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autora
IVI FURLONI RIBEIRO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial luis claudio dallier saldanha; roberto paes; gladis linhares;
karen bortoloti; marilda franco de moura
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-201-4
Prefácio 9
1.1 Sintaxe 13
1.2 Frase, Oração e Período 14
1.2.1 Frase 14
1.2.1.1 Tipos de frase 15
1.2.2 Oração 15
1.2.3 Período 16
1.3 Sintagma 16
1.3.1 Os tipos de sintagmas 17
1.3.1.1 Sintagma Nominal 17
1.3.1.2 Sintagma Verbal 18
1.3.1.3 Sintagma Adjetivo 18
1.3.1.4 Sintagma Adverbial 18
1.3.1.5 Sintagma Preposicional 19
1.4 Termos essenciais da oração 19
1.4.1 Sujeito 21
1.4.1.1 Simples 21
1.4.1.2 Elíptico (desinencial ou implícito na desinência verbal) 24
1.4.1.3 Composto 25
1.4.1.4 Indeterminado 27
1.4.1.5 Oração sem sujeito 28
2.1 Predicado 35
2.1.1 Classificação dos verbos 35
2.1.2 Predicado verbal, predicado nominal e
predicado verbo-nominal 37
2.2 Termos associados ao verbo: Diferenciação 39
2.2.1 Objeto direto 40
2.2.2 Objeto direto preposicionado 40
2.2.3 Objeto direto pleonástico 42
2.2.4 Objeto direto interno (ou intrínseco) 42
2.2.5 Objeto indireto 42
2.2.6 Objeto indireto pleonástico 43
2.2.7 Objeto indireto por extensão 44
2.2.8 Adjunto adverbial 44
2.2.9 Agente da passiva 45
2.3 Termos associados ao nome 46
2.3.1 Adjunto adnominal 46
2.3.2 Complemento nominal 47
2.3.3 Aposto 49
2.3.4 Vocativo 51
4.1 Regência 85
4.2 Agradar 87
4.2.1 VTD = contentar, fazer carinhos, acariciar 87
4.2.2 VTI ( preposição a) = satisfazer 87
4.3 Aspirar 88
4.3.1 VTD = respirar, sorver 88
4.3.2 VTI (preposição a) = almejar, pretender 88
4.4 Assistir 88
4.4.1 VTD ou VTI (preposição a) = ajudar, prestar assistência 88
4.4.2 VTI (preposição a) = ver, presenciar 89
4.4.3 VTI (preposição a) = caber 89
4.4.4 V Intransitivo (preposição em) = residir, morar 89
4.5 Chamar 90
4.5.1 VTD (mandar vir) 90
4.5.2 VTD ou VTI (apelidar, cognominar) 90
4.6 Verbos de movimento: chegar, ir, voltar, retornar,
subir... – intransitivos – (preposição a) 90
4.7 Custar 92
4.7.1 VTD (ter valor de) 92
4.7.2 VTDI (preposição a) = acarretar consequências,
causar trabalho 92
4.7.3 VTI (preposição a) = ser custoso, ser difícil
(conjugado apenas na 3ª pessoa, o sujeito será sempre oracional) 92
4.8 Esquecer / Lembrar 92
4.8.1 VTD (não pronominal) 92
4.8.2 VTI (pronominal) – preposição de 93
4.8.3 VTI (cair no esquecimento/vir à lembrança) –
com verbo apenas na 3ª pessoa (singular ou plural) 93
4.9 Informar/avisar/certificar/notificar/prevenir 94
4.9.1 VTDI ( preposição a) 94
4.9.2 O verbo informar pode ainda ser pronominal:
informar-se de alguma coisa. 94
4.10 Implicar 95
4.10.1 VTI ( preposição com) = ter implicância 95
4.10.2 VTD (= acarretar, demandar, tornar indispensável) 95
4.11 Obedecer / desobedecer 96
4.11.1 VTI (preposição a) 96
4.12 Pagar/perdoar/agradecer 96
4.12.1 VTD (complemento = coisa) 96
4.12.2 VTI (complemento = pessoa) (preposição a) 97
4.12.3 VTDI (dois complementos = coisa e pessoa) 97
4.13 Preferir 98
4.13.1 VTDI (preposição a) 98
4.14 Proceder 98
4.14.1 V Intransitivo = não ter fundamento 98
4.14.2 V Intransitivo (preposição de) = originar-se 99
4.14.3 VTI (preposição a) = dar início 99
4.15 Responder 99
4.15.1 VTI (preposição a) = dar resposta, corresponder
a uma pergunta 99
4.16 Simpatizar / antipatizar 100
4.16.1 VTI (preposição com) – não são pronominais 100
4.17 Visar 100
4.17.1 VTD = mirar; pôr o visto 100
4.17.2 VTI (preposição a) = objetivar, almejar 100
4.18 Dois ou mais verbos 101
5. A Importância da Pontuação para
Construção do Sentido do Enunciado 105
Bons estudos!
9
1
Sintaxe -
A Estrutura
Sintagmática da
Língua Portuguesa e
os Termos Essenciais
da Oração
Você já se questionou sobre a importância da sintaxe na língua portuguesa?
Como estruturar as palavras, visando a um enunciado claro e correto? Real-
mente a sintaxe é aquela que aprendemos no Ensino Fundamental e no Ensino
Médio? Responderemos a todas essas questões, aprendendo a distinguir frase,
oração e período. E o que é mais importante: aprenderemos a identificar o su-
jeito de uma oração e a classificá-lo, compreendendo, assim, o enunciado.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• identificar o sujeito da oração e classificá-lo;
• compreender melhor o enunciado de uma questão e o sentido de um texto.
12 • capítulo 1
1.1 Sintaxe
Sintaxe (prouncia-se: ) (do grego clássico "disposição", de ,
transl. syn, "juntos", e , transl. táxis, "ordenação") é o estudo das regras
que regem a construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da
gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no texto,
incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações possíveis para
transmitir um significado completo e compreensível. À inobservância das re-
gras de sintaxe chama-se solecismo.
Na linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos ou
combinatórios das frases das línguas naturais, tendo em vista especificar a sua
estrutura interna e funcionamento. O termo "sintaxe" também é usado para re-
ferir o estudo das regras que regem o comportamento de sistemas matemáti-
cos, como a lógica, e as linguagens de programação de computadores.
A sintaxe é importante, pois a unidade falada é a oração, não a palavra ou o
som. Em termos práticos, o falante fala e o ouvinte ouve orações. Salvo o caso
quando uma única palavra é portadora de sentido completo .
Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados
pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o primeiro a dividir
a frase em sujeitos e predicados. Um segundo contributo fundamental deve-
se a Frege que critica a análise aristotélica, propondo uma divisão da frase em
função e argumento. Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal con-
temporânea, bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se
sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não tendo reco-
nhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do século XX
foi verdadeiramente apreciado.
MULTIMÍDIA
Assistia ao clipe da música “Sintaxe à vontade” do grupo Teatro Mágico, disponível em www.
youtube.com/watch?v=obGnfvtdA_g. A música, além de ser bela pelos arranjos e brinca-
deiras com os sons das palavras (Sintaxe/ Sinta-se), traz a ideia do que é a Sintaxe e os
diversos conceitos estudados nesta disciplina, como Sujeito, Predicado, Objeto, etc.
capítulo 1 • 13
Ao estudar a Sintaxe entenderemos quais as funções sintáticas das palavras
dentro dos enunciados. Assim estaremos realizando a análise sintática. A aná-
lise sintática pode ser dividida em dois estudos: na análise do período simples
— constituída de uma oração, estuda termos e suas relações em uma oração;
na análise do período composto — constituída de mais de uma oração, estuda
a relação entre orações.
Na nossa disciplina, abordaremos a Sintaxe a partir da Gramática Normativa,
ou seja, aquela que busca ditar ou prescrever as regras gramaticais de uma lín-
gua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realiza-
ção da língua e categorizando as outras formas possíveis como erradas.
Devemos lembrar que a noção de Certo e errado estão de acordo com a
Gramática Normativa. No entanto, nos estudos sociolinguísticos, ao entender-
mos que existem níveis de linguagem, propõe-se então a ideia de “adequação”,
ou seja, tal uso está adequado ao nível (formal ou informal) de uso da língua.
Passaremos agora a diferenciar Frase, Oração e Período.
14 • capítulo 1
b. interrogativa – quando, por intermédio dela, deseja-se dirimir uma dú-
vida, receber qualquer esclarecimento ou pedir uma informação. Ex.:
Quem chegou primeiro?
Quando começarão as férias?
1.2.2 Oração
capítulo 1 • 15
Para que haja oração, não há necessidade de o enunciado ter sentido comple-
to; basta que existam os elementos estruturais indispensáveis à sua formação.
1.2.3 Período
1.3 Sintagma
Podemos denominar sintagma como a unidade formada por uma ou várias pa-
lavras que, juntas, exercem uma função sintática na frase. Essas unidades se
combinam conjuntamente em torno de um núcleo. A esse conjunto é dado o
nome de sintagma e é ele que vai exercer uma função da frase.
Em qualquer enunciado, as palavras ligam-se formando sintagmas, e estes
sintagmas possuem uma relação de dependência com os demais.
Cada sintagma também possui um núcleo, que indicará de que tipo de sin-
tagma se trata: se o núcleo for um verbo, o sintagma será verbal, se o núcleo for
um nome o sintagma será nominal.
Como exemplo, temos:
16 • capítulo 1
pressuposto, temos o sintagma nominal, cujo núcleo é um nome; sintagma
verbal, tendo como núcleo um verbo; sintagma adjetival, cujo núcleo é um ad-
jetivo, e os sintagmas preposicionados, geralmente constituídos de uma prepo-
sição + um sintagama nominal .
Um dos meios mais fáceis de fazermos a análise dos elementos de um sin-
tagma é optarmos pelo sistema arbóreo, evidenciado pelo esquema abaixo:
Oração
Sintagma Sintagma
nominal1 verbal
Elemento
Determinante Nome Verbo modificador Sintagma
aquele aluno obteve (adverbio) nominal2
hoje
Elemento
Determinante Nome modificador
um resultado (adjetivo)
excelente
Fonte: http://www.portugues.com.br/gramatica/sintagma-nominal-sintagma-verbal.html.
capítulo 1 • 17
Vamos exemplificar:
Os alunos entregaram os livros.
No enunciado em questão, temos dois sintagmas: os alunos, cujo núcleo é
“alunos” e o complemento verbal representado pelo objeto direto, cujo núcleo
é “livros”.
18 • capítulo 1
1.3.1.5 Sintagma Preposicional
Choveu de madrugada.
Essa frase é uma oração que não possui sujeito, somente o predicado!
Podemos afirmar, então, que essa nomenclatura é válida para a maioria das
orações de nossa língua — mas não para todas — e que o termo que realmente
define a oração é o verbo.
Nas orações em que o sujeito está presente, você pode perceber que o sujei-
to e o predicado (os chamados termos essenciais) estão intimamente relacio-
nados. Por exemplo:
capítulo 1 • 19
Você perceberá que a análise sintática é um procedimento destinado a au-
mentar a compreensão e a elaboração de enunciados. A análise sintática faz
uso constante de duas operações complementares:
a. detecção de uma relação;
b. interpretação do sentido.
AUTOR
Graciliano Ramos marcou a literatura brasileira com obras que retratam a vida do homem
nordestino no sertão. O escritor fez parte da 2ª fase do modernismo, que teve o regionalismo
como principal característica. Raquel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego foram
alguns autores que compartilham a fase com Ramos. Em importantes obras, como “Vidas
Secas” e “São Bernardo”, é possível perceber o realismo utilizado pelo autor para descrever
as dificuldades da vida no sertão. Por ter vivido grande parte da vida no interior de Alagoas,
Graciliano conhecia de perto essa realidade. Pela ligação com o comunismo, Ramos foi preso
durante a ditadura de Vargas. O período na prisão foi retratado em “Memórias do Cárcere”,
que traz um episódio importante da história: a entrega de Olga Benário aos alemães. O livro
foi lançado sem o último capítulo, já que o autor morreu antes de terminar a obra. (http://
educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/graciliano-ramos.html)
Para se encontrar o sujeito de uma oração, nos casos mais gerais e mais
comuns, faz-se a pergunta “o que é que...?” antes do verbo. Se percebermos
20 • capítulo 1
que o enunciado traz uma informação de pessoa, fazemos a pergunta “quem é
que...?”, sempre antes do verbo.
No excerto anterior, os verbos já estão destacados. Vamos aproveitar al-
guns exemplos:
“Os pequenos fugiram...”
Quem é que fugiu?
Os pequenos (sujeito)
Quem é que voltou para junto da trempe?
sinha Vitória (sujeito)
“... um vento morno e empoeirado sacudia as teias de aranha e as cortinas
de pucumã do teto;”
1.4.1 Sujeito
É o ser (pessoa, objeto, animal etc.) a respeito do qual se afirma alguma coisa.
O sujeito pode ser:
1.4.1.1 Simples
capítulo 1 • 21
Veja mais alguns exemplos:
Fabiano roncava com segurança.
Núcleo do sujeito: Fabiano
b) um pronome substantivo
c) um numeral substantivo
O viver maravilhoso
Sujeito Predicado
22 • capítulo 1
Leia a anedota abaixo:
— Pai! Pai! — grita o filho do jardim. — Acabaram de roubar nosso carro!
— Você viu os ladrões?
— Vi!
— E você acha que conseguiria reconhecê-los?
— Não, mas anotei a placa do carro.
AUTOR
Telêmaco Marrace de Oliveira é advogado criminalista atuante, professor de educação infan-
til e séries iniciais do Ensino Fundamental, professor de Filosofia e Sociologia da Cooperativa
de Professores e Especialistas de Santa Catarina, escritor e pós-graduando em Docência no
Ensino Superior.
capítulo 1 • 23
inabilitados para o ensino, por mais capacitados que sejam em seus afazeres
profissionais “extrauniversidade”. Outra falha cometida é quanto à avaliação
do aluno, muitas vezes reprovado por décimos de nota. Esse tipo de avalia-
ção é muito simplória para um país que quer ser grande. Se o aluno consegue
uma nota positiva, está apto a exercer uma profissão. Caso tenha nota negati-
va, estará inapto. Eu, como professor que frequentei o Magistério, antigo cur-
so Normal, e tive aulas de didática e estudei exaustivamente teorias de Paulo
Freire e Jean Piaget, não consigo ver diferença intelectual entre um aluno que é
reprovado por uma nota 6,9 e outro que é aprovado por nota 7,0. Parece-me que,
nesses casos, há um erro grosseiro do avaliador que não tem nenhum conheci-
mento técnico-pedagógico para avaliar. Outro grave problema que ocorre nas
universidades é a falta ao trabalho e os atrasos de profissionais que mesclam
a docência com outros afazeres, obviamente deixando a docência em segundo
plano e mais uma vez prejudicando o aprendizado dos alunos. Ser professor é
vocação aliada à técnica pedagógica. Para exercermos a Medicina, além da gra-
duação, é obrigado o registro no órgão competente. Para o advogado se procede
da mesma forma, como também para o engenheiro e outros profissionais. Já
para o professor, basta se graduar em qualquer área e cair de paraquedas numa
sala de aula. Precisamos reaver a função do professor, para não cometermos in-
justiças com o alunado, para que no futuro não sejamos responsáveis por pre-
judicar muita gente boa em suas carreiras e para que nunca esqueçamos que
ensinar é uma arte!
Quando, em alguns casos, por elegância e concisão, o sujeito não vem expresso
na oração, mas está implícito na desinência verbal (elipse), ou pode ser facil-
mente identificado pelo contexto. Ex.:
Estamos aprendendo português. (Nós)
24 • capítulo 1
CURIOSIDADE
Sacconi (2006) esclarece que a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) acertadamente
aboliu o termo sujeito oculto, pois este último significa que está escondido. No primeiro
exemplo, o sujeito não está escondido, já que a própria desinência verbal o deixa claro: (nós)
estamos. O morfema –mos corresponde sempre à 1ª pessoa do plural.
Um pé de milho
Rubem Braga
1.4.1.3 Composto
capítulo 1 • 25
Vínhamos da missa ela, o pai e eu.
sujeito
EXEMPLO COMENTADO
É muito comum encontrarmos textos que apresentam problema de ambiguidade por causa
da má colocação dos termos na frase. Isso fica evidente no título do texto abaixo:
26 • capítulo 1
Há uma ambiguidade na chamada da notícia porque podemos interpretar o enunciado
de dois modos distintos: primeiro, podemos entender que há evasão de alunos devido à falta
de merenda, se considerarmos que “evasão” é o sujeito do verbo aumentar, que aparece
posposto ao verbo. Inclusive, ao lermos todo o texto percebemos que é esse o sentido que
quer dar o enunciador. No entanto, também é possível entender que na merenda aumentou
a evasão de alunos, se consideramos que esse termo é o sujeito tanto do verbo faltar quanto
de o verbo aumentar. O termo “evasão de alunos” passa a ser o objeto do verbo aumentar,
nesse segundo sentido. Não há erro na construção sintática: o enunciador pode fazer uso
de sujeitos pospostos ao verbo. Contudo, é preciso cuidado para não gerar ambiguidade.
No enunciado em questão, o redator não deveria ter colocado o sujeito depois do verbo na
segunda oração, assim ele teria evitado a ambiguidade. O enunciado poderia ter sido escrito
da seguinte forma: “Merenda escolar falta e evasão de alunos aumenta”, dessa forma não
haveria dúvidas quanto ao sentido proposto pelo enunciador. Por isso, conhecer as funções
sintáticas dos elementos nas frases nos auxilia na construção de textos mais claros e que
não geram dificuldades de leitura, além de nos tornar leitores mais atentos.
1.4.1.4 Indeterminado
capítulo 1 • 27
ATENÇÃO
Quando a palavra se que acompanha o verbo for pronome apassivador, teremos sujeito sim-
ples. A palavra se será pronome apassivador quando for possível a transformação para a voz
passiva analítica (verbo ser + particípio).
Contavam − se belas estórias
sujeito
Quando o sujeito for representado por um pronome indefinido substantivo, devemos ana-
lisá-lo como sujeito simples (um núcleo).
28 • capítulo 1
Os principais verbos impessoais são:
a) verbos que indicam fenômenos da natureza (amanhecer, anoitecer,
chover, gear, nevar, relampejar, trovejar, ventar etc.). Ex.:
Choveu muito no mês de janeiro.
Este ano não geou no Sul do Brasil.
b) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em
orações temporais). Ex.:
“Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinheiro! Mas como cus-
tam caro!” (Groucho Marx)
O verbo haver pode indicar, também, tempo passado. Ex.:
“Há quase um ano não ’screvo.” (Fernando Pessoa)
ATENÇÃO
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para
ser pessoal.
Choveram reclamações na secretaria. (sujeito simples: reclamações)
capítulo 1 • 29
c) os verbos fazer, ser, estar quando indicam tempo cronológico ou clima.
Ex.:
CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre a classificação do sujeito, com exemplos dife-
rentes, lendo o artigo Tipos de sujeito, no link: http://www.graudez.com.
ATIVIDADES
01. Nestes excertos de poemas, verifique os verbos destacados e analise o sujeito dessas
orações:
a) Onde pus a esperança, as rosas
Murcharam logo.
Na casa, onde fui habitar,
O jardim, que eu amei por ser
Ali o melhor lugar,
E por quem essa casa amei —
Deserto o achei,
E, quando o tive, sem razão p’ra o ter.
Fernando Pessoa. In: Obra Poética, p. 137
30 • capítulo 1
Não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Carlos Drummond de Andrade. In: Reunião Drummond, p. 76
REFLEXÃO
Nesse capítulo tratamos do conceito de Sintaxe e da importância do seu estudo. Vimos que
as palavras são combinadas em um enunciado de forma que se crie um sentido e que essas
palavras exercem uma função sintática. Vimos que a oração se divide dois termos iniciais
chamados de essências: sujeito e predicado. O sujeito é o termo sobre o qual algo é dito.
Predicado é o que se diz sobre o sujeito. A Sintaxe nos auxilia a compreender a estruturação
dos enunciados, consequentemente também nos auxilia do entendimento do sentido dos
enunciados. O conhecimento obtido com o estudo da Sintaxe nos permite organizar de modo
mais adequado nossos textos e também nos auxilia na compreensão mais clara dos textos
com os quais temos contato no nosso dia a dia.
LEITURA
REIS, Diana. Os vários tipos de sujeito. Disponível em: <http://di-gartmedia.wordpress.
com/2009/05/14/os-varios-tipos-de-sujeito/>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CEREJA, W. R.; WAGNER, L.R. MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação.
São Paulo: Atual, 1999.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
______. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
WAGNER. L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de textos. 3. ed. São
Paulo: All Print, 2008.
capítulo 1 • 31
32 • capítulo 1
2
Termos
Integrantes e
Acessórios da
Oração
Continuando nosso estudo sobre sintaxe, neste capítulo vamos aprender a clas-
sificação sintática dos verbos (imprescindível para a análise do predicado), os
predicativos e os tipos de predicado. Você perceberá que os predicados podem
interferir na comunicação oral e escrita e na produção de textos narrativos, des-
critivos e dissertativos.
Além disso, veremos também que para compreender corretamente um
enunciado, devemos saber os termos que vêm sempre associados a um verbo.
Quando se tratar de um complemento verbal, teremos o objeto direto e o obje-
to indireto; quando vier, normalmente, junto a um verbo intransitivo e indicar
uma circunstância, chamar-se-á adjunto adverbial; o termo agente da voz ativa
que funcionar como paciente na voz passiva será o agente da passiva.
Para concluir o estudo das funções sintáticas, estudaremos os termos rela-
cionados aos Nomes. Por nome entendemos todas as palavras da língua que de-
signam os “seres” do mundo. Os nomes também se caracterizam pela categoria
de gênero (isto é, muitas vezes eles se dividem em masculinos e femininos) e
pela indicação de plural com o morfema –s. Os nomes englobam a classe dos
substantivos e dos adjetivos. Os termos associados ao nome são quatro: pre-
dicativo, adjunto adnominal, complemento nominal e aposto. Estudaremos,
agora, os três últimos, uma vez que o predicativo já foi visto juntamente com
o predicado.
OBJETIVOS
• classificar sintaticamente os verbos da oração;
• analisar os tipos de predicativo;
• compreender os predicados, analisá-los e empregá-los em textos.
• analisar sintaticamente todos os complementos verbais da oração;
• identificar e classificar os adjuntos adverbiais;
• compreender o agente da passiva e aplicá-lo corretamente em textos;
• reconhecer os adjuntos adnominais da oração;
• identificar o complemento nominal;
• analisar o aposto e aplicá-lo corretamente em textos.
34 • capítulo 2
2.1 Predicado
Observe esta frase de Mário Quintana:
“Os espelhos partidos têm muito mais luas.”
A respeito de que ser o poeta nos fala? Sobre os espelhos partidos, não é? Já
vimos que o ser de quem se diz alguma coisa é classificado como sujeito.
E o que Mário Quintana nos fala sobre os espelhos partidos? Que eles têm
muito mais luas, certo? Vamos chamar de predicado aquilo que se informa a
respeito do sujeito. Portanto, depois que identificamos o sujeito, o restante da
oração constitui o predicado.
O predicado sempre apresenta um verbo que concorda com o sujeito. Para
classificar o predicado, precisamos analisar esse verbo. É disso que trataremos
a seguir.
capítulo 2 • 35
sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.”
(Clarice Lispector)
“Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe.
Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo
neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias. Sei que um dia abrirão as
asas para o voo necessário, e eu ficarei sozinha. Quando eu ficar sozinha, esta-
rei seguindo o destino de todas as mulheres.” (Clarice Lispector)
Os verbos significativos ou nocionais são os que indicam ação ou fenôme-
nos meteorológicos. Podem ser transitivos ou intransitivos.
ATENÇÃO
Transitividade verbal é a necessidade que alguns verbos apresentam de ter outras palavras
como complemento. A esses verbos que exigem complemento chamamos de transitivos, e
aos que não exigem complemento chamamos de intransitivos.
A forma verbal pus exige complemento (o meu sonho), pois quem põe,
põe alguma coisa. O que também ocorre com a forma verbal abri (o mar):
quem abre, abre alguma coisa. Classificamos os verbos pôr e abrir, portanto,
como transitivos.
Já o verbo naufragar não exige complemento, não transita; é, pois, classifi-
cado como intransitivo.
Estudo de caso: Observe os complementos verbais dos três primeiros versos
deste poema de Alberto Caeiro:
Pensar em Deus
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
36 • capítulo 2
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
Já vimos que o predicado é o termo da oração que afirma alguma coisa sobre o
sujeito e apresenta um verbo que normalmente concorda com esse sujeito em
número e pessoa.
Quando a oração tem como núcleo um verbo significativo (transitivo ou in-
transitivo) temos um predicado verbal. Veja alguns exemplos:
capítulo 2 • 37
uma inf inita quantidade de erros ( Bernard Shaw )
O sucesso encobre
núcleo do
predicado
A imaginação oferece
às pessoas consolação por aquilo que não podem
núcleo do
predicado
38 • capítulo 2
CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre a classificação dos verbos, com exemplos dife-
rentes, lendo o artigo Aula de Português – Transitividade verbal, no link: http://auladaroberta.
blogspot.com/2008/08/transitividade-verbal.html.
Sempre que você analisar uma oração, o primeiro passo é descobrir se determi-
nado termo está associado a um verbo ou a um nome, delimitando sua função
específica em relação à oração inteira. Observe o exemplo:
Muitas pessoas desconhecidas procuram empregos diariamente nas gran-
des cidades.
Em relação ao sujeito, podemos afirmar que muitas e desconhecidas são
termos associados ao nome pessoas.
capítulo 2 • 39
2.2.1 Objeto direto
O próprio nome do termo sintático objeto direto sugere que sua relação com
o verbo é direta, sem a necessidade de nenhum conector. Entretanto, há casos
em que o objeto direto aparece preposicionado, ainda que o verbo ao qual ele
esteja ligado não exija preposição. É o que acontece numa frase como:
40 • capítulo 2
Nos amamos a Deus.
verbo Complemento
transitivo verbal
direto
capítulo 2 • 41
2.2.3 Objeto direto pleonástico
É o objeto direto cujo núcleo possui radical idêntico ao do verbo da oração. Ser-
ve para reforçar o conceito expresso pelo verbo. Ex.:
Há outro tipo de complemento verbal, cuja relação com o verbo é sempre inter-
mediada por uma preposição. Observe esta oração:
42 • capítulo 2
A criança necessita de cuidados extremos.
verbo Complemento
transitivo verbal
A criança necessita
de cuidados extrremos
verbo objeto direto
transitivo
indireto
Nós nos
queixamos ao gerente
objeto
verbo transitivo indireto
direto
capítulo 2 • 43
2.2.7 Objeto indireto por extensão
44 • capítulo 2
a) assunto : Sempre falávamos de política.
b) causa : O mendigo morreu de fome.
c) companhia : Eles viriam com os avós.
d) concessão : Não obstante sua má vontade, vencemos.
e) conformidade : Devemos dançar conforme a música.
f) finalidade : A jovem vestia-se para a festa.
g) matéria : Este vaso é feito de porcelana.
h) medida ou peso: O poço mede cinco metros de diâmetro.
i) meio : Os visitantes chegarão de avião.
capítulo 2 • 45
Observe que a expressão pelos acadêmicos não pode ser vista nem como
objeto direto, nem como indireto, nem como adjunto adverbial, pois ela não
exerce o papel nem de paciente, nem de destinatário, nem de indicador de uma
circunstância da oração verbal. Na verdade, ela indica o executor da ação verbal
nas orações passivas, por isso é chamada de agente da passiva.
CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre os complementos verbais, com exem-
plos diferentes, lendo o artigo Complemento verbal, no link: http://pt.wikipedia.org/
wiki/Complemento_verbal.
Muitas vezes, numa oração, um substantivo não aparece sozinho. Ele vem
determinado ou qualificado por outros termos, que lhe atribuem certas carac-
terísticas. É o caso de uma frase como:
46 • capítulo 2
qualificando-a com sua beleza física; a locução adjetiva “de olhos azuis” indica
um atributo físico da jovem. Esses três termos, do ponto de vista sintático, são
classificados como adjuntos adnominais. Assim como o artigo “o” determina
o substantivo concurso, sendo também classificado como adjunto adnominal.
Como os adjuntos adnominais qualificam o nome sem a mediação do ver-
bo, a qualidade expressa por eles não é afetada pelo tempo verbal. No exemplo
acima, podemos permutar o pretérito perfeito pelo futuro que aquelas, linda e
de olhos azuis não sofrerão alteração de sentido:
Aquela linda
jovem de
olhos
azuis
venceu o
concurso
.
adjunto adjunto
adjunto nome adjunto adno min al nome
adno min al adno min al adno min al
capítulo 2 • 47
dos adjuntos adnominais, pois está indicando o paciente afetado por uma ação
expressa pelo nome.
Se tomarmos como exemplo
A reda
çã
o do jornal levou algum tempo.
nome complemento
no min al
A reda
çã
o do jornal pelos alunos levou algum tempo.
nome complemento adjunto
no min al adno min al
Tanto “do jornal” quanto “pelos alunos” estão associados ao nome reda-
ção. Percebe-se claramente que esses dois termos têm valores diferentes: “do
jornal” indica o paciente afetado pela ação de redigir, enquanto “pelos alunos”
indica o agente, o executor da ação. O primeiro é complemento nominal; o se-
gundo, adjunto adnominal.
Esquematizando, temos:
48 • capítulo 2
Assim, as características do complemento nominal são:
Do ponto de vista da relação: vem sempre associado a um nome.
Do ponto de vista da forma: liga-se ao nome sempre através de preposição.
Do ponto de vista do valor semântico: indica o alvo ou paciente afetado pela
ação expressa no nome.
2.3.3 Aposto
capítulo 2 • 49
Aposto é o termo que explica, especifica, desenvolve ou resume outro. O apos-
to pode aparecer depois de vírgula, dois-pontos ou travessão. Normalmente, o
aposto explicativo vem entre vírgulas. Ex.:
“Vênus, uma bela mulher de bom gênio, era a deusa do amor; Juno, uma
víbora, a deusa do casamento. E sempre foram inimigas mortais...”
“O sono é a infância da morte: um repouso transitório. Tem um túmulo, o
leito; tem um verme, o pesadelo. Em compensação, como a morte, propicia um
bálsamo — o esquecimento.”
O tipo de aposto que especifica ou individualiza um termo genérico deno-
mina-se aposto especificativo. Ex.:
Encontro-a às dez horas, na Praça da Independência, em frente às lo-
jas Americanas.
A cidade do Rio de Janeiro possui praias maravilhosas.
O tipo de aposto que se refere a um numeral antecedente denomina-se
aposto enumerativo. Ex.:
“No mundo dos negócios, todos são pagos em duas moedas: dinheiro e expe-
riência. Agarre a experiência primeiro, o dinheiro virá depois.” (Harold Geneem)
Duas coisas incomodavam o vovô: o barulho de crianças e o calor intenso.
O aposto pode, às vezes, resumir vários termos antecedentes através de um
pronome, sendo este classificado como aposto resumidor.
Ex.:
“O ouro, os diamantes e as pérolas, tudo é terra e da terra.”
“A noz, o burro, o sino e o preguiçoso, sem pancadas nenhum faz o
seu ofício.”
Pode haver aposto de pronome relativo (que).
Ex.:
Veja o que você encontra dentro das fronteiras brasileiras: praias, monta-
nhas, campos, cidades históricas, caprichos da natureza, rios, caça e pesca.
Convém observar que o aposto vem em posição posterior ao nome ao qual
está associado.
50 • capítulo 2
2.3.4 Vocativo
CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre os termos associados ao nome, com exemplos
diferentes, lendo o artigo Diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal, no link:
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/234240.
capítulo 2 • 51
primeiro é apenas explicativa. O vocativo não mantém relação sintática com
nenhum termo da oração que dela faz parte.
ATIVIDADES
01. Identifique os verbos do poema a seguir e analise-os de acordo com a transitividade.
Teresa
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
03. No poema Canção (In: Obra Poética), destacamos algumas palavras. Nesse contexto,
analise sintaticamente esses termos já estudados.
CANÇÃO
52 • capítulo 2
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
05. Na estrofe de Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu), identifique a função sintática
dos termos destacados:
Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o Céu, gentil pastora,
capítulo 2 • 53
Para glória de Amor igual tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
REFLEXÃO
Vimos que os verbos podem classificar-se em: intransitivos, transitivos diretos, transitivos
indiretos, transitivos diretos e indiretos e em verbos de ligação. Os verbos intransitivos e
transitivos irão compor o predicado verbal, os verbos de ligação constituirão o predicado
nominal e, quando um predicado tiver como núcleo um verbo e um nome, será chamado de
verbo-nominal.
Pelos conceitos estudados foi possível perceber a importância de reconhecer, na oração,
um complemento verbal (sem preposição e com preposição), os vários tipos de objeto direto
e de objeto indireto; aprendeu, também, a analisar as circunstâncias do adjunto adverbial, que
não deve ser confundido com complemento de um verbo; e, finalmente, você já sabe empre-
gar um verbo na voz ativa ou na voz passiva analítica, em que aparece o agente da passiva
sempre preposicionado.
Aprendeu-se também neste capítulo que alguns termos estão associados ao nome: o
adjunto adnominal – representado por várias classes gramaticais – vem sempre associado
a um substantivo; o complemento nominal vem sempre preposicionado e pode completar
o sentido não só do substantivo, mas também do adjetivo e do advérbio; o aposto normal-
mente explica um termo antecedente, podendo substituí-lo, sem prejuízo de sentido. Apren-
deu-se, ainda, que o vocativo é um termo independente, não pertence ao sujeito nem ao
predicado, por isso vem sempre isolado por vírgula.
LEITURA
Professora Rose. InterAula – Predicado. Disponível em: <http://www.interaula.com/portugues/
predicado.htm>.
HERNANDES, Paulo. Complemento nominal X adjunto adnominal. Disponível no link: http://www.
paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica045.html
54 • capítulo 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CEREJA, W. R.; WAGNER, L.R. MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação.
São Paulo: Atual, 1999.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
______. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
WAGNER. L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de textos. 3. ed. São
Paulo: All Print, 2008.
capítulo 2 • 55
56 • capítulo 2
3
Concordância
Nominal e Verbal
Lembre-se de que em Língua Portuguesa, na área de Morfologia, estudamos as
classes de palavras, com as flexões de gênero e de número dos substantivos, dos
adjetivos, dos artigos, dos pronomes e dos numerais, e com as flexões de nú-
mero, de pessoa, de tempo e de modo dos verbos; além da invariabilidade das
preposições, das conjunções e dos advérbios. Na área da Sintaxe, estudamos as
relações sintático-semânticas com todos os elementos do período simples e do
período composto. Também na Sintaxe estudamos as relações de concordân-
cia nominal e verbal, de regência verbal e de colocação pronominal. São todos
mecanismos de combinação de palavras.
Além disso, estudaremos a sintaxe em suas relações de concordância ver-
bal, revendo também os principais tipos de sujeito. Depois de sabermos que
existem dois tipos de concordância e de termos estudado os principais casos de
concordância nominal, resta-nos aprender quais os princípios que norteiam a
concordância verbal. Trata-se da concordância do verbo com o sujeito; há ne-
cessidade, portanto, da compreensão e do reconhecimento das flexões verbais
– número, pessoa, tempo e modo – e da classificação do sujeito da oração.
OBJETIVOS
Você será capaz de:
• aplicar corretamente a sintaxe da Língua Portuguesa;
• compreender o mecanismo de combinação dos nomes na frase, em suas flexões de gê-
nero e de número;
• reconhecer a importância da concordância verbal em língua portuguesa;
• compreender o mecanismo de combinação do verbo com o sujeito, nas flexões de número
e de pessoa;
• produzir textos concisos, claros e corretos.
58 • capítulo 3
3.1 Concordância nominal
Tanto a concordância nominal quanto a concordância verbal estão relaciona-
das com os princípios lógicos da língua. Assim, concordar adequadamente é o
mesmo que ter o domínio dos mecanismos básicos de funcionamento da lín-
gua, defendidos pelo padrão culto.
Se não observarmos esses mecanismos durante a interlocução, ainda assim
é possível haver comunicação. Porém, dependendo de quem é nosso interlo-
cutor, da expectativa que ele tem em relação a nós ou da impressão que dese-
jamos passar a ele, o desvio das normas do padrão culto pode frustrar a finali-
dade da comunicação. Em certas situações formais de interação verbal – por
exemplo, numa entrevista para se conseguir um emprego, no preenchimento
de uma ficha, numa carta ou num artigo enviados a um jornal, numa palestra
etc. –, o desvio reiterado das regras de concordância pode causar a impressão
de baixo nível cultural, pouca leitura, desleixo em relação à língua e até ser fon-
te de preconceito.
Enfim, conhecer as regras de concordância do padrão culto serve, entre ou-
tros fins, como meio de adequação e interação social.
Podemos definir concordância como um mecanismo pelo qual certas pala-
vras da frase alteram suas terminações para se ajustar a outras palavras. Desse
modo, a concordância fornece pistas importantes para indicar a correlação en-
tre as palavras da frase. Se um adjetivo está associado a um substantivo femini-
no singular, este também deve estar na forma feminina singular. Ele tem em
relação a nós ou da impressão que desejamos passar a ele, o desvio das normas
do padrão culto pode frustrar a finalidade da comunicação.
Em certas situações formais de interação verbal – por exemplo, numa en-
trevista para se conseguir um emprego, no preenchimento de uma ficha, numa
carta ou num artigo enviados a um jornal, numa palestra etc.
capítulo 3 • 59
Observe este exemplo:
60 • capítulo 3
3.1.2.4 Adjetivo composto indicativo de cor
Vestidos azul-piscina
Se o adjetivo composto indicar alguma cor, não variará, desde que qualquer
um de seus elementos seja um substantivo.
ATENÇÃO
Azul-marinho, azul-celeste e furta-cor não variam: ternos azul-marinho, gravatas azul-
celeste, meias furta-cor.
ATENÇÃO
Os adjetivos regidos de preposição de, que se referem a pronomes neutros indefinidos (nada,
muito, algo, tanto, que etc.), normalmente ficam no masculino singular: Sua vida nada tem de
misterioso.Seus olhos têm algo de sedutor. Todavia, por atração, podem esses adjetivos
concordar com o substantivo (ou pronome) sujeito: Os edifícios da cidade nada têm de ele-
gantes. (Mário Barreto)
capítulo 3 • 61
Tanto o verbo ser como o adjetivo ficam invariáveis nessas expressões se o
substantivo não vier antecipado de determinante (artigo ou pronome).
Havendo determinação do substantivo, o adjetivo com ele concordará:
A entrada é proibida.
Pimenta é bom para tempero, mas esta pimenta não é boa.
62 • capítulo 3
pronome pluralizado pode aparecer posposto ao substantivo: “O delegado já
possui provas bastantes para incriminar o réu” (= muitas provas).
Já o termo bastante (invariável) é classificado como advérbio de intensidade
(modificador de verbo, adjetivo ou outro advérbio): “Viajei bastante nas férias
de julho”; “Aquela garota é bastante inteligente”. Precedido de artigo, passa a
funcionar como substantivo: “Ainda não descansei o bastante hoje”.
Já vi bastantes novidades, mas essa eu não sabia. Bastante pode ser substi-
tuído por muito em qualquer circunstância. Observe que muito, quando prono-
me indefinido adjetivo, varia normalmente, mas quando advérbio de intensi-
dade não: muitas novidades, estudamos muito, pessoas muito divertidas.
ATENÇÃO
Nota – Alerta e menos são palavras invariáveis: Fiquem alerta. Faça menos força.O prefixo
pseudo- também é invariável: pseudo-amigos.
3.1.2.9 Meio
capítulo 3 • 63
ADJETIVO OU NUMERAL E ADVÉRBIO
PRONOME ADJETIVO
64 • capítulo 3
CONEXÃO
Você poderá conhecer um pouco mais sobre a concordância, com exemplos diferentes,
lendo o artigo Concordância nominal, no link: <http://www.infoescola.com/portugues/
concordancia-nominal/>.
3.1.3.1 Possível
CONCEITO
O que é silepse? Trata-se de uma figura de linguagem que utiliza a concordância com a ideia
expressa pela palavra da frase, com o sentido subentendido. Quando se afirma: “A Marquês
de Sapucaí ficou lotada.”, percebe-se o gênero feminino no artigo e o gênero masculino no
nome, ocorrendo concordância ideológica com Avenida, daí a silepse de gênero.
capítulo 3 • 65
3.2 Concordância Verbal
3.2.1 Casos gerais
EXEMPLO
Quando faltar cinco minutos para o término da aula, será posto na lousa as datas e locais
dos exames.
A gramática normativa da língua portuguesa traz como regra geral a concordância do
verbo com o sujeito em número e pessoa. Se a expressão “cinco minutos” está no plural
(representando o sujeito posposto), o verbo também deve concordar com a terceira pessoa
do plural: “Quando faltarem cinco minutos...”. Na segunda oração, o sujeito é composto e está
posposto ao verbo; como o núcleo mais próximo (“datas”) está no plural, o verbo também
deveria estar no plural “serão”; o adjetivo “posto”, na função de predicativo do sujeito, pode
concordar com o núcleo mais próximo, “datas”, que é feminino plural, ou ir para o masculino
plural, concordando com os dois núcleos: “serão postas/postos na lousa as datas e os locais
dos exames”.
“Choveram garrafas na cabeça do árbitro, aliás, estavam chovendo até pilhas de rádio.”
Neste período, o verbo chover está empregado em sentido figurado (= cair em abundância),
por isso, na primeira oração, a forma verbal concorda no plural com o sujeito “garrafas” e, no
segundo, também no plural com o sujeito “pilhas de rádio”. Haja chuva!
66 • capítulo 3
3.2.1.2 Pronome apassivador Se
Consertam-se sapatos.
Devem-se propor novas soluções.
Janeiro é o mês em que se fazem bons votos aos amigos; os outros são os
meses em que esses votos não se concretizam. (George Christoph Lichtenberg)
Quando o verbo vier acompanhado pelo pronome apassivador se, o verbo
concordará normalmente com o sujeito expresso na oração.
ATENÇÃO
NOTA: Sujeitos ligados por não só...mas também, tanto...como ou equivalentes = verbo no
plural. Ex.: Não só a mãe, mas também a filha precisam de ajuda.
capítulo 3 • 67
Usa-se mais frequentemente o verbo no plural quando se atribui a mesma
importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos pela preposi-
ção com.
OBSERVAÇÃO
Se o segundo elemento vier separado por vírgulas, deixa de ser sujeito composto e passa
a funcionar como adjunto adverbial de companhia: A mãe, com as filhas, esteve no médico.
68 • capítulo 3
3.2.1.9 Sujeito composto sucedido de aposto resumidor
Quando o sujeito composto vier resumido por palavras como tudo, nada,
ninguém, nenhum, o verbo concordará obrigatoriamente com o apos-
to resumidor.
CONEXÃO
Há vários artigos que tratam da concordância verbal. Em Sintaxe – Concordância verbal,
você encontra todos os casos já estudados, com novos exemplos. O artigo está disponível no
link: <http://www.portugues.com.br/sintaxe/concorverbal.asp>.
capítulo 3 • 69
ATENÇÃO
Não se deve confundir o pronome índice com a partícula de realce, quando aparecem
com verbo intransitivo. No primeiro verso do soneto As pombas, o poeta Raimundo Correia
escreveu: “Vai-se a primeira pomba despertada”, empregando a partícula de realce se; com
esse emprego, ele evitou a junção “vaia” e obteve um verso decassílabo, preocupação maior
dos parnasianos.
EXEMPLO
Estas frases também foram questionadas no vestibular da Fuvest.
a) Ainda que decorridos tantos anos, não deverão haver dificuldades para a abordagem dos
documentos no Ministério do Trabalho.
b) Já fazem duas semanas que eu e mais cinco alunos do 4º ano estão prestando ajuda
aos funcionários da secretaria.
c) Temos certeza de que V. Exª atendereis o pedido que foi feito pelos governadores do
Nordeste.
A gramática normativa preceitua que os verbos impessoais (haver, fazer, ser etc.) são
conjugados na terceira pessoa do singular. Conjugados com verbos auxiliares, a impessoa-
lidade passa para o verbo auxiliar. Se escrevemos “há provas”, então “pode haver provas”.
Em “A”, significando “existir”, “ocorrer”, ficaria: “... não deverá haver dificuldades...”. Em “B”,
o verbo fazer (indicando tempo) também é impessoal: “Já faz duas semanas...”. Ainda há o
70 • capítulo 3
caso de sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes (eu e cinco alunos),
ocorrendo a predominância da primeira pessoa (eu); o verbo deverá concordar, portanto, na
primeira pessoa do plural: “...que eu e mais cinco alunos do 4º ano estamos prestando
ajuda...”. Em “C”, quando o sujeito é representado por um pronome de tratamento, o verbo
concorda sempre na terceira pessoa: “Temos certeza de que V. Exª atenderá ao pedi-
do...”, uma vez que o verbo “atender” é transitivo indireto e rege preposição a.
CURIOSIDADE
Observe que, quando um verbo auxiliar (dever, ir, poder) se junta a um verbo impessoal, ele
também fica no singular. Ex. – Pode haver novas eleições.
COMENTÁRIO
Lembram-se da silepse de gênero? Agora, temos um exemplo da silepse de número. É a
mesma figura de linguagem que utiliza a concordância. Quando o poeta emprega o sujeito
capítulo 3 • 71
coletivo A multidão, faz-se a concordância imediata no singular, mas o verbo subiram (dis-
tante do sujeito) concorda com a ideia expressa por multidão, com o sentido subentendido
(várias pessoas), daí a silepse de número.
A multid
ão aplaudiu com entusiasmo os jogadores
sujeito verbo
72 • capítulo 3
3.2.2.3 Verbo viver
COMENTÁRIO
A concordância – verbal ou nominal – está ligada aos princípios lógicos que regem a língua
e o pensamento humano. Concordar adequadamente o sujeito com o verbo ou o adjetivo
com o nome pode tornar o texto mais preciso, sem ambiguidades, mas o principal valor da
concordância é social.
Socialmente, existe uma norma de prestígio, que é a norma culta. Em determinadas si-
tuações formais – como falar em público, dar entrevistas para conseguir emprego, falar com
autoridades etc. –, devemos observar essa norma, senão corremos o risco de sermos julga-
dos de forma preconceituosa e de não alcançarmos os nossos objetivos.
E, na norma de prestígio, um dos princípios linguísticos mais notados e exigidos social-
mente é o da concordância.
capítulo 3 • 73
COMENTÁRIO
Um articulista escreveu num jornal: “Para Heráclito e seus discípulos, as palavras são ima-
gens, não dessas imagens comerciais grosseiras que reproduzem os objetos, mas imagens
virtuais perfeitas, como as que se vê na água ou no espelho”. Se as imagens são vistas, o
verbo “ver” deve concordar com o sujeito “as imagens/as”, ficando, então, “...como as que se
veem na água ou no espelho”.
Ainda falta
resolver vários exercícios.
verbo
sujeito oracional
74 • capítulo 3
Fomos nós que falamos.
ATENÇÃO
Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância com o sujeito da oração principal:
Sou eu quem prendo aos céus a terra. (Gonçalves Dias)
Vós sois o algoz que recebeis o cutelo da mão providencial. (Camilo Castelo Branco)
Quando o sujeito contiver as expressões ...de nós, ...de vós ou ...de vocês, deve-
se analisar o elemento que surgir antes dessas expressões:
3.2.2.8.1
Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no singular (qual, quem,
cada um, alguém, algum...), o verbo deverá ficar no singular.
Exs.:
Qual de vós trará o que pedi?
Cada um de vocês deve responsabilizar-se por seus atos.
Nenhuma de nós a conhece.
3.2.2.8.2
Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no plural (quais, alguns,
muitos...), o verbo tanto poderá ficar na 3ª pessoa do plural, quanto concordar
com o pronome nós ou vós.
capítulo 3 • 75
Exs.:
Alguns de nós irão/iremos ao estádio.
Quais de vós trouxeram/trouxestes a chave?
...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passado? (José
de Alencar)
Quando o sujeito for iniciado por uma dessas expressões, o verbo concordará
com o numeral que vier imediatamente à frente.
Ex.:
Mais de uma criança se machucou durante o intervalo.
Cerca de duzentas pessoas morreram no acidente aéreo.
ATENÇÃO
Quando mais de um estiver indicando reciprocidade ou com a expressão repetida, o verbo
ficará no plural.
Ex.: Mais de um parlamentar agrediram-se.
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
Observe que o substantivo vista fica sempre no feminino, como nas expres-
sões ponto de vista, tenham em vista.
76 • capítulo 3
Fernando é um dos que mais reclamam, mas um dos que menos ajudam.
A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. (Machado
de Assis)
Uma das maiores causas de desequilíbrio em nossa sociedade vem da luta
que os homens mantêm contra sua feminilidade, e das mulheres contra a sua
masculinidade. (Theodore Roszak)
b) ir ao plural. Ex.:
O Tietê é um dos rios paulistas que estão poluídos.
capítulo 3 • 77
3.2.2.13 Verbo ser
Não é tarefa fácil sistematizar a concordância do verbo ser, uma vez que, nor-
malmente, ele aparece entre o sujeito e o predicativo, ora concordando com
este, ora com aquele.
3.2.2.13.4 O verbo ser ficará no singular quando o sujeito, no plural, for usa-
do sem determinantes (artigos, pronomes adjetivos, numerais) e o predicati-
vo se encontrar no singular.
Exs.:
Lágrimas é coisa que não o comove.
Greves é próprio de regime democrático.
Os bastidores é só o que me toca. (Correia Garção)
78 • capítulo 3
3.2.2.13.5 Quando o sujeito do verbo ser for o pronome indefinido tudo ou
os demonstrativos neutros isto, isso, aquilo, o, a concordância se fará, de pre-
ferência, com o predicativo.
Exs.:
Isto são sintomas menos graves.
Aquilo eram lembranças de um triste passado.
Observação – Neste caso, embora menos frequente, é admissível a concor-
dância com o sujeito. Ex.: Tudo é flores.
3.2.2.13.6 Fica no singular o verbo ser quando a ele se seguem termos como
suficiente, muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, menos etc.
Exs.:
Seis dias de carnaval é muito, mas os cariocas acham que é pouco.
Dez anos é nada na eternidade.
Cinco quilos é suficiente.
CONEXÃO
Ainda sobre concordância verbal, temos um aglomerado de artigos bons, que tratam especi-
ficamente do assunto. Leia o artigo Português – Concordância verbal, disponível em: <http://
www.portugues.com.br/sintaxe/concorverbal.asp>.
ATIVIDADES
01. Leia esta anedota:
— Mamãe, até que idade sou obrigada a obedecer-te?
— Até teres o critério, a responsabilidade e a maturidade suficientes para te saberes
orientar sozinha na vida.
— Bolas! E essas coisas todas doem muito?
a) Justifique a concordância do adjetivo suficientes no segundo parágrafo.
b) Como ficará a construção se substituirmos esse adjetivo por necessário?
02. Complete adequadamente as lacunas com a palavra que está entre parênteses:
a) Já li o Velho e o Novo ____________. (Testamento)
capítulo 3 • 79
b) “Eis teu romance: ____________ enredo e personagens, mas estilo pobre e imaturo.”
(fantástico)
c) Precisa-se de rapaz e moça devidamente ______________. (habilitado)
d) O caipira e sua esposa ficaram ____________. (desconfiado)
e) Foram reuniões ____________. (entre Itália e Brasil)
f) Muito _______________ — disseram as mulheres afastando-se. (obrigado)
g) Os documentos ____________ devem ser guardados no arquivo 2, pois são sigilosos.
(anexo)
h) As fotocópias ___________________ devem ser juntadas ao processo. (apenso)
Você acha correta a concordância verbal utilizada pelo assessor? Explique por quê.
04. Leia o texto publicado na Revista Gestão Universitária, edição 162, e responda ao que
se pede:
As avaliações em muitas escolas seguem sendo feitas com instrumentos tradicionais, ou
seja, se usa as avaliações tradicionais como instrumento exclusivo para recolher dados sobre
o andamento do processo.
a) Transcreva o trecho em que aparece uma incorreção de concordância verbal.
b) Proceda à correção do trecho e justifique sua resposta.
80 • capítulo 3
REFLEXÃO
Ao estudarmos alguns aspectos da concordância nominal, percebemos o quanto é impor-
tante dominar esse assunto para garantir um texto correto, coeso e coerente. Sempre que
você for falar ou escrever, procure empregar esses casos de concordância, pois, às vezes,
as pessoas não têm essa preocupação, deixando o ouvinte/leitor perplexo com as relações
estabelecidas pelo autor do texto.
Neste capítulo, vimos como é importante, inicialmente, reconhecer o sujeito da oração –
simples, composto, indeterminado e oração sem sujeito –, para depois pensarmos na concor-
dância a ser feita com o verbo. É fundamental também verificar, no caso de sujeito composto,
se vem anteposto ao verbo ou posposto ao verbo.
Assim, quero propor uma breve reflexão para você fazer depois de tudo que vimos neste
capítulo: até que ponto sua percepção da linguagem e da língua portuguesa foi mudada
depois do conteúdo que você estudou aqui?
LEITURA
REICHLER, Claudia. Posição do adjetivo e concordância nominal no sintagma nominal em
Português. Disponível em: <http://falares-deportugal.blogspot.com/2005/12/posio-do-adjetivo-e-
concordncia.html>.
BECHARA, Evanildo. Deixe sua língua em paz. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br/
textos.asp?codigo=11326>.
POSSENTI, Sírio. Casos especiais de concordância. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.
br/textos.asp?codigo=11326>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CEREJA, W. R.; & MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo:
Atual, 1999.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
_________. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
WAGNER. L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de textos. 3. ed. São
Paulo: All Print, 2008.
capítulo 3 • 81
82 • capítulo 3
4
Regência Nominal
e Verbal
A regência é a parte da Gramática Normativa que trata das relações entre os
termos de uma oração, verificando se um termo exige ou não complemento,
isto é, se o verbo for intransitivo, não há necessidade de complemento, mas
se for transitivo exige um complemento sem ou com preposição, dependendo
do contexto.
Na verdade, regência verbal é um dos assuntos que as pessoas têm mais di-
ficuldade em aprender, porém não é impossível de ser assimilado e compreen-
dido. Torna-se difícil, uma vez que aborda vários conhecimentos, desde mor-
fologia (verbos, preposições, crase), sintaxe (classificação dos verbos quanto à
transitividade) e semântica (significação dos verbos). No entanto, você apren-
derá com facilidade o emprego dos principais verbos que utilizamos em nosso
cotidiano. Basta, para isso, atentar para o sentido do verbo nos diversos contex-
tos, uma vez que ele muda de significado e também altera a sua regência.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• reconhecer a importância da regência verbal em língua portuguesa;
• compreender o emprego de dois verbos com regências diferentes;
• empregar corretamente a regência verbal na produção de textos.
84 • capítulo 4
4.1 Regência
Regência é a parte da gramática normativa que trata das relações entre os
termos de uma oração, verificando se um termo exige ou não complemento.
Observe:
I. Nós pedimos sorvete de chocolate.
II. Nós gostamos de sorvete de chocolate.
Sempre que usarmos regência verbal, devemos nos preocupar com a orali-
dade, uma vez que as pessoas aprendem a norma culta da língua e continuam
empregando a norma coloquial. Exemplificando, os alunos aprendem que o
verbo chegar exige a preposição a (chegar à escola, chegar a casa), mas, no dia a
dia, eles dizem normalmente chegar na escola, chegar em casa, exemplos ple-
nos de coloquialidade, uma vez que esse verbo não rege a preposição em.
capítulo 4 • 85
Compare estas frases:
CONEXÃO
Toda vez que empregamos a regência nominal e a verbal, usamos determinadas preposições.
Você pode aprender o emprego de algumas preposições lendo o artigo A regência e o uso
de preposições, disponível no link: <http://www.mundovestibular.com.br>.
Como a predicação verbal já foi estudada em outro módulo, vale, aqui, re-
lembrarmos a classificação dos verbos, pois precisaremos a todo momento
desse assunto.
a) Verbo intransitivo – não exige complemento, possui sentido completo.
Exs.:
Chegamos finalmente a Salvador.
Todos subiram à escadaria da Penha.
86 • capítulo 4
c) Verbo transitivo indireto – exige complemento verbal com preposição.
Exs.:
Os alunos já assistiram a esse filme.
Eles não obedecem ao regulamento.
4.2 Agradar
4.2.1 VTD = contentar, fazer carinhos, acariciar
Exs.:
A mãe agrada os filhos.
Ele agradou o chefe com presentes.
Quando cresci e tentei agradá-la, recebeu-me suspeitosa e hostil.
(Graciliano Ramos)
Exs.:
O espetáculo não agradou ao público.
A peça agradou inteiramente à plateia.
Vicente desviou o assunto, que não lhe agradava. (Raquel de Queirós)
capítulo 4 • 87
4.3 Aspirar
4.3.1 VTD = respirar, sorver
Exs.:
Nós aspiramos o perfume das flores. (Nós o aspiramos.)
As crianças aspiram o ar do campo. (As crianças o aspiram.)
Há máquinas que aspiram o pó do assoalho. (J. Mesquita de Carvalho)
Exs.:
Nunca aspirei a nenhum cargo público. (Nunca aspirei a ele.)
— Você já aspirou a esse emprego?
— Não, nunca aspirei a ele.
Dizia que era a maior dignidade a que podia aspirar. (Machado de Assis)
ATENÇÃO
O verbo aspirar não aceita lhe, lhes como complemento, mas apenas a ele, a ela, a eles, a
elas. Ex. – O cargo está vago. Muitos aspiram a ele.
4.4 Assistir
4.4.1 VTD ou VTI (preposição a) = ajudar, prestar assistência
Exs.:
O jovem assistiu o/ao pai no mercado.
A enfermeira assistiu os/aos pacientes.
E felizes foram, retorquiu-lhe o castelhano, porque tiveram V. Revma. Para
assisti-los nos seus últimos momentos. (Alphonsus de Guimaraens)
Observação – Nesta acepção, o verbo pode ser usado na voz passiva: “O
doente é assistido pelo médico.”; “Os missionários são assistidos por Deus.”
88 • capítulo 4
4.4.2 VTI (preposição a) = ver, presenciar
Exs.:
Não assisto a esse programa de televisão.
— Vocês já assistiram à novela das 9 horas?
— Sim, já assistimos a ela.
Não é propósito nosso descrevermos uma corrida de touros. Todos têm
assistido a elas... (Rebelo da Silva)
Nesta acepção, o verbo assistir não aceita lhe, lhes como complemento, mas
apenas a ele, a ela, a eles, a elas. Ex. – As cenas foram fortes, por isso não quero
voltar a assistir a elas.
EXEMPLO
Parece até que se pretende perpetuar este estado de coisa e definitivamente continuarmos na
“rabeira” do mundo, assistindo o sucesso dos outros, como meninos assistindo o desfile dos
“bons”. Será que é isto que nosso povo merece?
Jornal de Brasília, 5/11/2007 – Brasília DF
Observe como o Jornal de Brasília publicou esse texto, empregando duas vezes a forma
verbal assistindo. Você concorda com essa regência verbal? Justifique por quê.
Exs.:
Esse é um direito que assiste ao povo.
Esse é um direito que lhe assiste.
Evidentemente não lhe assistia razão para reclamar.
Exs.:
Nós assistimos no interior de São Paulo.
Sou obrigado por esta desgraçada posição de deputado a assistir mais al-
gum tempo na capital. (Camilo Castelo Branco)
Ele sempre assistiu em São Luís.
capítulo 4 • 89
PERGUNTA
Agora, responda à questão: Um comentarista esportivo, irritado com a atuação do bandeiri-
nha durante uma partida de futebol, protestou assim:
O bandeirinha é pago para assistir o juiz e não ao jogo.
O que significa o protesto desse comentarista?
4.5 Chamar
4.5.1 VTD (mandar vir)
Exs.:
A família chamou o médico.
Ninguém o chamou aqui, moço.
Exs.:
Eles chegaram a casa de madrugada.
Os alunos foram ao cinema?
90 • capítulo 4
Nem todos voltaram à escola.
Os migrantes retornaram a suas casas.
No pomar, sempre subíamos às árvores.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Vamos reconhecer e analisar as incorreções deste período?
Fomos eu e Vanderleia tomar um chopes na Mooca; depois, fomos ter no Largo Pais-
sandu cujo cinema assisti o filme Lágrimas de amor. É muito comum ouvirmos esse tipo de
concordância: “um chopes”; se o numeral cardinal “um” indica singular, então só pode ser “um
chope”, assim como “um pastel”. O verbo ir – mesmo intransitivo – rege a preposição a quan-
do for usado um adjunto adverbial; portanto, “fomos ter ao Largo Paissandu” (ou “chegamos
ao Largo Paissandu). O pronome relativo cujo concorda corretamente com o consequente
“cinema”, mas tem como antecedente um locativo (Largo Paissandu) que acaba exigindo a
preposição em: “em cujo cinema”. Como o verbo assistir possui quatro sentidos diferentes,
no período acima, significa ”ver, presenciar”, regendo a preposição a, como preceitua a norma
culta; logo, “assisti ao filme”.
capítulo 4 • 91
4.7 Custar
4.7.1 VTD (ter valor de)
Exs.:
“A imprudência custou-lhe a vida.”
Esta obrigação custou-lhe lágrimas, mas não hesitou um instante. (Camilo
C. Branco)
A imprudência custou-lhe lágrimas amargas e três anos de prisão.
Exs.:
Custou ao aluno aceitar o fato. (sujeito oracional = “aceitar o fato”.)
Custa-me dizer que saí de lá encantado. (M. de Assis) (sujeito oracional =
“dizer”)
Custa-lhe reconhecer um rosto que se aproxima sorrindo. (Aníbal Machado)
Exs.:
Esquecemos o material.
Lembrei o seu nome.
92 • capítulo 4
4.8.2 VTI (pronominal) – preposição de
Exs.:
Esquecemo-nos do material.
Lembrei-me do seu nome.
Exs.:
Esqueceu-me aquele acidente.
Lembraram-me os dias felizes da infância.
Ainda me lembram as palavras dele. (Mário Barreto)
CONEXÃO
Leia o texto publicado na revista Língua Portuguesa (2005, nº 2, p. 42): A travessia de quem
quer “chegar a”.
capítulo 4 • 93
4.9 Informar/avisar/certificar/notificar/
prevenir
Exs.:
Informei-o do acontecimento. Informei-lhe o acontecimento.
O governo informou aos representantes que o país está em paz.
(Silveira Bueno)
Em todas as povoações o informavam de que o duque passara duas horas
antes. (Camilo Castelo Branco)
Exs.:
Informei-me de tudo o que me poderia ser útil.
EXEMPLO
Normalmente, os jovens empregam frases semelhantes a esta: Eu estava namorando com
uma garota que eu gostava muito, mas ela terminou comigo. Por analogia ao verbo simpatizar
(quem simpatiza simpatiza com alguém), as pessoas empregam o verbo namorar com a
mesma preposição, uma vez que ela não existe, pois o verbo é transitivo direto (quem namora
namora alguém). Uma revista também trouxe esta notícia: “Frank, quem diria, largou Ava
Gardner para namorar com Mia Ferrow”. (= “...namorar Mia Ferrow.”). Já o verbo gostar, no
exemplo citado, no sentido de “amar”, é transitivo indireto, regendo a preposição de (quem
gosta gosta de alguém ou de alguma coisa). Como o antecedente do pronome relativo é
“garota” (pessoa), poder-se-ia usar o pronome relativo quem, com maior propriedade: “...com
uma garota de quem eu gostava muito,...”. Vale lembrar que o verbo “terminou”, no texto,
significa “rompeu o namoro”.
94 • capítulo 4
4.10 Implicar
4.10.1 VTI ( preposição com) = ter implicância
Exs.:
As professoras implicaram com ele.
Ninguém implica comigo.
Exs.:
A presença de guarda no condomínio implica segurança.
O estudo profundo das ciências implica a prévia aquisição de múltiplos co-
nhecimentos. (F. Fernandes)
Não há máquina que não implique aplicação maior ou menor de ferro.
(Monteiro Lobato)
ATENÇÃO
O verbo implicar-se (pronominal) rege preposição em, pois é transitivo indireto. Ex. – Depois
que principiou a implicar-se em negócios internacionais, sua empresa entrou em crise.
capítulo 4 • 95
COMENTÁRIO
O Regulamento do Concurso de Contos do Estadão (nov./2003) trazia esta instrução: “6.3 –
O envio de um e-mail incluindo o conto inscrito implica na aceitação tácita das normas deste
regulamento”. Difícil é aceitar tacitamente a regência incorreta!
Exs.:
Todos obedeciam ao regulamento.
Alguns motoristas desobedecem às leis de trânsito.
Os coqueiros eram senhores a que os trabalhadores obedeciam. (Ledo Ivo)
PERGUNTA
Duas garotas andavam pela estrada quando uma delas leu esta placa: OBEDEÇA O SINAL.
– Aquela placa está errada. Só se obedece a alguém ou a alguma coisa. Dirigiu-se ao
local da placa e acrescentou a preposição A: OBEDEÇA AO SINAL.
– Será que é por isso que ninguém obedecia ao sinal?
4.12 Pagar/perdoar/agradecer
4.12.1 VTD (complemento = coisa)
Exs.:
Pagamos nossas contas.
Perdoei suas ofensas.
O suborno envilece tanto a mão que o paga como a que recebe. (Rui Barbosa)
96 • capítulo 4
4.12.2 VTI (complemento = pessoa) (preposição a)
Exs.:
Já paguei aos colegas.
Maurício, já lhe perdoei.
A mulher do seleiro pagou-lhe, e ele arrumou-se para sair. (José Lins do Rego)
ATENÇÃO
Mesmo como transitivo indireto, o verbo perdoar admite voz passiva analítica. Ex. – Eu sempre
perdoei aos colegas. = Os colegas sempre foram perdoados por mim.
Exs.:
Paguei os honorários ao advogado.
Ela não lhes perdoará o desprezo com que a tratam.
Agradeci-lhe o convite.
ESTUDO DE CASO
Leia estes períodos retirados de jornais e revistas:
I. “Concordamos, por consenso, que, para obter o melhor resultado possível, pagaremos
melhor aqueles craques.”
II. “PERDOAI OS FRACOS DE MEMÓRIA, PORQUE ELES TERÃO UMA NOVA CHANCE.”
III. “O presidente Fernando Henrique Cardoso esteve juntamente com representantes do
governo japonês, no último dia 20 de junho, em Rondônia, onde agradeceu os imigrantes
pela participação no desenvolvimento do nosso país.”
Quando empregamos os verbos pagar, perdoar e agradecer, devemos observar os
seus complementos: se for uma “coisa”, será sempre objeto direto, e, se for uma “pessoa”,
funcionará como objeto indireto, regendo a preposição a. Nos três exemplos dados, os com-
plementos verbais são “pessoas” (“aqueles craques”, “os fracos” e “os imigrantes”), por
isso devem ser usados com preposição a: “...pagaremos melhor àqueles craques”, “Perdoai
aos fracos de memória,...” e “...agradeceu aos imigrantes...”. Na língua cotidiana, encontra-se
muito este último caso: “Técnico do Japão agradece o Brasil pela ‘febre’”.
capítulo 4 • 97
4.13 Preferir
4.13.1 VTDI (preposição a)
Exs.:
Algumas pessoas preferem jiló a camarão.
À escravidão os negros preferiam a morte.
Prefere rezar na mais humilde das igrejas a ir rezar na Acrópole.
(Agripino Grieco)
COMENTÁRIO
Observe, agora, como o filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu este pensamento com
o verbo preferir: Existem seres raros, que preferem morrer a trabalhar sem prazer no trabalho:
são aqueles seletivos, difíceis de satisfazer, aos quais não serve uma boa renda, se o trabalho
mesmo não for a maior de todas as rendas.
CURIOSIDADE
No prefixo pre-, já existe a ideia de anterioridade; daí não haver propriedade o uso de modi-
ficadores tais como: mais, muito mais, mil vezes, antes etc.
Preferir morrer a fugir como covarde. (Mário Barreto)
4.14 Proceder
4.14.1 V Intransitivo = não ter fundamento
Exs.:
Esqueça o assunto, pois esse fato não procede.
Como a queixa não procedia, ela foi arquivada. (Celso Luft)
98 • capítulo 4
4.14.2 V Intransitivo (preposição de) = originar-se
Exs.:
Alguns procediam da capital, nós procedíamos do interior.
O Espírito Santo procede do Pai e do Filho. (Dicionário Mirador)
Exs.:
O diretor procederá à reunião no horário marcado.
A Caixa Econômica procedeu ao sorteio dos números da loto.
Depois convidou-os a procederem à nomeação do secretário. (J. Felício
dos Santos)
4.15 Responder
4.15.1 VTI (preposição a) = dar resposta, corresponder a uma
pergunta
Exs.:
Você já respondeu à carta que recebeu ontem?
Procurem responder a todas as questões da prova.
Natural é que o leitor faça tais perguntas, às quais temos obrigação de res-
ponder. (Alexandre Herculano)
ATENÇÃO
O verbo responder não admite lhe, lhes como complemento, mas apenas a ele, a ela, a
eles, a elas. Ex.: Recebi ontem a carta, mas ainda não tive tempo de responder a ela.
capítulo 4 • 99
4.16 Simpatizar / antipatizar
4.16.1 VTI (preposição com) – não são pronominais
Exs.:
Simpatizei com você, mas não simpatizei com eles.
A garota antipatizou com o rapaz à primeira vista.
O país inteiro simpatizou com este princípio. (Rui Barbosa)
ATENÇÃO
Por analogia a esses verbos, emprega-se o verbo namorar com a mesma regência, o que
torna a linguagem coloquial, uma vez que o verbo é transitivo direto: Pedro namora Helena.
...como se quisessem namorar todas as moças da vizinhança. (Machado de Assis)
4.17 Visar
4.17.1 VTD = mirar; pôr o visto
Exs.:
O policial visou o alvo e atirou.
Filipe dos Santos ficou imobilizado por dezenas de bacamartes que visa-
vam o seu peito. (Viriato Corrêa)
Exs.:
Todos visavam ao progresso da nação.
Muitos visam (a) resolver tudo sozinhos. (antes de verbo no infinitivo:
resolver)
100 • capítulo 4
Quem sabe se aquele homem não havia particularmente visado à sua [= dela]
fortuna, aos bens que lhe constituíam quantioso dote? (Visconde de Taunay)
ATENÇÃO
O verbo visar não admite lhe, lhes como complemento, mas apenas a ele, a ela, a eles, a
elas. Ex.: O poder envaidece; por isso todos visam a ele.
capítulo 4 • 101
PERGUNTA
Leia, atentamente, este período publicado em um jornal, a respeito da minissérie Hil-
da Furacão:
Segundo ela, Hilda estaria vivendo hoje nos Estados Unidos, assistiu e gostou dos pri-
meiros capítulos da sua história. Qual problema de regência encontramos neste enunciado?
CONEXÃO
Para escrever corretamente, precisa-se desse conhcimento prático dos verbos que apre-
sentam vários sentidos e regem determinadas preposições. Aprenda novos exemplos com
a leitura do artigo Regência em sentido amplo, disponível no link: <http://www.pucrs.br>.
CONCEITO
Entre os diversos vícios de linguagem, há o solecismo, que consiste em qualquer desvio
de sintaxe. Exemplos: Houveram muitos desistentes. (Houve = erro de concordância); Sem-
pre obedeço os mais velhos. (aos = erro de regência); Tinha dito-lhe a verdade. (Tinha-lhe
dito = erro de colocação).
102 • capítulo 4
ATIVIDADES
01. Corrija os textos extraídos de revistas e de jornais:
a) Quando cheguei em casa, ouvi a resposta mais equacionária da minha vida.
b) Correr na praia, jogar uma partida de futebol, assistir uma boa peça e ir num cinema.
c) Dos paulistanos inquiridos pelo Data-folha, 68% dizem costumar assisti-lo.
d) Torcia para que a polícia não os prendesse, mas eles foram espertos, pagaram advoga-
dos e se entregaram.
e) Felizmente alguém se lembrou que os pés das mulheres não são iguais aos dos homens.
f) ...informando aos seus integrantes sobre as várias mudanças que estão ocorrendo...
02. “Esqueça-se de mim. Mude. Mas... não esqueça de dar-me o novo endereço.”
Explique se a regência do verbo esquecer, nas duas ocorrências, está de acordo com o
rigor da norma culta.
Com base nas considerações acima, identifique, no trecho a seguir, a passagem em que
ocorre um problema de regência verbal:
Gentil de Araújo, motorista do caminhão que parou o avião na marginal do rio Tietê, há
20 anos trabalha nas estradas do país dirigindo caminhões para transportadoras. Durante
todo esse tempo, diz que já viu muitos acidentes. Mas nenhum se compara, afirma, ao que
capítulo 4 • 103
ele esteve envolvido ontem pela manhã. “Na estrada a gente vê de tudo. Já vi um barco cair
de uma carreta e amassar um Fusca. Só faltava ter visto um avião bater em meu caminhão.
Quando contar para os meus amigos, muitos não vão acreditar.
REFLEXÃO
Você percebeu como é importante reconhecer a transitividade e a significação dos verbos,
para aplicar corretamente a regência verbal para que possamos escrever e falar corretamen-
te. Você agora tem conhecimento da importância das relações estabelecidas entre os verbos
e seus complementos preposicionados ou não. Procure empregar sempre esses verbos tan-
to na linguagem oral como na escrita. Além disso, procure observar as publicidades de re-
vistas e de jornais que trazem a regência verbal incorreta, quer pela ausência da preposição,
quer pelo emprego de dois verbos com regência distinta, mas com apenas uma preposição.
LEITURA
WAGNER, L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de textos. 3. ed. São
Paulo: All Print, 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CEREJA, W. R.; & MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo:
Atual, 1999.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
_____________. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
WAGNER. L. R. Use o português adequado: aspectos gramaticais e análise de textos. 3. ed. São
Paulo: All Print, 2008.
104 • capítulo 4
5
A Importância
da Pontuação
para Construção
do Sentido do
Enunciado
A entonação (também chamada de entoação) é a alteração no tom da voz utiliza-
da na fala que incide sobre uma palavra ou oração. Sintaticamente, utilizamos a
entonação para indicar surpresa ou mesmo uma ironia, e ainda para distinguir
uma frase declarativa de uma interrogativa. Nos textos escritos, quem faz esse
papel são os sinais de pontuação. Eles servem para demarcar pausas na fala,
como é o caso da vírgula e do ponto e vírgula; ou entonações, como as demar-
cadas pelo ponto de exclamação e interrogação. Além da pausa e da entonação,
os sinais de pontuação servem para reproduzir, na escrita, nossos sentimentos,
nossas emoções, nossos anseios.
Sabemos que existem regras específicas de uso de cada um dos sinais de
pontuação, isso porque os sinais de pontuação servem para conferir sentido ao
texto lido. Por isso eles são de extrema importância na construção do sentido:
pois o uso indevido dos sinais de pontuação gera problemas da ordem do sen-
tido expresso no texto.
São vários os critérios que estabelecem a qualidade de um texto: coesão,
coerência, clareza, uso correto da norma culta, bom domínio do conteúdo. Mas
em muitas situações, quem confere o sentido ao texto, são os sinais de pon-
tuação. Sendo assim, para redigirmos bons textos, textos inteligíveis, devemos
dominar o uso dos sinais de pontuação e assim não criarmos problemas de en-
tendimento para o leitor.
OBJETIVOS
Nesse capítulo, temos como objetivos:
• Conhecer a história dos sinais de pontuação;
• Conhecer as regras de uso dos sinais de pontuação;
• Produzir textos corretos e eficientes;
• Identificar a importância dos sinais de pontuação para a construção do sentido do texto.
106 • capítulo 5
5.1 Sinais de pontuação
Antes de nos aprofundarmos no estudo dos sinais de pontuação, vamos refletir
sobre o texto abaixo:
Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena e escreveu assim:
“Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a con-
ta do alfaiate nada aos pobres”
“Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a
conta do alfaiate. Nada aos pobres.”
“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a
conta do alfaiate. Nada aos pobres.”
Claro que as duas formas de pontuar o texto acima deixariam o alfaiate in-
dignado, que, por sua vez, faria a pontuação de forma diferente:
“Deixo meus bens à minha irmã? Não. A meu sobrinho? Jamais! Será paga a
conta do alfaiate. Nada aos pobres.”
E se o desejo do falecido fosse deixar sua herança aos pobres? Bem, então
teríamos que pontuar o texto do seguinte modo:
“Deixo meus bens à minha irmã? Não. A meu sobrinho? Jamais! Será paga a
conta do alfaiate? Nada! Aos pobres.”
capítulo 5 • 107
Percebemos que temos quatro formas diferentes de pontuar o mesmo enun-
ciado, sem nem ao menos modificar a ordem das palavras, dando ao enuncia-
do quatro sentidos diferentes. Isso só comprova a importância dos sinais de
pontuação na construção do sentido do enunciado: sem a adequada pontuação
nunca saberíamos a quem se destina a herança.
O porquê do surgimento dos sinais de pontuação você já deve imaginar,
mas em que momento do processo de desenvolvimento da escrita eles sur-
giram? Quais as regras de uso dos sinais de pontuação? Passaremos agora a
essa discussão.
A maioria dos sinais de pontuação surge na Europa, entre os séculos XIV e XVII.
Surgem para facilitar a leitura e entendimento dos textos. A impressão tipográ-
fica tem uma séria relevância no processo de surgimento dos sinais de pontua-
ção, porque a leitura passa a ter um acesso maior com a impressão de livros.
Antes, apenas monges e clérigos tinham a possiblidade de leitura. Com a popu-
larização da leitora, foi preciso adequar os textos à leitura, e por isso surgem os
sinais de pontuação. Assim, os sinais de pontuação dão clareza à frase, evitam
ambiguidade e ajudam na entonação.
Contudo, já no antigo Egito se tem o uso do ponto final, principalmente em
textos poéticos, com o intuito de simplificar a leitura dos complexos hierógli-
fos. No entanto, conforme o leitor se tornava fluente na leitura, os pontos iam
sendo retirados.
O interessante dos sinais de pontuação é que, ao contrário do vocabulário,
por exemplo, não se adequa ao gênero textual: independente do gênero, os si-
nais de pontuação continuam os mesmo, e as regras de uso também.
Apesar do estudo dos sinais de pontuação ser da alçada da Fonologia, fare-
mos um paralelo com a Sintaxe, visto que a pontuação é caráter de suma impor-
tância na construção de frases e orações.
Os sinais de pontuação podem ser classificados em dois grupos: o primeiro
grupo compreende os sinais que, fundamentalmente, se destinam a marcação
as pausas: a) a virgula(,) b) o ponto (.) c) o ponto e vírgula (;) o segundo grupo
abarca os sinais cuja função essência é marcar a melodia, a entoação: a) os dois
108 • capítulo 5
pontos (:) b) o ponto de interrogação (?) c) o ponto de exclamação (!) d) as reti-
cências (...) e) as aspas (" ") f) os parênteses (( )) g) os colchetes ([ ]) h) o travessão
( — ) (CUNHA, 2008, p. 373).
Passaremos agora ao estudo dos sinais de pontuação.
AUTOR
José Paulo Paes Nasceu em Taquaritinga, interior de São Paulo, em 1926. Estudou química
industrial em Curitiba, onde publicou seu primeiro livro de poemas, O aluno, em 1947. Traba-
lhou num laboratório farmacêutico e numa editora de livros, aposentando-se em 1981 para
poder dedicar-se inteiramente à literatura. Publicou mais de dez livros de poesia, inclusive
para o público infanto-juvenil, e foi colaborador regular na imprensa literária. Destacou-se
também como ensaísta e tradutor de poesia. Morreu na capital do estado, em 1998.
EXEMPLO COMENTADO
Atenha-se a uma análise da criação artística em evidência, registrando suas impressões a
partir da analogia feita entre a temática dominante na época e a intencionalidade discursiva
do poeta, sobretudo pelo farto emprego dos sinais de pontuação.
Canção do exílio facilitada
lá? O caráter enfático, ora atribuído aos si-
ah! nais de pontuação, serve para realçar a in-
sabiá... tencionalidade discursiva manifestada pelo
papá... emissor, uma vez caracterizada pelo tom
maná... irônico. José Paulo Paes, integrando a era
sofá... modernista, sob um tom jocoso, revelou sua
sinhá... indignação ao nacionalismo exagerado, tão
cá? presente na concepção de Gonçalves Dias,
bah! com sua Canção do Exílio.
José Paulo Paes
capítulo 5 • 109
5.2 As frases e a pontuação
Como já foi dito anteriormente, a frase é o conjunto de palavras, que se orga-
nizam de forma a produzir um sentido em um contexto comunicativo. Pelo es-
tudo da Sintaxe, vimos que essas palavras precisam ser organizadas de acordo
com algumas regras. Na oralidade, temos alguns recursos que garantem a orde-
nação dessas palavras, como a entonação, a melodia, as pausas e até mesmo os
silêncios. Esses recursos são utilizados para que a frases se articulem significa-
tivamente, ou seja, para imprimir sentido à frase. Assim, na fala, esses recursos
vocais não podem ser retirados ou omitidos, pois isso acabaria por dificultar,
ou até impossibilitar, o entendimento do enunciado.
Já na língua escrita, os recursos vocais utilizados na oralidade dão espaço a
um sistema de sinais visuais. Esses sinais visuais, ou sinais de pontuação, man-
tém certa correspondência com os recursos vocais, e tem a função de organizar
as frases na construção dos textos escritos. Compreender o uso dos sinais de
pontuação é perceber a o seu papel organizador da língua escrita. É importante
ressaltar que os sinais de pontuação não representam as pausas e melodias da
língua falada, por isso dissemos que eles mantêm certa correspondência com
os recursos vocais. Os sinais de pontuação participam da organização lógica do
texto escrito de forma parecida com o modo como os recursos vocais partici-
pam da oralidade. Sendo assim, para compreender o uso dos sinais de pontua-
ção, devemos pensar na organização sintática e significativa das frases escritas.
Sendo assim, para estudarmos os sinais de pontuação, vamos retomar os
estudos da Sintaxe, assim poderemos perceber que ao entender a organização
sintática da Língua Portuguesa fica muito mais simples compreender o uso dos
sinais de pontuação e da importância deles na construção dos significados das
frases. Isso irá garantir a produção de textos mais corretos e eficientes.
110 • capítulo 5
5.2.1.1 Ponto final (.)
ATENÇÃO
Há frases em que a pergunta é feita de modo indireto, são as chamadas frases interrogativas
indiretas. No caso desse tipo de frase, utiliza-se o ponto final.
Ex.: Quero saber o você pretende com estas insinuações.
Desejo saber se você aceita um copo de suco.
capítulo 5 • 111
N ão é um monstro, é um demônio !
emoção
Vou − me embora, já, já !
emoção
− Saia do meu quarto !
ordem
112 • capítulo 5
a) Para introduzir uma enumeração.
Ex.:
Este aluno pratica vários esportes: futebol, natação, voleibol, tênis
e basquetebol.
b) Antes de citações.
Ex.:
Por toda rigidez acerca dos pensamentos do século XIX, Nietzsche disse: “E
falsa seja para nós toda verdade que não tenha sido acompanhada por uma gar-
galhada”. (http://www.brasilescola.com/gramatica/doispontos.htm)
5.2.1.6 Travessão
capítulo 5 • 113
Ela: – Entender o quê?
Ele: – Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela: – Falar então de quê?
Ele: – Por exemplo de você.
Ela: – Eu?!”
MULTIMÍDIA
Assista ao filme “A hora da estrela”, baseado na obra de mesmo nome da escritora brasileira
Clarice Lispector, disponível em https://youtu.be/376JgN-2cEc. A obra narra as desven-
turas de Macabéa, uma moça
sonhadora e ingênua, recém-
chegada do Nordeste ao Rio de
Janeiro, às voltas com valores e
cultura diferentes. Macabéa leva
uma vida simples e sem gran-
des emoções. Começa a namo-
rar Olímpico de Jesus, que não
vê nela chances de ascensão
social de qualquer tipo. Assim
sendo, abandona-a para ficar
com Glória (colega de trabalho
de Macabéa), cujo pai era açou-
gueiro, o que sugeria ao ambi-
cioso nordestino a possibilidade
de melhora financeira.
AUTOR
Clarice Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro
de 1977) foi uma premiada escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira
114 • capítulo 5
— e declarava, quanto à sua brasilidade, serpernambucana —, autora de romances, contos
e ensaios e considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes doséculo XX. Sua
obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, sendo considerada
uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do
cotidiano. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector)
Álvares de Azevedo
5.2.2 A vírgula
capítulo 5 • 115
Vamos então pensar nos termos essências da oração e a pontuação.
A vírgula nunca deve separar o sujeito de seu predicado, a menos que haja um
termo intercalado, que, nesse caso, deverá vir separado por vírgulas.
O sujeito e o predicado são termos essenciais da oração porque são a base
de construção das orações em língua portuguesa. Sendo assim, a relação que
mantêm entre si não deve ser rompida por uma vírgula, mesmo quando o sujei-
to seja muito longo ou venha posposto ao verbo.
Ex.:
Várias tentativas de estabelecer uma nova relação entre os setores prrodutivo e financeiro
sujeito
resultaram em fracasso.
predicado
Ocorreram
diversas manifestações contra a corrupção.
prredicado sujeito
Veja que no exemplo anterior, “Os ministros” funciona como sujeito da ora-
ção, e “encaminharam um pedido coletivo de demissão” é o predicado. “Ontem
à noite” é um adjunto adverbial que vem intercalado, ou seja, interposto entre o
sujeito e o predicado, por isso a expressão deve ser separada por vírgulas, para
demarcar que aquele não é o lugar comum dela, visto que, pela estrutura mais
usual da língua portuguesa, temos a construção
116 • capítulo 5
Sujeito –Verbos – complementos
ATENÇÃO
Veja que, caso não houvesse a vírgula em “O homem velho, aborrecido, afastou-se devagar”,
haveria mudança na função sintática do termo aborrecido, que passaria a ser um adjun-
to adnominal
O homem velho aborrecido afastou-se devagar.
capítulo 5 • 117
E qual a diferença de sentido entre os enunciados?
Bem, o predicativo do sujeito imprime uma características transitória ao sujeito, ou seja,
no primeiro enunciado, o velho afastou-se e estava aborrecido naquele momento. Já o adjun-
to adnominal imprime uma característica permanente ao termo a que se liga. Interpretaría-
mos o enunciado sem vírgula como sendo aborrecido uma característica comum ao velho, ou
seja, ele estava sempre aborrecido, não apenas por ocasião de determinado acontecimento.
118 • capítulo 5
5.2.2.9 Complementos verbais ou nominais formados por mais de um núcleo
Os frequentes termos
de baixo calão do deputado governista
adjunto núcleo do adjunto adjunto adno min al
adno min al sujeito adno min al
evidenciam seu
pleno despreparo.
adjunto
adjunto
adno min al adno min al
capítulo 5 • 119
5.2.2.13 Adjuntos Adverbias
á
L vão os meninos birrentos.
adjunto
adverbial
5.2.2.14 Aposto
O aposto deve sempre ser separado por vírgulas do termo a que faz referência.
Menos o aposto especificativo, que não é marcado por sinais de pontuação.
Ex.:
Seus medos, bobas inseguraças, estavam tomando conta dos seus pensamentos.
aposto
O compositor Caetano Veloso esteve acamado nos últimos meses.
aposto especiificativo
5.2.2.15 Vocativo
O vocativo deve vir sempre separado por vírgulas, independente da posição que
ocupe na frase.
120 • capítulo 5
Ex.:
CONEXÃO
Para aprofundar seus conhecimentos sobre os Sinais de Pontuação e seus usos, leia o texto
Pontuação, disponível em: http://www.normaculta.com.br/pontuacao/.
ATIVIDADES
01. Com relação aos períodos a seguir, aponte a diferença de significado existente en-
tre eles:
I. O cão desvairado vinha em nossa direção.
II. O cão, desvairado, vinha em nossa direção.
02. Usando apenas uma vírgula, pontue a frase a seguir de duas maneiras distintas, de modo
que tenham sentidos diferentes.
Se o homem soubesse o valor que tem sua mulher andaria de rastos à sua procura.
capítulo 5 • 121
03. No texto abaixo, omitiu-se os sinais de pontuação. Reescreva-os, pontuando
-os adequadamente.
Entro na venda para comprar uns anzóis e o velho está me atendendo quando chega
um menino da roça com um burro e dois balaios de lenha fica ali parado esperando o velho
parece que não o vê mas afinal olha as achas com desprezo e pergunta quanto o menino
hesita coçando o calcanhar de um pé com o dedo de outro quarenta o homem da venda não
responde vira a cara aperta mais os olhos miúdos para separar os anzóis pequenos que eu
pedi (Rubem Braga)
04. Pontue adequadamente as frases abaixo, usando a vírgula, e justifique seu emprego:
a) A medida foi aplicada no entanto não resolveu o problema.
b) Durante o jantar o assunto foi esse.
c) Ele preferia os salgados e eu os doces.
d) Havia contudo inconvenientes sérios.
e) Visitarei Recife Fortaleza Salvador e Maceió.
REFLEXÃO
É provável que você, no decorrer do estudo dos sinais de pontuação, tenha parado pra pen-
sar que por vezes nem nos damos conta da importância do uso desses sinais e como eles
contribuem de forma significativa para a construção do sentido do texto. Vimos, por meio de
diversos exemplos, que, sem o sinal de pontuação adequado, um texto pode perder comple-
mente o significado que gostaria de imprimir a ele o seu enunciador. Além disso, entender
como os sinais de pontuação se relacionam com os termos da oração nos auxilia no processo
de apreender as regras de uso desses sinais gráficos tão importantes para a elaboração de
bom texto.
122 • capítulo 5
LEITURA
NASCIMENTO, Renata Ferreira dos Santos. A Importância Dos Sinais De Pontuação Na Fluência
Da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-dos-
sinais-de-pontuacao-na-fluencia-da-lingua-portuguesa/103844/#ixzz3hR8nlFnW>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Celso. Gramática do Português contemporâneo. 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2008.
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. 5 ed. São Paulo: Scipione, 1999.
ROCHA LIMA. Gramática da Língua Portuguesa. 36 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática. 14 ed. São Paulo: Atual, 1990.
TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. 6 ed. São Paulo: Scipione, 2011.
GABARITO
Capítulo 1
01.
a) Para todos os verbos em negrito, temos sujeito oculto ou desinencial EU.
b) Faças- verbo no modo imperativo, sujeito oculto ou desinencial
Há- oração sem sujeito
É- sujeito a vida
Aquece- sujeito Sol estático
Contam- sujeito As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais
Capítulo 2
capítulo 5 • 123
Achei verbo transitivo direto
eram verbo de ligação
nasceram verbo intransitivo
ficaram verbo transitivo direto
esperando verbo transitivo direto
vi verbo transitivo direto
misturaram- verbo intransitivo
voltou- verbo intransitivo
mover - verbo intransitivo
02.
a) “A falta de dinheiro é a raiz de todos os males.” (George Bernard Shaw)
Predicado nominal
b) “Nossas riquezas ultrapassam o lado material.” (Machado de Assis)
Predicado verbal
c) “A temperança é um dos maiores prazeres.” (Goethe)
Predicado nominal
d) “O coração não tem rugas.” (Madame de Sévigné)
Predicado verbal.
e) “Cada lágrima ensina-nos uma verdade.” (Ugo Fóscolo)
Predicado verbal
03. Pus o meu sonho (objeto direto) num navio (adjunto adverbial)
e o navio em cima do mar;( adjunto adverbial)
– depois, abri o mar ( objeto direto) com as mãos, (adjunto adverbial)
para o meu sonho( sujeito) naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas (predicado nominal)
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos (adjunto adnominal)
colore as areias desertas. (objeto direto)
O vento vem vindo de longe,( adjunto adverbial)
a noite se curva de frio; ( adjunto adverbial)
debaixo da água, ( adjunto adverbial) vai morrendo
meu sonho (sujeito), dentro de um navio..., (adjunto adverbial)
Chorarei (predicado) quanto for preciso,
para fazer com que o mar (sujeito) cresça,
e o meu navio chegue ao fundo (predicado verbal)
124 • capítulo 5
e o meu sonho (sujeito) desapareça.
Depois, (adjunto adverbial) tudo (sujeito) estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.(adjunto adnominal)
04.
a) Sim, pois explica algo sobre a aeomoça.
b) Ambos os termos são vocativos.
05. Os teus olhos espalham luz divina (objeto direto),
A quem a luz do Sol(adjunto adnominal) em vão (adjunto adverbial) se atreve:
Papoula, ou rosa delicada(adjunto adnominal), e fina,
Te (objeto direto) cobre as faces, que (sujeito, pois retoma as faces) são cor
de neve.
Os teus ( adjuntos adnominais) cabelos são uns fios d’ouro (predicativo do sujeito);
Teu lindo (adjuntos adnominais) corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não (adjunto adverbial) fez o Céu (objeto direto), gentil pastora (vocativo),
Para glória de Amor (adjunto adverbial) igual tesouro.
Graças, Marília bela (vocativo),
Graças à minha Estrela (objeto indireto)!
Capítulo 3
01.
a) O adjetivo suficientes concordo com os substantivos que o antecedem: o critério, a
responsabilidade e a maturidade.
b) Até teres o critério, a responsabilidade e a maturidade necessários para te saberes
orientar sozinha na vida.
02.
a) Testamentos;
b) fantástico;
c) habilitados;
d) desconfiados;
e) ítalo-brasileiras;
f) obrigadas;
g) anexos (em anexo);
h) apensas.
capítulo 5 • 125
03. Não, pois quando o SE funciona como pronome apassivador, há sujeito na oração e o
verbo deve concordar com ele. Sendo assim, deveria estar grafada da seguinte forma:
“Não se podem esperar resultados imediatos”.
04.
a) ...ou seja, se usa as avaliações tradicionais...
b) ....ou seja, usam-se as avaliações tradicionais...– O verbo concorda com o sujeito em
número e pessoa – SE = pronome apassivador).
05. Respectivamente: haja vista; ireis/irão; cantava/cantavam; quero; iremos; Eram; se res-
ponsabilizou/ nos responsabilizamos.
Capítulo 4
01.
a) Quando cheguei a casa, ouvi a resposta mais equacionaria da minha vida.
b) Correr na praia, jogar uma partida de futebol, assistir a uma boa peça e ir a um
cinema.
c) Dos paulistanos inquiridos pelo Data-folha, 68% dizem costumar assistir a ele.
d) Torcia para que a polícia não os prendesse, mas eles foram espertos, pagaram aos
advogados e se entregaram.
e) Felizmente alguém se lembrou de que os pés das mulheres não são iguais aos dos
homens.
f) Informando aos seus integrantes as várias mudanças que estão ocorrendo. OU In-
formando os seus integrantes sobre as várias mudanças que estão ocorrendo.
02. No primeiro período, a regência verbal está correta; no entanto, no terceiro período, o
verbo esquecer-se, com a preposição de, deve ser usado como pronominal: ...não se esqueça
de dar-me..
03. B
04.
a) "Mas nenhum se compara, afirma, ao que ele esteve envolvido ontem pela manhã.”
O problema de regência verbal consiste na ausência da preposição em exigida pelo
verbo envolver.
b) Mas nenhum se compara, afirma, ao em que ele esteve envolvido ontem pela ma-
nhã. OU Mas nenhum se compara, afirma, àquele em que ele esteve envolvido on-
tem pela manhã.
126 • capítulo 5
Capítulo 5
capítulo 5 • 127
ANOTAÇÕES
128 • capítulo 5