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RESOLUÇÃO Nº 213, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2018

Dispõe sobre estratégias para o Enfrentamento


da Violência Letal contra crianças e
adolescentes.

O CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


– CONANDA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 2º da Lei n° 8.242, de 12 de
outubro de 1991 e

CONSIDERANDO o disposto no art. 227, caput e § 7º, e no art. 204 da Constituição;

CONSIDERANDO que a Declaração dos Direitos da Criança e a Convenção das Nações


Unidas sobre os Direitos da Criança (CDC), de 1989, da qual o Brasil é membro signatário
garante que toda criança e adolescente tem o direito inerente à vida;

CONSIDERANDO o disposto no art. 4°, “c” e “d"; nos incisos II e VII do art. 88 da Lei
n° 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente e no art. 2° do
Decreto n° 5.089, de 20 de maio de 2004;

CONSIDERANDO as disposições preliminares e os direitos fundamentais previstos no


Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.288 de 20 de julho de 2010;

CONSIDERANDO os eixos e os objetivos estratégicos do Plano Nacional Decenal dos


Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes;

CONSIDERANDO o compromisso assumido pelo Brasil no Objetivo de


Desenvolvimento Sustentável 16.1 Reduzir significativamente todas as formas de
violência e as taxas de mortalidade relacionada em todos os lugares e 16.2 acabar com
abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças;

CONSIDERANDO os resultados do Atlas da Violência (IPEA, 2018), que demonstrou


que em 2016 o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, o que equivale a
uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa
da Europa e que, apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas
devido à violência intencional no Brasil;

Considerando que o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJ 2017) – um


indicador que agrega os dados de vulnerabilidade dos jovens à violência, tais como taxa
de frequência escolar, escolaridade, inserção no mercado de trabalho, taxa de mortalidade
por homicídios e por acidentes de trânsito – demonstrou que em 304 municípios acima
de 100 mil habitantes, a média do risco relativo de um jovem negro ser vítima de
homicídio é de 2,7 vezes em relação a um jovem branco;

CONSIDERANDO que o Índice de Homicídios na Adolescência 2014 (IHA) analisa


que, para cada mil adolescentes, 3,65 correm o risco de ser assassinados antes de
completar o 19º aniversário e que, se as condições que prevaleciam em 2014 não
mudarem, entre 2015 e 2021, um total de 43 mil adolescentes poderão ser vítimas de
homicídio;
CONSIDERANDO a importância de se reconhecer a influência do sexo, cor e idade nos
índices de violência, sendo que os adolescentes do sexo masculino possuem risco 13,52
vezes superior ao das adolescentes do sexo feminino, e os adolescentes negros, risco 2,88
vezes superior ao dos brancos de serem vítimas de homicídio e que o risco de ser morto
por arma de fogo é 6,11 vezes maior do que por outros meios (IHA);

CONSIDERANDO a preocupante taxa de mortalidade de adolescentes e jovens


cumprindo medidas socioeducativas.

CONSIDERANDO a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (art. 05,


07, 15, 16)

CONSIDERANDO a necessidade de apontar estratégias para que os conselhos de direitos


da criança e do adolescente estadual, distrital e municipal elaborem os seus respectivos
planos;

RESOLVE:

Art. 1° Dispõe sobre estratégias para o Enfrentamento da Violência Letal contra crianças
e adolescentes.

Art. 2º A construção de ações de enfrentamento da violência letal deve articular e integrar


serviços, equipamentos, políticas, programas e projetos congêneres da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 3° As ações serão direcionadas em especial aos adolescentes do sexo masculino,


negros, em sua maioria com baixa escolaridade, que vivem nas periferias dos centros
urbanos e estão em situação de maior vulnerabilidade.

Art. 4° São princípios para as ações de Enfrentamento da Violência Letal contra crianças
e adolescentes:

I - universalidade dos direitos com equidade e justiça social;

II - proteção integral;

III - prioridade absoluta;

IV - dignidade da pessoa humana e direito à vida;

V - condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;

VI - prevalência do melhor interesse;

VII - descentralização político-administrativa;

VIII - participação e controle social;

IX - intersetorialidade e trabalho em rede;


X – participação de crianças e adolescentes.

Parágrafo único. Os princípios relacionados neste artigo têm por fundamento as


disposições previstas na Convenção sobre os Direitos da Criança, na Constituição
Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nos acordos internacionais ratificados
pelo governo brasileiro.

Art. 5° São diretrizes para as ações de Enfrentamento da Violência Letal contra crianças
e adolescentes:

I – elaborar e fomentar ações de prevenção com foco na desconstrução da cultura de


violência, por meio da sensibilização da sociedade sobre a banalização da violência letal
e valorização da vida;

II – garantir acesso às políticas fundamentais e aos serviços públicos, com ações de


inclusão e promoção de oportunidades sociais e econômicas;

III – estimular a participação e o protagonismo comunitário, promovendo a transformação


de territórios;

IV – promover o aperfeiçoamento institucional por meio da desconstrução de práticas


discriminatórias, principalmente nos sistemas que atendem adolescentes;

V – garantir pleno acesso à justiça e segurança cidadã;

VI – desenvolver planos, programas e ações destinados ao enfrentamento da violência


letal contra crianças e adolescentes;

VII – articular com órgãos públicos, organizações da sociedade civil e organismos


internacionais com vistas a implantação de parcerias para a execução das políticas de
enfrentamento da violência letal contra crianças e adolescentes;

VIII - garantir a integração das políticas, ações, programas e planos de enfrentamento da


violência letal contra crianças e adolescentes nos territórios;

IX – promover estudos, pesquisas, diagnósticos e indicadores sobre a violência letal


contra crianças e adolescentes, considerando os recortes de gênero, raça e classe;

X – promover formação e capacitação de profissionais no âmbito das políticas públicas


voltadas as crianças e aos adolescentes, principalmente de profissionais e operadores do
Sistema de Justiça, Segurança e Socioeducativo.

XI – enfrentar o racismo institucional, por meio de capacitações com os profissionais,


atualização dos currículos de formação e o aperfeiçoamento de ouvidorias para acolher
as denúncias de tortura, maus-tratos, abordagens violentas e/ou abuso de autoridade.

XII – reconhecer o machismo como um fator de vulnerabilização de crianças,


adolescentes e jovens do sexo masculino e impulsionar políticas públicas para enfrentar
a cultura violenta de gênero em seus diversos serviços e sistemas.
XIII –desenvolver Políticas Públicas, especialmente de prevenção ao aliciamento pelo
tráfico de drogas e de proteção a crianças, adolescentes e jovens ameaçados.

XIV –. conscientizar a sociedade quanto aos riscos do uso de armas em áreas de


circulação de crianças e adolescentes.

XV – reconhecer a importância do direito a participação de crianças e adolescentes na


construção e implementação das ações de enfrentamento à violência letal.

Art. 6° São eixos estratégicos para o enfrentamento da violência letal contra crianças e
adolescentes:

I – Prevenção à violência letal contra crianças e adolescentes;

II – proteção social e redução de homicídios de crianças e adolescentes;

II – fortalecimento das instituições públicas que atendam crianças e adolescentes, visando


pleno acesso à justiça e direitos fundamentais;

III – transformação de territórios violentos, promovendo a articulação das políticas


públicas e o controle social destas políticas.

Art. 7° Recomendar a instituição de comissões no âmbito dos conselhos estaduais,


distrital e municipal para a elaboração, monitoramento e avaliação de planos de
enfrentamento da violência letal contra crianças e adolescentes, de forma intersetorial,
interfederativa e interinstitucional.

Art. 8° Recomendar que os planos elaborados por estados e municípios sejam aprovados
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, garantindo a ampla divulgação
e participação da sociedade civil por meio de fóruns e movimentos sociais.

Art. 9° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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