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APOSTILA UNIDADE 01

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O PREGADOR

Objetivo: conhecer as principais definições e características do pregador.

Sumário:
Introdução
1.1 A figura do Pregador
1.1.1 O que não é ser pregador
1.1.2 Afinal, o que é ser pregador?
1.1.2.1 O pregador é um arauto
1.1.2.2 O pregador é um despenseiro.
1.2 Principais Qualidades Esperadas de um Pregador
1.2.1 Tendo boa vontade
1.2.2 Tendo Consideração pelas Pessoas
1.2.3 Sendo Compassivo
1.2.4 Trabalhando o Domínio Próprio
1.2.5 Crescendo na Humildade
1.3 Resumo
Introdução
Olá! Bem vindo a mais uma disciplina de seu curso de Extensão Universitária
das Faculdades Batista do Paraná. Neste primeiro momento concentraremos nossas
energias na pessoa do pregador, vislumbrando quem ele é e as afinidades necessárias
para um bom desempenho de sua missão.

1.1 A figura do Pregador


Antes de falarmos sobre quem ou o que é o pregador, convêm desmitificarmos
algumas definições que temos ouvido ao longo dos anos e acabamos por tê-las como
certeiras, sem nem sequer pensarmos em sua postulação.

1.1.1 O que não é ser pregador


Volta e meia costumo ouvir que o pastor é o profeta de Deus para os dias de
hoje. Mas, segundo Stott, o pregador não é profeta (STOTT, 1991, p.11-13). E concordo
plenamente com ele. Pode até ter o dom de profecia, descrito em o Novo Testamento.
Pode até agir com ardor ou missão profética, no sentido mais geral do termo. Pode até
ter uma mensagem mais voltada para uma adoração mais prática e vivida em justiça.
Todavia, a clara concepção de profeta, muito destacada e valorizada no Antigo
testamento, ficou para trás. Lá, Deus escolhia um ou outro (e às vezes outra, como o
caso de Débora, a juíza profetiza) para por meio dele ou dela revelar e declarar a sua
verdade, revelada diretamente do Senhor. No entanto, este personagem não existe
mais. Todos nós temos livre acesso à verdade Plenamente revelada em Cristo, através
das Escrituras. Assim, o pregador não tem mais este status de único “porta-voz” e
detentor da verdade revelada somente a ele.
Porém, não deixa de ter um papel importante no estudo, meditação, vivência e
transmissão do texto que Deus o inspirou a pregar. Embora, o pregador não pode se
alvorar e se engrandecer achando ser “o escolhido” ou “o vidente”, por outro lado,
não pode deixar de transmitir aquilo que Deus lhe mostrou e, principalmente, deixar
de chamar a igreja à uma vivência mais significativa e muito mais prática em seu dia a
dia. Pois, além do fato de que toda pregação deve falar primeiramente conosco, o
pregador deve lembrar que ela também deve falar com nossos ouvintes.
De igual modo, o pregador também não é Apóstolo (STOTT, 1991, p.13-16).
Convêm lembrar, que por sua definição, o apostolado pertence àquele “enviado”
como emissário, como embaixador, como representante legal para dizer e desdizer em
nome de seu senhor. O Apostolado pertenceu aos doze primeiros eleitos. Eles sim,
tinham o peso de ser “as próprias palavras do Cristo”, quem os havia enviado. Como
você já deve ter imaginado, não temos esta autonomia. Só podemos dizer aquilo que
nos foi revelado na Bíblia. Devemos pautar nossas reflexões e respostas nos textos
bíblicos. É óbvio que em alguns casos, serão necessários anos de pesquisa, oração e
meditação. Todavia, por mais que eu tenha estudado ou gaste minha vida no preparo
acadêmico e espiritual de um determinado sermão, não posso dizer simplesmente que
eu estou dizendo e ponto final. Não sou Apóstolo. Não tenho tamanha prerrogativa.
Em contrapartida, nem por isto posso assumir um púlpito sem a menor
preocupação possível. Como se eu não tivesse responsabilidade por minha fala. Afinal,
quando pregamos, o fazemos em nome de nosso Deus e conforme nos alerta Gusso, se
falarmos aquilo que Deus não disse, somos no mínimo mentirosos e falsos profetas
(GUSSO, 1998, p. 03). Em outras palavras, aquilo que se é falado em um púlpito, a
igreja ainda tende a levar a sério. Eu digo ainda, porque infelizmente, diante de tantas
besteiras que temos ouvido por aí, alguns púlpitos perderam a dignidade relativa ao
caráter de sua missão. O que pregamos, tem sido considerado como mensagem de
Deus, mesmo não sendo verdadeiramente Seus apóstolos. Isto, por si só já deve nos
prevenir da tamanha responsabilidade e privilégio que nos sobressai.
Além disso, mas aproveitando a deixa sobre a importância daquilo que falamos,
o pregador não deve ser de forma alguma, um falso profeta (STOTT, 1991, p.17). Uma
definição muito forte sobre o assunto e, ao mesmo tempo, extremamente ignorada
por muitos está lá em Deuteronômio (13.2-4): qualquer pessoa que disser algo em
nome de Deus a fim de afastar o povo para caminhos tortuosos é considerado falso
profeta, mesmo que tais palavras se cumpram. Infelizmente, tem muita gente
seguindo alguns líderes baseados só na primeira parte do verso. Seguem-no porque
acertou alguns vaticínios. Porém, não se preocupam em analisar a índole do tal
mensageiro, nem tão pouco tentam descobrir a intenção por trás de sua falsa
religiosidade.
Gusso (1998) também traz uma palavra bastante forte sobre este assunto, a
partir de uma alegoria bastante exortativa. Ele diz, em outras palavras, se
interpretarmos mal uma fala de Shakespeare, numa determinada encenação,
dependendo do lugar seremos vaiados. Mas de fato, não mudará em nada a vida do
ouvinte. Mas, se errarmos uma interpretação ou ensinarmos algo que não condiz com
os ensinos bíblicos podemos colocar em risco a eternidade de nossos ouvintes. Sim,
como Tiago já dizia, temos palavras de vida ou morte (Cf. Tg 3.8-11).
Se eu te perguntar se você é um falso profeta tem grande chance da resposta
ser: “claro que não, tá maluco? Imagina se eu iria contra a vontade de nosso Deus?”.
Porém, uma forma bem sutil e, às vezes até inconsciente, de sermos falsos profetas, é
quando só pregamos textos de que a gente gosta. Ou então, quando deixamos
propositalmente alguns versículos de lado, por não gostarmos muito dele. Ou seja, se
prego aquilo que só está em meu coração, dizendo que é a mensagem de Deus, estarei
me enganando e pior, tendo grande probabilidade de ser um falso profeta, de dizer
aquilo que Deus não disse.
Um exemplo prático: até hoje, nunca ouvi um sermão sobre o Salmos 95
inteiro. Também nunca ouvi sua leitura completa nos momentos devocionais dos
cultos. Geralmente param nos versos 6 ou o comecinho do 7. Antes de continuar lendo
minhas palavras, pegue sua Bíblia e leia o salmo 95 e tente visualizar a diferença entre
suas duas partes. Já leu? Então continue. Não leu ainda? Busque uma Bíblia e a tenha
sempre contigo.
Pois bem, infelizmente, muitos param no verso 6, porque, simplesmente, em
sua primeira parte é um Salmo extremamente pastoril, enaltecendo a bondade e o
cuidado de nosso Deus. Porém evitam a parte que diz “Se hoje ouvirdes a voz do
Espírito, não endureçais os vossos corações...” (Sl 95.7dss)
Outro texto muito desrespeitado em sua completude é o famoso chamado de
Isaias. Para um pouquinho esta leitura, pega a tua Bíblia e lê o capítulo 6 de Isaias.Já
leu? Se sim, continue. Caso contrário, vai lá. Busque uma possível resposta do por quê,
as pregações sempre param no verso 8.
Sempre ouvi pregações até o verso 8, que mostram Isaias se oferecendo para a
missão que Deus tinha para ele. Mas os versos 9 a 13 geralmente são ignorados
porque demonstram o lado trabalhoso e penoso que às vezes pode ter um ministério.
“Isto não dá ibope”, diria o vovô. Pode até não dar ibope, pode não ser muito atrativo,
pode até não ser nada convidativo, mas se formos comissionados para pregar sobre o
chamado de Isaias e deixarmos os versos 8-13 de fora, não estamos sendo fiel ao texto
bíblico. Em outras palavras, estamos sendo falsos profetas.
O pregador também não pode ser paroleiro (STOTT, 1991, p.19-26). Não deve
falar só por falar. Há um ditado popular que diz; “quem fala muito dá bom dia a
cavalo”. Infelizmente há muitos pregadores que em lugar de anunciar o reino de Deus
ou explicar a sua Palavra, usam o púlpito para “contar histórias” sem nexo, sem
sentido, apenas pela necessidade de falar. Ou, pior, em vez de se debruçar e tirar
lições preciosas da Bíblia, gastam tempo falando da vida alheia. Usam o púlpito como
“palanque de recado”. Usam o momento mais importante do culto para dar
extravagância à sua carne.
Por outro lado, é claro que aquilo que falamos, quando o fazemos na unção do
Espírito, certamente atingirá a vida de outras pessoas e poderá até transformá-las. Há
momentos, que até ouvimos alguém dizer “como o pastor sabia que eu estava
passando por aquilo que ele pregou?”. Mas, quando fazemos isto na carne, embasados
em nós mesmos ou nas fofocas de uns e outros que acham que seu ministério é
manter o pastor sintonizado em tudo o que acontece na vida dos irmãos, o resultado é
assaz assombroso. É catastrófico. É uma verdadeira desgraça para o pregador, para os
ouvintes e para aquele que for citado. Enfim, o pregador não deve ser um paroleiro.
Curiosamente a palavrinha grega que é traduzida por paroleiro também tem o
sentido de “catador de sobras”. Neste sentido, também podemos fazer boas
aplicações para as nossas vidas como pregadores. Nossa fonte, nosso alimento deve
ser sempre fresco e buscado diariamente na Palavra e numa vida de devoção diária.
Infelizmente, pela correria, por preguiça, por indisciplina ou algum outro pecado, tem
sido muito comum alguns pregadores, minutos antes de pregarem, simplesmente
entrarem na internet e lerem o sermão como se fossem eles próprios seus autores.
Não tenho nada contra o fato de, às vezes, ao sermos impactados por algum
sermão que ouvimos ou lemos, termos o desejo de transmiti-lo para a igreja. Mas
precisamos ser honestos e jogar limpo. Não tenha vergonha ou medo de dizer: “Meus
irmãos, ouvi um sermão muito bom sobre tal assunto e gostaria de reproduzi-lo hoje
para vocês”. Todavia, não é isto que tem acontecido. O uso de sermões prontos sem
nenhuma preocupação de uma apropriação própria, por meio da meditação e oração,
tem levado alguns pregadores a, simplesmente copiarem seus sermões da internet, dia
após dia, culto após culto. O “engraçado” é que um pregador destes pode até achar
que está “abafando”, mas nem percebe que algum de seus ouvintes já descobriu os
seus sermões na internet e pior, seu apelido pelos cantos, em vez de ser o pregador
abençoado, passa a ser reconhecido e chamado, secretamente, de “o pregador da
internet”, “o pregador que não lê a Bíblia”, “o pregador sem criatividade”.
O pregador não é político profissional. Nada contra a política, em sua essência,
nem contra as pessoas que fazem uso dela de forma honesta e digna. Me refiro aqui a
uma classe que infelizmente tem crescido cada vez mais no nosso Brasil e que,
convencionalmente, tem muito mais a ver com politicagem. Ultimamente tem sido
usado a palavra platitude para se referir a tais politiqueiros. Em poucas palavras, ela
descreve a prática de uma apresentação inexpressível. Curiosamente tem pessoas que
gastam horas procurando saber o que o outro quer ouvir, para então, de forma muito
bem elaborada fazer um discurso sem o menor comprometimento com o mesmo. Ou
seja, embora as palavras tenham ordem e sejam bem escolhidas, o discurso não
corresponde ao assunto que deveria refletir.
Trata-se de “uma forma excelente de preencher um discurso com frases que
soam inteligentes, todos concordam, e não trazem nada de informação. [É procurar]
deixar sempre na névoa o específico, mantendo o discurso na zona de
concordância dos clichês, longe da discussão de iniciativas tangíveis, [em outras
palavras] é uma arte de sobrevivência e manipulação.”1 Definitivamente, o pregador
não pode usar de tal técnica para expressar seu discurso. Deve falar o que Deus tem
preparado para o seu povo e nunca o que o povo quer ouvir. Devemos ser corajosos e
ousados, porque nem sempre é fácil vencer a tentação da manipulação ou mesmo ter
a coragem necessária de assumir a consequência daquilo que falamos.
Por outro lado, o pregador também não é “a voz divina”. A palavra continua
tendo o seu papel na revelação. Além disso, é dever e papel do espírito Santo,
“convencer as pessoas do pecado, da justiça e do juízo” (Cf Jo 16.8). Embora eu e você,
ao subir ao púlpito, temos a missão de trazer a mensagem do Evangelho às pessoas, e
1 PLATITUDE. Um Vício pelo Nome Platitude. Artigo encontrado em um blog. Disponível em <
https://simplesmente.com/2006/04/09/um-vicio-pelo-nome-platitude/>. Acesso em outubro de
2016.
quando o fazemos de forma correta e honesta, Deus, em Sua infinita graça, fala
conosco e através de nós. Devemos ter sempre em mente que somos apenas seus
instrumentos, e não Sua voz, nem Sua Palavra inerrante.
Mas, se não somos a voz divina, não somos profetas, não somos apóstolos, não
devemos ser falsos profetas nem ser paroleiros, o que somos? O que é o pregador,
afinal? Qual seu papel e sua função?

1.1.2 Afinal, o que é ser pregador?


Não pretendemos aqui, dar uma definição pronta, com poucas palavras. Pelo
contrário, diante da complexidade e grandeza de nossa tarefa, usaremos duas figuras
de linguagem para descrever nossa missão e aspectos de nossa postura: o arauto e o
despenseiro.

1.1.2.1 O pregador é um arauto


Uma das definições que acho bastante interessante é entender o pregador
como um arauto. Provavelmente você já deva ter assistido ou lido algo sobre os reis
medievais e seus arautos. Pessoas que tinham a missão de transmitir a mensagem de
seu senhor. Curiosamente, algumas características eram exigidas para o bom
desempenho desta função. Esperava-se que os mesmos tivessem uma boa dicção, a
fim de que seus ouvintes pudessem entender bem o recado transmitido (FISCHER,
1999, p. 318). Também deveriam ter intimidade e acesso ao palácio, para saber o que
seu rei pensava e, acima de tudo, deveriam ser fieis a seus suseranos, devendo
transmitir realmente as ordens dadas e não aquilo que ele achasse que era melhor
para o povo.
Ouvi certa vez o testemunho de um missionário que estava em seu primeiro
contato com uma determinada tribo e, por isso, usava de um intérprete local para se
comunicar. Ele disse que no meio da pregação, começou a acontecer algo estranho.
Quanto mais ele se aprofundava sobre a morte de Cristo e a necessidade de nos
negarmos a nós mesmos, para que Ele, de fato, reine em nós, mais seus ouvintes
esboçavam cara de descontração e riso. Então, ele parou sua pregação e perguntou ao
intérprete o que estava acontecendo. Pra tentar entender o porque de suas palavras
soarem tão estranhas naquela cultura. De forma multo direta o seu “arauto” (seu
intérprete), simplesmente lhe respondeu: “nosso povo já sofre demais, pra você vir
com uma história tão triste como esta aí, então estou contando pra eles algo mais
alegre”.2
Como arautos que somos, devemos ter intimidade com a Palavra de nosso
Senhor e, acima de tudo, fidelidade aos seus ensinos para falarmos aquilo que
realmente Ele espera que anunciemos. Estas duas características (fidelidade e
intimidade) são tão importantes que voltaremos a abordá-la no início da Unidade 3.
Por hora, só nos resta saber que, como tudo na vida, os extremos devem sempre ser
evitados. Ou seja, tenho conhecido pessoas que em nome de uma santidade
extremada acabam não se preocupando com a meditação do texto, pois acham que só
a oração resolve. Enquanto há outros que se escoram tanto nos seus próprios
conhecimentos que acham que não precisam ter comunhão com o Senhor.
Ambos estão errados. Precisamos ter comunhão diária e profunda com Deus
para melhor entender sua mensagem e, ser humildes para reconhecer que precisamos
e podemos contar com a ajuda de vários pesquisadores que gastaram suas vidas
procurando entender algumas porções da Bíblia. Ou seja, estudo e espiritualidade não
devem se excluir na vida do pregador. Muito pelo contrário, quanto maior equilíbrio
tivermos entre os dois, melhores anunciadores do reino seremos. Lembra do arauto?
Ele deveria saber falar bem (ter a técnica e habilidade pessoal), mas também precisava
ser fiel (ter intimidade com seu dono).

1.1.2.2 O pregador é um despenseiro.


Outra metáfora muito bonita que procura definir o pregador é a figura do
despenseiro. O pregador é aquele que cuida da despensa.3 Ele não é o dono, mas tem
acesso ao alimento que o dono lhe provisionou. Não somente tem o acesso à despensa
divina, mas tem a missão de saber o que deve ser servido a cada período do dia. É ele,
o despenseiro, que decide o que preparar, como preparar, em que quantidade e pra
quem será servido.
Você já pensou se um despenseiro agisse da seguinte forma: é hora do almoço
e tem cinco pessoas para a refeição. Como ele se atrapalhou com outras coisas não
importantes à sua função, já está tarde. Então ele vai até a despensa e pega um quilo
2 Academicamente, aqui deveria vir a citação, mas não consegui localizar sua origem. Mas
achei que valeria bem, como exemplo prático do que estamos falando.
3 Esta metáfora não é minha, mas já a ouvi várias vezes de púlpito, porém não consegui

localizar uma obra para referendá-la.


de arroz, dez batatas, dois quilos de alcatra, uma lata de creme de leite, alguns
cogumelos, joga tudo à mesa dos convidados e pronto, pode dormir tranquilamente
porque serviu strogonoff para o povo.
É claro que não, você deve estar dizendo. Não tem nem lógica uma ação assim.
Porém, infelizmente, muitas vezes é isto que temos ouvido como sermão. O pregador
acorda tarde, porque passou a semana fazendo outras coisas não condizentes com sua
missão, pega uma concordância e simplesmente lê vários versículos isolados, sem dar
muitas explicações, gasta quase 50% do tempo naquelas apelações inadequadas e
inacabadas e vai pra casa achando que o povo saiu bem alimentado. Ou então, até faz
uma ótima pesquisa nos textos originais, mas na hora da transmissão da mensagem,
fica lendo frases em grego ou hebraico, só para dizer que tem conhecimento sobre o
assunto, mas efetivamente, não fala a língua do povo. Ou seja, não se faz entender e,
consequentemente, não alimenta o povo.
Em contrapartida, a figura do despenseiro, nos traz a ideia de que o pregador,
sabendo quem estará presente, vai até a despensa e em oração descobre o que será
pregado. Sob a unção do Espírito Santo, passa um bom tempo preparando cuidadosa e
amorosamente cada parte do sermão. Escolhe com cuidado o texto bíblico, seleciona
com critérios as ilustrações a serem utilizadas, pensa com carinho nas possíveis
aplicações ou lições que o texto pregado trará como desafio pra cada um. Sabe se
poderá servir bem quente ou se precisará dar uma esfriadinha. Afinal, não podemos
dar para uma criança (os meninos na fé) o mesmo alimento e na mesma temperatura
que damos para os adultos. Aí sim, ao final, mesmo que não tenhamos manifestações
visíveis de respostas ao seu apelo, ele poderá ir pra casa de consciência tranquila,
ciente de que o alimento que preparou para o seu povo era de boa qualidade e de
forma apropriada.
Que nosso Deus nos ajude e abençoe a sermos bons despenseiros e ótimos
arautos, sendo fieis a Sua Palavra, tendo intimidade com Ele e trabalhando sob a
influência e liderança de Seu Santo Espírito. Pois, como já devem ter imaginado, nossa
tarefa não é nada fácil. É de um privilégio ímpar e de bênçãos sem medidas, contudo,
trata-se de uma missão de alta responsabilidade, dedicação e boa vontade. Falando
em boa vontade, um bom pregador não tem que se preocupar apenas com aquilo que
ele é ou deixa de ser, mas há vários cuidados com relação à vida e ao perfil do
pregador que precisam ser conhecidos e bem trabalhados em nós a fim de sermos
obreiros aprovados neste ministério.

1.2 Principais Qualidades Esperadas de um Pregador


Não tem sido tão raro assim, ouvir alguns pregadores que no afã de fazer o seu
melhor, demonstram certa intimidade com Deus, procuram estudar bem Sua Palavra e
dizem o que precisam dizer. Mas, fazem isto a qualquer custo, “doa a quem doer”.
Porém, há certas qualidades ou características que são esperadas de um pregador. E
quanto mais crescemos nelas, mais bem sucedidos seremos em nossas pregações. Por
isto, neste tópico conversaremos sobre a necessidade de termos boa vontade, a
importância de termos compaixão, o cuidado necessário ao se fazer as considerações e
o constante desafio de lutarmos em busca de domínio próprio.

1.2.1 Tendo boa vontade


Você já presenciou algum pregador, que mesmo diante de um tema tão
relevante e importante, consegue passar um desânimo do tipo: “só estou aqui porque
tinha que pregar”? Como é terrível encontrar pessoas assim. Não importa o quão
elucidativo e profundo ele tenha sido em seus comentários e explicações, por fim, seu
semblante acaba nos dizendo que tudo aquilo é perda de tempo. Precisamos ser
diferentes. Precisamos lembrar do alto nível de nossa tarefa e exercê-la da melhor
maneira possível, com muita boa vontade.
Por outro lado, não podemos viver fugindo das responsabilidades a que somos
chamados porque nos consideramos pequenos e falhos. Isto é verdade e nunca
deixaremos de o ser. Mas não podemos usar isto como desculpa para tentar fugir do
chamado divino para as nossas vidas. Todavia, não posso pregar com uma cara de
derrotado, daquele tipo que todos estão vendo que eu queria estar fazendo qualquer
outra coisa, menos pregando.
Uma boa dica sobre esta questão é cuidar com as atividades antes do sermão.
Às vezes, em nome de se estar prestando um serviço a Deus, acabamos por aceitar
convites e tarefas das mais diversas possíveis e quando vemos, nos esgotamos
fisicamente para cumpri-las e chegamos ao púlpito fisicamente esgotados. Procure ter
uma boa noite de sono antes de pregar.
1.2.2 Tendo Consideração pelas Pessoas
Além da boa vontade, ou ânimo de espírito, também precisamos ter
consideração. Precisamos ter a sabedoria necessária para saber o que falar, o
momento de se expressar, a forma de se fazer etc. Infelizmente, muitos não tem sido
nada polidos em suas maneiras de se comunicar. Para piorar a situação se escondem
numa falsa casca de verdade: “afinal, ela tem que ser dita, doa a quem doer”.
Geralmente por interpretarem de forma errônea este ditado popular. O que o vovô
queria dizer, é que devemos ser fieis e ter o mesmo discurso para todos. Aquilo que
nosso Mestre já nos dizia: “seja o vosso sim, sim, e o não, não”. Ambos nos convidam a
não termos dois discursos. Um para os amigos e outros para aqueles de quem não
gostamos tanto. Isto é que é proibido. Mas tanto o ditado, quanto a Bíblia são
enfáticos a dizer que devemos selecionar nossas palavras.
Por exemplo, uma coisa é eu dizer: “O senhor Gumba é vagabundo”, outra
coisa bem diferente é dizer que “ele não gosta muito de trabalhar”. A primeira forma é
ofensiva e fecha portas, a segunda já é bem mais mansa, diz a mesma verdade e ainda
mantem os vínculos de amizade aberta. Precisamos ter consideração pelas pessoas, no
sentido de termos que escolher bem nossas palavras, mas também no sentido de que
estamos todos num mesmo patamar. Certamente você já deve ter ouvido algum
sermão, no qual o pregador, embora tenha falado verdades bíblicas, o fez, como se tais
verdades só servissem para os seus ouvintes. Sim, falam de tal forma a soar que só ele
é bom, só ele presta, só ele sabe, só ele tem intimidade com Deus. Já o resto, ah! O
resto, como o nome já diz, é resto. Não podemos ser assim, de forma alguma.
Precisamos considerar as pessoas como nossas irmãs e não como nossas inimigas ou
como pertencentes a uma categoria mais baixa. Trate as pessoas com respeito.
Semelhantemente, é muito importante que o pregador pregue para todos.
Infelizmente, talvez como atitude de defesa ou anti nervosismo, tem sido comum, o
pregador escolher um canto do templo, ou uma pessoa específica e passar o tempo
todo pregando apenas para a parede ou para um determinado membro. Nunca faça
isto. Lembre-se: são irmãos em Cristo que naquele momento estão esperando serem
alimentados por Deus por intermédio de sua vida. Assim, assuma o púlpito de coração
aberto, não fazendo acepção nem tão pouco falando de qualquer jeito.
1.2.3 Sendo Compassivo
Além disso, tenha compaixão pelas pessoas. Só cuidado para não confundir
compaixão com complacência. Compaixão é colocar-se sob a dor do outro e procurar
ajuda-lo da melhor forma possível. Complacência é usar a necessidade do outro, se
colocando de tal modo a se passar por gente boa. Na primeira, nos preocupamos
sinceramente com a pessoa ferida, na segunda, a nossa preocupação está em como ela
nos vê. Em outras palavras, um amigo compassivo dirá a você o que você precisa ouvir,
porque mesmo que doa, ele verdadeiramente se importa contigo e quer que você
cresça. Enquanto o complacente, com o objetivo de lhe agradar, vai até mudar o
discurso, a fim de poupá-lo da má notícia e principalmente querendo passar-se por
bonzinho. O grande problema é que, mesmo que possam ser visto como “benefícios”
duplos em nome da amizade, são bajulações passageiras e superficiais.
Um pregador não pode pregar para benefício próprio, ou pior, ter dois
discursos. Um mais ofensivo aos de fora e um mais ameno para aqueles que
pertencem ao seu círculo de amizade. Muito pelo contrário, deve pregar a todos, com
mesmo objetivo e interesse e, como temos enfatizado, cheio de compaixão. Sim, é
possível trazer uma palavra dura, mas envolta numa entonação e postura compassiva,
não julgadora e humilde. Em contrapartida, como é triste ouvir uma mensagem, por
mais bíblica que seja, transmitida com um ar de arrogância, prepotência ou
superioridade.

1.2.4 Trabalhando o Domínio Próprio


Outra afinidade muito esperada dos pregadores é o domínio próprio. Não
apenas em sua própria vida, mas também nas expressões ao falar, na forma como
interagir com seus ouvintes em casos de imprevistos e, principalmente, ter controle
sobre o tempo de sua ministração. Infelizmente é muito comum ouvirmos pregadores
falando, falando, falando, só para “preencher tabela”. Só para ficar no tempo de
costume. Isto é muito feio e todos percebem.
O pregador precisa se adequar ao texto escolhido. Sim, tem textos que não nos
permitem falar por uma hora e meia, sem nos tornarmos cansativos, enfadonhos ou
“fugitivos” do tema. Seria inconcebível, por exemplo, fazer uma série de 22 sermões
de 40 minutos sobre o Salmos 119, só pensando no fato que ele tem 22 partes de oito
versos cada. Aparentemente é um material vastíssimo. Mas, como é uma poesia
hebraica de alto nível, todos os seus 176 versos foram pensados com o propósito de
enaltecer a palavra de Deus. O detalhe é que o salmista usa muitas palavras sinônimas
para dizer a mesma coisa.
Permita-me dar outro exemplo, ainda mais catastrófico que este anterior. Já
imaginou ouvir um sermão doutrinário, daqueles que se preocupam em acertar vários
detalhes de comportamento para os membros da igreja; como diríamos: algo feito
para lavar a roupa suja, mas pregado em um funeral e com duração de uma hora? Não
dá. O vovô diria: “temos que ter semancol”. Não importa se eu gosto de falar pouco ou
muito. Não sou eu que devo ser o critério balizador e limitador do tempo de meu
sermão. Eu tenho que saber me adequar conforme a situação, a oportunidade, a
localidade e o momento, entre outras variáveis.
Tenho que saber, que um culto de meio de semana, deve ser mais curto do que
um de domingo, afinal, muitos ouvintes vêm cansados e direto do trabalho. Não posso
ser simplista em achar que é maldade do povo não querer intimidade com Deus no
meio da semana. Não posso simplesmente culpar o povo, por alguns detalhes que
podem ser culpa, falta de habilidade ou sabedoria, de minha parte.

1.2.5 Crescendo na Humildade


Por fim, outra qualidade ou característica muito importante e esperada em um
pregador, é a necessidade de ser humilde. Parece estranho, não acha? Se para
preparar um sermão, devo investir tempo em oração e estudo da Palavra, como
poderia não ser humilde? Curiosamente, a tentação de achar que somos importantes
não é tão simples quanto parece. Há momentos, que mesmo sendo auxiliados pelo
Espírito Santo a ter uma ideia ou a pensar em uma ilustração perfeita, nossa carne tem
a tendência de nos levar a pensar que realmente somos inteligentes, verdadeiramente
somos inspirados e pronto, caímos na tentação e passamos a achar que seremos nós a
convencer o povo. Seremos nós a trazer a sabedoria necessária. Seremos nós os atores
principais. Muito cuidado. Não importa quanto tempo você gaste no preparo de um
sermão, nem tão pouco não se iluda com a capacidade de extrair verdades ou
declarações tão sublimes. Lembre-se: somos arautos, portadores da mensagem dada
por nosso senhor. Somos despenseiros, servos com acesso à despensa, e nada mais
que isto. Instrumentos para anunciar a palavra divina e não Sua voz.
Certamente você pode imaginar outras afinidades e características esperadas
de um bom pregador. Estas, ao meu ver, são as mais importantes; algo realmente
imprescindíveis para uma excelente ministração da Palavra de nosso Deus. Após estas
palavras iniciais sobre a definição de quem somos e de como devemos ser, passaremos
a trabalhar alguns significados sobre a Homilética em si.

1.3 Resumo
Antes de sairmos pregando, é salutar termos ciência sobre quem é o pregador
suas funções e quais são as virtudes desejadas para o mesmo. Vimos que o pregador
não é profeta nem tão pouco apóstolo, pois não recebe a Palavra diretamente de Deus
e não pode se alvorar a ser a palavra final sobre o assunto. Ele deve, por outro lado,
sempre estar buscando na Bíblia os ensinos e exortações a serem ministradas.
Também não deve ser falso profeta. Como vimos, podemos usar de falso profetismo,
quando por interpretação errada ou de propósito, dizemos algo que Deus não disse
ou, o que tem sido muito comum, usamos somente parte do texto bíblico, aquela que
melhor se adapta à nossa realidade.
Não podemos, ainda, ser paroleiros nem políticos profissionais. Quanto ao
primeiro somos proibidos de usar o púlpito para resolver assuntos pessoais ou para
expor as pessoas. Também não podemos ficar escolhendo nosso discurso com o
objetivo de melhor atrair a atenção de nosso público, no sentido de dizermos apenas o
que ele quer escutar. O pior é que muitos, além de usarem um discurso meramente
humano, o envolvem numa roupagem pseudo divina, como se fossemos a própria voz
divina a falar. Não. De forma alguma. A revelação deve ser obtida pelo estudo e
meditação da Bíblia. Somos apenas os expositores de tais verdades.
Somos como um arauto, que deve transmitir a mensagem de seu soberano
Devemos ser fieis e ter intimidade com nosso Deus, a fim de sabermos o que Ele
requer de nós. De igual modo, podemos tomar a figura do despenseiro. Aquele que
tem acesso à despensa e conhecendo a necessidade do dia, busca os ingredientes
sólidos na Palavra e prepara uma refeição capaz de alimentar a alma de nossos
ouvintes.
Diante do que somos ou não somos, ainda nos resta lembrar as principais
afinidades esperadas de um bom pregador. Temos que ter boa vontade. Pregar com
empolgação, mostrando que amamos a Deus, o estudo da Palavra, a oportunidade de
pregar e as pessoas que nos ouvem. Sim, nossos ouvintes são irmãos nossos que
precisam crescer. Não são nossos inimigos. Por isto, considere as pessoas com bom
grado, seja amável. Mesmo quando precisar dizer algo muito duro e difícil, faça-o em
amor.
Falando em amor, é esperada dos pregadores a compaixão. Aqui vale aquela
máxima em nossos dias: “devemos odiar o pecado, mas amar o pecador”. Sim,
devemos ter compaixão, sentir a dor do outro. Colocar-se no lugar de nossos ouvintes.
Na verdade, o ideal é que todo sermão primeiramente tenha falado aos nossos
corações, para só depois, transmitirmos aos outros.
Tenha domínio próprio, cuidando com suas palavras, com o tempo, saiba se
readequar aos possíveis imprevistos, tendo paciência e sabedoria para quando precisar
chamar a atenção de alguém de púlpito etc. Acima de tudo, permita que Deus trabalhe
a humildade em seu coração. Infelizmente, tem sido comum, embora possa parecer
estranho, quanto mais crescemos na arte da pregação, aumentar o risco de sermos
orgulhosos e presunçosos, achando que nós não precisamos mais daquilo que estamos
ministrando. Sejamos sempre os primeiros a nos alimentar da palavra que vamos
pregar aos nossos ouvintes.

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