www.deco.proteste.

pt | 145 | junho/julho 2020 | bimestral | € 10,50

Diretora e editora Cláudia Maia

Supermercado online
Ausência da lista de ingredientes e do valor nutricional são falhas graves

RECOMEÇAR
EM SEGURANÇA
Estratégias para retomar a vida
fora de casa e continuar a proteger
os grupos de risco

Teleconsultas Recuperados Ansiedade

Atendimento por telefone Testemunho de quem contraiu Estado emocional afeta (e muito)
pode manter-se no futuro a covid-19 e venceu a infeção como comemos e dormimos
 BREVES

sumário 04 CHECK UP Suplementos

alimentares e imunidade
• Consumidores ouvidos
na Europa • Medo de ficar
infetado: proteção ou
perturbação • Atmosfera mais
limpa • Rótulos: português de
gema • Máscaras de proteção:
uso obrigatório • Cuidados
com o sol

EM FOCO
04
08
Retomar a atividade física
Cuidados a ter no exterior e as
melhores pulseiras de fitness.
145
12
Vacinas Wolfgang Philipp,
da Comissão Europeia, fala
junho/julho 2020
sobre desinformação.

14
Evite as noites mal dormidas
Táticas para pôr o sono em dia.

16
Compras online Um terço
dos produtos não tem a
informação obrigatória.

19 12
Saúde em adaptação Prestar
os cuidados necessários
em tempos exigentes.

27
22
Mãos Luvas, produtos menos
OS NOSSOS VALORES
agressivos e creme hidratante
INDEPENDÊNCIA ajudam a proteger a pele.
A nossa missão exige independência total:
financeira, política e ideológica.
Os conselhos e tomadas de posição

24
Recuperados da covid-19
resultam dos nossos estudos e análises, A história de quem sobreviveu.
livres de qualquer tipo de pressão.
A totalidade das receitas da nossa atividade
é reinvestida em prol dos consumidores.

27
Hotéis para animais Preços
CREDIBILIDADE de férias para o seu patudo.
A concretização da nossa missão assenta
na credibilidade e no reconhecimento da

30
qualidade do nosso trabalho. Esta resulta Viver o luto Caminhos para
do profissionalismo das nossas equipas amenizar o sofrimento.
e de métodos comprovados, transparentes
e permanentemente reavaliados, baseados

32
numa ética profissional exigente. Stresse e alimentação Dicas
para descolar o estômago das
PROXIMIDADE
A nossa missão é permanentemente emoções
orientada para a satisfação das necessidades

32
dos consumidores. A sua concretização

35
Sénior em casa Alimentação,
passa por interagir com todos os
interlocutores – consumidores, comunicação
exercício e muita conversa
social, poderes políticos, etc. –, respondendo promovem a qualidade de vida.
às suas solicitações de forma direta, concreta
e adequada.

CONTACTE-NOS PERTO DE SI
Telefone
218 410 801

38
LEITORES EM DIRETO
Serviço de informações Moratórias para todos •
218 410 858
Máscara? Só com cerificado •
Assinaturas e encomendas
pela internet A conta é do utente • Valproato
www.deco.proteste.pt/contactos em vigilância

2 testesaúde 145
08 Serviço Nacional de Saúde

Orgulho,
gratidão e ventos
Fátima Ramos
Jornalista
da TESTE SAÚDE
de mudança
A covid-19 trouxe-nos tempos difíceis, de grande pressão
e ansiedade. Seguimos cada caso suspeito. Estremecemos
com o primeiro caso confirmado e desejámos muito o
aplanar da curva de infetados. Assistimos à primeira morte,
e a cada morte. Tivemos medo, muito medo, que as camas
não chegassem, que os ventiladores faltassem, que os
24 profissionais colapsassem.
Mas os profissionais responderam com espírito de missão.
Quere-
30
E o Serviço Nacional de Saúde (SNS) cumpriu. Está a cumprir.
mos um António Arnaut, onde estiver, tem boas razões para sentir
Serviço orgulho deste filho que ajudou a nascer. Perdemos pessoas,
é certo, mas como seria se este nosso (de todos) serviço
Nacional de saúde não existisse? Se algo de positivo há nesta crise
de Saúde pandémica, como diz Maria de Belém Roseira (ver artigo
robus- da página 19), é o reconhecimento da importância, para
a sociedade, de um sistema de saúde como o nosso SNS -
to, com solidário, de acesso universal e tendencialmente gratuito.
especial Tem falhas? Tem. Apontamo-las com frequência nestas
atenção páginas e continuaremos a reivindicar melhorias. Porque
queremos um SNS robusto, capaz de cumprir os desígnios
às popula- para que foi criado, que não deixe ninguém para trás e preste
ções mais especial atenção aos mais vulneráveis.
vulnerá- Durante esta fase aguda de covid-19, houve capacidade
de adaptação, por exemplo, com aumento de atendimentos
veis e monitorização de pacientes à distância e dispensa de

35 medicamentos hospitalares através de farmácias comunitárias.

Que se retenha o que de bom foi feito, tendo sempre em vista
a prestação dos melhores cuidados, sem esquecer o direito
de opção dos doentes e a privacidade dos seus dados.
Como seria de esperar, houve também inúmeras intervenções
adiadas. É tempo de recomeçar, reorganizar e recuperar.
Os circuitos exclusivos para covid-19 darão mais confiança aos
utentes para voltarem aos serviços. Que o Ministério da Saúde
ponha em marcha o plano de ataque às listas de espera e se dê
prioridade ao investimento no setor. Para que, face à exigência
dos tempos, continuemos a orgulhar-nos de ser SNS.

Envie-nos os seus comentários editorial@deco.proteste.pt

145 testesaúde 3
Checkup
Fiscalização
Suplementos alimentares FORA
IMUNIDADE NÃO MEXE DA LEI
Os suplementos alimentares não reforçam o sistema Durante o estado
imunitário, ao contrário do que muitos pretendem de emergência,
fazer crer a Autoridade
de Segurança
Muitos suplementos de vitaminas e probióticos anunciam-se Alimentar
como a primeira linha de ação natural, por exemplo, para e Económica
o reforço do sistema imunitário. Porém, não há evidência instaurou 41
científica da relação entre a alimentação e o reforço do sistema processos-crime
imunitário. A Direção-Geral da Saúde recordou este alerta há por alegada
poucas semanas, no contexto da covid-19. Nenhum alimento obtenção de
específico ou suplemento alimentar pode prevenir ou ajudar lucro ilegítimo
no tratamento desta infeção. A Autoridade Europeia para a na venda de
Segurança dos Alimentos não identificou nem autorizou, até bens usados
ao momento, qualquer alegação de saúde que aponte para a no âmbito
redução dos fatores de risco de infeções. É verdade que, por da covid-19.
exemplo, os suplementos de vitaminas podem ajudar a evitar Apreendeu
distúrbios de saúde, mas apenas em pessoas que estejam 1500 produtos,
gravemente desnutridas, e com défice das vitaminas em causa. incluindo
A maioria de nós não tem problemas a este nível. máscaras, por
O bom funcionamento do nosso organismo, incluindo não cumprirem
do sistema imunitário, exige uma quantidade suficiente as normas.
de macronutrientes, isto é, proteínas, hidratos de carbono Detetou ainda
e lípidos, e micronutrientes, como as vitaminas e os minerais. três géis com
Para o conseguir, basta uma alimentação equilibrada, baseada teor em álcool
nas indicações da Roda dos Alimentos. Os suplementos inferior ao que
só são necessários quando se identificam carências, e se indicavam ter.
recomendados pelo médico.

4 testesaúde 000
4 testsanté 000
 Política europeia Hábitos
alterados
CONSUMIDOR MENOS
OUVIDO PERDAS
Medicamentos De acordo com

com informação um inquérito que

realizámos em
mais legível e maior meados de abril,
transparência nos um terço dos
portugueses
ensaios clínicos passou a
estão no horizonte aproveitar

europeu até 2025 mais sobras

de refeições
no período de
A Agência Europeia do Medicamento confinamento. Medo de ser contaminado
(EMA) publicou recentemente a Oito em cada
estratégia para regulação da ciência
nos próximos cinco anos, que inclui
muitas das reivindicações do BEUC,
10 revelaram
não desperdiçar
comida, quase
Proteção ou
organização de consumidores europeia,
da qual a DECO faz parte. É o caso
da necessidade de melhorar a conceção
e a legibilidade dos folhetos informativos
o triplo dos que
o faziam no início
deste ano.
Além de permitir
perturbação?
poupar, este
dos medicamentos e de garantir mais
transparência nos resultados dos ensaios comportamento
O medo incontrolável de ser
clínicos, medidas por que nos batemos contribui para a contaminado pode exigir terapia
há anos. O documento aponta ainda sustentabilidade
o reforço da regulamentação das novas da Terra, Tendo em vista o controlo da pandemia de
tecnologias da saúde, de modo a garantir um tema que covid-19, somos impelidos, e bem, a reforçar
a segurança e a confidencialidade respeita a todos. a higiene das mãos, da casa e dos objetos, bem
dos dados do consumidor, entre Conheça outras como a tomar uma série de outras precauções
outras medidas propostas pelo BEUC. formas de ajudar para evitar o contágio. É um comportamento
Agora, é preciso passar da teoria em www.deco. protetor da saúde, que devemos manter, e
à prática. proteste.pt/ é normal que nos preocupemos em seguir
sustentabilidade. todas as medidas à risca. Outra coisa é o medo
incontrolável da sujidade e da contaminação,
a chamada misofobia, comummente conhecida
por germofobia. Em geral, quem sofre deste
problema, que pode agravar-se em períodos como
o que vivemos, tem consciência de que o medo
é irracional, mas é incapaz de o controlar e sente
as consequências no dia-a-dia: por exemplo, fica
“paralisado” ao tentar entrar em determinados
lugares ou contactar com certas pessoas, e mostra
uma preocupação obsessiva com limpeza. Se for
esse o caso, pode ser necessário recorrer a ajuda
profissional. Fale com o seu médico de família
ou com um psicólogo. Nesta altura, pode também
recorrer à linha SNS24.

145 testesaúde 5
 Indicação no rótulos
PORTUGUÊS
DE GEMA?
A 1 de abril, entraram
em vigor novas
regras para a
indicação da origem
dos alimentos
Muitos consumidores preocupam-se
com a origem dos alimentos que
consomem. Esta informação já era
Quarentena obrigatória para alguns, como o mel,
EFICAZ? o azeite, a fruta, os legumes e algumas

Atmosfera
Uma revisão carnes. A partir de agora, quando houver
de estudos referência à origem de um alimento, por
da Cochrane palavras, símbolos ou desenhos, deverá
também indicar-se a proveniência do

mais limpa
concluiu que
a quarentena é ingrediente primário, caso seja diferente
importante para da origem do alimento. Por exemplo,
reduzir o número uma embalagem de doce de figo
de infeções que ostente a bandeira portuguesa,
e mortes por indicando que é fabricado em Portugal,
Durante o período de confinamento, os níveis covid-19. deve referir também o país de origem
de poluição atmosférica na Europa baixaram Os resultados do figo, se for estrangeiro.
40 por cento. Portugal está entre os países onde são melhores, A obrigação não se aplica, por exemplo,
se verificaram maiores reduções quando é aos produtos DOP (denominação
decretada de origem protegida) e IGP (indicação
Na Europa, as medidas tomadas pelos diferentes países mais cedo e de origem geográfica protegida), por já
para combater o novo coronavírus levaram a uma redução associada a incluírem uma designação geográfica
de cerca de 40% no nível médio de dióxido de azoto na outras medidas, reconhecida.
atmosfera e à diminuição de 10% na emissão de partículas. como o fecho
Portugal, com uma redução total superior a 50%, lidera a de escolas.
lista de países com quebras de poluição mais acentuadas. Os estudos
Estes dados constam de um relatório do Centre for Research analisados
on Energy and Clean Air (CREA), um centro de investigação incluíam
independente, sediado na Finlândia. quarentenas
A melhoria nas condições ambientais no espaço europeu, devidas à
segundo as projeções deste estudo, terá evitado 11 mil mortes covid-19 e a
prematuras, seis mil novos casos de asma em crianças, crises por outros
1900 entradas nas urgências por crises de asma e 600 partos coronavírus.
prematuros. Durante este período, houve uma redução de Contudo, é
37% na produção de energia a partir de carvão, e o consumo necessária mais
de petróleo desceu cerca de um terço. De salientar que estas investigação
são as duas principais fontes de poluição na Europa e que para validar
Portugal suspendeu recentemente a produção de energia os resultados.
a partir de carvão.

6 testesaúde 145
 Máscaras de proteção
Uso
obrigatório
As máscaras sociais ou comunitárias destinam-se
à população em geral, que não apresente sintomas
de covid-19. Algumas são laváveis e reutilizáveis
O uso de máscara é obrigatório em espaços públicos
fechados, nomeadamente, lojas, escolas (para funcionários
e alunos a partir dos 6 anos), transportes e serviços públicos.
A falta de proteção pode valer uma coima entre 120 e 350 euros.
Para quem não apresenta sintomas de covid-19, a Direção-
-Geral da Saúde recomenda a máscara social ou comunitária.
Antes de comprar, verifique se o produto indica que foi testado
por um laboratório (incluindo o respetivo nome) e consulte
o folheto informativo. Este deve incluir as instruções de
utilização e, se for o caso, de reutilização (lavagem, secagem,
conservação e manutenção). Dado que são feitas de diferentes
materiais, as máscaras podem apresentar diversas formas
de higienização. Todas devem ser lavadas com detergente
ou sabão. Siga as instruções da etiqueta. Respeite também o
número máximo de lavagens indicado: é a forma de garantir a
capacidade de filtração.
Se está em contacto frequente com o público, por exemplo,
a atender numa loja, deve optar por uma máscara de nível
2, que deve ter uma capacidade de filtração de 90 por
cento. Se não for o caso, pode escolher uma de nível 3, com
capacidade de filtração de 70 por cento. Ambas podem ser
de uso único ou reutilizáveis. As últimas, depois de usadas,
devem ser guardadas num saco estanque e só podem voltar
à face após a lavagem. Nenhuma deve ser usada mais de quatro
horas seguidas ou depois de ficar húmida.
Cuidados com o sol
CHAPÉU
E PROTETOR
Depois de semanas de clausura,
os passeios ao ar livre em dias
solarengos exigem ainda mais
cuidado. Chapéu, protetor solar
e óculos de sol são acessórios
essenciais
O sol tem um efeito benéfico na saúde
e no bem-estar, mas a exposição
excessiva e sem proteção causa o
envelhecimento precoce da pele e
aumenta o risco de cancro cutâneo.
Este ano, preveem-se limitações nas idas
à praia, para controlar a propagação do
novo coronavírus, mas isso não significa
que possa descurar os cuidados com o
sol. Seja na praia, seja no campo ou em
passeios no parque, evite a exposição
direta entre as 11 e as 17 horas.
Neste período, procure a sombra.
Antes de sair de casa, aplique protetor
solar com um fator de proteção 30, no
mínimo. As crianças e quem tem a pele
mais sensível ao sol, que se queima
facilmente e pouco bronzeia, devem
usar um fator de proteção superior.
A roupa de algodão, com cores escuras,
protege mais das radiações solares.
O chapéu e os óculos de sol são outros
utensílios a não esquecer nos dias
solarengos.
145 testesaúde 7
 Coração
de volta
aos treinos
PULSEIRAS
DE FITNESS
Se indicarem que
o ritmo cardíaco é
mais baixo a cada
treino, então, está
no bom caminho.

retomar a atividade física

Depois de largas semanas de
pouca ou nenhuma atividade,
voltar a dar trabalho aos músculos
requer cuidados, para evitar lesões.
Comece devagar e vá aumentando
o ritmo de forma progressiva.
Uma pulseira de fitness ajuda
a controlar alguns parâmetros
físicos, como o batimento cardíaco.
Descubra os equipamentos que
recomendamos
Inês Lourinho
A
inda com os músculos de ressaca
devido aos dias da quarentena,
retomar a atividade física é um
desafio. Mas, com os ginásios fechados,
o ar livre é o único ambiente para voltar
à forma física e, de passagem, espantar a
ansiedade de semanas de confinamento.
O desafio requer, porém, o cumprimento
de regras e etapas. Primeiro, porque
a pandemia, apesar de relativamente
controlada, não foi erradicada.
Depois, porque uma retoma apressada
da atividade pode conduzir a lesões.
Se a tónica para o desconfinamento é o
caráter progressivo, o mesmo vale para
o exercício. Começar devagar e aumentar
o ritmo aos poucos deve ser a estratégia.
Nesta maratona da recuperação física,
uma pulseira de fitness, que, além do
desempenho, pode monitorizar alguns
indicadores de saúde, como o batimento
cardíaco, pode ser de grande valia.
A nossa Escolha Acertada, a Honor
Band 5, custa entre 34,45 e 39,90 euros.
Que cuidados devo ter
no exterior?
Nesta fase, deve apenas correr e
caminhar. Faça-o sozinho ou apenas
na companhia de uma pessoa que viva
na mesma casa. Por enquanto, combinar
treinos ou passeios com amigos não
será das melhores ideias. A distância
social é para manter: aconselham-se,
pelo menos, dois metros, quer quando
se cruza com alguém, quer durante a
corrida, ao ultrapassar outro praticante.
Por maioria de razão, deve evitar os
locais com muita gente e optar pelos
horários com menor probabilidade
de aglomeração de pessoas. E, já sabe,
ao chegar a casa, lave as mãos.
Posso usar equipamentos ou
frequentar ginásios ao ar livre?
Não convém. O novo coronavírus
espalha-se através de gotículas expelidas
pela boca ou pelo nariz, por exemplo,
quando um indivíduo infetado tosse

8 testesaúde 145

ou espirra. O processo é muito
semelhante ao que envolve outros vírus
respiratórios, como o da gripe sazonal.
Ora, as gotículas podem atingir pessoas,
superfícies e objetos, como os
equipamentos ao ar livre. E outras
pessoas podem ficar contaminadas se
tocarem nessas superfícies e, depois,
levarem as mãos aos olhos, ao nariz ou à
boca. Ainda não é claro durante quanto
tempo o vírus se mantém ativo numa
superfície, sendo, no entanto, certo
que este período varia consoante as
características dessa mesma superfície.
Resumindo, ao utilizar um equipamento
ao ar livre, não tem garantias de que seja
completamente inócuo.
Devo usar máscara enquanto
caminho ou corro?
A utilização de máscaras só é obrigatória
quando o distanciamento social não
pode ser cumprido, isto é, em espaços
fechados e com muita gente, como os
Limpar a pulseira
Verifique no manual ou no site da marca
se existem instruções de limpeza. Antes
da operação, desligue o aparelho.
Se a pulseira for à prova de água, lave-a
após o treino, para tirar vestígios de cloro
ou transpiração, e seque-a com um pano.
Para desinfetar o ecrã, humedeça em
álcool isopropílico a ponta de um pano de
microfibra ou de limpar óculos. Se preferir,
use toalhitas com 70% álcool isopropílico.
Passe, então, a parte seca do pano, e lave
para a utilização seguinte.
Para a bracelete, molhe a ponta de um
pano de microfibra numa chávena de água
com gotas de detergente da loiça. Limpe
com a outra ponta, só com água, para tirar
os resíduos do detergente, e seque bem.
Qualquer
máscara perde
eficácia se ficar
húmida, devido
à respiração e
ao suor. Não use
durante o exercício
transportes públicos. Se respeitar as
recomendações, e não praticar exercício
num local com grande aglomeração de
gente, não terá necessidade de máscara.
Mais: todas as máscaras, incluindo as
cirúrgicas, perdem eficácia ao ficarem
húmidas. Num tal cenário, devem
ser substituídas. Durante a prática de
atividade física intensa, como a corrida,
muito dificilmente a máscara se manterá
seca, devido ao aumento da transpiração
e do ritmo da respiração.
Como devo preparar-me
para o exercício?
Para prevenir lesões e conseguir melhor
rendimento, antes de cada sessão de
exercício, aqueça músculos, tendões
e ligamentos. O ideal é que o corpo
se habitue gradualmente ao esforço
que vai fazer. Uma caminhada ou
uma corrida muito lenta podem ser
suficientes para preparar os músculos,
incluindo o coração e os pulmões.
Saltar no mesmo local, abrindo os braços
e as pernas, é outra forma de aquecer.
No verão, bastam alguns minutos, mas,
no inverno, convém que o aquecimento
seja mais longo. Quando os músculos
estiverem quentes, faça alongamentos.
Cada posição de alongamento deve
ser mantida por 20 a 30 segundos.
No fim do treino, diminua a intensidade
da passada, até que o coração retome
o ritmo normal. Já parado, faça mais
10 minutos de alongamentos, para
relaxar e ajudar a aliviar as dores
musculares. >
145 testesaúde 9
AS MELHORES PULSEIRAS
MELHOR
DO TESTE
74 MUITO BOA
QUALIDADE
>
FITBIT Charge 3 Qual o melhor plano para voltar
Ecrã tátil OLED, monocromático, com 22 mm e 110 x 150 píxeis à ação?
de resolução. Botão para ligar o ecrã inicial e ver configurações. Mesmo que corresse ou fizesse
Compatível com iOS 10 e Android 5.0, ou versões posteriores. caminhadas intensas antes da
Prós É precisa a medir a distância e a frequência cardíaca. Design quarentena, ou até que tenha continuado
elegante. Leve e confortável. Ecrã resiste a riscos. Inclui sensor a praticar exercício em casa, não é de
SpO2, para medir o nível de saturação de oxigénio no sangue. esperar que volte logo à forma inicial.
Contras Não tem GPS integrado, pode usar o do telemóvel. Trocado por miúdos, deve começar
€ 103,37 a € 180,50 aos pouco e ir percebendo como o corpo
reage. Uma boa dica para quem já corria
70 QUALIDADE
BOA
é recomeçar a 50% do nível normal
(por exemplo, em termos de distâncias
FITBIT Inspire HR
percorridas ou de tempos gastos) e
Ecrã tátil OLED, de 21 mm, monocromático. Peso inferior a 18 gramas.
subir a intensidade 10% a 15% em cada
Compatível com o iOS 10 e o Android 5.0, ou versões posteriores.
semana. Já quem pretende começar a
Prós Rigorosa a medir o número de passos, a distância
correr depois da quarentena deve pensar
e a frequência cardíaca. Leve e confortável.
num treino adequado ao seu perfil.
Contras Ecrã pouco resistente a riscos. Sem GPS integrado, pode
Pode, por exemplo, intercalar corrida
utilizar o do telemóvel.
com caminhadas, para se ir habituando
€ 99,99 a € 150,10
ao esforço. A regra é a mesma: começar
com calma e durante pouco tempo.
69 QUALIDADE
BOA
Nos primeiros treinos, pode caminhar
GARMIN Vivosport
em passo rápido cinco minutos e correr
Apesar de uma aparência básica, possui algumas funcionalidades
um minuto, repetindo o ciclo durante
interessantes. Ecrã tátil colorido, com resolução de 72 x 144 píxeis.
20 minutos. À medida que o corpo for
É compatível com os sistemas operativos Android e o iOS.
reagindo, aumente o tempo da corrida
Prós Tem GPS integrado. Precisa a medir passos, distância
e diminua o da caminhada. Sugestão:
e frequência cardíaca. A utilização é confortável.
vá acrescentando dois ou três minutos
Contras Ecrã pequeno. Design pouco apelativo.
a cada sessão até perfazer uma hora.
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de fitness fazer por mim?
66
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Mede o desempenho na natação. outros possuem sensores de frequência
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65 QUALIDADE
BOA
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10 testesaúde 145
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 Entrevista

Wolfgang
Philipp
Especialista em
epidemiologia,
investigador
na área da
tuberculose e
responsável pela
unidade de Gestão
de Crises e
Respostas em
Matéria de Saúde,
na Direção-
-Geral da Saúde
e da Segurança
dos Alimentos,

Direitos reservados
da Comissão
Europeia

"O uso inteligente das redes

sociais pode promover
a confiança nas vacinas"
desinformação online
Com o mundo à espera de uma vacina contra o novo coronavírus, entrevistámos Wolfgang Philipp,
especialista em epidemiologia da Comissão Europeia, que nos falou do impacto dos movimentos
antivacinas, da difusão de notícias falsas e das iniciativas europeias para atacar o problema
Inês Lourinho

Que tipo de impacto têm
os movimentos antivacinas
na saúde pública?
WOLFGANG PHILIPP: Estes movimentos
contribuem para a narrativa de que as
vacinas não são seguras e que têm efeitos
secundários graves e, desta maneira,
podem influenciar a respetiva toma
num sentido negativo. Mas é difícil medir
até que ponto uma perceção negativa
influencia, realmente, a adesão às vacinas,
pois o comportamento de um indivíduo,
vacinado ou não, nem sempre espelha
as suas crenças ou visões de mundo.
Considera que o pânico
associado ao novo
coronavírus irá, de alguma
forma, contrariar os
argumentos dos movimentos
antivacinas, ou estes
simplesmente encontrarão
novas narrativas para
justificar as suas posições?
WP: Temos estado a monitorizar
ativamente [na Comissão Europeia]
a desinformação relacionada com o
surto do novo coronavírus. Atualmente,
não existe nenhuma vacina para a
covid-19. Mas não é de excluir que surja
desinformação da parte dos movimentos
antivacinas associada a uma possível
vacina para a doença - não há forma de
prevê-lo. Até agora, a nossa monitorização
tem revelado que existe desinformação
sobre uma possível cura, além de

12 testesaúde 145
teorias da conspiração a propósito da
origem da doença. Entretanto, a Agência
Europeia de Medicamentos está a
apoiar o desenvolvimento de vacinas e
tratamentos para a covid-19. Além disso,
no seguimento de um concurso para
apresentação de propostas, com caráter
de urgência, a Comissão Europeia
selecionou 17 projetos de investigação
para o desenvolvimento de uma vacina
para a covid-19, assim como para
tratamentos e meios de diagnóstico.
Canalizou, para o efeito, 47,5 milhões
de euros provenientes do programa de
investigação Horizonte 2020. As medidas
ajudarão a desenvolver os tratamentos
e o diagnóstico para enfrentar esta
emergência global, mas também para
melhorar a nossa capacidade de resposta
em relação a surtos futuros.
Até que ponto as plataformas
online têm capacidade
acrescida para difundir
desinformação sobre
as vacinas?
WP: A desinformação é um problema
transversal, que, por isso, nos afeta a todos.
Os meios de comunicação e, em especial,
as redes sociais podem funcionar como
um vetor de desinformação, e a saúde,
incluindo a vacinação, é um dos muitos
aspetos afetados por este fenómeno.
A Comissão Europeia está a trabalhar
para implementar um conjunto
de medidas claras, detalhadas e amplas,
para contrariar a difusão e o impacto
da desinformação online na Europa e
garantir a proteção dos valores europeus
e dos sistemas democráticos [veja mais
informações sobre estas iniciativas
na caixa ao lado].
E que ações são essas que a
Comissão Europeia está a
empreender? Pode dar alguns
exemplos?
WP: A União Europeia colabora com
diversas plataformas online, incluindo
redes sociais e motores de busca,
para combater a desinformação online.
Algumas destas plataformas, como
Facebook, Google e Twitter, subscreveram
recentemente um código de boas práticas,
em que se comprometeram a promover
A União Europeia
atribuiu 47,5
milhões de euros
à pesquisa
contra a covid-19
Projetos europeus
Combate à desinformação
online. A exposição dos cidadãos a
desinformação online em larga escala é
um desafio, pois mina a confiança nas
instituições e nos meios de comunicação
tradicionais e digitais, e pode criar
tensões nas sociedades. Para proteger
os sistemas democráticos, foi criado um
Plano de Ação contra a Desinformação,
que contempla 10 medidas, entre as quais
a criação de um sistema de alertas rápidos
para campanhas de desinformação
e de sistemas de verificação de factos
(fact checking, como o Polígrafo,
em Portugal) nos vários Estados-membros.
Mais informação em https://ec.europa.eu/
digital-single-market/en/news/action-plan-
against-disinformation.
Ataque à covid-19. Em janeiro,
a Comissão Europeia abriu um concurso
para financiar o desenvolvimento de
uma vacina, de tratamentos, de meios de
diagnóstico e de meios de monitorização
dos sistemas de saúde, no seguimento
do qual selecionou 17 projetos que
envolvem 136 equipas de investigação,
tanto europeias, como exteriores ao
nosso espaço. No total, atribuiu 47,5
milhões de euros, tendo assegurado
um compromisso financeiro idêntico
da parte da indústria. Os investigadores
estão a trabalhar desde março. A Europa
e o mundo encontram-se em suspenso,
à espera de resultados.
mais transparência, por exemplo, nos
respetivos algoritmos e nos conteúdos
patrocinados. É importante compreender,
por outro lado, que o uso inteligente
das redes sociais também pode
promover a confiança nas vacinas,
se for assegurada a disponibilidade
de informação rigorosa. Especificamente
no que se refere à vacinação, a questão
da desinformação tem sido discutida na
Rede de Comunicadores, um subgrupo
do Comité de Segurança na Saúde, da
União Europeia, que inclui especialistas
em comunicação de risco que trabalham
para as autoridades públicas de
saúde dos vários Estados-membros.
Cada Estado-membro necessita de
uma abordagem à sua medida quanto
à comunicação de risco na vacinação, já
que cada país tem as suas particularidades
e as suas circunstâncias culturais, que têm
de ser levadas em conta. Entre as medidas
contra a desinformação relacionada
com a vacinação discutidas pela Rede de
Comunicadores, encontra-se a promoção
de websites das autoridades públicas
de saúde com informação sobre vacinas
que seja clara e compreensível. Outra
medida é o apoio aos médicos, que,
muitas vezes, são quem está na linha
da frente da comunicação com os doentes,
através do fornecimento de materiais
e de informação sobre a segurança
e a eficácia das vacinas. Mas a rede
também considera útil o fornecimento
de informação adicional, ao público, sobre
o processo associado ao lançamento de
uma vacina no mercado e aos rigorosos
testes clínicos e às garantias de segurança
exigidos antes que possa ser administrada
em qualquer doente. As agências da
União Europeia, com destaque para o
Centro Europeu de Prevenção e Controlo
das Doenças e para a Agência Europeia
de Medicamentos, apoiam estas atividades
nas respetivas áreas.
Durante a Semana Europeia da
Imunização 2020, que decorreu no final
de abril último, foi lançado o Portal
Europeu de Informação sobre Vacinação
[vaccination-info.eu/pt]. Fonte de
informação confiável e rigorosa sobre
as vacinas, destina-se tanto aos cidadãos,
como aos profissionais de saúde em toda
a União Europeia.
145 testesaúde 13
 em tempos
evite as noites Uma crise sanitária sem fim à vista, o distanciamento social e as pr
tomem conta das suas noites. Adote estr
Cláudia

A
s insónias e outros distúrbios do
sono são comuns nestes tempos
sem precedentes. A ansiedade e o
Estratégias para
stresse conduzem a noites mal dormidas
ia
O que fazer durante o d
e estas, de forma persistente, geram
mais ansiedade, sintomas depressivos
e desequilíbrios físicos. Esta espiral
deve ser interrompida e substituída por
hábitos diários que potenciem a saúde nsistente
mental. Para uma boa qualidade de vida, Manter uma rotina coa hora todos os dias ajuda a regular o relógio
à mesm
os adultos devem dormir entre sete e Deitar e levantar sempre vestir roupa confortável
como despir o pijama e
natural do corpo, assim ular para as refeições,
nove horas diárias. Mas as necessidades
da higiene pessoa l. Mantenha um horário reg
podem variar. depois
des.
O sono é um estado reversível marcado exercício e outras ativida
por uma perda de consciência da
anhã
realidade que nos rodeia. Como Aproveitar a luz da m ite ao máximo a luz natural da manhã
a, aprove
membros do mundo animal, o nosso Mesmo confinado em cas r dia. A luz é o principal
pelo me nos , durante 20 minutos po
cérebro evoluiu para responder a e exponha-se,
natural do corpo.
situações de perigo como incerteza controlador do relógio
e medo, aumentando a vigilância e a
Fazer exercício físico melhorar a qualidade do sono à noite, reduz
atenção. Por outras palavras, o cérebro
está a proteger-nos e, ao fazê-lo, torna-se ajuda a
Exercitar-se durante o dia podem fazer em casa, ma
s,
quase impossível desligarmo-nos da o hum or. Há exercícios que se
o stresse e melhora períodos recom endado s.
envolvente. faça-o nas condições e
se precisar sair de casa,
Apesar da ameaça da covid-19, muitos
têm a capacidade para controlar o seu
o escape
comportamento e limitar o impacto Não usar a cama compo na cama durante o dia, especialmente
ado tem
da emergente pandemia na sua vida. Tente não passar demasi fazer uma sesta, não
dificuldade em dormir à noite. Se precisar de
Cultivar hábitos de sono saudáveis é se tem
s.
importante na medida em que permite ultrapasse os 20 minuto
passar por tempos conturbados de uma
fés
forma mais leve, diminui as hipóteses
Evitar tomar muitos ca
r dia. O último deve ser
bebido ao almoço
de se desenvolverem distúrbios do sono cafés po
Não tome mais de dois
crónicos e reforça o sistema imunitário. horas antes de ir para a cama.
ou até seis
Fazer um esforço para distinguir aquilo
que se consegue ou não controlar é
uma das estratégias que os especialistas Ajudar os outros ros, pode apaziguar
ariado, ajudando os out
recomendam. Não está nas suas Fazer trabalho de volunt formas de dar o melhor
e inquietação. Procure
mãos alterar o número de casos ou o sentimentos de incerteza ões recomendadas
es, desde que nas condiç
comportamento dos outros. Apenas o uso às suas capacidad
.
seu. Para isso, deve seguir os conselhos (distanciamento social)
e medidas de prevenção das entidades

14 testesaúde 145
 GUIA
PRÁTICO
de pandemia DORMIR

mal dormidas
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dormir melhor
O que fazer durante a no
ite

Desligar os aparelho
s elet
O anoitecer induz a pro rónicos
dução de melatonina, a
o sono. Mas estar expost hormona que promove
o à luz azul LED, compo de saúde e limitar a exposição à
tablets, inibe-a. Evite usa nente dos telemóveis e
r esses equipamentos pel informação, que é claramente excessiva
de se ir deitar. o menos uma hora antes
e redundante por parte dos meios de
comunicação social, assim como das
Evitar ver televisão redes sociais. Também deve manter
A abundância de informa uma certa regularidade e uma rotina
ção, especialmente à noi
mais ansiedade. Evite ass te, estimula o cérebro e
istir a notícias pelo menos cria diária, para não perturbar o seu relógio
a cama. Prefira uma bo uma hora antes de ir par
a leitura ou ouvir música a biológico.
relaxante.
O tratamento recomendado para o
Não beber álcool mais comum dos distúrbios do sono,
Minimize o consumo de a insónia, é o mesmo para todos os
álcool. Apesar do seu con
a adormecerem mais rap sumo levar as pessoas pacientes, independentemente de
idamente, conduz ao apa
problemas do sono dur recimento de mais também sofrerem de outros problemas
ante a noite.
emocionais ou de saúde mental.
O fundamental é aliar mudanças no
Não levar os problem
as
Se não consegue desliga
para a cama estilo de vida com comportamentos
r os seus pensamentos,
utilize técnicas de
e hábitos diários. Em casos mais
relaxamento como o iog
a ou exercícios de respira complexos, é inevitável o recurso à
simplesmente registar as ção. Também pode
preocupações numa folh psicoterapia apoiada em medicação.
a de papel.
Por isso, esteja atento aos três principais
Criar um ambiente co sinais de alerta: sonolência durante o
nfortá
O quarto deve estar fres vel no quarto dia, irritabilidade e cansaço.
co (com uma temperatu
e os 20ºC), silencioso e ra a oscilar entre os 18º Não deixe que a situação se arraste e,
escuro.
caso não consiga repor o seu défice de
sono com as dicas e estratégias que
Não estar demasiado
Não esteja demasiado
tempo deitado lhe deixamos, consulte um médico,
tempo na cama durante pois uma situação passageira pode
dormir, leia um livro ou faç a noite. Se não conseguir
a alguma tarefa doméstic transformar-se em algo crónico.
dobrar a roupa. a em falta, por exemplo,

Dossiê técnico Joana Almeida

145 testesaúde 15
 Bens
alimentares
COMPRAS
ONLINE
Informação
obrigatória por
lei tem de estar

compra
disponível antes
do fim da compra.

informação ai
Em tempo de confinamento, vamos mais
vezes ao supermercado através de um
ecrã. Mas o que sobra em comodidade
não pode faltar em esclarecimento.
Cumpra-se – de vez – a lei que exige
informação sobre os géneros alimentícios

Maria João Amorim

É
fácil, é. É prático, sim. Poupa-se
tempo, sem dúvida. Em plena
crise covid-19, marcada a ferro
por uma quebra geral no consumo, o
comércio alimentar e o retalho foram
dos setores que, nas compras online,
mais viram os seus números subir:
cresceram uns expressivos 44% face
ao período anterior à pandemia. Evitar
deslocações à loja, receber as compras
em casa e comprar só o que é necessário,
evitando a “promoção imperdível” de
um produto que não tinha pensado em
adquirir, porque, verdade seja dita, não
precisa dele, são algumas das vantagens
de ir ao supermercado através de um
ecrã. Mas o que sobra em comodidade
falta em informação. Apesar de,
por lei, nas compras à distância ser
obrigatório indicar todas as informações
relacionadas com a rotulagem até ao
momento em que se finaliza a aquisição,
as falhas são mais do que muitas. A esta
conclusão chegámos, mais uma vez,
com um estudo realizado em abril, em
que passámos a pente fino 234 produtos
de sete categorias, disponibilizados
em nove portais. Apenas dois terços
dos produtos ostentavam a informação
sobre a rotulagem obrigatória
completa, indicando o que manda a
lei, ou seja, a marca, a denominação,
a quantidade líquida, o preço por
embalagem, o preço por unidade de
medida (kg ou l), os ingredientes, a
declaração nutricional, as condições
de conservação e/ou utilização e o nome
da firma que comercializa o produto.
O número é ligeiramente mais animador
do que aquele que encontrámos em
2018, num estudo igual. Nessa pesquisa,
Apenas 69% dos
produtos exibiam
a informação
obrigatória
completa
que envolveu a análise 70 produtos
de seis categorias, à venda em sete
portais, pouco mais de metade (54%)
dos alimentos estudados exibiam
a informação exigida por lei.
Informação a melhorar, mas...
Entre os nove portais avaliados, os
do Continente e Celeiro são os mais
cumpridores. São os únicos que
apresentam as informações exigidas
para todos os alimentos estudados.
Em 2018, o Continente ocupava o
terceiro lugar na lista das três insígnias
que menos vista grossa faziam da lei,
mas subiu no ranking, deixando o
Auchan no mesmo segundo lugar (com
a indicação da informação completa
em 96% dos produtos), e atirando o
antigo campeão E.Leclerc para a quinta
posição (desceu de 100 para 85 por
cento). Mas a surpresa maior – pela
positiva – vem da análise ao site do
Froiz. Em 2018, apenas 46% das marcas
pesquisadas reuniam a informação
obrigatória. Este ano, encontrámos

16 testesaúde 145
s online A lei e as falhas
Apenas 69% dos alimentos estudados ostentavam toda
a informação exigida por lei. É uma falha grave dos sites
de venda online e dos seus fornecedores

nda fora-da-lei Dados obrigatórios que mais falharam

Nome ou firma e endereço do fornecedor 25%

Condições de conservação e/ou utilização 21%

toda a informação necessária ao nível Declaração nutricional 17%

da rotulagem em 92% dos produtos
avaliados. O Intermarché e o El Corte Lista de ingredientes 17%
Inglés também melhoraram em relação
a 2018: a indicação da informação
completa nos produtos estudados subiu
de 39% para 70%, no Intermarché, e de Informação obrigatória disponível
24% para 41%, no El Corte Inglés. Ainda Iogurtes 74%
assim, há que cuidar, sobretudo, de
prestar mais informação sobre a lista Cereais de pequeno-almoço 74%

de ingredientes, declaração nutricional e

Refeições ultracongeladas 71%
condições de conservação dos produtos.
Quase no fim da tabela, o site do Produtos biológicos 68%
Apolónia mantém-se como um dos
menos cumpridores, mas nota-se Produtos para dietas alimentares específicas 66%
que houve esforço. Em 2018, ostentava
uns pouco honrosos 4% de presença Alimentação para vegetarianos 65%
de informação ao nível da rotulagem,
e este ano a percentagem subiu Alimentos para bebé 64%
para 29 por cento. Em último lugar,
surge o portal do Mercadão, onde, na
loja do Pingo Doce, só encontrámos
a rotulagem obrigatória completa em Quem mais cumpre
cinco dos 27 produtos analisados no site. celeiro.pt 100%

O que mais falta saber continente.pt 100%

Apenas a marca, a denominação, a

auchan.pt 96%
quantidade líquida e o preço figuravam
em todos os produtos analisados.
froiz.pt 92%
Quanto às restantes menções
obrigatórias, o que mais falha é o nome e.leclerc.pt 85%
ou firma e endereço do fornecedor,
que está ausente em 25% dos casos. intermarché.pt 70%
Na alimentação para vegetarianos,
a categoria que menos informação elcorteingles.pt 41%
obrigatória ostenta, falha, em muitos
myapolonia.pt 29%
casos, a declaração nutricional e
as condições de conservação e/ou
mercadao.pt/pingodoce.pt 19%
utilização. A lista de ingredientes, crucial
para os adeptos deste regime, está >

145 testesaúde 17
 Rotulagem
dos
alimentos
QUEM É
RESPONSÁVEL?
Marcas têm a
responsabilidade
de incluir as
informações
obrigatórias.
9 sites
ANALISÁMOS 234 PRODUTOS
VENDIDOS NOS SITES DO
CONTINENTE, AUCHAN, FROIZ,
E.LECLERC, INTERMARCHÉ, CELEIRO,
EL CORTE INGLÉS, APOLÓNIA E
MERCADÃO (LOJA PINGO DOCE)
7 tipos
ANALISÁMOS IOGURTES, CEREAIS
DE PEQUENO-ALMOÇO, BIOLÓGICOS,
ULTRACONGELADOS, ALIMENTOS
PARA BEBÉ, PARA DIETAS ALIMENTARES
ESPECIFICAS E PARA VEGETARIANOS
OK
PREÇO POR QUILO, LITRO OU
EMBALAGEM, QUANTIDADE LÍQUIDA,
MARCA E DENOMINAÇÃO DE VENDA
SÃO INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS
PRESENTES EM TODOS OS
PRODUTOS ESTUDADOS
Marcas próprias
HÁ MAIS RESPEITO PELA LEI.
AUCHAN, CONTINENTE, EL CORTE
INGLÉS, E.LECLERC E CELEIRO
CUMPREM OS REQUISITOS A
100%. O FROIZ FICA NOS 83%,
O INTERMARCHÉ NOS 33% E O
MERCADÃO (PINGO DOCE) NOS 17%
18 testesaúde 145
>
ausente em 19% dos casos.
Os alimentos para bebés estão na única
categoria a piorar de classificação
do estudo de 2018 para o deste ano.
Passam do primeiro lugar dos que
mais cumpriam com a informação
obrigatória para o quinto: faltam,
em muitos produtos, informações
como o nome ou firma e endereço
do fornecedor, e as condições de
conservação e/ou utilização.
Os iogurtes subiram quatro lugares
na tabela e exibem agora a medalha
dos produtos com a informação mais
completa. Destaque também para os
alimentos biológicos, que escaparam do
último lugar atribuído em 2018 para se
tornarem os terceiros mais cumpridores,
no que à informação obrigatória de
rotulagem diz respeito.
Na categoria da alimentação para dietas
alimentares especificas, onde incluímos
produtos sem lactose, sem glúten e sem
açúcar, o consumidor fica, muitas vezes,
sem informação relativa às condições
de conservação e/ou utilização e à
declaração nutricional.
As informações obrigatórias da
rotulagem são da responsabilidade da
firma que comercializa o produto. Não
espanta, por isso, que, no que toca às
marcas próprias em que o distribuidor
coincide com o responsável da marca,
os súper e hipermercados tendam a
respeitar mais a lei.
Lista de ingredientes, onde?
Longe do toque, longe da rotulagem
física do produto. Assim estão os
consumidores quando fazem compras
à distância. Mas a lei é clara: todos os
elementos que contribuam para uma
escolha informada, que podem ser
indicados no site ou por outro meio,
desde que identificados, devem ser
fornecidos. Como compreender então
que a lista de ingredientes, onde têm de
figurar os alergénios de forma destacada
– informação de extrema importância
para muitos consumidores –, esteja
ausente em tantos casos? Nos iogurtes e
refeições ultracongeladas, por exemplo,
19% dos produtos não a ostentavam.
Habla español?
A lei não o permite, mas acontece.
Encontrámos alguns produtos,
nomeadamente no site do El Corte
Inglés, com informação em castelhano.
Outra falha é a rotulagem mais
completa só estar disponível numa
versão do produto e não em todas.
Os sites que optam por mostrar a foto do
produto de forma rotativa ou ampliada
também têm trabalho de casa para fazer.
Nem sempre as fotos são legíveis ou
mostram as informações necessárias.
Comprar à distância não pode ser
sinónimo de comprar às cegas. Deixe-se
de ignorar a lei. E os consumidores.
Dossiê técnico Susana Costa Nunes
CONSUMIDORES EXIGEM
Informação
online
Que se cumpra a lei
Face ao reiterado e generalizado
desrespeito pela lei, demos conta
dos resultados de mais este
estudo ao secretário de Estado
do Comércio, Serviços e Defesa
do Consumidor, apelando à
intervenção política para que a
lei seja cumprida, à Autoridade
de Segurança Alimentar e
Económica – a quem perguntámos
pelo destino da reivindicação
que fizemos, a este respeito,
em 2018, e que permanece
sem resposta – e à Associação
Portuguesa de Empresas de
Distribuição. Contactámos,
igualmente, cada uma das insígnias
incluídas no estudo, a informar das
conclusões, indicando o respetivo
posicionamento na nossa tabela
das mais e menos cumpridoras
e o grau de (in)cumprimento.
 saúde
serviços em adaptação
As teleconsultas e a monitorização e hospitalização de doentes em casa podem ajudar a equilibrar a prestação
de cuidados no Serviço Nacional de Saúde e facilitar o acesso por parte dos utentes, mas é preciso acautelar
a confidencialidade e a eficácia do serviço
Fátima Ramos

D
urante a pandemia, o Sistema
Nacional de Saúde, que inclui
também os estabelecimentos
privados, teve de adaptar-se para
responder às necessidades associadas à
covid-19, mas também para dar (alguma)
resposta a outros doentes, em particular
aos que sofrem de problemas crónicos.
Teleconsultas, monitorização de pacientes
em casa e dispensa de medicamentos
hospitalares através de farmácias
comunitárias, indicadas pelos utentes,
foram algumas medidas de sucesso.
Interessa analisá-las e verificar se haverá
vantagens em mantê-las ou alargá-las.
O período que vivemos impõe grandes
desafios às entidades que nos tratam
da saúde. Como continuar a cuidar de
todos, reduzindo os riscos ao mínimo?
Tem de haver circuitos autónomos para
indivíduos suspeitos de covid-19, que
permitam a separação entre doentes
e profissionais. A linha SNS24 deverá
continuar a ser promovida como principal
meio de triagem, tanto para suspeitas de
covid-19, como para outras situações de
saúde. O uso generalizado de máscara,
por doentes e profissionais, e outro
equipamento de proteção deverá ser
mantido na prestação de cuidados.
Teleconsultas bem definidas
Em tempos de pandemia, a teleconsulta
foi dos recursos usados por médicos de
família para atenderem os seus pacientes,
mas também um meio para acompanhar
doentes crónicos seguidos nos hospitais
do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Este tipo de consultas integra a chamada
telemedicina, que permite a interação
remota, em muitos casos, através do
telefone, entre os profissionais de saúde e
os seus doentes, reduzindo as deslocações
e facilitando o acesso a quem se encontre
longe. Porém, a mudança de paradigma,
de presencial para “à distância”, implica >

145 testesaúde 19
 Consultas
à distância
PRIVADO
Além da qualidade
do serviço e da
privacidade dos
dados, é preciso
avaliar o preço
da consulta. abordagens. Contudo, a aposta neste Doentes seguidos em casa
acompanhamento terá de assentar em Quando incorporada na gestão de doenças
dados que garantam não haver prejuízo crónicas, a monitorização em casa tem
nos cuidados aos doentes, devendo potencial para melhorar a qualidade
> ser bem definidas as situações que de vida dos pacientes. Há evidência do
questões éticas e legais, sobretudo em podem ser abrangidas. Para Alexandre benefício deste tipo de seguimento, por
relção à confidencialidade dos dados. Lourenço, presidente da Associação exemplo, em doentes com insuficiência
Vários estudos têm avaliado a efetividade de Administradores Hospitalares, a cardíaca. Além da melhoria das condições
das consultas à distância, em comparação telemedicina é uma área a desenvolver, clínicas, os pacientes revelam melhor
com as tradicionais. A maioria não mas têm de ser criadas “regras, standards qualidade de vida e maior satisfação.
encontrou diferença entre as duas e regulamentação”. Em Portugal, existem vários projetos

Pontos de vista

"A telemedicina é uma aliada"

Que impacto poderão uma sociedade, da relação entre profissionais,
ter a crise económica e a existência de um sistema para a discussão e o
fadiga dos profissionais de proteção da saúde diagnóstico de casos
nos cuidados prestados? com as características complexos, quer para o
A história da humanidade do nosso SNS e, atendimento de pessoas
mostra-nos que as consequentemente, a que ganhem com essa
provações conduziram exigência social para que metodologia.
sempre aos maiores feitos. seja dotado dos meios
E, no setor da saúde, adequados. Como recuperar a
sempre foi assim com confiança dos doentes
os seus profissionais. A telemedicina passará a nos serviços de saúde?
Mas, passada esta ser um recurso comum? Temos de ter corredores
primeira fase, terão de A telemedicina não é de acesso aos serviços
ser valorizados e tratados a panaceia absoluta, livres de covid-19, nos
com estima, humanidade, porque a relação quais as medidas de
respeito e reconhecimento médico/doente vive, segurança adotadas,
real e traduzido em sobretudo, do contacto seja na reorganização
medidas concretas. Um humano presencial. dos circuitos, seja na
dos efeitos positivos de Mas é uma aliada forte proteção de trabalhadores
uma provação tão grande em circunstâncias e doentes, exprimam essa
como a desta pandemia extraordinárias, como as confiança. Não podemos
foi o reconhecimento que atualmente vivemos. ter pessoas com doença
da centralidade e da Em circunstâncias normais, grave com receio de ir
importância, para é importante, quer na às instituições de saúde.

Maria de Belém Roseira

Presidente do Conselho Geral
da Fundação para a Saúde

20 testesaúde 145
bem-sucedidos nesta área, inclusive,
de hospitalização domiciliária, sendo
um caminho a desenvolver. A aplicação
prática terá de ser avaliada caso a caso,
tendo em conta critérios clínicos e a
vontade do doente, mas também, se
pertinente, as condições da casa em que
vive e o apoio familiar que recebe.
Durante o estado de emergência, os
doentes que, por norma, levantavam
a sua medicação nos hospitais, como
os transplantados ou os portadores de
esclerose múltipla, passaram a recolhê-la
nas farmácias comunitárias. Esta medida
melhorou o acesso, evitando deslocações,
por vezes, de dezenas de quilómetros.
Mas aqui também é preciso definir bem
as regras, por exemplo, em relação ao
tipo e à quantidade de medicamentos a
dispensar, bem como à informação que
deve acompanhá-los. A primeira dispensa
deverá ocorrer sempre no hospital.
Adaptem-se os serviços, para mais bem
responder às necessidades dos utentes e,
sobretudo, preserve-se o Serviço Nacional
de Saúde. Se algo de positivo se pode
retirar desta pandemia, como diz Maria
de Belém Roseira, é o reconhecimento
da importância que um sistema de
proteção da saúde como o nosso tem
para a sociedade.
Dossiê técnico Susana Santos

ENTREVISTAS COMPLETAS
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"É preciso fixar a rede covid"

Há planos para recuperar
listas de espera?
Foi pedido aos hospitais
para fazerem os seus
planos. Mas acreditamos
que deve existir uma
resposta ao nível nacional,
a começar na definição da
rede covid. Fará sentido
centrar a resposta de
internamento nalgumas
instituições, mas terá de
ser uma decisão nacional.
Para reativar a restante
atividade, é preciso
garantir testes e
equipamentos de proteção
individual. Podem ainda
existir instrumentos que
permitam, por exemplo,
operar, realizar consultas
ou meios de diagnóstico
fora do horário normal.
A rede covid vai ter
pessoas alocadas,
mas estas podem
trabalhar 18 meses. Para
substituí-las, é preciso
treinar profissionais, o que
vai ter um grande impacto
nos recursos humanos
disponíveis nos hospitais.
Sem profissionais e em
crise económica, como
adequar os serviços
às necessidades?
Há medidas que devem
ser implementadas,
como maior recurso à
telemedicina e novos
modelos de organização
do trabalho. A crise
económica vai colocar
dois problemas ao SNS:
aumentar as necessidades
das populações,
porque o desemprego
traz pobreza, que traz
problemas de saúde; e
vai haver pressão para
reduzir despesa. O SNS
tem de se restruturar,
para ser mais eficiente,
mas também é preciso
continuar a investir.
Como recuperar a
confiança dos doentes?
Deve haver campanhas
de comunicação para
transmitir essa confiança,
explicar às pessoas
que não devem ter medo
de vir aos serviços.
A definição da rede covid
pode também apoiar:
os doentes ficam a saber
os hospitais que têm, que
há planeamento. Para
haver confiança, é preciso
transmitir confiança.

Alexandre Lourenço
Presidente da Associação Portuguesa de
Administradores Hospitalares

145 testesaúde 21
 Cremes
hidratantes

mão
para mãos
TENDÊNCIA
PARA ALERGIAS
Deve preferir
produtos sem
perfumes e
fragâncias
alergénicas

proteja o seu escudo,

São tempos difíceis para elas. Extremamente
expostas a várias agressões, as mãos
protegem-nos com unhas e dentes. Mas será
que lhes damos também a devida proteção? Prod
Saiba como cuidar do seu escudo protetor de hi

A
pandemia da covid-19 trouxe Os produtos util
Rita Santos Ferreira e Filipa Rendo
a necessidade e o dever de ou os sabone
redobrar os cuidados de higiene. os óleos da su
Lavar muito bem, e frequentemente, e afetam as s
as mãos é uma das recomendações Prefira altern
mais importantes das entidades de
saúde. Uma alternativa é desinfetá-las Luvas se possível, c
adicio
com álcool em gel. O uso sucessivo
de produtos à base de álcool e de
domésticas
sabonetes, o contacto com água, Use luvas para trabalhos
sobretudo quente, e durante longos em casa, como lavar a loiça
períodos, bem como a utilização ou limpar a casa. Evita,
de luvas de proteção, contribuem assim, o contacto direto
para a desidratação das mãos. com detergentes e produtos
A pele é composta por 60 a 70% de água, de limpeza.
sendo que 10 a 15% residem na camada
exterior. Quando a percentagem de
água desta camada desce para valores
inferiores a 10%, a pele desidrata e,
como tal, fica visivelmente seca e
gretada. Mas não se assuste: esta reação
é normal, perante todas as agressões
diárias a que a pele está sujeita.

O que devo evitar então?

A aceleração da desidratação da pele
pode dever-se, não só ao clima (em
especial, às baixas temperaturas), ao
ar condicionado ou aos aquecedores,
à exposição ao sol, ao envelhecimento
natural e a problemas de pele (como
eczemas ou psoríase), mas também
aos cuidados extra de higiene, devido
ao aparecimento do novo vírus. Mas há
situações que podemos precaver. Evite
o uso de luvas de látex quando sair à rua,
visto que pouco acrescentam na hora
de reduzir a propagação do vírus. Se não
tiver cuidado, são até um falso amigo
e ainda comprometem a integridade
da pele, sujeitando-a a forças mecânicas

22 testesaúde 145
ãos
ele merece o melhor
Cremes
hidratantes
e produtos de
higiene menos
agressivos ajudam
d utos a proteger a pele
giene
izados no banho constantes. Fique-se pelo álcool em gel
tes diminuem e por lavar as mãos eximiamente.
perfície da pele Compre o sabão mais adequado.
uas proteínas. O líquido é menos agressivo do que
ativas suaves, o sólido, visto que tem um pH mais
próximo do da pele, apesar de o último
om hidratantes
nados.
Creme ser mais amigo do ambiente. E não se
hidratante deixe ir pelos antibacterianos: não têm
mais benefícios do que os outros.
Opte por uma versão hidratante
e emoliente. Não há uma Tenho a pele seca, e agora?
frequência de aplicação Se até agora falámos em evitar, vamos
recomendada. Porém, tente passar à fase de remediar a pele
passar sempre antes de dormir. seca, visto que é quase inevitável que
A maioria dos cremes do nosso aconteça. Na ilustração, destacamos
último teste são eficazes. três ações que deve implementar na
rotina, para proteger e reforçar as
propriedades do seu escudo natural.
Cremes hidratantes, luvas para as tarefas
domésticas e produtos de higiene certos
são os seus aliados, especialmente
para momentos delicados como este.
Veja mais informações em www.deco.
proteste.pt/cuidados-pele. E pense
que as mãos e a pele não lhe cobram
nada para o proteger do mundo.
Cumpra o seu papel e proteja-as
também. Mime o que é seu.

Dossier Técnico Susana Santos

CREMES HIDRATANTES
Mais de 15 produtos testados. Consulte
o comparador online e escolha o que
mais bem se adapta à sua pele.
www.deco.proteste.pt/cuidados-pele

145 testesaúde 23
 Linha do
Cidadão
Idoso
800 20 35 31
Para informações

sénio
sobre apoios
sociais e outros
direitos, na saúde,
na habitação e na
segurança social.

prevenir a co
O País está a desconfinar
gradualmente, mas os seniores
continuam a exigir proteção
especial, por serem um grupo
de maior risco para a covid-19.
Manter-se em casa o mais possível
continua a ser a regra, mas são
precisos alguns cuidados, para
evitar que outros problemas de
saúde surjam ou se agravem
Fátima Ramos

O
s idosos, em particular
os que têm problemas de
saúde, como bronquite crónica,
enfisema pulmonar, insuficiência
cardíaca ou diabetes, são mais
propensos a desenvolver doença
grave, quando infetados pelo novo
coronavírus. As alterações físicas e
mentais decorrentes da idade, incluindo
a diminuição das defesas do organismo
e da mobilidade, a perda de memória
e, nalguns casos, a demência também
aumentam a vulnerabilidade à infeção.
Por isso, esta pandemia impõe grandes
desafios aos países com populações
mais envelhecidas, como é o caso
de Portugal.
Os dados disponíveis indicam que 95%
das vítimas mortais de covid-19 tinham
mais de 60 anos, e mais de metade

24 testesaúde 145
or em casa
ovid-19 com qualidade de vida
estavam acima 80 anos. É também
sabido que oito em cada 10 sofriam
de múltiplas doenças.
Perante tais factos, os mais velhos
são fortemente aconselhados a
permanecerem em casa, o que
impõe grandes adaptações à família,
aos serviços e à própria sociedade.
É preciso redefinir a forma de lhes
prestar cuidados de saúde e higiene,
por exemplo, de acompanhar a sua
saúde e de lhes dar acesso aos serviços
de que necessitam, entre outros aspetos.
Esta população tem todo o interesse em
manter-se em casa, para sua proteção,
mas não pode ficar isolada, até porque,
com o avançar da idade, aumenta a
probabilidade de ocorrerem acidentes
cardiovasculares e problemas de
saúde mental, entre outros. A ciência
mostra que o isolamento social põe os
seniores em elevado risco de ansiedade
e depressão. Estas questões agravam-se
nos casos em que não há familiares
próximos e a interação social se resume
(ou resumia), por exemplo, aos serviços
de apoio domiciliário, centros de dia
ou locais de prática religiosa.
Felizmente, na maioria das situações,
haverá familiares que podem falar
de modo frequente com os seniores
que vivem sozinhos. Além do
acompanhamento normal, devem
certificar-se de que compreendem a
informação veiculada pela comunicação
social, em particular a que se relaciona
com as medidas de proteção individual.
Os contacto com os netos, mesmo
à distância, será certamente uma fonte
de felicidade para os avós.
Medidas gerais
de proteção
Os mais velhos devem adotar todas
as medidas de prevenção com rigor.
Lavagem frequente das mãos.
Use água e sabão, e esfregue bem
durante, pelo menos, 20 segundos.
Mantenha a torneira desligada durante
o processo, para não desperdiçar
água. É indispensável que lave as mãos
antes e depois de preparar alimentos,
após usar a casa de banho, quando
regressar a casa, por exemplo, depois
do “pequeno passeio higiénico” ou
de despejar o lixo, e sempre que lhe
parecerem sujas. O gel desinfetante só
é útil quando não puder lavar.
Medidas de etiqueta respiratória.
Se tossir ou espirrar, faça-o para o braço,
com o cotovelo fletido. Evite tocar nos
olhos, no nariz e na boca com as mãos
sujas ou contaminadas com secreções
respiratórias. Assoe-se com lenços
de papel (de utilização única), deite-os
no caixote do lixo e lave as mãos.
Uso de máscara sempre que sair de casa.
A Direção-Geral da Saúde recomenda-o
a todas as pessoas com mais de 65
anos, a quem sofre de imunossupressão
(defesas do organismo debilitadas)
e de doenças crónicas. Manter-se,
pelo menos, a dois metros dos demais
é outra regra a cumprir.
Manter cuidados com a saúde
O controlo da saúde física e mental deve
merecer particular atenção por parte dos
idosos, se tiverem condições para isso, e
de quem cuida, mesmo que à distância.
Para que as patologias de que sofrem
não se agravem, é indispensável que
continuem a seguir as indicações
médicas à risca, incluindo a toma de
medicamentos. Se possível, devem ter
em casa fármacos para várias semanas.
O controlo de parâmetros de saúde,
como a tensão arterial, o nível de açúcar
no sangue ou a função pulmonar,
se recomendados, não devem ser
descurados. Fale com o médico sobre
a melhor forma de o fazer no domicílio.
Em casa, mas não desligado
Estar em casa não significa ficar isolado,
até porque a falta de contactos sociais
contribui para o desenvolvimento
ou agravamento da ansiedade e de
sintomas depressivos. Fale pelo telefone
ou através das redes sociais com amigos
e familiares. Se sentir debilidade,
cansaço, mal-estar ou dor, não hesite
em falar com alguém próximo ou em
ligar para os serviços de saúde. Convém
manter a lista de contactos de pessoas
próximas, cuidadores e médicos, das
entidades policiais, da farmácia e do
centro de saúde, num local visível e de
fácil acesso (por exemplo, na porta do
frigorífico). Um vizinho de confiança
pode ser um ponto de apoio: peça-lhe
para guardar a sua chave, dê o respetivo
contacto aos seus familiares próximos
e vice-versa, para que possa servir de elo
de ligação em caso de necessidade. >
145 testesaúde 25
 Corpo mais fluido
Os exercícios que propomos promovem o equilíbrio
e a coordenação. Faça-os, pelo menos, duas a três
vezes por semana, aumentando progressivamente
o número de repetições de cada um
Pescoço
flexível...
Sentado, com as costas direitas,
segure o ombro esquerdo com a
mão direita. Incline, lentamente, a
cabeça para a direita. Mantenha
cinco segundos. Faça o mesmo
do outro lado. Execute três vezes.
Agilidade
da anca
De pé, posicione os pés à
largura da anca e os braços
ao longo do corpo. Deslize o
braço esquerdo para baixo, até
onde lhe for confortável – deve
sentir a anca direita alongar.
Mantenha a posição durante
dois segundos. Reproduza o
movimento do lado direito.
Execute o exercício três vezes
para cada lado.
26 testesaúde 145
... e com
mobilidade
Sente-se, puxe os ombros para
baixo e olhe em frente. Rode
a cabeça, lentamente, para a
esquerda até onde conseguir.
Efetue o mesmo para o lado direito.
Faça três vezes para cada lado.
Gémeos
alongados
Apoie as mãos na parede,
de modo a manter-se estável.
Afaste a perna esquerda para trás
(distância de um pé, no mínimo)
e flita a direita. Mantenha a perna
esquerda esticada, sem levantar
o calcanhar. Os pés devem
estar bem assentes no chão.
Troque a posição das pernas
e repita o exercício. Faça três
rondas.
>
Preservar corpo e mente
A atividade física e a alimentação são
dois pilares da saúde. Tente mexer-se:
faça alguns exercícios (ver caixa ao GUIA
lado), dê uma volta pela casa e vá à
janela ou à varanda várias vezes por PRÁTICO
dia. Fazer puzzles, palavras cruzadas
120 JOGOS
e jogos de memória, de linguagem ou
PARA TREINAR
de números ajuda a lubrificar a mente.
A MENTE (G341)
Ao nível alimentar, as regras são as
Neste guia,
mesmas de sempre: realizar, no mínimo,
encontra formas
cinco refeições diárias (as três principais
criativas de pôr
e lanches de manhã e à tarde) e ingerir
os neurónios
dois a dois litros e meio de líquidos
(privilegiando a água), mesmo que não
a mexer.
Encomende por
tenha sensação de sede.
1,95 euros, com o
A sopa é uma boa forma de consumir
código 20065, em:
legumes e leguminosas, fornecedores de
deco.proteste.
vitaminas, minerais e fibras, entre outros.
pt/guiaspraticos
Recomenda-se ao almoço e ao jantar.
ou pelo telefone
O consumo alternado de carne e peixe
211 215 652
também faz parte das regras: caso tenha
falta de apetite para o segundo prato,
pode juntá-los à sopa. Se tiver dificuldade
em mastigar, triture. Não esqueça, ainda,
o leite e derivados.
Quanto às compras, o ideal é fazê-las
online ou encomendá-las pelo telefone.
Verifique se os supermercados, as
farmácias e outros serviços da zona
entregam em casa ou peça ajuda a
um familiar ou amigo. Várias câmaras
municipais e juntas de freguesia prestam
apoio nesta área, sem custos para o
cidadão. Algumas providenciam refeições
quentes, alimentos e produtos de higiene.
O apoio psicológico é outra oferta
destas entidades. Caso se sinta
demasiado triste, ansioso e “sem
energia”, não hesite em pedir ajuda.
Pode também fazê-lo através da linha
SNS24 (808 24 24 24), a qualquer hora.
Caso se sinta de alguma forma ameaçado
ou se for alvo de tentativas de burla, quer
pelo telefone, quer por meios eletrónicos
ou à porta de casa, avise as autoridades
policiais.
Seja qual for a via e os recursos que
utilizar, é importante fechar a porta
ao SARS-CoV-2, mas também continuar
a viver o melhor possível.
Dossiê técnico Joana Almeida
 hotéis para animais
dê-lhes
férias
São dezenas os hotéis para animais de estimação, de norte a sul do
País, que podem acolher o seu patudo, se for de férias ou, por outro
motivo, não puder cuidar dele, como terá sucedido a muitos doentes e
profissionais de saúde durante a pandemia de covid-19. Preços, vagas e
oferta de cuidados extra são critérios a ter em conta na hora da escolha
Rita Santos Ferreira e Filipa Rendo
É
um sortudo e partilha a vida com
um dos seus melhores amigos?
Sim, esse mesmo, esse amigo
peludo que está deitado aos seus pés.
De acordo com o GfkTrack.2Pets,
um estudo de 2015, 54% das famílias
portuguesas têm, pelo menos, um
animal de estimação. Sendo que,
em média, existem mais cães e gatos
do que crianças nos núcleos familiares.
No entanto, com a chegada das férias,
surge o problema de onde os deixar,
visto que nem todos os donos têm a
hipótese de levá-los consigo. O mesmo
problema surge também, por exemplo,
para quem está doente e não pode
cuidar do seu companheiro de todas as
horas, uma situação recorrente nos dias
de hoje, tendo em conta a pandemia
provocada pela covid-19. De forma
a resolver esse contratempo, existem
hotéis para animais de estimação
um pouco por todo o País.
Um hotel de sonho
Concorrem com os antigos canis, e já
são a opção mais procurada. O mercado
destes paraísos para hóspedes de quatro
patas está em exponencial crescimento.
E, cada vez mais, os donos procuram o
melhor para o seu animal de estimação,
tornando-se consumidores exigentes
no que a estas instalações diz respeito.
Se, por um lado, existem típicos hotéis
com os serviços básicos, por outro,
encontramos verdadeiros resorts.
Estes espaços são equipados com
suítes privadas e camas em plataforma,
e fazem a transmissão de programas
de televisão para animais. Passeios e
festas de aniversário são iniciativas que
também oferecem, para proporcionar
ao seu amigo o melhor conforto possível.
Onde e a que preço?
Não encontrámos informação sobre
o número de hotéis em funcionamento
no País. Os nossos colaboradores
contactaram hotéis de vários distritos.
Dos 77 estabelecimentos, 19 não
disponibilizaram informação. Em janeiro
de 2020, procurámos saber, junto
dos que colaboraram no estudo,
o horário de funcionamento, a altura
de maior movimento, os preços
e os serviços prestados. >
145 testesaúde 27
 Há mais no litoral
A maioria dos hotéis que colaboraram no estudo encontra-se no litoral. Lisboa e Porto são os
maior oferta deste serviço. Mas grande parte localiza-se em concelhos adjacentes aos cent

Onde estão os hotéis? Os mais caros e mais ba

(cães-gatos)
BRAGA

€ 10 Centro Canino Santa Comba

€ 15 Nortdog Academia Canina de Braga
Braga
4-1 € 5 Nortdog Academia Canina de Braga

Porto
13-11 PORTO

Viseu € 10 Hotel Guardiões do Candal e Amicão

2-3 € 15,70 Hotel Montes Burgos (clínica
Aveiro
veterinária)
2-1
Coimbra € 8,50 Amicão
6-5 € 15 Domi Canis Cattus(1)
Castelo Branco
1-0 VISEU
Leiria
1-3 € 15 Amipet(1)
€ 16 Animal Vip Hotel e SPA(1)
Santarém
1-1 € 9 SOS Animal(1)
Lisboa € 12 Animal Vip Hotel e SPA
7-7
AVEIRO

€ 12,80 OneVet Group Hotel(1)

Setúbal € 15 Canil d’Maria
3-1
€ 12,80 OneVet Group Hotel(1)

CASTELO BRANCO

€ 7,50 Hotel Canino Quinta

das Amendoeiras
Faro
4-4 COIMBRA

€ 9 Pintinhas Centro Animal Hotel

Canino e Felino(1)
€ 15 Quinta dos Patuscos(1)
Madeira
1-2 € 9 Pintinhas Centro Animal Hotel
Canino e Felino(1)
€ 12,50 Holidaypet Hotel Canino
e Felino(1)

LEIRIA
Açores
2-1 € 12,50 Animal Clinic
MAIS RESULTADOS EM
www.deco.proteste.pt/familia-
-consumo/animais-estimacao € 8 Animal Clinic
€ 11 Clínica Veterinária do Lis(1)

28 testesaúde 145
 Pagamento
da estadia
no hotel
distritos com
ros urbanos

ratos em cada distrito
SANTARÉM
€ 12 Trela amarela(1)
€ 6,50 Trela amarela(1)
LISBOA
€ 12 Oficina dos Bichos(1)
€ 19,50 Valverde Hotel para Animais(1)
€ 13 Hotel Monsanto Pet
€ 19,50 Valverde Hotel para Animais(1)
>
A maioria dos hotéis visitados, num
total de 35, aloja cães e gatos. Mas
sete só recebem gatos e 16, só cães. CAUÇÃO
Na ilustração da página anterior 38% dos hotéis
(completa em www.deco.proteste. que participaram
pt/animais), é possível analisar a
no estudo pedem
uma caução de
distribuição dos hóteis visitados 25 a 50% do valor
por distrito e a variação de preços acordado.
encontrada. Em alguns, os preços
variam consoante a época do ano.
Considerámos o preço da época
alta (de junho a setembro, no Natal
e na Páscoa), por ser a altura de maior
procura. Tendencialmente, quanto mais o eventual comportamento agressivo do
descemos no mapa, mais caras são animal, a sociabilidade ou a existência
as estadias. Mas há exceções. de doenças transmissíveis.

SETÚBAL Em Setúbal, é mais em conta Como escolho o hotel ideal?

Por dia, na época alta, o preço do
€ 6 Hotel da Bicharada(1) alojamento para cães mais frequente
€ 19 Tia Béu pelo Gato & pelo Cão(1) é de 15 euros, sendo que o mais barato,
o Hotel da Bicharada, em Setúbal,
€ 4 Hotel da Bicharada(1)
cobra 6 euros, apesar de não incluir
alimentação. Muitos dos preços
FARO incluem alimentação, higiene do
“quarto” e passeios. No entanto, cada
€ 15 Pets Inn(1) estabelecimento pode ter uma variação
€ 17 Merrylegs Pet Hotel de preços, devido a fatores como o
tamanho do “quarto” ou descontos
€ 7 Pets Inn(1)
para donos com mais do que um animal.
€ 10,50 Dog Spa(1)
No que aos felinos diz respeito, o preço
mais frequente, que inclui sempre
MADEIRA
a areia, é de 11,50 euros e o mínimo,
€ 19,90 DogTel Alojamento de Cães de 4 euros, também no Hotel da
e Gatos Bicharada. Fica, assim, mais barato
Primeiro, certifique-se de que o
alojamento está licenciado pela câmara
municipal da região. Depois, verifique se
dispõe de um espaço para a prática de
exercício e se tem condições de higiene.
Compare preços e informe-se de tudo o
que está incluído. Por último, veja se o
estabelecimento tem protocolos com um
veterinário, caso o seu amigo necessite de
cuidados enquanto o dono está ausente.
Escolha a melhor “casa de férias”
para o seu animal de companhia.
Dossiê técnico Teresa Rodrigues

€ 8,90 DogTel Alojamento de Cães

alojar um gato do que um cão.
e Gatos
€ 8 Spad Cat Hotel
Queria um quarto, há vaga?
A época alta é crítica e, em muitos casos,
os hotéis ficam sem vagas. Faça a reserva
AÇORES com antecedência (ao marcar as suas
férias, por exemplo). A maioria dos
€ 7,50 Hotel da Clínica Veterinária
estabelecimentos não tem regras quanto
do Pópulo(1)
à duração mínima e máxima da estadia.
€ 10 HelGus Nelson Felicidade(1)
Porém, é importante ter isso em conta.
€ 7,50 Hotel da Clínica Veterinária Tal como num hotel mais convencional,
do Pópulo(1) também estes têm check-in. Boletim de
vacinas atualizado (por exemplo, com
a da raiva), desparasitações e microchip
são os documentos necessários
(1)
Sem alimentação. para a reserva. Há hotéis que pedem
o comprovativo de morada dos donos.
Alguns têm critérios de admissão como
Em tempos
de covid-19
Perante a situação de emergência
pública, contactámos de novo os hotéis
que colaboraram no estudo, para
percebermos em que condições estavam
a funcionar. Apurámos que 15 encerraram
temporariamente. Mas outros continuam a
receber animais de pessoas contaminadas
ou de profissionais de saúde, com
as devidas precauções. Apesar do
desconfinamento, mantenha os cuidados
quando levar o cão à rua. Faça passeios
curtos e evite o contacto com outros cães.
Em casa, limpe-lhe as patas e o focinho.

145 testesaúde 29
 viver o luto sem um último adeus
As condições excecionais em que vivemos complicam as despedidas. Sem homenagens fúnebres,
nem abraços de conforto, a dor torna-se mais opressiva. Mas tentar fugir-lhe, dizem os psicólogos, adia
o processo de luto. Chorar, manter a rotina possível e não desligar de quem se gosta podem ajudar
Fátima Ramos

M
argarida perdeu a avó durante
o estado de emergência. Tinha
87 anos. Não contraiu covid-19,
mas teve de ser hospitalizada, devido
a um problema renal. Durante três
semanas, esteve isolada. Numa primeira
fase, ainda recebia a visita de um neto,
funcionário do hospital, a quem dizia
sentir-se abandonada. Chegaram a
anunciar-lhe a alta, mas a deteção
de uma bactéria impediu a saída do
hospital e forçou a transferência para
outro serviço, onde nem o neto chegava.
O que mais custa à família é saber que
“morreu sozinha, sem ninguém para lhe
dar um carinho”, lamenta Margarida.
Sem tempo para velar a morte
A necessidade de conter a propagação
do novo coronavírus (SARS-CoV-2)
impôs regras específicas para cuidar
de pessoas em fim de vida e realizar
funerais. Além de não serem permitidas
as visitas a doentes hospitalizados
ou a quem reside em lares, foram
abolidos alguns rituais associados
à morte, como o cortejo fúnebre,
a abertura do caixão e a celebração

da missa ou outro cerimonial.
Todos os credos e religiões tiveram de
se adaptar ao que a lei exige. O número
de participantes foi restringido - cabe às
câmaras municipais defini-lo - e as regras
de afastamento social são para cumprir,
na hora em que um abraço faria a
diferença. As autoridades desaconselham
ainda a presença dos grupos mais
vulneráveis, como idosos, crianças,
grávidas e doentes crónicos ou com
as defesas do organismo debilitadas.
Os rituais fúnebres são importantes
no processo de luto: oferecem contexto
para expressar emoções e partilhar
tristezas, homenagens e recordações.
A limitação destes rituais é mais um fator
de stresse, raiva e angústia.
Margarida conta-nos que, em condições
normais, o funeral da sua avó teria tido
a participação de grande parte dos
habitantes da aldeia. Teve apenas uma
breve celebração à entrada do cemitério,
com “meia dúzia de familiares, muito
distantes uns dos outros, cada um a sofrer
a sua dor, no seu canto... alguns levavam
máscara, mal os reconheci”, revela a nossa
entrevistada. Fica ainda a mágoa de saber
que nem um pequeno desejo da sua avó
foi cumprido: tinha escolhido a roupa
para levar, mas não puderam vestir-lha.
“Disseram-nos que a colocaram
num saquinho ao seu lado”.
Apesar da dor, Margarida compreende
a necessidade destas medidas. Contudo,
está convencida de que teria sido menos
difícil se, na fase final, alguma forma
de despedida tivesse sido permitida.
Recurso à tecnologia
A Direção-Geral da Saúde aponta
algumas medidas que, em certas
situações, podem amenizar um pouco
a dor e o eventual sentimento de
culpa pela impossibilidade de prestar
a homenagem merecida a quem
parte: a transmissão do funeral por
vídeo ou videochamada pode juntar
virtualmente todos os familiares e
amigos na despedida. A Ordem dos
Psicólogos Portugueses sugere que sejam
os próprios serviços funerários a prever
esta possibilidade.
O SNS24 presta
apoio psicológico,
através do número
808 24 24 24
Tempo e paciência
Não há um tempo certo para aprender
a viver com a perda: depende da relação
que se tinha com quem partiu e da
própria pessoa. A Ordem dos Psicólogos
Portugueses e a Direção-Geral da Saúde
dão algumas indicações que podem
ajudar no processo.
Não adie o luto. Tentar reprimir ou
suprimir emoções ligadas ao luto,
como tristeza, raiva, medo e angústia,
envolvendo-se constantemente em
atividades, não resolve. Chorar contribui
para exteriorizar o sofrimento acumulado,
mas, se não conseguir fazê-lo, não se
culpe. Tente aceitar todas as emoções.
Evite o isolamento prolongado.
Haverá certamente momentos em
que lhe apetece estar sozinho. É normal.
Contudo, também importa não deixar
que o período se prolongue. Mesmo à
distância, fale com amigos sobre os seus
sentimentos, ou expresse-os de outra
forma, por exemplo, escrevendo.
Tente manter algumas rotinas.
Não descuide a higiene e os cuidados
pessoais, mantenha os horários das
refeições, pratique algum exercício físico
e não abdique das atividades que lhe dão
algum prazer. O tempo de descanso e as
horas de sono são também importantes.
Procure ajuda. Se não conseguir
lidar com o sofrimento ou se este for
muito perturbador, a ponto de impedir
a realização das atividades diárias,
consulte um psicólogo ou um psiquiatra.
Recurso às
tecnologias
REDES SOCIAIS
Transmitir o funeral
e criar uma página
de homenagem
nas redes sociais
podem ajudar.
A criação de uma plataforma de
homenagem, como uma página nas redes
sociais, onde todos possam escrever algo
sobre o falecido, também pode ajudar
na primeira fase do luto.
Outra sugestão é planear para mais tarde,
quando a pandemia o permitir, um ritual
fúnebre ou memorial, em casa ou numa
capela.
Um processo individual
A vivência do luto é pessoal e
intransmissível. O sofrimento faz parte do
processo e cada um tem a sua forma de
vivê-lo, não havendo um tempo certo para
a superação. Podem surgir sentimentos de
raiva e injustiça, solidão, vazio, impotência
ou desespero, aperto no peito, alterações
do sono e do apetite. O sentimento de
culpa é também frequente e pode ser
difícil de gerir, sobretudo nas mortes por
covid-19, quando a pessoa pensa que
pode ter transmitido o vírus ou que não
fez tudo para proteger quem partiu.
A família e os amigos são fundamentais
no processo de luto, mesmo sem a
presença física. Telefonar a dar conforto,
enviar mensagens de texto ou e-mails
a expressar as condolências e a pôr-se
à disposição para o que for necessário
podem suavizar a experiência.
É habitual, numa situação destas, não
sabermos o que dizer, mas, muitas
vezes, basta oferecer os ouvidos, escutar
e manifestar apoio. Pode também
ajudar em questões práticas, como
levar compras ou uma refeição quente à
porta. E mantenha-se atento ao estado
emocional: se verificar um sofrimento
demasiado perturbador, estimule a
procura de ajuda profissional.
Dossiê técnico Teresa Rodrigues
145 testesaúde 31
 Exercício
físico

stresse e al
ANSIEDADE
O exercício físico
reduz os níveis
de ansiedade e
aumenta a auto-
estima e o bem-
-estar psicológico.

quando as emoções se
Distância. Confinamento. Máscaras. Regras para tempos singulares. Os efeitos
stresse e pela quebra da rotina. Mesmo que, lentamente, a vida retome algum do
o desequilíbrio instalou-se. A compulsão de comer ou a fome emocional, ou a re
Deonilde Lourenço

À
s voltas com estados de
emergência e de calamidade,
outros estados, os emocionais,
avançam e recuam nestes meses de
um ano deveras atípico. Numa aliança
de compensação, e mais do que um
mero garante da sobrevivência do
corpo, a alimentação ampara agitações.
A restrição abrupta de movimentos e
a inconstância dos tempos próximos
guiam-nos, por vezes, pelos caminhos
incontroláveis (tal como as causas) do
stresse e da ansiedade. Na incógnita
sobre o controlo da covid-19, a
componente emocional da nutrição
secundariza a necessidade biológica,
gerando duas reações contrárias: o
ímpeto de comer - ligado à chamada
fome emocional - ou a supressão do
apetite. Nesta descrição, excluímos
distúrbios alimentares anteriores.
Segundo alguns estudos que relacionam
stresse e saúde, cerca de 30 a 40% dos
indivíduos perdem a vontade de comer,
Margarida Girão

enquanto 40 a 70% sentem o oposto.

Nos períodos de stresse, falha-se o
planeamento, a preparação e o usufruto
relaxado das refeições. Ao invés, corre-
-se pela recompensa, o hedonismo e
a sensação prazerosa de uma refeição
temperada pela ansiedade.

Uma recompensa em forma

de comida Tenho o peso indicado?
Calcule o índice de massa corporal
Simplisticamente, a reação fisiológica (IMC) e saiba se precisa de adaptar
ao stresse é desencadeada pelo o peso, em www.deco.proteste.pt/
sistema medular simpático e pelo eixo simulador-calorias.
hipotálamo-hipófise-suprarrenal.
Os neurotransmissores e as hormonas
“acordados” aumentam o cortisol,
a hormona do stresse, gerando

32 testesaúde 145
imentação
colam ao estômago Mais apetite
Planeie as refeições semanais.
fazem-se sentir em comportamentos de fuga, causados pelo Tente não petiscar entre refeições.
seu curso, como a liberdade de sair e regressar ao local de trabalho,
jeição desse ato, são sinais a vigiar e a controlar Coma com calma, sentado, sem ver
televisão e sem o telemóvel ao lado.

Beba água ao longo do dia. Confunde-

apetência por gorduras e hidratos de vontade de comer à sensação de tristeza,
carbono. Emerge, neste encadeamento, aborrecimento e ansiedade é um sinal.
a recompensa com a comida. A incapacidade de lidar com esta “fome”
A inaptidão de lidar com pressões ou sentimentos, e a confirmação de
internas e externas é individual que só se sente melhor após comer, ou
e depende de condições a perda de apetite, justificam a procura
ambientais, socioeconómicas da ajuda de um profissional de saúde.
e genéticas. Mas as Organizar uma rotina, e mantê-la, é o
hormonas estimuladas pelo chapéu estrutural que dará ordem aos
stresse, que nos põem em dias. Se desalinhamos a alimentação
modo de “fuga ou luta”, à espera de salvação, peguemos nos
são património comum. alimentos a colocar na frente de batalha
O batimento cardíaco para controlar o peso. Legumes crus,
aumenta, os sentidos cozidos ao vapor ou em sopa, fruta
apuram-se e o corpo fresca e laticínios magros, para controlar
está pronto a agir. as calorias. Leguminosas, pães e
Em pequenas doses, massas integrais, com mais fibra, para
estamos preparados saciar. Carnes brancas, peixes magros e
para o stresse. Mas ovos, com menos gordura. Azeite para
se se mantiver, o temperar e cozinhar, em dose regrada.
organismo torna-se Se, pelo contrário, a comida se tornou
suscetível a doenças dispensável, e houve perda de peso,
cardiovasculares, os frutos secos, para começar, satisfazem
imunes e do sistema em pouca quantidade e fornecem
nervoso central, e calorias. Legumes cozinhados, para
à obesidade. Pode aumentar a quantidade ingerida. Frutas
revelar-se na síndrome tropicais ou muito calóricas, laticínios
do intestino irritável, meio-gordos e peixes gordos (atum e
na hipertensão salmão), para receber mais calorias.
arterial, na diabetes O azeite como tempero, e água e sumos
melittus descontrolada (estes mais energéticos) para se hidratar.
ou em doenças do foro O conselho não prescreveu: mantenha
psicológico, como a uma alimentação equilibrada, com
depressão ou a ansiedade. os nutrientes essenciais. É uma peça
que encaixa no puzzle complexo
Alimentar a espuma das emoções, emprestando-lhes
dos dias organização. A nova realidade da
Os sentimentos comandam a pandemia exige a arrumação de alguns
fome emocional, que procura, para impulsos. E um passo de cada vez.
se saciar, alimentos mais calóricos,
doces ou salgados. A associação da Dossiê técnico Dulce Ricardo >
-se, muitas vezes, fome com sede.
Não restrinja muito a alimentação,
sob pena de ser mais um fator de stresse.
Durma sete a nove horas por noite.
Evita o aumento do peso corporal.
Faça exercício físico. Ajuda a relaxar
e a queimar calorias.
Contacte amigos ou familiares.
Falar sobre os problemas reduz o stresse.
Use técnicas de relaxamento,
como meditação ou mindfulness.
Menos apetite
Ingira poucos alimentos de cada vez,
para evitar a sensação de enfartamento.
Planeie as refeições. Quando não tem
apetite, tende a saltar refeições.
Coma alimentos mais calóricos. Atinge
as necessidades sem se sentir cheio.
Hidrate-se. Beba água e sumos. Estes
fornecem mais energia. Exclua o café.
Relaxe. Leia, faça exercício e pratique
meditação, ioga ou mindfulness.
A sopa tira a saciedade. Coma-a após
as refeições principais, para não perder
o apetite e não as saltar.
Mantenha uma boa rotina de sono.
Controla o stresse e regula o apetite.

145 testesaúde 33
 Entrevista
Direitos reservados
Como define a relação
entre stresse e alimentação?
Os nossos padrões alimentares são
influenciados pelo contexto social,
familiar, fisiológico e emocional.
Também os fatores emocionais
afetam a vontade de comer e as
características da alimentação.
Se estou triste ou ansioso, a minha
vida instintiva fica alterada: a
fome, o sono e o prazer podem
ficar desregulados, mas podem ser
também mecanismos de regulação
das emoções. Quanto maiores os
fatores de stresse, maior a intensidade
e a probabilidade de desregulação
das emoções, e mais naturais as
alterações ao padrão alimentar.
Face ao contexto em que
vivemos, que reações
são expectáveis?
Para a maioria das pessoas, o novo
contexto é percecionado de forma
totalmente negativa: confinamento
e restrições, problemas de emprego
e crise económica, medo dos
perigos da doença e incerteza
quanto ao futuro. Estas pessoas
terão um aumento da ansiedade
ou da depressividade, justificável
e, na maioria dos casos, sem
gravidade. Isto é, sem atingir
níveis considerados clinicamente
disfuncionais. O estado emocional
pode afetar o comportamento
34 testesaúde 145
"Quanto mais
stresse, mais
desregulação
das emoções"
Rui Martins
Psicólogo clínico
e terapeuta familiar
alimentar, aumentando ou diminuindo
a vontade de comer. A perda de
apetite, a incapacidade de manter
os alimentos no estômago e o vómito
espontâneo são comuns em situações
de elevada intensidade emocional.
Noutras, a ingestão compulsiva é
um dos mecanismos reguladores das
emoções. O ato de comer não está
relacionado com a fome, mas com a
sensação positiva que a ingestão de
determinados alimentos traz. Comer,
sobretudo o que gostamos, dá conforto
fisiológico e emocional.
Qual a reação mais comum:
comer mais ou menos?
Os quadros mais frequentes,
relacionados com intensidade
emocional moderada, relacionam-se
com o aumento da ingestão alimentar.
Mas importa distinguir o aumento
“controlado”, incluindo snacks e
pequenas refeições entre as principais,
mantendo, ainda assim, um equilíbrio
nutricional e de hábitos alimentares,
do grande descontrolo, com ingestão
de enormes quantidades em períodos
relativamente curtos, alternadas com
tentativas de jejum compensatório,
desregulação das refeições principais
e mal-estar físico.
Existem pessoas mais
propensas a procurar
compensação na comida?
Além dos grupos de risco, com
índices mais elevados de ansiedade
e depressividade, algumas pessoas
podem ter maior propensão para
procurar compensação na comida,
decorrente da sua “relação” com a
comida e com o ato de alimentação
ao longo da vida, sobretudo em idades
muito precoces.
Este comportamento pode
ter repercussões na saúde?
A ingestão descontrolada, compulsiva
e frequente de alimentos pode
levar a alterações muito rápidas e
significativas do peso e da forma
corporal. Esta mudança pode trazer
sentimentos negativos, diminuição da
autoestima, e alterações na intimidade
física e na relação com o corpo. O facto
de a atividade física estar, de uma
maneira geral, diminuída, também
potencia estas alterações.
Em termos terapêuticos,
qual a melhor estratégia?
Limitar o stresse e a consequência
interna, que é a ansiedade, passa por
conseguirmos manter os equilíbrios,
controlarmos e evitarmos as mudanças
em relação ao que nos traz segurança.
Implica antecipar, concretizar e reagir
de forma adequada, otimista e refletida
à mudança. Não é um paradoxo.
É sentirmo-nos seguros face ao que
temos (presente) e confiantes quanto
às mudanças necessárias (futuro).
Numa situação como a que vivemos,
é muito importante manter padrões
regulares de sono, horários de acordar,
deitar, trabalhar e lazer, diversificar
as atividades, diferenciar os dias da
semana dos fins de semana, manter
as refeições, não descurar os hábitos
de higiene e manter a atividade física.
É importante que a criatividade nos
ajude a resolver problemas. Reajustar
a forma como nos relacionamos
socialmente, como nos divertimos
ou como gerimos o tédio. É preciso
ajustar expectativas e flexibilizar
objetivos. Um dos maiores problemas
do confinamento, que aumenta a
ansiedade, é que temos de ser capazes
de fazer tudo o que fazíamos antes
e atingir os mesmos objetivos.

recuperados
sobreviver à pandemia
Todos os dias, listas nacionais e internacionais agrupam recuperados e desaparecidos na pandemia de
covid-19. Falámos com três (ex-)pacientes, que tiveram experiências muito diferentes com a doença
Texto Ricardo Nabais e Filipa Rendo
C
omeçou por ser um vírus
desconhecido, e não poupou
género, idade, nacionalidade
ou classe social. Não é que fosse
propriamente igualitário, mas uma
capacidade fortíssima de contágio fê-lo
dar a volta ao mundo em menos de dois
meses. O novo coronavírus, já globalizado,
levou a Organização Mundial de Saúde
a declará-lo uma pandemia. O resto já
sabemos. Ficámos confinados e, quando
soltos, limitados nos passos.
E cedo começámos a ver figuras públicas,
como o primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, nas urgências e nos
cuidados intensivos dos hospitais. Aquele
governante integra a lista de milhares de
Epidemia
de covid-19
EXPERIÊNCIAS
NARRADAS
As três pessoas
que relatam o seu
caso não sabem
como ficaram
infetadas.
recuperados, conhecidos ou anónimos,
que viveram uma experiência intensa.
Alguns, na linha fina que separa a vida da
morte. Entre as figuras públicas nacionais
que experimentaram o efeito sufocante
do vírus, estão Alípio Matos, treinador de
futsal, e o humorista Fernando Rocha.
De onde menos se espera
A rapidez do contágio leva a um quadro
de sintomas comum - também já
todos os conhecemos -, mas que nem
sempre afeta de forma igual os pacientes.
Conhecemos três recuperados da
covid-19, que viveram experiências muito
diferentes, de formas mais ou menos
intensas. Em comum, têm apenas o facto >
145 testesaúde 35
 Uma vida nova
Três relatos de recuperados
DALILA ALBUQUERQUE, MINDELO, VILA DO CONDE Uma
excursão à Terra Santa, a Israel, vai ficar gravada para sempre na sua memória.
Não só pelo que viu, pelo convívio ibérico com amigos da Galiza e de uma
paróquia de Madrid, mas pelo que lhe estava reservado à chegada. Já tinha ouvido
falar do surto de covid-19, que cada vez mais e a passos muito rápidos, ia galgando
o mundo, país após país.
Não pensava que lhe estava reservada esta lotaria: “Cheguei a uma quinta-feira e
ainda dormi em Baiona. Na sexta, fui ao café, fiz a minha vida normal, de manhã.
E, à hora do almoço, comecei a sentir-me um bocado enjoada. Estava com o
meu marido, viemos para o Porto, e aí comecei com muita diarreia e vómitos”.
Na altura, a febre e a tosse ainda eram dos poucos sintomas de que tínhamos
informação. Por isso, Dalila, 68 anos, desvalorizou os sintomas, mesmo que a
febre, escassa, também lá estivesse para completar o quadro. O marido ligou
para a linha SNS 24. Foi tudo muito rápido, a seguir ao diagnóstico positivo. Foi

"À tarde, internada e depois a memória apagou-se. Estava sedada quando seguiu para os
cuidados intensivos do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. A experiência
comecei com acabou por ser pior do que chegou a sentir. “Acho que tive uma pneumonia
bilateral. Mas nunca cheguei a ter muita tosse. Depois de vir dos cuidados
sintomas e intensivos - estive com oxigénio -, sentia dificuldade em respirar, sobretudo

fui internada" quando queria respirar fundo”, recorda-se. Não se lembra qual o tratamento que
lhe foi ministrado, apenas afirma, insistindo - nunca é demais - a sua gratidão
para com os profissionais de saúde que cuidaram dela, nos 13 dias em que correu
risco, no hospital. Só sairia à rua a 25 de abril, simbolicamente, para gozar o seu
primeiro lampejo de liberdade, depois do segundo teste negativo.

MANUEL CANTARINO, LISBOA À primeira, os alarmes não soaram.

Só quando veio a febre: “Decidi ligar logo para o Saúde 24”, recorda Manuel
Cantarino, que, à beira dos 76 anos, já estava ciente dos riscos deste novo vírus.
A demora no atendimento levou-o a procurar atendimento num hospital
privado perto de casa. Mas os sintomas não eram os que lhe chegavam através
dos média, que já na altura só tinham notícias contaminadas pela covid-19.
Manuel sentia “uma dor do lado direito, que parecia uma facada. Era por baixo
da axila e sentia-a quando respirava”. Afinal, era já uma pneumonia “bastante
extensa”, que o levaria logo aos cuidados intensivos do CUF Infante Santo.
Deu entrada a 26 de março, e só tinham passado dois dias desde que sentira
as primeiras maleitas e a febre. Ficou por lá 13 dias, mas “sempre consciente”
e, devagar, lá o foram livrando daquela perigosa pneumonia. Apesar de uma
vida que não diz ser desportiva, praticava algum exercício. “Mas não era um

"Senti uma dor

atleta de primeira água. Tinha o hábito de correr, andar, fazer um bocado de
montanhismo (não escalada), andar de bicicleta, nadar. Sinto-me muito bem
em atividades físicas ao ar livre, galinha de campo não quer capoeira”. Apesar
do diagnóstico algo agressivo para a idade, esteve sereno, em grande parte, diz,
do lado direito,
devido à atitude dos profissionais de saúde que o acompanharam. Mais do que parecia
uma facada"
que a idade, o risco tinha que ver mais com o facto de Manuel viver há alguns
anos com um pacemaker. Não tem ideia, porém, de como terá sido infetado,
mas também não teve medo. A mulher não sentiu qualquer sintoma, nem a
empregada do casal, que passa muitas horas em casa.
O SNS 24 acompanhou-as também, à distância.

36 testesaúde 145
 Epidemia
de covid-19
RECUPERADOS
Para serem
considerados
curados,
precisaram dos
resultados de dois
testes negativos

>
de desconhecerem como terão contraído
este mal invisível. Talvez a mais certa
do momento do contágio será Dalila
Albuquerque, que viajou para Israel numa
"Nunca excursão com um grupo de espanhóis,

associei os em março. Em Madrid, começavam os

primeiros ecos de um grande número
sintomas ao de novos casos. Apesar de haver, entre os
viajantes, um grupo da capital espanhola,
coronavírus" surpreendentemente, não foi este o foco
de infeção.
Manuel Cantarino estava, como Dalila,
numa faixa etária dos grupos de maior
risco para contrair a doença. Aos 76 anos,
JORGE MATIAS, LISBOA A rotina casa-trabalho, quase metódica, foi internado, mas, apesar da contagem
não o expunha, à partida, ao risco de infeção. Mas, ainda mal tinha dos dias e de alguma ansiedade, esteve
começado a azáfama mediática em torno da chegada do coronavírus a sempre consciente, quer do perigo
Portugal, este engenheiro de telecomunicações, de 50 anos, começou
a sentir sintomas estranhos. “Foi a 11 de março. O primeiro caso em
Portugal tinha sido a 2 e, na altura, só havia 59 casos confirmados. Nunca Dalila, Manuel
e Jorge tiveram
associei que fosse coronavírus. Achei que estava seguro”.
De onde poderá ter vindo a infeção? Em princípio, de casa. Na semana
anterior, a mulher de Jorge teve alguns sintomas, como febre, diarreia,
dores de garganta e de cabeça. Mas duraram pouco, e como, entre o
sintomas e
círculo profissional e de amigos, ninguém tinha a doença, pensaram sobressaltos
diferentes
que fosse algo diferente. Tudo aconteceu sensivelmente uma semana
antes de Jorge ter começado a sentir falta de ar, a ter diarreia e muitas
dores no corpo, como nunca tinha sentido. “No fundo, achamos que a
minha mulher é o paciente zero cá de casa “. Até porque os dois filhos do
casal também passaram por alguns sintomas, de gravidade diferente. que corria, quer do conforto que os
Ninguém foi internado. Perante a persistência do que sentia, Jorge profissionais de saúde que o atenderam
decidiu ir a um hospital privado, onde, depois de lhe terem receitado lhe foram transmitindo.
medicação, o tranquilizaram. Mas estava inquieto e decidiu fazer um Já o engenheiro de telecomunicações Jorge
teste, pelo seu próprio pé, num laboratório privado. Em meados de Matias contraiu a covid-19 mesmo no
março, a capacidade de testagem à população ainda era limitada. E veio início do surto em Portugal, em meados
então o veredicto fatídico: positivo. Ficou recolhido em casa, mas só a de março, quando o número de infetados,
18 de março, quando lhe chegou a notícia do primeiro teste, que tinha pelas contas da Direção-Geral da Saúde,
feito na véspera. O SNS passou a acompanhá-lo pelo telefone. Os filhos já ainda não chegava à centena.
tinham, entretanto, demonstrado os mesmos sintomas. Quando a mulher Apesar de não ter sido internado, uma
fez o teste, mais ou menos na mesma altura, o resultado foi negativo. Já sucessão de testes positivos quando já se
sem sintomas há muito - pelo menos, recorda, desde 22 de março -, estava a sentir recuperado deixaram-no
Jorge foi fazendo testes. Chegou aos oito. “Fui testado todas as semanas. em sobressalto permanente, até finais de
Uma vez por semana, ia lá fazer o teste, e dava positivo”. Pelo meio, teve abril.
um inconclusivo antes de voltar ao resultado tão esperado: negativo. O Pode ler as três histórias nas caixas. Todos
último teste foi no sábado de 25 de abril, no dia seguinte ao do seu 50.º têm agora aquela alegria dos recuperados,
aniversário, e, 48 horas depois, chegaria, finalmente, a prova que lhe e a esperança de que, com a passagem do
dava recuperação oficial, o segundo teste negativo. Foi uma prenda de novo coronavírus pelas suas vidas, além
aniversário diferente. Tinham passado 48 dias desde que começou a sentir do que padeceram, venha o pote de ouro
os sintomas até ter a certeza de estar curado. debaixo do arco-íris: a imunidade.

145 testesaúde 37
em direto
leitores
A lei visa
Textos
Ricardo Nabais e Filipa Rendo
aliviar os
encargos
das famílias
Moratórias
para todos
A Caixa Geral de Depósitos está a desconsiderar
as pessoas com deficiência, ao excluí-las do acesso
à moratória por carência do pagamento do crédito
à habitação. Esta interpretação da lei está correta?
Diana S., via redes sociais
COMENTÁRIO DO NOSSO ESPECIALISTA
Nuno Rico
Como a legislação, no caso das famílias, apenas refere a sua
aplicação nos contratos de habitação própria e permanente,
acabou por permitir, numa fase inicial, interpretações mais
restritivas. Mas o espírito da lei é o de aliviar os encargos das
famílias neste momento de crise, provocada pela pandemia.
Por isso, mais tarde, o Banco de Portugal veio esclarecer
que deveria ser aplicável a todos os contratos cujos titulares
preencham os critérios de acesso, independentemente
das condições contratadas. Se assim não fosse, por exemplo,
os créditos que atualmente beneficiam de taxas de juro
negativas também não deveriam ser abrangidos pela
moratória. Nos primeiros dias, chegaram-nos algumas
queixas de que a CGD estaria a fazer uma interpretação
restritiva da lei. No entanto, esta entidade bancária já corrigiu
a informação, sendo possível verificar, no seu site, que a
moratória “aplica-se a todos os créditos para habitação
própria permanente, não mencionando qualquer exclusão
sobre o regime do crédito”. Se a situação se verificar, com este
ou qualquer outro banco, os consumidores devem reclamar
através do Portal do Cliente Bancário, do Banco de Portugal.
38 testesaúde 145
Máscara?
Só com garantias
Higimask.com
Recebi, por e-mail, um anúncio da loja online
Clubfashion, com uma máscara que, alegam,
dura até três meses. Desconheço este tipo
de máscaras. Poderão durar tanto tempo?
Serão de confiança?
André G., Lisboa
COMENTÁRIO DA NOSSA ESPECIALISTA
Susana Santos
Estas máscaras não são recomendadas como material
de proteção contra a covid-19. Porém, justiça seja
feita, o anúncio não as promove assim. Apresenta uma
certificação de qualidade, a ISO 9001, mas esta norma
não se aplica a máscaras, e sim a sistemas de gestão.
As normas aplicáveis a máscaras são, por exemplo,
a EN 14683:2019 e a EN 149:2001+A1:2019. O anúncio
alega também o uso de bactericidas. Tal como o nome
indica, estas substâncias têm apenas ação sobre bactérias,
e não contra vírus. As máscaras recomendadas são as
cirúrgicas, as respiratórias e as sociais ou comunitárias.
No caso das máscaras comunitárias, verifique se foram
testadas por um laboratório com competência técnica
reconhecida (por exemplo, o CITEVE atribui o selo que
pode ver em baixo). As máscaras cirúrgicas, normalmente
à venda nas farmácias, têm de ostentar a marcação CE.
Selo usado
pelo CITEVE
para atestar
a qualidade
da máscara
 TESTE SAÚDE
DECO PROTESTE,
Editores, Lda.
Proprietária, Editora
e Redação
Av. Eng.º Arantes
e Oliveira, n.º 13, Olaias,

Valproato
1900-221 Lisboa
Conselho de Gerência
Armand De Wasch,

em vigilância
Crescenzo Passaro,
Daniel Stons, Filipe Moura,
Ivo Mechels,
Luís Silveira Rodrigues,
Vasco Colaço
A minha filha toma valproato para Capital Social
controlar a epilepsia. Reparámos . DECO - Associação
Portuguesa para a Defesa
que a embalagem inclui agora
Consumidor um novo aviso, um triângulo negro
do Consumidor (25%)
Presidente Vasco Colaço
. Euroconsumers (75%)
não deve invertido. O que é que significa? Presidente Daniel Stons

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têm-se queixado de lhes ser cobrado o material Depósito legal 93633/95
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COMENTÁRIO DA NOSSA ESPECIALISTA
Mónica Dias
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que não preveem expressamente o pagamento dos materiais mulheres que pretendam engravidar, Estrada de São Marcos,
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e produtos utilizados durante a realização de consultas ou pois pode causar malformações e Agualva-Cacém.
tratamentos médicos em ambulatório, têm visto aumentar problemas no desenvolvimento do RESTRIÇÕES AO USO
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privado. O encargo com os equipamentos de proteção dos criança, a contraindicação não se A DECO PROTESTE proíbe
profissionais de saúde estará, assim, a ser transferido para aplica. Os medicamentos com valproato a reprodução e a citação
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de serviços (hospital ou clínica privada) terá de informar mercado são o Depakine Chrono, o e às publicações (PROTESTE,
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previamente o consumidor de que estes custos acrescem Depakine Chronosphere, o Diplexil, o TESTE SAÚDE, PROTESTE
ao valor da consulta ou do tratamento que irá realizar. Diplexil-R e o Valproato de Sódio G.E.S. INVESTE e guias práticos)
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Se tiverem seguro de saúde, a companhia pode pagar O uso, com esse fim,
esse custo adicional. Mas, se não o tiverem, terão de pagar das designações Escolha
Acertada e Melhor do Teste
do próprio bolso. E há que estar atento a uma situação só é autorizado nas condições
de provável abuso: o montante que as unidades de saúde previstas em www.deco.
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145 testesaúde 39