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REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO MEIO AMBIENTE

POR GRADUANDOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Raymundo Paula de Arruda,1 Sandra Lucia de Souza Pinto Cribb,2


Maylta Brandão dos Anjos3
1
Centro Universitário Plínio Leite/Aluno do Programa Stricto Sensu, hay.a@oi.com.br
2
Centro Universitário Plínio Leite/Professora do Programa Stricto Sensu, sandralucribb@yahoo.com.br
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia RJ/ Professora do Programa Stricto Sensu,
maylta@yahoo.com.br

Resumo

A ação humana exaure os recursos naturais do Planeta e aprofunda as desigualdades


entre os homens e entre as nações. A educação é a um só tempo a forma de perpetuar tal
estado de coisas, ao impor o consenso reprodutor do status quo, e a forma mais eficaz e
eficiente de transformação, ao desvelar os conflitos e construir soluções para a crise
paradigmática da nossa civilização. Neste sentido, este estudo busca verificar as
representações sociais de graduandos em Educação Física sobre meio ambiente, com
vistas a contribuir para que incorporem uma visão crítica que os “empodere” para atuar
em Educação Ambiental e para a Saúde. Investigou-se um universo composto de 26
alunos, os quais produziram dois discursos durante o estudo: um exploratório e outro
após a intervenção. A estratégia metodológica escolhida foi o Discurso do Sujeito
Coletivo (DSC), e como referencial teórico utilizou-se a teoria das Representações
Sociais. Observou-se que em ambos os momentos os alunos apresentaram concepções
naturalistas do meio ambiente, que por vezes "se movimentaram" para antropocêntricas.
Poucos mostraram uma representação contextualizada, o que sugere a necessidade de
suplementação do currículo da Educação Física com vistas a sua “ambientalização”.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Educação Física, Representação Social,


Discurso do Sujeito Coletivo

INTRODUÇÃO

A inserção da questão ambiental em todos os níveis de ensino surge como uma


possibilidade frutífera de engajamento entre professores e alunos em situações de
ensino-aprendizagem, nas quais a problematização pode ser mais facilmente atingida,
por envolver, direta ou indiretamente, questões vitais na esfera individual e coletiva
(OLIVEIRA et al., 2000). Segundo Zuin e Freitas (2007), a Política Nacional de
Educação Ambiental, no ensino superior, faculta a criação de disciplinas nas áreas
voltadas aos aspectos metodológicos da Educação Ambiental (EA), nos cursos de pós-
graduação e de extensão.
(...) se existe uma maneira de fomentar a incorporação da EA na
formação dos futuros profissionais, o melhor seria fazê-lo por meio de
programas sólidos e articulados. Segundo alguns pesquisadores do
Programa de Ambientalização Curricular do Ensino Superior (Rede
ACES), financiado pela Comissão Européia (FREITAS &
OLIVEIRA, 2004:307), uma perspectiva promissora seria “promover
processos de intervenção nas práticas formativas com a finalidade de
introduzir mudanças no currículo de modo a estimular que o futuro
profissional atue como agente de mudanças em relação aos aspectos
ambientais” (ZUIN & FREITAS, 2007:1).

Como o âmbito mais restrito pelo qual o processo de ambientalização pode


ocorrer é a intervenção em uma disciplina, utilizamos a carga horária de TDE (Trabalho
Discente Efetivo) da disciplina Prática de Ensino da Educação Física III, ministrada
pelo primeiro autor em uma universidade privada, para a realização do projeto de
construção conjunta desse saber/fazer.
Como referencial teórico adotou-se a Teoria das Representações Sociais como
preconizado por Reigota (2007), tendo como pano de fundo a Educação Ambiental
Crítica, ancorada principalmente em Guimarães (2006, 2007), Loureiro (2004) e Crespo
(2000), cujas abordagens trazem a complexidade para a compreensão e intervenção na
realidade socioambiental de forma tão cristalina quanto profunda, na perspectiva crítica.

OBJETIVOS
Agir no sentido mais geral do termo significa tomar iniciativa, iniciar,
imprimir movimento a alguma coisa. Por constituírem um initium,
por serem recém-chegados e iniciadores, em virtude do fato de terem
nascido, os homens tomam iniciativa, são impelidos a agir. (...) O fato
de que o homem é capaz de agir significa que se pode esperar dele o
inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável.
(...) Se a ação, como início, corresponde ao fato do nascimento, se é a
efetivação da condição humana da natalidade, o discurso
corresponde ao fato da distinção e é a efetivação da condição
humana da pluralidade, isto é, do viver como ser distinto e singular
entre iguais.
(Hannah Arendt , A condição humana)

É consensual que a ação humana, notadamente com o advento do modo de


produção e consumo capitalista, exaure os recursos naturais do Planeta e aprofunda as
desigualdades entre os homens e entre as nações. A educação é a um só tempo a forma
de perpetuar tal estado de coisas, ao impor o consenso reprodutor do status quo, e a
forma mais eficaz e eficiente de transformação dessa realidade, ao desvelar os conflitos
e construir soluções para a crise paradigmática da nossa civilização.
Aqui preocupa, especificamente ao primeiro autor deste Relatório, professor de
Educação Física, com atuação nos ensinos básico e superior, a formação inicial do
educador físico, que se quer tão crítica quanto possível, e sua capacitação para se
apropriar de um novo operador ético que o “empodere” para atuar multidisciplinar e
criticamente em Educação Ambiental e para a Saúde, não obstante a atual exiguidade
das condições materiais e políticas, no sentido da ambientalização dos currículos e da
efetivação da práxis pedagógica.

METODOLOGIA

A incerteza inerente às ciências sociais, cujos objetos não são reféns das leis e
rotinas, sendo, por essência, imprevisíveis, dotou, paradoxalmente, alguns dos seus
representantes de incômodo complexo de inferioridade, levando-os a uma busca
desmedida pela quantificação, pelo discurso positivo, que reifica não apenas os fatos
sociais, mas também os sujeitos que lhes dão vida, em busca de uma quimérica
sociedade cientificamente planejada, previsível e... uniforme.
Como as redes usadas pelas ciências humanas visam capturar o comum e
universal acerca do Homem, suas malhas – alerta Alves (1981) – têm que ser largas o
bastante para não aprisionar nenhum indivíduo, sobretudo o nosso peixe-educador
físico, dinâmico por natureza, avesso à monotonia, de vez que seu objeto é o próprio
movimento; sua sala de aula são as quadras; seu laboratório, os campos, piscinas; sua
linguagem, o lúdico; seu uniforme, os tênis, bermudas.
Guimarães, banhado nas teorias de Paulo Freire, Milton Santos e Edgar Morin,

que lhe apontaram, “entre muitas outras coisas, para a leitura crítica (Freire) de um

espaço (Santos) complexo (Morin)”, vem socorrer-nos com sua lição-metáfora do rio:

O rio representa a sociedade; a sua correnteza, o paradigma


dominante; o curso do rio, o processo histórico. Para mudarmos o rio
(sociedade), precisamos interferir na correnteza (paradigmas) do seu
curso (processo histórico) (...) (GUIMARÃES, 2006:29).

Quando se analisam as potencialidades e limitações das abordagens


quantitativa e qualitativa para apreensão do real, verifica-se que nenhum desses
instrumentos é por si só suficiente para a compreensão completa da realidade observada.
Para Minayo & Sanches (1993), um bom método seria aquele que, permitindo uma
construção correta dos dados, ajudasse a refletir sobre a dinâmica da teoria.
Assim, pela natureza do estudo, adotou-se a investigação-ação-participante e
discussões em profundidade – no intuito de driblar os bias que poderiam levar à
produção de dados contaminados pela distorção das lentes coloridas por nossos
preconceitos e expectativas –, bem como uma abordagem qualiquantitativa dos dados.

CONTEXTO E MÉTODO DE COLETA DE DADOS


Do universo da pesquisa – composto de 26 alunos do oitavo e último semestre
do período matutino do curso de licenciatura plena em EF com habilitação em Técnico
de Desportos1 da Universidade Salgado de Oliveira, na cidade de Niterói/RJ,
matriculados na disciplina Prática de Ensino da Educação Física III, ministrada pelo
primeiro autor no primeiro semestre de 2009 – 74% eram homens e 26%, mulheres,
entre 20 e 30 anos, idade média 25. Aderiram ao projeto, quando de sua proposição, os
24 alunos presentes, não tendo sido aceitas adesões ulteriores.
Obtidos os consentimentos informados para o estudo e publicação dos
resultados, foi imediatamente solicitada, com fins exploratórios e sem qualquer
informação prévia, a produção escrita de depoimentos individuais espontâneos, vale
dizer, tanto quanto possível, isentos de julgamento (uma espécie de “brainstorming
individual”), sobre a questão aberta: “Fale um pouco sobre o meio ambiente”. Sugeriu-
se cerca de 20 linhas, sem limite de tempo, para a elaboração, a qual se deu, em média,
em 30 minutos, não ultrapassando o período de uma aula (50 minutos).
Os discursos assim obtidos foram determinantes para os rumos da intervenção,
pois apontaram para as questões concretas dos sujeitos, e não para as suposições,
expectativas ou preconceitos do pesquisador. As “falas” não sofreram reformulações,
nem revisões, nem correções, por parte dos seus autores; e, para o controle de bias,
tampouco foram editados ou corrigidos por nós.
Num segundo momento, buscou-se avaliar, dialogicamente, em sala de aula, o
conhecimento/capacidade dos indivíduos para a instrumentalização dos PCNs para a
Saúde, o Meio Ambiente, a Ética e, naturalmente, a Educação Física. Então, buscamos
estruturar, juntos, uma base de conhecimento sobre a sociedade rede – entendida como
um conjunto de nós interconectados, estruturas abertas e capazes de se expandir de
forma ilimitada – para a apropriação das tecnologias de informação e comunicação
(TICs) emergentes, para sua navegação crítica pelo “infomar”; daí fomos capazes, como

1
As turmas desse semestre foram as últimas a se formarem, na instituição, pelo antigo currículo de 4 anos
para Licenciatura Plena em Educação Física com habilitação em Técnico em Desportos. A partir de
então, o currículo em vigor estabelece 3 anos para a licenciatura e 1 ano, opcional, para a obtenção do
grau de bacharel.
parceiros no estudo, de dimensionar a questão ambiental vis-à-vis os seus múltiplos e
complexos aspectos, escapando ao “doutrinamento” fácil/frágil.
A partir daí, os alunos realizaram pesquisas individuais extraclasse na Internet
e, posteriormente, receberam aulas sobre EA e assistiram a vídeos de sensibilização,
como O Ponto de Mutação, de Capra, e História das Coisas,2 sempre seguidos de
debates.
Para a conclusão da intervenção, 8 semanas depois do início, novamente sem
aviso prévio, foram solicitados posicionamentos, nos mesmos termos do primeiro:
“Reflita sobre a questão ambiental.”

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram considerados para fins de análise os discursos dos 18 alunos (12


homens e 6 mulheres) que participaram dos dois momentos do estudo, respondendo as
duas questões, os outros 6 (5 homens e 1 mulher) foram descartados.
A análise de dados foi norteada para a representação social do meio ambiente
à luz do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) (LEFÈVRE, F. & LEFÈVRE, A., 2003),
cujas bases teóricas residem na Teoria da Representação Social e seus pressupostos
metodológicos, bem como na Semiótica de Peirce (1977).
Para a elaboração do DSC, foram inicialmente selecionadas as principais idéias
centrais (ICs) e as ancoragens (ACs – afirmações genéricas para justificar ou explicar
uma situação particular) de cada resposta. A reunião das ICs e ACs em Categorias foi
feita por semelhança semântica. Criadas as categorias que classificam todas as ICs e
ACs selecionadas, foram elaborados os DSCs para cada categoria, representando, assim,
as respostas da coletividade.
O DSC é uma forma não-matemática nem metalingüística de
representar e de produzir, de modo rigoroso, o pensamento de uma
coletividade, o que se faz mediante uma série de operações sobre os
depoimentos, que culmina em discursos-síntese que reúnem respostas
de diferentes indivíduos, com conteúdos discursivos de sentido
semelhante (LEFÈVRE, F. & LEFÈVRE A., 2005).

A tabulação dos dados da pesquisa foi feita qualitativa e quantitativamente


com o suporte da licença acadêmica do software QualiQuantiSoft®, versão 1.3c build
(2), de 2009, com capacidade de processamento de até 300 respostas. Como muitos

2
Disponíveis no blog www.ambienteonline.org, produto do estudo que deu origem a este Relatório.
discursos apresentaram mais de uma Ideia Central, o desdobramento resultante das duas
questões propostas aos 18 sujeitos gerou 95 respostas.
Os dados assim obtidos foram confrontados com o estudo de Reigota (2007)
sobre a representação social do meio ambiente e práticas pedagógicas de professores
inscritos em um programa de pós-graduação lato sensu em EA.
O conceito de representação social, atualmente utilizado por vasto número de
cientistas sociais, vem sendo aplicado no estudo de problemas muito diversos,
constituindo um campo de investigação vivo e dinâmico. Moscovici (1984:12), um dos
seus criadores, fala mesmo em “era das representações”, com isso pretendendo veicular
duas ideias fundamentais: a importância do fenômeno das representações sociais nas
sociedades de hoje; e a importância do conceito de representação social no quadro das
novas orientações da Psicologia Social. (CABECINHAS, 2003).

Primeira Questão: Fale um pouco sobre o meio ambiente.

Dados Qualitativos

Esta questão obteve as seguintes Ideias Centrais (cujos DSCs para cada
categoria resumimos aqui, por questões de espaço):

IC A: Ação humana como causadora da destruição ambiental


Se a população não se conscientizar do que está acontecendo, todos não ajudarem a
combater esse mal que tanto nos ameaça, a tendência da situação será piorar.

IC B: Necessidade de investimento em educação ambiental


Temos que ter uma educação voltada para o meio ambiente, com escolas munidas de
programas e projetos que trabalhem o tema desde a alfabetização.

IC C: Implicações do modo de produção e consumo capitalista


Queimadas, extração ilegal de árvores, pesca ilegal, caça predatória, indústrias que não se
preocupam com o seu impacto ambiental. Morre-se de fome diante de toneladas de comida
que se estragam... e tudo por um principal objetivo, o lucro.

IC D: Influência da mídia
A mídia traz notícias de acidentes naturais. No entanto, a própria mídia não dá à questão o
destaque merecido e necessário, pois as questões ambientais são logo ultrapassadas pelo
futebol, pelas crises econômicas, pelas guerras.

IC E: Alterações climáticas
O fantasma do aquecimento global é uma realidade vista e sentida por todos nós.

IC F: Sustentabilidade como saída para a crise


Se o meio ambiente fornece tudo que o homem necessita para sua sobrevivência, é preciso
desenvolver a cultura do meio ambiente sustentável, com a criação de postos de trabalho e
de recursos de sobrevivência que não o agridam, como a reciclagem que, além da
despoluição, produz vários utensílios.

IC G: Reciclagem como principal medida de preservação


Quando se fala em meio ambiente, a primeira coisa em que se pensa é em reciclagem, em
desmatamento. É de se notar, que a visão estreita da solução, que passa apenas pela
reciclagem e pelo controle do desmatamento, só atinge pequenos objetivos, pois as escolas
ainda não dispõem de programas e projetos que trabalhem os temas em profundidade.

IC H: Necessidade de atitudes proativas


Enquanto não nos conscientizamos de que a preservação é obrigação de cada
pessoa, de que cada um precisa ter atitudes voltadas para a conservação do
meio ambiente, continuaremos a produzir desequilíbrio ecológico.

IC I: Cuidado com as futuras gerações


Incentivando as crianças a agirem de forma correta, o futuro ficará garantido.
Respeitemos o meio ambiente não só por ele, mas por nossos sucessores.

Dados Quantitativos

Fig. 1 – Representação do meio ambiente por graduandos de Educação Física.


Primeiro momento.
Segunda Questão: Reflita sobre a questão ambiental.

Dados Qualitativos

Esta questão obteve as seguintes Ideias Centrais (cujos DSCs para cada
categoria resumimos aqui por questões de espaço):

IC A: Ação humana como causadora da destruição ambiental


A ação do homem sobre a natureza tem desencadeado uma série de impactos ambientais
que, em escala mundial, vêm ameaçando a nossa sobrevivência. É necessário buscar
urgentemente equilíbrio para que a vida se sustente no Planeta. Mas a ganância e a
ignorância nos impedem de preservar o ambiente e propiciam queimadas, emissão de
detritos industriais.

IC B: Necessidade de investimento em educação ambiental


No presente, o ser humano sofre as consequências de seus atos do passado e sofrerá em
escala maior no futuro, quando serão necessários grandes investimentos e significativas
mudanças de comportamento para a manutenção da vida humana no Planeta. A solução está
na educação e na reeducação, mas a baixa qualidade da educação básica brasileira não
permite a efetividade da educação ambiental. As pessoas devem ser educadas desde
crianças para uma relação mais equilibrada com o ambiente.

IC C: Implicações do modo de produção e consumo capitalista


O meio ambiente é agredido diariamente por nós seres humanos: contaminamos o ar, as
águas, desmatamos, matamos os animais. Ainda assim, a questão ambiental não está
adstrita ao reflorestamento, à reciclagem e ao reaproveitamento, sendo indispensável
considerar a questão da redução do consumo, essência do capitalismo.

IC D: Influência da mídia
Nos dias atuais, a questão do meio ambiente é uma constante, mas convivemos com uma
mídia controlada por interesses comerciais e políticos que impedem o aprofundamento da
discussão ambiental, e, se continuarmos pensando como ela impõe, muito em breve não
restará vida no Planeta.

ID E: Alterações climáticas
As catástrofes ambientais vêm se intensificando nas últimas décadas. As consequências das
mudanças climáticas provocadas pela ação humana em escala global são noticiadas na TV.

ID F: Sustentabilidade como saída para a crise


É necessário implementar mudanças efetivasrumo a um mundo sustentável, num verdadeiro
equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Com o desenvolvimento sustentável, extraem-
se alimentos e energia do meio ambiente sem destruí-lo.

IC G: Reciclagem como principal medida de preservação


Mais do que reciclar, é necessário produzir e consumir em menor escala aquilo que polui,
lembrando que o meio ambiente não se restringe à vegetação, aos rios ou córregos.

IC H: Necessidade de atitudes proativas


Precisamos mudar, individualmente, nosso estilo de vida, abandonar o consumismo,
assumindo nossa parcela de responsabilidade, educando nossos filhos para que façam a
parte deles.
IC I: Cuidado com as futuras gerações
Para preservar o meio ambiente, garantindo o futuro do nosso planeta para as novas
gerações, não é possível vê-lo com uma visão mesquinha. Devemos nos conscientizar de
que, cuidando do meio ambiente, estamos cuidando de nós próprios e das gerações futuras.

IC J: Preocupação com a água


A água – desperdiçada, mal utilizada, poluída por resíduos industriais e esgotos – é a "fonte
da vida" e precisamos preservá-la.

IC K: Desmatamento da Amazônia
Nós, brasileiros, devemos enfrentar o desmatamento da Amazônia. Se não somos capazes
de cuidar das ruas onde moramos e das matas próximas de nós, como impediremos o
desmatamento da Amazônia para a criação ilegal de gado, por exemplo? Denunciando e
boicotando o consumo dessa carne já começamos a fazer a diferença.

Dados Quantitativos

Reflita sobre a questão ambiental

Fig. 2 – Representação do meio ambiente por graduandos de Educação Física.


Segundo momento.
A relevância das categorias apontadas fica evidente quando se observa que não
houve distinção significativa nos temas gerais abordados nos depoimentos analisados,
não obstante terem sido colhidos num intervalo de 8 semanas – antes (Fig. 1) e após
(Fig. 2) a intervenção.
À primeira aproximação dos manuscritos produzidos em resposta à segunda
questão, já ao final da intervenção-ação-participante, não se identificou de pronto
alteração significativa das concepções apresentadas ao início do estudo (de
conservadoras para críticas), o que frustraria parte relevante da nossa hipótese inicial,
base da intervenção. Contudo, o suporte da metodologia do DSC ajudou-nos a superar o
impacto da desconcertante quantidade de construções formalmente inadequadas à
norma culta da língua e ao que se “espera e exige” do profissional de nível superior,
notadamente o professor. A análise semântica proporcionada amenizou o peso do nosso
próprio aparato ideológico, e com isso logramos perceber e registrar os significativos
avanços dos sujeitos (Fig.3).

Fig. 3 – Comparação entre os discursos no primeiro (Questão 1) e segundo (Questão 2) momentos da


pesquisa.

Isso parece evidenciar que, não obstante as posições naturalistas, confusas e,


por vezes, até ingênuas dos sujeitos (bastante arraigadas, uma vez que construídas pelo
senso comum e sedimentadas pela mídia, sua principal fonte de informação, conforme a
mostra a IC D nos dois momentos do estudo, com 11,76 e 9,09%, respectivamente),
15,91% tornaram-se capazes de reconhecer criticamente as implicações do modo de
produção e consumo capitalista (IC C) para a crise ambiental, contra 5,88% no primeiro
momento.

A compreensão do meio ambiente, “enquanto interação complexa de


configurações sociais, biofísicas, políticas, filosóficas e culturais”, do grupo estudado
não nos parece tão distante quanto a daqueles do estudo de Reigota (2007), uma vez
que esses se mostraram capazes de “incorporar espontaneamente questões que perfazem
a totalidade da problemática”.

Enquanto no estudo de Reigota identificam-se duas grandes visões da


educação ambiental, como disciplina específica e como um projeto pedagógico
conscientizador, aqui se observa apenas esta última, mesmo no primeiro momento (IC
B), evidenciando evolução na compreensão dos seus objetivos.
Ressalte-se, igualmente, que o “mito da reciclagem” como principal medida de
prevenção (IC G), com forte apelo no momento inicial da pesquisa (23,53%), desvanece
ao fim da intervenção (6,82%), ao tempo em que cresce significativamente a ênfase na
necessidade de atitudes proativas (IC H) (de 9,8% para 20,45%), o que sugere não
serem imprescindíveis intervenções profundas e/ou de médio/longo prazos para o início
da desconstrução da “armadilha paradigmática” em que nos encerramos todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo parece indicar que nem a instrução formal, nem o estudo voluntário e
independente per se são condições suficientes para a ambientalização dos currículos da
Educação Física, como de resto dos de muitas outras áreas da Graduação, já saturadas
de informação “pré-digerida” ou inassimilável no pouco tempo disponível e/ou pelas
bases deficitárias, sobretudo para o aluno oriundo das camadas mais populares, como é
o caso do universo pesquisado, o qual necessita/depende mais que seus pares do
frutífero engajamento de seus professores em situações de ensino-aprendizagem.
É fato que a Política Nacional de Educação Ambiental, no ensino superior,
faculta a criação de disciplinas nas áreas voltadas aos aspectos metodológicos da
Educação Ambiental (EA) nos cursos de pós-graduação e de extensão (estes últimos
pouco consequentes, de vez que dependentes da pesquisa, virtualmente inexistente nas
IES privadas), mas verifica-se um gap na graduação, aparentemente de difícil solução.
Por outro lado, impõe-se que o professor trate do tema transversalmente, embora não
receba informação qualificada, tampouco formação para tal.
Nossa intervenção, que deverá ser aprofundada por outras pesquisas e
prosseguirá no blog dela resultante, aponta para a necessidade/possibilidade da
ambientalização virtual do currículo já na graduação, seja com o oferecimento da
disciplina em ambiente virtual, seja assistido pelo estímulo à construção autônoma do
conhecimento pelo aluno, apropriando-se de forma crítica dos instrumentos disponíveis
na sociedade rede, para se tornar articulador dos diversos saberes e efetivo agente de
mudança.

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