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ID Nº 272

GESTÃO DE RISCO E OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS


AMBIENTAIS: UMA ANÁLISE SOBRE A POLUIÇÃO HÍDRICA

Gabriela Araújo Romão1; Estela Najberg1; Endrew Henrique de Sousa Carvalho²

¹ Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGADM) - Universidade Federal de Goiás


(UFG). biromao@gmail.com; estelanajberg@gmail.com.
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Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária (PPGEAS) - Universidade
Federal de Goiás (UFG). carvalhoendrew@gmail.com.

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar, por meio da gestão de risco e os
instrumentos de políticas ambientais, meios alternativos de reduzir as ameaças advindas
da poluição hídrica. No que tange a metodologia, a abordagem utilizada foi a qualitativa
e a qualificação metodológica foi a descritiva, com emprego da pesquisa bibliográfica e
documental. É notável a influência do movimento ambientalista brasileiro no que tange
às políticas ambientais, e como estas, a partir dos instrumentos, tornam-se soluções para
a minimização dos perigos. Da mesma forma, a gestão de risco traz estratégias para os
formuladores de políticas decidirem pelo melhor instrumento baseado em algumas
análises, focalizando aquele que remeterá maior custo benefício para a sociedade. Assim,
conclui-se que há meios de reduzir os riscos provenientes dos efeitos da poluição das
águas, por intermédio da junção dos instrumentos de políticas ambientais e escolha da
melhor estratégia pelo tomador de decisões, tendo como foco garantir o bem-estar social
para todos. As contribuições deste trabalho concernem a demonstrar que há maneiras de
diminuir os riscos provenientes da poluição hídrica, mediante a escolha do melhor
instrumento de política ambiental baseado na melhor estratégia de gestão, tenho como
base o custo benefício e as especificidades locais.

Palavras-chave: poluição hídrica, instrumento de política pública ambiental, gestão de


risco

INTRODUÇÃO
A água representa a vida em todas as suas esferas, tem relevância fundamental
para o equilíbrio da biodiversidade e da conservação dos ecossistemas, além de ter sido
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primordial para os avanços da humanidade, já que possibilitou o crescimento e


desenvolvimento em diversas áreas da economia e, consequentemente, do próprio bem-
estar social. Porém, ao longo dos séculos a relação homem-natureza vem se modificando,
a água passou a ser vista, acima de tudo, como um recurso hídrico, e seu uso
indiscriminado culminou em uma crise socioambiental sem precedentes (BACCI;
PATACA, 2008).
De acordo com a Lei nº 6.938/81, em seu Art. 3º, III, poluição é conceituada como:
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades
sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem
as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos (BRASIL, 1981).

Tucci (1998) aponta que a poluição hídrica ocorre por meio do acréscimo de
substâncias ou de formas de energia, que mesmo de forma indireta modificam as
características químicas e físicas da água, acarretando prejuízos no seu uso benéfico. Por
conseguinte, traz quatro tipos de fontes de poluição: mistas, difusas, atmosféricas e
pontuais.
No que tange às fontes de poluição atmosférica, classifica-se em duas linhas:
móveis (aviões, veículos, navios e etc.) e fixas (tendo a indústria como principal fonte).
Santos (2002) cita que os causadores de poluição se dividem em naturais e artificiais, o
primeiro diz respeito às fontes naturais, como as queimadas referentes às atividades
vulcânicas ou por raios; e a segunda é consequência das atividades humanas, como a
queima de combustíveis fósseis e a emissão de gases diversos na atmosfera provenientes
de indústrias e automóveis.
Em relação às fontes de poluição difusas ou não pontuais, Thomann e Mueller
(1987) a caracterizam como relacionadas à geologia, à morfologia da bacia de drenagem
e ao uso do solo. De acordo com Mierzwa (2001), ela é gerada quando os poluentes
atingem os corpos de água de forma descontínua, não sendo possível o estabelecimento
de nenhum tipo de padrão de frequência, quantidade ou controle. Ainda segundo o autor
a fonte de poluição pontual é caracterizada pelo lançamento de poluentes em pontos
específicos do corpo de água e de maneira determinada, porém, diferente da poluição
difusa, há controle sobre as emissões, permitindo apontar padrões de frequência; as
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estações de tratamento de esgotos são exemplos deste tipo de fonte de poluição. A


poluição mista trata da mistura de todas as fontes já citadas.
Pereira (2004), aponta que as consequências das fontes de poluição hídricas são
avaliadas por intermédio de características químicas, físicas e biológicas. Na poluição
química há dois tipos de poluentes: os biodegradáveis (inseticidas, fertilizantes e etc.) que
se decompõem por meio de ação bacteriana e os poluentes persistentes (mercúrio), que
contaminam os alimentos, peixes e animais aquáticos, e que, consequentemente, podem
afetar a saúde humana. Já a poluição física é responsável pela modificação das
características físicas da água, isto ocorre através da poluição por resíduos sólidos
(normalmente provenientes de esgoto doméstico e industriais) e a poluição térmica
(situação acarretada pelo lançamento de agua aquecida referente ao processo de
refrigeração de siderúrgicas e refinarias). Em relação a poluição biológica, há a
contaminação por organismos patogênicos provenientes dos esgotos, como por exemplo,
os vírus (responsáveis pelas hepatites), bactérias (infecções epidérmicas, endêmicas e
intestinais), protozoários (amebíase) e vermes.
Dessa forma, é notável a importância de leis e políticas ambientais que reduzam
as ameaças provenientes da poluição hídrica. No Brasil, a Lei Federal de Recursos
Hídricos (Brasil, 1997), cita dois aspectos relevantes para o objetivo desse trabalho. Em
primeiro lugar, prevê no Capítulo IV, Seção IV, Art. 19, I, reconhecer a água como bem
econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor, desse modo o governo tem
respaldo para exigir dos agentes poluidores devolução monetária por prejuízos causados
pelas suas atividades. E no Título II, Capítulo I, Art. 32°, IV, o planejamento, a regulação
e o controle do uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; o que nos remete
à compreensão que o poder público tem responsabilidade em avaliar e escolher o melhor
instrumento de política pública para solucionar uma possível ameaça ao bem-estar social.

Instrumentos de Políticas Públicas Ambientais

Neste tópico serão apresentados o movimento ambientalista brasileiro e as


políticas públicas ambientais, entre elas: os instrumentos de comando e controle, os
instrumentos econômicos e os instrumentos de informação.

O Movimento Ambientalista Brasileiro


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O movimento ambientalista brasileiro teve e tem papel fundamental para a


formulação e implementação de políticas públicas ambientais, assim, cabe ressaltar, de
forma sucinta, a sua história e relevância.
No fim da década de 1980 e início dos anos 90, com o término do regime militar,
a sociedade brasileira pós-ditadura criticava a centralidade das políticas sociais em âmbito
federal, e cobrava maior gestão participativa. A descentralização do poder significou a
participação social como fundamental para formular, executar e gerir ações (BARBOSA,
2010). À vista disso, o movimento ambientalista passou a participar de maneira mais
ampla no processo de criação e desenvolvimento das políticas públicas ambientais, que
tiveram uma vasta assimilação das demandas populares, mesmo porque a sociedade
começou a compreender que a degradação do meio ambiente estava diretamente
relacionada com as condições de vida da população (ALMEIDA; GEHLEN, 2005).
Todavia, as políticas públicas ambientais não acompanharam as expansões desenfreadas
nos diversos segmentos econômicos, como a agroindústria e o uso cada vez maior de
agrotóxicos, o êxodo rural, a industrialização e o consequente crescimento das cidades e
do consumo (COSTA, 2003).
Deste modo, de maneira autônoma, grupos de ativistas ambientais se formaram e
por meio de estratégias e articulações, foi criada uma rede mais fortificada. Outro aspecto
relevante do movimento ambientalista é o terceiro setor representado pelas Ongs e
associações, que buscam suprir as falhas e ineficiências governamentais no que tange à
preservação ambiental e passaram a ser o elo de ligação entre o privado e o público.
Portanto, é notável a influência exercida pelo movimento ambientalista em exigir
dos governos soluções mais eficientes e permanentes para os problemas ambientais, e
isso se dá, em grande parte, por meio da formulação e posterior implementação de
políticas públicas, que têm a seu dispor diversas ferramentas, situação que acarreta
desafio constante para os formuladores de políticas, já que encontrar o melhor meio de
solucionar complicações ambientais, com todas as limitações geográficas, orçamentárias
e sociais não é uma tarefa fácil.

Políticas Ambientais

Política Ambiental pode ser definida como ações governamentais que têm como
objetivo orientar e intervir na atividade dos agentes poluidores com a finalidade de fazer-
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se mais eficiente a alocação dos recursos naturais e de diminuir os custos sociais


decorrentes da sua utilização indevida (RISSATO e SAMBATTI, 2009).
No Brasil, a política ambiental não acompanhou o crescimento econômico do país
e os impactos consequentes deste processo, além de que, é notável que a própria sociedade
de modo geral contribui com os diversos tipos de poluição ambiental, já que falta
conscientização em relação à importância da coleta seletiva do lixo, da não exploração e
construção em áreas de preservação entre outros.
Cabe ressaltar que a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938) só foi
decretada em 1981, momento em que foram apresentadas as ações, os objetivos e os
instrumentos de políticas do meio ambiente. É somente a partir da Constituição de 1988,
que foi estabelecido o direito de todos a um meio ambiente equilibrado; o que acarretou,
consequentemente, a obrigatoriedade na formulação e implementação de políticas
públicas ambientais por parte dos governos (NASCIMENTO; VAN BELLEN;
NASCIMENTO, 2013). Dessa maneira, a política ambiental pode ser interpretada como
a junção de instrumentos de que o Estado dispõe para reduzir a demanda por serviços,
consumo de bens e recursos naturais parcos, os quais estão expostos a externalidades
negativas (MORAES; TUROLLA, 2004).
Os economistas conceituam problemas ambientais como falhas de mercado, que
podem ser explicadas por meio da teoria dos bens públicos e a teoria das externalidades.
No que tange aos bens públicos, os autores o descrevem como uma indefinição sobre os
seus direitos de propriedade, quer dizer, não é possível a realização de trocas com outros
bens, já que o sistema de preços é inapto a valorá-los de forma eficiente. Além disso, os
bens públicos têm como característica a não exclusividade e não rivalidade (THOMAS;
CALLAN, 2009).
De acordo com Nusdeo (2006) a não exclusividade significa a impossibilidade de
evitar que outros indivíduos partilhem do consumo do bem. Em relação à não rivalidade,
o autor discorre que a utilização do bem pode ser feita sem necessariamente reduzir a
quantidade disponível para outra pessoa. As externalidades são as falhas no sistema de
mercado, e ocorrem quando as maneiras de produzir e consumir acarretam benefícios
(externalidades positivas) ou custos (externalidades negativas), e que são contabilizados
de forma incorreta pelo mercado (VARELA, 2008).
No que concerne uma externalidade positiva, Soares (1999) cita a relação entre o
produtor de mel e de maçãs, já que é facilmente verificável que a “florada de maçãs”
opera de maneira positiva sobre a produção de mel. Já em relação a uma externalidade
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negativa, o autor cita a poluição sonora das grandes cidades que afetam as residências
próximas aos viadutos e amplas avenidas; além do incômodo concernente ao ruído, ainda
desvalorizam o valor dos imóveis
Desse modo, pode-se dizer que as externalidades são as consequências, favoráveis
ou desfavoráveis, que uma respectiva atividade acarreta fora de seu próprio domínio.
Portanto, a discussão se refere a quais instrumentos de políticas públicas ambientais
podem ser utilizados pelos formuladores de políticas para reduzir os impactos produzidos
pelas externalidades, que no caso deste trabalho são decorrentes da poluição hídrica.
Há três tipos de políticas de gestão ambiental: instrumentos de comando e
controle, instrumentos econômicos e instrumentos de comunicação.

Instrumentos de Comando e Controle

A abordagem de comando e controle é aquela em que o poder público utiliza de


aparato de lei para acarretar comportamento socialmente adequado, através de
mecanismos de fiscalização – multas, polícia, entre outros – e dessa forma, obter
obediência à lei (FIELD; FIELD, 2014). De acordo com Margulis (1996), há três
principais instrumentos referentes ao comando-e-controle:

• Licenciamento: é utilizado pelos órgãos de controle ambiental para a


permissão de atividades que impactam de alguma forma o meio ambiente,
além da instalação de projetos.

• Zoneamento: é um sistema de regras de utilização da terra aplicado pelo


poder público local para a indicação da melhor localização para
determinada atividade econômica.
• Os padrões são os instrumentos de gestão ambiental mais usados pelos
governos. Os principais tipos são: a) padrões de emissão: impõe limites
para as concentrações a serem despejadas no meio ambiente por uma fonte
de poluição; b) padrões de qualidade ambiental: concentração com limite
máximo de poluentes no meio ambiente; c) padrões tecnológicos: padrões
com determinações referentes ao uso de tecnologias específicas; d)
padrões de desempenho: especificam um limite de poluição a ser
alcançado, mas não estabelecem a tecnologia a ser utilizada; e) padrões de
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produto e processo: estipulam que a descarga de efluentes por unidade de


produção ou por processo se baseia em limites definidos.

Cabe destacar, no que tange aos padrões ambientais, três deles: o padrão de
qualidade ambiental ou de meio ambiente, o padrão baseado em tecnologia e o padrão
baseado em desempenho. Em relação ao padrão de meio ambiente, Thomas e Callan
(2009) exemplificam citando que nos Estados Unidos e em países altamente
industrializados se utiliza padrões para definir a qualidade da água e do ar, não impostos
de forma autoritária, mas como base de meta a ser atingida. No que tange ao padrão
baseado em tecnologia, os autores discorrem sobre a redução de emissões de dióxido de
enxofre, em que é exigida de todas as termelétricas a utilização de depuradores.
Thomas e Callan (2009) ainda destacam algumas restrições advindas do uso pelo
Estado dos instrumentos da abordagem de comando-e-controle, principalmente em
relação aos padrões ambientais, como segue no quadro abaixo:

Quadro 1: Restrições do uso de padrões ambientais pelo poder público.


Restrições Legislativas: não estabelece, necessariamente, limites de poluição
que discorrem os custos e benefícios relativos. Por exemplo: nos Estados Unidos, a Lei
referente ao Ar Limpo, os padrões são fundados apenas com a motivação de bem-estar
e melhoria na saúde, o que na prática não ocorre, já que o fator econômico influenciará
na forma e quantidade de redução.

Informações Imperfeitas: há imensa dificuldade de se obter todas as


informações necessárias para a redução de emissão de poluentes, deste modo, o
governo tende a estabelecer padrões.

Não-Uniformidade de Poluentes: pode ocorrer quando a localização dos


poluidores localizam-se em distâncias variadas a partir de uma população exposta à
poluição; dessa maneira, o nível eficiente da redução não seria idêntica para todas as
fontes que poluem.
Fonte: Adaptado de Thomas e Callan (2009, p. 101-102).

Os instrumentos de comando e controle estão restritos à capacidade de regulação


e fiscalização do poder público, assim sendo, o triunfo de sua aplicabilidade dependerá
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da competência legal para certificar-se que a lei está sendo cumprida (MARGULIS,
1996).

Instrumentos Econômicos

É notável que os instrumentos de comando e controle não são suficientes para


diminuir os impactos causados pelo aumento expressivo da degradação ambiental, por
esse motivo, em diversos países ocorreu a necessidade de complementar o aspecto
normativo com um enfoque mais econômico (TARQUÍNIO, 1993). Então, a partir de
1972, foi adotado o princípio de “poluidor pagador”, como fundamento para o
estabelecimento de políticas públicas ambientais para os países membros da Organização
de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). (BURSZTYN; OLIVEIRA,
1982).
Os instrumentos econômicos têm como base a alteração de preço, quer dizer,
internalizar as externalidades em relação ao custo de se utilizar recursos, modificando o
nível de utilização de bens e, consequentemente, sua demanda (MOTTA; SYAGO, 1998).
Já Thomas e Callan (2009) citam que está havendo uma conscientização dos ganhos
relacionados aos instrumentos econômicos e que sua utilização pelos setores público e
privados está em processo de crescimento. Os autores discorrem sobre quatro categorias
de instrumentos de mercado:
• Subsídio: concessão ou pagamento de diminuição de impostos, que presumem
ajuda financeira para a contenção da poluição atual e/ou futura.
• Encargos por poluição: Uma taxa proporcional ao volume lançado pelo agente
poluidor.
• Sistema de depósito/reembolso: Cobrança antecipada com o objetivo de cobrir
possíveis danos referentes à poluição, porém no caso de atitudes positivas, como
a logística reversa ou a reciclagem, o valor é devolvido;
• Sistema de comércio de licenças de poluição: traz a concepção de venda,
permissão e/ou créditos de direitos de poluir.

Por exemplo, no que tange o setor de água, as licenças negociáveis viriam por
intermédio de quotas de água, as taxas e impostos sobre ganhos de capital e os subsídios
dos fundos ambientais. Já em relação ao setor de minerais, as licenças negociáveis
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adviriam das quotas de extração, as taxas e impostos (tributos ambientais) sobre os


royalties e taxas de uso e os subsídios dos fundos setoriais (OECD, 1996).
No que concerne aos danos ambientais, a poluição hídrica poderia ser minimizada
por meio de direitos sobre os efluentes advindos das licenças negociáveis; os tributos
ambientais por meio de taxas e tratamento de efluentes; e sobre a poluição os subsídios
viriam de juros bonificados e empréstimos (OECD, 1996).
Thomas e Callan (2009) concluem que todos os instrumentos de políticas
ambientais estão sujeitos a imperfeições. Porém, os instrumentos econômicos surgem
para, de alguma maneira, forçar os poluidores a ajustar suas decisões e internalizar os
custos advindos dos danos por eles provocados, tornando-se uma alternativa para
minimizar a degradação ambiental.

Instrumentos de Comunicação

Os instrumentos de comunicação, de acordo com Nogueira e Pereira (1999), têm


como objetivo principal informar e conscientizar a população e os agentes poluidores
sobre os inúmeros temas ambientais. Os autores citam que mesmo essa tarefa não sendo
exclusivamente governamental, é relevante a partir do momento que a maioria dos
projetos são formulados e implementados pelo poder público.
Os principais instrumentos de comunicação, de acordo com Lustosa e Young
(2002) são:
• Educação e Informação: instrumentos que envolvem o uso de meio de
comunicação, ações publicitárias, seminários, palestras, educação formal entre
outros, e tem como objetivo conscientizar a população dos riscos que estão
sujeitos e maneiras de minimizá-los.
• Negociação direta e acordo voluntário: esse instrumento é utilizado com o
objetivo de solucionar os problemas ambientais acarretados por ações de agentes
poluidores por meio de negociação com as comunidades afetadas, tendo o governo
a missão de intermediar e informar os cidadãos sobre os riscos advindos da
poluição, além de apoiar na organização das negociações. No que tange aos
acordos voluntários, pode ser exemplificado por intermédio de persuasão
utilizando base moral.
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De forma sucinta, é notável que os instrumentos de comunicação são aportes para


os outros instrumentos, além de que, os indivíduos, a partir do momento que são
consumidores, podem utilizar de sua liberdade de escolha para consumir apenas produtos
e serviços de empresas que têm como característica o respeito ao meio ambiente e a
conduta voltada ao cumprimento da lei; também servindo como suporte às comunidades
em negociações e pressões junto aos órgãos fiscalizadores e os próprios agentes
poluidores, na diminuição da degradação ambiental de maneira geral.
Por meio do que foi exposto, deve-se considerar a importância de auxiliar o poder
público não apenas em relação aos instrumentos de políticas ambientais, mas como
determinar quais ações ou políticas serão as mais adequadas no que concerne determinado
risco.

Gestão de Risco

A análise de riscos ambientais tem como base dois processos: a avaliação de risco,
que tem como foco avaliar sobre um perigo ambiental por intermédio de estudos
científicos e compreender os riscos no qual a sociedade está exposta. E a gestão de risco,
que objetiva apoiar os governos na determinação de políticas adequadas para minimizar
o risco (THOMAS; CALLAN, 2009).
Antes de adentrar à gestão de risco, cabe conceituar o que se conhece por risco e
expor de forma sucinta a avaliação de risco, já que mesmo não sendo o objetivo deste
trabalho, auxilia o entendimento sobre a gestão de risco ambiental.
De acordo com Sjöberg (1994) o significado de risco a partir do senso comum
inclui questões que ameaçam reduzir o bem-estar, a segurança e a saúde. Já Thomas e
Callan (2009) discorrem que risco é simplesmente “a possibilidade de algum coisa ruim
acontecer”. Os autores também classificam o risco em voluntário e involuntário.
• Risco Voluntário: quando assumidos de maneira individual. Exemplo: caminhar
em uma zona interditada por perigo de desabamento.
• Risco Involuntário: quando o indivíduo não tem o controle sobre o risco.
Exemplo: problemas respiratórios acarretados por emissão de gases poluentes por
indústrias próximas.

Dessa forma, risco ambiental pode ser definido como um risco involuntário de
exposição a um dado perigo em que um indivíduo ou comunidade está suscetível.
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A avaliação de risco conceitua-se como uma avaliação tanto quantitativa como


qualitativa do risco à ecologia e a saúde em consequência de um perigo ambiental
(THOMAS; CALLAN, 2009). Os autores também caracterizam a avaliação de risco em
quatro etapas: a) identificação do perigo: determinação de relação entre um poluente e
seus possíveis efeitos; b) análise dose-resposta: relação quantitativa entre as dosagens de
um poluente e suas reações; c) análise da exposição: caracteriza os níveis de concentração
e as fontes de um perigo ao meio ambiente; e d) caracterização do risco: descrição do
perigo com base na avaliação da exposição a esse perigo. Esses processos são
normalmente realizados por cientistas e estudiosos que analisam e interpretam os dados
sobre certo contaminante e apresentam aos órgãos competentes e responsáveis por
formular as políticas ambientais.
Thomas e Callan (2009) definem gestão de risco como “o processo em que o
responsável pelas decisões avalia e seleciona entre respostas alternativas ao risco
ambiental”, quer dizer, quais instrumentos estão mais aptos a diminuir o risco no que
tange determinado poluente e seu respectivo efeito. Também discorrem a respeito das
tarefas da gestão de risco, que estão pautadas em determinar a aceitabilidade do risco pela
sociedade e o processo de avaliação e seleção de um instrumento de política, que ocorre
por meio de avaliações de três pontos: a) o estabelecimento do nível de risco; b) com a
adoção da política, quais benefícios serão estendidos para a sociedade; e c) custos
relativos à implementação da política. Os autores citam que as estratégias mais
importantes são:

• Análise Comparativa de Riscos: avaliar de forma relativa os riscos, por exemplo,


em relação ao alto risco para a saúde humana o problema ambiental pode ser
exposto como a poluição em ambientes fechados; porém, o problema deste tipo
de análise é que a sociedade nem sempre reconhece o risco da mesma forma que
é fixado pelos governos.
• Análise Risco-Benefício: avaliar o risco por meio da comparação entre os
benefícios da não implementação de uma política em relação ao perigo oriundo
do risco, por exemplo, a utilização da gasolina, que apesar de gerar riscos à saúde,
gera empregos e desenvolvimento em diversas áreas.
• Análise Custo-Benefício: relaciona-se com o critério de eficiência alocativa, quer
dizer, formular e implantar um sistema em que reduza os riscos com custos
mínimos.
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Portanto, por intermédio da gestão de riscos o formulador de políticas decidirá


quais instrumentos de políticas públicas serão mais eficientes para resolver perigos a
riscos ambientais, que no caso da poluição hídrica podem ser, como exposto no
subcapítulo referente ao tema, recorrentes de emissão de poluentes em rios, por meio da
contaminação por mercúrio entres outros.

OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo analisar, por meio da gestão de risco e os
instrumentos de políticas ambientais, meios alternativos de reduzir as ameaças advindas
da poluição hídrica.

MÉTODOS

A abordagem utilizada neste trabalho foi qualitativa e a qualificação metodológica


considerou o critério de classificação apresentado por Vergara (2013):

1) Quanto aos fins: a metodologia é descritiva, pois o objetivo se concentrou em


descrever determinada população ou fenômeno;

2) Quanto aos meios: foi empregada a pesquisa bibliográfica, por meio do


levantamento a respeito do tema pesquisado; a base de pesquisa foram artigos,
livros, anais de congressos, dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Também foi utilizada a pesquisa documental, por intermédio de consultas a
fontes secundárias, como a base do Ministério do Meio Ambiente, o Diário
Oficial da União, entre outros.

RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa demonstram que a utilização de instrumentos


alternativos de políticas ambientais, além da escolha da melhor estratégia de gestão
baseada em custo benefício, auxilia o tomador de decisões a diminuir os impactos
advindos de riscos ambientais, entre eles, a poluição hídrica. É notável que ainda não há
meios de diminuir os riscos a zero, porém, mediante o que foi apresentado neste trabalho,
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há formas de contribuir com a sua minimização, levando em consideração as relações


sociais, financeiras e de qualidade de vida da população.
Os instrumentos de políticas públicas ambientais devem ser escolhidos por meio
de estudos e análises de custo benefício, levando em consideração as especificidades
locais, além de que, conforme descrito neste trabalho, as junções dos instrumentos
possivelmente acarretarão melhores resultados, já que nem sempre a estratégica escolhida
pelo tomador de decisões se baseará em apenas uma única ferramenta.

CONCLUSÕES

Neste trabalho, procurou-se analisar por meio da gestão de risco e os instrumentos


de políticas públicas ambientais, formas alternativas de reduzir os perigos causados pela
poluição hídrica. É notável que os instrumentos pertencentes à abordagem de comando e
controle, abordagem de mercado e de comunicação se complementam e oferecem aos
formuladores de políticas ambientais diversos recursos para cumprir o que consta na
Constituição Brasileira de 1988, além da Lei Federal de Recursos Hídricos, que se
fundamentam em proporcionar à sociedade um meio ambiente equilibrado.
Também é relevante citar que a gestão de risco oferece estratégias para auxiliar na
escolha do melhor instrumento de política referente a determinada situação de risco,
levando em conta fatores como a localização, a gravidade do risco, o custo benefício entre
outros.
Cabe ressaltar a influência do movimento ambientalista brasileiro em relação à
formulação e implementação das políticas ambientais, já que além de ser constituído por
Ongs e o terceiro setor, passou a representar a ligação existente entre o poder público e
privado. Dessa forma, espera-se que esse trabalho possa auxiliar os formuladores de
políticas ambientais, conscientizar a sociedade de que há ferramentas disponíveis para a
minimização da degradação ambiental e, por conseguinte, meios de exigir do Estado,
alternativas eficientes e que gerem bem-estar social para todos.
Há diversas possibilidades de estudos na temática deste trabalho, como meios de
aplicabilidade dos instrumentos de políticas públicas tendo como foco uma das três
abordagens aqui descritas, aprofundamento na análise de riscos em relação aos diversos
tipos de poluição e até mesmo a relevância da educação ambiental nas comunidades mais
suscetíveis a riscos.
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REFERÊNCIAS

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v. 22, n. 63, mai./ ago. 2008.
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