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0011051-39.2019.5.03.0129

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO

2ª Vara do Trabalho de Pouso Alegre

ATSum 0011051-39.2019.5.03.0129

AUTOR: ARIENE KIRCHSCCHIGER ANACLETO

RÉU: EDEN COMERCIO ELETRONICO DO BRASIL LTDA


, GIAN FRANCESCO FILLI, BENJAMIN JOEL COURI

Fundamentação 

SENTENÇA

1. RELATÓRIO
Dispensado, na forma do art. 852-I da CLT.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. Ilegitimidade passiva do 2º e do 3º réus

Rejeito a preliminar, tendo em vista que a ilegitimidade de parte deve ser auferida de forma
abstrata, definida a partir da narrativa formulada na inicial, conforme preconiza a teoria da
asserção adotada pelo direito processual brasileiro.

Assim, a análise das condições da ação, existentes mesmo após o CPC/2015, decorre
simplesmente da indicação pelo autor daquela parte que acredita ser devedora da relação
jurídica de direito material.

Além disso, a responsabilidade dos réus é matéria afeta ao exame do mérito. A viabilidade da
pretensão será analisada em juízo de cognição exauriente, e não superficial, próprio das
preliminares.

2.2. Verbas Rescisórias

Postula a autora o pagamento das verbas rescisórias, sob a alegação de que foi dispensada
imotivadamente em 15/10/2019, com aviso prévio indenizado, sem, contudo, receber as
verbas rescisórias típicas.

A primeira ré, por sua vez, na peça de defesa de Id. aaba73a, informa o encerramento de suas
atividades na cidade de Extrema e sustenta que não havia dinheiro suficiente para quitação
das verbas rescisórias integrais de todos os empregados.

Incontroversa, portanto, a ausência de quitação das verbas rescisórias.

Desse modo, observado o período contratual laborado, de 26/9/2016 a 15/10/2019,


considerando a projeção do aviso prévio proporcional de 39 dias a partir do último dia
trabalhado, julgo procedente o pagamento das seguintes parcelas:

- aviso prévio indenizado (39 dias - três anos completos de trabalho);

- saldo de salário (15 dias);

- 13° salário proporcional (11/12);

- férias + 1/3 do período aquisitivo 2018/2019;

- férias + 1/3 proporcionais (1/12 - limite do pedido);

- FGTS acrescido da multa de 40%, referente a todo o período contratual, inclusive sobre 13º
salário e aviso prévio, uma vez que a ré não comprovou a regularidade dos depósitos, encargo
que lhe competia (art. 818, II, da CLT e Súmula nº 461 do TST).

Deverão ser deduzidos os valores já efetivamente depositados na conta vinculada da autora a


título de FGTS, conforme se apurar em liquidação de sentença.

Como parâmetro de liquidação, deverá ser adotada a última remuneração consignada na ficha
de registro de empregados (Id. a26346d), juntada pela primeira ré, no valor de R$ 1.144,00.
Considerando a dispensa imotivada, ratifico a tutela de urgência deferida na decisão de Id.
48c531b, quanto à baixa da CTPS com data de 23/11/2019, à liberação do FGTS e à habilitação
ao recebimento do seguro-desemprego, estas duas últimas mediante expedição de alvarás,
obrigações já cumpridas, sendo procedentes os pedidos.

2.3. Multas dos art. 477 e 467 da CLT

Incontroversa a inexistência de pagamento das verbas rescisórias no prazo legal, julgo


procedente o pedido de pagamento da multa do art. 477, § 8º, da CLT, no valor de R$
1.144,00, correspondente a um salário básico (ficha de registro de empregados de Id.
a26346d).

De igual modo, não quitadas as verbas incontroversas na primeira audiência, julgo procedente
a multa do art. 467 da CLT, no percentual de 50% do valor das verbas rescisórias e dos
recolhimentos ao FGTS (8%+40%). Isso porque referida penalidade incide apenas sobre as
verbas rescisórias, o que exclui, portanto, a multa do art. 477.

2.4. Cestas básicas

Sustenta a autora que os réus não forneceram as cestas básicas dos meses de setembro e
outubro de 2019.

Já a primeira ré afirma que não há previsão legal para o pagamento do benefício. Sustenta,
ainda, que a autora nunca recebeu cesta básica.

Ante a negativa da ré, e por ser fato constitutivo do direito da autora, incumbia a ela
comprovar a percepção do benefício desde o início do contrato, com a consequente supressão
nos meses de setembro e outubro de 2019, ônus do qual não se desvencilhou, nos termos do
art. 818, I, da CLT, porquanto não produziu nenhuma prova nesse sentido.

Assim, julgo improcedente o pedido.

2.5. Indenização do período estabilitário

É incontroverso o acidente de percurso sofrido pela autora, que levou ao seu afastamento do
trabalho, com percepção de benefício previdenciário sob a espécie 91.

Os riscos do negócio pertencem ao empregador, o que garante o direito à garantia provisória


no emprego do empregado que sofre acidente do trabalho, ainda que na modalidade de
percurso, eis que, à época do acidente, o art. 21 da Lei nº 8.213/1991 assegurava a
estabilidade provisória àqueles empregados que sofreram acidente no percurso de ida ou
retorno do trabalho, por qualquer meio de locomoção.

A estabilidade fica garantida por doze meses, a contar da data da alta médica pelo INSS,
quando cessa o recebimento do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção
do auxílio-acidente.
Portanto, somente adquire a estabilidade aquele trabalhador que ficou afastado do trabalho,
em razão do acidente ou doença ocupacional, por mais de quinze dias (artigos 59 e 60, Lei nº
8.213/1991), a partir da data da alta médica.

Na hipótese vertente, o documento de Id. 298852a comprova que a autora ficou mais de 15
dias afastada do trabalho após o acidente, com a percepção de auxílio-doença acidentário, sob
o código 91, recebendo-o até 06/09/2019. Assim, a autora tem direito à garantia no emprego
até 06/09/2020, consoante dispõe o art. 118 da Lei nº 8.213/1991.

Registro que a primeira ré reconheceu o direito da empregada, na medida em que inseriu no


TRCT o cálculo da indenização estabilitária.

Ademais, como já exposto anteriormente, o risco do negócio pertence ao empregador e, no


caso, alcança eventual período estabilitário do empregado, ainda que tenha havido o
encerramento das atividades empresariais. Isso porque, a mencionada garantia é de natureza
pessoal e subjetiva, assim como a assegurada à empregada gestante, diferente, portanto, da
garantia de dirigentes sindicais e membros da CIPA, cujo direito é de natureza objetiva e
relacionado ao desempenho das atribuições funcionais. Desse modo, somente quando a
garantia é relacionada a assegurar o exercício da função é que não subsiste a estabilidade com
o encerramento da atividade empresarial, na esteira do que dispõe a Súmula nº 369, IV, do
TST.

Assim, não há dúvidas de que deve ser assegurada a estabilidade provisória no emprego
quando a empresa encerra suas atividades no local em que o empregado acidentado presta
serviços.

Considerando o encerramento das atividades da ré, julgo procedente o pagamento de


indenização correspondente aos salários, férias + 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS + 40%,
do período de 16/10/2019 a 6/9/2020.

Não há que se falar em retificação da CTPS, para constar projeção do aviso até 20/10/2020,
como pretende a autora, haja vista que não houve efetiva prestação de serviços, apenas
indenização pelo período da estabilidade.

O cálculo da indenização independe do aviso prévio, na medida em que, se a autora fosse


dispensada ao final do período de estabilidade, teria direito ao pagamento do aviso
indenizado. No entanto, não há que se falar em reflexos, uma vez que o período de
estabilidade não integra o contrato de trabalho.

Como parâmetro de liquidação deverá ser adotada a remuneração de R$ 1.144,00.

2.6. Responsabilidade dos réus

Na condição de empregadora, a ré Eden Comércio Eletrônico do Brasil Ltda. responderá


diretamente pelas parcelas deferidas à autora.

Lado outro, a inclusão dos sócios Gian Francesco Filli e Benjamin Joel Couri no polo passivo,
ainda na fase de cognição, corresponde a pedido de desconsideração da personalidade
jurídica, nos termos do § 2º do art. 134 do CPC.

Conforme autoriza o art. 134, caput, e § 2º do CPC, aplicável por força do art. 855-A da CLT, a
desconsideração da personalidade jurídica é cabível na fase de conhecimento e dispensa a
instauração do incidente quando for requerida na petição inicial, hipótese em que o sócio será
citado.

No caso dos autos, o 2º e o 3º réus, sócios da 1ª ré, foram regularmente citados para compor o
polo passivo, sendo-lhes oportunizada apresentação de defesa e exercício do contraditório.

No processo do trabalho, os pressupostos legais específicos requeridos pelo § 4º do art. 134


são aqueles decorrentes da aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade
jurídica, com previsão no art. 28, caput, e § 5º do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o
mero inadimplemento das obrigações trabalhistas autoriza a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa, com a consequente responsabilidade subsidiária dos
sócios, caso não encontrados bens da pessoa jurídica.

Ante o exposto, em decorrência da aplicação da teoria menor, considerando a inadimplência


da 1ª ré em relação às verbas devidas à autora durante o contrato de trabalho, declaro a
responsabilidade subsidiária do 2º e do 3º réus.

A responsabilização patrimonial dos sócios, portanto, somente deverá ser efetivada caso a
empregadora não tenha patrimônio suficiente para responder pela condenação a ela imposta
nesta decisão.

2.7. Benefício da justiça gratuita

Tendo em vista a declaração de hipossuficiência econômica, que se presume verdadeira,


considerando que o salário da parte autora não ultrapassava 40% (quarenta por cento) do
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, bem como à míngua de
evidências de que a situação econômico-financeira tenha se alterado, defiro o benefício da
justiça gratuita, na forma do art. 790, § 3º, da CLT.

2.8 Honorários sucumbenciais

Por força do art. 791-A, § 3º, da CLT, e em atenção aos critérios previstos no § 2º do mesmo
dispositivo, arbitro os honorários advocatícios em 5% para os advogados da parte autora e 5%
para os advogados dos réus.

A base de cálculo sobre a qual incidirá o percentual de honorários advocatícios da parte autora
é o valor que resultar da liquidação de sentença, ficando excluída apenas a contribuição
previdenciária cota-parte do empregador (OJ 348 da SBDI-I do TST e TJP 4 deste E. TRT).

O percentual de honorários advocatícios da parte ré incidirá sobre o somatório do valor


atribuído pelo autor aos pedidos (individualmente considerados) que foram julgados
totalmente improcedentes e de eventuais pedidos objeto de desistência ou renúncia (art. 90
do CPC).

A procedência parcial, considerado cada pedido individualmente, não atrai a sucumbência


recíproca e, por conseguinte, o arbitramento de honorários em favor do procurador da parte
ré, uma vez que a pretensão principal da parte autora restou alcançada, ainda que em valor
e/ou quantidade eventualmente inferiores ao postulado.
Demais disso, a rejeição de algumas parcelas reflexas ou de pedidos sucessivos também não
importa em sucumbência, já que se trata de parte mínima do pedido (art. 86, parágrafo único,
do CPC).

No mais, aplica-se o regramento específico do art. 791-A da CLT.

2.9. Encargos previdenciários e fiscais

Sobre as parcelas de natureza salarial incidirão contribuições previdenciárias, na forma da


Súmula nº 368 do TST, a cargo da parte ré, que deverá comprovar os recolhimentos no prazo
legal, inclusive quanto ao SAT (Súmula nº 454, TST).

Em atenção ao disposto no art. 832, § 3º, da CLT, pontua-se que não integram a remuneração
para fins de cálculos dos valores devidos à Previdência Social somente as parcelas
discriminadas no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91. O aviso prévio indenizado, embora não
previsto no rol do art. 28, também não sofre incidência de contribuição, em razão de sua
natureza jurídica, conforme entendimento do C. TST.

Os recolhimentos fiscais também deverão ser efetuados pela parte ré, com autorização para
proceder aos descontos respectivos do crédito da parte autora, sendo calculados mês a mês
(regime de competência), na forma prevista no art. 12-A da Lei nº 7.713/1988, na Instrução
Normativa nº 1.500/2014 da RFB e na Súmula nº 368 do TST.

O imposto de renda também não incidirá sobre os juros de mora (OJ nº 400 da SBDI-1/TST).

2.10. Juros e atualização monetária

Juros de mora de 1% ao mês (art. 39, Lei nº 8.177/91), a partir do ajuizamento da ação (art.
883, CLT), incidentes sobre o valor já corrigido (Súmula nº 200, TST). No entanto, a partir da
vigência da MP nº 905/2019, os juros serão equivalentes ao índice aplicado à caderneta de
poupança.

Atualização monetária a partir do 1º dia útil do mês subsequente ao vencimento da obrigação,


nos moldes da Súmula nº 381 do TST.

Nos termos da Súmula nº 73 deste E. TRT, em relação ao índice de atualização monetária dos
débitos trabalhistas, deverá ser aplicada a TR até 24/03/2015 e o IPCA-E, a partir de
25/03/2015.

3. DISPOSITIVO

Ante o exposto, rejeito a preliminar e julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos para


condenar EDEN COMÉRCIO ELETRÔNICO DO BRASIL LTDA, na ação proposta por ARIENE
KIRCHSCCHINGER ANACLETO, ao pagamento de:

a) aviso prévio indenizado (39 dias); saldo de salário (15 dias); 13° salário proporcional (11/12);
férias + 1/3 do período aquisitivo 2018/2019; férias + 1/3 proporcionais (1/12 - limite do
pedido); FGTS acrescido da multa de 40%, referente a todo período contratual, inclusive sobre
13º salário e aviso prévio;
b) multa do art. 477, § 8º, da CLT, no valor de R$ 1.144,00, correspondente a um salário básico;

c) multa do art. 467 da CLT, no percentual de 50% do valor das verbas rescisórias e dos
recolhimentos ao FGTS (8%+40%);

d) indenização correspondente aos salários, férias + 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS +
40%, do período de 16/10/2019 a 6/9/2020.

Defiro a desconsideração da personalidade jurídica e, por conseguinte, declaro a


responsabilidade subsidiária de GIAN FRANCESCO FILLI e de BENJAMIN JOEL COURI, cuja
responsabilização patrimonial somente deverá ser efetivada caso a empresa não tenha
patrimônio suficiente para responder pela condenação.

Concedo o benefício da justiça gratuita à parte autora.

Deverão ser deduzidos os valores já efetivamente depositados na conta vinculada da autora,


conforme se apurar em liquidação de sentença.

Honorários de sucumbência e parâmetros de liquidação na forma da fundamentação.

Custas, pela parte ré, no valor de R$ 500,00, calculadas sobre a condenação ora arbitrada em
R$ 25.000,00.

Intimem-se as partes.

 AssinaturaPOUSO ALEGRE, 13 de Março de 2020.

NATALIA ALVES RESENDE GONCALVESJuiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Data: 13/03/2020 06:11:04

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