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Esse pensamento não é absurdo, se levarmos em conta as relações entre os povos pré-
helênicos com as grandes civilizações orientais, como Egito e Babilônia, que já tinham um
começo do desenvolvimento de ciência. A tese orientalista é reforçada pelo fato das religiões e
mitos apresentarem semelhanças em algumas concepções incorporadas pelos gregos. Mas
como observa o historiador Abel Rey, os poetas gregos exaltavam a sabedoria oriental por dois
motivos: 1) o mito da Idade do Ouro, onde havia comunhão entre homens e deuses,
felicidade, conhecimento e imortalidade. 2) pelo conservadorismo e medo de chocar os
contemporâneos com ideias novas, tendo a crença de que o antigo é sempre uma autoridade
de conhecimento pelo simples fato de ser antigo ou tradicional.
Contrapondo essa ideia estão os filósofos Rousseau e Nietzsche. O primeiro afirma que
a grandeza dos gregos é explicada pelo antagonismo de suas cidades, tanto no interior de cada
uma, como entre a diferença entre elas, como também aconteceu, posteriormente, no
surgimento das cidades italianas na Renascença, não seria a paz e harmonia que explicaria o
mito grego e sim as lutas e disputas que estimulariam as criações sociais, políticas e
intelectuais gregas. Para Nietzsche, os gregos só foram capazes de criar a filosofia, porque
havia, em seu povo uma dicotomia, o princípio dionisíaco, da barbárie, do cruel, da
embriaguez e do pessimismo em contrapartida com o princípio apolíneo, da luz e da
serenidade, essa antítese governaria os gregos.
Para Nietzsche, a filosofia nasce e morre nos pré-Socráticos, pois eles passaram por
essa dicotomia, enquanto Sócrates, Platão e Aristóteles estavam somente preocupados com o
lado apolíneo. Sustentando a sua opinião, menciona fragmentos de filósofos pré-socráticos. A
partir de Sócrates, morre a filosofia e nasce a racionalidade.
Hegel descreve a filosofia oriental como uma religião, argumentando que não existe a
individualidade e sim o ser infinito, indeterminado que não pode ser pensado. Em confronto
com essa ideia, surge na Grécia a filosofia que antes era indefinida e indeterminada passa a ser
qualificada, individualizada, pensada e nomeada. Aponta também condições objetivas que
tornaram possível o nascimento da filosofia grega, o desaparecimento da sociedade patriarcal,
surgimento das cidades livres e organizadas por lei, a consagração do conhecimento científico,
colocando o filósofo grego como um homem político e pensador, e não uma figura religiosa
como encontramos no “filósofo oriental”.
Outros pensadores, como Burnet afirmam que “a filosofia nasce quando as velhas
explicações míticas e religiosas da realidade já não podiam explicar coisa alguma e haviam se
tornado contos fantasiosos aos quais ninguém dava crédito”. As viagens comerciais facilitaram
a liberação do mito grego, já que muitos negociantes percorriam terras que era descrita por
poetas e descobriram que não havia deuses ou monstros, mas sim outros seres humanos.
Porém duas outras qualidades dos gregos também contribuíram para o nascimento não só da
filosofia, como o nascimento da ciência ocidental, da lógica e da razão: o espírito de
observação e o poder de raciocínio. Influenciado pelo cientificismo da época, Burnet, contra a
continuidade da filosofia pelo mito descreve duas características do mito que são contrárias a
filosofia nascente: 1) enquanto o mito narra sobre o antes de tudo existir, o filosofo pergunta e
explica coisas que existem, o mito narra o passado, o filosofo explica o presente; 2) o mito usa
as contradições para justificar os deuses, o filósofo afirma que tudo pode ser compreendido
pela razão. Discorre sobre os avanços dos conhecimentos científicos e técnicos deixados pelos
gregos.
Contra esse pensamento, encontramos Cornford, que contesta a ideia de uma ruptura
direta e total da filosofia com os mitos e diz: a filosofia nascente não observa a natureza nem
faz experimentos, desconhece a ideia de verificação e de prova, ela transporta numa forma
laica e num pensamento mais abstrato, as formulações da religião e do mito sobre a natureza
e os homens.
Mostra também o modelo geral que será seguido peças cosmologias dos primeiros
filósofos: 1) no começo há o caos, estado de indeterminação onde nada aparece; 2) dessa
unidade, vão surgindo pares opostos que diferenciarão as quatro principais regiões do mundo
ordenado; 3) os opostos começam a se reunir e se combinar e dessa combinação nascem
todas as coisas. O autor vai além e mostra também a presença dos mitos em filósofos
posteriores como Platão. Os filósofos retiraram o lado fantástico e antropomórfico que os
mitos possuíam, mas permaneceram no mesmo lado em questões sobre a origem do mundo e
das coisas.
Jaeger, filósofo alemão, considera que o mito recebe a logica da filosofia, enquanto a
filosofia recebe do mito os conteúdos que precisam sem pensados, havendo assim uma
conexão orgânica entre mito e filosofia própria dos gregos. Jean Pierre Vernant, considera a
crítica de Cornford e Jaeger à ideia de ruptura entre mito e filosofia, mas escreve que não
podemos nos contentar com a ideia de que a filosofia diz o mesmo que o mito.
Podemos agora distinguir teogonia, que narra por meio das relações sexuais dos
deuses o nascimento de tudo, da cosmogonia, que narra a geração da ordem pela relação de
forças vitais divinas e cosmologia, forma inicia da filosofia que é a explicação da ordem do
mundo pelo princípio racional.
Os primeiros filósofos não se resumem na explicação apenas na origem das coisas, mas
também as causas das mudanças, das semelhanças e no desaparecimento. Excluindo qualquer
forma de sobrenatural estabelecida pelo mito somado a um pensamento abstrato. Propondo
que a natureza poderia ser racionalmente conhecida, porque é ordenada e estruturada por
leis, assim como o pensamento.
3. Comente a afirmação:
"Contudo, e evidentemente, o poema de Parmênides não é simplesmente um
mito. Ele veicula uma sabedoria, propõe um ensinamento que já não tem as
características do mito tradicional. Se não demonstra propriamente, sua
verdade também não se revela por inspiração poética, e não o lemos da mesma
maneira como escutaríamos a um poeta ou aedo".
R: Apesar de usar personagens mitológicos, diferente de outros autores,
Parmênides usa a racionalidade como ponto de partida do seu poema, descobre a “lei
fundamental do pensamento” é afirmada a identidade entre o pensar, o ser e o dizer.