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01/04/2020 Visibilidade Trans: “Eu sou Cora”, a revolução cotidiana de uma menina trans | EL PAÍS Semanal | EL PAÍS Brasil

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“Eu sou Cora”, a revolução cotidiana


de uma menina trans
Gabo Caruso

Retrato de Cora em sua casa de Barcelona, na Espanha. / GABO CARUSO

29 JAN 2020 - 18:13 BRST

Desde muito cedo sentiu que o sexo e o nome que lhe foram
atribuídos no nascimento não correspondiam à sua identidade.
Disse e repetiu isso diversas vezes para a sua família, até que um
dia entenderam e começaram o delicado processo de romper na
in ância com o mais primário dos esquemas sociais. Essa foi a
revolução de Cora em sua casa, em sua escola e aos olhos dos
demais.
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Na noite de 2014, em sua cama, antes de dormir, disse à mãe:


"Quando eu crescer, quero ser uma menina". Tinha três anos.
Gostava de usar vestidos e brincar com bonecas. Mas Cora ainda
não era Cora. Dois anos depois, a situação se tornou insustentável.
Quando as primeiras folhas de outono caíam, olhou para a mãe no
parque e disse: “Minhas amigas têm sorte porque querem ser
meninas e são meninas. Comigo é diferente, ninguém me vê”. Cora
ainda não era Cora, mas faltava pouco. Apenas alguns dias.

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Ana Valenzuela sempre carregará guardadas as palavras da filha:


"Ninguém me vê". Desde muito cedo ela tinha sentido intensamente
o que a menina sentia, pelos sinais que lhe enviava e por aquela
"tristeza de fundo" que emanava. A família e os amigos diziam a
Ana que isso acontecia porque ela a adorava, queria ser como ela
ou que, talvez, lhe ocorriam "aquelas ideias" porque era
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homossexual. Mas naquela tarde Ana disse para si mesma: "Chega".


Ela se agachou, ficou na altura da filha de cinco anos, abraçou-a e
disse em seu ouvido: "Você tem que falar com o papai, sim?"
Lembra-se disso e como naquele parque, abraçada a ela, se sentiu
congelada de medo. Três dias depois daquela frase que mudaria
tudo, o telefone de Ana tocou: “Ela me disse hoje. Indo até a escola."
A voz era de Ramon, seu marido.

Ramon Navarro, 45 anos, administra um centro esportivo. Ana


Valenzuela, 48, era professora de ginástica, está desempregada e
faz uma pós-graduação sobre gênero. Teve dois filhos antes de
Cora: aos 15 e aos 28 anos. Juntos, Ana e Ramon foram pedir
informações à Trànsit, o escritório do Instituto Catalão de Saúde
dedicado à transexualidade. Ao sair, ele começou a chorar. "Eu
tinha medo de não poder dar a ela o que precisava", diz Ramon.
Quando chegaram em casa, sentaram-se com a filha e o irmão do
meio, Marc. E lhe disseram: "Eles nos explicaram tudo e nos
disseram que você pode ser uma menina". A primeira coisa que fez
foi agarrar Chloe, sua cachorra, e dar-lhe um apertão: "Finalmente
somos duas garotas!" Explicaram à filha que agora precisavam de
alguns dias para informar a escola, contar à família e escolher um
novo nome. Mas isso já estava resolvido.

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Cora em seu quarto. / GABO CARUSO

—Eu sou Cora, disse ela.

E então seu irmão respondeu: "Você é minha querida irmã".

Cora já era Cora.

Para a mãe, o mais difícil foi esvaziar o guarda-roupa. “Fiz isso


sozinha. Não sabia se chorava, ria, corria. Pensava: “Esvazio este
guarda-roupa para enchê-lo com o quê? O que virá?”. O marido e
ela foram comprar roupas novas. Ao voltar para casa, Cora
experimentou "absolutamente tudo" e fez a Ramon um "desfile de

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modelos". Diante do espelho, viu eufórica a imagem que esperava


havia tanto tempo.

Fazer a transição de gênero tão cedo não era comum até hoje, mas
os especialistas que trabalham nesse campo não a consideram
inconveniente. “Se uma menina ou um menino mostram muito
claramente que a identidade de gênero que sentem é outra, por que
não se começa a transição?”, questiona Nuria Asenjo, da unidade de
identidade de gênero do hospital Ramón y Cajal, em Madri
(Espanha). Sore Vega, da Trànsit, argumenta: "Toda pessoa,
independentemente de como constrói sua identidade, faz isso
desde tenra idade, e esse processo só é questionado se for em um
sentido contrário ao gênero designado". Sua proposta é, acima de
tudo, escutar e acompanhar as meninas e os meninos para que
tomem decisões “a partir de uma situação de autonomia” e evitar
“os danos a negação da identidade de uma criança podem causar a
ela”. A pediatra Cristina Catsicaris, especialista no assunto,
argumenta que a identidade de gênero "não é determinada pelo
conjunto de informações cromossômicas, órgãos genitais,
habilidades reprodutivas ou características secundárias", mas
responde à mais humana e universal das perguntas: "Quem sou
eu?".

No primeiro dia em que foi à escola como


menina, o pai e a mãe estavam apavorados,
e ela, “feliz”

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde retirou a


transsexualidade de sua lista de doenças mentais. Segundo
especialistas, deixar de catalogá-la como uma patologia,
concebendo-a como uma maneira de ser e não como uma
anomalia, é essencial para que as pessoas trans possam dar um
bom lugar à sua identidade sem se sentirem marginalizadas ou
excluídas do sistema. Os problemas que sempre sobrecarregam
esse grupo, diz Vega, não são causados por sua identidade, mas pela
rejeição a que são submetidos pela família, pelo sistema escolar e o

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ambiente social. "Temos que educar a sociedade para que possa


acolher a diversidade."

Em 16 de novembro de 2016, Ana Valenzuela acordou a filha com


novas palavras: "Bom dia, princesa". Naquela manhã, iria à escola
pela primeira vez como Cora. Uma presilha coroava seu cabelo
curto. Calçava um par de sapatos que acendiam luzes coloridas
quando ela pisava, como se estivesse comemorando seus passos.
"Saímos à rua com um medo horrível", lembra Ramon Navarro.
Agarravam a mão da filha: "Não queríamos soltá-la". Sentiam todos
os olhares neles. E Cora, tão feliz, se aproximando da porta de
escola. Sua amiga Shannon, a quem ela já havia contado tudo alguns
dias antes, a viu chegar e gritou:

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A menina com um unicórnio, um de seus brinquedos preferidos. / GABO CARUSO

—Oi, Cora!

E os outros começaram a chamá-la de Cora. Sua mãe explica que foi


como se ouvir seu nome lhe desse asas. “Ela se soltou de nós e
entrou feliz na escola. Nossa filha tinha que voar. Imploraram à
professora: "Cuidem dela, por favor". Às nove da manhã, estavam
de volta em casa e só precisariam buscá-la à uma da tarde.
Passaram quatro horas em silêncio.

Dois anos depois, em novembro de 2018, visitei Cora pela primeira


vez. Mora em um prédio comum em Nou Barris, uma área de classe
média de Barcelona. Assim que a campainha toca, Ana e Ramon me
recebem. Ao entrar, alguém me assusta por trás:

—Bu!

Quando me viro, eu a vejo. Os olhos emoldurados em cílios muito


longos. Seus grossos cabelos escuros penteados para o lado. Usa um
vestido preto e as unhas combinando.

—Eu sou Cora!

Pouco depois, mostra seu quarto. Ali estão seus brinquedos:


unicórnios coloridos, ursinhos de pelúcia e duas bonecas que trata
com muito capricho. Então, transforma a mão em um microfone e
protagoniza um minishow. Pega um vestido branco, que quase não
serve nela. Luta com ele. No final, acaba tirando-o.

“Tem que ser feliz e não se deixar subjugar”,


diz a avó, um apoio decisivo para a menina

—Você quer ver meu novo videogame?, diz essa fã dos consoles.

Quando lhe pergunto sobre aquele dia decisivo em que se


apresentou como uma menina na escola, ela responde:

—Foi legal, porque eles me chamaram pelo meu nome verdadeiro!


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—E por que você escolheu Cora?

—Bem, porque eu gostava!

Ninguém na família realmente sabe de onde veio o nome dela. Em


seu livro Un Apartamento en Urano, o filósofo trans Paul B.
Preciado escreve: "Sonhei com meu novo nome uma noite em uma
cama no Bairro Gótico de Barcelona". Talvez Cora também tenha
sonhado, alguma noite, em seu quarto em Nou Barris.

Cora pula corda no recreio na escola. / GABO CARUSO

Naquele primeiro dia de aula como Cora, quando foram buscar a


filha, Ramon e Ana a acharam tão feliz como quando a deixaram.

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No entanto, ainda haveria uma fase de adaptação. Ana diz que nos
dias seguintes notava como apontavam para eles: "Olha, aquela é a
mãe", ela ouviu. "Foram dias eternos", lamenta. Uma tarde, conta,
foram ao parque para brincar e alguns meninos que a conheciam
riram dela "porque estava vestida como uma menina". Ana se
aproximou deles e explicou que a filha sempre tinha sido menina e
que agora tinham que tratá-la assim. As mães dos meninos, conta, a
interromperam para lhe pedir que não dissesse "essas coisas" para
seus filhos e censurá-la pelo que estava fazendo com "o seu".

Na escola tudo foi melhor. Em janeiro de 2018, acompanhei Cora às


aulas. Assim que abrem as portas, a menina se perde no desfile de
mochilas. O dia começa, os corredores permanecem em silêncio e
Pedro Vidal, o tutor de Cora, conta como procuraram facilitar sua
transição. Não tinham experiência, mas se organizaram e
convocaram uma reunião para discutir a identidade de gênero.
"Apenas uma mãe se opôs", diz ele. A professora da época, Elisenda
Dunyó, contou uma história sobre uma garota que havia sido
confundida com um garoto ao nascer. Na classe, aceitaram a
mudança com naturalidade: “As crianças são intuitivas e, de alguma
maneira, já notavam. Não pareceu que deram muita importância.
Naqueles dias, "Cora saía para o pátio e só corria, corria".

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Cora e sua amiga Shannon. / GABO CARUSO

Agora está na sala de aula e eu a observo da porta. Em cinco


minutos, levanta a mão três vezes. É chamada ao quadro e dá a
resposta correta para um problema. No recreio, brincam de pega-
pega. Contam contra a parede até 30 e saem para tentar tocar uns
nos outros. Cora perde. Ri. Depois, começa a plantar bananeira.
Uma amiga, Salma, a agarra pelos pés para mantê-la segura. No
pátio, há banheiros mistos. Cora volta a ficar de pé e entra no
banheiro. Shannon segura a porta.

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Esperança para crianças transexuais na Espanha: “Quando crescer, vou me chamar María”

Julle, o menino rejeitado no futebol por ser transexual

Sua família a cercou de afeto desde o começo. Alguns tiveram mais


dificuldade para entender a mudança. Outros não demoraram
nada, como a avó Ana. Ela foi fundamental na transição, quando a
filha apareceu em casa em uma tarde de novembro para lhe dizer
que seu "neto" a partir de agora seria Cora. Não mudou nada. "Uma
menina?", respondeu a avó. Cora? Então, está bem. Que diferença
faz?". A dona de casa, viúva fazia muitos anos, me recebeu uma
tarde meses atrás. Sob uma manga do suéter, aparecia num pulso
uma fita de cores azul, branca e rosa, as da bandeira trans. "Nos
primeiros dias, me custou um pouco não me enganar com o nome
antigo, mas isso é porque sou mais velha e já confundo todos os
nomes", diz. Cora está a seu lado comendo biscoitos de chocolate. A
avó tosse e a neta lhe dá uma palmada nas costas. Então, sai para o
terraço, onde está sua amiga Shannon. "O amor de uma avó é o
mesmo", acrescenta Ana.

—Que conselho lhe daria para quando for maior?

—Que seja feliz e não se deixe subjugar, ela responde, e uma


lágrima cai.

Do lado de fora, as meninas leem um livro. Algo que veem provoca


uma pergunta que Cora faz a Shannon:

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—O que é religião?

Parece que Cora tem um dom para fazer perguntas insondáveis.


Como daquela vez, aos quatro anos, quando desconcertou a mãe, ao
soltar esta:

Cora e a mãe dela, Ana Valenzuela. / GABO CARUSO

—Mamãe, a gente pode ser menina tendo pênis?

Uma pergunta inovadora que requer uma resposta construtiva. "É


um erro acreditar que as pessoas trans nasceram em um corpo
errado", diz David Tello, membro da associação Chrysallis, que
reúne mais de mil famílias de crianças trans. Esse foi um dos
grupos que lutaram para que a Espanha incluísse os menores de
idade na lei que regulamenta a mudança de nome e sexo no
registro. Em 18 de julho, o Tribunal Constitucional anulou o artigo
que a impedia e estendeu esta possibilidade a menores com
"maturidade suficiente e em situação estável de transexualidade".
Para Chrysallis, esses requisitos extras continuam a manter os
menores como Cora em uma situação de discriminação jurídica.

“O corpo de qualquer menina ou menino transexual está tão bem


como o resto”, diz Tello, acrescentando que há cada vez menos
pessoas trans adultas que desejam operar “porque são aceitas como
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são e sentem menos a pressão social do bisturi". Iván Mañero,


médico especialista em cirurgia de gênero, acredita que o crucial é
"apoiá-las e ensiná-las a entender seu corpo, e que decidam quando
forem adultas".

Fotos a menina guarda de momentos importantes da sua vida, com as etiquetas escritas por ela. / GABO
CARUSO

Quando Cora ainda não se chamava Cora, ela se aborrecia


especialmente no Dia de Reis, porque os Magos do Oriente não
sabiam que ela se sentia menina nem sempre lhe traziam os
presentes que queria. Agora, a data a deixa animada. Em janeiro
passado, ela me mostrou com orgulho a maquiagem que ganhou no
dia 6. Com cuidado para não sujar a cama, começou a pintar o rosto
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e a aplicar rímel nos cílios. Em seguida, pintou os lábios de rosa. E


nesse quarto onde teceu e tece seus sonhos, onde teceu e tece sua
identidade, onde certa vez disse à mãe que, quando crescesse,
queria ser menina, eu lhe perguntei:

—O que você quer ser quando crescer?

—Quero trabalhar com informática —respondeu Cora Navarro


Valenzuela—. Ou fabricar unicórnios. 

Adere a

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Educação infantil - Transexuais - Crianças - Comunidad Lgtbiq


- Transexualidade - Ensino geral - Direitos civis - Barcelona

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