Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Agir no sentido mais geral do termo significa tomar iniciativa, iniciar,
imprimir movimento a alguma coisa. Por constituírem um initium,
por serem recém-chegados e iniciadores, em virtude do fato de terem
nascido, os homens tomam iniciativa, são impelidos a agir. (...) O fato
de que o homem é capaz de agir significa que se pode esperar dele o
inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável.
(...) Se a ação, como início, corresponde ao fato do nascimento, se é a
efetivação da condição humana da natalidade, o discurso
corresponde ao fato da distinção e é a efetivação da condição
humana da pluralidade, isto é, do viver como ser distinto e singular
entre iguais.
(Hannah Arendt , A condição humana)
METODOLOGIA
A incerteza inerente às ciências sociais, cujos objetos não são reféns das leis e
rotinas, sendo, por essência, imprevisíveis, dotou, paradoxalmente, alguns dos seus
representantes de incômodo complexo de inferioridade, levando-os a uma busca
desmedida pela quantificação, pelo discurso positivo, que reifica não apenas os fatos
sociais, mas também os sujeitos que lhes dão vida, em busca de uma quimérica
sociedade cientificamente planejada, previsível e... uniforme.
Como as redes usadas pelas ciências humanas visam capturar o comum e
universal acerca do Homem, suas malhas – alerta Alves (1981) – têm que ser largas o
bastante para não aprisionar nenhum indivíduo, sobretudo o nosso peixe-educador
físico, dinâmico por natureza, avesso à monotonia, de vez que seu objeto é o próprio
movimento; sua sala de aula são as quadras; seu laboratório, os campos, piscinas; sua
linguagem, o lúdico; seu uniforme, os tênis, bermudas.
Guimarães, banhado nas teorias de Paulo Freire, Milton Santos e Edgar Morin,
que lhe apontaram, “entre muitas outras coisas, para a leitura crítica (Freire) de um
espaço (Santos) complexo (Morin)”, vem socorrer-nos com sua lição-metáfora do rio:
1
As turmas desse semestre foram as últimas a se formarem, na instituição, pelo antigo currículo de 4 anos
para Licenciatura Plena em Educação Física com habilitação em Técnico em Desportos. A partir de
então, o currículo em vigor estabelece 3 anos para a licenciatura e 1 ano, opcional, para a obtenção do
grau de bacharel.
parceiros no estudo, de dimensionar a questão ambiental vis-à-vis os seus múltiplos e
complexos aspectos, escapando ao “doutrinamento” fácil/frágil.
A partir daí, os alunos realizaram pesquisas individuais extraclasse na Internet
e, posteriormente, receberam aulas sobre EA e assistiram a vídeos de sensibilização,
como O Ponto de Mutação, de Capra, e História das Coisas,2 sempre seguidos de
debates.
Para a conclusão da intervenção, 8 semanas depois do início, novamente sem
aviso prévio, foram solicitados posicionamentos, nos mesmos termos do primeiro:
“Reflita sobre a questão ambiental.”
RESULTADOS E DISCUSSÃO
2
Disponíveis no blog www.ambienteonline.org, produto do estudo que deu origem a este Relatório.
discursos apresentaram mais de uma Ideia Central, o desdobramento resultante das duas
questões propostas aos 18 sujeitos gerou 95 respostas.
Os dados assim obtidos foram confrontados com o estudo de Reigota (2007)
sobre a representação social do meio ambiente e práticas pedagógicas de professores
inscritos em um programa de pós-graduação lato sensu em EA.
O conceito de representação social, atualmente utilizado por vasto número de
cientistas sociais, vem sendo aplicado no estudo de problemas muito diversos,
constituindo um campo de investigação vivo e dinâmico. Moscovici (1984:12), um dos
seus criadores, fala mesmo em “era das representações”, com isso pretendendo veicular
duas ideias fundamentais: a importância do fenômeno das representações sociais nas
sociedades de hoje; e a importância do conceito de representação social no quadro das
novas orientações da Psicologia Social. (CABECINHAS, 2003).
Dados Qualitativos
Esta questão obteve as seguintes Ideias Centrais (cujos DSCs para cada
categoria resumimos aqui, por questões de espaço):
IC D: Influência da mídia
A mídia traz notícias de acidentes naturais. No entanto, a própria mídia não dá à questão o
destaque merecido e necessário, pois as questões ambientais são logo ultrapassadas pelo
futebol, pelas crises econômicas, pelas guerras.
IC E: Alterações climáticas
O fantasma do aquecimento global é uma realidade vista e sentida por todos nós.
Dados Quantitativos
Dados Qualitativos
Esta questão obteve as seguintes Ideias Centrais (cujos DSCs para cada
categoria resumimos aqui por questões de espaço):
IC D: Influência da mídia
Nos dias atuais, a questão do meio ambiente é uma constante, mas convivemos com uma
mídia controlada por interesses comerciais e políticos que impedem o aprofundamento da
discussão ambiental, e, se continuarmos pensando como ela impõe, muito em breve não
restará vida no Planeta.
ID E: Alterações climáticas
As catástrofes ambientais vêm se intensificando nas últimas décadas. As consequências das
mudanças climáticas provocadas pela ação humana em escala global são noticiadas na TV.
IC K: Desmatamento da Amazônia
Nós, brasileiros, devemos enfrentar o desmatamento da Amazônia. Se não somos capazes
de cuidar das ruas onde moramos e das matas próximas de nós, como impediremos o
desmatamento da Amazônia para a criação ilegal de gado, por exemplo? Denunciando e
boicotando o consumo dessa carne já começamos a fazer a diferença.
Dados Quantitativos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo parece indicar que nem a instrução formal, nem o estudo voluntário e
independente per se são condições suficientes para a ambientalização dos currículos da
Educação Física, como de resto dos de muitas outras áreas da Graduação, já saturadas
de informação “pré-digerida” ou inassimilável no pouco tempo disponível e/ou pelas
bases deficitárias, sobretudo para o aluno oriundo das camadas mais populares, como é
o caso do universo pesquisado, o qual necessita/depende mais que seus pares do
frutífero engajamento de seus professores em situações de ensino-aprendizagem.
É fato que a Política Nacional de Educação Ambiental, no ensino superior,
faculta a criação de disciplinas nas áreas voltadas aos aspectos metodológicos da
Educação Ambiental (EA) nos cursos de pós-graduação e de extensão (estes últimos
pouco consequentes, de vez que dependentes da pesquisa, virtualmente inexistente nas
IES privadas), mas verifica-se um gap na graduação, aparentemente de difícil solução.
Por outro lado, impõe-se que o professor trate do tema transversalmente, embora não
receba informação qualificada, tampouco formação para tal.
Nossa intervenção, que deverá ser aprofundada por outras pesquisas e
prosseguirá no blog dela resultante, aponta para a necessidade/possibilidade da
ambientalização virtual do currículo já na graduação, seja com o oferecimento da
disciplina em ambiente virtual, seja assistido pelo estímulo à construção autônoma do
conhecimento pelo aluno, apropriando-se de forma crítica dos instrumentos disponíveis
na sociedade rede, para se tornar articulador dos diversos saberes e efetivo agente de
mudança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo:
Brasiliense, cap. 6, Pescadores e Anzóis, 1981.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
CABECINHAS, Rosa. Representações sociais, relações intergrupais e cognição
social. Universidade do Minho, Portugal, 2003. Disponível em:
http://sites.ffclrp.usp.br/paideia/artigos/28/02.htm#_ftnref1. Acesso em 30.01.2010.
CRESPO, Samyra. Educar para a sustentabilidade: a educação ambiental no programa
da agenda 21. In: NOAL, F.O.; REIGOTA, M.; BARCELOS, V.H.L. (orgs.).
Tendências da educação ambiental brasileira. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.
FREITAS, Denise; OLIVEIRA, H.T. Uma reflexão sobre o valor do trabalho
desenvolvido pela REDE ACES no período de sua implementação. In: GELI, A. M.;
JUNYENT M.; SÁNCHEZ, S. (org.). Ambientalización Curricular de los Estudios
Superiores. 4 – Acciones de Intervención y balance final del proyecto de
Ambientalización Curricular de los Estudios Superiores. Girona: UdG, 2004, v. 4, p.
305-19.
LEFÈVRE, Fernando; LEFÈVRE, Ana Maria. Depoimentos e discursos: uma proposta
de análise em pesquisa social. Brasília: Liber Livro, 2005.
GUIMARÃES, Mauro. Armadilha paradigmática na educação ambiental. In:
LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES, P.P; CASTRO, R.S. (orgs.). Pensamento
complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educação ambiental transformadora. In:
GUIMARÃES, Mauro. A formação de educadores ambientais. 3. ed. Campinas:
Papirus, 2007.
MINAYO, Maria Cecilia de S.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-qualitativo: oposição
ou complementaridade?. Cad. Saúde Pública [online]. 1993, vol.9, n.3, p. 237-48.
MOSCOVICI, S. The Phenomenon of social representations. In: FARR, R.;
MOSCOVICI, S. (org.), Social representations. Cambridge: University Press, 1984.
OLIVEIRA, H.T.; CINQUETTI, H.S.; FREITAS, D.; NALE, N. A educação ambiental
na formação inicial de professores. In: Reunião Anual da ANPED, 23a. 2000,
Caxambu: ANPED, 2000.
REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. 7. ed. São Paulo: Cortez,
2007.
QUALIQUANTISOFT. Software disponível em: www.spi-net.com.br.
ZUIN, Vânia Gomes; FREITAS, Denise. Considerações sobre a ambientalização
curricular do ensino superior: o curso de licenciatura em química. In: Reunião Anual
da ANPED, 30a. 2007, Caxambu: ANPED, 2007.