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O Código De Defesa Do
Consumidor
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A
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ODAIR PEDRO LOURENÇO R.A. 1621877-8
ANA CRISTINA R.A. 1622214-3
ROGÉRIO CORREIA R.A. 1621540-2
RENATA ALVAREZ R.A. 1220255-2
CURSO: DIREITO
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INTRODUÇÃO
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Capítulo 7 - As diversas formas de infração à ordem econômica.
7.1 - Lei n° 12.529/2011
Capítulo 8 - HISTÓRICO DO DIREITO CONCORRENCIAL
8.1 - CADE e SDE
8.2 - Lei Antitruste
8.3 - Legislação Antitruste no Brasil
8.4 - CARTEL A MAIS GRAVE LESÃO À CONCORRÊNCIA
8.5 - Combate A Cartéis: Prioridade Absoluta
8.6 - Cartéis na Revenda de Combustíveis
Capítulo 9 - O Código de Defesa do Consumidor
9.1 - Num reino tão, tão distante...
9.2 - Os primeiros vestígios de consumidores
9.3 - A produção em massa e o consumidor
9.4 - O código de Hammurabi e as primeiras relações de consumo.
9.5 - Como surgiu no brasil o Código De Defesa Do Consumidor
Capitulo 10 - Conceito De Consumidor
10.1 - Teoria Finalista
10.2 - Teoria Maximalista
10.3 - Teoria Finalista Mitigada
Capitulo 11 - PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
11.1 - PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR
11.2 - PRINCÍPIO DA ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL
11.3 - PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
11.4 - PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA
11.5 - PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
11.7 - PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO
Capitulo 12 - FORNECEDOR
Capitulo 14 - PROCON
14.1 - A atuação do Executivo por intermédio dos Procons
14.2 - O exercício de fiscalização do Procon
14.3 - A atividade dos Procons sob a ótica do PL 5.196/2013
14.4 - Resumindo:
Conclusão
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"Todo ser humano detém a propriedade de si mesmo:
Sobre este ninguém mais pode ter qualquer direito."
John Locke
INTRODUÇÃO
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte.
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brasileiro, por meio dos governos, sobre o domínio econômico, para garantir a
vivência com o valor liberdade na forma da liberdade econômica.
Portanto, não é a Economia que confere a normatividade, é a
normatividade que traça a diretriz da ação social econômica, como sustentação
da economia liberal – o máximo de sociedade e o mínimo de Estado – temos
uma tomada de posição valorativa e normativa, constitucionalmente garantida.
É a partir daí que a análise jurídica da livre iniciativa no título que dispõe
sobre os Direitos e Garantias Fundamentais, indicando o texto constitucional que
a livre iniciativa é um direito fundamental. Tal conclusão é possível a partir do
que está explicitado no Art. 5º, XIII no sentido de que esta liberdade ativa é
direito ao exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão; da mesma maneira
ao tratar do direito à propriedade em que está implícito que o seu titular poderá
livremente usar, gozar e dela dispor, também, para seus empreendimentos
econômicos (Art. 5º, XXII).
Tão valioso em si que, onde estão os princípios gerais da atividade
econômica, o legislador constituinte repete no caput do Art. 170 que a ordem
econômica, deve fundar-se na valorização do trabalho humano, no valor
dignidade, no valor da justiça social e na livre iniciativa. O exercício desta
liberdade, portanto, é direito fundamental e devem ser respeitados em um
Estado Democrático de Direito, como paradigma para as interpretações jurídicas
em direção à efetividade do ordenamento diante da vida.
Conforme se pode ver acima, a livre iniciativa no aspecto econômico, este
direito fundamental manifesta-se na economia de mercado livre, ou seja, onde
as possiblidades positivas da livre concorrência se manifestam. A livre iniciativa
e a livre concorrência são direitos que caminham lado-a-lado, portanto, tutelar
a livre iniciativa é tutelar a livre concorrência e vice-versa.
Para se preservar essa liberdade, sem que os direitos se confundam
diante da distonia da sociedade, há a necessidade da intervenção estatal por
meio de seus órgãos para possibilitar normativamente o exercício destes
direitos, viabilizando um mercado interno saudável e o Estado cumprindo com
seu dever constitucional de preservá-lo uma vez que foi elevado à condição
jurídica de patrimônio nacional (Art. 219 CF).
Portanto, o Estado, cumprindo com as atribuições que lhe foram
reservadas poderá intervir sobre domínio econômico para possibilitar tal
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convivência delimitando e hierarquizando direitos. Assim o faz por meio das
funções de produzir Leis (Legislativo), de execução e fiscalização dos deveres
trazidos por estas Leis (Executivo) e resolver conflitos que possam surgir nas
lides das relações comerciais e econômicas. (Judiciário).
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Capítulo 1 - A Livre Concorrência
Na Idade Média, período que teve início em 476, com a queda do Império
Romano e foi até 1453, quando Constantinopla é tomada pelos turcos otomanos.
A Europa Ocidental foi dominada pela religião, o cristianismo tomou conta do
mundo com suas crenças. O feudalismo foi um modo de organização social e
político baseado nas relações servo-contratuais (servis). A filosofia, literatura e
outras artes tiveram o auge nesse período.
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Nesse contexto, a burguesia, interessada no desenvolvimento do comércio
(eliminação dos entraves feudais, unificação da moeda e do sistema de pesos e
medidas), apoiou o processo de centralização monárquica financiando os
exércitos nacionais.
Jean Bodin (1530-1596): Este autor defendeu a tese da autoridade divina do rei
na obra “A República”. Assim, o poder real deveria ser total tanto sobre o
Estado como sobre os súditos.
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Escrituras”. Defendeu que o poder do rei (predestinado) provém diretamente
de Deus. Assim, somente Deus tem o direito de julgar os atos reais.
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Esses ideais combinaram com os propósitos da burguesia em ascensão
e com o novo momento sócio-político das Forças de Transformação, esses
homens, prepararam o terreno para o movimento revolucionário burguês.
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Um dos fatores mais importantes da crise francesa foi o alto volume de
gastos militares em conflitos sucessivos sem que houvesse tempo para a
recuperação econômica. A participação na Guerra de Sucessão Austríaca
(1740-1748) foi um fracasso. Apesar da vitória no campo de batalha, a França
não conquistou territórios, de modo que não obteve ganhos que valessem o
investimento. Pouco depois, a derrota para a Inglaterra na Guerra dos 7 Anos
(1756-1763) aumentou as dívidas e impôs pesadas perdas territoriais na Europa
e principalmente nas colônias, prejudicando seriamente a capacidade de
recuperação econômica francesa.
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especial, o setor têxtil francês, ainda em produção manual, foi incapaz de
concorrer com o produto inglês, levando oficinas e manufaturas à falência.
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O Esclarecimento [Aufklärung] significa a
saída do homem de sua menoridade auto
imposta, da qual o culpado é ele próprio. A
menoridade é a incapacidade ou inabilidade
de o homem fazer uso de seu entendimento
sem a direção de outro indivíduo (guia). O
homem é o próprio culpado dessa
menoridade auto imposta se a sua causa não
estiver na ausência de entendimento, mas na
ausência de decisão e coragem de servir-se
de si mesmo sem a direção de outrem.
Sapereaude! (Ouse saber!)
(KANT, 1784, p. 37).
John Locke (1632-1704): John Locke foi um importante filósofo britânico, que
trouxe grandes contribuições para o pensamento da época, tanto em filosofia
política quanto em epistemologia. Pertencente a uma família burguesa, formou-
se em medicina em Oxford e foi médico e mentor do lorde Shaftesbury, o líder
dos Whigs (partido que representava os liberais no Parlamento). Em sua obra, o
Primeiro tratado, Locke deixa claro que não existe poder inato e divino.
Permanece, então, a seguinte questão: de onde se origina o poder político? A
resposta será apresentada no Segundo tratado sobre o governo. Como Hobbes
e Rousseau, Locke é um jusnaturalista e contratualista, isto é, pertence ao grupo
daqueles pensadores que partem da constatação de que os homens nas cem
possuindo direitos naturais; e que o Estado, ou sociedade civil, tem origem por
meio de um pacto/contrato social entre os homens que, anteriormente a ao
estado civil, viviam numa condição natural, ou estado de natureza. Para cada um
destes autores, o estado de natureza, a sociedade civil e o pacto social possuem
características muito diferentes uma vez que possuem objetivos políticos
diferentes. No caso de Locke, seu objetivo é fundamentar o liberalismo político.
Para que se possa compreender a origem do poder político e do Estado liberal,
sua função e objetivos, é preciso partir da condição natural em que se encontrava
a humanidade originariamente, isto é, considerar o estado de natureza lockeano.
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originam na experiência sensível. Para ele, a ciência é resultado da indução e a
probabilidade é o critério de certeza possível dentro do seu sistema.
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1791 e tornou-se a fonte das doutrinas constitucionais liberais, que repousam na
separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Assim como Voltaire,
ele também não defendia as populações mais pobres. Na verdade, esses
pensadores eram coerentes, pois defendiam somente os interesses da nova
classe social que despontava como revolucionária: a burguesia liberal.
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François Quesnay (1694-1774): Líder entre os fisiocratas, médico e economista
francês que atacava a intervenção do Estado na economia e defendia a liberdade
de comprar e vender onde cada um achasse mais conveniente. O lema dos
fisiocratas que ficou famoso: “Laissez faire, Laissez passer”, atendia
perfeitamente às necessidades da burguesia, desejosa de afastar o controle do
Estado sobre a economia. Para Quesnay, apenas a terra era a verdadeira
produtora de riqueza; o comércio era considerado estéril, pois consistia na mera
transferência de mercadorias e não gerava riquezas. Que o soberano e a nação
nunca percam de vista que a terra é a última fonte de riquezas e que o agricultor
que as multiplica (...); Que a propriedade fundiária e as riquezas mobiliárias
sejam asseguradas aos possuidores legítimos, pois a segurança da propriedade
é o fundamento essencial da ordem econômica da sociedade (...); Que uma
nação que tem um grande território a cultivar e a facilidade de exercer um grande
comércio dos gêneros agrícolas não alargue demasiadamente o emprego do
dinheiro e dos homens às manufaturas e ao comércio de luxo, em prejuízo dos
trabalhos e das despesas da agricultura; pois, preferentemente a tudo, o reino
deve ser bem povoado de ricos cultivadores (...); Que se favoreça a multiplicação
dos gados, pois são eles que fornecem às terras o estrume que produz ricas
colheitas (...); Que cada um seja livre de cultivar no seu campo as produções
que o seu interesse, as suas faculdades e a natureza do terreno lhe sugiram
para obter maior produção possível (...); Que se mantenha a mais inteira
liberdade de comércio (...).
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capital em fixo e circulante. O primeiro consiste, principalmente, em máquinas,
edifícios, implementos agrícolas, enquanto o segundo compreende o dinheiro,
as matérias-primas e as mercadorias acabadas, ainda em mãos do industrial ou
do comerciante. Analisando a estrutura da sociedade capitalista, Adam Smith
chegou a extraordinária conclusão, para a sua época, da divisão da sociedade
em três classes fundamentais da sociedade capitalista: o operariado, os
capitalistas e os proprietários de terras. É famosa sua metáfora da mão
invisível: “...de modo geral, ninguém se propõe promover o interesse público,
nem sabe até que ponto o promove; pensa apenas em seu próprio ganho, mas,
agindo desse modo, é levado por uma mão invisível a promover um fim que não
estava em suas intenções. Logicamente, tal atitude leva a contemplar com
circunspeção a ingerência do Estado na atividade econômica”. Adam Smith
representa não apenas um ponto de partida na Ciência Econômica, mas também
a afirmação de muitas questões de sua perene importância perene na mesma.
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Capítulo 3 - Princípios da Atividade Empresarial
3.1 - Princípio
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garantia que será proporcionada à valorização do trabalho e a busca pela
efetividade da existência digna ao ser humano. Dessa forma, a liberdade
econômica, conforme os fundamentos constitucionais, não é absoluta.
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ser) (art. 170, caput – “a ordem econômica ...
tem por fim assegurar a todos existência
digna ”). Embora assuma concreção como
direito individual, a dignidade da pessoa
humana, enquanto princípio, constitui, ao
lado do direito à vida, o núcleo essencial dos
direitos humanos.
(GRAU, 2008, p. 196).
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econômica, assim como de seu parágrafo
único, que assegura a todos o livre exercício
de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de
órgãos públicos, salvo casos previstos em lei.
(SILVA, 2007, p. 793).
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3.5 - Princípio da soberania nacional econômica
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3.6 - Princípio da livre concorrência
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física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final”.
O consumidor, seja ele pessoa física ou jurídica, é elemento central da
ordem econômica constitucional, eis que afeta todo o exercício de atividade
econômica, razão pela qual mereceu tutela constitucional, inclusive. O Estado
Democrático de Direito preocupa-se em protegê-lo, tratando-o como
hipossuficiente frente às relações empresariais.
Ensejando um mercado propício para um desenvolvimento econômico,
além de prever a livre iniciativa e a livre concorrência, a Constituição resguardou
o consumidor, parte vulnerável numa rede de relações comerciais. Dessa forma,
para incentivar o desenvolvimento das relações comerciais, bem como viabilizar
o desenvolvimento econômico e o bem-estar da coletividade, o Estado deve
efetivar proteções à pessoa – física ou jurídica – que adquirir ou utilizar produto
ou serviço como destinatário final.
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3.8 - Princípio de defesa do meio ambiente
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3.9 - Princípio da redução das desigualdades regionais e sociais
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Pleno emprego é expressão abrangente da
utilização, ao máximo grau, de todos os
recursos produtivos. Mas aparece, no art.
170, VIII, especialmente no sentido de
propiciar trabalho a todos quantos estejam em
condições de exercer uma atividade
produtiva. Trata-se do pleno emprego da
força de trabalho capaz. Ele se harmoniza,
assim, com a regra de que a ordem
econômica se funda na valorização do
trabalho humano. Isso impede que o princípio
seja considerado apenas como mera busca
quantitativa, em que a economia absorva a
força de trabalho disponível, como o co
nsumo absorve mercadorias. Quer-se que o
trabalho seja a base do sistema econômico,
receba o tratamento de principal fator de
produção e participe do produto da riqueza e
da renda em proporção de sua posição na
ordem econômica. (SILVA, 2007, p. 797).
O microempresário e o empresário de
pequeno porte, por sua vez, têm
constitucionalmente assegurado o direito a
tratamento jurídico diferenciado, com o
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objetivo de estimular-lhes o crescimento com
a simplificação, redução ou eliminação de
obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias (CF, art.179).
(COELHO, 2009, p.76).
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Capítulo 4 - Livre Iniciativa e Livre Concorrência
I - a soberania;
II - a cidadania;
V - o pluralismo político.
IV - livre concorrência;
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economicamente, com a finalidade de assegurar igualdade de condições da
inciativa privada perante a concorrência, quando assegurado seu ingresso ao
mercado, ou perante o Estado, na sua forma negativa de não intervenção estatal
desamparada legislativamente.
Miguel Reali
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Compreendendo a importância e alcance do princípio da livre iniciativa,
admite-se assim, que a livre concorrência, seja considerada, nesse sentido, um
desdobramento ou complemento deste se considerar a livre concorrência como
livre jogo das forças de mercado, na disputa da clientela, ou seja, prevê
desigualdades advindas do jogo, mas parte de um pressuposto jurídico formal
na competição limitada a parâmetros de coibição de injustiças.
Celso Bastos
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preços, sem oposição dos demandantes) e da sua propriedade privada (meios
de produção), diminuindo a produção dos bens de consumo e aumentando os
seus preços, provocando uma transferência compulsória de renda do
consumidor.
Canotilho
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No modelo de economia brasileira as micro e pequenas empresas tendem a
sucumbir ante a infração à ordem econômica praticada no mercado. Daí a
necessidade de o Estado intervir.
A redação do art. 173, §4º da Constituição Federal diz que “A lei reprimirá
o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. ” Ao atingir o princípio da
livre concorrência, o ator prejudica seus concorrentes procurando retirar as fatias
de mercado que estes já haviam conquistado, ocasionando perdas aos
concorrentes.
Celso Bastos
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Capítulo 5 - O Poder Econômico e o Abuso
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abuso do direito não se compreende no conceito clássico de culpa (em seu
sentido lato, que inclui o dolo).
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Capítulo 6 - Os Tipos de Mercado
6.1- Monopólio:
Este tipo de mercado existe quando apenas uma empresa possui toda a
oferta de um determinado produto/serviço. Por não haver com quem competir,
esta empresa pode colocar o preço de seus produtos nos valores que ela bem
entender e somos obrigados a pagar este valor, pois não há como adquirir este
produto/serviço de outro meio. Estas empresas são as que mais têm lucro no
mercado, pois como não há concorrência a tendência é que o consumo do
produto ou serviço desta empresa seja feito em grandes volumes.
6.2 - Oligopólio:
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empresas, ou seja, um grupo de empresas dominam o mercado de forma que
eles estipulam o preço de seus produtos. Neste mercado as empresas são tão
coligadas que quando uma abaixa o preço ou há um aumento, as outras a
seguem num movimento de onda, assim havendo sempre um equilíbrio entre
elas.
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Enquanto que na concorrência leal as empresas buscam conquistar sua
própria clientela, seja com a qualidade do produto, da opção de pagamento ou
do atendimento, a concorrência desleal busca meios inidôneos para atrair, ou
melhor, se apropriar da clientela alheia e fatias do mercado de outras empresas,
não observando, assim, o disposto na Constituição Federal no que se refere à
livre concorrência.
“no caso de repressão civil com fundamento
contratual, o concorrente desleal deve
indenizar o empresário prejudicado, por ter
descumprido a obrigação decorrente de
contrato entre eles”.
Ulhôa Coelho
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aumentar a produtividade ou a competitividade, melhorar a qualidade de bens
ou serviços ou propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou
econômico, e sejam repassados aos consumidores parte relevante dos
benefícios decorrentes.
O controle repressivo dos atos de concentração é tratado no art. 36 da referida
Lei. Já no art. 90 da mesma, enumera-se quais são os tipos de atos de
concentração, entretanto, o próprio parágrafo único do mesmo artigo isenta
alguns atos de concentração, destinando essa isenção a qualquer setor da
economia.
Em sentido estrito tem-se, entre outros:
a) A formação de cartel, que surge como sendo um acordo feito entre agentes
econômicos onde estes combinam preços, com a finalidade de restringir a
variedade de produtos e dividir o mercado. Entretanto, para o consumidor, que
é a parte mais frágil, tal conduta traduz-se como imposição de preços abusivos,
ou seja, o valor oferecido é muito maior que o valor real do produto. Em
semelhante definição, para os demais concorrentes significa a depreciação do
direito de concorrência e de permanência no mercado.
b) Venda casada, esta ocorre quando o agente econômico condiciona uma
compra ou venda, significa que para adquirir um bem é necessário obter outro,
ou seja, trata-se de repressão à liberdade contratual, sendo que esta venda se
traduz como repressiva e coativa, uma vez que vincula a venda de um produto
à outro, mesmo esta compra não trazendo nenhum benefício ao consumidor.
c) Sistemas seletivos de distribuição são barreiras limitativas impostas, sem justa
causa, pelo produtor ao distribuidor dentro do ciclo econômico. Tais práticas são
utilizadas como instrumentos de que distinguem os distribuidores, vendedores e
consumidores, traduzindo-se em práticas prejudiciais à livre concorrência.
d) Preços predatórios. Ocorre quando, por exemplo, uma empresa aplica a
estratégia de mercado baixando seus preços a valores inferiores a seu preço de
custo. Com isto, esta empresa elimina a concorrente, já que esta não poderá
manter seus preços no mesmo patamar. Inicialmente pode parecer que esta
estratégia ira beneficiar o consumidor, porém posteriormente, com a eliminação
da concorrência, o consumidor ficará sujeito aos preços arbitrários deste, ante a
criação de monopólio e oligopólio.
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Capítulo 8 - HISTÓRICO DO DIREITO CONCORRENCIAL
8.1 - CADE e SDE
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administrativo, reprimindo práticas econômicas irregulares que venham a
repercutir de forma negativa no mercado.
Além do apoio do Ministério Público e da Procuradoria Federal
(ProCADE), a nova estrutura do CADE compreende três órgãos: (1) o Tribunal
Administrativo de Defesa Econômica; (2) a Superintendência Geral e (3) o
Departamento de Estudos Econômicos.
O CADE é o órgão encarregado da defesa e manutenção dos direitos
ligados à macroeconomia destacados na Constituição Federal e atua de três
formas, a saber, preventivamente, ou seja, busca e pesquisa sobre atos de
concentração entre empresas, repressivamente, ou seja, punindo as práticas
nocivas ao mercado e os atos de concentração, e educativamente, difundindo a
cultura da livre concorrência. Sobre a competência administrativa do CADE, vale
ressaltar a seguinte jurisprudência:
[...] Pouco importa se as empresas
envolvidas têm filial no Brasil, ou se o
contrato preliminar foi avençado em
território brasileiro. Basta que, em tese, o
concerto de concentração possa, sob
qualquer perspectiva, impactar o mercado
nacional. Frise‐se: basta que, em tese, o
ato de concentração ou o ato de
cooperação possam causar prejuízos à
higidez concorrencial. Na verdade, só o
Cade pode dizer concretamente se o ato
deve ou não ser submetido ao seu
controle. Os interessados devem sempre
observar os prazos pontuados na lei e nas
resoluções respectivas, sem que eles
próprios façam esse juízo de adequação
entre a lei e os atos por ela ajustados, sob
pena de incidir a multa do art. 54, §5°da
Lei n. 8.884/1994. Com esses
fundamentos, entre outros, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, deu provimento
ao recurso para denegar a segurança.
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8.2 - Lei Antitruste
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8.3 - Legislação Antitruste no Brasil
CF/1937, Art. 141 Decreto-Lei, n. 869 18/11/1938. Define os crimes contra a economia
popular, sua guarda e seu emprego. Nasceu para reprimir o abuso do poder econômico
e proteger o interesse do consumidor.
CF 1937 Decreto-Lei n. 7.666 22/06/1945. Dispõe sobre atos contrários à ordem moral
e econômica. Conhecido como “Lei Malária”. Cria a Comissão Administrativa de Defesa
Econômica (CADE).
CF/1946 Lei n. 1.521 26/12/1951. Altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes
contra a economia popular. Conhecida como “Lei de Economia Popular”. Contém
dispositivos antitruste.
CF/1946 Lei n. 1.522 26/12/1951. Autoriza o Governo Federal a intervir no domínio
econômico para assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do
povo. Contém dispositivos antitruste. O órgão executor da lei é a Comissão Federal de
Abastecimento e Preços (COFAP).
CF/1946, Art. 148 Lei n. 4.137 10/09/1962. Regula a repressão ao abuso do poder
econômico. Criou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
CF/1946, Art. 146 Lei Delegada n. 4 26/09/1962. Dispõe sobre a intervenção no Domínio
econômico para assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do
povo. –
CF/1946, Art. 146 Lei Delegada n. 5 26/09/1962. Organiza a Superintendência Nacional
do Abastecimento (SUNAB), e dá outras providências. Cria a SUNAB como autarquia
federal.
CF/1946 Decreto-Lei n. 52.025 20/05/1963. Aprova o regulamento da Lei nº 4.137, de
10 de setembro de 1962, que regula a repressão ao abuso do poder econômico.
Regulamenta a Lei nº 4.137.
CF/1967 Decreto n. 63.196 29/08/1968. Dispõe sobre o sistema regulador de preços no
mercado interno e dá outras providências Conselho Interministerial de Preços (CIP)
EC n°1/1969 Decreto-Lei n. 92.323 23/01/1986 Aprova o Regulamento da Lei nº 4.137,
de 10 de setembro de 1962, que disciplina a repressão ao abuso do poder econômico.
Revoga DL nº 52.025 e regulamenta a Lei nº 4.137.
CF/1988 Decreto n. 99.244 10/05/1990. Dispõe sobre a reorganização e o
funcionamento dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras
providências. Cria a Secretaria Nacional de Direito Econômico (SNDE).
CF/1988 Lei n. 8.137 27/12/1990. Define crimes contra a ordem tributária, econômica e
contra as relações de consumo, e dá outras providências. –
CF/1988 Lei n. 8.158 09/01/1991. Institui normas para a defesa da concorrência e dá
outras providências. –
CF/1988, Art. 170 e 173 Lei n. 8.884 “Lei Antitruste” 11/06/1994 Transforma o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e
a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências. Configura
o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), composto pela Secretaria de
Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (SEAE), Secretaria de Direito
Econômico do Ministério da Justiça (SDE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (CADE), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça.
CF/1988 Lei n. 9.021 30/03/1995. Dispõe sobre a implementação da autarquia Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), criada pela Lei nº 8.884, de 11 de junho de
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1994, e dá outras providências. Permite que a SEAE investigue possíveis violações à lei
de concorrência.
CF/1988 Lei n. 9.069 29/06/1995. Dispõe sobre o Plano Real, o Sistema Monetário
Nacional, estabelece as regras e condições de emissão do REAL e os critérios para
conversão das obrigações para o REAL, e dá outras providências. Altera a Lei nº
8.884/94.
CF/1988 Lei n. 9.069 29/06/1995. Dispõe sobre o Plano Real, o Sistema Monetário
Nacional, estabelece as regras e condições de emissão do REAL e os critérios para
conversão das obrigações para o REAL, e dá outras providências. Altera a Lei nº
8.884/94.
CF/1988 Lei n. 9.470 10/07/1997. Acrescenta parágrafo 5º ao art. 4º da Lei nº 8.884, de
11 de junho de 1994, e dá outras providencias. –
CF/1988 Lei n. 10.149 21/12/2000. Altera e acrescenta dispositivos à Lei nº 8.884, de 11
de junho de 1994, que transforma o Conselho Cria programa de leniência e aumenta
poderes de investigação Administrativo de Defesa Econômica – CADE em autarquia,
dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, e dá
outras providências. da SDE e SEAE.
CF/1988 Lei n. 12.529/11 30/11/2011. Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência; dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem
econômica; e outras providências. Amplia as competências do CADE, altera os tipos e
valores das multas, dentre outas mudanças.
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Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente
de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por
objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam
alcançados:
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou
a livre iniciativa;
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV - exercer de forma abusiva posição dominante.
Com a passagem da vacatio legis da nova lei, advieram várias inovações que
permitiram ao CADE reparar procedimentos que não eram totalmente eficazes,
como por exemplo, a inspeção, que não carece mais de mandado judicial; a
requisição de informações de quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, autoridades
e entidades públicas e privadas; a requisição de vista e cópia de processos
judiciais, administrativos, inquéritos criminais.
47
Os cartéis constituem, assim, um dano não apenas para os adquirentes
prejudicados, como também para a economia como um todo, porque a defesa
da concorrência é matéria de direito público, uma vez que a lógica capitalista
encontra uma de suas bases a disputa entre os agentes econômicos. No viés
economicista, o cartel é definido como “um agrupamento de empresas que
procura limitar a ação das forças da livre concorrência, para estabelecer um
preço comum e/ou alcançar uma maximização conjunta dos lucros. Os cartéis
constituem, assim, um dano não apenas para os adquirentes prejudicados, como
também para a economia como um todo, porque a defesa da concorrência é
matéria de direito público, uma vez que a lógica capitalista encontra uma de suas
bases a disputa entre os agentes econômicos. No viés economicista, o cartel é
definido como “um agrupamento de empresas que procura limitar a ação das
forças da livre concorrência, para estabelecer um preço comum e/ou alcançar
uma maximização conjunta dos lucros.
A competição é saudável. Quando ela não existe, além do sobre preço, causa
prejuízo ao Estado;
O Brasil faz parte, há dez anos, de uma rede virtual de autoridades que
defendem a concorrência, a International Competition Network - ICN. Uma
pesquisa realizada com 46 países pela ICN demonstrou que há vários países
48
que estão criminalizando a conduta do cartel e outros que estão com projetos de
lei em andamento;
E continua:
49
8.5 - Combate A Cartéis: Prioridade Absoluta
50
acarretando em homogeneidade de preços e prejudicando, consequentemente,
os consumidores.
Madruga, durante o 2º Encontro de Estratégia de Combate a Carteis,
explora ainda mais o setor de combustíveis, examinando os procedimentos
investigatórios, como se percebe:
CARTEL: descobrir se há acordo ou não, no setor de combustíveis,
preços iguais ou parecidos não são indícios, por si só, de existência de cartel,
pois decorrem das características deste mercado; pulverização de agentes,
produto homogêneo, transparência de preços e custos semelhantes. É o que se
dá, principalmente, em pequenas cidades, isso dificulta a detecção de existência
de cartel;
Limite investigativo da SDE (atualmente incorporado ao CADE): lei
8.884/94: SDE possui poderes para utilizar as seguintes ferramentas de
investigação para detectar cartéis: (1) programa de leniência; (2) busca e
apreensão, via AGU – mas, como se disse, no setor de combustíveis não basta
a existência de preços iguais; (3) inspeção (empresa deve ser notificada com
24h de antecedência); (4) tomada de depoimentos; (5) encaminhamento de
ofícios para requisitar documentos e informações;
Histórico de condenações do CADE: 2004 – Revenda de combustíveis
de Recife (PE), aplicação de multa; 2003 – Revenda de combustíveis de
Florianópolis (SC), foi utilizada interceptação telefônica, comprovando o ajuste,
aplicação de multa; tratando dos meios de provas que determinaram as
condenações, da dificuldade de investigação e das limitações legais das
autoridades administrativas, o Dr. Madruga continua:
Provas consideradas pelo CADE: (1) Recife: atas do sindicato; (2)
Lages: interceptação telefônica; (3) Belo Horizonte: gravação audiovisual de
reunião no sindicato, eles não sabiam que a imprensa estava lá e ajustaram a
reunião para tratar de preço; (4) Goiânia: termo de depoimento do presidente do
sindicato; (5) Florianópolis: interceptação telefônica;
De dois anos pra cá se tornou mais difícil administrativamente se
investigar os cartéis. As pessoas não estão mais colocando no papel (nas atas
de reunião), de modo que se faz necessário adotar medidas invasivas da
privacidade, a exemplo da interceptação telefônica e ambiental, para se detectar
51
os cartéis: João Pessoa (2008) – STJ anulou a interceptação telefônica; Londrina
(2010); Belo Horizonte (2010); Cuiabá (pendente de decisão judicial); Caxias do
Sul (aguardando provas – interceptação); Vitória 9juiz não deferiu
compartilhamento de provas com a SDE – interceptação);
Limitações legais das autoridades administrativas para produção de
provas (não podem interceptar, por exemplo); investigação criminal cada vez
mais necessária para que haja repressão por parte das autoridades
administrativas. Os cartelistas estão em constante evolução, sempre buscando
técnicas novas para ajustar os preços e evitar a ação das autoridades. A mera
análise dos preços é, por si só, superficial, não sendo suficiente para a
instauração de um processo administrativo. A investigação deve ser
aprofundada para que seja obtida um mister de provas que comprovem a
combinação de preços.
**MADRUGA, Ravvi Augusto de Abeu C..
Relatório do 2º encontro de estratégia nacional de combate a cartéis.
Suplemento eletrônico da Revista do IBRAC. Ano I, Número 4. Jun. 2010.
52
Foi assim que surgiu o conceito de “moeda”, ou seja, de algo cujo valor
estivesse baseado — e equivalesse — ao custo do material a partir do qual ele
tivesse sido produzido. A partir de então, as moedas entraram em circulação e
revolucionaram a forma como o comércio era realizado pelo mundo.
Depois disso, por volta do ano de 700 a.C., surgiram as primeiras moedas
de prata, na Grécia, e as de ouro, perto de 390 a.C., na Macedônia — e essas
inclusive já vinham com figuras cunhadas em uma de suas faces! Já as primeiras
cédulas de papel começaram a ser usadas na China, durante a Dinastia Song,
lá no comecinho do século 7.
53
Na terra dos faraós, quem “depositasse” suas mercadorias nos armazéns
reais recebia um comprovante da transação que registrava o valor daquilo que
havia sido deixado em poder do Estado. Já para as negociações militares e
internacionais, o comum era que as operações fossem feitas com metais
preciosos — e na época da Roma Antiga o uso de grãos acabou sendo
completamente substituído pelo de metais.
Foi durante a Idade Média que os bancos começaram a surgir por várias
partes da Europa, especialmente na França e Inglaterra. Além do comércio, outro
grande motivador para o seu aparecimento foram as Cruzadas.
54
Uma curiosidade interessante é que, como a cobrança de juros pelos
empréstimos realizados era proibida pela Igreja, já que ela configurava o pecado
de usura, as operações bancárias eram quase que exclusivamente conduzidas
pela comunidade judaica, que não tinha restrições religiosas para esse tipo de
atividade. Mas os juros eram uma importante parte do processo, então...
55
do Mediterrâneo, possibilitando assim, a entrada de produtos e especiarias
orientais na Europa.
56
Com mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível
aumentar a margem de lucro e o mercado consumidor. ” Os artesãos, que antes
produziam e vendiam todos os bens de consumo de forma personalizada, não
conseguiam competir com o grande maquinário e poder econômico das grandes
fábricas que surgiam, consequentemente, tiveram que vender sua mão-de-obra
por salários baixíssimos para as indústrias, ampliando, desta forma, a miserável
classe operária.
57
O aquecimento da industrialização e o aumento da população das cidades
concorreram para a evolução dos transportes e dos meios de comunicação,
sendo o jornal escrito o primeiro veículo de transmissão de notícias, que, na
verdade, não passava de uma forma de difundir os informes e propagandas das
guerras.
58
sendo submetidos aos testes de rodagem nas “mulas industriais”, o veículo irá
para a produção em larga escala.
59
extraordinário desenvolvimento do
comércio e a consequente ampliação
da publicidade, do que igualmente
resultou, isto sim, o fenômeno
desconhecido dos economistas do
passado – a sociedade de consumo,
ou o desfrute pelo simples desfrute,
ampliação da riqueza por mera
sugestão consciente ou inconsciente.”
60
Lei n° 232 - Se destrói bens, deverá indenizar tudo que destruiu e
porque não executou solidamente a casa por ele construída, assim que
essa é abatida, ele deverá refazer à sua custa a casa abatida.
61
dracma incidente sobre o capital de uma mina implicava uma taxa de 1% ao mês
ou 12% ao ano.”
62
Em 1960 surgiu a IOCU – Organization of Consumers Unions, que foi
inicialmente constituída por organizações de cinco países: Austrália, Bélgica,
Estados Unidos, Holanda e Reino Unido. Atualmente a IOCU é designada como
CI – Consumers International, uma federação mundial de grupos de
consumidores que atua em 115 países distribuídos por todos os continentes do
Planeta e congrega mais de duzentas e vinte associações de proteção e defesa
do consumidor. Inclusive, o Brasil é representado na Consumers International
através do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e pelo
PROCON. A organização é reconhecida pela ONU – Organização das Nações
Unidas.
63
crédito, se um alimento tem mais valor nutritivo que outro, se o desempenho de
um produto, de fato, supre suas necessidades, ou ainda, se a “grande economia”
publicitada é realmente uma pechincha. (...)”
64
No sistema jurídico brasileiro, a defesa do consumidor foi contemplada,
pela primeira vez, na Constituição Federal de 1988. No Inciso XXII do Artigo 5.
˚, estabeleceu o legislador constituinte que o Estado promoveria, na forma da lei,
a defesa do consumidor. Ademais, no Artigo 170, Inciso V, a defesa do
consumidor está como um princípio geral da ordem econômica.
65
O Artigo 170, Inciso V da Constituição Federal de 1988 dispõe, por sua
vez, que “a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...)V - defesa do
consumidor”. O texto constitucional elevou a defesa do consumidor a princípio
da ordem econômica, de modo a revelar um compromisso entre as forças
políticas liberais e a necessidade de concretização da justiça social no âmbito do
mercado de consumo, possibilitando a humanização do Capitalismo.
Pela teoria Finalista, o destinatário final é todo aquele que utiliza o bem
como consumidor final fático e econômico.
66
Consumidor final fático é quem adquire bem ou serviço para o seu uso
pessoal; o aspecto econômico indica que o bem ou serviço adquirido não será
utilizado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico
encerrado na pessoa do adquirente.
Claudia Lima Marques e Antônio Herman V. Benjamim explicam a
teoria finalista definindo o conceito de “destinatário final” do art. 2º do CDC:
67
Mas, como a jusrisprudência tem tratado os processos que envolvem a
teoria finalista pura? Abaixo seguem alguns julgados do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) para análise e compreensão:
68
intermediário, assim entendido como aquele
cujo produto retorna para as cadeias de
produção e distribuição, compondo o custo (e,
portanto, o preço final) de um novo bem ou
serviço. Vale dizer, só pode ser considerado
consumidor, para fins de tutela pela Lei nº
8.078/90, aquele que exaure a função
econômica do bem ou serviço, excluindo-o de
forma definitiva do mercado de consumo. 3.
Em situações excepcionais, todavia, esta Corte
tem mitigado os rigores da teoria finalista, para
autorizar a incidência do CDC nas hipóteses
em que a parte (pessoa física ou jurídica),
embora não seja tecnicamente a destinatária
final do produto ou serviço, se apresenta em
situação de vulnerabilidade. 4. Na hipótese em
análise, percebe-se que, pelo panorama fático
delineado pelas instâncias ordinárias e dos
fatos incontroversos fixados ao longo do
processo, não é possível identificar nenhum
tipo de vulnerabilidade da recorrida, de modo
que a aplicação do CDC deve ser afastada,
devendo ser preservada a aplicação da teoria
finalista na relação jurídica estabelecida entre
as partes. 5. Recurso especial conhecido e
provido. (BRASIL, 2013, p.1)
69
consumo entre as partes. 3.- Agravo
Regimental improvido. (BRASIL, 2013. P. 1)
71
questão tem, com frequência, mitigado a teoria finalista pura, dando origem a
uma nova teoria que será estudada mais adiante.
72
Desse modo, a teoria maximalista alarga a noção de consumidor, para
abranger também os profissionais. Para os adeptos dessa corrente, “pouco
importa se o produto será utilizado com benefício econômico por quem o
adquiriu, se o consumidor usa o bem com um fim profissional. Avalia-se, apenas,
se o produto foi retirado do mercado” (NEVES, 2006, p. 103).
73
finalista ou maximalista – adotada para interpretar o artigo 2º da Lei dos
Consumidores” (NEVES, 2006; p.103).
74
STJ. QUARTA TURMA. RECURSO
ESPECIAL Nº 142042. REL. MIN. RUY
ROSADO DE AGUIAR. DJ DATA:
11/11/1997 EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR.
Incidência. Responsabilidade do fornecedor. É
de consumo a relação entre o vendedor de
máquina agrícola e a compradora que a
destina á sua atividade no campo. Pelo vício de
qualidade no produto respondem
solidariamente o fabricante e o revendedor (art.
18 do CDC). (BRASIL, 1997, p.1)
75
Defesa do Consumidor a prescrição é de cinco
anos. 3. Deixando o Acórdão recorrido para a
liquidação por artigos a condenação por lucros
cessantes, não há prequestionamento dos
artigos 284 e 462 do Código de Processo Civil,
e 1.059 e 1.060 do Código Civil, que não
podem ser superiores ao valor indicado na
inicial. 4. Recurso especial não conhecido.
(BRASIL, 2000, p. 1)
76
quilômetro revela hipótese de vício do produto
e impõe a responsabilização solidária da
concessionária (fornecedor) e do fabricante,
conforme preceitua o art. 18, caput, do CDC. 3.
Indenização por dano moral devida, com
redução do valor. 4. Recurso especial
parcialmente provido. (BRASIL, 2012, p. 1)
Essa terceira corrente foi criada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Trata-se de uma teoria intermediária, que não observa apenas a destinação do
produto ou serviço adquirido, levando em consideração, também, o porte
econômico do consumidor. Cláudia Lima Marques expõe em sua obra acerca da
corrente finalista aprofundada:
77
campo de aplicação e das normas do CDC de forma mais subjetiva quanto ao
consumidor, porém mais finalista e objetiva quanto à atividade ou ao papel do
agente na sociedade de consumo. “É uma interpretação mais aprofundada e
madura, que deve ser saudada.” (MARQUES, 2006, p. 347)
78
uma das partes frente à outra pode, conforme
o caso, caracterizar uma vulnerabilidade
legitimadora da aplicação da Lei nº 8.078/90,
mitigando os rigores da teoria finalista e
autorizando a equiparação da pessoa jurídica
compradora à condição de consumidora (...).
(BRASIL, 2012, p. 1)
b) ainda que o produto seja transformado para uso próprio, essa condição,
de per si, não retira do adquirente a condição de consumidor final, assim, esse
consumidor merece a proteção do CDC; e
79
José Roberto de Castro Neves, ao tratar das teorias sobre “destinatário
final”, ensina:
80
economicamente frágeis, e não para resolver
litígios concernentes às inflamadas relações
comerciais (...). Destaca-se, contudo, que nada
obsta que uma pessoa jurídica figure – com
justiça – em uma relação de consumo no pólo
hipossuficiente. (NUNES JÚNIOR, 2008, p. 15)
81
INADMISSIBILIDADE DO RECURSO
ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO DA
EXECUTADA 1. Expediente manejado com
nítido e exclusivo intuito infringencial.
Recebimento do reclamo como agravo
regimental. 2. É vedado a este Tribunal
apreciar violação de dispositivos
constitucionais, ainda que para fins de
prequestionamento. 3. Incidência dos óbices
das súmulas 5 e 7/STJ, no tocante às teses de
inexigibilidade da cédulas de crédito,
vulnerabilidade e hipossuficiência da
recorrente e ocorrência de fraude na operação
de transferência dos títulos. Tribunal local que,
com amparo nos elementos de convicção dos
autos e nas cláusulas contratuais, entendeu
não existir circunstâncias capazes de ensejar a
ineficácia, anulação ou invalidade da cédula de
crédito, tampouco de provas aptas a corroborar
a alegação de que tenha ocorrido cessão de
créditos, fraude ou conduta capaz de gerar
prejuízos à ora insurgente e demonstração da
vulnerabilidade e hipossuficiência da
insurgente. Impossibilidade de reexame de
fatos, provas e cláusulas contratuais. 4. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que
o Código de Defesa do Consumidor não se
aplica no caso em que o produto ou serviço é
contratado para implementação de atividade
econômica, já que não estaria configurado o
destinatário final da relação de consumo,
podendo no entanto ser mitigada a aplicação
da teoria finalista quando ficar comprovada a
condição de hipossuficiência técnica, jurídica
ou econômica da pessoa jurídica. O Tribunal
de origem asseverou não ser a insurgente
destinatária final do serviço, tampouco
hipossuficiente. Inviabilidade de
reenfrentamento do acervo fático-probatório
para concluir em sentido diverso, aplicando-se
o óbice da súmula 7/STJ. Precedentes. 5.
Agravo regimental não provido. (BRASIL,
2013, p.1)
82
PESSOA JURÍDICA. TEORIA FINALISTA
APROFUNDADA. REQUISITO DA
VULNERABILIDADE NÃO
CARACTERIZADO. EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO ASSUMIDA EM MOEDA
ESTRANGEIRA. FUNDAMENTO DO
ACÓRDÃO NÃO ATACADO. 1.- A
jurisprudência desta Corte tem mitigado os
rigores da teoria finalista para autorizar a
incidência do Código de Defesa do
Consumidor nas hipóteses em que a parte
(pessoa física ou jurídica), embora não seja
tecnicamente a destinatária final do produto ou
serviço, se apresenta em situação de
vulnerabilidade. 2.- No caso dos autos, tendo o
Acórdão recorrido afirmado que não se
vislumbraria a vulnerabilidade que inspira e
permeia o Código de Defesa do Consumidor,
não há como reconhecer a existência de uma
relação jurídica de consumo sem reexaminar
fatos e provas, o que veda a Súmula 07/STJ.
3.- As razões do recurso especial não
impugnaram todos os fundamento indicados
pelo acórdão recorrido para admitir a
exigibilidade da obrigação assumida em
moeda estrangeira, atraindo, com relação a
esse ponto, a incidência da Súmula 283/STF.
4.- Agravo Regimental a que se nega
provimento. (BRASIL, 2013, p.1)
83
relação de consumo (teoria finalista ou
subjetiva). 3. Esta Corte tem mitigado a
aplicação da teoria finalista quando ficar
comprovada a condição de hipossuficiência
técnica, jurídica ou econômica da pessoa
jurídica. 4. Tendo o Tribunal de origem
assentado que a parte agravante não é
destinatária final do serviço, tampouco
hipossuficiente, é inviável a pretensão
deduzida no apelo especial, uma vez que
demanda o reexame do conjunto fático-
probatório dos autos, o que se sabe vedado em
sede de recurso especial, a teor da Súmula 7
desta Corte. 5. Agravo regimental a que se
nega provimento. (BRASIL, 2013, p. 1)
84
Constituição Federal, encontradas no artigo 5º, inciso XXXII2 e artigo 170, inciso
V.
É apresentada uma nova ótica para as relações negociais dadas como de
consumo. O Estado, no uso de suas atribuições e em observância às disposições
constitucionais anteriormente citadas, cria a legislação consumerista e passa a
intervir diretamente nesta esfera obrigacional puramente de direito privado.
Nesse sentido, destacamos o artigo 47 do Código de Defesa do
Consumidor que ilustra de maneira cristalina a intenção do legislador de dar ao
consumidor um olhar mais atencioso, revelando o espírito do princípio que é de
conceder verdadeiros privilégios para o consumidor em relação ao fornecedor
em todas as espécies de contrato.
Salientamos que nestes casos, não se destaca a possibilidade de revisão
contratual, mas sim a existência de uma norma que direciona o intérprete a
favorecer diretamente o consumidor ao se deparar com uma cláusula duvidosa.
E assim ilustra Cláudia Lima Marques:
85
11.2 - PRINCÍPIO DA ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL
86
vulnerabilidade do consumidor, tratando-a como princípio norteador para a
Política Nacional das Relações de Consumo.
87
Raros são os casos em que o consumidor não fica nada
inferiorizado diante do fornecedor quando da
contratação. Só em situações esporádicas ou muito
específicas e particulares como no caso daqueles
consumidores que dominam profundamente o serviço a
ser fornecido, ou que têm tal potência econômica no
mercado, que conseguem vantagem tácita, capaz de
interferir decisivamente e, muitas vezes até sobrepujar o
fornecedor no estabelecimento dos termos da
contratação.
88
11.5 - PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
89
não teriam efeito algum, dada sua vulnerabilidade e hipossuficiência como já
explicado anteriormente.
Pode-se dizer que decorre da própria vulnerabilidade do consumidor, já
que diante dessa disparidade de condições como anteriormente abordado o
Estado entra na relação contratual de natureza consumerista, não como parte,
mas sim como um fiscalizador que garante o real equilíbrio.
Nos dizeres de Marques:
Assim, a intervenção do Estado na formação dos
contratos vai ser exercida não só pelo legislador, como também
pelos órgãos administrativos. Também o Poder Judiciário terá
nova função, pois, se as normas imperativas destas leis, aqui
chamadas de intervencionistas, restringem o espaço da
liberdade individual no contrato, também legitimarão o Judiciário
para que exerça o tão reclamado controle efetivo do contrato,
controle da justiça contratual, em especial o controle das
cláusulas abusivas. (2013, p. 249).
Capitulo 12 - FORNECEDOR
90
Como se vê, houve maior carinho do legislador ao trazer a definição de
fornecedor no código, indicando e diferenciando, inclusive, o que é serviço e o
que é produto como se extrai do artigo acima citado, ao contrário da definição de
consumidor no artigo 2º que deu margem ao surgimento das três teorias
apresentadas neste trabalho.
Vale dizer que peça fundamental para que seja o outro pólo da relação de
consumo caracterizado como fornecedor é a habitualidade deste em prestar o
serviço ou vender o produto relacionado à sua atividade.
Exemplificando, se um dono de uma loja de materiais de construção
colocar em sua loja, a pedido de um amigo, um aparelho celular para venda,
quem o comprar não poderá utilizar o CDC para reclamar sobre algum defeito
face ao dono da loja e muito menos em relação ao antigo dono do celular, já que
neste caso se trata de contrato puro de compra e venda que será regulado pelo
Código Civil.
Concluímos, portanto, que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços desde que realize estas
atividades com habitualidade dentro de seu ramo de atuação.
Capitulo 14 - PROCON
91
A facilidade nas aquisições de mercadoria, a compra efetivada por cartão
de crédito no sistema do parcelamento, os produtos com durabilidades cada vez
menores, as publicidades cada vez mais agressivas e persuasivas, tornam a
sociedade uma comunidade consumista, que se dedica a iludir o cidadão com
falsas promessas de alcance de felicidade na apropriação de produtos ou
serviços.
92
Constata-se que a criação dessa organização foi anterior à elaboração do
Código de Defesa do Consumidor, e sua instauração ocorreu inicialmente no
plano administrativo para depois ocorrer no eixo legislativo específico. Esse
início ocorrendo primeiro administrativamente adveio dos litígios na seara do
consumo e dos movimentos de classe que ocorriam globalmente em prol desses
vulneráveis. Os Procons podem funcionar em nível estadual, como a Fundação
Procon-SP, e em nível municipal, vinculados às prefeituras ou em parceria com
o Procon estadual.
Eles atuam como uma porta de entrada do acesso à justiça, por meio da
qual os consumidores podem esclarecer dúvidas quanto aos seus direitos e,
caso vivenciem algum problema ocasionado pela aquisição de um produto ou de
um serviço, buscam essa instituição para efetivar uma reclamação em face do
fornecedor.
94
repertório pessoal, representou o primeiro passo “em fazer valer” o seu direito.
Eis que a “justiça” foi feita. Essa noção corrente se faz presente até hoje, se
assim considerarmos muitas pessoas que entendem órgãos de defesa do
consumidor e juizados como instâncias equivalentes. Ou ainda advindas da
mesma origem administrativa do Estado”.
O Procon foi criado para estar próximo das causas que envolvam o
universo do consumo, buscando efetivar projetos e ações que assegurem direta
ou indiretamente um equilíbrio entre as partes nos momentos pré-contratual,
contratual e pós-contratual. Uma atuação significativa dos Procons são as
95
práticas de fiscalização e de aplicação de sanções adotadas como forma de
modificar e limitar os comportamentos abusivos do fornecedor.
96
aplicarem as sanções administrativas previstas no Código de Defesa do
Consumidor.
97
Assim, se alguém infringir as regulamentações, sujeita-se às seguintes
penalidades: multa, apreensão do produto, inutilização do produto, cassação do
registro do produto junto ao órgão competente, proibição de fabricação do
produto, suspensão de fornecimento de produto ou serviço, suspensão
temporária de atividade, revogação de concessão ou permissão de uso,
cassação de licença do estabelecimento ou de atividade, interdição total ou
parcial de estabelecimento, de obra ou de atividade, intervenção administrativa
e imposição de contrapropaganda, conforme consta no art. 56 da Lei 8.078/1990.
A primeira medida punitiva tem como característica ser essencialmente de
natureza pecuniária. Para arbitrar o valor a ser pago pelo fornecedor, o agente
sancionador deverá graduá-la, considerando a gravidade da infração, a
vantagem auferida e as condições econômicas do infrator.
99
(...) 2. A atividade fiscalizadora e normativa das agências
reguladoras não exclui a atuação de outros órgãos
federais, municipais, estaduais ou do Distrito Federal,
como é o caso dos Procon's ou da própria Secretaria de
Direito Econômico do Ministério da Justiça, por meio de
seu Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor, que podem fiscalizar, apenas, qualquer
pessoa física ou jurídica que se enquadre como
fornecedora na relação de consumo, nos termos do
art.3.º e §§ do Código de Defesa do Consumidor.
Precedentes: RMS 24.921/BA, rel. Min. Denise Arruda,
1.ª T., DJe 12.11.2008; REsp 26.397/BA, rel. Min.
Humberto Martins, 2.ª T., DJ 11.04.2008; REsp
25.065/BA, rel. Min. Francisco Falcão, 1.ª T., DJ
05.05.2008.
No que tange ao valor da multa aplicada pelo Procon,
verifica-se dos autos que o Tribunal a quo decidiu a
questão a partir de argumentos de natureza
eminentemente fática, concluindo que o valor da multa
foi fixado dentro dos limites da razoabilidade. (...)” (AgRg
no REsp 1081366/RJ, rel. Min. Benedito Gonçalves, 1.ª
T., j. 05.06.2012, DJe 12.06.2012).
100
de consumo com seus clientes, por incidir o referido
diploma legal. 2. Recurso especial não provido. (REsp
1103826/RN, rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2.ª T.,
j. 23.06.2009, DJe 06.08.2009)”
101
Numa tentativa de aperfeiçoar a tutela do consumidor, projetos de lei são
apresentados ao Congresso Nacional para complementar, alterar, transformar e
implementar direitos do vulnerável. Dentre essas iniciativas, observa-se o PL
5.196/2013, que prima pelo fortalecimento e ampliação dos poderes do Procon,
bem como pelo intercâmbio de ações entre essa instituição e o Poder Judiciário,
conforme a Justificativa exposta no referido Projeto:
102
A primeira alteração que o referido projeto propõe no art. 1.º é acrescentar
o Capítulo VIII, intitulado “Das medidas corretivas”, no Título I da Lei 8.078/1990,
composto dos arts. 60-A e 60-B. Referidos dispositivos expandem o poder
sancionador dos Procons, atribuindo aos agentes públicos a capacidade de
aplicar novas sanções ante o descumprimento, pelo fornecedor, das normas de
proteção do consumidor.
103
Entretanto, problemas poderão existir quanto aos critérios de competência, pois
o processo administrativo instaurado no Procon substituirá a primeira fase do
processo no Judiciário.
14.4 - Resumindo:
104
instrumento no Poder Judiciário. Isso significa que falta ao Procon o poder de
autoexecutoriedade para aplicar imediatamente as previsões normativas.
Revista de Direito do Consumidor 2016 RDC VOL. 107 (SETEMBRO - OUTUBRO 2016)
ATUALIZAÇÃO DO CDC
3. A TUTELA ADMINISTRATIVA DO CONSUMIDOR PELO
PROCON E AS PERSPECTIVAS DO PROJETO DE LEI 5.196/2013
105
Conclusão
A Constituição Federal brasileira de 1988 adotou a livre concorrência e a
defesa do consumidor como princípios da ordem econômica, constituindo-se
este princípio um limite àquele, e aquele um suporte a este. O Estado, como
agente regulador, intervém na ordem econômica para garantir a concorrência,
bem como a proteção ao consumidor.
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