Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
INTRODUÇÃO
Território, cosmovisão e cultura Kaingang no
Planalto Meridional
Ilustração do mito da origem. Desenho de Jorge Hermann, Orientação técnica, Rualdo Menegat.
Rualdo Menegat
Professor IG/UFRGS
como forma de garantir a identidade indígena e, assim, dialogar sem submissão à cultura
dominante. Como forma de cultivar o respeito mútuo e, assim, incluir como relevante a
sabedoria milenar daqueles que se tornaram sinônimo do ecossistema em que vivem. Como
forma de entender a paisagem e a humanidade e construir o desenvolvimento etno-sustentável,
não apenas dos índios, mas de todos os que habitam as paisagens desta porção meridional da
América do Sul.
Além disso, os conhecimentos adquiridos permitiram refazer leituras dos costumes e culturas,
dos bens naturais e uso do solo, de sorte a agregar valores aos produtos locais e reconhecer
formas genuínas de geração de renda e gestão ambiental da aldeia. Esse reconhecimento das
possíveis formas de uso dos bens naturais e culturais pode vir a reforçar e recuperar valores
identitários étnico-territoriais e, com eles, ajudar no processo de sustentabilidade da aldeia.
Esse modelo que torna importante uma epistemologia do lugar foi adotado pelo Atlas Ambiental
de Porto Alegre1, que registrou o conhecimento territorial local feito com base na cosmovisão
dos naturalistas, mas com o uso das tecnologias atuais. Essa obra de referência apresenta um
roteiro temático que abrange desde a geosfera, a hidrosfera, a biosfera, a atmosfera até a
antroposfera para traçar a história natural de uma localidade. É essa história que possibilita o
entendimento de como a evolução da ocupação territorial da humanidade em um ecossistema
instrui essa cultura humana. Portanto, esse saber permite visualizar a caminhada da humanidade
em seu território, numa perspectiva espacial e temporal, para fins de entender e prognosticar
melhor não apenas a gestão social-ambiental, mas para estruturar sua cultura em termos de uma
etno-sustentabilidade.
1
MENEGAT, R., PORTO, M.L., CARRARO, C.C., FERNANDES, L.A.D. 1999. Atlas Ambiental de Porto
Alegre. Porto Alegre : EDUFRGS. 256 pp.
T E R R A I N D Í G E N A D E L I G E I R O 17
O seminário de conclusão, onde houve a exposição dos resultados de cada equipe de pesquisa
para a comunidade e participantes dos cursos, foi realizado durante os dias 23 e 24 de setembro
no salão comunitário com a presença de representantes das instituições envolvidas. Cada área de
pesquisa apresentou os resultados finais, bem como foram anunciados os formandos de cada
turma de agentes ambientais. Em cada turma, houve oradores que expressaram o significado do
projeto e do evento sendo, alguns deles, pessoas de grande liderança e idosos que narraram a
história de sua gente. No final, grupos de alunos fizeram várias apresentações culturais num
evento deveras significativo e memorável.
FIGURA 1 - Mapa de localização e bloco-diagrama da região da Terra Indígena de Cacique Doble feito
em aquarela por Jorge Hermann a partir de esquemas e orientação técnica de Rualdo
Menegat. (ver na próxima página).
R E L A T Ó R I O T É C N I C O 20