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0011051-39.2019.5.03.0129
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
ATSum 0011051-39.2019.5.03.0129
Fundamentação
SENTENÇA
1. RELATÓRIO
Dispensado, na forma do art. 852-I da CLT.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Rejeito a preliminar, tendo em vista que a ilegitimidade de parte deve ser auferida de forma
abstrata, definida a partir da narrativa formulada na inicial, conforme preconiza a teoria da
asserção adotada pelo direito processual brasileiro.
Assim, a análise das condições da ação, existentes mesmo após o CPC/2015, decorre
simplesmente da indicação pelo autor daquela parte que acredita ser devedora da relação
jurídica de direito material.
Além disso, a responsabilidade dos réus é matéria afeta ao exame do mérito. A viabilidade da
pretensão será analisada em juízo de cognição exauriente, e não superficial, próprio das
preliminares.
Postula a autora o pagamento das verbas rescisórias, sob a alegação de que foi dispensada
imotivadamente em 15/10/2019, com aviso prévio indenizado, sem, contudo, receber as
verbas rescisórias típicas.
A primeira ré, por sua vez, na peça de defesa de Id. aaba73a, informa o encerramento de suas
atividades na cidade de Extrema e sustenta que não havia dinheiro suficiente para quitação
das verbas rescisórias integrais de todos os empregados.
- FGTS acrescido da multa de 40%, referente a todo o período contratual, inclusive sobre 13º
salário e aviso prévio, uma vez que a ré não comprovou a regularidade dos depósitos, encargo
que lhe competia (art. 818, II, da CLT e Súmula nº 461 do TST).
Como parâmetro de liquidação, deverá ser adotada a última remuneração consignada na ficha
de registro de empregados (Id. a26346d), juntada pela primeira ré, no valor de R$ 1.144,00.
Considerando a dispensa imotivada, ratifico a tutela de urgência deferida na decisão de Id.
48c531b, quanto à baixa da CTPS com data de 23/11/2019, à liberação do FGTS e à habilitação
ao recebimento do seguro-desemprego, estas duas últimas mediante expedição de alvarás,
obrigações já cumpridas, sendo procedentes os pedidos.
De igual modo, não quitadas as verbas incontroversas na primeira audiência, julgo procedente
a multa do art. 467 da CLT, no percentual de 50% do valor das verbas rescisórias e dos
recolhimentos ao FGTS (8%+40%). Isso porque referida penalidade incide apenas sobre as
verbas rescisórias, o que exclui, portanto, a multa do art. 477.
Sustenta a autora que os réus não forneceram as cestas básicas dos meses de setembro e
outubro de 2019.
Já a primeira ré afirma que não há previsão legal para o pagamento do benefício. Sustenta,
ainda, que a autora nunca recebeu cesta básica.
Ante a negativa da ré, e por ser fato constitutivo do direito da autora, incumbia a ela
comprovar a percepção do benefício desde o início do contrato, com a consequente supressão
nos meses de setembro e outubro de 2019, ônus do qual não se desvencilhou, nos termos do
art. 818, I, da CLT, porquanto não produziu nenhuma prova nesse sentido.
É incontroverso o acidente de percurso sofrido pela autora, que levou ao seu afastamento do
trabalho, com percepção de benefício previdenciário sob a espécie 91.
A estabilidade fica garantida por doze meses, a contar da data da alta médica pelo INSS,
quando cessa o recebimento do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção
do auxílio-acidente.
Portanto, somente adquire a estabilidade aquele trabalhador que ficou afastado do trabalho,
em razão do acidente ou doença ocupacional, por mais de quinze dias (artigos 59 e 60, Lei nº
8.213/1991), a partir da data da alta médica.
Na hipótese vertente, o documento de Id. 298852a comprova que a autora ficou mais de 15
dias afastada do trabalho após o acidente, com a percepção de auxílio-doença acidentário, sob
o código 91, recebendo-o até 06/09/2019. Assim, a autora tem direito à garantia no emprego
até 06/09/2020, consoante dispõe o art. 118 da Lei nº 8.213/1991.
Assim, não há dúvidas de que deve ser assegurada a estabilidade provisória no emprego
quando a empresa encerra suas atividades no local em que o empregado acidentado presta
serviços.
Não há que se falar em retificação da CTPS, para constar projeção do aviso até 20/10/2020,
como pretende a autora, haja vista que não houve efetiva prestação de serviços, apenas
indenização pelo período da estabilidade.
Lado outro, a inclusão dos sócios Gian Francesco Filli e Benjamin Joel Couri no polo passivo,
ainda na fase de cognição, corresponde a pedido de desconsideração da personalidade
jurídica, nos termos do § 2º do art. 134 do CPC.
Conforme autoriza o art. 134, caput, e § 2º do CPC, aplicável por força do art. 855-A da CLT, a
desconsideração da personalidade jurídica é cabível na fase de conhecimento e dispensa a
instauração do incidente quando for requerida na petição inicial, hipótese em que o sócio será
citado.
No caso dos autos, o 2º e o 3º réus, sócios da 1ª ré, foram regularmente citados para compor o
polo passivo, sendo-lhes oportunizada apresentação de defesa e exercício do contraditório.
A responsabilização patrimonial dos sócios, portanto, somente deverá ser efetivada caso a
empregadora não tenha patrimônio suficiente para responder pela condenação a ela imposta
nesta decisão.
Por força do art. 791-A, § 3º, da CLT, e em atenção aos critérios previstos no § 2º do mesmo
dispositivo, arbitro os honorários advocatícios em 5% para os advogados da parte autora e 5%
para os advogados dos réus.
A base de cálculo sobre a qual incidirá o percentual de honorários advocatícios da parte autora
é o valor que resultar da liquidação de sentença, ficando excluída apenas a contribuição
previdenciária cota-parte do empregador (OJ 348 da SBDI-I do TST e TJP 4 deste E. TRT).
Em atenção ao disposto no art. 832, § 3º, da CLT, pontua-se que não integram a remuneração
para fins de cálculos dos valores devidos à Previdência Social somente as parcelas
discriminadas no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91. O aviso prévio indenizado, embora não
previsto no rol do art. 28, também não sofre incidência de contribuição, em razão de sua
natureza jurídica, conforme entendimento do C. TST.
Os recolhimentos fiscais também deverão ser efetuados pela parte ré, com autorização para
proceder aos descontos respectivos do crédito da parte autora, sendo calculados mês a mês
(regime de competência), na forma prevista no art. 12-A da Lei nº 7.713/1988, na Instrução
Normativa nº 1.500/2014 da RFB e na Súmula nº 368 do TST.
O imposto de renda também não incidirá sobre os juros de mora (OJ nº 400 da SBDI-1/TST).
Juros de mora de 1% ao mês (art. 39, Lei nº 8.177/91), a partir do ajuizamento da ação (art.
883, CLT), incidentes sobre o valor já corrigido (Súmula nº 200, TST). No entanto, a partir da
vigência da MP nº 905/2019, os juros serão equivalentes ao índice aplicado à caderneta de
poupança.
Nos termos da Súmula nº 73 deste E. TRT, em relação ao índice de atualização monetária dos
débitos trabalhistas, deverá ser aplicada a TR até 24/03/2015 e o IPCA-E, a partir de
25/03/2015.
3. DISPOSITIVO
a) aviso prévio indenizado (39 dias); saldo de salário (15 dias); 13° salário proporcional (11/12);
férias + 1/3 do período aquisitivo 2018/2019; férias + 1/3 proporcionais (1/12 - limite do
pedido); FGTS acrescido da multa de 40%, referente a todo período contratual, inclusive sobre
13º salário e aviso prévio;
b) multa do art. 477, § 8º, da CLT, no valor de R$ 1.144,00, correspondente a um salário básico;
c) multa do art. 467 da CLT, no percentual de 50% do valor das verbas rescisórias e dos
recolhimentos ao FGTS (8%+40%);
d) indenização correspondente aos salários, férias + 1/3, 13º salário e depósitos do FGTS +
40%, do período de 16/10/2019 a 6/9/2020.
Custas, pela parte ré, no valor de R$ 500,00, calculadas sobre a condenação ora arbitrada em
R$ 25.000,00.
Intimem-se as partes.