de suas aprendizagens, como
executores, agentes ativos e protagonistas das mesmas, por meio
de experimentos e vivências, para agilizar a ressignificação das
teorias apresentadas em uma determinada formação, com o
objetivo de desenvolver exercícios de aproximação desses
conceitos com as possíveis aplicações práticas dos mesmos.

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Sobre suas premissas não serem novidade, a busca pela


fundamentação de suas premissas remete às ideias de outros
autores sobre temas similares, como a experiência educadora de
John Dewey (1859-1952), que foi traduzido e comentado
vastamente no Brasil por Anísio Teixeira (1900-1971), e que tem
inspirado vários pensadores na educação neste país e influenciado
grandes mentes.

Há também os tipos de participações para o protagonismo, cujas


bases para o Brasil foram elaboradas por Antônio Carlos Gomes
da Costa (1949-2011), a partir das ideias de Roger Hart (1950-).

Há ainda outras referências, com grandes reflexões e pesquisas,


como o próprio Jean Piaget (1896-1980), que tratou da
importância do processo de aprendizagem, ideias essas
posteriormente apropriadas por Jerome Bruner (1915-2016) para
elaboração da proposta da espiral de aprendizagem. Outros dois
brasileiros que também merecem ser ao menos citados aqui: Rui
Barbosa (849-1923) e Paulo Freire (1921-1997).

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Ao se pretender trabalhar as metodologias ativas, faz-se necessário


retomar as bases consistentes nesses autores, para se viabilizar a
transformação do mindset sobre como planejar novas propostas
educacionais.

A observação das estruturas das metodologias e estratégias


diferenciadas e ativas já sistematizadas permite a identificação de
alguns aspectos essenciais das mesmas. Logo, para uma melhor
ilustração e consequente compreensão sobre os aspectos que
caracterizam uma metodologia e/ou estratégia enquanto "ativa",
optou-se aqui por trabalhar o planejamento das mesmas com base
nos seguintes aspectos: premissas, competências trabalhadas, ações
estruturantes e tecnologias digitais.

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Figura 01 - Metodologias Ativas na Educação Corporativa

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Muito se avançou sobre esse tema nas últimas três décadas,


principalmente em função do surgimento das tecnologias digitais,
sendo que muitas pessoas ainda entendem que só é uma
metodologia ativa se for obrigatoriamente totalmente mediada por
um desses recursos digitais, mas não é verdade. As metodologias
ativas podem ser praticadas também sem que se faça uso das
tecnologias digitais, mas o fato é que hoje o mundo é digital e esses
recursos não apenas facilitam, mas alavancam a operacionalização
dessas práticas.

As metodologias ativas devem ser estruturadas considerando três


premissas essenciais, quais sejam:

- experiência educadora: estruturar atividades que desafiem os


alunos a exercitarem a aplicação prática de conceitos teóricos em
estudo (vivência do aluno, demandas de uma sociedade
democrática e os conteúdos conceituais em estudo).

- protagonismo: desenvolver ações ao longo das quais os alunos


possam ser agentes do próprio processo de aprendizagem por

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meio de participações ativas, diferenciadas e complexas.

- gestão da comunicação para a educação: trabalhar termos,


signos e símbolos específicos ao longo dos processos
comunicacionais de maneira cuidadosa e específica, para que a
educação desejada ocorra.

Trata-se de propostas voltadas a promoverem o desenvolvimento


de competências essenciais, as quais podem ser
categorizadas por cognitivas, emocionais, sociais,
ferramentas de trabalho e formas de viver no mundo,
atualmente necessárias à vida pessoal e profissional.

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Figura 02 - Categorias de Competências Essenciais

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Ao se falar em competências, há que se considerar os próprios


eixos básicos que viabilizam a operacionalização das mesmas:

- conhecimento teórico

- habilidade de aplicar esses conhecimentos na prática

- atitude de utilizar esses conhecimentos e habilidades na sua vida


pessoal e profissional

- valores norteadores.

Aqui vale alertar para o fato de que muitos falam sobre esses
quatro eixos que precisam ser trabalhados de forma integrada,
imbricada e convergente, mas que, em muitos dos casos, ainda só é
trabalhado a partir do eixo do conhecimento ou pelo eixo das
habilidades, mas sem que necessariamente esses dois se "falem".
Quanto aos outros dois (atitude e valores), muitos sequer chegam
neles no dia a dia.

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Figura 03 - Eixos Estruturantes das Competências

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ações eficazes diante de situações e problemas de diferentes


matizes, que obrigam a utilizar os recursos dos quais se dispõe.
Para resolver os problemas que as situações apresentam, é
necessário estar disposto a resolvê-los com uma intenção
definida, ou seja, com atitudes determinadas. Uma vez
mostrados a disposição e o sentido para a resolução dos
problemas propostos, com atitudes determinadas, é necessário
dominar os procedimentos, as habilidades e as destrezas que a
ação que se deve realizar exige. Para que as habilidades cheguem
a um bom fim, devem ser realizadas sobre objetos de
conhecimento, ou seja, fatos, conceitos e sistemas conceituais.
Tudo isso deve ser realizado de forma inter-relacionada: a ação
implica integração de atitudes, procedimentos e conhecimentos.
(ZABALA & ARNAU, 2010, 37-38)
Finalmente, vale reforçar que a operacionalização das metodologias
ativas e consequente desenvolvimento das competências essenciais
se viabiliza por meio da adoção de ações estruturantes,
planejadas de forma que as mesmas permitam que os cursistas
vivenciem momentos de comunicação dialógica, colaboração,
trocas de ideias, pesquisa e reflexão crítica.

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Figura 04 - Ações Estruturantes das Metodologias Ativas

Comunicação
Dialógica

Reflexão METODOLOGIAS
Colaboração
Crítica ATIVAS

- sodales.

Tempestade
de Ideias

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As ações estruturantes são características das dinâmicas que


precisam ser consideradas quando do desenho das atividades, de
maneira a viabilizar a participação protagonista.

E em que pese que sejam ações tidas também como competências,


é preciso que elas de fato sejam consideradas como estruturais
para a concretização consistente das atividades classificadas como
metodologias (e estratégias / técnicas) ativas. Ou seja, o aluno deve
ser colocado em situações de aprendizagem ao longo das quais ele
de fato tenha momentos de cada uma dessas ações.

O detalhamento sobre como trabalhar os tipos de participação


para a operacionalização do protagonismo e as reflexões sobre
possibilidades de adoção das tecnologias digitais estão apresentado
na sequência, de forma mais específica mais adiante.

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+ PROTAGONISMO E TIPOS DE PARTICIPAÇÃO


Uma das premissas do planejamento de Quando falamos de protagonismo juvenil,
estamos falando, objetivamente, da
metodologias e estratégias / técnicas ativas e ocupação pelos jovens de um papel central
nos esforços para a mudança social.
diferenciadas é o protagonismo. (COSTA & VIEIRA, 2006, p. 150)
A palavra “protagonismo” vem da junção de Esse é o conceito de protagonismo, mas como
duas palavras gregas: protos, que significa
principal, o primeiro, e agonistes, que ele é operacionalizado? Como se "coloca o aluno
significa lutador, competidor, contendor.
no centro do processo de aprendizagem" na
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prática?

Durante formações em vários âmbitos da educação (educação


básica, ensino superior, educação corporativa, educação não formal
e até informal - pública e privada), esta especialista pôde confirmar
como a gestão da comunicação para a educação impacta nos
resultados desses processos, posto que vários professores se
propõem a planejar propostas ativas e diferenciadas, mas quando
da sua operacionalização, eles apresentam dificuldade de
visualizar e compreender que o tipo de participação, a qual é de
fato solicitada e estruturada no comando da atividade,
compromete diretamente os processos de metodologias ativas.

O protagonismo é o condutor das metodologias ativas, pois


colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem implica
em torná-lo agente realizador desse processo. Mas qual tem sido a
realização que de fato ele tem feito? Qual tem sido a sua proposta
de participação dos professores para seus alunos?

A palavra “protagonismo” vem da junção de duas palavras


gregas: protos, que significa principal, o primeiro, e agonistes, que
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significa lutador, competidor, contendor. (COSTA, 2006, p. 150)


Dizer que os participantes de um curso devem estar no centro da
aprendizagem implica permitir que atuem como agentes desses
processos. Eles precisam ser provocados a atuarem não como
meros cumpridores de atividades detalhadamente traçadas pelos
mediadores desses processos, mas como agentes dessas ações
para que de fato experimentem situações de experiência
educadora.

Para se compreender como o protagonismo pode ser viabilizado é


preciso olhar para seu verbo de ação - participar -, de maneira
que se possa definir com clareza quais as evidências de que ele está
sendo de fato trabalhado ou não.

Então, se o verbo de ação é participar, essas metodologias e


estratégias devem ser planejadas de maneira que os comandos
das atividades que as compõem reflitam e ativem, provoquem o
tipo de participação que se precisa ter.

Ou seja, essas dinâmicas devem se estruturar por meio de

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momentos em que os alunos possam experimentar, refletir, criar,


propor soluções, ao contrário de várias propostas que focam
majoritariamente na apresentação de textos e na breve solicitação
de preenchimento de lacunas, de forma mais automática do que
reflexiva. Trata-se do tipo de participação que está sendo
orientado para muitos deles desenvolverem.

Para o contexto do Brasil, são reconhecidos dez tipos de


participações, os quais estão apresentados de forma resumida
aqui na Figura 05 - Protagonismo e Tipos de Participação.

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Figura 05 - Protagonismo e Tipos de Participação

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A proposta dos dez tipos de participação de Antônio Carlos


Gomes da Costa (COSTA & VIEIRA, 2006), elaborada a partir da
proposta de Roger Hart (1992) que apresentava oito tipos de
participações, aponta os tipos de participações que são passíveis de
serem trabalhadas nos processos de aprendizagem.

A adição de mais dois tipos deve-se ao fato de que o estudo


desenvolvido no Brasil apontou que, por questões de baixa ou
nenhuma autoestima, muitas vezes os participantes de um curso se
julgam sem direito a participar de forma ativa e protagonista.
Frente à identificação desse contexto, Costa (COSTA & VIEIRA,
2006) propôs mais dois tipos de participações, as quais são
consideradas muito básicas e sem características protagonistas, mas
consistem em fazer esses cursistas participarem ainda que de forma
quase passiva - manipulada, decorativa e / ou simbólica (vide Figura
05 - Protagonismo e Tipos de Participação), principalmente para
que eles percebam que tem direito a participar.

A partir da participação Operacional, esses alunos começam a ter

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algum tipo de ação, a qual vai se aprimorando e se tornando cada


vez mais ativa, até chegar na participação condutora.

Para efeito das metodologias ativas, esses tipos de participações


são importantes de serem considerados exatamente quando da
estruturação e implementação das situações de aprendizagem. Não
basta adotar uma metodologia como aprendizagem por
projetos ou aprendizagem maker / fazer e refazer. É preciso
cuidar da gestão da comunicação para a educação a partir do
tipo de comando de execução e tempos dados para essas ações,
sob risco de mesmo uma proposta de metodologia ativa acabar
por ter um tipo de participação operacional ou até
simbólica.

Isso porque, dependendo do tipo de comando / orientação


estruturada para a atividade, até em função do tempo que se tem
para o desenvolvimento da mesma - que pode ser bem curto -, o
docente responsável acaba apresentando todo o roteiro e fases
que os alunos devem cumprir, e até definem o tema a partir do

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qual devem obrigatoriamente desenvolver a situação de


aprendizagem, sendo que aos alunos cabe apenas cumprirem as
mesmas, tirando-lhe todas as possibilidades de atuarem de fato
como agentes do próprio processo de aprendizagem.

A análise da estrutura situação de aprendizagem e seus comandos


aos alunos pode indicar que eles devem seguir um roteiro
previamente definido, rígido, pronto, com pouco ou praticamente
nenhum momento de reflexão - individual ou conjunta - mais
aprofundado, o qual permita a produção conjunta do
conhecimento por meio de atividades de criação, reflexão,
pesquisa, validação, dentre outras.

Aqui vale esclarecer um fato: isso não significa que um processo


mais rígido, controlado e direcionado não seja eficiente ou válido.
Trata-se de atividades importantes de repetição e reforço mas
não colocam de fato o aluno como agente protagonista de
seu processo de aprendizagem na verdadeira concepção do
termo e, por isso, não configura de fato uma metodologias ativa.

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CONFRARIA DE RH

Percebem a diferença?

Daí o esquema da Figura 05 - Protagonismo e Tipos de


Participação ser considerado por esta autora como estruturante
das metodologias e estratégias ativas, pois ele pode ser utilizado
pelos docentes e instrutores para verificarem o quão ativa é - ou
não - uma situação de aprendizagem.

A quantidade e qualidade das oportunidades de participação na


resolução de situações reais postas ao alcance dos adolescentes
influenciam de maneira decisiva nos níveis de autonomia e de
autodeterminação que eles serão capazes de alcançar na vida
familiar, profissional e cívica, quando atingida a idade adulta
(COSTA & VIEIRA, 2006, p. 177).
Foi a partir dessas premissas que foi desenvolvida a atividade
proposta por esta autora na Confraria de RH, que tratou do tema
Metodologias Ativas, atividade essa cujo resumo será apresentado
mais adiante neste texto.

Vale destacar ainda que a comparação entre as ideias de John


Dewey - sobre experiência educadora - e as ideias de Roger Hart e
Antônio Carlos Gomes da Costa - sobre protagonismo e tipos de
participação) -, permite traçarmos alguns dos questionamentos que
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devem ser considerados - e respondidos - quando do planejamento


de situações de aprendizagem ativas (MELLO, 2020, sem nr. pág.):

• os alunos de fato experimentam ou simplesmente cumprem as


atividades totalmente roteirizadas pelos mediadores /
professores responsáveis pela aprendizagem?
• há tempo suficiente para de fato refletirem e darem uma
devolutiva aos pares sobre o que eventualmente leram,
discutiram e refletiram?
• quando apresentam questões para serem respondidas, elas são
elaboradas de forma reflexiva ou os alunos só tem que buscar e
copiar os trechos nos textos, sem grandes reflexões sobre o
conteúdo em estudo (até em função do tempo que tem para
cumprir a atividade)?
• os experimentos propostos são de fato relevantes e consistem
na aplicação prática de forma reflexiva, a partir de um contexto
de terem que resolver problemas, com exercícios de
aproximação da teoria com as práticas ou são experimentos
instrumentais, com orientações do passo a passo, sem reflexão
sobre possíveis acertos, erros, desafios, oportunidades,
benefícios ou malefícios?
• participantes de fato trocam e aprendem a resolver conflitos ou
apenas concordam uns com os outros porque o tempo é curto?
• nessas dinâmicas há tempo de fato para refletirem e se
apropriarem dos conteúdos ou eles apenas localizam pistas e
preenchem lacunas, sem processos realmente reflexivos, que
permitam ressignificar os conteúdos em estudo, para o
desenvolvimento e fortalecimento das competências de forma
consistente e apropriada (conhecimento + habilidade prática)?

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CONFRARIA DE RH

• Qual o tipo de comando que você, professor ou


mediador, está dando e qual está implementando para
cada uma dessas atividades? como está realizando a
gestão da comunicação com seus alunos para que a
educação de fato ocorra?
A transformação do modelo mental - mindset - de planejamento
de uma situação de aprendizagem, de um modelo tradicional
Simbólico ou Operacional para uma proposta que se classifique
como pelo menos Planejadora e Operacional, a qual se
classifique como metodologia e/ou estratégia ativa e
diferenciada deve necessariamente considerar tais
questionamentos, os tempos que se tem para desenvolver a
situação de aprendizagem toda, os demais tipos de participação que
se pode propor aos alunos e as próprias competências essenciais
que se deseja trabalhar.

Observação

Aqui é importante destacar que as metodologias ativas NÃO


eliminam as aulas expositivas ou atividades de reforço. Elas
devem ser consideradas de forma convergente e integrada,
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CONFRARIA DE RH

pois todas tem a sua importância e nenhuma deve ser demonizada,


mas devem ser endereçadas e conceituadas da forma correta. Por
exemplo, as atividades de repetição ou reforço sobre os conteúdos
teóricos são essenciais para que a memória de longo prazo
desenvolva o processo de aprendizagem, mas essas práticas podem
ser modernizadas por meio da adoção de algumas opções de
dinâmicas mediadas por tecnologias digitais, sobre os quais
falaremos no próximo tópico. (MELLO, 2020, sem nr. pag.)

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+ METODOLOGIAS ATIVAS E TECNOLOGIAS DIGITAIS


As tecnologias digitais tem forte ligação com as Contudo, é importante que a adoção das
metodologias e estratégias ativas e diferenciadas, tecnologias digitais sejam consideradas ao longo
mas não obrigatoriamente esses recursos de uma situação de aprendizagem pois elas não
tecnológicas devem ser adotados para que uma apenas substituem e agregam recursos a várias
situação de aprendizagem seja considerada ativa. tecnologias analógicas, mas também podem
alavancar e até viabilizar a execução /
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concretização de uma ou mais das estratégias que estruturam uma


proposta de metodologia ativa, como aprendizagem por projetos
ou por resolução de problemas, por exemplo.

Um ganho muito interessante e relevante propiciado pela utilização


desses recursos são os registros das práticas e participações
dos alunos ao longo do processo de aprendizagem. Mais do que
buscar identificar se os alunos conseguem estruturar um
determinado produto - ideia / solução e/ou protótipo - ao
final desse processo, as tecnologias permitem que os professores
/ instrutores mediadores dos mesmos consigam acompanhar
a lógica que eles estão adotando para desenvolver suas atividades
e até mesmo realizar intervenções mais rápidas e assertivas nesses
momentos, de maneira a ajustar muito rapidamente a trilha
percorrida por esses cursistas. As tecnologias digitais tornam
visíveis as reflexões e pensamentos desses participantes.

Os tipos de tecnologias e respectivos usos são os mais variados


possíveis, dependendo da proposta de situação de aprendizagem

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que se almeja que os alunos trilhem.

Ao se propor uma situação de aprendizagem, o mediador desse


processo pode escolher quais tecnologias digitais poderão /
deverão ser adotadas em cada etapa do desenvolvimento das
atividades, ou pode deixar para que os próprios alunos definam
quais ferramentas utilizarão e de que forma.

Dado que este material trata das metodologias e estratégias ativas


e diferenciadas, o ideal é permitir que os alunos escolham as
mesmas. Vale ainda orientá-los a focarem em aprender sobre o uso
das mesmas, caso escolham recursos que ainda não conheçam. E
isso demanda algum tempo de dedicação, que deve ser
considerado na estimativa de tempo para elaboração desse
processo.

Com base na observação de vários processos de apropriação de


tecnologias de aprendizagem por docentes e alunos, a autora deste
material estruturou o esquema apresentado na Figura 06 - 7
Passos de Apropriação das Tecnologias Digitais, o qual

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CONFRARIA DE RH

apresenta uma ilustração simples sobre os passos que


institivamente essas pessoas seguem para se aprenderem a utilizar
e se apropriar do uso das tecnologias digitais nos mais variados
contextos.

Figura 06 - Passos de Apropriação das Tecnologias Digitais

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Instrumental 1 Instrumental 2 Pedagógico / Pedagógico / Avaliação 1 Avaliação 2 Pedagógico /


Conhecendo os Conhecendo os Contextual 1 Contextual 2 Avaliação do Aprendendo a Contextual 3
dispositivos móveis aplicativos dos Pensando e testando Identificando e processo olhar e detalhar Pensando e testando
dispositivos móveis os usos pedagógicos definindo os objetivos educacional as ações do as abordagens
individuais dos de aprendizagem do mediado por processo pedagógicas com
aplicativos processo educacional tecnologias da usos integrados de
por meio das comunicação dois ou mais
competências aplicativos

Fonte: adaptado de Mello (2019, posição 1627 - 1636)

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CONFRARIA DE RH

Em que pese que os passos 1 (Instrumental 1) e 2 (Instrumental 2)


normalmente sejam desenvolvidos concomitantemente, é
importante que haja clareza sobre as diferenças entre eles e como
convergem e se imbricam. Apenas após a apropriação do uso
instrumental das tecnologias é que passamos a conseguir pensar no
uso pedagógico / contextual da mesma, experimentando o
dispositivo e respectivo aplicativo. Após a experimentação de
ambos em contextos educacionais ou profissionais (Pedagógico /
Contextual 1), o usuário começa a refletir sobre quais os objetivos
podem ser cumpridos por meio dessa adoção (Pedagógico /
Contextual 2),.

Uma vez definidos os objetivos, o usuário passa a refletir sobre


como acompanhar o processo, como definir quais os registros e
evidências que podem ser feitos (Avaliação 1) e, com isso, passa a
definir os principais procedimentos que compõem esse processo, o
que significa definir rubricas de avaliação (Avaliação 2). Uma vez
superados esses passos, o usuário se apropria do processo de uso
de tecnologias, ou seja, ele passa a compreender mínima e
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CONFRARIA DE RH

instintivamente como o cérebro aprende a usar as tecnologias


digitais e passa a repetir esses pessoas de forma instintiva e a
adotar mais de uma tecnologia em cada processo.

Ou seja, o esquema da Figura 06 procura ilustrar e tornar visível


como se dá o processo mental de descobertas sobre o uso das
tecnologias digitais, que resulta na apropriação desses usos.

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+ DINÂMICA DE METODOLOGIAS ATIVAS NA CONFRARIA DE RH


A dinâmica desenvolvida com os participantes da situação de aprendizagem apresentada trabalhe as
Confraria de RH sobre Metodologias Ativas teve estratégias ativas e diferenciadas com
como objetivo fazê-los refletir e compreender participações cada vez mais ativas, permitindo que
como podem devem ser estruturados os esses alunos atuem de fato como agentes ativos
comandos para esse tipo de proposta e como de seus processos de aprendizagem.
eles podem ser aprimorados, de maneira que a
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CONFRARIA DE RH

A atividade foi executada em 3 fases as quais está descrita aqui.

Momento 1

Para isso, os participantes foram divididos em cinco grupos, e cada


um deles deveria trabalhar o enunciado de uma determinada
estratégia de aprendizagem, considerando a metodologia pela qual
o grupo estava responsável.

Seguem as metodologias e estratégias ativas que foram


consideradas para o desenvolvimento da atividade: (a)
Aprendizagem por Projetos; (b) Aprendizagem por Resolução de
Problemas; (c) Hackathon; (d) Design Thinking; (e) Estudo de Caso.

Momento 2

Cada grupo teve como desafio estruturar os comandos de uma


atividade que considerasse a metodologia ou estratégia do grupo,
sendo que deveriam definir os seguintes tópicos: aspectos que já
deveriam ser trabalhados na atividade: criatividade, liderança,
colaboração, protagonismo; tema do grupo; descrição da atividade;
principais objetivos; competências trabalhadas (2-3, fora as do
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CONFRARIA DE RH

desafio); tecnologias digitais indicadas para serem adotadas.

Momento 3

Assim que todos os grupos terminaram a descrição descrita no


momento 2, foi apresentado a eles o esquema da Figura 05 -
Protagonismo e Tipos de Participação.

Momento 4

A partir dos tipos de participação, cada grupo teve que classificar /


categorizar os comentados de suas respectivas propostas, para
então fazer ajustes nas mesmas, de maneira que aprimorassem o
desenvolvimento do protagonismo.

Momento 5

Cada grupo apresentou seus comandos de aprimoramento, de


forma que a de fato colocar os participantes como agentes ativos
de seus processos de aprendizagem.

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Aprendizagem por Projetos

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CONFRARIA DE RH

Aprendizagem por Resolução de Problemas

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Hackathon

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Design Thinking

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Estudo de Caso

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CONFRARIA DE RH

+ CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conceitos e dinâmica aqui apresentados são corporativa e formações em organizações não
resultado de observações e formações de alunos governamentais -, ações essas realizadas pela Dra.
e professores / instrutores de processos de Luci Ferraz de Mello a partir de suas pesquisas
aprendizagem de educação formal e não-formal - acadêmicas e consultorias sobre metodologias e
educação básica, ensino superior, educação estratégias ativas e diferenciadas, junto à L.F. Edu-

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Com, da qual a autora deste material é sócia-


fundadora.

Caso tenham interesse em conhecer e aprimorar


mais sobre essas práticas, basta contatar a autora
por meio dos contatos aqui abaixo:

- e-mail luferraz.demello@gmail.com

- linkedin Lucí Fėrraz.


(https://www.linkedin.com/in/luciferraz/)

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+ REFERÊNCIAS
COSTA, Antônio Carlos Gomes; VIEIRA, . Protagonismo Juvenil – adolescência, educação e
participação democrática. São Paulo: FTD/Fundação Odebrecht, 2006.

DEWEY, John. Experiência e Educação. Tradução Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1976.
Atualidades Pedagógicas.

FREINET, Célestin. Pedagogia do Bom Senso. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
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HART, Roger A. Children´s participation: from tokenism to citizenship. Florença: UNICEF, 1992.

MELLO, Lucí Fėrraz de. Metodologias Ativas e Educação Híbrida - Parte 2 (reflexões conceituais e
práticas). Publicado em: 15-março-2020. Disponível em:
https://www.linkedin.com/pulse/metodologias-ativas-e-ensino-h%C3%ADbrido-parte-2-
reflex%C3%B5es-luc%C3%AD-f%C4%97rraz/ Acesso em: Abril-2020.
MELLO, Lucí Fėrraz de. Práticas Imersivas nos Processos Educativos (Coleção Universitária). São
Paulo: SENAC, 2019 (a).

MELLO, Luci Ferraz de. Formação de Professores sobre o Currículo de Tecnologias para
Aprendizagem e Protagonismo. Evento: Implementação do Currículo da Cidade de São Paulo -
Educação de Jovens e Adultos, Instituto Mauá, São Paulo/SP, 25-julho-2019 (b).

MELLO, Luci Ferraz. Educomunicação e Práticas Pedagógico-Comunicacionais da Avaliação Formativa


no Ensino Básico. Tese de doutorado defendida junto ao Programa de Pós Graduação de Ciências da
Comunicação, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

SÃO PAULO, SME-SP. Currículo da Cidade de São Paulo, Educação de Jovens e Adultos, Tecnologias
para Aprendizagem. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação, 2018.

SÃO PAULO, SME-SP. Currículo da Cidade de São Paulo - Caderno de Orientações Didáticas, Ensino
Fundamental, Tecnologias para Aprendizagem. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação, 2018.

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SÃO PAULO, SME-SP. Currículo da Cidade de São Paulo, Ensino Fundamental, Tecnologias para
Aprendizagem. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação, 2017.

ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed,
2010.

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Evento: 3a Confraria de RH
Organização: Banco Bradesco S.A.
Responsável: Unibrad - Universidade Corporativa Brasdesco /
Inovabra Habitat
+ FICHA TÉCNICA Data: 17-fevereiro-2020
Dinâmica: Metodologias Ativas, Protagonismo e Tipos de
Participação
Responsável: Dra. Lucí Fėrraz
Autor(a) e-book: Dra. Lucí Fėrraz
Produção, edição e editoração e-book: L.F. Edu-Com

LIcença: Creative Common

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