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D0053G12
GOIÂNIA
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL
D0053G12
GOIÂNIA
2012
THALLES ABRÃO DOEHLER
GOIÂNIA
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)
GPT/BC/UFG
CDU: 624.155.1 .
THALLES ABRÃO DOEHLER
A Deus.
À minha família pelo apoio incondicional e pela compreensão nos momentos em que estive
ausente.
Ao Professor Ademir Aparecido do Prado pela orientação, pela amizade e pela confiança
presente desde o curso de graduação. Por acreditar no meu potencial e me confiar o direito de
realizar este trabalho à distância.
Ao Professor Daniel e aos colegas Ruiter, Douglas e Denise pela ajuda nas modelagens
numéricas com o programa DIANA.
À Industel Telecom, na pessoa do Sr. Aurisan Joaquim Cardoso D’Ávila, pelo apoio durante a
realização das aulas presenciais do Mestrado, me ajudando a conciliar as carreiras profissional
e acadêmica.
À Construções e Comércio Camargo Corrêa pela valorização deste trabalho e pelo apoio às
minhas viagens durante a elaboração desta pesquisa.
A todos os colegas do PPG-GECON pela amizade, pelo companheirismo, pelo apoio e pela
união nos momentos difíceis.
A Thamiris Ungarelli Ala pela confiança, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em
que estive ausente.
Aos amigos Tiago, Calil, Pedro Henrique, Marcela, Silvia, Letícia, Mariana, Renata, Ricardo
e Carlos Gardel pelos momentos de descontração e por entenderem a minha ausência durante
a realização deste trabalho.
RESUMO
T. A. DOEHLER Resumo
ABSTRACT
The high growth of urban centers in recent decades has led to the scarcity of wide building
sites and demanded the increase of the height of buildings to be constructed in compact areas.
With the increasing number of floors and loads transmitted to the foundation system, a
solution widely used in current projects has been the large groups of piles. In order to reduce
the cost of execution while maintaining the satisfactory performance of the foundations, the
designers started to consider the contribution of the contact between the raft and the
underlying soil to the bearing capacity of the foundation system, consolidating the concept of
piled raft foundation. This design concept considers the interactions between the foundation
elements (piles, raft and soil) and requires the use of numerical methods that are able to
represent satisfactorily the behavior of the whole foundation system, among which is the
Finite Element Method (FEM). In this context, based on the concept of piled raft foundation,
this study intended to analyze the performance of the hypothetical case of a block with 25
piles through numerical analysis based on FEM, using the software DIANA. It was initially
performed an analysis that considered the linear-elastic behavior of the entire foundation
system, comparing the internal bending moment diagram of the block with the value
calculated from a simplified analytical method widely used by designers of foundations in
Brazil. Comparative analysis were made by incorporating the nonlinear behavior of soil,
concrete and the reinforcement of the block, in order to verify the effects of considering these
behaviors in the structural design of the block. Other analysis were made, in which was
considered the reduction of the resistance of the foundation system’s concrete and the
underdesign of the flexural reinforcement of the block, verifying their impact on the
performance of the piled raft. In all numerical analysis the bending moments obtained were
higher than the value obtained by the simplified analytical method, indicating that it leads to
underdesign values for large pile caps. By considering the nonlinear behavior of the
foundation system's materials, there was considerable reduction in the maximum bending
moment in relation to other analysis, due to redistribution of stresses occurred at the level of
the applied load. The advantages of non-uniform distribution of the flexural reinforcement of
the block, following the bending moment diagram, which does not generate additional costs,
provided performance gains and ensured the safety factor of the foundation system.
Keywords: Piled raft. Soil structure interaction. Numerical analysis. Finite Element Method.
Structural pile cap design.
T. A. DOEHLER Abstract
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.5 – Modelo de bielas e tirantes para um bloco sobre 4 estacas .................................. 40
Figura 2.7 – Locação dos pilares e das 25 estacas no bloco analisado, dimensões em cm
(SALES et al., 2002) ................................................................................................................ 48
Figura 3.1 – Cálculo do momento fletor no eixo de um bloco sobre estacas a partir do
método analítico simplificado .................................................................................................. 52
Figura 3.3 – Caso utilizado para comparação e modelagem realizada devido à simetria do
problema ................................................................................................................................... 55
Figura 3.6 – Resultados obtidos para a comparação com L = 20 m e H/L = 1,5 ..................... 57
Figura 3.7 – Resultados obtidos para a comparação com L = 40 m e H/L = 1,5 ..................... 58
Figura 3.12 – Metodologia utilizada para calcular os momentos fletores nas análises
numéricas .................................................................................................................................. 62
Figura 3.13 – Curva carga x recalque para estaca isolada imersa em solo com os
parâmetros considerados na análise SNL ................................................................................. 64
Figura 4.10 - Seções do bloco em que foram traçados os diagramas de momento fletor ........ 76
Figura 4.11 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pela análise
LE ............................................................................................................................................. 77
Figura 4.12 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE e SNL ............................................. 78
Figura 4.14 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SNL
(unidades em MPa) ................................................................................................................... 79
Figura 4.17 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL
(unidades em mm) .................................................................................................................... 81
Figura 4.18 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SNL ............................... 82
Figura 4.20 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises LE e SNL ........................................................................................................... 83
Figura 4.21 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15 .................... 84
Figura 4.22 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC20 .......................... 85
Figura 4.23 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC15 .......................... 85
Figura 4.24 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-
EC20 (unidades em MPa) ......................................................................................................... 86
Figura 4.25 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-
EC15 (unidades em MPa) ......................................................................................................... 86
Figura 4.32 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC20 ....................... 90
Figura 4.33 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC15 ....................... 90
Figura 4.34 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises LE, LE-EC20 e
LE-EC15 ................................................................................................................................... 91
Figura 4.35 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15 .................................................................................. 92
Figura 4.37 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AC ........................ 94
Figura 4.43 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AC ..................... 98
Figura 4.44 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SNL e SCNL-AC ....... 98
Figura 4.46 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises SNL e SCNL-AC ............................................................................................. 100
Figura 4.47 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-CD ..................... 101
Figura 4.48 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-CD ...................... 102
Figura 4.54 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-CD ................... 106
Figura 4.55 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-
CD........................................................................................................................................... 106
Figura 4.56 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
CD (unidades em MPa) .......................................................................................................... 107
Figura 4.57 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-CD .......................................................................................................... 108
Figura 4.58 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD ..................... 109
Figura 4.59 - Distribuição de cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AD .................... 110
Figura 4.65 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AD ................... 114
Figura 4.66 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-
AD .......................................................................................................................................... 114
Figura 4.67 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AD (unidades em MPa) .......................................................................................................... 115
Figura 4.68 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AD .......................................................................................................... 116
Figura 4.69 - Cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AO ............................................. 117
Figura 4.70 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AO ...................... 118
Figura 4.76 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AO ................... 121
Figura 4.78 - Tensões nas barras de armadura da quarta parte do bloco modelada na
análise SCNL-AO (unidades em MPa) .................................................................................. 122
Figura 4.79 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AO .......................................................................................................... 123
Tabela 2.1 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 9 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 35
Tabela 2.2 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 16 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 35
Tabela 2.3 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 25 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 36
Tabela 2.4 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 9 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 36
Tabela 2.5 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 16 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 37
Tabela 2.6 – Tabela 2.6 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco
sobre 25 estacas (modificado de POULOS e DAVIS, 1980) ................................................... 37
Tabela 2.7 – Casos analisados e resultados obtidos nas diversas simulações (modificado
de SALES et al., 2002) ............................................................................................................. 48
GARP – General Analysis of Raft with Piles, programa híbrido para análise de radiers
estaqueados
c – Coesão do solo
cm – Centímetro
d – Diâmetro da estaca
kN – Quilonewton
kPa – Quilopascal
m – Metro
mm – Milímetro
E – Módulo de elasticidade
E1, E2, E3, E6, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14, E15, E16, E17, E18, E19, E20,
E21, E22, E23, E24, E25 – Identificação das estacas
FIXED – Total Strain Fixed Crack Model, modelo de deformação total do concreto com
fissuras fixas ortogonais no DIANA
FS – Fator de Segurança
GPa – Gigapascal
L – Comprimento da estaca
LE-EC15 – Análise Linear Elástica que considera o módulo de elasticidade do concreto igual
a 15 GPa
LE-EC20 – Análise Linear Elástica que considera o módulo de elasticidade do concreto igual
a 20 GPa
MPa – Megapascal
P39, P42, P43, P46, P47, P50, P62, P64, P68, P69, P70, P88, P127 – Identificação dos pilares
sobre o bloco
SCNL-AC – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura com
distribuição de armadura convencional
SCNL-AD – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura que
considera o dimensionamento insuficiente da armadura de flexão do bloco
SCNL-AO – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura com
distribuição de armadura otimizada
SCNL-CD – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura que
considera o concreto com baixa resistência (15 MPa)
3D – Tridimensional
ε – Deformação
ν – Coeficiente de Poisson
σ – Tensão
ɸ – Diâmetro da armadura
Σ – Somatório
= – Igual
% – Por cento
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 23
T. A. DOEHLER Sumário
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas
T. A. DOEHLER Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Devido ao elevado crescimento dos centros urbanos ocorrido nas últimas décadas, tem-se
observado a contínua redução na oferta de terrenos simultaneamente desocupados, amplos e
bem localizados. Este processo, aliado à crescente especulação imobiliária, contribuiu para a
valorização das áreas remanescentes, demandando a construção de edifícios cada vez mais
altos em terrenos com área reduzida.
Com o aumento do número de pavimentos nos edifícios, eleva-se a ordem de grandeza dos
carregamentos transmitidos às fundações, enquanto a redução da área de construção, com a
consequente proximidade dos pilares, dificulta a possibilidade de execução de fundações
isoladas. Desta forma, a solução mais utilizada nos projetos tem sido as fundações
estaqueadas, recebendo o carregamento proveniente de vários ou mesmo de todos os pilares
da edificação em um mesmo sistema de fundação.
T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 24
Neste sentido, pretendeu-se com este trabalho abordar através de análises numéricas o
processo de interação entre os elementos de fundação, de extrema importância para a
compreensão do comportamento geotécnico e estrutural das fundações mistas. Esta
abordagem foi realizada através de modelagens numéricas por elementos finitos utilizando-se
o programa DIANA (TNO, 2008).
A partir de uma das análises elásticas e lineares desenvolvidas por Campos (2011) para
avaliar a distribuição de momentos fletores em blocos sobre estacas, pretendeu-se incorporar
o comportamento não linear do maciço de solo para verificar a sua influência neste aspecto,
buscando resultados mais próximos aos que de fato ocorrem em radiers estaqueados. Com
este mesmo objetivo, foram utilizados também modelos constitutivos não lineares para o
concreto dos elementos de fundação e a armadura de flexão do bloco.
O principal objetivo deste trabalho consiste, portanto, na consideração dos efeitos de interação
entre os elementos de fundação em radiers estaqueados, incorporando os efeitos de não
linearidade do solo e do concreto armado das fundações, para analisar o desempenho de
grandes blocos sobre estacas.
Em resumo, esta dissertação apresenta os conceitos básicos de grandes blocos sobre estacas,
as concepções de projeto, as interações entre os elementos constituintes do sistema de
fundação, os principais métodos simplificados de dimensionamento de blocos sobre estacas
(amplamente utilizados no Brasil nas últimas décadas), os métodos e ferramentas numéricas
para análises de fundações estaqueadas, além do desempenho de radiers estaqueados. É
apresentada também a ferramenta numérica utilizada, a comparação da mesma com outras
ferramentas numéricas baseadas no MEF e a metodologia considerada nas análises realizadas,
bem como seus respectivos resultados em termos de distribuição de cargas entre os elementos
de fundação, recalques e momentos fletores internos no bloco. Para tanto, a apresentação
textual da pesquisa foi estruturada em cinco capítulos, visando a melhor organização e
compreensão dos assuntos abordados, conforme apresentado a seguir:
T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 25
T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 26
T. A. DOEHLER Capítulo 1
CAPÍTULO 2
FUNDAÇÕES EM BLOCOS SOBRE ESTACAS
Com o avanço tecnológico observado nas últimas décadas, alguns autores propuseram
métodos analíticos para prever o comportamento de fundações em estacas de forma mais
precisa, quando comparados aos métodos empíricos das décadas de 50 e 60. Com estas
análises, realizadas a partir de modelos elásticos, esses autores obtiveram resultados muito
satisfatórios quando comparados a resultados obtidos em campo, concluindo-se que as teorias
desenvolvidas seriam úteis para a previsão de recalques de estacas isoladas. Estes métodos
foram então expandidos para análises de grupos de estacas com boas previsões (SOUZA,
2010).
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 28
somente o bloco suportaria toda a carga transmitida à fundação. Nesta abordagem, a função
das estacas seria simplesmente a de limitar os recalques a níveis aceitáveis.
Assim, segundo Souza (2010), melhores previsões de recalques de fundações estaqueadas são
de fundamental importância para um projeto econômico e seguro. Destaca-se ainda que, para
análises mais precisas, deve-se considerar a interação entre os elementos que constituem o
sistema de fundação (estacas, bloco e solo subjacente).
Figura 2.1 – Comportamento considerado no projeto de blocos sobre estacas segundo a “concepção clássica”
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 29
Sales et al. (2002) destacam as principais diferenças entre as duas metodologias de cálculo de
fundações estaqueadas. Segundo os autores, a abordagem segundo a “concepção clássica” de
blocos sobre estacas considera que toda a carga é suportada pelas estacas, o bloco é
considerado como elemento rígido, o contato entre o bloco e o solo subjacente é desprezado e
somente as interações entre estacas são consideradas. Já no dimensionamento segundo o
conceito de radier estaqueado, é considerada a rigidez real do bloco e o contato deste com o
solo, a rigidez das estacas é determinada em função do perfil do solo e são consideradas as
interações existentes no sistema de fundação.
Segundo Sales et al. (2002), na concepção clássica de projetos de grupos de estacas, o número
de estacas é encontrado pela divisão do carregamento total pela capacidade de carga
individual de cada estaca isoladamente, buscando-se garantir um fator de segurança médio
para todas as estacas igual ou superior a dois. Na metodologia de radier estaqueado procura-se
assegurar níveis aceitáveis de carga de trabalho, recalques total e diferenciais para o conjunto,
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 30
não se preocupando, entretanto, com a carga atuante e o fator de segurança de uma estaca em
particular.
Poulos (2001a) afirma que o dimensionamento de fundações em estacas deve abordar pelo
menos cinco requisitos básicos:
Bacelar (2003) afirma que radiers estaqueados são fundações mistas compostas pelo radier,
responsável pela transferência de carga ao solo e às estacas, que por sua vez transmitem carga
ao solo por atrito lateral (ao longo do fuste) e pela ponta das mesmas.
Segundo giongo (2010), na maioria dos projetos de radiers estaqueados parte-se do princípio
de que a função das estacas é a de diminuir os níveis de recalque (diferencial e total) da
fundação, o que leva a uma considerável redução na quantidade necessária de estacas em
comparação a projetos elaborados a partir da concepção clássica. Randolph (1994) afirma que
em alguns casos essa redução é da ordem de 65 a 75%, destacando a vantagem econômica das
fundações mistas em alguns casos. Esta vantagem também é evidenciada por Poulos (2001a)
para situações em que somente o radier não é capaz de satisfazer todos os requisitos de
dimensionamento de fundações.
Apesar das vantagens citadas, existem algumas condições restritivas à aplicabilidade dos
radiers estaqueados. Segundo Poulos (2001b), perfis de solo com elevada resistência desde as
primeiras camadas, como areias compactas ou argilas rijas, são bastante favoráveis à
aplicação de fundações mistas e, em alguns casos, a capacidade de carga do elemento
horizontal seria suficiente para suportar os esforços da estrutura. As estacas atuariam então
como elementos redutores de recalques (totais e diferenciais).
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 31
Outro importante ponto a ser destacado é o fato de, devido à interação existente entre os
elementos horizontal, verticais e o solo, o comportamento do sistema é alterado. O radier terá
sua rigidez aumentada pela inserção das estacas; as curvas carga x recalque das estacas serão
alteradas; o solo das camadas superficiais receberá consideráveis acréscimos de tensão
vertical (e consequentemente horizontal, proporcional ao coeficiente de empuxo em repouso,
K0) devido à transferência de carga proveniente do radier; este acréscimo de tensão horizontal
provocará um aumento na capacidade de carga de atrito lateral das estacas. Desta forma, não
se pode afirmar que a capacidade portante de uma fundação mista equivale à simples soma
algébrica das capacidades de seus elementos constituintes (MANDOLINI, 2003).
A partir do conceito de radier estaqueado, Randolph (1994) propôs três diferentes tipos de
abordagem para projetos: convencional, “Creep Piling” e controle de recalque diferencial.
A terceira abordagem considera que grande parte da carga é suportada pelo radier. Desta
forma, procura-se otimizar a disposição das estacas no mesmo, buscando a redução de
recalques médios e diferenciais. Assim, geralmente obtém-se uma quantidade reduzida de
estacas quando comparada às demais abordagens.
Segundo Poulos (2001a), existe uma versão ainda mais extrema da abordagem “Creep
Piling”, na qual algumas ou até mesmo todas as estacas trabalhariam com 100% de sua
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 32
capacidade de carga última, porém garantindo um fator de segurança aceitável para todo o
sistema. Esta quarta abordagem reforça o conceito de estacas como elementos redutores de
recalque, porém reconhecendo o acréscimo de capacidade de carga que proporcionam ao
sistema de fundação.
Figura 2.3 – Comportamento carga-recalque para radiers estaqueados de acordo com a abordagem de projeto
(modificado de POULOS, 2001a)
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 33
Hain e Lee (1978) propuseram um método numérico simplificado para análises de radiers
estaqueados que considera diferentes fatores de interação entre os elementos da fundação,
conforme apresentado na Figura 2.4.
Figura 2.4 – Mecanismos de interação solo-estrutura em radiers estaqueados (modificado de HAIN e LEE, 1978)
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 34
Segundo Rezende (1995), a disposição de estacas muito próximas entre si altera o estado de
tensão e a estrutura do solo de forma distinta à observada para a instalação de uma estaca
isolada. Ottaviani (1975), realizando análises elásticas pelo Método dos Elementos Finitos,
verificou que o recalque para grupos de nove e quinze estacas é bem maior que o observado
para uma estaca isolada submetida à carga média das estacas destes blocos. Silva (1996)
justifica a diferença destes comportamentos em função da sobreposição dos bulbos de pressão
de estacas próximas, e também pela possibilidade de as estacas de um grupo, juntamente com
o solo existente entre elas, agirem como um grande bloco rígido.
Outro aspecto que interfere diretamente no comportamento das estacas é a rigidez dos blocos
sobre as mesmas. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003), considera-se um bloco rígido aquele
que possui altura igual ou superior à terça parte do valor da sua maior dimensão descontado
desta a largura do pilar na mesma direção. As estacas sob este tipo de bloco terão recalques
semelhantes, enquanto a quantidade de carga suportada por cada elemento será diferente. Já
nos blocos flexíveis, considerados por muitos autores aqueles com altura inferior a 10% de
sua maior dimensão, a tendência observada é que as estacas recebam a mesma quantidade de
carga, enquanto os recalques serão distintos. Situações intermediárias, os blocos semirrígidos
apresentam a tendência de proporcionar diferentes níveis de carga suportada e de recalque às
estacas.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 35
Tabela 2.1 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 9 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)
Tabela 2.2 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 16 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 36
Tabela 2.3 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 25 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)
Para grupos de estacas assentes sobre camada rígida de solo ou rocha (estacas de ponta),
Poulos e Davis (1980) propuseram a distribuição de cargas entre as estacas apresentada nas
Tabelas 2.4, 2.5 e 2.6.
Tabela 2.4 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 9 estacas (modificado de POULOS
e DAVIS, 1980)
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 37
Tabela 2.5 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 16 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)
Tabela 2.6 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 25 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)
Da mesma forma que para os grupos de estacas flutuantes, a distribuição de cargas entre as
estacas de ponta tende a ficar menos uniforme com a diminuição do espaçamento entre
estacas e com o aumento da relação entre o seu comprimento e diâmetro. Entretanto, para
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 38
estes grupos o aumento da rigidez relativa contribui para que a distribuição de cargas entre as
estacas seja mais uniforme.
Pacheco (2004) afirma que a interação de uma estaca carregada verticalmente com outra
vizinha está relacionada a dois conjuntos de comportamento: o primeiro diz respeito à carga
de ponta da estaca, através das tensões de compressão aplicadas ao solo desta região e outro,
mais expressivo na maioria dos casos, relacionado às cargas transmitidas ao solo por atrito
lateral ao longo do fuste.
Décourt (1995) definiu a transferência de carga de uma estaca para o solo como sendo o
fenômeno mais complexo de ser mensurado e previsto para fundações estaqueadas, pois a
resistência por atrito lateral é altamente dependente da maneira como o solo abaixo da base
absorve o carregamento ao qual é submetido. Pacheco (2004) destaca que este processo
depende das propriedades do solo ao longo do fuste e sob a base, bem como da rigidez
relativa da estaca, que por sua vez é função do diâmetro, do comprimento e do módulo de
elasticidade do seu material constituinte.
Poulos (2001a) comparou a análise de um radier sobre quinze estacas segundo a abordagem
citada com um método simplificado de cálculo, no qual se considera os efeitos da ISE.
Segundo os resultados apresentados, a rigidez da fundação é superestimada em mais de 200%,
provocando erros severos na previsão de recalques. Desta forma, o autor destaca que o uso de
ferramentas numéricas que não consideram os processos de interação existentes entre os
elementos constituintes de um radier estaqueado pode levar a previsões incorretas dos
recalques, da distribuição de momentos fletores no radier e da carga suportada por cada
estaca.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 39
e entre estes e o solo para que se possa projetar e prever o comportamento destas fundações
com satisfatória precisão.
A NBR 6118 (ABNT, 2003) considera os blocos sobre estacas como elementos estruturais
especiais, cujo comportamento não respeita a hipótese das seções planas, por não possuírem
comprimento suficiente para que as perturbações locais sejam dissipadas. Esta norma sugere
ainda a classificação destes elementos, de acordo com as suas dimensões, em flexíveis ou
rígidos, pois o comportamento estrutural dos mesmos é distinto em diversos aspectos.
O MEF é considerado por muitos autores um método bastante rigoroso, sendo capaz de
conduzir a resultados muito satisfatórios na análise de fundações em blocos sobre estacas.
Entretanto, destaca-se como principal desvantagem deste método o elevado tempo de
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 40
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 41
Segundo Munhoz (2004), este método é recomendado para blocos com ações centradas,
embora possa ser empregado no caso de ações excêntricas, desde que seja admitida a carga da
estaca mais carregada para todas as estacas do bloco.
O método das bielas e tirantes, apesar de ser um dos mais difundidos para o dimensionamento
de blocos sobre estacas, aplica-se apenas para blocos rígidos, por possuírem altura suficiente
para a formação das bielas de compressão. De acordo com Munhoz (2004), outra limitação do
método é o fato de que todas as estacas devem estar igualmente afastadas do centro do pilar.
Na prática, a aplicação do método fica restrita a blocos com duas a quatro estacas, por serem
rígidos e atender o quesito de igual espaçamento em relação ao centro do pilar.
Para grandes blocos sobre estacas, que normalmente são mais flexíveis, possuem estacas com
diferentes espaçamentos em relação ao seu eixo, carregamentos excêntricos e eventualmente
até mais de um pilar no mesmo bloco, o método das bielas e tirantes não representa
satisfatoriamente o comportamento dos mesmos.
Aplica-se a blocos cuja distância entre a face do pilar e o eixo da estaca mais afastada seja
superior à terça parte da altura do bloco e não ultrapasse a metade dessa dimensão. Segundo
Munhoz (2004), caso esta distância não esteja entre os limites do intervalo, as recomendações
do método não são aplicáveis.
A utilização deste método, portanto, fica restrita a blocos sobre poucas estacas, pois a altura
necessária para grandes blocos seria muito elevada, inviabilizando a execução das fundações
dimensionadas.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 42
Campos (2011) afirma que o cálculo como viga ou laje de concreto armado pode ser utilizado
no dimensionamento de blocos flexíveis, como os grandes blocos sobre estacas, a partir dos
diagramas de esforço cortante e momento fletor.
Inicialmente, é calculada a carga média suportada por cada estaca a partir da razão entre a
carga total aplicada ao bloco e quantidade de estacas. Em seguida, para cada direção do bloco,
são encontradas as seções em que os esforços cortantes são nulos, pois nas mesmas
encontram-se os valores máximos e mínimos (locais ou globais) do momento fletor atuante no
bloco. O valor máximo global, multiplicado pelo coeficiente de majoração correspondente,
fornece o momento fletor de cálculo, a partir do qual é realizado o dimensionamento
estrutural do bloco à flexão em cada uma das direções.
Neste trabalho, optou-se por utilizar este método nas análises comparativas com ferramentas
numéricas, dada a sua maior abrangência e a ampla utilização do mesmo por projetistas de
fundações no Brasil. Para o dimensionamento foram seguidos os procedimentos de cálculo
para vigas de concreto armado apresentados por Pinheiro et al. (2007), segundo os padrões da
NBR 6118 (ABNT, 2003).
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 43
Segundo Small (2001), diferentes tipos de análises numéricas tem sido empregadas na
representação de radiers estaqueados: abordagens simples de placas sobre molas, Método dos
Elementos de Contorno (MEC), Técnica de Camadas Finitas, Análise de Diferenças Finitas e
Método dos Elementos Finitos (MEF). Destacam-se ainda os métodos híbridos, caracterizados
por combinar soluções de mais de um método nas análises, buscando aproveitar as vantagens
de cada abordagem.
Mendonça e Paiva (2000), utilizando o MEC, apresentaram uma formulação para análise
estática de radiers estaqueados na qual se considera simultaneamente todas as interações entre
o radier e as estacas. Através de comparações entre a rigidez global da fundação e os
recalques obtidos por esta formulação e por outros métodos apresentados na literatura, os
autores destacam a concordância razoável, justificando as diferenças observadas pelas
distintas modelagens da interface radier-estacas-solo adotadas em cada caso.
No Método dos Elementos Finitos (MEF), as modelagens são caracterizadas por discretizarem
um domínio finito em vários elementos, atribuindo a estes os parâmetros que representam o
comportamento dos materiais analisados. Em análises de fundações, simula-se o domínio
semi-infinito aplicando condições de contorno a grandes distâncias dos elementos com níveis
de tensão e deformação consideráveis.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 44
comparando os resultados com aqueles observados para uma estaca isolada. Os resultados
indicaram que o contato do bloco com o solo modifica consideravelmente o mecanismo de
transferência de carga das estacas para o solo. Outra observação destacada foi a distribuição
não uniforme de cargas entre as estacas, concentrando maior quantidade de carga nas estacas
da periferia do bloco e aliviando as estacas centrais.
Munhoz (2004) apresentou diversas análises de blocos sobre duas a cinco estacas utilizando o
programa ANSYS (1998), baseado no Método dos Elementos Finitos. Nos modelos adotados
variaram-se os diâmetros de estacas e as dimensões dos pilares, considerando o
comportamento do material como elástico linear, com a finalidade de determinar os fluxos de
tensões em suas direções principais e verificar a aplicabilidade do método das bielas e
tirantes, que se mostrou coerente para blocos com até quatro estacas. Para blocos maiores, a
altura necessária para manter o ângulo de inclinação das bielas de compressão é muito alta,
inviabilizando a utilização do método.
Souza (2010) analisou os fatores de interação entre estacas comparando os resultados obtidos
em análises com material elástico linear pelo programa DIANA (Displacement Method
Analyzer), baseado no MEF, e o GARP (Geotechnical Analysis of Raft with Piles), uma
ferramenta híbrida para análise de radiers estaqueados.
Neste trabalho, o Método dos Elementos Finitos foi utilizado para as análises numéricas
lineares e não lineares, através do programa DIANA.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 45
A utilização de fundações diretas (sapatas e radiers) vem sendo realizada ao longo dos séculos
nos mais diversos tipos de edificações e em muitos casos apresenta-se como solução
economicamente viável e de fácil execução. Entretanto, dependendo do carregamento e das
propriedades do solo subjacente, é possível observar recalques superiores aos desejáveis,
inconveniente este que pode ser solucionado com a inserção de algumas estacas em
determinados pontos do elemento de fundação direta. Inicialmente, o conceito de estacas
atuando como elementos redutores de recalque em um bloco foi proposto por Burland, Broms
e de Mello (1977) e utilizado posteriormente por diversos outros autores.
Com o objetivo de reduzir os recalque diferenciais de um radier sobre 25 estacas, Kim et al.
(2001) apresentaram uma metodologia na qual somente o posicionamento otimizado das
estacas no bloco foi capaz de provocar a redução do recalque diferencial máximo da ordem de
80% a 90%, embora fosse observado o aumento do recalque médio da fundação. Os autores
destacam ainda que nestes casos foi observada uma redução na ordem de 50% no momento
fletor médio do bloco.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 46
cargas suportadas por cada estaca reduz significativamente os recalques total e diferencial,
bem como os momentos internos no bloco.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 47
Poulos (1994) apresenta o cálculo para um radier estaqueado na cidade de São Paulo,
avaliando a relação entre a quantidade de estacas e o fator de segurança das estacas, o
recalque máximo, os momentos fletores, a porcentagem de carga suportada por cada estaca e
pelo radier e o fator de segurança global do sistema de fundação.
No caso analisado, conforme se pode observar na Figura 2.6, os momentos fletores máximos
diminuem nas duas direções com o aumento da quantidade de estacas, mas mostram-se
aproximadamente constantes para os casos a partir de 13 estacas, situação em que o fator de
segurança das estacas é de 1,45, o percentual de carga suportada pelas estacas é próximo de
90%, o recalque é da ordem de 20 milímetros e o fator de segurança global é de 3,0.
Figura 2.6 – Momentos fletores nas direções x e y em relação ao número de estacas no bloco analisado
(modificado de POULOS, 1994)
Sales et al. (2002) analisaram um bloco sobre 25 estacas de grande diâmetro, apresentado na
Figura 2.7, executado no Distrito Federal e projetado para suportar a carga de 13 pilares, que
somada totalizava uma carga permanente de 43910 kN. O projeto de fundação original foi
desenvolvido a partir da “concepção clássica” de grupo de estacas e posteriormente reavaliado
segundo o conceito de radier estaqueado.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 48
Figura 2.7 – Locação dos pilares e das 25 estacas no bloco analisado, dimensões em cm (SALES et al., 2002)
No trabalho foram destacadas as principais alterações nos resultados bem como a avaliação de
outros cenários para a mesma fundação, alterando a quantidade e a posição das estacas no
bloco, conforme apresentado na Tabela 2.7.
Tabela 2.7 – Casos analisados e resultados obtidos nas diversas simulações (modificado de SALES et al., 2002)
T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 49
Nas análises realizadas, os autores destacam, dentre outras informações, que na solução
adotada para o caso (a) o grupo de estacas suporta uma grande parcela do carregamento total,
o que reduz os recalques totais e diferenciais, mas torna a alternativa como a de pior
custo/benefício. Já a solução sobre 13 estacas, dentre todos os casos analisados, mostra-se
como a mais viável neste critério, pois teria recalques dentro dos limites considerados
aceitáveis pelo projetista estrutural, esforços internos menores e fator de segurança global
próximo a 4,0.
Os autores destacam ainda que, dentro da “concepção clássica”, na qual se descarta o contato
existente entre o bloco e o solo subjacente, esta configuração seria inaceitável por resultar em
um fator de segurança do grupo de estacas inferior a 2,0 e possuir estacas com carregamento
muito próximo de sua capacidade de carga última.
T. A. DOEHLER Capítulo 2
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA DAS ANÁLISES
De acordo com Campos (2011), embora não existam grandes diferenças entre os métodos
analíticos simplificados para o cálculo de momentos internos de blocos sobre estacas, o
cálculo como viga ou laje de concreto armado pode ser utilizado no dimensionamento de
blocos flexíveis e semirrígidos, como os grandes blocos sobre estacas, a partir dos diagramas
de esforço cortante e momento fletor. Portanto, este foi o método simplificado de cálculo
adotado nas análises deste trabalho.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 51
• Calcula-se a carga média suportada por cada estaca do bloco, dividindo-se a carga
vertical total aplicada pela quantidade de estacas;
• A partir destas cargas, obtém-se o diagrama de esforço cortante para cada direção do
bloco. Na seção central de um bloco sobre estacas, cujo carregamento uniformemente
distribuído esteja aplicado no centro geométrico do mesmo, o diagrama de esforço cortante e
momento fletor são obtidos a partir das seguintes equações:
.
= ∑ − (3.1)
. ²
= ∑
−
(3.2)
Onde:
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 52
Figura 3.1 – Cálculo do momento fletor no eixo de um bloco sobre estacas a partir do método analítico
simplificado
Conforme destacado por Campos (2011), o momento fletor calculado a partir deste método é
dado para toda a largura do bloco. Para efeito de comparação com os resultados das análises
numéricas, a grandeza utilizada foi o momento por metro linear, obtido a partir da divisão do
momento fletor de cálculo pela largura do bloco.
O DIANA, programa baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF) que vem sendo
desenvolvido na Holanda desde 1972 pela TNO Building and Construction Research
Company, foi a ferramenta computacional utilizada nas análises numéricas deste trabalho.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 53
De acordo com Souza (2010), esta ferramenta apresenta um importante diferencial em relação
à maioria dos programas baseados no MEF, que consiste no seu desenvolvimento, voltado
para atender principalmente aos problemas relacionados à engenharia civil. Este
desenvolvimento específico pode ser percebido através dos modelos avançados para análise
do comportamento do solo, do concreto e de sua armadura.
Para a análise de fundações estaqueadas, o DIANA foi utilizado por alguns autores, como
Souza (2004), Souza (2010), Sakai (2010), Bittencourt, Doehler e Sales (2011) e Campos
(2011).
O programa DIANA conta com um pré e pós-processador, chamado Midas Fx+ for DIANA
(MIDASoft, 2008), com interface bastante amigável e intuitiva, através do qual se pode
definir a geometria do problema, gerar malhas de elementos finitos, aplicar carregamentos,
atribuir propriedades de materiais e condições de contorno.
Neste trabalho foi utilizado o Midas Fx+ for DIANA para as etapas de pré-processamento
citadas, bem como para a visualização e obtenção de dados das análises, como esforços,
tensões, deformações, deslocamentos e reações de apoio. Segundo a TNO (2008), o Fx+ está
equipado com funções avançadas de modelagem numérica, algoritmos desenvolvidos para a
geração de malhas de forma automática, diversos tipos de propriedades de materiais e alta
tecnologia em saída gráfica.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 54
necessários para uma boa aproximação do comportamento real das partes do problema, dentre
outros.
Conforme destacado por Bittencourt, Doehler e Sales (2011), é considerado aceitável o fato
de não serem observados resultados idênticos para um mesmo problema analisado a partir de
ferramentas numéricas diferentes, pois nem sempre estas utilizam as mesmas formulações
matemáticas e procedimentos de cálculo. Entretanto, para uma satisfatória validação e
comparação entre programas computacionais de análise, objetiva-se uma tendência comum
aos resultados, com reduzidas divergências entre os dados observados.
Com este objetivo, realizou-se a comparação entre resultados de recalque no topo de uma
estaca isolada, com seção transversal quadrada, em solo homogêneo, submetida apenas a
carga vertical. Esta análise tridimensional foi proposta por Ottaviani (1975) utilizando o
programa UNIVAC 1108, baseado no Método dos Elementos Finitos.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 55
Figura 3.2 – Malhas descartadas e escolhida para a comparação entre as ferramentas numéricas
Figura 3.3 – Caso utilizado para a comparação e modelagem realizada devido à simetria do problema
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 56
• Domínio horizontal considerado: 3.L, para cada lado, a partir do eixo da estaca.
Os resultados obtidos com o DIANA foram comparados àqueles apresentados por Ottaviani
(1975), que utilizou o programa UNIVAC 1108 em suas análises, por Sales (2000) utilizando
o ALLFINE, programa também baseado no MEF, e pela solução implementada por
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 57
Realizou-se outra análise, variando apenas o valor de H para 30,00 m. Em um terceiro caso, o
valor de L foi alterado para 40,00 m e o de H para 60,00 m, mantendo a relação de 3.L para
cada lado do domínio horizontal e os valores das demais variáveis. As Figuras 3.6 e 3.7,
respectivamente, apresentam as comparações dos resultados obtidos nessas análises com
aqueles apresentados por outros autores.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 58
Os resultados obtidos com o DIANA, em comparação com aqueles apresentados por outros
autores com o uso de outras ferramentas numéricas, mostram uma concordância satisfatória
na tendência de comportamento das estacas isoladas analisadas. Na primeira análise, o
DIANA apresentou resultados praticamente coincidentes com os do UNIVAC 1108 e do
FlexPDE. Na segunda, os resultados foram menos conservadores que os observados por
Ottaviani (1975), mas com boa concordância com aqueles obtidos pelos demais autores. Por
fim, com L = 40 m e H/L = 1,5, o programa analisado apresentou recalques um pouco maiores
que os demais, não representando, entretanto, tendência discrepante.
Desta forma, considera-se que o uso do DIANA foi validado com eficácia para os casos
analisados.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 59
Assim como na análise realizada no item anterior, neste caso foram realizadas modelagens da
quarta parte da malha de elementos finitos, devido à simetria do problema. Considerou-se o
domínio vertical de 32 metros a partir da base do bloco (H/L > 3), sendo o contorno do
maciço considerado indeslocável a esta profundidade. Em relação aos domínios horizontais,
foi considerado um maciço de solo com 30 metros a partir do eixo do pilar, para cada lado,
ficando os nós destas faces do maciço com deslocamentos livres somente na vertical. As
condições de contorno nas superfícies de simetria do modelo foram consideradas de tal forma
que os nós permanecessem na mesma superfície após a aplicação do carregamento, com
deslocamentos livres nas demais direções.
A Figura 3.9 apresenta a malha tridimensional do radier estaqueado analisado. A Figura 3.10
ilustra a aplicação do carregamento normalmente distribuído na face superior do bloco, na
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 60
área da projeção do pilar. A Figura 3.11 apresenta as condições de contorno consideradas nos
modelos.
Figura 3.10 – Carregamento distribuído aplicado ao radier estaqueado na área de projeção do pilar
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 61
O modelo considerado nas análises é composto por 137.748 elementos e 28.004 nós para os
casos em que a armadura não foi modelada, e 137.998 elementos e 28.804 nós para aqueles
em que se considerou o bloco armado. Em todas as análises não lineares foram considerados
10 passos de carga iguais, cada um com 1.250 kN (10% da carga final aplicada ao pilar sobre
o bloco). Dentre os critérios de convergência disponíveis no DIANA 9.3, adotou-se em todas
as análises não lineares a norma de força como critério de convergência entre as interações,
com desvio máximo aceitável de 10 kN. Em média, o tempo de processamento de cada
análise não linear foi de cerca de sete horas, enquanto para as análises lineares elásticas este
tempo foi inferior a três minutos.
Os momentos fletores para cada seção do bloco foram calculados em relação à metade da
altura do mesmo e obtido a partir do somatório do produto entre as forças nodais na direção
perpendicular à seção analisada e a distância dos nós em relação ao eixo considerado (metade
da altura do bloco), conforme ilustra a Figura 3.12.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 62
Figura 3.12 – Metodologia utilizada para calcular os momentos fletores nas análises numéricas
A partir do bloco sobre 25 estacas analisado por Campos (2011), foram realizadas as análises
numéricas apresentadas na Tabela 3.1.
Foram realizadas comparações entre a análise LE, um caso em que foi incorporado o
comportamento elastoplástico para o solo segundo o critério de ruptura de Mohr-Coulomb
(análise SNL) e mais dois casos em que se considerou a perda de rigidez do concreto,
reduzindo-se seu módulo de elasticidade para 20 GPa (análise LE-EC20) e em seguida para
15 GPa (análise LE-EC15), com a finalidade de representar os danos sofridos pelo concreto
quando submetido a elevados níveis de carregamento. Estas comparações tiveram os objetivos
de representar de forma mais precisa o desempenho do sistema de fundação e verificar a
relevância de se considerar isoladamente cada um destes comportamentos para o
dimensionamento estrutural de radiers estaqueados.
• Coesão: 16 kPa;
A Figura 3.13 apresenta a curva carga x recalque proveniente de uma análise não linear
realizada no DIANA com 20 passos de carga, cada um com 50 kN, para uma estaca isolada,
com dimensões e propriedades semelhantes às das estacas do bloco apresentado na Figura 3.8.
Os critérios de convergência, as condições de contorno e os domínios horizontais e vertical
considerados na modelagem também foram os mesmos adotados para a modelagem do bloco.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 64
Figura 3.13 – Curva carga x recalque para estaca isolada imersa em solo com os parâmetros considerados na
análise SNL
Uma segunda comparação foi realizada no sentido de se verificar, através de análises não
lineares, os efeitos no comportamento do radier estaqueado analisado ao se reduzir a
resistência característica do concreto à compressão ou a armadura de flexão do bloco. Foram
comparadas três análises: SCNL-AC, SCNL-CD e SCNL-AD.
Na análise denominada SCNL-AC, foram introduzidas nas duas direções armaduras de flexão
na face inferior do bloco, dimensionadas de acordo com o método analítico simplificado
descrito no item 3.1. As Figuras 3.14 e 3.15 ilustram, respectivamente, o posicionamento das
barras de armadura no bloco e a distribuição das mesmas vista em planta na quarta parte do
bloco, conforme modelagem realizada.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 65
T. A. DOEHLER Capítulo 3
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A partir das considerações feitas por Sakai (2010) em suas análises, os parâmetros não
lineares considerados para o concreto na análise SCNL-AC no DIANA foram:
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 67
Figura 3.17 – Função de comportamento do concreto à compressão - parabólica (modificado de SAKAI, 2010)
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 68
Uma terceira comparação foi realizada entre a análise SCNL-AC, na qual a distribuição da
armadura segue o mesmo espaçamento em toda a largura do bloco, e a análise denominada
SCNL-AO, na qual algumas barras são dispostas com menor espaçamento na região central
do bloco e uma quantidade menor de barras mais distantes umas das outras são distribuídas na
periferia do mesmo, mantendo-se inalterada a área de aço dimensionada para a análise
anterior, bem como o espaçamento da armadura em relação à base do bloco. A Figura 3.18
apresenta a distribuição da armadura da análise SCNL-AO vista em planta na quarta parte do
bloco, conforme modelagem realizada.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 69
momento fletor interno do bloco, na distribuição de cargas entre as estacas e nos recalques
totais e diferenciais observados para o sistema de fundação.
T. A. DOEHLER Capítulo 3
CAPÍTULO 4
ANÁLISES E RESULTADOS
Neste capítulo são apresentadas as análises numéricas realizadas, juntamente com seus
respectivos resultados em termos de distribuição de cargas entre estacas, tensões no concreto
e nas armaduras do bloco, recalques, momentos fletores internos no bloco, tensões,
deformações e deslocamentos no maciço de solo.
De acordo com os resultados de cada análise, foi realizada a comparação entre os diagramas
de momentos fletores obtidos na modelagem numérica com o valor obtido a partir do método
analítico simplificado, através do qual muitos projetos estruturais de blocos sobre estacas são
dimensionados atualmente.
O caso hipotético analisado neste trabalho, conforme destacado no item 3.4, corresponde a um
bloco sobre 25 estacas, com seção transversal quadrada, distribuídas uniformemente no bloco,
camada de solo subjacente homogênea e pilar com seção transversal quadrada localizado no
centro do bloco.
Por meio do cálculo como viga ou laje de concreto armado, método analítico simplificado
adotado neste trabalho, considera-se que todas as estacas suportam o mesmo carregamento, ou
seja, 500 kN para o caso analisado. O momento fletor interno do bloco, dado para toda a sua
largura e calculado a partir do procedimento descrito no item 3.1, é de 8098,75 kN.m. A partir
deste valor, foi realizado o dimensionamento da armadura de flexão do bloco, uniformemente
distribuída ao longo do mesmo, conforme apresentado na Figura 3.13.
Para efeito de comparação com os resultados das análises numéricas, a grandeza considerada
foi o momento por metro linear, obtido a partir da divisão do momento fletor pela largura do
bloco, encontrando-se para o bloco analisado o valor de 1383,93 kN.m/m.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 71
Para comparação entre as análises, as estacas foram denominadas de acordo com a Figura 4.1.
Nesta análise, o contato do bloco com o solo foi responsável por suportar 939,24 kN, ou seja,
7,51% do carregamento total aplicado ao bloco. A estaca mais carregada, com 721,65 kN,
corresponde à de número 3, localizada no canto do bloco. A menor carga encontrada foi de
302,93 kN, correspondente à estaca 5. A Figura 4.2 apresenta os valores encontrados para as
cargas nas estacas.
Apenas para efeito de visualização da distribuição de cargas entre as estacas, a Figura 4.3
apresenta dentro de uma escala a quantidade de carga suportada por cada um destes elementos
de fundação.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 72
Ao se considerar a rigidez do radier, bem como o contato entre este e o solo subjacente, as
estacas localizadas na periferia do bloco tendem a concentrar maiores cargas, enquanto as
centrais recebem menor quantidade de carga, conforme destacado por diversos outros autores
para análises lineares elásticas. Caso o bloco fosse perfeitamente flexível, o esperado seria
que todas das estacas recebessem a mesma carga e que os recalques fossem maiores no centro
do radier e menores em suas bordas. Caso o radier fosse perfeitamente rígido, o esperado seria
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 73
que o mesmo se deformasse muito pouco, proporcionando recalques iguais para todas as
estacas e, consequentemente, as cargas seriam diferentes. Devido à rigidez do radier
analisado, classificado como semirrígido, observou-se um comportamento intermediário, no
qual a borda do bloco sofreu um recalque maior do que seria esperado na borda de um bloco
flexível. Consequentemente, as estacas da periferia receberam maior quantidade de carga que
as centrais, fazendo com que as primeiras sofressem maiores recalques do que sofreriam caso
o bloco fosse flexível.
A partir do pós-processador utilizado neste trabalho foi gerado o diagrama que apresenta a
distribuição de tensões no bloco, apresentado na Figura 4.4.
Figura 4.4 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE (unidades em MPa)
Nas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7 são apresentadas, respectivamente, a distribuição de tensões, de
deformações e de deslocamentos no maciço de solo, a partir das quais é possível observar que
os domínios vertical e horizontais considerados foram satisfatórios para a análise de tensões,
deformações e deslocamentos no maciço de solo.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 74
Figura 4.5 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE (unidades em
MPa)
Figura 4.6 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 75
Figura 4.7 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE (unidades em mm)
O recalque máximo observado na análise LE foi de 13,56 mm, no centro do bloco, abaixo do
eixo do pilar. O recalque diferencial máximo encontrado para o bloco foi de 1,33 mm. A
Figura 4.8 apresenta as seções em que foram traçadas as curvas de recalque: estacas 1-4-6-4-1
(seção 1), 2-5-4-5-2 (seção 2), 3-2-1-2-3 (seção 3) e 3-5-6-5-3 (seção 4).
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 76
A Figura 4.9 apresenta a variação de recalque ao longo do bloco em cada uma destas seções.
Figura 4.10 - Seções do bloco em que foram traçados os diagramas de momento fletor
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 77
Figura 4.11 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pela análise LE
Através dos diagramas fica clara a variação dos momentos ao longo da largura do bloco,
sobretudo em relação à seção AA, o que não é considerado pelo método analítico
simplificado. Nesta seção, observou-se um pico de momento na região central do bloco, que
ultrapassa em mais de 100% o valor calculado pelo método simplificado, atingindo 2792,66
kN.m/m. Esta discrepância deixa claro que os métodos simplificados de cálculo podem não
ser adequados para o dimensionamento de grandes blocos sobre estacas, enfatizando a
necessidade de se realizar análises mais precisas com o uso de ferramentas numéricas.
Na análise SNL foi atribuído ao solo o critério de ruptura de Mohr-Coulomb, com parâmetros
de resistência hipotéticos apresentados no item 3.4. As propriedades do concreto do sistema
de fundação foram consideradas de maneira semelhante ao descrito na análise LE.
As Figuras 4.12 e 4.13 apresentam os valores encontrados para as cargas nas estacas nas
análises LE e SNL e a visualização da distribuição destes carregamentos no sistema de
fundação, respectivamente. Na análise SNL observou-se um acréscimo da contribuição do
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 78
contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de carga do sistema de fundação, sendo
este responsável por suportar 1284,59 kN, ou seja, 10,28% do carregamento total aplicado ao
bloco. A estaca com maior carga novamente foi a de número 3, no canto do bloco, embora
tenha sido observada uma redução de 21,14% em relação à análise LE, para 569,07 kN. A
estaca menos carregada foi novamente a de número 5, suportando 383,51 kN, 26,60% mais
carga que o observado na análise LE.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 79
Com a consideração do comportamento linear elástico para o concreto nesta análise, foi
observada uma distribuição de tensões no bloco semelhante à da análise LE, com tensão
máxima de compressão da ordem de 17 MPa, conforme apresenta a Figura 4.14.
Figura 4.14 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SNL (unidades em MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 80
Figura 4.15 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL (unidades em
MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 81
Figura 4.16 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL
Figura 4.17 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL (unidades em mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 82
O recalque máximo observado na análise SNL foi de 33,15 mm, no mesmo ponto em que foi
encontrado o maior valor da análise anterior. O recalque diferencial máximo identificado para
o bloco foi de 1,24 mm, levemente inferior ao verificado na análise LE. A Figura 4.18
apresenta a variação de recalque ao longo da largura do bloco em quatro seções, semelhantes
àquelas identificadas no item 4.2. A Figura 4.19 apresenta a variação de recalque na seção 4
na análise SNL em relação à mesma seção na análise LE.
Figura 4.19 - Recalques observados na seção 4 do bloco na análise SNL em relação à análise LE
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 83
O aumento da parcela de carga suportada pelo contato entre o bloco e o solo, juntamente com
a redução das cargas nas estacas localizadas na periferia do bloco contribuíram, dentre outros
fatores, para a redução do momento fletor nas seções analisadas do bloco quando comparados
aos valores encontrados na análise LE, conforme mostra a Figura 4.20.
Figura 4.20 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises LE e
SNL
Para o caso apresentado, verificou-se que o comportamento não linear do solo, apesar de
proporcionar um aumento do recalque absoluto do sistema de fundação, proporcionou
algumas melhorias no desempenho do mesmo quando comparado à análise LE, provocando
uma distribuição mais uniforme de cargas entre as estacas, aumentando a contribuição do
contato do solo com o bloco na capacidade de carga do sistema de fundação e reduzindo o
recalque diferencial máximo e os momentos fletores internos nas seções analisadas.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 84
Foi observada, também, a tendência de distribuição mais uniforme de cargas entre as estacas
na medida em que o concreto do sistema de fundação torna-se menos rígido. A razão entre as
cargas das estacas mais e menos carregadas diminuiu de 2,38 na análise LE para 1,89 no caso
LE-EC20 e para 1,55 na análise LE-EC15. A Figura 4.21 apresenta os valores encontrados
para as cargas nas estacas em cada análise.
Figura 4.21 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 85
As Figuras 4.22 e 4.23 apresentam, apenas com caráter ilustrativo, a distribuição de cargas
nas estacas nas análises LE-EC20 e LE-EC15, respectivamente.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 86
Figura 4.24 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-EC20 (unidades em MPa)
Figura 4.25 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-EC15 (unidades em MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 87
Figura 4.26 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20 (unidades
em MPa)
Figura 4.27 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15 (unidades
em MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 88
Figura 4.28 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20
Figura 4.29 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 89
Figura 4.30 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20 (unidades em
mm)
Figura 4.31 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15 (unidades em
mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 90
O recalque máximo observado na análise LE-EC20 foi de 14,08 mm, enquanto na análise LE-
EC15 foi de 14,64 mm, ambos superiores ao valor do caso LE. O recalque diferencial máximo
identificado para o bloco foi de 1,76 mm e 2,22 mm, respectivamente para os casos LE-EC20
e LE-EC15, também maiores que os valores encontrados na análise LE. As Figuras 4.32 e
4.33 mostram as curvas de recalque para as seções do bloco definidas nas análises anteriores.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 91
A Figura 4.34 apresenta os recalques observados na Seção 4 para as análises lineares elásticas
LE, LE-EC20 e LE-EC15, nas quais o concreto possui módulos de elasticidade iguais a 28, 20
e 15 GPa, respectivamente.
Figura 4.34 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15
A partir dos recalques observados nas análises LE-EC20 e LE-EC15 é possível afirmar que,
para o caso analisado, a perda de rigidez do concreto do sistema de fundação quando
submetido a elevados níveis de carregamento é responsável por proporcionar acréscimos de
recalque ao bloco, tanto em termos de recalque total máximo quanto de recalque diferencial.
Assim como na análise SNL, observou-se que o aumento da parcela de carga suportada pelo
contato entre o bloco e o solo, juntamente com a redução das cargas nas estacas localizadas na
periferia do bloco contribuíram, dentre outros fatores, para a redução do momento fletor nas
seções analisadas do bloco em relação aos valores encontrados na análise LE, conforme
apresentado na Figura 4.35.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 92
Figura 4.35 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises LE,
LE-EC20 e LE-EC15
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 93
Nesta análise, o contato do bloco com o solo foi responsável por suportar 133,14 kN, ou seja,
1,07% do carregamento total aplicado ao bloco. Ao contrário do observado nas análises
anteriores, a estaca mais carregada está localizada no centro do bloco (número 6), suportando
571,00 kN. A menor carga encontrada foi de 449,09 kN, correspondente à estaca 2. As
Figuras 4.36 e 4.37 apresentam respectivamente os valores encontrados para as cargas nas
estacas (comparação entre as análises SNL e SCNL-AC) e a visualização da distribuição
destas cargas nas estacas do bloco obtida na análise SCNL-AC.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 94
Figura 4.36 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SNL e SCNL-AC
Ao contrário do que foi observado na análise SNL, neste caso foi observada uma maior
transferência de carga para as estacas centrais, aliviando as estacas da periferia do bloco. Esta
mudança na distribuição das cargas entre as estacas se deve ao comportamento não linear do
concreto do bloco, cuja tensão máxima foi 31% superior à observada na análise anterior,
chegando próximo da sua resistência característica à compressão, conforme apresenta a
Figura 4.38.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 95
Figura 4.38 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AC (unidades em
MPa)
Figura 4.39 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AC (unidades em mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 96
Figura 4.40 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC
(unidades em MPa)
A partir da análise das deformações no maciço de solo, apresentada na Figura 4.41, é possível
observar que as maiores deformações ocorrem ao longo dos fustes das estacas, indicando a
ocorrência de deformações plásticas nessas regiões. Na Figura 4.42 são apresentados os
deslocamentos no maciço de solo, a partir da qual é possível observar que os domínios
vertical e horizontais considerados foram satisfatórios para a análise de tensões, deformações
e deslocamentos no maciço de solo.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 97
Figura 4.41 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC
Figura 4.42 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC (unidades em
mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 98
O recalque máximo observado na análise SCNL-AC foi de 34,81 mm, enquanto o recalque
diferencial máximo foi de 2,76 mm. A Figura 4.43 apresenta a variação de recalque ao longo
da largura do bloco nas seções identificadas nas análises anteriores.
A Figura 4.44 apresenta os recalques observados na seção 4 nas análises SNL e SCNL-AC.
Figura 4.44 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SNL e SCNL-AC
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 99
Figura 4.45 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AC (unidades em MPa)
Na Figura 4.46 são apresentados os diagramas de momento fletor obtidos para a análise
SCNL-AC para cada uma das seções definidas no item 4.20 em comparação com os
diagramas encontrados para a análise SNL e também com o valor obtido pelo método
analítico simplificado.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 100
Figura 4.46 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises SNL e
SCNL-AC
Na análise SCNL-CD foram consideradas para o solo as mesmas propriedades utilizadas nas
análises SNL e SCNL-AC. Em relação aos parâmetros não lineares do concreto considerados
na análise anterior, foram alteradas apenas as resistências características à compressão e à
tração, reduzidas para 15 e 1,825 MPa, respectivamente, com a finalidade de simular as
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 101
Neste caso, observou-se que o contato do bloco com o solo subjacente foi responsável por
suportar 1972,87 kN, ou seja, 15,78% do carregamento total aplicado ao bloco. A estaca na
qual se observou maior quantidade de carga foi a de número 6, no centro do bloco, com
660,12 kN, enquanto a menos carregada foi a de número 2, suportando 353,39 kN. A Figura
4.47 apresenta os valores encontrados para as cargas nas estacas na análise SCNL-CD, em
relação aos valores obtidos na análise SCNL-AC.
Figura 4.47 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-CD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 102
Seguindo a tendência observada na análise SCNL-AC, neste caso foi observado um maior
alívio de carga nas estacas periféricas, aumentando a quantidade de carga suportada pela
estaca central. Conforme destacado anteriormente, isto se deve ao comportamento não linear
do concreto do bloco, que na região próxima ao pilar atinge o valor limite da sua resistência à
compressão, conforme apresenta a Figura 4.49.
Figura 4.49 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em
MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 103
Da mesma maneira verificada na análise anterior, neste caso foi observada a formação de
algumas fissuras na parte central do bloco. Entretanto, devido à redistribuição de tensões no
bloco, a ordem de grandeza da abertura de fissuras na parte inferior do mesmo foi semelhante
à da análise SCNL-AC, apesar da redução da resistência característica do concreto. A Figura
4.50 apresenta o panorama de fissuração com os valores máximos de abertura das fissuras no
concreto do bloco para a análise SCNL-CD.
Figura 4.50 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
CD (unidades em mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 104
Figura 4.51 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD
(unidades em MPa)
Figura 4.52 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 105
Figura 4.53 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD (unidades em
mm)
Em termos de recalques, o valor máximo observado na análise SCNL-CD foi de 35,72 mm,
valor levemente superior ao identificado na análise anterior. O recalque diferencial máximo
identificado para o bloco, entretanto, foi de 4,14 mm, valor que supera em quase 50% o valor
observado na análise SCNL-AC. As Figuras 4.54 e 4.55 apresentam, respectivamente, a
variação de recalque ao longo da largura do bloco nas seções descritas nas análises anteriores
e a comparação entre os recalques observados na seção 4 para as análises SCNL-AC e SCNL-
CD.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 106
Figura 4.55 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-CD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 107
A partir da distribuição das tensões nas barras de armadura do bloco, apresentada na Figura
4.56, foram observados alguns pontos com valores elevados, da ordem de 460 MPa, embora
não tenha sido atingida a tensão de escoamento do aço.
Figura 4.56 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em MPa)
O considerável acréscimo da parcela de carga suportada pelo contato entre o bloco e o solo
subjacente, juntamente com a redistribuição de esforços internos no bloco e a redução das
cargas nas estacas localizadas nas bordas do mesmo, foram responsáveis, dentre outros
fatores, pela redução do momento fletor nas seções analisadas quando comparados aos valores
encontrados na análise SCNL-AC, conforme apresenta a Figura 4.57.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 108
Figura 4.57 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-CD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 109
cargas das estacas das bordas para as centrais e provocando um aumento nos valores dos
recalques total máximo e diferencial em relação à análise anterior.
Na análise SCNL-AD foram considerados os mesmos parâmetros não lineares para o solo, o
concreto e a armadura do sistema de fundação utilizados na análise SCNL-AC, alterando
apenas a seção transversal das barras de aço da armadura de flexão, cujos diâmetros foram
considerados iguais a 25 milímetros no caso anterior e iguais a 20 milímetros nesta análise.
Neste caso, o contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de carga do sistema de
fundação foi responsável por suportar 36,19 kN, ou seja, menos de 1% do carregamento total
aplicado ao bloco. Foi identificado um considerável acréscimo de carga nas estacas 4 e 6,
sendo observadas nas mesmas cargas superiores 950 kN. A estaca na qual se observou maior
carga foi a de número 6, com 990,54 kN, enquanto a menos carregada foi a de número 2,
suportando 360,15 kN. As Figuras 4.58 e 4.59 apresentam, respectivamente, os valores
encontrados para as cargas nas estacas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD e a visualização
da distribuição destes carregamentos no sistema de fundação.
Figura 4.58 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 110
Figura 4.60 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em
MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 111
Figura 4.61 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AD (unidades em mm)
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D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 112
Figura 4.62 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD
(unidades em MPa)
Figura 4.63 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 113
Figura 4.64 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD (unidades em
mm)
O recalque total máximo observado na análise SCNL-AD foi de 36,47 mm, valor 5% superior
ao identificado na análise SCNL-AC. Em termos de recalque diferencial máximo, o valor
obtido foi de 5,37 mm, superando em quase 95% o valor observado na análise SCNL-AC. As
Figuras 4.65 e 4.66 apresentam a variação de recalque ao longo da largura do bloco na análise
SCNL-AD e a comparação dos valores encontrados na seção 4 na análise SCNL-AC.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 114
Figura 4.66 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-AD
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D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 115
Figura 4.67 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AD (unidades em MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 116
Figura 4.68 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AD
Para o caso apresentado, verificou-se mais uma vez a importância de se levar em consideração
o comportamento não linear de todos os materiais constituintes do sistema de fundação em
análises numéricas. Foi verificado que, com a redução da armadura de flexão necessária para
resistir aos momentos fletores internos do bloco, o bloco fica muito próximo da ruptura,
provocando uma redistribuição de esforços no mesmo, que resultou no considerável
acréscimo de carga nas estacas centrais, no aumento dos recalques total máximo e diferencial,
na redução do momento máximo e na suavização do pico de momento fletor na seção central
do bloco, quando comparada à análise SCNL-AC.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 117
Na análise SCNL-AO foram considerados os mesmos parâmetros não lineares para o solo, o
concreto e a armadura do sistema de fundação utilizados na análise SCNL-AC, alterando-se
apenas a distribuição da armadura de flexão ao longo da seção transversal do bloco,
concentrando maior quantidade de barras com menor espaçamento na região central do
mesmo e reduzindo a quantidade de armadura nas demais regiões, conforme distribuição
apresentada na Figura 3.18. A quantidade total de armadura de flexão foi considerada a
mesma para os blocos de ambas as análises.
Nesta análise observou-se que o contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de
carga do sistema de fundação foi responsável por suportar 142,29 kN, levemente acima do
que foi observado na análise SCNL-AC. A distribuição de cargas nas estacas foi pouco
afetada pela mudança na distribuição da armadura de flexão do bloco, não ocorrendo variação
superior a 2% na carga de nenhuma estaca. A estaca na qual se observou maior carga foi a de
número 6, com 562,03 kN, enquanto a menos carregada foi a estaca 2, suportando 453,92 kN.
As Figuras 4.69 e 4.70 apresentam respectivamente os valores encontrados para as cargas nas
estacas da análise SCNL-AO e a distribuição destas cargas entre as estacas.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 118
Da mesma forma que na análise SCNL-AC, neste caso foi observado que a tensão máxima no
bloco é da ordem de 22 MPa, conforme apresenta a Figura 4.71.
Figura 4.71 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AO (unidades em
MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 119
Figura 4.72 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AO (unidades em mm)
Figura 4.73 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO
(unidades em MPa)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 120
Figura 4.74 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO
Figura 4.75 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO (unidades em
mm)
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 121
O recalque total máximo observado na análise SCNL-AO foi de 34,75 mm, valor levemente
inferior ao identificado na análise SCNL-AC. Em termos de recalque diferencial máximo, o
valor identificado nesta análise foi de 2,67 mm, valor inferior em 4% ao observado na análise
SCNL-AC. A Figura 4.76 apresenta a variação de recalque ao longo da largura do bloco nas
seções descritas nas análises anteriores, enquanto a Figura 4.77 apresenta a comparação entre
os recalques observados na seção 4 nas análises SCNL-AC e SCNL-AO.
Figura 4.77 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-AO
T. A. DOEHLER Capítulo 4
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Figura 4.78 - Tensões nas barras de armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AO (unidades
em MPa)
Na Figura 4.79 são apresentados os diagramas de momento fletor obtidos na análise SCNL-
AO para as seções definidas nas análises anteriores em comparação com os diagramas
apresentados na análise SCNL-AC e o valor encontrado pelo método analítico simplificado.
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Figura 4.79 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AO
T. A. DOEHLER Capítulo 4
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
Esta dissertação apresentou conceitos teóricos para grandes blocos sobre estacas, as
concepções de projeto deste tipo de fundação, as interações entre os elementos constituintes
do sistema de fundação, os métodos simplificados de dimensionamento de blocos sobre
estacas mais utilizados no Brasil nas últimas décadas. Este trabalho apresentou também,
através de diversas análises numéricas lineares e não lineares por elementos finitos, o
desempenho de um radier estaqueado em relação à distribuição de cargas entre os elementos
de fundação, aos recalques e aos momentos fletores internos no bloco. Foi realizada, ainda, a
comparação dos resultados das análises numéricas com aquele obtido por um método
simplificado de dimensionamento estrutural de blocos sobre estacas.
Após seu uso ser validado com êxito, conforme apresentado no Capítulo 3, o programa
DIANA foi utilizado para o estudo de um radier sobre 25 estacas sobre camada homogênea de
solo, submetido a diversas análises, cujos resultados foram comparados entre si e com o
método analítico simplificado adotado, como foi apresentado no Capítulo 4. Para o caso
analisado puderam ser constatadas as seguintes conclusões:
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• Nas análises lineares elásticas (LE, LE-EC20 e LE-EC15), observou-se que as estacas
mais carregadas correspondiam àquelas localizadas na periferia do bloco, embora esta
tendência tenha sido amenizada na medida em que se reduziu o módulo de elasticidade do
concreto do sistema de fundação;
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• Com a redução da armadura de flexão necessária para resistir aos momentos fletores
internos do bloco (análise SCNL-AD), ocorreu uma redistribuição de esforços no mesmo, que
resultou no considerável acréscimo de carga nas estacas centrais, no aumento dos recalques
total máximo e diferencial, na redução do momento máximo e na suavização do pico de
momento fletor na seção central do bloco, quando comparada à análise SCNL-AC;
• Utilizar modelos com elementos de interface entre as estacas e o solo, de tal forma que
seja possível simular o esgotamento da capacidade de carga das estacas e o seu descolamento
do solo;
T. A. DOEHLER Capítulo 5
REFERÊNCIAS
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