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Baga de sabugueiro
Porque é importante avaliar no
campo o seu estado de maturação?
GRUPOS OPERACIONAIS
6 Baga de sabugueiro – Porque é importante
avaliar no campo o seu estado de maturação?
PRODUÇÃO
Zonagem agrícola 9 A importância do conhecimento do estado
de diferenciação floral na cultura da framboesa
ENTREVISTA
15 Rebecca Darnell: «Em Portugal
Esta semana tive a grata oportunidade de estar nas jornadas
existem muitos produtores dedicados»
organizadas por um grupo de produtores de mirtilo na região
norte do país. Durante a breve estadia, tive a oportunidade de MERCADOS
observar, direi melhor, admirar, a sã convivência de um grupo 18 Aumentar, ou não, a produção de mirtilo
heterogéneo de pessoas, ligadas por um interesse comum, a
produção de mirtilos. TESES
Nesta época, em que todas as forças de mercado conduzem 20 Avaliação do potencial de plantas ’tray’
de morangueiro. Arquitetura floral e produtividade
ao aumento de área por exploração agrícola, impondo uma
20 Morphological and genetic characterization
agricultura “industrial”, massiva, surgem núcleos de produtores of four populations of Corema album (L.) D. Don
que tentam, nos seus territórios, tirar partido das suas terras,
dos seus habitantes e, porque não, das suas (novas) culturas.
A tarefa parece impossível, mas sou testemunha da compe- Diretor Praça da Corujeira, 38
Pedro Nogueira Brás de Oliveira 4300-144 Porto, Portugal
tência técnica, da organização e do empenho de todos os que Tel. +351 225 899 620 . Fax +351 225 899 629
fazem parte deste grupo para o sucesso das suas explorações Diretor Executivo a.malheiro@publindustria.pt
António Malheiro www.publindustria.pt
agrícolas e para a excelência do seu produto. a.malheiro@publindustria.pt
Será este um caso isolado? Não. Um outro exemplo Redação
Conselho de Administração
António da Silva Malheiro
também nos é apresentado neste número da Pequenos Frutos, Sofia Cardoso . redacao@agropress.pt Ana Raquel da Silva Malheiro
Tel. +351 220 964 363 Maria da Graça Carneiro de Carvalho Malheiro
a produção de baga de Sabugueiro no Vale do Varosa. Leia-se
a crónica da Professora Alice Jones, que ficou encantada Marketing Detentores de capital social
Daniela Faria . marketing@agropress.pt António da Silva Malheiro (31%)
com a descoberta da forma de cultivar e tratar da baga do Tel. +351 225 899 620 Ana Raquel da Silva Malheiro (38%)
Maria da Graça Carneiro de Carvalho Malheiro (31%)
Sabugueiro, da paixão dos produtores da região pela sua terra Imagem de Capa
e pelos produtos que ela dá. Já existe ligação das Universida- TF3000 | Pixabay Sede da Redação
Publindústria, Lda.
des às forças de organização locais. O conhecimento é hoje Paginação Praça da Corujeira, 38, 4300-144 Porto, Portugal
transmitido e partilhado tendo em vista o aumento da Raquel Boavista . design@delineatura.pt Tel. +351 225 899 620 . Fax +351 225 899 629
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riqueza das regiões. Bom trabalho! Tel. +351 225 899 622 . www.delineatura.pt Representante em Espanha:
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Estes dois exemplos, que porventura pequenos, como os Assinaturas Amadeu Vives, 20
pequenos frutos, levam-nos a um tema maior que devia ser Tel. +351 220 104 872 08750 Molins de Rei – Barcelona
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mais acarinhado em Portugal, a zonagem do território. O nosso
país é muito diverso em clima e possui uma ampla diversidade Colaboraram neste número
Alice Jones, Ana Sofia Nunes,
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agrícola. Promovam-se as culturas nos locais certos, dando Armando J. D. Silvestre, Bernardo Madeira, Rua do Galhano, 15 | 4480-089 Vila do Conde
Bruno Cardoso, Cândida Sofia Trindade,
primazia aos territórios e suas gentes, com incorporação do Carina Costa, Fábio Castro, Filomena Gomes, INPI
conhecimento das Universidades validando mas, sobretudo, Goreti Botelho, João Miguel Antunes Jacinto, Registo n.o 502988
Justina Franco, Mafalda Simões, ISSN: 2183-1998
inovando na produção agrícola para que todos consigam Pedro Brás de Oliveira, Samuel Patinha,
Sílvia M. Rocha, Sofia Canteiro Patrício, Depósito Legal: 337265/11
receber o justo retorno do seu esforço e empenho. Teresa Valdiviesso
Os artigos assinados são da exclusiva
Proprietário e editor responsabilidade dos seus autores.
PEDRO NOGUEIRA BRÁS DE OLIVEIRA Publindústria, Lda.
Este suplemento faz parte integrante da Agrotec n.º 34,
DIRETOR DA REVISTA PEQUENOS FRUTOS | Investigador auxiliar no INIAV Empresa Jornalística do 1.º trimestre de 2020 e não pode ser vendido separadamente.
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notícias
O programa do VI
CNPPF já se encontra
praticamente terminado.
«(...) o programa conta
com comunicações orais
em todas as principais
apresentada pela Professora
Alice Jones da Universidade
de Nottingham. É de destacar
para serem utilizados para
a produção de segundo
ano (long-canes).
Irá ser uma jornada de culturas, framboesa, que o colóquio possui diferen-
trabalho muito intensa mas mirtilo, morango, amora, tes parcerias, contando com a «É de destacar que
terá diversos momentos de medronho, sabugueiro, presença de investigadores de o colóquio possui
interação interessantes para camarinha e ainda três centros de investigação diferentes parcerias,
todos, produtores, empresá- diversas intervenções financiados pelo Ministério da contando com a presença
rios, técnicos investigadores sobre temas transversais Ciência, Tecnologia e Ensino de investigadores
e professores. A comissão ao conjunto dos Superior e cinco Associações de três centros de
científica tentou diversificar pequenos frutos» ligadas ao sector. O investigação financiados
o programa tornando-o Colóquio encontra-se aberto pelo Ministério da
aglutinador de todos quantos São múltiplas as comuni- a mais parcerias que possam Ciência, Tecnologia e
trabalham e investem nos cações orais por convite enriquecer e dinamizar a Ensino Superior e cinco
diferentes pequenos frutos. devendo ser destacadas a participação de todos quantos Associações ligadas
Assim, o programa conta apresentação da investiga- trabalham neste sector. ao sector»
com comunicações orais dora Anita Sonsteby intitulada O Colóquio terá também
em todas as principais “Raspberry plant physiology um momento de sã discussão Por último um grande
culturas, framboesa, mirtilo, and impact on crop produc- sobre a sustentabilidade obrigado a todos os nossos
morango, amora, medronho, tion”. Esta investigadora é da produção de pequenos patrocinadores, que são já
sabugueiro, camarinha e uma especialista na inves- frutos. A mesa redonda conta mais de vinte, parceiros e
ainda diversas intervenções tigação sobre diferenciação com um painel alargado de media partners, com um apelo
sobre temas transversais floral em framboesa, com professores universitários a todos para que não deixem
ao conjunto dos pequenos diferentes estudos sobre os e agentes conhecedores do de participar ativamente neste
frutos. As comunicações em fatores mais importantes na setor que permitirão discutir evento, relembrando que os
painel também terão grande produtividade da framboesa e lançar ideias de como deve organizadores se encontram
destaque durante o evento, no sistema long-cane. Serão o setor reagir aos maiores abertos a sugestões que
estando reservado um amplo apresentadas duas comunica- desafios que se colocam, podem ser enviadas para
espaço de discussão no ções orais, uma por convite do nomeadamente, ambientais, o correio electrónico do
recinto de exposição, onde “Centre for ecology, evolution sociais e económicos. secretariado do colóquio
estarão diversas empresas and environmental changes” Será realizada uma (VICNPPF@gmail.com).
e centros de investigação, da Faculdade de Ciências visita técnica a empresas Contamos com todos para
gerando um ambiente da Universidade de Lisboa da região produtoras de aumentar a importância dos
propício à troca sobre a fisiologia da planta de pequenos frutos e ao campo pequenos frutos no contexto
de conhecimentos. camarinha, comunicação que de demonstração do projeto da agricultura nacional.
N o dia 21 de janeiro de
2020 foi assinado um
protocolo de colaboração
e projetos a realizar na
Herdade Experimental da
Fataca (HEF), em Odemira.
partes criando as condições
para que a Herdade se torne
um polo de excelência na
Fataca (HEF), em
Odemira»
2 peouenosfrutos
notícias
D urante o VI Colóquio
Nacional da Produção de
Pequenos Frutos, que acon-
Lisboa, Maria Graça Palha é
investigadora no INIAV desde
1998. Esta tem desenvolvido
mercado o ano inteiro.
Esta obra é o culminar de duas
décadas de estudos de I&DT
agrega a oferta de conteúdos
nos domínios das ciências
agrárias, indústria agroali-
tece entre 22 e 23 de maio, em grande parte da sua atividade dedicados a este pequeno mentar, bem-estar animal e
Odemira, será apresentado o profissional nas áreas de fruto, onde estão reunidas desenvolvimento rural.
livro “A cultura do morango. horticultura herbácea e de uma série de informações,
No solo e em substrato”, de pequenos frutos com ênfase teóricas e práticas, que se «Esta obra é o culminar
Maria Graça Palha. na ecofisiologia e tecnologias debruçam sobre a biologia da de duas décadas de
de produção do morangueiro, planta, sobre a cultura e seus estudos de I&DT
«A cultura do liderando e participando em aspetos culturais e as diversas dedicados a este pequeno
morangueiro constitui projetos de investigação tecnologias de produção fruto, onde estão reunidas
uma importante cadeia nacionais e internacionais. utilizadas. uma série de informações,
produtiva do ponto A cultura do morangueiro Aborda a cultura do teóricas e práticas (...)»
de vista tecnológico, constitui uma importante morango, no solo e em
económico e social» cadeia produtiva do ponto de substrato, contemplando
vista tecnológico, económico vários capítulos: enquadra-
Licenciada em Agronomia e social. Nas últimas décadas, mento taxonómico, origem
e doutorada em Engenharia o setor sofreu uma enorme e história, morfologia da
Agronómica pelo Instituto expansão e evolução resul- planta e ciclo fisiológico,
Superior de Agronomia (ISA) tante da diversificação varietal, a cultura e seus aspetos
da Universidade Técnica de do desenvolvimento de várias culturais, tecnologias de
A Inovterra, Associação
para o desenvolvimento
local com sede em Vila
de interesse na cultura do
sabugueiro no concelho
de Tarouca e ao campo de
O evento realiza-se no
próximo dia 16 de abril,
no Centro de Conferências
de uma conversa sobre os
pontos fracos de cada setor, as
suas vantagens e oportunida-
Pouca- Salzedas, localizada sabugueiros da Inovterra. Monticello, em San Francisco des, e as estratégias projetadas
no concelho de Tarouca, As inscrições estão abertas de Mostazal. ou projetar para recuperar
está a organizar mais um até ao dia 14 de maio e são O programa do XVIII ou manter a competitividade,
workshop sobre a cultura do de carácter obrigatório. Mais Seminário Internacional de com o objetivo de se inserir
sabugueiro no próximo dia 16 informações disponíveis Mirtilos deste ano contempla melhor ou num nível superior
de maio. Este versará sobre através do inovterra@gmail. um bloco de negociações no mercado de exportação de
a flor de sabugueiro. com ou 254 677 510. comerciais que irão provi- frutas, que se encontra cada
Esta é uma nova ação denciar atualizações sobre vez mais exigente.
de formação realizada pela «A formação conta (...) a situação atual e os seus
entidade sobre esta cultura, com intervenções práticas detalhes, tanto regionalmente, «(...) tornar visíveis
que é cada vez mais procurada e visitas a diversos pontos como internacionalmente. as oportunidades e
em Portugal. A formação (...) para quem quer O objetivo da organização perspetivas futuras
conta ainda com intervenções conhecer melhor a cultura passa por analisar os desafios abertas para a produção
práticas e visitas a diversos do sabugueiro e a que surgem e tornar visíveis as de mirtilos do Chile,
pontos essenciais. sua produção» oportunidades e perspetivas Peru e México»
No início da formação, será futuras abertas para a produção
realizada uma introdução A Inovterra tem vindo a de mirtilos do Chile, Peru e Durante o evento, os
à cultura do sabugueiro, no desenvolver o potencial México. O primeiro painel, que participantes vão poder
âmbito de introduzir as noções da região que outrora fora irá discutir a temática, irá contar assimilar conhecimentos de
mais essenciais sobre a res- pouco considerado. A ação da com a presença dos diretos das duas palestras distintas no
petiva e abordar os números associação está voltada para a diversas organizações de mirtilo âmbito da cultura do mirtilo
do comércio. Ainda durante a agricultura, para a cultura, para chilenas, peruanas e mexicanas. sobre porta-enxertos, nutrição,
manhã, os participantes vão a história, para o biológico e Durante a palestra inicial, utilização de bioestimulantes,
ter a oportunidade de realizar sustentável, para novas formas cada um irá partilhar as suas logística de colheita e
a apanha da flor no campo. de pensar e agir o desenvol- experiências locais com armazenamento, potencial
Da parte da tarde, será vimento económico e social, participantes de diferentes do mirtilo na pós-colheita,
realizada uma visita a pontos elevando sempre a região. países e regiões, participando manuseamento, entre outros.
peouenosfrutos 3
notícias
4 peouenosfrutos
notícias
continua o trabalho para É simplesmente um bónus sabugueiro produzidos em Isso, por si só, pode ser uma
desenvolver variedades de que algo com tantas proprie- Portugal, Como resultado da barreira para o desenvolvi-
alto rendimento e que sejam dades potenciais de promoção minha tour de bolsas de estu- mento de novas culturas,
bem adaptadas à região. da saúde seja tão saboroso. dos, e especialmente inspirada como o sabugueiro.
Os agricultores estão a Na Europa, todos nós temos por esta visita, voltarei para O novo desenvolvimento da
trabalhar em conjunto com bebido xaropes, vinhos e chás casa para espalhar a notícia indústria de sabugueiro, e a
agrónomos e universidades de flor de sabugueiro desde de que precisamos de mais comercialização de produtos
locais para desenvolver as o início dos nossos registros sabugueiro nas nossas vidas. como a baga de sabugueiro
práticas agrícolas da agricul- enquanto sociedade, prova- Enquanto eu estava em como ingrediente destacado
tura mais antiga, aproveitando velmente tendo começado a Portugal para aprender que está a ocorrer no Vale
a melhor experiência do consumi-los devido às suas sobre o cultivo da árvore Varosa, certamente não está a
passado e conjugando-a com propriedades medicinais. de sabugueiro, imaginem a acontecer por acaso. Isso está
abordagens modernas para minha alegria (sendo que acontecer porque se juntaram
monitorizar e gerir a colheita. «Embora os meu trabalho diário é como processadores, agricultores
Embora os portugueses portugueses pareçam uma cientista de alimentos, antigos e mais jovens e
pareçam sentir vergonha sentir vergonha de especializado em ciência instituições académicas para
de ter usado a baga de ter usado a baga de sensorial e a trabalhar em trabalhar duro e com paixão.
sabugueiro no passado para sabugueiro no passado pesquisa aplicada e transfe- Por último, mas não menos
adicionar cor e sabor ao vinho, para adicionar cor rência de conhecimento com importante, eles têm um
os britânicos eram os seus e sabor ao vinho, os empresas locais) quando campeão na forma do Bruno.
mercados-alvo, exportando britânicos eram os Bruno anuncia que me está
para a Grã-Bretanha os bons seus mercados-alvo, a levar para ver o trabalho «O novo
vinhos do Porto, dos quais exportando para a do laboratório de química desenvolvimento
nunca se consegue fartar. Grã-Bretanha os analítica em sabugueiros da da indústria de
“É uma pena que o sabugueiro bons vinhos do Porto, Universidade de Aveiro. Para a sabugueiro, e a
tenha o nome sujo e seja visto dos quais nunca se minha satisfação, fui apresen- comercialização de
como uma forma de adulterar consegue fartar» tada a ninguém menos que a produtos como a baga
o vinho e seja oculto do rótulo professora Silvia Rocha, uma de sabugueiro como
quando, na verdade, as bagas O xarope de flor de sabugueiro das autoras dos principais ingrediente destacado
de sabugueiro e a flor de tem traços frescos, florais e artigos científicos sobre os que está a ocorrer
sabugueiro são, na verdade, cítricos, juntando-se ainda constituintes químicos dos no Vale Varosa,
ingredientes deliciosos”, alguns travos subtis de ervas, sabugueiros que eu estava certamente não está a
pensei, enquanto provava licor especiarias e amadeiradas. a ler há alguns meses! acontecer por acaso»
de sabugueiro caseiro e geleia O seu sabor lembra o povo Fiquei impressionada com
de sabugueiro num pequeno britânico dos dias felizes a quantidade de trabalho já AGRADECIMENTOS
bar, localizado no epicentro do de verão! A baga não é tão realizado no laboratório para Gostaria de agradecer a Bruno
Cardoso, da Inovterra, por me
Vale Varosa, com o Bruno. amplamente consumida no caracterizar os constituintes receber e me ensinar muito em tão
Ah, e eu mencionei que as Reino Unido. Pessoalmente, químicos de sabugueiro e flor pouco tempo, e à professora Silvia
Rocha, da Universidade de Aveiro,
bagas e as flores são uma não consigo pensar porque de sabugueiro, especialmente pelo seu tempo e excelentes
fonte rica de antocianinas, até à altura não tinha provado em termos de refinação da conhecimentos científicos. Por fim,
gostaria de agradecer à Nuffield
flavonóides e ácidos fenólicos? alguns dos produtos de sensibilidade das técnicas de
Farming Scholarship Trust e à
Cromatografia Gasosa para minha patrocinadora Thatchers
a detecção, identificação, Cider, sem as quais esta viagem
não teria sido possível.
separação e quantificação
de voláteis (os compostos
que o nariz humano detecta Alice Jones é cientista de
como aromas). Esse trabalho alimentos na Universidade de
Nottingham, sendo especiali-
é vital para entender melhor zada em ciências sensoriais e
os sabores complexos da flor tendo passado 12 anos em cargos
de sabugueiro e da baga de técnicos na indústria das bebidas.
O seu projeto Nuffield Farming
sabugueiro, a fim de dispor de Scholarship levou-se a dez
ferramentas para melhorar as países diferentes no ano passado,
condições de manuseamento incluindo EUA, Canadá e muitos
cantos da Europa, para estudar
pós-colheita das flores e o desenvolvimento das bagas de
frutos e desenvolver produtos sabugueiro como uma cultura
com melhor sabor. Aplaudo os comercialmente viável.
peouenosfrutos 5
grupos operacionais
GO – SambucusValor
Baga de sabugueiro
– Porque é importante avaliar no
campo o seu estado de maturação?
CARINA COSTA 1, SAMUEL PATINHA 1, BRUNO CARDOSO 2, ARMANDO J. D. SILVESTRE 3, SÍLVIA M. ROCHA 1
1
Departamento de Química, Universidade de Aveiro (LAQV-REQUIMTE – UA)
2
Inovterra, Associação para o Desenvolvimento Local
3
Departamento de Química, Universidade de Aveiro (CICECO – UA)
RESUMO
6 peouenosfrutos
grupos operacionais
GO – SambucusValor
de diversas variáveis,
nomeadamente as condições
climatéricas, a localização
1) 2)
geográfica dos campos,
as condições de gestão da
cultura, entre outros fatores.
A qualidade da baga, e Figura 2. Determinação do teor de sólidos solúveis totais, expresso em °Brix: 1º passo – esmagamento da baga para a obtenção do
consequentemente o seu sumo; 2º passo: leitura do °Brix num refratómetro digital. No exemplo usado nesta figura, as bagas apresentaram um valor de 14,8 °Brix.
peouenosfrutos 7
grupos operacionais
GO – SambucusValor
8 peouenosfrutos
produção
A importância do conhecimento
do estado de diferenciação
floral na cultura da framboesa
CÂNDIDA SOFIA TRINDADE, TERESA VALDIVIESSO, PEDRO BRÁS DE OLIVEIRA
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária,
Unidade de Estratégia de Investigação e Serviços de Sistemas Agrários, Florestais e Sanidade Vegetal (INIAV – UEIS – SAFSVegetal)
peouenosfrutos 9
produção
10 peouenosfrutos
produção
ovários encontram-se os o mais eficiente polinizador formado pela junção de um Carew, J., Gillespie, T., White, J.,
Wainwright, H., Brennan, R.,
óvulos em formação (antes (Oliveira et al., 2007). Brito, et grande número de ovários Battey, N., (2000). The controlo
da recetividade do estigma) al. (2019) determinaram que todos da mesma flor e aderen- f the anual growth cycle in
raspberry. J. Hortic. Sci. &
(Figura 4a), local onde irão numa cultura de framboesa tes a um recetáculo comum Biotechnol., 75: 495-503.
Edin, M., Gaillard, P. & Massardier, P.,
ser fecundados (Figura 4b), em estufa no Algarve são (Oliveira et al., 2007). Como (1999). Le framboisier. Les stades
enquanto nas anteras se libertados em média, num cada drupéola é por si só um phénologiques du framboisier.
Edição CTIFL, 207p.
formam as células mãe do período de 42 dias, entre 350 fruto perfeito, a framboesa Esteves, A., Valdiviesso, T., & Oliveira, P.,
(2011). Estudo da diferenciação floral
grão de pólen (Figura 4c) e 560L de néctar por hectare. forma um fruto múltiplo de em framboesa vermelha (Rubus
que dão origem aos grãos de Esta produção elevada de drupas (Figura 5). Estes são idaeus L.), Actas Portuguesas de
Horticultura 18, 320–324.
pólen (Figura 4d). néctar pode originar problemas os processos fisiológicos Funt, R. C., & Hall, H. K. (2013).
Raspberries. In Growth and
Durante todo o período de importantes de qualidade da floração que ocorrem ao development (pp. 21–32). CABI.
floração, as flores segregam do fruto quando se reúnem longo do período produtivo, Heide O.M., Sonsteby A., (2011).
Physiology of flowering and
grandes quantidades de condições de elevada humi- sendo fácil compreender dormancy regulation in annual-
and biennial-fruiting red raspberry
néctar, produzido pelas dade e baixa transpiração das que o sucesso comercial (Rubus idaeus L.) − a review. J.
nectáreas que se localizam plantas em cultura protegida. da cultura está claramente Hortic. Sci. & Biotechnol., 86:
433-442.
no recetáculo entre o anel de Após a fecundação, o ovário associado com a interação de Neri, d., Massetani, F., Zucchi, P.,
Giacomelli, M., & Savini, G. (2012).
estames e os ovários. Este desenvolve-se formando uma fatores que ocorrem durante Flower differentiation and plant
néctar rico e abundante em drupéola, ou seja uma mini o ciclo biológico. Sobre elas architecture of raspberry, blackberry
and white- and redcurrant. Acta
açúcares, juntamente com o drupa que se desenvolve a escreveremos mais tarde. horticulturae, 926, 243–250.
Oliveira, PB, Valdiviesso, T., Esteves, A.,
pólen, é altamente atrativo partir de um ovário. O ovário Mota, M., & Fonseca, L. (2007). A
para os insetos polinizadores. desenvolve-se e transforma- BIBLIOGRAFIA planta de framboesa Morfologia e
Brito, T.A., Lhérété, J.P, Pereira, J. fisiologia. (Divulgação Agro 556,
Apesar de várias espécies de -se na parte carnuda do fruto, & Duarte, A., (2019). A cultura
Ed.) (1st ed.).
Williams, I.H., (1959). Effects of
insetos visitarem as flores de enquanto o óvulo fecundado da framboesa. Presença environment on Rubus idaeus L. IV.
de nectar nas flores e sua
framboesa, a abelha doméstica origina a semente. O fruto é extração pelas abelhas. Voz do
Flower initiation and development
of the inflorescence. Journal of
é considerada o principal e um agregado de drupéolas Campo 222: III-IV. Horticultural Sciences, 34, 219-228.
produção
RESUMO
12 peouenosfrutos
produção
dos fatores do meio ambiente, do conhecimento sobre esta Tabela 1. Estados fenológicos principais (adaptado de Forestry, 2018).
existem por exemplo a luz, pois espécie que tem vindo a Estados fenológicos principais
0 – Desenvolvimento do gomo 5 – Emergência de inflorescência
a sua intensidade e duração apresentar um relevo crescente
1 – Desenvolvimento foliar 6 – Floração
tem grande influência no enquanto fruteira. 2 – Formação de rebentos laterais 7 – Desenvolvimento do fruto
crescimento e forma da planta. 3 – Desenvolvimento da parte aérea 8 – Maturação
4 – Desenvolvimento das partes vegetais 9 – Senescência
Assim, as condições de baixa MATERIAL E MÉTODOS
intensidade luminosa provocam O banco clonal da ESAC possui Tabela 2. Estados fenológicos para o medronheiro segundo Fleckinger (1945) e Bag-
giolini (1952) para outras fruteiras.
o alongamento dos entrenós, indivíduos provenientes de
Estados fenológicos
ramos mais finos, folhas mais vários pontos do país que foram A – Gomo misto visível G – 1º Fruto vingado
estreitas e finas e também plantados em Maio de 2015. B – Cacho visível H – Todos os frutos vingados
um baixo desenvolvimento do A disposição do banco clonal C – 1ª Corola visível I – Frutos em crescimento
D – 50% das Corolas visíveis J – 1º Fruto em mudança de cor
sistema radicular. A competiti- é constituída por 4 blocos E – 1ª Flor aberta K – Todos os frutos mudaram de cor
vidade por este fator, também completos e casualizados, para F – 50% das Flores abertas, em plena floração L – Maturação /colheita
peouenosfrutos 13
produção
14 peouenosfrutos
teses
Avaliação do
potencial de plantas Título da tese Avaliação do potencial de plantas
’tray’ de morangueiro. Arquitetura floral e produtividade;
Ano 2019;
RESUMO
Nos últimos anos a produção de morango tem diminuído incremento acentuado no número de meristemas florais e com a
em Portugal devido à desatualização do setor. Face aos ‘Darselect’ a apresentar maior número de estruturas reproduti-
atuais problemas, há uma grande necessidade de inovar, vas, traduzindo-se numa maior produtividade (2,54 kg/m2).
recorrendo a tecnologias de produção como as plantas ‘tray’. As restantes cultivares apresentaram uma produtividade
O ensaio teve como objetivo avaliar a dinâmica da floração semelhante (valor médio 1,47 kg/m2). A dinâmica da floração
destas plantas nas cultivares ‘Darselect’, ‘Deluxe’, ‘Donna’ e foi semelhante entre as cultivares.
‘Dream’ no primeiro ciclo de produção (outono-inverno) e a No segundo ciclo, as luzes LED tiveram influência princi
viabilidade de se obter uma segunda produção na primavera palmente no comprimento médio do pecíolo e do pedúnculo.
com recurso à tecnologia de luz LED. A Deluxe apresentou maior vigor vegetativo, sendo na maioria
De setembro a outubro deu-se a evolução dos primórdios das datas de amostragem diferente das outras cultivares
florais diferenciados no viveiro, não se verificando diferenciação (P < 0,001). A luz LED influenciou a produção precoce das culti-
floral e encontrando-se os meristemas em estado vegetativo. vares Donna, Dream e Darselect, não tendo efeito na produção
A ‘Donna’ apresentou maior número de meristemas reprodutivos total das cultivares (6,0 kg/m2 LED vs 5,9 kg/m2 controlo).
diferenciados no viveiro, com mais 8 meristemas.planta-1 que as No entanto, melhorou a qualidade comercial da produção e a
outras cultivares. Contudo, estes meristemas não se traduziram qualidade dos frutos que apresentaram valores de TSS > 9 °Brix.
num maior potencial produtivo. Na segunda metade do ciclo Ao nível das cultivares, a Donna foi das mais produtivas com uma
verificou-se a diferenciação floral de novos gomos, com um média de 8,8 kg/m2 mas com frutos com menor TSS (< 8 °Brix).
characterization of
Grau Mestre em Engenharia Agronómica;
Instituição Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa;
Local de execução Instituto Nacional de
Corema album (L.) D. Don e Professor Doutor Pedro Miguel Ramos Arsénio;
RESUMO
Corema album (L.) D. Don 1830, é um arbusto dióico da famí- No primeiro trabalho foram encontradas diferenças a nível da
lia Ericaceae, que se desenvolve costa Atlântica de Portugal e fenologia das plantas estudadas na Aldeia do Meco. Foi também
Espanha, em ecossistemas dunares e de cobertos costeiros de encontrada diversidade morfológica dentro e entre populações.
pinheiro. Existe um potencial por parte desta espécie para O segundo trabalho demostrou uma falta de agregação
integrar o mercado dos pequenos frutos. populacional, por parte das características morfológicas, mas o
Na primeira parte deste trabalho, oitenta plantas provenientes mesmo não ocorreu com os dados moleculares. No entanto,
de Monte Clérigo, Comporta, Aldeia do Meco e Dunas de Quiaios uma baixa correlação foi encontrada entre eles.
foram amostradas. A fenologia reprodutiva de seis plantas da A ACC realizada entre dados morfológicos e bioclimáticos
Aldeia do Meco foi seguida desde do mês de Março até Agosto. demostrou que aproximadamente 50% da variação mor-
Finalmente, vinte e nove características morfológicas foram fológica é explicada pelas variáveis bioclimáticas, no entanto
avaliadas, entre as quatro populações. a sua correlação não foi significativa. A mesma análise entre
Na segunda parte do trabalho, seis ISSR foram utilizados dados moleculares e bioclimáticos, obteve uma correlação
para caracterizar a diversidade genética entre populações. positiva, de baixo valor, revelando que o ambiente também tem
Quinze caracteres morfológicos foram escolhidos e a sua diver- influência na genética das espécies.
sidade foi avaliada, através de análises aglomerativas. Cinco Ambos os trabalhos foram importantes para aumentar o con-
variáveis bioclimáticas foram utilizadas para procurar cor- hecimento sobre C. album, tendo em vista o possível programa
relações com os dados morfológicos e moleculares. de pré-melhoramento.
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“source” para “sink”, não existindo outro saudáveis, o que é muito difícil para os produtores devido às doenças, o que faz com que
percurso. Relativamente às “sinks”, estas os mesmos procedam à utilização mais elevada de fungicidas. Ambientalmente, isto não
encontram-se sempre em competição é sustentável e temos que encontrar soluções. Neste momento, penso que estamos a
umas com os outras. Como consequência, encontrar o caminho certo.
a “sink” mais forte recebe mais hidratos de É importante realçar que este é um trabalho que estou a realizar há 33 anos.
carbono. O número de “sinks” é importante Também trabalhei com o azoto e o ferro, mas não tive a oportunidade apresentar os
e o quão ativos estes são. Flores em botão meus trabalhos nesse âmbito. Temos analisado muitos Vaccinium L. (género botânico
e frutos em crescimento são exemplos pertencente à família Ericaceae), que são adaptáveis a solos com pH relativamente
de “sinks” que são mais fortes. No caso alto, que contêm nitrogénio na forma de nitrato, e funciona bem sem alterações do
de termos uma quantidade limitada de solo, sendo completamente diferentes dos híbridos do sul que crescem na Flórida e
“sources”, o que acontece tipicamente que exigem correções de solo e a utilização de azoto sob a forma de amónio. São muito
é que as flores e os frutos recebem os diferentes e, por isso, estudamos espécies silvestres para tentar descobrir quais as
hidratos de carbono primeiro, depois o diferenças. O que descobrimos é que essas espécies têm uma atividade muito alta da
crescimento vegetativo e, por último, o enzima responsável pela assimilação do nitrato e as espécies cultivadas de mirtilo não.
armazenamento. Infelizmente, isso é o Esta é uma diferença relevante, então acreditamos que é por isso que estas espécies
que acontece se a produção de hidratos de selvagens se adaptam tão bem a solos com o pH elevado, porque o nitrato é predomi-
carbono for insuficiente, fazendo com que nante nestes solos. Atualmente temos testado essa espécie selvagem e utilizando-a
as reservas não tenham energia suficiente como porta-enxerto. Ela é enxertada com arbustos de mirtilos do sul e temos tentado
para os crescimentos de primavera. Esta que as plantas cresçam nesses solos, para percebermos como é que se desenvolvem,
é tipicamente a situação de competição sendo os resultados de crescimento bem positivos. Neste momento estamos a tentar
entre as “sources” e as “sinks”. expandir a vida útil da planta, utilizando os porta-enxertos, que são também mais
tolerante à seca e de gestão menos complicada. Estamos muito animados com a ideia.
«Eu acredito que é importante Todas as árvores frutíferas são enxertadas porque não as dos mirtilos?
ter em mente que o rendimento
da planta do mirtilo parece ser PF: A produção mundial de mirtilos aumentou nos anos mais recentes, muita con-
limitado em termos de “sources” sequência do consumo crescente. O que pensa sobre a alteração do paradigma?
e há muitos trabalhos, não só o RD: Eu sou completamente a favor. Eu penso que, quanto mais conseguirmos fazer
meu, que comprovam a ideia» com que as pessoas consumam frutas e vegetais, melhor. Estes são extremamente
superiores às outras alternativas, como a carne e o açúcar. Se o consumidor conseguir
Regressando à questão da fotossíntese, recorrer a produtos frescos, sem ingredientes artificiais, isso é muito mais saudável.
normalmente observávamos aquilo a
que chamamos de curva de resposta PF: Atualmente os pequenos frutos, como o mirtilo, são muito apreciados
à luz fotossintética. Geralmente, o que pelo público em geral, principalmente devido aos benefícios para a saúde.
vemos para as principais plantas é que, O que pensa desta associação?
se aumentarmos a intensidade da luz, RD: Eu acho que, para ter os benefícios de saúde que são muito difundidos, a pessoa
aumentamos a taxa de fotossíntese. tem que consumir uma grande quantidade de mirtilos. Os mirtilos são bons para
Normalmente, para aumentar a taxa a saúde? Sim, se a pessoa vai comer algo doce, é uma opção muito melhor que o
fotossintética das framboesas e moran- chocolate. Também providenciam antioxidantes e outros químicos que promovem
gos, o ponto de saturação é geralmente uma saúde melhor? Sim, providenciam, mas teríamos que os consumir em
de 55% a 60%. Nos mirtilos, o ponto de quantidades extraordinários para retirar os benefícios em larga escala. Acredito
saturação é 25%. A planta do mirtilo que, atualmente, muitos usam esse benefício como uma ferramenta de marketing.
satura a nível muito baixo de intensidade E realmente as pessoas que o defendem não estão erradas, eles trazem benefícios.
de luz. O segundo problema com os Agora, a questão relaciona-se com a quantidade que teriam de consumir para retirar
mirtilos é que a sua taxa fotossintética, esses benefícios. Temos de estar cientes dos dois lados da equação. Por fim, diria que
mesmo no seu melhor, é baixa. Isso é uma alimentação recheada de frutas e vegetais frescos é, de certeza, saudável.
um problema que nos leva a acreditar
que as “sources” são limitadas no mirtilo, «A planta do mirtilo satura a nível muito baixo
tal como referido anteriormente. Como de intensidade de luz. O segundo problema
isso acontece, as reservas ficam sempre com os mirtilos é que a sua taxa fotossintética,
condicionadas na primavera e não existem mesmo no seu melhor, é baixa»
as suficientes para suportar o abrolha-
mento e isso torna-se um ciclo vicioso. PF: Quais considera ser as variedades de mirtilo com maior potencial?
A planta está a sofrer e a produzir cada RD: Para mim, as melhores variedades dos EUA são as variedades crocantes e
vez menos. Há algumas atitudes a tomar com textura, como a ‘Blue crisp’ e a ‘Sweet crisp’. Esta última já não está a ser
para diminuir este efeito tal, como manter comercializada ao mesmo ritmo porque a planta não cresce adequadamente. O nosso
a plantação num local o mais aberto e melhoramento é muito voltado para este tipo de mirtilos, que rebentam na boca e
receptor de luz possível; não deixar as sabem bem. Concluindo, as variedades crocantes são as que eu prefiro e acredito
plantas dar fruto no primeiro/segundo ano que o consumidor também as prefere, porque os produtores têm vindo a requisitar
para fortalecer a planta; e manter folhas variedades que possuam esse fator para responder à procura do mercado.
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mercados
A estagnação provocada
pela diferente forma
de gerir o desenvolvimento
da cultura na Europa. Tal
como a guerra de Troia, um
dia haverá embargo russo e já
plantada. Esta oportunidade
foi percecionada pelos grandes
viveiros que atuavam na
ajustamento de mercado,
parece-nos que, para que
não haja aviltamento do
agrário português levou a ninguém se lembrará qual a Europa, e que se viraram para produto, uma vez que já
uma estagnação evidente do motivação desta atitude, que a antiga república soviética, existe a opção de mirtilo
aumento das áreas plantas tanto tem prejudicado quer o onde abriram sucursais. sub-categorizado apto para
de mirtilo. Os novos projetos povo russo quer os produtores Este reposicionamento, a o mercado nacional a bom
são grandes, mas são raros europeus. Porém, até lá, novos leste, das áreas de produção, preço, haverá já um equilíbrio
e, sobretudo, são tímidos os produtores terão tido opor- mais tarde ou mais cedo irá entre as áreas plantadas e
novos empreendimentos. tunidade ideal para surgirem ter repercussões no mercado a procura de mercado. Isto
A questão é: Portugal (e a como players de referência. europeu, uma vez que a Geórgia para se manter o mercado
Europa) estão neste momento dispõe de mão-de-obra muito com preços muito atrativos.
com áreas plantadas suficien- «A questão é: Portugal mais barata. Ademais, quando
tes para o aprovisionamento (e a Europa) estão neste caírem as barreiras aduaneiras, «(...) a “nova cortina de
do mercado? Pensamos que o momento com áreas provavelmente a Rússia já ferro”, que se traduz no
equilíbrio está estabelecido, e plantadas suficientes não será mais um mercado embargo, mantém-se e
estabelecido porque prevalece para o aprovisionamento interessante para os produtores é, claramente, o maior
o embargo russo às hortícolas do mercado?» de mirtilo, quanto muito em obstáculo à expansão da
europeias. Senão, outras janelas de produção muito cultura na Europa»
necessidades se levantariam. Assim tem acontecido com específicas, visto ter a satisfa-
Ninguém se lembra desta o mirtilo na Geórgia. A sua ção feita “quase em casa”. Porém, perguntam-nos
situação, mas a verdade é expansão está a tornar-se uma Assim, num momento em quase sempre. O que plantar
que a “nova cortina de ferro”, oportunidade estratégica para que no sul de Espanha tam- agora? O que é agora bom
que se traduz no embargo, o governo do país, que até ao bém já se equaciona a não investimento? Na verdade
mantém-se e é, claramente, final de 2020 terá ampliado plantação de mais mirtilo, ou poucas culturas nos ocorrem…
o maior obstáculo à expansão em mais 1 000 hectares a área até a retração de áreas, para que não seja o mirtilo.
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