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Policial observa ônibus incendiado sobre a Ponte Eusébio Matoso, na Marginal Pinheiros,
zona sul de São Paulo, em onda de ataques violentos atribuída pelas autoridades ao PCC.
E
ntre 12 e 20 de maio de 2006, 439 pessoas foram mortas por armas de
fogo, no Estado de São Paulo, conforme laudos necroscópicos elaborados
por 23 Institutos Médico-Legais, os quais foram examinados pelo Conse-
lho Regional de Medicina.1 Comparativamente a igual período em anos ante-
riores, bem como às semanas anteriores e posteriores a esse período, o volume
de mortes é bastante elevado, sugerindo um cenário de excepcionalidade. Essas
mortes foram acompanhadas de ondas de violência, como rebeliões em 73 presí-
dios do Estado, agressões e ataques contra agentes públicos, sobretudo policiais
e agentes penitenciários; contra civis; contra prédios privados, como bancos, e
públicos, como postos policiais; além de incêndios de veículos de transporte
público como ônibus.
O mais surpreendente foi a paralisação temporária das atividades na maior
cidade do país, São Paulo, contribuindo, com impressionante rapidez, para exa-
cerbar sentimentos de medo e insegurança que há muito se encontram dissemi-
Aparelhos de central telefônica clandestina usados por supostos criminosos ligados ao PCC,
apreendidos em operação desencadeada pela Polícia Civil de São Bernardo do Campo (SP).
Tabela 1 – População encarcerada e taxa por 100 mil habitantes – Brasil, 1969-2006
(1) Taxa de ocupação = População
[
carcerária
_________________
Capacidade
] * 100
Gráfico 1
Justiça e segurança: movimento prisional e população carcerária. Taxa de ocupação
carcerária, segundo tipos de estabelecimento. Estado de São Paulo – 1990-2003.
Notas
1 Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, Relatório final da análise de
493 laudos necroscópicos referentes ao período de 12 a 20 de maio, coletados nos 23 IMLs
do Estado, cujas necropsias associaram a causa mortis como decorrente de ferimentos por
armas de fogo,1º de setembro de 2006. Citado por Mesquita Neto (2007, p.27-9).
2 O conceito de Crime Organizado e sua aplicação à sociedade brasileira têm suscitado
intenso debate entre pesquisadores. Neste artigo, será utilizado o conceito de crimi-
nalidade organizada, não obstante o reconhecimento de que esse conceito é passível
de uma série de contradições e motivo de divergências (Fontanaud, 2002). Ver, a res-
peito: Zaluar (2004), Misse (2006), Mingardi (1998), Oliveira & Zaverucha (2006),
a par de extensa bibliografia estrangeira, referida em Rayan & Rush (1997) e Leclerc
(1996).
3 Pouco se sabe efetivamente sobre as origens e a história da criminalidade organizada
no Estado de São Paulo, além de Mingardi (1998), de Christino (2001) e Amorim
(1993). Não há acúmulo de conhecimento comparável aos estudos disponíveis sobre
Rio de Janeiro, em especial os longos estudos de Zaluar (2004) e também de Misse
(2006), já mencionados. Tampouco, o que se sabe sobre a emergência do PCC é ainda
bastante insatisfatório. Tudo indica que essa organização foi constituída, em 1993,
no Anexo da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté (SP), conhecida por longa
história de maus-tratos impingidos aos presos. Tudo indica que a organização nasceu
de uma resistência aos maus-tratos, como uma forma de proteção contra as arbitra-
riedades cometidas por agentes penitenciários e mesmo contra a dureza do regime
disciplinar imposto pela direção do estabelecimento penitenciário.
4 Apenas para a mortalidade por causas externas, categoria que inclui os homicídios, há
dados nacionais. Contudo, provêm do Ministério da Saúde e não da área de segurança
e justiça do governo federal.
5 Cf. www1.folha.uol.com.br, Cotidiano, 19.1.2001. A íntegra do texto foi reproduzida
pela imprensa. Não é possível aquilatar, por ora, a autenticidade desse documento e
de sua efetiva autoria.
6 O Anexo da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté foi inaugurado em 1985, depois
se tornou Centro de Readaptação Penitenciária (Decreto n.23.571, de 17.6.1985).
Destinado a presos líderes de rebeliões, violentos, mantinha os presos em condições
duras de encarceramento. Esse sistema duro de isolamento e imobilização do preso
foi formalizado numa Resolução SAP n.026 de maio de 2001, que instituiu o Regi-
Referências bibliográficas
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