Sei sulla pagina 1di 3

FACULDADE SÃO LUIZ

Introdução à filosofia
Professor: Ms. Silvano João da Costa
Acadêmico: Daniel Carlos Ferreira Silva
03/06/2020

ATIVIDADE DO DIA 03/06/2020

Para responder se é possível uma filosofia genuinamente latino-americana e


brasileira. É preciso esclarecer o que entendemos por isto. E, para isto, precisamos
responder em que sentido dizemos que existe uma filosofia grega ou cristã.
Pois bem, por filosofia grega ou cristã entendemos um certa atividade
filosófica que surgiu em um determinado tempo com a finalidade de resolver
problemas específicos emergidos da cultura grega e da cultura cristã. Da mesma
forma, podemos dizer se existe uma filosofia latino-americana ou brasileira se há
nesses lugares uma atividade filosófica baseada em questões nascidas de suas
próprias culturas. Como afirma Hegel 1,

[...] é igualmente importante que a filosofia tome nota de que o seu


conteúdo não é mais nenhum senão o que originariamente se
produziu e se produz no domínio do espírito vivo, conteúdo que se
tornou mundo externo e interno da consciência – isto é, de que o
conteúdo é a realidade [efetiva] (Wirklichkeit) (Hegel, 1999a, § 6).

Entretanto, a cultura latino-americana não pode ser apartada da cultura


europeia, muito embora não se reduza a ela, da mesma forma que os ramos não
podem viver separados da videira. Cultura não é algo que criamos, mas sim algo
recebemos, conservamos e desenvolvemos. Portanto, uma filosofia genuinamente
latino-americana precisa estar ligada à filosofia e à cultura europeia e,
consequentemente, a toda a tradição ocidental, desde os gregos e latinos até hoje.
Especificamente em relação ao Brasil, uma filosofia genuinamente brasileira
necessita ser enraizada na cultura cristã e embebida do espírito do cristianismo,
pois, como afirma Luís Fernando Souza dos Santos, desde os primórdios “a
Filosofia inicia no Brasil com a chegada dos Jesuítas, Pe. Manuel da Nóbrega, um
dos que ensinaram filosofia aos clérigos, junto com ele o Pe. José de Anchieta” 2.
1
HEGEL, G.W.F. 1999a. Enzyklopädie der philosophischen Wissenschaften. Frankfurt am Main, Suhrkamp, 393
p. Apud. NOVELLI, Pedro Geraldo Aparecido. América Latina: erupção de uma filosofia? Controvérsia. v.2, n.1,
p. 17-33 (jan-jun 2006), p. 21.
2
SANTOS, Luiz Fernando Souza dos. Texto do dia 03. jun. 2020, retirado da sala virtual de introdução à filosofia
da plataforma moodle Faculdade São Luiz.
Entretanto, há desde o século XX e especialmente a partir da Semana de Arte
Moderna de 1922 um afastamento da Americana Latina da cultura Europeia, o que é
o mesmo que cortar o cordão umbilical que nos liga à mãe: somos latinos porque
estamos ligados aos europeus que, por sua vez, descendem dos latinos. Luiz Vaz
de Camões o grande poeta da língua portuguesa tinha essa consciência quando se
referiu à língua portuguesa como "a última flor do Lácio".
Dussel propõe uma filosofia da libertação nascida da periferia — ou seja, da
América Latina — e que se dirija à periferia, mas também ao centro — isto é, à
filosofia europeia —, como protesto do filho que se rebela contra o pai 3.
Contentamo-nos a fazer dois comentários a este respeito. Em primeiro lugar,
uma ideia como esta é por definição “idiota”, ou seja, ensimesmada — idiota, assim
como idiossincrasia, é uma palavra derivada do grego idios, que significa o mesmo.
Em segundo lugar, o próprio Dussel reconhece que a filosofia europeia — e mais
ainda a filosofia greco-latina, dizemos nós — é o núcleo vital de todo o pensamento
filosófico. Com efeito, o centro representa nas antigas tradições o coração, que
simboliza a fonte da vida.
Outra questão que se impõe é a que um filosofo sozinho não faz a filosofia de
um povo ou de uma nação. Para que exista uma filosofia latino-americana e
brasileira é necessário, também, que os filósofos existentes debatam uns com os
outros, algo que não acontece.
Além disso, uma terceira questão é a do valor que essa suposta filosofia teria.
Sem dúvida, é imprescindível que uma filosofia latino-americana e brasileira trate
dos problemas específicos de sua realidade, mas o que faz uma filosofia grande é
ela tratar dos problemas universais e, participar, assim de uma única filosofia, "a
filosofia perene". Entretanto, não vemos os filósofos latino-americanos e brasileiros
tratarem destes problemas. Alexandre Johann 4 elenca os elenca os principais
problemas tratados no Brasil:

No viés político, se questiona bastante hoje, sobre estas questões:


qual regime de Estado poderia trazer melhor benefícios para o país e
seu povo? Ou é necessário um Estado? O capitalismo dentro de um

3
Cf. DUSSEL, Enrique. DUSSEL, E. 1977. Para uma ética da libertação latino-americana: erótica e pedagógica.
São
Paulo, Edições Loyola, 281 p, p. 7. NOVELLI, Pedro Geraldo Aparecido. América Latina: erupção de uma
filosofia? Controvérsia. v.2, n.1, p. 17-33 (jan-jun 2006), p. 22.
4
JOHANN, Alexandre. Texto do dia 03. jun. 2020, retirado da sala virtual de introdução à filosofia da plataforma
moodle Faculdade São Luiz .
regime anárquico ou de Estado regionalizado e descentralizado
poderia trazer melhorias à vida das pessoas? Como o povo brasileiro
sendo religioso, como ser poria conciliar a religião com o regime laico
do Estado brasileiro? É possível haver um Estado não laico no Brasil?

Com efeito, não vemos hoje nossos filósofos discutindo sobre o homem, o cosmos,
o ser, et cetera. A não ser em comentários sobre outros filósofos.
Especificamente no Brasil, a maior parte dos filósofos, salvo alguns poucos —
damo-nos o direito de citar Lima Vaz, Leonel Franca, Mário Ferreira dos Santos,
Tarcísio Padilha e Olavo de Carvalho — são apenas comentadores de outros
filósofos e não tratam de maneira autêntica dos grandes problemas da humanidade.
É isto o que Rafael Peters quer dizer quando escreve que para haver “uma filosofia
brasileira, o Brasil “necessita primeiramente que as universidades produzam
verdadeiramente filósofos (ou permitam que se ergam as bases disto)” 5.
Mas isso não poderia ser diferente, pois a própria "cultura", brasileira não
levanta estes problemas. Temos hoje uma cultura hedonista, baseada no samba,
futebol e carnaval. Nem sempre foi assim, na década de 1950, por exemplo, houve
uma grande atividade intelectual no Brasil, mas ela já não existe mais.
Não existe e não existirá uma filosofia latino-americana enquanto nossa
cultura não se reconciliar do seu divórcio com a cultura europeia, enquanto os
filósofos não debaterem e enquanto não pensarmos os verdadeiros problemas do
homem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUSSEL, Enrique. DUSSEL, E. 1977. Para uma ética da libertação latino-americana: erótica e
pedagógica. São
Paulo, Edições Loyola, 281 p. NOVELLI, Pedro Geraldo Aparecido. América Latina: erupção de
uma filosofia? Controvérsia. v.2, n.1, p. 17-33 (jan-jun 2006).

HEGEL, G.W.F. 1999a. Enzyklopädie der philosophischen Wissenschaften. Frankfurt am Main,


Suhrkamp, 393 p. Apud. NOVELLI, Pedro Geraldo Aparecido. América Latina: erupção de uma
filosofia? Controvérsia. v.2, n.1, p. 17-33 (jan-jun 2006).

5
PETERS, Rafael. Texto do dia 03. jun. 2020, retirado da sala virtual de introdução à filosofia da plataforma
moodle Faculdade São Luiz .

Potrebbero piacerti anche