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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

Nietzsche: sobre alguns


problemas morais da
democracia moderna
Adriana Delbó*

Resumo: Para compreender as análises da política por Nietzsche é ne-


cessário compreender sua análise da moral cristã. Limitadas concepções
do que sejam “bom” e “mau” sustentam as demandas por proteção, paz,
longevidade. Para ser avaliado como bom, o governo deve prometer o cui-
dado das condições da mera existência. Assim, Nietzsche avista a políti-
ca de sua época conduzindo adiante homens debilitados. Por pensar a po-
lítica como instrumento para elaboração de cultura, sua tarefa consistiria
em fortalecer o homem e seus modos de organização do viver em comum.
Neste sentido, a genealogia da moral e o projeto de transvaloração dos va-
lores representam um desafio a todos que se propõem a pensar a política.
Palavras chave: política – cultura - moralidade cristã - transvaloração
dos valores

A despeito de a democracia ser um princípio político muito


caro à nossa época, ela será aqui objeto de análise à luz do pensa-
mento de Nietzsche e, por decorrência, as reflexões acerca desse
assunto não terão utilidade para sua defesa, para proposta de aper-
feiçoamento, nem para as maiores fundamentações e justificações.
Nas considerações de Nietzsche a respeito da política destacam-se
seus ataques à democracia moderna: ele discerne no movimento
democrático uma herança cristã e, em vista disso, o avalia como
expressão de uma moral alimentadora do animal de rebanho, e, por-
tanto,
do rebaixamento e amolecimento da humanidade; acusa os

* Professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiás, Brasil. E-mail: adrianadelbo@


gmail.com.

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Delbó, A.

Estados democráticos de fazer prevalecer a concepção do governo


como instrumento da vontade popular; e, em vista disso, ser modelo
exemplar para as relações instrumentais e comerciais formadas
nas demais esferas sociais. Por fim, a democracia moderna é, para
Nietzsche, o declínio do Estado.
Não obstante, ao contrário do desprezo pela política, comu-
mente atribuído a Nietzsche, reconhecemos em seus escritos a re-
levância dada a ela, por compreendê-la como instrumento para a
elaboração de cultura em vista da organização social favorável ao
engrandecimento, fortalecimento e infindável autoelaboração hu-
mana. Embora seus posicionamentos acerca desta temática sejam
bastante ácidos, eles revelam sua preocupação com a política no
que concerne ao destino que ela traça para a humanidade; também
esclarecem os critérios da sua análise da política: as perguntas pelo
tipo de cultura gerada, o tipo de moral em que se ampara, o tipo
homem que a sustenta e que por meio dela é fortalecido. A com-
preensão do papel da política no pensamento de Nietzsche requer
atenção à relevância da sua genealogia da moral e da sua transva-
loração dos valores.
A leitura fragmentada dos escritos de Nietzsche poderia nos
levar a crer exatamente no que ele jamais defendeu. Poderíamos
excluí-lo do âmbito filosofia política, afinal, ele mesmo, na obra
Humano, demasiado humano menciona um distanciamento da polí-
tica alegando que “é preciso permitir a alguns, mais do nunca, que
se abstenham da política e se coloquem um pouco à parte” (MA
I/HH I 438, KSA 2.286). Não obstante, na crítica de Nietzsche à
modernidade destacam-se suas análises da política em sua preo-
cupação maior com a cultura. Para ele, a origem da concepção de
Estado como promotor da paz e do cuidado da vida é imensamente
responsável pela decadência do homem em vista de sua possibili-
dade de elaboração de cultura. Já nos seus primeiros escritos a res-
peito da política, quando analisa a cultura grega, ele estabelece um
entrelaçamento entre cultura e política por meio de paralelo entre
as contribuições da política para criação de cultura na antiguidade,

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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

e as dificuldades decorrentes da política moderna para o alcance


desta tarefa. No mesmo sentido, em O nascimento da tragédia,
Nietzsche anuncia uma misteriosa conexão entre arte e Estado gre-
goA principal percepção de Nietzsche da política, na era moderna,
é que, com o declínio da autoridade religiosa, a decadência do es-
tado tradicional e o desgaste da lei e dos costumes tradicionais,
a relação entre indivíduo e a sociedade necessita de reconstrução
e reavaliação. Essa percepção não é de modo algum exclusiva ou
originalmente sua, mas revela, como uma das preocupações preva-
lecentes de Nietzsche, até que ponto seu típico retrato como filósofo
apolítico é profundamente falho e inadequado
Em Além de bem e mal, destacam-se os contornos por meio
dos quais Nietzsche pensa a política: um longo, poderoso, embora
quase invisível, alcance da moral. Encontramos associado à polí-
tica algo que na época moderna julga-se já estar afastado dela, mas
que por Nietzsche é visto e avaliado como o grande mal da política
moderna: a moral cristã. Enquanto o homem moderno julgava po-
der se orgulhar da conquista da política secularizada, livre de in-
fluências religiosas, Nietzsche reconhece na democracia moderna
uma herança do movimento cristão (JGB/BM 202, KSA 5.124-6).
A filiação da democracia moderna ao movimento cristão já es-
tava posta, ainda que não explicitamente, em Humano, demasiado
humano II. No aforismo 472, Nietzsche já se reporta ao problema de
a noção de hierarquia ser totalmente contaminada pelas avaliações
morais quando “começa a prevalecer” a concepção de governo “en-
sinada nos Estados democráticos”. O Estado, ao passar a ser com-
preendido e defendido como instrumento dos mais fracos, dos que
precisam de proteção – e neste momento julgamos que Nietzsche
se reporta às tentativas de fundamentação do Estado em vista da
proteção à vida humana –, passa a ser visto “apenas” como “ins-
trumento da vontade popular, não um ‘alto’ em comparação a um
‘baixo’, mas meramente uma função do único soberano, do povo”
(MA I/ HH I 472, KSA 2.303). Por esse mesmo motivo, Nietzsche
responsabiliza o Estado democrático por conduzir o Estado à morte:

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Delbó, A.

as sociedades privadas incorporam passo a passo os negócios do


Estado: mesmo o resíduo mais tenaz do velho trabalho de governar (por
exemplo, as atividades que se destinam a proteger as pessoas privadas
uma das outras) termina a cargo de empreendedores privados. O des-
prezo, o declínio e a morte do Estado, a liberação da pessoa privada
(guardo-me de dizer: do indivíduo), são consequência da noção demo-
crática de Estado; nisso está sua missão (MA I/ HH I 472, KSA 2.305).

Contudo, em suas críticas aos valores que amparam a democra-


cia moderna, Nietzsche evidencia um grave limite: o cuidado das
condições de vida de uma época associado à falta de comprometi-
mento com o cultivo e o fortalecimento do que se manifesta como
potencialidades humanas a qualquer tempo. Na obra Humano, de-
masiado humano, Nietzsche defende que a dedicação ao Estado
não deve ser tarefa de quem se mobiliza apenas com o imediato,
com as demandas do seu próprio tempo, de sua própria vida e da
vida de seus contemporâneos. Uma política restrita a essa relação
com o presente seria decorrência do consentimento ao egoísmo, a
despeito deste sentimento ser alvo de crítica por parte da morali-
dade reguladora desta mesma política. Ao recusar o presente como
elo suficiente de ligação entre o homem e a política, Nietzsche de-
fende que somente aquele que se preocupa com um futuro deve se
ocupar com governo de um povo.

Quando um homem não tem filhos, não tem pleno direito de intervir
na discussão sobre as necessidades de um Estado. É preciso ter arris-
cado, juntamente com os outros, aquilo que mais se ama: apenas isso
vincula fortemente ao Estado; é preciso ter em vista a felicidade de
seus pósteros, e por isso, antes de tudo, ter pósteros, a fim de participar
justa e naturalmente nas instituições e em suas mudanças. O desenvol-
vimento de uma moral superior depende de que a pessoa tenha filhos;
isso desfaz o seu egoísmo, ou, mais corretamente: isso amplia o seu
egoísmo no tempo, e faz perseguir seriamente objetivos que vão além
da duração da vida individual (MA I/HH I 455, KSA 2.295).

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A inquietação com o quanto a política se compromete com a or-


ganização da vida pública em função do cultivo das potencialidades
humanas é o que, para Nietzsche, justifica o elo entre os homens
e o Estado. A isso se deve seu rechaço às tarefas limitadas comu-
mente requeridas à política: cuidado do presente, responsabilidade
restrita com formas de organizações de poder, durabilidade da vida
a qualquer preço, luta restrita pelas condições de existência. Ao de-
mandar que se tenha um interesse muito além do amparo à existên-
cia dos que se fazem presentes, de tornar a vida segura, confortável
e prazerosa, Nietzsche não deixa de admitir relevância à política;
ele tão somente se recusa a estar entre aqueles que compreendem a
política como cuidado da vida de uma coletividade, de um rebanho
satisfeito. A dedicação ao Estado deve ser, portanto, preocupação
de quem pensa mais do que em si mesmo e em seu tempo. O que
deve vincular o homem ao Estado é um compromisso com o futuro,
com a durabilidade de suas criações, com as possibilidades e con-
dições para o que é humano para além da duração da própria vida.
É a partir da perspectiva da denúncia da fragilidade dos valores
que amparam a política na modernidade que devemos interpretar
o aforismo 470 de Humano, demasiado humano: o político é o lobo
por trás da ovelha. O político precisa se travestir, de lãs que o pro-
teja, tendo em vista os valores a que estão submetidos a política, o
que é considerado “bom”, o que é cobrado e aceito para bem avaliar
os governantes. Nietzsche compara a necessidade inevitável que o
político tem de uma presa à necessidade que um caçador tem pela
mesma. Ironicamente, então, ele associa a situação de caça à única
semelhança entre o político e o homem honesto: nesta circunstância
ambos precisam buscar estratégias, ardis, embustes, para satisfazer
uma necessidade básica. Mas enquanto o caçador devora o cordeiro
que captura para saciar sua fome, o político, para conseguir gover-
nar, usa o cordeiro “para se esconder atrás de seu dorso lanoso”
(MA I/ HH I 470, KSA 2.301). Isso não porque a desonestidade
é inerente ao político, mas porque, na modernidade, somente com
tais estratégias ele é aceito e bem avaliado. Não se trata de defender

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a impossibilidade de honestidade entre os políticos, mas de diag-


nosticar as “determinadas circunstâncias” nas quais o político tem
a mesma necessidade de um homem honesto: quando precisa con-
seguir o que lhe é mais básico. No caso de precisar governar, a par-
tir da concepção de soberania popular, ele deve atender à vontade
do povo. Ao governo resta tentar lidar com os inúmeros, diversos e
até inconciliáveis interesses daqueles que julgam permitir o poder
– o que requer, portanto, vestir-se com a pele de um cordeiro. So-
mente as características do cordeiro são consideradas boas quando
o único amparo da moralidade é a moralidade cristã.
À espreita da ideia de que todos os que sofrem são os me-
recedores atenção, de que o sofrimento é o alvo a ser atacado e
combatido na vida política, de que a boa sociedade é aquela que
cumpre a tarefa da redimir as dores e de gerar o conforto, pairam
os liames traçados por Nietzsche entre sociedade moderna e re-
banho. A sociedade que pudesse ser avaliada como a mais justa
pela igualdade promovida e pela dedicação à política movida por
interesses impessoais, aproxima-se da imagem de um amontoado
de indivíduos que se unem a fim de se protegerem, se auxiliarem,
se cuidarem, enfim, ganharem forças e se direcionarem impetuosa-
mente contra tudo o que põe em risco a segurança, o bem estar e o
comodismo, tal como é perfeitamente capaz de fazer um rebanho.
É esta a imagem que a Nietzsche repugna e que o faz denunciar os
interesses existentes na política moderna: vontade de proteção, de
cuidado, de vida cômoda, interesses típicos de seres debilitados
que só podem pedir, reivindicar, exigir – seres, portanto, vitimados.
E é contra essa tarefa que ele se coloca quando assume um dis-
tanciamento da política de sua época, mas não deixa de avaliá-la
tornado evidente a moral que a degenera.
É por reconhecer que o envolvimento com a política na moder-
nidade está amparado fundamentalmente na vontade de proteção da
vida e na necessidade de fuga do sofrimento e, portanto, que a ativi-
dade política deve ser a busca de estratégias para o alcance de tais
metas, que para Nietzsche ela se torna cada vez mais sustentáculo

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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

da estrita condição animal de rebanho. Como construto humano


para domesticação, a moral alcança um nível perigoso no que diz
respeito às possibilidades humanas de elaboração de si para além
da organização social.

Quando se podem diferenciar as várias formas que o homem tem


em si, então, as formas mais elevadas são as correspondentes a seu
“ser-não-determinado”, ou seja, formas que deixam em aberto muitas
possibilidades. Ao fanatismo que domina “em um único ponto de vis-
ta e sentimento”, Nietzsche contrapõe a liberdade, em condições de
construir algo em meio a várias possibilidades. Nietzsche defende essa
noção do suportar as muitas possibilidades daquela moralidade que,
em virtude da sua uniformidade, rouba do homem justamente suas pos-
sibilidades, reconduzindo-o a um perfeito adestramento; defende esse
suportar contra uma moralidade cuja força ‘desenvolve apenas o animal
de rebanho no homem...

Nietzsche delimita o par moral e política da limitação. Moral


limitadora de seus próprios criadores, política regularizadora dos
limites humanos; em vista dos entrelaçamentos entre política e a
moral, Nietzsche interpreta os movimentos políticos de sua época
como os condutores de rebanhos, reivindicadores e zeladores de
políticas para preservação da vida, limitados à exigência de “pre-
servação da comunidade” (JGB/BM 201, KSA 5.121). É nesse
contexto que precisamos compreender sua defesa de que o movi-
mento democrático “não é simplesmente um modo de degradação
da organização política, mas, além disso, um modo de degradação
e apequenamento do homem, sua mediocrização e rebaixamento de
valor” (JGB/BM 203, KSA 5.126). E é considerando tudo isso que
se deve compreender o distanciamento que Nietzsche deseja da
política anunciado já em Humano demasiado humano, pois,

quando em toda política o importante é tornar suportável a vida para


a maioria das pessoas, que essa maioria conclua então o que entende

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Delbó, A.

por uma vida suportável; se confiam também que o seu intelecto encon-
tre os meios adequados para alcançar este fim, para que duvidar disso?
Eles querem ser os forjadores da própria felicidade ou infelicidade; se
este sentimento de autodeterminação, o orgulho pelas cinco ou seis
noções que a sua mente comporta e demonstra, lhes torna realmente a
vida agradável, a ponto de suportarem com gosto as fatais consequên-
cias de sua estreiteza,: então não há muito o que objetar, desde que a
estreiteza não chegue ao cúmulo de exigir que tudo deve se tornar polí-
tica nesse sentido e que todos devem viver e agir conforme esse critério
(MA I/HH I 438, KSA 2.285-6).

O exame dos sentimentos, das vontades, dos interesses e im-


pulsos, opera constantemente na análise nietzscheana da política.
Assim, as condições de manutenção da existência, não são seus
critérios de avaliação da eficiência ou ineficiência de um Estado.
Se a instituição pública de poder tem por tarefa o atendimento das
carências e debilidades humanas, ela conduz adiante a fraqueza
nos homens e, deste modo, compromete o futuro dos homens e da
própria política, por fazer desta um mero dispensário da humani-
dade. Ao adotar princípios morais restritos e envenenadores do
homem, a política tem o seu próprio funcionamento e objetivo redu-
zidos. Daí a aversão de Nietzsche pela política moderna enquanto
propiciadora de experiências que somente atendem ao ímpeto de
saciedade e de proteção. Se as exigências para a política se restrin-
gem à garantia de seguridade e paz, se tão somente a igualdade e
o desinteresse por si são valores aceitos, todos os demais ímpetos
humanos, rechaçados pela limitada moralidade moderna, carecem
de condições de propagação. Neste sentido, o Estado torna-se ins-
trumento para a diminuição e adoecimento do homem.
Em vista disso, Nietzsche defende, citando Maquiavel (O prín-
cipe), que: “a forma dos governos é de importância bem pequena,
apesar de que, gente semiculta pense de outra forma. A grande
meta da arte do Estado deveria ser a duração, que contrabalança
todo o restante, e é muito mais valiosa do que a liberdade” (MA I/

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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

HH I 224, KSA 2.189). Ocupar-se com o que terá durabilidade,


o que é levado adiante no processo social conduzido pelo Estado,
tem maior relevância valorativa para Nietzsche do que o cuidado
exclusivo com o quanto de satisfação o Estado promove. Pensar a
política como cultivo do homem, requer preocupar-se com o tipo
homem conduzido adiante pelas mãos do Estado – o homem pleno
ou o degenerado. E o cultivo do que é humano não pode impor limi-
tes que degeneram o homem, muito menos denominar tal limitação
como “bom” e “justo”.
Para Nietzsche, nenhuma das correntes políticas de sua época
conseguiu escapar dessa unanimidade da moral de rebanho que
ele vê subjazer a todas as diferentes formas de se pensar e fazer
política. Democratas, socialistas e anarquistas são “unânimes na
inimizade radical e instintiva contra outra forma de sociedade que
não a do rebanho autônomo”(JGB/BM 202, KSA 5.125). A recusa à
ideia de “senhor” e de toda pretensão especial, de todos os direitos
e privilégios particulares (que se quer leva à percepção de que na
ausência total de desigualdade está ausente todo o significado e
necessidade do “direito”, “pois quando todos são iguais, ninguém
precisa mais de ‘direitos’”), a desconfiança quanto à justiça pu-
nitiva, como se ela fosse sempre violência contra o mais fraco, a
ideia de que a injustiça resulta sempre de toda sociedade anterior
e, por fim, a crença de que o sofrimento pode ser eliminado da vida,
inclusive por meio de estratégias políticas, são algumas das preten-
sões coincidentes entre todas as correntes políticas que Nietzsche
reconhece em sua época. Todos querem a mesma coisa, lutam pelo
mesmo ideal, e brigam entre si apenas no que diz respeito ao modo
de alcançar o que querem. A isto Nietzsche denomina “moral da
compaixão partilhada”, adotada como a moral em si, que paira sor-
ridente, mas inibidoramente, sobre toda “crença na comunidade
redentora, isto é, no rebanho em ‘si’” (JGB/BM 202, KSA 5.125).
Assim, Nietzsche não rechaça a política, nem nega sua relevân-
cia. O problema denunciado por ele é de outra ordem: quando os
ímpetos de proteção, de cuidado, de vontade de justiça e igualdade,

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Delbó, A.

são os únicos condutores da vida política, ela molda a vida humana


assemelhando-a à vida de animais de rebanho, unidos para se pro-
tegerem, ainda que entre os humanos isso se dê de modo mais sofis-
ticado. Estimulada pela vontade de proteção, cuidado, compaixão
pelos que sofrem, a política ajuda a cultivar um ideal humano que
“animaliza o homem, tornando-o bicho anão com direitos e deveres
iguais” (JGB/BM 203, KSA 5.126). Nietzsche não põe em dúvida
a possibilidade de que a sociedade livre, tal como desejavam os
socialistas de sua época, fosse alcançada: o problema é a tarefa
demasiadamente degenerativa a que a política se coloca diante dos
esforços para tal conquista.
Os objetivos postos para a política e ditos impessoais são para
Nietzsche um perigo para a sociedade. Entre aqueles que “querem
alcançar algo para si”, “aqueles que querem alcançar algo para
seus filhos e netos” e o que querem os “revolucionários movidos
por interesse impessoal” (MA 1/ HH 1 454, KSA 2.295), esses últi-
mos são para Nietzsche os verdadeiramente perigosos. Isto porque,
por se julgarem moralmente superiores a todos os outros, por se
considerarem pessoalmente desinteressados, eles se opõem a tudo
o que não coincidir com seus ditos interesses impessoais. Desse
modo, todos os defensores da ordem vigente, independente do que
fizerem e defenderem, serão seus inimigos, porque bom é ser de-
sinteressado. De tal forma que a dedicação ideal à sociedade, a
tudo aquilo em torno do que se luta, é impulsionada pela crença e
a pela boa consciência do desinteresse.
A superioridade daqueles que alegam nada querer para si re-
presenta um risco para a política e para o futuro da humanidade: a
atividade humana, que visa exatamente lidar com interesses, com
os tipos de vida que querem os homens, com o que querem que seja
fixado na vida pública, fica contaminada pela exigência de desinte-
resse e fica desprovida de determinações vigorosas que mobilizem
o futuro – com isso, a atividade política se torna reativa. Assim,
reconhecer e assumir os interesses que movimentam a dedicação ao
Estado é, nesta perspectiva, melhor do que a defesa do altruísmo.

158 cadernos Nietzsche 32, 2013


Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

Para a vida política, ante a condenação moral dos interesses, é pre-


ferível o reconhecimento de quais são os interesses em jogo – se
eles fortalecem ou debilitam o homem.
O desapreço de Nietzsche pelo suposto predomínio dos in-
teresses impessoais na política nada tem a ver, portanto, com a
defesa de que quaisquer interesses sejam válidos. O problema
daqueles que “querem alcançar algo para si” é que eles podem
ser alimentados e, por isso, tornarem-se “contentes”, “satisfeitos”
e “saciados” (abspeisen); e, “para tanto a sociedade dominante é
suficientemente rica e esperta” (MA I/HH I, KSA 2.295). Desta
esperteza, nasce, por exemplo, a concepção de governo como ins-
trumento da vontade popular.
Na avaliação nietzscheana dos valores, recusar-se também se-
ria uma forma de egoísmo. Conforme o aforismo 516 de Aurora,
“fugir do ego”, odiá-lo, “viver no outro”, tudo isso que é deman-
dado para ser considerado “altruísta” e, portanto, “bom”, é um
meio de se abster de si e de transferir a todos seus próprios de-
mônios. Mas para não deixar seu demônio entrar no próximo, é
necessário conceber a possibilidade de se pensar de outro modo.

Nós concordamos que em nosso tempo, benevolência e beneficência


fazem o homem bom; façamos apenas um acréscimo: ‘supomos que ele
antes seja benevolente e beneficente consigo mesmo!’ Pois sem isso –
se ele foge de si, se ele se odeia, se ele se prejudica – certamente ele
não seria um bom homem. Então, ele somente salva-se de si mesmo
nos outros: esses outros cuidem para não ficarem mal, por mais bem
que aparentemente ele lhes queira! Mas exatamente isso: fugir do ego e
viver no outro, para o outro – o que foi até agora considerado ‘altruísta’
e ‘bom’ (M/A 516, KSA 3.299).

Portanto, Nietzsche avalia que o cuidado e o amor de si não são


prejudiciais à política. Antes o contrário, são modos de valorizar-
-se, salvar-se dos próprios limites, prejuízos, demônios da vida pri-
vada e pública.

cadernos Nietzsche 32, 2013 159


Delbó, A.

O altruísmo, enquanto princípio compreendido como neces-


sariamente bom e exigido na vida política, é, do ponto de vista
nietzscheano, uma exigência que cega a avaliação das atividades
realizadas pelo governo. Apesar de ser constituída por homens, que
não podem abandonar sua condição humana, exige-se e espera-se
que a arte de governar seja feita com total isenção. Em vista disso,
Nietzsche realça o perigo do altruísmo, afinal “a deslealdade e a
rispidez que constituem a obra do estadista” podem não ser sequer
percebidas, porque “o brilho do altruísmo ofusca os olhos do es-
pectador” (MA I/HH I 445, KSA 2.289). Se a nobreza de caráter
do estadista depende inteiramente de sua ação totalmente isenta de
interesses que também podem ser seus, resta somente ser altruísta,
porque o altruísmo é bom “em si”. Basta o estadista eleger para sua
ação um princípio aceito unanimemente para mesmo a obra exe-
cutada apenas em benefício de si mesmo ser compreendida como
dedicação a algo superior. Não importa o que se quer da vida em
sociedade, as limitações do que é demandado da política, quais as
decorrências das decisões e ações políticas, que tipo de sociedade
está sendo conduzida adiante por meio dela, desde que sejam des-
tacadas as ações em benefícios de outros, que signifiquem a recusa
de si, a liberação do que lhe é próprio, enfim, as boas ações, desin-
teressadas, livres do egoísmo. Nietzsche desvela assim a decadên-
cia e o apequenamento da política em um contexto no qual cabe
ao estadista meramente descobrir e adotar um valor aceito por seu
povo e, em vista disso, alegar estar a serviço do soberano. A con-
dução da política pelas rédeas do princípio moral altruísta exige
do estadista a necessidade de negar seus interesses, atribuí-los a
outros, mais aceitos, para que ele possa governar e ter sua obra bem
avaliada. Compreendida como autorização do poder em vista de
benefícios gerados, ao governo resta descobrir o que querem dele, e
ao povo exigir o que a ele falta. Pela relação utilitária entre governo
e governados, a política se reduz a ofertas e cobranças.
O motivo para o combate nietzschiano contra a política em Au-
rora continua sendo o mesmo já presente no escrito de juventude,

160 cadernos Nietzsche 32, 2013


Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

“O Estado grego”: a estruturação do Estado moderno em vista da


oferta de condições para a manutenção da mera vida. E indepen-
dentemente do conforto e da durabilidade que possa ser alcançado,
nada disso é suficiente para que o homem transponha a condição
de escravidão exigida pela própria manutenção da existência. A sa-
ciedade alcançada tem efeito passageiro e sempre lança os homens
novamente no mesmo ciclo de necessidades e carências, cujas sa-
tisfações os devolvem imediatamente à condição escrava. A polí-
tica mantenedora e protetora da vida não é libertária. O homem
orgulhoso, crente na sua dignidade e cego para sua própria escra-
vidão, é desde os primeiros escritos de Nietzsche um objeto da sua
análise da política. Neste mesmo sentido, em Aurora, Nietzsche
descreve a cena que antevê para o século XX: o estabelecimento
de valores por parte dos mercadores atingindo “todo o caráter de
toda cultura, pensado com máxima vastidão e sutileza, impondo-se
a toda vontade e possibilidade: é disso que vocês, homens do pró-
ximo século, estarão orgulhosos” (M/A 175, KSA 3.156).
A recusa de Nietzsche a esta política democrática deve-se à
mobilização dela rumo a preocupações próprias e imediatas de uma
época e de um tipo homem travestidas de preocupações comuns.
Ele se refere às construções resultantes desses limitados vínculos
como cultura de mercadores – “a cultura de uma sociedade em que
o comércio é a alma, assim como o combate individual o era para os
antigos gregos, e a guerra, a vitória e o direito o eram para os roma-
nos” (M/A 175, KSA 3.155). E as decorrências deste pensamento
básico, que ele alega ver surgir em sua época, colocam em risco
todas as outras instâncias da vida, porque “esse modo de estima”
o mercador “emprega, instintivamente e ininterruptamente para
tudo, inclusive para as realizações da arte e da ciência, dos pensa-
dores, doutores, artistas, estadistas, de povos e partidos, de épocas
inteiras: em relação a tudo o que é produzido, para estabelecer para
si o valor de uma coisa, sua pergunta é pela oferta e pela demanda”
(M/A 175, KSA 3.155-6).

cadernos Nietzsche 32, 2013 161


Delbó, A.

É porque a tarefa de instituir os valores a cada coisa ocorre


a partir da perspectiva típica de um mercador e atinge as fun-
ções do estadista, dos povos e dos partidos, que Nietzsche mantém
seus inúmeros ataques à política democrática. As preocupações
do mercador são, para ele, nocivas para a política e para todas as
outras elaborações da vida de um povo. E é por ver toda a cultura
envolta por estimativas de valor reduzidas à oferta e à demanda,
que os vínculos entre política e cultura na modernidade, são para,
ele perniciosos.
Longe de poder ser sustentada por um fio condutor da utili-
dade, saciedade e bem estar, Nietzsche defende que uma genuína
cultura manifesta-se pela “unidade do estilo artístico em todas as
expressões da vida de um povo” (HL/Co. Ext. II, KSA 1.274). Em
sua época, no entanto, a única unidade identificada por ele em tudo
o que fora criado e valorado foi o cálculo de valores conforme a
oferta e a demanda – exatamente o oposto de um “estilo artístico”,
de uma vontade de arte, de criações belas, criações humanas que
não geram saciedade e estão liberadas da utilidade.
Aos olhos de Nietzsche, a decadência da política moderna
deve-se ao seu funcionamento limitado por preocupações com “o
que” e “quantos possuem”, e à restrita valorização concedida à po-
lítica quando condicionada aos esforços por atender necessidades
urgentes e momentâneas. Ela é o palco do mercador, que por não
ter necessidades próprias, se orienta “conforme a necessidade dos
consumidores”, e, portanto, pelas perguntas: “quem e quantos con-
somem isso?” (M/A 175, KSA 3.155). Portanto, é esse tipo homem,
ora carente, ora saciado, que é conduzido adiante pelas mãos da
política; é essa a herança que a política moderna lega às épocas
vindouras. É o curto movimento possível entre necessidades e sa-
ciedades que impele a modernidade europeia. O funcionamento
eficiente da vida política gera no máximo indivíduos satisfeitos.
E a ausência de vontades, de desejos por aquilo que não gera sacie-
dade, de vontades maiores – tal como a vontade artística –, reduz a
possibilidade de elaboração de cultura, de criação, de imitação da

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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

atividade de natureza, algo que só pode acontecer entre os homens.


Incapacitado de realizar a sua atividade suprema, o homem, por-
tanto, torna-se debilitado.
Contudo, é pela defesa cega da igualdade, que a aceitação unâ-
nime da democracia moderna é possível: sem se perguntar pelo
que tal igualdade significa, o que ela alcança e promove, a que ela
nivela o humano, a política democrática moderna segue exultante,
escondendo os corpos débeis por ela produzidos.
Aos olhos de Nietzsche, os homens modernos não reconhecem
o ridículo de suas reivindicações mais destacadas, mais desgastan-
tes, mais inférteis. Neste sentido, em Humano, demasiado humano,
ele pergunta: “Se alguém mostra tiras de carne fresca ensanguen-
tada diante do nariz de uma fera e depois as retira, até que final-
mente ela ruge: vocês pensam que esse rugido significa justiça?”
(MA I/HH I 451, KSA 2.293). Ridiculariza assim o que julga ser a
opção da política democrática moderna ao adotar como tarefa prin-
cipal o manuseio de um pêndulo hipnotizador. Ele julga que é exa-
tamente pela unanimidade cega com que se defende o princípio da
justiça que ela se torna chamariz dos partidos, a moeda de troca e
de compra que mantém a vida política na modernidade:

Representantes mais nobres (apesar de não muito perspicazes) da


classe dominante podem muito bem prometer a si mesmos: ‘Nós vamos
tratar os homens como iguais, vamos lhes dar direitos iguais’. Quanto
a isso, um modo de pensar socialista baseado na justiça é possível;
mas, como já dito, somente de dentro da classe dominante, que nesta
armadilha, exerce a justiça com sacrifícios e renúncias. Por outro lado,
reclamar igualdade de direitos, como fazem os socialistas da casta sub-
jugada, não é jamais produto da justiça, senão da cobiça (MA I/HH I
451, KSA 2.293).

Nietzsche questiona não a busca por justiça, mas o fato de a


política moderna ter assumido a bandeira da justiça sem ser capaz
de reconhecer o que significou para seu próprio funcionamento tal

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Delbó, A.

aceitação irrestrita e inquestionável. Mais uma vez nota-se que de-


nuncia o quanto a política moderna se traduz na adoção de restritos
princípios morais e a redução de seu funcionamento somente à ór-
bita em torno deles.
Além de não ser possível coadunar o pensamento de Nietzsche
com as inconsequentes e incoerentes aproximações da política na-
zista, suas investidas contra a supremacia dos ideais de igualdade
e direitos na política também não traduzem sua recusa a tais prin-
cípios. Contudo, enquanto fundamentos inquestionáveis, ponto de
partida e de chegada nos modos de ver, defender e fazer a política,
Nietzsche os critica por diagnosticar a diminuição das potenciali-
dades humanas e o definhamento da própria atividade política. Ao
constatar as consequências danosas da redução da política a gritos
por igualdade e direitos, Nietzsche não propõe que eles sejam ne-
gados em nome da desigualdade e da força.
A força impiedosa da moral de rebanho manifesta no modo
como a hierarquia, a desigualdade e a autoridade são acima de
tudo rechaçadas e impensadas; a naturalidade com que algumas
ideias são aceitas e defendidas sem restrição e crítica – tais como
a de que todos os que sofrem são os que merecem atenção, de que
o sofrimento é o alvo a ser atacado e combatido na vida política,
de que a boa sociedade é aquela que cumpre a tarefa da redenção
das dores e de geração de conforto – alteram-se à luz da análise
nietzscheana. Se conseguíssemos, por alguns instantes, visualizar
uma sociedade, considerada a mais justa, como um amontoado de
indivíduos que se unem a fim de se protegerem, se auxiliarem, se
cuidarem, se unirem para ganhar forças e se direcionar impetuosa-
mente contra tudo o que põe em risco a segurança, o bem estar e o
comodismo, tal como é perfeitamente capaz de fazer um rebanho,
visualizaríamos, então, a imagem que a Nietzsche enoja e que o
faz denunciar os interesses, supostamente justos e desinteressados,
da política moderna: vontade de proteção, de cuidado, de vida cô-
moda; interesses típicos de seres debilitados que só podem pedir,

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Nietzsche: sobre alguns problemas morais da democracia moderna

choramingar, reivindicar, exigir, reclamar. Seres, portanto, fragili-


zados. E é contra essa tarefa, defendida e alcançada pela política
democrática, que Nietzsche se coloca.
Ao assinalar os danos de uma política reduzida a gritos por
saciedades e garantias, Nietzsche não propõe a substituição destas
reivindicações pela promoção da desigualdade e da força. Uma vez
percebido que o foco de análise nietzscheana da política é o seu
reducionismo à moral cristã e os riscos para o cultivo de homens
mais completos e mais fortalecidos, é possível compreender sua
relevância para a reflexão filosófica a respeito da política.
Uma transvaloração dos valores é a proposta da filosofia de
Nietzsche, que se mostra também uma tarefa no âmbito da política.
Somente a partir dela seriam possíveis transformações na política
amparada em valores restritos e perniciosos à elaboração infindá-
vel da humanidade. Nas relações estabelecidas por Nietzsche en-
tre vida e política, a decadência da segunda ocorre em função da
reduzida compreensão da primeira. Por isso, Nietzsche já poderia
ser incluído entre os primeiros dos pensadores dos problemas re-
lacionados ao que vem sendo chamado, ao menos desde Foucault,
de biopolíticaAlém disso, contamina a atividade política, propria-
mente humana, que deveria estar destinada a decisões e elabora-
ções de modos de vida, de cultivo do homem para além da busca
de sobrevivência e de comodidade. Longe de lidar com ímpetos
de força, poder, mando, obediência, promovendo um espaço onde
tudo o que é humano é extravasado e, em vista disso, regulado,
como uma espécie de catarse, a política passou a ter seus atributos
específicos camuflados. É uma moralidade limitada que a autoriza
e, portanto, que a debilita.

Abstract: To understand the Nietzsche’s analysis of politics is necessary


to understand his analysis of Christian morality. Limited conceptions of
what constitutes “good” and “bad” sustain the demands for protection,
peace, longevity. To be rated as good, government must promise the care
of the conditions of mere existence. Thus, Nietzsche sees the politics of

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Delbó, A.

his time conducting forward debilitated men. Because conceives politics


as a means for development of culture, its task would be to strengthen
the man and his ways of organize the living together. In this sense, the
genealogy of morals and the project of transvaluation of values ​​represents
a challenge to all who intend to think of politics.
Keywords: politics – culture - Christian morality - transvaluation of
values

referências bibliográficas

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Artigo recebido em 04/11/2012.


Artigo aceito para publicação em 15/01/2013.

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