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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM BLOCOS SOBRE
ESTACAS VIA MODELAGENS NUMÉRICAS

THALLES ABRÃO DOEHLER

D0053G12
GOIÂNIA
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM BLOCOS SOBRE
ESTACAS VIA MODELAGENS NUMÉRICAS

THALLES ABRÃO DOEHLER

D0053G12
GOIÂNIA
2012
THALLES ABRÃO DOEHLER

ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM BLOCOS SOBRE
ESTACAS VIA MODELAGENS NUMÉRICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Área de Concentração: Geotecnia
Orientador: Prof. Ademir Aparecido do Prado
Co-orientador: Prof. Maurício Martines Sales

GOIÂNIA
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)
GPT/BC/UFG

Doehler, Thalles Abrão.


D649a Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre
estacas via modelagens numéricas [manuscrito] / Thalles
Abrão Doehler. - 2012.
130 f. : il., figs, tabs.

Orientador: Prof. Dr. Ademir Aparecido do Prado; Co-


orientador: Prof. Dr. Maurício Martines Sales.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás,
Escola de Engenharia Civil, 2012.
Bibliografia.
Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas.

1. Radier estaqueado. 2. Interação solo-estrutura. 3.


Análise numérica. 4. Método dos elementos finitos. I. Título.

CDU: 624.155.1 .
THALLES ABRÃO DOEHLER

ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM BLOCOS SOBRE ESTACAS VIA


MODELAGENS NUMÉRICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Aprovada em: 15/08/2012

Prof. Dr. Ademir Aparecido do Prado (Presidente/Orientador)


Universidade Federal de Goiás

Prof. Dr. Maurício Martines Sales (Co-orientador)


Universidade Federal de Goiás

Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo (Membro interno)


Universidade Federal de Goiás

Prof. Dr. Marcos Martinez Silvoso (Membro externo)


Universidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Márcio Muniz de Farias (Membro externo)


Universidade de Brasília
Aos meus pais, Sylvio e Renata, que me
ensinaram os meus princípios e sempre
apoiaram os meus estudos.
AGRADECIMENTOS

A Deus.

À minha família pelo apoio incondicional e pela compreensão nos momentos em que estive
ausente.

Ao Professor Ademir Aparecido do Prado pela orientação, pela amizade e pela confiança
presente desde o curso de graduação. Por acreditar no meu potencial e me confiar o direito de
realizar este trabalho à distância.

Ao Professor Maurício Martines Sales pela orientação, pela disponibilidade, pela


responsabilidade, pela atenção, pela paciência, pelos memoráveis conselhos e pela amizade.

Ao Professor Daniel e aos colegas Ruiter, Douglas e Denise pela ajuda nas modelagens
numéricas com o programa DIANA.

À Industel Telecom, na pessoa do Sr. Aurisan Joaquim Cardoso D’Ávila, pelo apoio durante a
realização das aulas presenciais do Mestrado, me ajudando a conciliar as carreiras profissional
e acadêmica.

À Construções e Comércio Camargo Corrêa pela valorização deste trabalho e pelo apoio às
minhas viagens durante a elaboração desta pesquisa.

Ao Engenheiro Lauro Teixeira Batista Júnior pela oportunidade de aprender a prática da


Engenharia Civil de forma ética, planejada, segura e competente.

A todos os colegas do PPG-GECON pela amizade, pelo companheirismo, pelo apoio e pela
união nos momentos difíceis.

A Thamiris Ungarelli Ala pela confiança, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em
que estive ausente.

Aos amigos Tiago, Calil, Pedro Henrique, Marcela, Silvia, Letícia, Mariana, Renata, Ricardo
e Carlos Gardel pelos momentos de descontração e por entenderem a minha ausência durante
a realização deste trabalho.
RESUMO

A escassez de terrenos amplos em grandes centros urbanos, consequência do elevado


crescimento dos mesmos nas últimas décadas, tem demandado a construção de edifícios cada
vez mais altos em terrenos com área reduzida. Com o aumento do número de pavimentos e
dos carregamentos transmitidos às fundações, uma solução bastante utilizada nos projetos
atuais tem sido os grandes blocos sobre estacas. Com o objetivo de se reduzirem os custos de
execução das fundações mantendo o desempenho satisfatório das mesmas, os projetistas
começam a considerar a contribuição do contato entre o bloco e o solo subjacente na
capacidade de carga da fundação, consolidando o conceito de fundações mistas (radiers
estaqueados). Esta concepção de projeto considera as interações entre os elementos de
fundação (estacas, bloco e solo) e demanda o uso de métodos numéricos que sejam capazes de
representar de forma satisfatória o comportamento do conjunto solo-estrutura, dentre os quais
se destaca o Método dos Elementos Finitos (MEF). Neste sentido, o presente trabalho
pretendeu, a partir do conceito de radier estaqueado, abordar através de análises numéricas
baseadas no MEF, com o uso do programa DIANA, o desempenho do caso hipotético de um
bloco sobre 25 estacas. Foi realizada inicialmente uma análise que considerou o
comportamento elástico-linear de todo o sistema de fundação, comparando-se o diagrama de
momento fletor interno do bloco com o valor calculado a partir de um método analítico
simplificado amplamente utilizado por projetistas de fundação no Brasil. Foram realizadas
análises comparativas, incorporando o comportamento não linear do solo, do concreto e da
armadura de flexão do bloco, com o objetivo de se verificar a relevância da consideração
destes comportamentos no dimensionamento estrutural do bloco. Foram analisados também
casos em que se considerou a redução da resistência do concreto do sistema de fundação e o
dimensionamento insuficiente de armadura de flexão do bloco, verificando os respectivos
impactos no desempenho do radier estaqueado analisado. Em todas as análises numéricas
foram observados momentos fletores superiores àquele obtido pelo método analítico
simplificado, indicando que o mesmo leva a valores de subdimensionamento para grandes
blocos sobre estacas. Ao serem considerados os comportamentos não lineares dos elementos
do sistema de fundação, observou-se considerável redução do momento fletor máximo em
relação às demais análises, devido à redistribuição de esforços ocorrida no nível de
carregamento aplicado. Foram observadas também as vantagens provenientes da distribuição
não uniforme da armadura de flexão do bloco, seguindo o diagrama de momento fletor, que
não gera custos executivos adicionais, proporciona ganhos de desempenho e garante o fator
de segurança desejável do sistema de fundação.

Palavras-chave: Radier estaqueado. Interação solo-estrutura. Análise numérica. Método dos


Elementos Finitos. Dimensionamento de blocos sobre estacas.

T. A. DOEHLER Resumo
ABSTRACT

The high growth of urban centers in recent decades has led to the scarcity of wide building
sites and demanded the increase of the height of buildings to be constructed in compact areas.
With the increasing number of floors and loads transmitted to the foundation system, a
solution widely used in current projects has been the large groups of piles. In order to reduce
the cost of execution while maintaining the satisfactory performance of the foundations, the
designers started to consider the contribution of the contact between the raft and the
underlying soil to the bearing capacity of the foundation system, consolidating the concept of
piled raft foundation. This design concept considers the interactions between the foundation
elements (piles, raft and soil) and requires the use of numerical methods that are able to
represent satisfactorily the behavior of the whole foundation system, among which is the
Finite Element Method (FEM). In this context, based on the concept of piled raft foundation,
this study intended to analyze the performance of the hypothetical case of a block with 25
piles through numerical analysis based on FEM, using the software DIANA. It was initially
performed an analysis that considered the linear-elastic behavior of the entire foundation
system, comparing the internal bending moment diagram of the block with the value
calculated from a simplified analytical method widely used by designers of foundations in
Brazil. Comparative analysis were made by incorporating the nonlinear behavior of soil,
concrete and the reinforcement of the block, in order to verify the effects of considering these
behaviors in the structural design of the block. Other analysis were made, in which was
considered the reduction of the resistance of the foundation system’s concrete and the
underdesign of the flexural reinforcement of the block, verifying their impact on the
performance of the piled raft. In all numerical analysis the bending moments obtained were
higher than the value obtained by the simplified analytical method, indicating that it leads to
underdesign values for large pile caps. By considering the nonlinear behavior of the
foundation system's materials, there was considerable reduction in the maximum bending
moment in relation to other analysis, due to redistribution of stresses occurred at the level of
the applied load. The advantages of non-uniform distribution of the flexural reinforcement of
the block, following the bending moment diagram, which does not generate additional costs,
provided performance gains and ensured the safety factor of the foundation system.

Keywords: Piled raft. Soil structure interaction. Numerical analysis. Finite Element Method.
Structural pile cap design.

T. A. DOEHLER Abstract
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Comportamento considerado no projeto de blocos sobre estacas segundo a


“concepção clássica” ............................................................................................................... 28

Figura 2.2 – Comportamento considerado no projeto de radiers estaqueados ......................... 29

Figura 2.3 – Comportamento carga-recalque para radiers estaqueados de acordo com a


abordagem de projeto (modificado de POULOS, 2001a) ........................................................ 32

Figura 2.4 – Mecanismos de interação solo-estrutura em radiers estaqueados (modificado


de HAIN e LEE, 1978) ............................................................................................................. 33

Figura 2.5 – Modelo de bielas e tirantes para um bloco sobre 4 estacas .................................. 40

Figura 2.6 – Momentos fletores nas direções x e y em relação ao número de estacas no


bloco analisado (modificado de POULOS, 1994) ................................................................... 47

Figura 2.7 – Locação dos pilares e das 25 estacas no bloco analisado, dimensões em cm
(SALES et al., 2002) ................................................................................................................ 48

Figura 3.1 – Cálculo do momento fletor no eixo de um bloco sobre estacas a partir do
método analítico simplificado .................................................................................................. 52

Figura 3.2 – Malhas descartadas e escolhida para a comparação entre as ferramentas


numéricas .................................................................................................................................. 55

Figura 3.3 – Caso utilizado para comparação e modelagem realizada devido à simetria do
problema ................................................................................................................................... 55

Figura 3.4 – Elemento TE12L (TNO, 2008) ............................................................................ 56

Figura 3.5 – Resultados obtidos para a comparação com L = 20 m e H/L = 4 ........................ 57

Figura 3.6 – Resultados obtidos para a comparação com L = 20 m e H/L = 1,5 ..................... 57

Figura 3.7 – Resultados obtidos para a comparação com L = 40 m e H/L = 1,5 ..................... 58

Figura 3.8 – Geometria do radier estaqueado considerado nas análises .................................. 59

Figura 3.9 – Malha tridimensional do radier estaqueado analisado ......................................... 60

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 3.10 – Carregamento distribuído aplicado ao radier estaqueado na área de projeção


do pilar ...................................................................................................................................... 60

Figura 3.11 – Condições de contorno consideradas nas modelagens ....................................... 61

Figura 3.12 – Metodologia utilizada para calcular os momentos fletores nas análises
numéricas .................................................................................................................................. 62

Figura 3.13 – Curva carga x recalque para estaca isolada imersa em solo com os
parâmetros considerados na análise SNL ................................................................................. 64

Figura 3.14 – Posicionamento da armadura no bloco na análise SCNL-AC ........................... 65

Figura 3.15 – Distribuição da armadura vista em planta na análise SCNL-AC ....................... 65

Figura 3.16 – Função de abrandamento de tensões de Hordijk (modificado de SAKAI,


2010) ......................................................................................................................................... 66

Figura 3.17 – Função de comportamento do concreto à compressão - parabólica


(modificado de SAKAI, 2010) ................................................................................................. 67

Figura 3.18 – Distribuição da armadura vista em planta na análise SCNL-AO....................... 68

Figura 4.1 - Denominação das estacas do bloco analisado....................................................... 71

Figura 4.2 - Cargas nas estacas obtidas na análise LE ............................................................. 72

Figura 4.3 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE ...................................... 72

Figura 4.4 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE


(unidades em MPa) ................................................................................................................... 73

Figura 4.5 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE (unidades em MPa) ................................................................................................. 74

Figura 4.6 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE ................................................................................................................................. 74

Figura 4.7 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE


(unidades em mm) .................................................................................................................... 75

Figura 4.8 – Seções em que foram traçadas as curvas de recalque .......................................... 75

Figura 4.9 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE.................................... 76

Figura 4.10 - Seções do bloco em que foram traçados os diagramas de momento fletor ........ 76

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 4.11 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pela análise
LE ............................................................................................................................................. 77

Figura 4.12 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE e SNL ............................................. 78

Figura 4.13 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SNL.................................. 78

Figura 4.14 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SNL
(unidades em MPa) ................................................................................................................... 79

Figura 4.15 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SNL (unidades em MPa) .............................................................................................. 80

Figura 4.16 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SN ................................................................................................................................. 81

Figura 4.17 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL
(unidades em mm) .................................................................................................................... 81

Figura 4.18 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SNL ............................... 82

Figura 4.19 - Recalques observados na seção 4 do bloco na análise SNL em relação à


análise LE ................................................................................................................................. 82

Figura 4.20 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises LE e SNL ........................................................................................................... 83

Figura 4.21 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15 .................... 84

Figura 4.22 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC20 .......................... 85

Figura 4.23 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC15 .......................... 85

Figura 4.24 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-
EC20 (unidades em MPa) ......................................................................................................... 86

Figura 4.25 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-
EC15 (unidades em MPa) ......................................................................................................... 86

Figura 4.26 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE-EC20 (unidades em MPa) ...................................................................................... 87

Figura 4.27 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE-EC15 (unidades em MPa) ...................................................................................... 87

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 4.28 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE-EC20 ....................................................................................................................... 88

Figura 4.29 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise LE-EC15 ....................................................................................................................... 88

Figura 4.30 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


LE-EC20 (unidades em mm) .................................................................................................... 89

Figura 4.31 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


LE-EC15 (unidades em mm) .................................................................................................... 89

Figura 4.32 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC20 ....................... 90

Figura 4.33 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC15 ....................... 90

Figura 4.34 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises LE, LE-EC20 e
LE-EC15 ................................................................................................................................... 91

Figura 4.35 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15 .................................................................................. 92

Figura 4.36 - Cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AC ............................................... 94

Figura 4.37 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AC ........................ 94

Figura 4.38 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise


SCNL-AC (unidades em MPa) ................................................................................................. 95

Figura 4.39 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco


modelada na análise SCNL-AC (unidades em mm)................................................................. 95

Figura 4.40 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AC (unidades em MPa)..................................................................................... 96

Figura 4.41 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AC ..................................................................................................................... 97

Figura 4.42 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


SCNL-AC (unidades em mm) .................................................................................................. 97

Figura 4.43 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AC ..................... 98

Figura 4.44 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SNL e SCNL-AC ....... 98

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 4.45 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise


SCNL-AC (unidades em MPa) ................................................................................................. 99

Figura 4.46 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e
pelas análises SNL e SCNL-AC ............................................................................................. 100

Figura 4.47 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-CD ..................... 101

Figura 4.48 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-CD ...................... 102

Figura 4.49 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise


SCNL-CD (unidades em MPa) ............................................................................................... 102

Figura 4.50 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco


modelada na análise SCNL-CD (unidades em mm)............................................................... 103

Figura 4.51 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-CD (unidades em MPa)................................................................................... 104

Figura 4.52 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-CD ................................................................................................................... 104

Figura 4.53 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


SCNL-CD (unidades em mm) ................................................................................................ 105

Figura 4.54 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-CD ................... 106

Figura 4.55 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-
CD........................................................................................................................................... 106

Figura 4.56 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
CD (unidades em MPa) .......................................................................................................... 107

Figura 4.57 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-CD .......................................................................................................... 108

Figura 4.58 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD ..................... 109

Figura 4.59 - Distribuição de cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AD .................... 110

Figura 4.60 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise


SCNL-CD (unidades em MPa) ............................................................................................... 110

Figura 4.61 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco


modelada na análise SCNL-AD (unidades em mm) .............................................................. 111

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 4.62 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AD (unidades em MPa) .................................................................................. 112

Figura 4.63 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AD ................................................................................................................... 112

Figura 4.64 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


SCNL-AD (unidades em mm) ................................................................................................ 113

Figura 4.65 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AD ................... 114

Figura 4.66 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-
AD .......................................................................................................................................... 114

Figura 4.67 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AD (unidades em MPa) .......................................................................................................... 115

Figura 4.68 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AD .......................................................................................................... 116

Figura 4.69 - Cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AO ............................................. 117

Figura 4.70 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AO ...................... 118

Figura 4.71 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise


SCNL-AO (unidades em MPa)............................................................................................... 118

Figura 4.72 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco


modelada na análise SCNL-AO (unidades em mm) .............................................................. 119

Figura 4.73 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AO (unidades em MPa) .................................................................................. 119

Figura 4.74 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na


análise SCNL-AO ................................................................................................................... 120

Figura 4.75 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise


SCNL-AO (unidades em mm) ................................................................................................ 120

Figura 4.76 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AO ................... 121

Figura 4.77 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e


SCNL-AO ............................................................................................................................... 121

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Figura 4.78 - Tensões nas barras de armadura da quarta parte do bloco modelada na
análise SCNL-AO (unidades em MPa) .................................................................................. 122

Figura 4.79 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método manual e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AO .......................................................................................................... 123

T. A. DOEHLER Lista de Figuras


LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 9 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 35

Tabela 2.2 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 16 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 35

Tabela 2.3 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 25 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 36

Tabela 2.4 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 9 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 36

Tabela 2.5 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 16 estacas
(modificado de POULOS e DAVIS, 1980) .............................................................................. 37

Tabela 2.6 – Tabela 2.6 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco
sobre 25 estacas (modificado de POULOS e DAVIS, 1980) ................................................... 37

Tabela 2.7 – Casos analisados e resultados obtidos nas diversas simulações (modificado
de SALES et al., 2002) ............................................................................................................. 48

Tabela 3.1 – Análises numéricas realizadas ............................................................................. 62

T. A. DOEHLER Lista de Tabelas


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI – American Concrete Institute

ANSYS – Analysis System, programa comercial em elementos finitos

CEB - Comité Euro-Internacional du Betón

DIANA – Displacement Analyzer, programa comercial em elementos finitos

EH-91 – Instrucción para el proyecto y la ejecución de obras de hormigón en masa o armado

FIP – Fédération Internationale de la Précontrainte

Fx+ – Midas Fx+ for DIANA, pré e pós-processador do programa DIANA

GARP – General Analysis of Raft with Piles, programa híbrido para análise de radiers
estaqueados

ISE – Interação Solo-Estrutura

MEC – Método dos Elementos de Contorno

MEF – Método dos Elementos Finitos

NBR – Norma Brasileira

TNO – TNO Building and Construction Research Company

T. A. DOEHLER Lista de Abreviaturas e Siglas


LISTA DE SÍMBOLOS

a – Faixa de aplicação de carga superficial

b – Dimensão do pilar na direção de cálculo do diagrama de momento fletor

c – Coesão do solo

cm – Centímetro

d – Diâmetro da estaca

di – Distância do eixo de cada estaca à seção em análise

fck – Resistência à compressão do concreto

kN – Quilonewton

kPa – Quilopascal

m – Metro

mm – Milímetro

q – Carga uniformemente distribuída

s – Distância entre elementos de fundação

w – Recalque, recalque do topo da estaca, deslocamento nodal na direção de z

x – Coordenada horizontal, eixo coordenado

y – Coordenada horizontal, eixo coordenado

z – Coordenada vertical, cota vertical

BETA – Fator de retenção ao cisalhamento do concreto no DIANA

COMCRV – Função de comportamento à compressão do concreto no DIANA

COMSTR – Resistência à compressão do concreto no DIANA

D – Diâmetro da estaca (seção circular), lado da estaca (seção quadrangular)

E – Módulo de elasticidade

T. A. DOEHLER Lista de Símbolos


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Es – Módulo de elasticidade do solo

Ep – Módulo de elasticidade do concreto

E1, E2, E3, E6, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14, E15, E16, E17, E18, E19, E20,
E21, E22, E23, E24, E25 – Identificação das estacas

FIXED – Total Strain Fixed Crack Model, modelo de deformação total do concreto com
fissuras fixas ortogonais no DIANA

FS – Fator de Segurança

GC – Energia de faturamento do concreto à compressão no DIANA

GF1 – Energia de faturamento do concreto à tração no DIANA

GPa – Gigapascal

H – Domínio vertical considerado nas modelagens numéricas

HORDYK – Função de abrandamento das tensões de tração do concreto representada pela


curva de Hordijk no DIANA

L – Comprimento da estaca

LE – Análise Linear Elástica que considera o módulo de elasticidade do concreto igual a 28


GPa

LE-EC15 – Análise Linear Elástica que considera o módulo de elasticidade do concreto igual
a 15 GPa

LE-EC20 – Análise Linear Elástica que considera o módulo de elasticidade do concreto igual
a 20 GPa

MPa – Megapascal

M – Momento fletor interno do bloco

Mx, Mxx – Momento fletor interno do bloco na direção x

My, Myy – Momento fletor interno do bloco na direção y

Np – Carga média nas estacas

Q – Esforço cortante interno do bloco

P – Carga aplicada ao pilar

T. A. DOEHLER Lista de Símbolos


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

P39, P42, P43, P46, P47, P50, P62, P64, P68, P69, P70, P88, P127 – Identificação dos pilares
sobre o bloco

PARABO – Função de comportamento à compressão do concreto por uma parábola no


DIANA

S – Seção transversal que corresponde ao eixo de um bloco sobre estacas

SNL – Análise com comportamento não linear do solo

SCNL-AC – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura com
distribuição de armadura convencional

SCNL-AD – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura que
considera o dimensionamento insuficiente da armadura de flexão do bloco

SCNL-AO – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura com
distribuição de armadura otimizada

SCNL-CD – Análise com comportamento não linear do solo, do concreto e da armadura que
considera o concreto com baixa resistência (15 MPa)

TENCRV – Função de abrandamento das tensões de tração do concreto no DIANA

TENSTR – Resistência característica à tração no DIANA

TOTCRK – Modelo de deformação total do concreto no DIANA

VMISES – Critério de escoamento de Von Mises no DIANA

YIELD – Tensão de escoamento no DIANA

3D – Tridimensional

ε – Deformação

ν – Coeficiente de Poisson

νs – Coeficiente de Poisson do solo

νc – Coeficiente de Poisson do concreto

σ – Tensão

ɸ – Diâmetro da armadura

T. A. DOEHLER Lista de Símbolos


D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

Σ – Somatório

∞ – Infinito / tendendo ao infinito

= – Igual

% – Por cento

T. A. DOEHLER Lista de Símbolos


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 23

2. FUNDAÇÕES EM BLOCOS SOBRE ESTACAS .......................................................... 27

2.1 FUNDAÇÕES EM GRANDES BLOCOS SOBRE ESTACAS.................................... 28

2.2 INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO .......................................... 33

2.3 DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS SOBRE ESTACAS ........................................ 39

2.3.1 Método das bielas e tirantes .......................................................................................... 40

2.3.2 Método do CEB-FIP – Boletim 73 (1970) .................................................................... 41

2.3.3 Cálculo como viga ou laje de concreto armado .......................................................... 42

2.3.4 Métodos numéricos ........................................................................................................ 42

2.4 DESEMPENHO DE RADIERS ESTAQUEADOS ....................................................... 45

3. METODOLOGIA DAS ANÁLISES................................................................................. 50

3.1 MÉTODO ANALÍTICO SIMPLIFICADO ................................................................... 50

3.2 PROGRAMA UTILIZADO ............................................................................................ 52

3.3 COMPARAÇÃO COM OUTRAS FERRAMENTAS NUMÉRICAS


BASEADAS NO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS.............................................. 53

3.4 CASOS ANALISADOS.................................................................................................... 58

4. ANÁLISES E RESULTADOS .......................................................................................... 70

4.1 MÉTODO ANALÍTICO SIMPLIFICADO ................................................................... 70

4.2 ANÁLISE LINEAR ELÁSTICA (LE) ........................................................................... 71

4.3 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO (SNL) ............... 77

4.4 ANÁLISES COM PERDA DE RIGIDEZ DO CONCRETO (LE-C20 e LE-C15) .... 84

4.5 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO E DO


CONCRETO COM ARMADURA CONVENCIONAL (SCNL-AC) ............................... 93

T. A. DOEHLER Sumário
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas

4.6 ANÁLISE NÃO LINEAR CONSIDERANDO O CONCRETO COM BAIXA


RESISTÊNCIA (SCNL-CD)................................................................................................ 100

4.7 ANÁLISE NÃO LINEAR CONSIDERANDO O DIMENSIONAMENTO


INSUFICIENTE DA ARMADURA (SCNL-AD) .............................................................. 109

4.8 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO E DO


CONCRETO COM ARMADURA OTIMIZADA (SCNL-AO)....................................... 117

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................... 124

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 127

T. A. DOEHLER Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Devido ao elevado crescimento dos centros urbanos ocorrido nas últimas décadas, tem-se
observado a contínua redução na oferta de terrenos simultaneamente desocupados, amplos e
bem localizados. Este processo, aliado à crescente especulação imobiliária, contribuiu para a
valorização das áreas remanescentes, demandando a construção de edifícios cada vez mais
altos em terrenos com área reduzida.

Com o aumento do número de pavimentos nos edifícios, eleva-se a ordem de grandeza dos
carregamentos transmitidos às fundações, enquanto a redução da área de construção, com a
consequente proximidade dos pilares, dificulta a possibilidade de execução de fundações
isoladas. Desta forma, a solução mais utilizada nos projetos tem sido as fundações
estaqueadas, recebendo o carregamento proveniente de vários ou mesmo de todos os pilares
da edificação em um mesmo sistema de fundação.

Na região centro-oeste do país, tem-se observado a tendência de se considerar, em projetos de


fundações estaqueadas, a contribuição do contato entre o bloco e o solo subjacente na
capacidade de carga da fundação. Estas são as chamadas fundações mistas, exemplificadas
através das sapatas estaqueadas (quando o elemento de fundação recebe as cargas de alguns
pilares) e dos radiers estaqueados (quando recebe as cargas de uma grande quantidade ou até
mesmo de todos os pilares da edificação). A aplicação deste tipo de fundação vem sendo
realizada em diversos países por mostrar-se uma solução com desempenho satisfatório e custo
geralmente inferior ao das fundações profundas convencionais, nas quais se considera que
toda a carga da edificação é transferida apenas às estacas, considerando que o bloco seria
necessário apenas para a transferência de cargas.

Entretanto, apesar de todas as vantagens citadas, o projeto de fundações mistas


demanda análises numéricas complexas que considerem, dentre diversos outros fatores, os
mecanismos de interação entre a estrutura da edificação, os componentes de sua fundação e o
solo que receberá o carregamento desta. A complexidade destas interações, aliada à
quantidade de combinações de cargas a serem avaliadas pelo projetista, requer o uso de

T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 24

métodos computacionais que sejam capazes de representar fielmente o comportamento de


todo o conjunto solo-estrutura. Dentre estes métodos destaca-se o Método dos Elementos
Finitos (MEF), cuja capacidade de incorporar e simular diversas propriedades dos elementos
estruturais e dos diversos tipos de solo é reconhecida pelo meio técnico.

Neste sentido, pretendeu-se com este trabalho abordar através de análises numéricas o
processo de interação entre os elementos de fundação, de extrema importância para a
compreensão do comportamento geotécnico e estrutural das fundações mistas. Esta
abordagem foi realizada através de modelagens numéricas por elementos finitos utilizando-se
o programa DIANA (TNO, 2008).

A partir de uma das análises elásticas e lineares desenvolvidas por Campos (2011) para
avaliar a distribuição de momentos fletores em blocos sobre estacas, pretendeu-se incorporar
o comportamento não linear do maciço de solo para verificar a sua influência neste aspecto,
buscando resultados mais próximos aos que de fato ocorrem em radiers estaqueados. Com
este mesmo objetivo, foram utilizados também modelos constitutivos não lineares para o
concreto dos elementos de fundação e a armadura de flexão do bloco.

O principal objetivo deste trabalho consiste, portanto, na consideração dos efeitos de interação
entre os elementos de fundação em radiers estaqueados, incorporando os efeitos de não
linearidade do solo e do concreto armado das fundações, para analisar o desempenho de
grandes blocos sobre estacas.

Em resumo, esta dissertação apresenta os conceitos básicos de grandes blocos sobre estacas,
as concepções de projeto, as interações entre os elementos constituintes do sistema de
fundação, os principais métodos simplificados de dimensionamento de blocos sobre estacas
(amplamente utilizados no Brasil nas últimas décadas), os métodos e ferramentas numéricas
para análises de fundações estaqueadas, além do desempenho de radiers estaqueados. É
apresentada também a ferramenta numérica utilizada, a comparação da mesma com outras
ferramentas numéricas baseadas no MEF e a metodologia considerada nas análises realizadas,
bem como seus respectivos resultados em termos de distribuição de cargas entre os elementos
de fundação, recalques e momentos fletores internos no bloco. Para tanto, a apresentação
textual da pesquisa foi estruturada em cinco capítulos, visando a melhor organização e
compreensão dos assuntos abordados, conforme apresentado a seguir:

T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 25

• Capítulo 1 – Introdução: apresenta-se o tema, acompanhado de sua justificativa e dos


principais objetivos do trabalho;

• Capítulo 2 – Fundações em blocos sobre estacas: é indicada a fundamentação


teórica utilizada na Dissertação, procurando revisar trabalhos relevantes da literatura que
contribuíram para o desenvolvimento do tema apresentado. São apresentados inicialmente os
conceitos teóricos de fundações em grandes blocos sobre estacas, indicando os requisitos
básicos e as principais abordagens de projeto. São abordados também os conceitos relativos às
interações existentes entre os elementos constituintes dos radiers estaqueados, bem como a
importância de se considerar os mesmos nas etapas preliminares de projeto de fundações
mistas. Em seguida, são apresentados os principais métodos simplificados de
dimensionamento estrutural de blocos sobre estacas, bem como os métodos numéricos
utilizados para análises mais precisas e representativas destes elementos de fundação. Por fim,
destacam-se os principais conceitos e trabalhos envolvendo o desempenho de radiers
estaqueados, em termos de distribuição de cargas entre seus elementos, esforços internos no
bloco, recalque total e diferencial, fator de segurança do grupo de estacas e fator de segurança
global do sistema de fundação;

• Capítulo 3 – Metodologia das análises: trata dos aspectos metodológicos referentes à


concepção e ao desenvolvimento das análises realizadas com o programa de elementos finitos
DIANA. É apresentado também o procedimento de cálculo do momento fletor interno do
bloco a partir de um método simplificado, utilizados para comparações com as análises
numéricas. O referido programa é apresentado, juntamente com outros trabalhos que o
utilizaram em análises de blocos sobre estacas e com a comparação do mesmo com outras
ferramentas numéricas baseadas no Método dos Elementos Finitos (MEF). São apresentadas
também as características do problema analisado e as variações entre as análises numéricas
realizadas;

• Capítulo 4 – Análises e Resultados: apresentam-se inicialmente o resultado do


momento fletor interno no bloco obtido a partir do método analítico simplificado. Em
seguida, cada análise numérica realizada é apresentada, juntamente com seus respectivos
resultados em termos de carga suportada pelo contado do bloco com o solo subjacente,
distribuição de cargas entre as estacas, recalques totais e diferenciais e momentos fletores
internos no bloco;

T. A. DOEHLER Capítulo 1
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 26

• Capítulo 5 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros: são apresentadas e


discutidas as conclusões observadas a partir comparação dos resultados entre o método
analítico simplificado e entre as análises numéricas realizadas, destacando a relevância e a
importância de se analisar numericamente grandes blocos sobre estacas, inclusive
considerando o comportamento não linear dos elementos constituintes do problema, para uma
melhor compreensão do desempenho do sistema de fundação. Por fim, são apontadas
sugestões para trabalhos futuros que possam ser elaborados a partir ou com o auxílio deste.

T. A. DOEHLER Capítulo 1
CAPÍTULO 2
FUNDAÇÕES EM BLOCOS SOBRE ESTACAS

O conceito de fundações está associado aos elementos que suportam os carregamentos


provenientes de uma edificação e os transmitem ao solo subjacente. Neste contexto, observa-
se a subdivisão dos tipos de fundação em superficiais e profundas. No primeiro tipo o
mecanismo de ruptura atinge a superfície do terreno, ao contrário do que acontece com o
segundo. Existe ainda um terceiro tipo, composto pela combinação dos anteriores e
denominado fundação mista, no qual os elementos são dimensionados para que parte dos
carregamentos seja suportada e transmitida ao solo através de elementos de fundação
profunda e outra parte por meio de elementos superficiais.

As estacas são elementos de fundação profunda, cravadas ou escavadas, que transmitem


esforços ao solo pelo contato da base com a camada subjacente e por atrito lateral ao longo do
fuste. Os blocos sobre estacas são elementos estruturais de fundação cuja principal finalidade
é transmitir às estacas as ações provenientes da estrutura de uma edificação. Fundações
estaqueadas são adotadas nos casos em que a capacidade de suporte do terreno para fundações
rasas não é satisfatória ou os recalques totais e diferenciais esperados possam ser superiores
aos admissíveis.

Com o avanço tecnológico observado nas últimas décadas, alguns autores propuseram
métodos analíticos para prever o comportamento de fundações em estacas de forma mais
precisa, quando comparados aos métodos empíricos das décadas de 50 e 60. Com estas
análises, realizadas a partir de modelos elásticos, esses autores obtiveram resultados muito
satisfatórios quando comparados a resultados obtidos em campo, concluindo-se que as teorias
desenvolvidas seriam úteis para a previsão de recalques de estacas isoladas. Estes métodos
foram então expandidos para análises de grupos de estacas com boas previsões (SOUZA,
2010).

A concepção tradicional de projetos de fundações estaqueadas considera que o carregamento


da edificação é suportado apenas pelas estacas, ignorando a capacidade de carga do bloco
sobre as mesmas. Segundo Cunha, Poulos e Small (2001), estas considerações implicam em
fatores de segurança elevados, mesmo para as estacas mais carregadas, pois em alguns casos

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 28

somente o bloco suportaria toda a carga transmitida à fundação. Nesta abordagem, a função
das estacas seria simplesmente a de limitar os recalques a níveis aceitáveis.

Assim, segundo Souza (2010), melhores previsões de recalques de fundações estaqueadas são
de fundamental importância para um projeto econômico e seguro. Destaca-se ainda que, para
análises mais precisas, deve-se considerar a interação entre os elementos que constituem o
sistema de fundação (estacas, bloco e solo subjacente).

Em análises mais sofisticadas, especialmente para fundações submetidas a carregamentos


elevados, a consideração do comportamento não linear dos materiais que constituem este
sistema tende a representar melhor o desempenho da fundação quando comparadas àquelas
em que se considera o meio linear e elástico. Munhoz e Giongo (2007) destacam que as
análises não lineares tendem a representar melhor o comportamento das fundações em blocos
sobre estacas, sobretudo em relação aos efeitos de perda de rigidez dos elementos estruturais
devido à fissuração do concreto e ao escoamento das armaduras longitudinais.

2.1 FUNDAÇÕES EM GRANDES BLOCOS SOBRE ESTACAS

Atualmente, os projetos de fundações estaqueadas ocorrem de acordo com duas abordagens


principais. Em uma primeira análise, denominada “concepção clássica”, considera-se que toda
a carga proveniente da estrutura da edificação é suportada somente pelas estacas,
desconsiderando-se a contribuição do contato do elemento horizontal com o solo subjacente
na capacidade de carga da fundação. Nesta abordagem, os blocos são considerados e
dimensionados apenas como elementos de ligação, necessários para transmitir as cargas dos
pilares para as estacas. A Figura 2.1 ilustra o comportamento considerado nesta abordagem.

Figura 2.1 – Comportamento considerado no projeto de blocos sobre estacas segundo a “concepção clássica”

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 29

Em uma segunda abordagem de projeto, aplica-se o conceito de fundações mistas, ou seja,


aquelas em que o bloco de coroamento não apenas realiza a transferência de cargas para as
estacas, mas também contribui para a capacidade de carga do sistema. Considera-se em seu
dimensionamento as interações entre os elementos (estacas, bloco e solo subjacente) e sua
implicação no comportamento da fundação, representando um modelo mais próximo do que
ocorre na realidade. Em diversos trabalhos, utiliza-se a denominação “radier estaqueado” para
referência a esta abordagem (POULOS, 1998; SALES, 2000; MANDOLINI, 2003; CHOW,
2007). A Figura 2.2 ilustra o comportamento de um radier estaqueado.

Figura 2.2 – Comportamento considerado no projeto de radiers estaqueados

Sales et al. (2002) destacam as principais diferenças entre as duas metodologias de cálculo de
fundações estaqueadas. Segundo os autores, a abordagem segundo a “concepção clássica” de
blocos sobre estacas considera que toda a carga é suportada pelas estacas, o bloco é
considerado como elemento rígido, o contato entre o bloco e o solo subjacente é desprezado e
somente as interações entre estacas são consideradas. Já no dimensionamento segundo o
conceito de radier estaqueado, é considerada a rigidez real do bloco e o contato deste com o
solo, a rigidez das estacas é determinada em função do perfil do solo e são consideradas as
interações existentes no sistema de fundação.

Segundo Sales et al. (2002), na concepção clássica de projetos de grupos de estacas, o número
de estacas é encontrado pela divisão do carregamento total pela capacidade de carga
individual de cada estaca isoladamente, buscando-se garantir um fator de segurança médio
para todas as estacas igual ou superior a dois. Na metodologia de radier estaqueado procura-se
assegurar níveis aceitáveis de carga de trabalho, recalques total e diferenciais para o conjunto,

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 30

não se preocupando, entretanto, com a carga atuante e o fator de segurança de uma estaca em
particular.

Poulos (2001a) afirma que o dimensionamento de fundações em estacas deve abordar pelo
menos cinco requisitos básicos:

• Capacidade de carga do sistema de fundação para esforços verticais, laterais e


momentos;

• Recalque total máximo aceitável;

• Recalque diferencial máximo aceitável;

• Momentos fletores e esforços cisalhantes atuantes no dimensionamento estrutural do


elementos superficial (bloco);

• Cargas e momentos atuantes no dimensionamento estrutural dos elementos de


fundação profunda (estacas).

Bacelar (2003) afirma que radiers estaqueados são fundações mistas compostas pelo radier,
responsável pela transferência de carga ao solo e às estacas, que por sua vez transmitem carga
ao solo por atrito lateral (ao longo do fuste) e pela ponta das mesmas.

Segundo giongo (2010), na maioria dos projetos de radiers estaqueados parte-se do princípio
de que a função das estacas é a de diminuir os níveis de recalque (diferencial e total) da
fundação, o que leva a uma considerável redução na quantidade necessária de estacas em
comparação a projetos elaborados a partir da concepção clássica. Randolph (1994) afirma que
em alguns casos essa redução é da ordem de 65 a 75%, destacando a vantagem econômica das
fundações mistas em alguns casos. Esta vantagem também é evidenciada por Poulos (2001a)
para situações em que somente o radier não é capaz de satisfazer todos os requisitos de
dimensionamento de fundações.

Apesar das vantagens citadas, existem algumas condições restritivas à aplicabilidade dos
radiers estaqueados. Segundo Poulos (2001b), perfis de solo com elevada resistência desde as
primeiras camadas, como areias compactas ou argilas rijas, são bastante favoráveis à
aplicação de fundações mistas e, em alguns casos, a capacidade de carga do elemento
horizontal seria suficiente para suportar os esforços da estrutura. As estacas atuariam então
como elementos redutores de recalques (totais e diferenciais).

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 31

Outro importante ponto a ser destacado é o fato de, devido à interação existente entre os
elementos horizontal, verticais e o solo, o comportamento do sistema é alterado. O radier terá
sua rigidez aumentada pela inserção das estacas; as curvas carga x recalque das estacas serão
alteradas; o solo das camadas superficiais receberá consideráveis acréscimos de tensão
vertical (e consequentemente horizontal, proporcional ao coeficiente de empuxo em repouso,
K0) devido à transferência de carga proveniente do radier; este acréscimo de tensão horizontal
provocará um aumento na capacidade de carga de atrito lateral das estacas. Desta forma, não
se pode afirmar que a capacidade portante de uma fundação mista equivale à simples soma
algébrica das capacidades de seus elementos constituintes (MANDOLINI, 2003).

A partir do conceito de radier estaqueado, Randolph (1994) propôs três diferentes tipos de
abordagem para projetos: convencional, “Creep Piling” e controle de recalque diferencial.

A abordagem convencional mantém inalterados muitos parâmetros de dimensionamento de


blocos sobre estacas segundo a concepção clássica. O espaçamento e a distribuição das
estacas são uniformes na área do bloco, sendo estas responsáveis por transmitir a maior parte
do carregamento ao solo. Admite-se que apenas uma pequena parcela dos esforços é
suportada pelo radier. Segundo Sales (2000), os projetos elaborados a partir desta abordagem
tendem a ser muito conservadores, com as estacas trabalhando longe da mobilização total e
com razoáveis fatores de segurança para todas elas.

Na abordagem denominada “Creep Piling”, realiza-se o dimensionamento das estacas para


suportarem uma carga de serviço elevada (entre 70 e 80% de sua capacidade de carga última),
atingindo consideráveis deformações plásticas. Uma quantidade suficiente de estacas é
incluída no dimensionamento para reduzir a tensão no contato entre o radier e solo subjacente,
mantendo-a inferior à tensão de pré-adensamento deste material. Seguindo essa metodologia,
Sales et al. (2005) apresentaram um modelo de previsão do comportamento carga-recalque de
radiers estaqueados, no qual se considera todas as interações do sistema radier-solo-estacas.

A terceira abordagem considera que grande parte da carga é suportada pelo radier. Desta
forma, procura-se otimizar a disposição das estacas no mesmo, buscando a redução de
recalques médios e diferenciais. Assim, geralmente obtém-se uma quantidade reduzida de
estacas quando comparada às demais abordagens.

Segundo Poulos (2001a), existe uma versão ainda mais extrema da abordagem “Creep
Piling”, na qual algumas ou até mesmo todas as estacas trabalhariam com 100% de sua

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 32

capacidade de carga última, porém garantindo um fator de segurança aceitável para todo o
sistema. Esta quarta abordagem reforça o conceito de estacas como elementos redutores de
recalque, porém reconhecendo o acréscimo de capacidade de carga que proporcionam ao
sistema de fundação.

A Figura 2.3 ilustra, conceitualmente, o comportamento carga-recalque de radiers estaqueados


dimensionados segundo algumas das abordagens descritas.

Figura 2.3 – Comportamento carga-recalque para radiers estaqueados de acordo com a abordagem de projeto
(modificado de POULOS, 2001a)

A curva 0 representa o comportamento de um radier sem estacas, capaz de suportar a carga de


projeto, porém com recalques superiores aos aceitáveis. A curva 1 representa a abordagem
convencional de radiers estaqueados, na qual o desempenho do sistema é governado pelo
comportamento do grupo de estacas, linear para a carga de projeto e responsável por conduzir
a elevados fatores de segurança. A curva 2 representa a abordagem “Creep Piling”, em que as
estacas trabalham com fatores de segurança menores e, devido à menor quantidade de estacas,
o radier suporta uma maior parcela de carga. A curva 3 representa a abordagem em que se
considera, para a carga de projeto, a mobilização total das estacas, cuja função principal é a de
reduzir os recalques. Desta forma, o comportamento carga-recalque do último sistema tende a
ser não linear para a carga de projeto, com a ocorrência de deformações plásticas, embora seja
garantido um fator de segurança adequado e recalques em níveis aceitáveis.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 33

2.2 INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO

A transferência de cargas de uma edificação ao solo ocorre através de uma interação


complexa entre os elementos de suas fundações. O entendimento deste processo aborda o
estudo da transferência de cargas das fundações ao solo subjacente, bem como dos
mecanismos de distribuição de tensões dentro do maciço. Neste contexto, alguns dos fatores
determinantes para reger o comportamento do recalque de fundações estão relacionados ao
processo executivo das mesmas, às propriedades do solo em que estão inseridas e também à
interação entre os elementos que compõem o sistema de fundações.

No caso de fundações estaqueadas, devem ser consideradas as características geológicas e as


propriedades do solo que são afetadas pela instalação das fundações. Outro ponto
determinante consiste no estado da interface entre o fuste das estacas e o solo adjacente, visto
que a transferência de cargas por atrito lateral ocorrerá nestas regiões (PACHECO, 2004).

Hain e Lee (1978) propuseram um método numérico simplificado para análises de radiers
estaqueados que considera diferentes fatores de interação entre os elementos da fundação,
conforme apresentado na Figura 2.4.

Figura 2.4 – Mecanismos de interação solo-estrutura em radiers estaqueados (modificado de HAIN e LEE, 1978)

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 34

Segundo Rezende (1995), a disposição de estacas muito próximas entre si altera o estado de
tensão e a estrutura do solo de forma distinta à observada para a instalação de uma estaca
isolada. Ottaviani (1975), realizando análises elásticas pelo Método dos Elementos Finitos,
verificou que o recalque para grupos de nove e quinze estacas é bem maior que o observado
para uma estaca isolada submetida à carga média das estacas destes blocos. Silva (1996)
justifica a diferença destes comportamentos em função da sobreposição dos bulbos de pressão
de estacas próximas, e também pela possibilidade de as estacas de um grupo, juntamente com
o solo existente entre elas, agirem como um grande bloco rígido.

Outro aspecto que interfere diretamente no comportamento das estacas é a rigidez dos blocos
sobre as mesmas. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003), considera-se um bloco rígido aquele
que possui altura igual ou superior à terça parte do valor da sua maior dimensão descontado
desta a largura do pilar na mesma direção. As estacas sob este tipo de bloco terão recalques
semelhantes, enquanto a quantidade de carga suportada por cada elemento será diferente. Já
nos blocos flexíveis, considerados por muitos autores aqueles com altura inferior a 10% de
sua maior dimensão, a tendência observada é que as estacas recebam a mesma quantidade de
carga, enquanto os recalques serão distintos. Situações intermediárias, os blocos semirrígidos
apresentam a tendência de proporcionar diferentes níveis de carga suportada e de recalque às
estacas.

Poulos e Davis (1980) propuseram, para grupos de 9, 16 e 25 estacas, a distribuição de cargas


entre as estacas sob blocos rígidos, contemplando diversos valores de relações L/d, s/d e
rigidez relativa (razão entre os módulos de elasticidade das estacas e do solo). As Tabelas 2.1,
2.2 e 2.3 apresentam a distribuição de cargas em um grupo de estacas flutuantes, sendo os
valores apresentados em função da carga média aplicada às estacas. As maiores cargas são
observadas nas estacas localizadas nos cantos do bloco, enquanto as estacas centrais recebem
as menores cargas. De acordo com os autores, a distribuição tende a ficar menos uniforme na
medida em que o espaçamento entre estacas diminui e a quantidade de estacas no bloco e a
relação entre o comprimento e o diâmetro das estacas aumentam. O aumento da rigidez
relativa (razão entre os módulos de elasticidade das estacas e do solo) é outro fator que
contribui para a maior heterogeneidade de cargas entre as estacas.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 35

Tabela 2.1 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 9 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3


Tipo do Bloco L/d s/d Rigidez Relativa Rigidez Relativa Rigidez Relativa
100 1000 ∞ 100 1000 ∞ 100 1000 ∞
2 1,28 1,47 1,56 0,84 0,75 0,72 0,52 0,16 -0,15
Bloco sobre 9 estacas 5 1,20 1,25 1,26 0,91 0,88 0,88 0,57 0,47 0,45
10
10 1,10 1,13 1,14 0,95 0,94 0,94 0,78 0,73 0,70
20 1,04 1,05 1,06 0,98 0,97 0,97 0,91 0,88 0,88
2 1,18 1,38 1,50 0,89 0,79 0,65 0,71 0,32 -0,35
5 1,17 1,29 1,32 0,92 0,87 0,84 0,63 0,38 0,34
25
10 1,11 1,18 1,21 0,95 0,91 0,89 0,77 0,61 0,55
20 1,06 1,11 1,12 0,97 0,95 0,94 0,87 0,77 0,73
2 1,24 1,11 1,70 0,86 0,93 0,66 0,58 0,84 -0,45
5 1,22 1,17 1,37 0,90 0,92 0,81 0,53 0,61 0,24
100
10 1,14 1,15 1,28 0,94 0,93 0,86 0,70 0,68 0,42
20 1,07 1,10 1,21 0,97 0,95 0,90 0,86 0,79 0,55

Tabela 2.2 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 16 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3


Tipo do Bloco L/d s/d Rigidez Relativa Rigidez Relativa Rigidez Relativa
100 1000 ∞ 100 1000 ∞ 100 1000 ∞
2 1,68 2,00 2,14 0,97 0,95 0,95 0,38 0,09 -0,04
Bloco sobre 16 estacas 5 1,42 1,51 1,52 1,01 1,00 1,00 0,56 0,48 0,47
10
10 1,21 1,25 1,28 1,01 1,00 1,00 0,77 0,73 0,70
20 1,10 1,13 1,12 1,00 1,00 1,00 0,89 0,86 0,86
2 1,50 1,87 2,25 0,97 0,95 0,89 0,54 0,23 -0,05
5 1,40 1,62 1,70 1,01 1,01 0,99 0,59 0,36 0,30
25
10 1,25 1,41 1,48 1,00 1,01 1,00 0,74 0,57 0,50
20 1,14 1,23 1,26 1,00 1,00 1,00 0,85 0,76 0,72
2 1,56 1,35 2,30 0,96 0,97 1,01 0,52 0,70 -0,15
5 1,50 1,45 1,84 1,02 1,01 0,98 0,47 0,52 0,18
100
10 1,29 1,35 1,65 1,00 1,00 1,00 0,70 0,63 0,34
20 1,15 1,24 1,42 1,00 1,01 1,00 0,83 0,75 0,56

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 36

Tabela 2.3 – Distribuição de cargas entre estacas flutuantes em um bloco sobre 25 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 4 Estaca 6


Tipo do Bloco L/d s/d Rigidez Relativa Rigidez Relativa Rigidez Relativa
100 1000 ∞ 100 1000 ∞ 100 1000 ∞
2 2,12 2,48 2,65 0,42 0,21 -0,15 0,12 0,01 0,45
Bloco sobre 25 estacas 5 1,64 1,75 1,79 0,60 0,53 0,49 0,49 0,45 0,42
10
10 1,31 1,39 1,41 0,81 0,75 0,74 0,73 0,68 0,64
20 1,18 1,22 1,19 0,90 0,87 0,89 0,82 0,79 0,82
2 1,90 2,46 2,90 0,58 0,20 -0,20 0,24 0,04 0,25
5 1,62 1,98 2,11 0,63 0,40 0,35 0,46 0,29 0,22
25
10 1,39 1,63 1,73 0,77 0,64 0,56 0,64 0,45 0,37
20 1,22 1,37 1,40 0,87 0,77 0,74 0,78 0,68 0,67
2 2,06 1,75 3,00 0,41 0,65 -0,30 0,25 0,33 0,40
5 1,77 1,78 2,34 0,54 0,55 0,21 0,33 0,30 0,07
100
10 1,45 1,58 2,05 0,72 0,66 0,38 0,63 0,49 0,17
20 1,25 1,41 1,78 0,85 0,77 0,55 0,75 0,62 0,52

Para grupos de estacas assentes sobre camada rígida de solo ou rocha (estacas de ponta),
Poulos e Davis (1980) propuseram a distribuição de cargas entre as estacas apresentada nas
Tabelas 2.4, 2.5 e 2.6.

Tabela 2.4 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 9 estacas (modificado de POULOS
e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3


Tipo do Bloco L/d s/d Rigidez Relativa Rigidez Relativa Rigidez Relativa
100 1000 100 1000 100 1000
2 0,98 0,92 0,99 1,01 1,11 1,20
Bloco sobre 9 estacas 5 1,02 1,00 0,99 1,00 0,94 1,00
10
10 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
20 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
2 1,07 0,95 0,94 1,00 0,93 1,17
5 1,11 1,02 0,94 0,99 0,76 0,96
25
10 1,05 1,01 0,98 0,99 0,88 0,97
20 1,02 1,00 1,00 1,00 0,97 1,00
2 1,22 1,02 0,87 0,97 0,65 1,04
5 1,21 1,13 0,90 0,94 0,53 0,73
100
10 1,13 1,10 0,94 0,95 0,71 0,78
20 1,06 1,06 0,97 0,97 0,88 0,87

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 37

Tabela 2.5 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 16 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 2 Estaca 3


Tipo do Bloco L/d s/d Rigidez Relativa Rigidez Relativa Rigidez Relativa
100 1000 100 1000 100 1000
2 1,04 0,88 0,98 0,98 1,00 1,17
Bloco sobre 16 estacas 5 1,05 1,00 1,00 1,00 0,94 1,00
10
10 1,00 1,00 1,00 1,00 0,99 1,00
20 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
2 1,26 0,95 0,98 0,98 0,77 1,10
5 1,23 1,05 1,01 1,00 0,75 0,94
25
10 1,10 1,02 1,00 1,00 0,88 0,98
20 1,02 1,00 1,00 1,00 0,98 1,00
2 1,61 1,19 0,97 0,98 0,44 0,86
5 1,48 1,33 1,00 1,00 0,51 0,65
100
10 1,27 1,23 1,00 1,00 0,72 0,75
20 1,14 1,13 1,00 1,00 0,85 0,84

Tabela 2.6 – Distribuição de cargas entre estacas de ponta em um bloco sobre 25 estacas (modificado de
POULOS e DAVIS, 1980)

Estaca 1 Estaca 4 Estaca 6


Rigidez Rigidez Rigidez
Tipo do Bloco L/d s/d
Relativa Relativa Relativa
100 1000 100 1000 100 1000
2 1,11 0,86 0,99 1,13 0,81 1,18
Bloco sobre 25 estacas 5 1,06 1,01 0,96 1,00 0,94 1,00
10
10 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
20 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
2 1,55 0,99 0,77 1,07 0,44 0,99
5 1,37 1,09 0,77 0,95 0,67 0,87
25
10 1,15 1,03 0,90 0,98 0,86 0,97
20 1,02 1,00 0,98 1,00 0,98 1,00
2 2,08 1,48 0,48 0,83 0,36 0,44
5 1,75 1,55 0,53 0,68 0,39 0,47
100
10 1,42 1,39 0,73 0,77 0,67 0,65
20 1,21 1,22 0,88 0,87 0,79 0,78

Da mesma forma que para os grupos de estacas flutuantes, a distribuição de cargas entre as
estacas de ponta tende a ficar menos uniforme com a diminuição do espaçamento entre
estacas e com o aumento da relação entre o seu comprimento e diâmetro. Entretanto, para

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 38

estes grupos o aumento da rigidez relativa contribui para que a distribuição de cargas entre as
estacas seja mais uniforme.

Pacheco (2004) afirma que a interação de uma estaca carregada verticalmente com outra
vizinha está relacionada a dois conjuntos de comportamento: o primeiro diz respeito à carga
de ponta da estaca, através das tensões de compressão aplicadas ao solo desta região e outro,
mais expressivo na maioria dos casos, relacionado às cargas transmitidas ao solo por atrito
lateral ao longo do fuste.

Décourt (1995) definiu a transferência de carga de uma estaca para o solo como sendo o
fenômeno mais complexo de ser mensurado e previsto para fundações estaqueadas, pois a
resistência por atrito lateral é altamente dependente da maneira como o solo abaixo da base
absorve o carregamento ao qual é submetido. Pacheco (2004) destaca que este processo
depende das propriedades do solo ao longo do fuste e sob a base, bem como da rigidez
relativa da estaca, que por sua vez é função do diâmetro, do comprimento e do módulo de
elasticidade do seu material constituinte.

Segundo Poulos (2001a), algumas ferramentas computacionais para análises de radiers


estaqueados consideram o radier como uma placa apoiada sobre molas, correspondentes às
estacas. O autor destaca ainda que é comum considerar a rigidez de uma estaca isolada para
todo o conjunto de molas, ignorando os efeitos da interação solo-estrutura (ISE), tendendo a
atribuir ao sistema de fundação uma rigidez muito elevada e, consequentemente, recalques
inferiores aos observados na prática.

Poulos (2001a) comparou a análise de um radier sobre quinze estacas segundo a abordagem
citada com um método simplificado de cálculo, no qual se considera os efeitos da ISE.
Segundo os resultados apresentados, a rigidez da fundação é superestimada em mais de 200%,
provocando erros severos na previsão de recalques. Desta forma, o autor destaca que o uso de
ferramentas numéricas que não consideram os processos de interação existentes entre os
elementos constituintes de um radier estaqueado pode levar a previsões incorretas dos
recalques, da distribuição de momentos fletores no radier e da carga suportada por cada
estaca.

Destaca-se, portanto, a importância da consideração da interação entre os elementos


estruturais dos radiers estaqueados (estaca-radier, radier-estaca, radier-radier e estaca-estaca)

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 39

e entre estes e o solo para que se possa projetar e prever o comportamento destas fundações
com satisfatória precisão.

2.3 DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS SOBRE ESTACAS

A análise e o dimensionamento de blocos sobre estacas são considerados problemas


complexos, devido ao comportamento mecânico do conjunto aço-concreto, aos efeitos da
interação solo-estrutura e à diferença de comportamento observada para blocos com diferentes
rigidezes.

A NBR 6118 (ABNT, 2003) considera os blocos sobre estacas como elementos estruturais
especiais, cujo comportamento não respeita a hipótese das seções planas, por não possuírem
comprimento suficiente para que as perturbações locais sejam dissipadas. Esta norma sugere
ainda a classificação destes elementos, de acordo com as suas dimensões, em flexíveis ou
rígidos, pois o comportamento estrutural dos mesmos é distinto em diversos aspectos.

Calavera (1991) apresenta o dimensionamento destes elementos segundo a norma espanhola


EH-91, fazendo as considerações pertinentes para o cálculo de blocos flexíveis ou rígidos,
definindo estes como os blocos em que a transferência de forças se dá por meio de bielas e
tirantes.

Segundo Munhoz (2004), no Brasil os métodos analíticos simplificados de dimensionamento


mais empregados para blocos sobre estacas são o método das bielas e tirantes e o método do
CEB-FIP (1970). Destaca-se também o cálculo do bloco como viga ou laje de concreto
armado.

Em análises mais elaboradas, que buscam aproximar o dimensionamento ao real desempenho


dos blocos sobre estacas, faz-se necessário o uso de ferramentas numéricas. Diferentes tipos
de análises e métodos tem sido desenvolvidos e aplicados neste sentido, como o Método dos
Elementos de Contorno (MEC), a Análise de Diferenças Finitas e o Método dos Elementos
Finitos (MEF), dentre outros. Existem ainda alguns métodos híbridos, caracterizados por
mesclar soluções de mais de um método.

O MEF é considerado por muitos autores um método bastante rigoroso, sendo capaz de
conduzir a resultados muito satisfatórios na análise de fundações em blocos sobre estacas.
Entretanto, destaca-se como principal desvantagem deste método o elevado tempo de

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 40

preparação das malhas e de processamento requerido para análises de problemas


tridimensionais complexos, como grandes blocos sobre estacas. Ao longo das últimas
décadas, diversos autores utilizaram este método em análises de fundações estaqueadas, como
Ottaviani (1975), Katzenbach et al. (1998), Sales (2000), Souza (2010) e Campos (2011). As
análises apresentadas neste trabalho foram realizadas com abordagens semelhantes, através do
Método dos Elementos Finitos.

2.3.1 Método das bielas e tirantes

Desenvolvido a partir da análise de resultados experimentais realizados por Blévot e Frémy


(1967), o método das bielas e tirantes considera o comportamento do bloco semelhante ao de
uma treliça, composta por barras comprimidas (bielas) e outras tracionadas (tirantes),
conforme ilustra a Figura 2.5. As tensões de tração deverão ser resistidas pela armadura,
enquanto as de compressão, observadas nas bielas, são suportadas pelo concreto do bloco.

Figura 2.5 – Modelo de bielas e tirantes para um bloco sobre 4 estacas

Segundo Bacelar (2003), o modelo de bielas e tirantes é fundamentado no teorema do limite


inferior da Teoria da Plasticidade. Uma das hipóteses para se aplicar esse teorema é o material
exibir comportamento elasto-plástico perfeito, ou seja, para fins de determinação da
capacidade limite de carga de uma estrutura é dispensada uma análise evolutiva das tensões e
das deformações.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 41

Segundo Munhoz (2004), este método é recomendado para blocos com ações centradas,
embora possa ser empregado no caso de ações excêntricas, desde que seja admitida a carga da
estaca mais carregada para todas as estacas do bloco.

O método das bielas e tirantes, apesar de ser um dos mais difundidos para o dimensionamento
de blocos sobre estacas, aplica-se apenas para blocos rígidos, por possuírem altura suficiente
para a formação das bielas de compressão. De acordo com Munhoz (2004), outra limitação do
método é o fato de que todas as estacas devem estar igualmente afastadas do centro do pilar.
Na prática, a aplicação do método fica restrita a blocos com duas a quatro estacas, por serem
rígidos e atender o quesito de igual espaçamento em relação ao centro do pilar.

Campos (2011) realizou análises comparativas entre métodos numéricos e simplificados,


observando que para blocos com até 4 estacas o dimensionamento pode ser realizado de
forma simplificada, com resultados precisos e sem a necessidade da utilização de ferramentas
computacionais.

Para grandes blocos sobre estacas, que normalmente são mais flexíveis, possuem estacas com
diferentes espaçamentos em relação ao seu eixo, carregamentos excêntricos e eventualmente
até mais de um pilar no mesmo bloco, o método das bielas e tirantes não representa
satisfatoriamente o comportamento dos mesmos.

2.3.2 Método do CEB-FIP – Boletim 73 (1970)

O dimensionamento de blocos sobre estacas pelo método do CEB-FIP (1970) é realizado a


partir do cálculo estrutural em seções de referência, sendo que para o dimensionamento à
flexão adota-se uma seção interna em relação à face do pilar e outra seção, externa em relação
à mesma, para a verificação ao cisalhamento.

Aplica-se a blocos cuja distância entre a face do pilar e o eixo da estaca mais afastada seja
superior à terça parte da altura do bloco e não ultrapasse a metade dessa dimensão. Segundo
Munhoz (2004), caso esta distância não esteja entre os limites do intervalo, as recomendações
do método não são aplicáveis.

A utilização deste método, portanto, fica restrita a blocos sobre poucas estacas, pois a altura
necessária para grandes blocos seria muito elevada, inviabilizando a execução das fundações
dimensionadas.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 42

2.3.3 Cálculo como viga ou laje de concreto armado

Este método considera o dimensionamento de blocos sobre estacas como um elemento


semelhante a uma viga ou laje de concreto armado, seguindo o procedimento de cálculo
descrito a seguir.

Campos (2011) afirma que o cálculo como viga ou laje de concreto armado pode ser utilizado
no dimensionamento de blocos flexíveis, como os grandes blocos sobre estacas, a partir dos
diagramas de esforço cortante e momento fletor.

Inicialmente, é calculada a carga média suportada por cada estaca a partir da razão entre a
carga total aplicada ao bloco e quantidade de estacas. Em seguida, para cada direção do bloco,
são encontradas as seções em que os esforços cortantes são nulos, pois nas mesmas
encontram-se os valores máximos e mínimos (locais ou globais) do momento fletor atuante no
bloco. O valor máximo global, multiplicado pelo coeficiente de majoração correspondente,
fornece o momento fletor de cálculo, a partir do qual é realizado o dimensionamento
estrutural do bloco à flexão em cada uma das direções.

Munhoz (2004) apresenta os critérios adotados para o dimensionamento a partir da analogia


entre blocos sobre estacas e vigas apoiadas sobre estacas segundo o código norte-americano
ACI-318 (1994), destacando a recomendação de altura para os elementos superior a 30
centímetros.

Neste trabalho, optou-se por utilizar este método nas análises comparativas com ferramentas
numéricas, dada a sua maior abrangência e a ampla utilização do mesmo por projetistas de
fundações no Brasil. Para o dimensionamento foram seguidos os procedimentos de cálculo
para vigas de concreto armado apresentados por Pinheiro et al. (2007), segundo os padrões da
NBR 6118 (ABNT, 2003).

2.3.4 Métodos numéricos

A análise de um bloco sobre estacas segundo o conceito de radier estaqueado compreende a


interação entre seus elementos constituintes, interferindo na distribuição de recalques, cargas
nas estacas e momentos no bloco. A complexidade deste fenômeno exige o uso de
ferramentas numéricas elaboradas para aproximar os resultados da realidade e limitar o tempo
de análise (CAMPOS, 2011).

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 43

Segundo Small (2001), diferentes tipos de análises numéricas tem sido empregadas na
representação de radiers estaqueados: abordagens simples de placas sobre molas, Método dos
Elementos de Contorno (MEC), Técnica de Camadas Finitas, Análise de Diferenças Finitas e
Método dos Elementos Finitos (MEF). Destacam-se ainda os métodos híbridos, caracterizados
por combinar soluções de mais de um método nas análises, buscando aproveitar as vantagens
de cada abordagem.

No Método dos Elementos de Contorno (MEC), a discretização se restringe ao contorno do


domínio, a análise fica reduzida em uma dimensão e a solução é obtida de um conjunto de
integrais de equações de Mindlin. Em geral, possui tempo de processamento razoável quando
comparado a outros métodos, embora a heterogeneidade e não linearidade do solo e a
interface estaca-solo sejam consideradas de maneira aproximada. (CAMPOS, 2011).

Kuwabara (1989) realizou algumas análises de radiers estaqueados em um semi-espaço


elástico e isotrópico, concluindo que para os casos e parâmetros analisados a carga vertical
suportada pelo radier foi da ordem de 20 a 40% da carga total aplicada à fundação. Foi
observado também que a consideração do contato entre o radier e o solo reduz as tensões
cisalhantes na parte superior do fuste das estacas, embora a distribuição de carga ao longo do
comprimento das mesmas seja pouco afetado.

Mendonça e Paiva (2000), utilizando o MEC, apresentaram uma formulação para análise
estática de radiers estaqueados na qual se considera simultaneamente todas as interações entre
o radier e as estacas. Através de comparações entre a rigidez global da fundação e os
recalques obtidos por esta formulação e por outros métodos apresentados na literatura, os
autores destacam a concordância razoável, justificando as diferenças observadas pelas
distintas modelagens da interface radier-estacas-solo adotadas em cada caso.

No Método dos Elementos Finitos (MEF), as modelagens são caracterizadas por discretizarem
um domínio finito em vários elementos, atribuindo a estes os parâmetros que representam o
comportamento dos materiais analisados. Em análises de fundações, simula-se o domínio
semi-infinito aplicando condições de contorno a grandes distâncias dos elementos com níveis
de tensão e deformação consideráveis.

Utilizando o MEF em análises lineares elásticas, Ottaviani (1975) comparou a partir de


análises lineares elásticas o recalque em função da rigidez relativa entre o material do solo e
das estacas e a distribuição de cargas entre estacas em blocos com nove e quinze estacas,

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 44

comparando os resultados com aqueles observados para uma estaca isolada. Os resultados
indicaram que o contato do bloco com o solo modifica consideravelmente o mecanismo de
transferência de carga das estacas para o solo. Outra observação destacada foi a distribuição
não uniforme de cargas entre as estacas, concentrando maior quantidade de carga nas estacas
da periferia do bloco e aliviando as estacas centrais.

Munhoz (2004) apresentou diversas análises de blocos sobre duas a cinco estacas utilizando o
programa ANSYS (1998), baseado no Método dos Elementos Finitos. Nos modelos adotados
variaram-se os diâmetros de estacas e as dimensões dos pilares, considerando o
comportamento do material como elástico linear, com a finalidade de determinar os fluxos de
tensões em suas direções principais e verificar a aplicabilidade do método das bielas e
tirantes, que se mostrou coerente para blocos com até quatro estacas. Para blocos maiores, a
altura necessária para manter o ângulo de inclinação das bielas de compressão é muito alta,
inviabilizando a utilização do método.

Souza (2010) analisou os fatores de interação entre estacas comparando os resultados obtidos
em análises com material elástico linear pelo programa DIANA (Displacement Method
Analyzer), baseado no MEF, e o GARP (Geotechnical Analysis of Raft with Piles), uma
ferramenta híbrida para análise de radiers estaqueados.

Utilizando as mesmas ferramentas numéricas, Campos (2011) realizou análises de momentos


fletores internos em blocos sobre 2 a 81 estacas considerando a interação entre os elementos
de fundação e entre estes e o solo, de acordo com o conceito de radier estaqueado. Nas
análises realizadas, foi observado que para grandes blocos existe uma discrepância
considerável entre o momento máximo e mínimo ao longo da seção central, respectivamente
no centro e na periferia destes elementos, efeito não considerado nos métodos de
dimensionamento simplificados, como o método das bielas e tirantes ou o cálculo como viga
ou laje de concreto armado. Desta forma, o autor sugere uma distribuição otimizada da
armadura dos blocos analisados, adotada conforme o momento máximo por trecho da seção.

Neste trabalho, o Método dos Elementos Finitos foi utilizado para as análises numéricas
lineares e não lineares, através do programa DIANA.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 45

2.4 DESEMPENHO DE RADIERS ESTAQUEADOS

A utilização de fundações diretas (sapatas e radiers) vem sendo realizada ao longo dos séculos
nos mais diversos tipos de edificações e em muitos casos apresenta-se como solução
economicamente viável e de fácil execução. Entretanto, dependendo do carregamento e das
propriedades do solo subjacente, é possível observar recalques superiores aos desejáveis,
inconveniente este que pode ser solucionado com a inserção de algumas estacas em
determinados pontos do elemento de fundação direta. Inicialmente, o conceito de estacas
atuando como elementos redutores de recalque em um bloco foi proposto por Burland, Broms
e de Mello (1977) e utilizado posteriormente por diversos outros autores.

Com o objetivo de reduzir os recalque diferenciais de um radier sobre 25 estacas, Kim et al.
(2001) apresentaram uma metodologia na qual somente o posicionamento otimizado das
estacas no bloco foi capaz de provocar a redução do recalque diferencial máximo da ordem de
80% a 90%, embora fosse observado o aumento do recalque médio da fundação. Os autores
destacam ainda que nestes casos foi observada uma redução na ordem de 50% no momento
fletor médio do bloco.

Lima (2007) elaborou um estudo de otimização de custos executivos de radiers estaqueados


para determinados valores de recalque admissível, variando o tipo de carregamento
(concentrado a uniformemente distribuído no bloco), a geometria do radier, as características
do maciço de solo, a quantidade, o diâmetro e o posicionamento das estacas no bloco. Para os
casos analisados, o autor conclui que pode existir mais de uma solução de posicionamento
ótimo de estacas, embora os custos sempre tendam a aumentar à medida que se reduz o
recalque total da fundação.

Bittencourt (2012) apresentou o desenvolvimento, a validação e a aplicação de um programa


baseado no MEF para análises tridimensionais de tensões, de deformações, de deslocamentos
e de esforços solicitantes para problemas de fundações, em especial para o tratamento de
radiers estaqueados, denominado Ferramenta Numérica para Análise de Fundações (FENF).

Em análises numéricas de radiers estaqueados com 3 a 5 estacas em maciço de solo


homogêneo, Chow (2007) destaca que, para os casos analisados, os recalques diminuem à
medida que se aumenta o número de estacas no bloco. Entretanto, o autor destaca que, para
otimizar o desempenho dos elementos de fundação, uma das alternativas mais eficazes e
econômicas se dá pelo aumento do comprimento das estacas, visto que com o acréscimo das

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 46

cargas suportadas por cada estaca reduz significativamente os recalques total e diferencial,
bem como os momentos internos no bloco.

O dimensionamento convencional de um bloco sobre estacas considerando que toda a carga


aplicada à fundação é suportada pelas estacas, ignorando o contado do bloco com o solo
subjacente e a interação existente entre os elementos de fundação, tem se mostrado
conservador e antieconômico (POULOS, 1998).

Poulos (2001a) apresenta uma abordagem para dimensionamento de radiers estaqueados em


que se considera algumas estacas, cuja função principal é a de reduzir os recalques do sistema
de fundação, trabalhando com a mobilização total da carga de projeto. Desta forma, o
comportamento carga-recalque do sistema tende a ser não linear para a carga de projeto, com
a ocorrência de deformações plásticas, embora seja garantido um fator de segurança adequado
e recalques em níveis aceitáveis.

Ao analisar o desempenho de fundações mistas no centro-oeste brasileiro, Sales (2000)


demonstra que, nos casos analisados, quando a capacidade de carga última é atingida por uma
determinada estaca, ocorre a redistribuição da carga excedente entre os demais elementos de
fundação até que todas as estacas atinjam seu limite de suporte e o comportamento do
conjunto seja alterado, mantendo as estacas com carga aproximadamente constante e fazendo
com que o acréscimo de carga seja suportado pelo bloco.

Bezerra (2003) realizou algumas análises numéricas de radiers estaqueados variando


parâmetros como a rigidez relativa do sistema (razão entre os módulos de elasticidade do
material da fundação e do solo) e concluiu que a inserção de estacas em regiões mais
carregadas e com maiores níveis de recalque, além de reduzirem os recalques diferenciais
também proporcionaram uma redução nos momentos fletores do radier.

Analisando blocos sobre 2 a 81 estacas, Campos (2011) comparou os esforços internos


obtidos a partir de um método simplificado e duas ferramentas numéricas. Nos casos
analisados foi observado que, para blocos com até 4 estacas, os resultados levam a
dimensionamentos muito semelhantes, o que não ocorre para blocos maiores, nos quais se
observam grandes variações entre os momentos máximos e mínimos ao longo de determinada
seção do bloco. A autora destaca que nos blocos com grande variação de momento ao longo
da seção, a distribuição de armadura do bloco poderia ser otimizada, conforme o momento
máximo por trecho, não implicando em alteração de custos.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 47

Poulos (1994) apresenta o cálculo para um radier estaqueado na cidade de São Paulo,
avaliando a relação entre a quantidade de estacas e o fator de segurança das estacas, o
recalque máximo, os momentos fletores, a porcentagem de carga suportada por cada estaca e
pelo radier e o fator de segurança global do sistema de fundação.

No caso analisado, conforme se pode observar na Figura 2.6, os momentos fletores máximos
diminuem nas duas direções com o aumento da quantidade de estacas, mas mostram-se
aproximadamente constantes para os casos a partir de 13 estacas, situação em que o fator de
segurança das estacas é de 1,45, o percentual de carga suportada pelas estacas é próximo de
90%, o recalque é da ordem de 20 milímetros e o fator de segurança global é de 3,0.

Figura 2.6 – Momentos fletores nas direções x e y em relação ao número de estacas no bloco analisado
(modificado de POULOS, 1994)

Sales et al. (2002) analisaram um bloco sobre 25 estacas de grande diâmetro, apresentado na
Figura 2.7, executado no Distrito Federal e projetado para suportar a carga de 13 pilares, que
somada totalizava uma carga permanente de 43910 kN. O projeto de fundação original foi
desenvolvido a partir da “concepção clássica” de grupo de estacas e posteriormente reavaliado
segundo o conceito de radier estaqueado.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 48

Figura 2.7 – Locação dos pilares e das 25 estacas no bloco analisado, dimensões em cm (SALES et al., 2002)

No trabalho foram destacadas as principais alterações nos resultados bem como a avaliação de
outros cenários para a mesma fundação, alterando a quantidade e a posição das estacas no
bloco, conforme apresentado na Tabela 2.7.

Tabela 2.7 – Casos analisados e resultados obtidos nas diversas simulações (modificado de SALES et al., 2002)

Caso (a) (b) (c) (d) (e) (f)


Quantidade de Estacas 25 23 21 13 9 0
Configuração das Estacas no
Bloco
Carga nas Estacas (%) 91,29 88,93 87,58 76,01 64,03 0,00
Carga transferida ao solo pelo
8,71 11,07 12,42 23,99 35,97 100,00
contato com o Bloco (%)
Carga Média nas Estacas (kN) 1603,4 1697,7 1831,4 2567,5 3123,8 -
Carga Máxima nas Estacas (kN) 3077,8 3550,5 3420,4 5156,8 4558,3 -
Carga Mínima nas Estacas (kN) 982,2 960,9 1060,3 1528,8 2140,1 -
Momento fletor Mx Máximo
2202 2074 1902 1450 1157 1836
(kN.m)
Momento fletor My Máximo
4515 3536 3508 2713 3149 4214
(kN.m)
Recalque Máximo (mm) 7,60 8,29 8,13 9,51 11,00 15,47
Recalque Mínimo (mm) 5,40 5,18 5,75 6,15 6,27 7,54
Recalque Diferencial (mm) 2,20 3,11 2,38 3,36 4,73 7,93
Fator de Segurança do grupo de
3,42 3,14 2,87 1,78 1,23 -
estacas
Fator de Segurança Global 5,52 5,24 4,97 3,88 3,33 2,10

T. A. DOEHLER Capítulo 2
D0055G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 49

Nas análises realizadas, os autores destacam, dentre outras informações, que na solução
adotada para o caso (a) o grupo de estacas suporta uma grande parcela do carregamento total,
o que reduz os recalques totais e diferenciais, mas torna a alternativa como a de pior
custo/benefício. Já a solução sobre 13 estacas, dentre todos os casos analisados, mostra-se
como a mais viável neste critério, pois teria recalques dentro dos limites considerados
aceitáveis pelo projetista estrutural, esforços internos menores e fator de segurança global
próximo a 4,0.

Os autores destacam ainda que, dentro da “concepção clássica”, na qual se descarta o contato
existente entre o bloco e o solo subjacente, esta configuração seria inaceitável por resultar em
um fator de segurança do grupo de estacas inferior a 2,0 e possuir estacas com carregamento
muito próximo de sua capacidade de carga última.

T. A. DOEHLER Capítulo 2
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA DAS ANÁLISES

A análise de grandes blocos sobre estacas, devido à elevada complexidade e quantidade de


variáveis, demanda o uso de métodos numéricos avançados, como o Método dos Elementos
Finitos (MEF), considerado por muitos autores um método capaz de conduzir a resultados
satisfatórios na análise de fundações em blocos sobre estacas. As análises apresentadas no
presente trabalho foram realizadas a partir do MEF.

Foi analisado numericamente um radier estaqueado hipotético, cujo dimensionamento


estrutural foi realizado inicialmente a partir de um método analítico simplificado, procurando-
se observar as divergências entre os momentos internos do bloco e, posteriormente, propondo
uma melhor distribuição de sua armadura de flexão.

As análises numéricas realizadas consideraram dois tipos de comportamento para os materiais


constituintes do sistema de fundação, linear elástico e não linear, com o objetivo de mostrar,
através da comparação dos resultados, a importância de se considerar o comportamento
elastoplástico do concreto armado e do solo no nível de carregamento ao qual o radier
estaqueado foi submetido.

3.1 MÉTODO ANALÍTICO SIMPLIFICADO

Conforme destacado no capítulo anterior, os principais métodos analíticos simplificados de


dimensionamento de blocos sobre estacas empregados no Brasil são o método das bielas e
tirantes, o método do CEB-FIP (1970) e o cálculo do bloco como viga ou laje de concreto
armado de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2003).

De acordo com Campos (2011), embora não existam grandes diferenças entre os métodos
analíticos simplificados para o cálculo de momentos internos de blocos sobre estacas, o
cálculo como viga ou laje de concreto armado pode ser utilizado no dimensionamento de
blocos flexíveis e semirrígidos, como os grandes blocos sobre estacas, a partir dos diagramas
de esforço cortante e momento fletor. Portanto, este foi o método simplificado de cálculo
adotado nas análises deste trabalho.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 51

O dimensionamento do bloco a partir do método analítico simplificado foi realizado de acordo


com os passos a seguir:

• Calcula-se a carga média suportada por cada estaca do bloco, dividindo-se a carga
vertical total aplicada pela quantidade de estacas;

• A partir destas cargas, obtém-se o diagrama de esforço cortante para cada direção do
bloco. Na seção central de um bloco sobre estacas, cujo carregamento uniformemente
distribuído esteja aplicado no centro geométrico do mesmo, o diagrama de esforço cortante e
momento fletor são obtidos a partir das seguintes equações:
.
 = ∑  − (3.1)

. ²
= ∑  − 
(3.2)

Onde:

 corresponde à carga em cada estaca, em kN;

 corresponde à carga aplicada ao pilar, em kN/m;

 corresponde à dimensão do pilar na direção de cálculo do diagrama, em metros;

 corresponde ao esforço cortante na seção S, em kN;

corresponde ao momento fletor na seção S, em kN.m;

corresponde à distância do eixo de cada estaca à seção S, em metros.

• A partir do diagrama são encontradas as seções em que os esforços cortantes são


nulos. Nestas seções encontram-se os valores máximos e mínimos (locais ou globais) do
momento fletor atuante no bloco;

• Nestas seções, calcula-se o momento fletor atuante a partir do carregamento aplicado


no bloco e das cargas nas estacas, conforme apresentado na Figura 3.1;

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 52

Figura 3.1 – Cálculo do momento fletor no eixo de um bloco sobre estacas a partir do método analítico
simplificado

• Encontrando-se o valor máximo global do momento fletor, multiplicado pelo


coeficiente de majoração correspondente, encontra-se o momento fletor de cálculo, a partir do
qual é realizado o dimensionamento estrutural do bloco à flexão em cada uma das direções, de
acordo com o procedimento de cálculo para vigas de concreto armado apresentado por
Pinheiro et al. (2007), segundo os padrões da NBR 6118 (ABNT, 2003).

Conforme destacado por Campos (2011), o momento fletor calculado a partir deste método é
dado para toda a largura do bloco. Para efeito de comparação com os resultados das análises
numéricas, a grandeza utilizada foi o momento por metro linear, obtido a partir da divisão do
momento fletor de cálculo pela largura do bloco.

3.2 PROGRAMA UTILIZADO

O DIANA, programa baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF) que vem sendo
desenvolvido na Holanda desde 1972 pela TNO Building and Construction Research
Company, foi a ferramenta computacional utilizada nas análises numéricas deste trabalho.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 53

De acordo com Souza (2010), esta ferramenta apresenta um importante diferencial em relação
à maioria dos programas baseados no MEF, que consiste no seu desenvolvimento, voltado
para atender principalmente aos problemas relacionados à engenharia civil. Este
desenvolvimento específico pode ser percebido através dos modelos avançados para análise
do comportamento do solo, do concreto e de sua armadura.

A TNO (2008) destaca a variedade de materiais, elementos, condições de contorno e formas


de carregamento que podem ser aplicadas em análises tridimensionais, axissimétricas, nos
estados planos de tensões ou de deformações, com comportamento linear ou não linear,
elástico, viscoelástico, elastoplástico, com diferentes interações e contatos entre elementos,
dentre outros. Desta forma, destaca-se a ampla aplicabilidade do programa na análise dos
mais diversos e complexos problemas relacionados à engenharia civil.

Para a análise de fundações estaqueadas, o DIANA foi utilizado por alguns autores, como
Souza (2004), Souza (2010), Sakai (2010), Bittencourt, Doehler e Sales (2011) e Campos
(2011).

O programa DIANA conta com um pré e pós-processador, chamado Midas Fx+ for DIANA
(MIDASoft, 2008), com interface bastante amigável e intuitiva, através do qual se pode
definir a geometria do problema, gerar malhas de elementos finitos, aplicar carregamentos,
atribuir propriedades de materiais e condições de contorno.

Neste trabalho foi utilizado o Midas Fx+ for DIANA para as etapas de pré-processamento
citadas, bem como para a visualização e obtenção de dados das análises, como esforços,
tensões, deformações, deslocamentos e reações de apoio. Segundo a TNO (2008), o Fx+ está
equipado com funções avançadas de modelagem numérica, algoritmos desenvolvidos para a
geração de malhas de forma automática, diversos tipos de propriedades de materiais e alta
tecnologia em saída gráfica.

3.3 COMPARAÇÃO COM OUTRAS FERRAMENTAS NUMÉRICAS


BASEADAS NO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Embora exista a facilidade de utilização do DIANA através do pré e pós-processador citado,


verifica-se que os resultados obtidos estão intimamente ligados à qualidade do processo de
modelagem. Cuidados devem ser tomados no sentido de se considerar domínios com
dimensões satisfatórias, condições de contorno adequadas, tipo e quantidade de elementos

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 54

necessários para uma boa aproximação do comportamento real das partes do problema, dentre
outros.

Conforme destacado por Bittencourt, Doehler e Sales (2011), é considerado aceitável o fato
de não serem observados resultados idênticos para um mesmo problema analisado a partir de
ferramentas numéricas diferentes, pois nem sempre estas utilizam as mesmas formulações
matemáticas e procedimentos de cálculo. Entretanto, para uma satisfatória validação e
comparação entre programas computacionais de análise, objetiva-se uma tendência comum
aos resultados, com reduzidas divergências entre os dados observados.

Com este objetivo, realizou-se a comparação entre resultados de recalque no topo de uma
estaca isolada, com seção transversal quadrada, em solo homogêneo, submetida apenas a
carga vertical. Esta análise tridimensional foi proposta por Ottaviani (1975) utilizando o
programa UNIVAC 1108, baseado no Método dos Elementos Finitos.

Inicialmente foi realizada a análise de convergência de malhas com o objetivo de avaliar a


influência do refinamento das mesmas nos resultados obtidos e no tempo de processamento
requerido. Desta forma, optou-se pela escolha de uma malha capaz de proporcionar resultados
satisfatórios e que demandasse o menor tempo de processamento possível. Nesta análise foi
comparado o valor do recalque no topo da estaca analisada, bem como o tempo de
processamento necessário para cada malha. A Figura 3.2 apresenta a malha escolhida em
comparação a outras, com menor e maior quantidade de nós e elementos.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 55

Figura 3.2 – Malhas descartadas e escolhida para a comparação entre as ferramentas numéricas

Considerando-se a simetria da geometria e do carregamento, foi elaborada a modelagem de


apenas a quarta parte do problema, conforme ilustra a Figura 3.3.

Figura 3.3 – Caso utilizado para a comparação e modelagem realizada devido à simetria do problema

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 56

Optou-se pela utilização de elementos do tipo TE12L (TNO, 2008), tridimensionais,


tetraédricos com quatro nós, com integração numérica e interpolação linear, que proporciona
distribuição constante de tensões e deformações ao longo do volume de cada elemento. A
Figura 3.4 ilustra o elemento TE12L.

Figura 3.4 – Elemento TE12L (TNO, 2008)

Para cada análise, realizou-se a variação do valor de Es e a manutenção dos demais


parâmetros, comparando-se os resultados de recalques adimensionais (Ep.D.w/P) para cada
valor de Ep/Es, onde w é o valor obtido para o recalque no topo da estaca isolada. Inicialmente
foram considerados os seguintes valores para as variáveis mostradas na Figura 3.3:

• Tensão vertical (P): 1000 kPa;

• Módulo de Elasticidade do concreto da estaca (Ep): 20 GPa;

• Coeficiente de Poisson do concreto da estaca (νc): 0,25;

• Coeficiente de Poisson do solo (νs): 0,45;

• Lado da estaca de seção quadrada (D): 1,00 m;

• Comprimento da estaca (L): 20,00 m;

• Domínio vertical considerado (H): 80,00 m, a partir do topo da estaca;

• Domínio horizontal considerado: 3.L, para cada lado, a partir do eixo da estaca.

Os resultados obtidos com o DIANA foram comparados àqueles apresentados por Ottaviani
(1975), que utilizou o programa UNIVAC 1108 em suas análises, por Sales (2000) utilizando
o ALLFINE, programa também baseado no MEF, e pela solução implementada por

T. A. DOEHLER Capítulo 3
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Bittencourt e Lima (2009) utilizando o solucionador de equações diferenciais parciais


FlexPDE, conforme ilustra a Figura 3.5.

Figura 3.5 – Resultados obtidos para a comparação com L = 20 m e H/L = 4

Realizou-se outra análise, variando apenas o valor de H para 30,00 m. Em um terceiro caso, o
valor de L foi alterado para 40,00 m e o de H para 60,00 m, mantendo a relação de 3.L para
cada lado do domínio horizontal e os valores das demais variáveis. As Figuras 3.6 e 3.7,
respectivamente, apresentam as comparações dos resultados obtidos nessas análises com
aqueles apresentados por outros autores.

Figura 3.6 – Resultados obtidos para a comparação com L = 20 m e H/L = 1,5

T. A. DOEHLER Capítulo 3
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Figura 3.7 – Resultados obtidos para a comparação com L = 40 m e H/L = 1,5

Os resultados obtidos com o DIANA, em comparação com aqueles apresentados por outros
autores com o uso de outras ferramentas numéricas, mostram uma concordância satisfatória
na tendência de comportamento das estacas isoladas analisadas. Na primeira análise, o
DIANA apresentou resultados praticamente coincidentes com os do UNIVAC 1108 e do
FlexPDE. Na segunda, os resultados foram menos conservadores que os observados por
Ottaviani (1975), mas com boa concordância com aqueles obtidos pelos demais autores. Por
fim, com L = 40 m e H/L = 1,5, o programa analisado apresentou recalques um pouco maiores
que os demais, não representando, entretanto, tendência discrepante.

Desta forma, considera-se que o uso do DIANA foi validado com eficácia para os casos
analisados.

3.4 CASOS ANALISADOS

O caso hipotético analisado neste trabalho corresponde a um bloco sobre 25 estacas


semelhante a um dos casos analisados por Campos (2011) com o objetivo de verificar a
distribuição de momentos fletores no bloco e compará-la com os métodos convencionais de
dimensionamento estrutural destes elementos.

As estacas apresentam seção transversal quadrada e a camada de solo considerada é


homogênea. O pilar possui seção transversal quadrada, está localizado no centro do bloco e

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 59

recebe um carregamento de 12.500 kN. A Figura 3.8 apresenta a geometria do radier


estaqueado analisado.

Figura 3.8 – Geometria do radier estaqueado considerado nas análises

Assim como na análise realizada no item anterior, neste caso foram realizadas modelagens da
quarta parte da malha de elementos finitos, devido à simetria do problema. Considerou-se o
domínio vertical de 32 metros a partir da base do bloco (H/L > 3), sendo o contorno do
maciço considerado indeslocável a esta profundidade. Em relação aos domínios horizontais,
foi considerado um maciço de solo com 30 metros a partir do eixo do pilar, para cada lado,
ficando os nós destas faces do maciço com deslocamentos livres somente na vertical. As
condições de contorno nas superfícies de simetria do modelo foram consideradas de tal forma
que os nós permanecessem na mesma superfície após a aplicação do carregamento, com
deslocamentos livres nas demais direções.

A Figura 3.9 apresenta a malha tridimensional do radier estaqueado analisado. A Figura 3.10
ilustra a aplicação do carregamento normalmente distribuído na face superior do bloco, na

T. A. DOEHLER Capítulo 3
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área da projeção do pilar. A Figura 3.11 apresenta as condições de contorno consideradas nos
modelos.

Figura 3.9 – Malha tridimensional do radier estaqueado analisado

Figura 3.10 – Carregamento distribuído aplicado ao radier estaqueado na área de projeção do pilar

T. A. DOEHLER Capítulo 3
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Figura 3.11 – Condições de contorno consideradas nas modelagens

O modelo considerado nas análises é composto por 137.748 elementos e 28.004 nós para os
casos em que a armadura não foi modelada, e 137.998 elementos e 28.804 nós para aqueles
em que se considerou o bloco armado. Em todas as análises não lineares foram considerados
10 passos de carga iguais, cada um com 1.250 kN (10% da carga final aplicada ao pilar sobre
o bloco). Dentre os critérios de convergência disponíveis no DIANA 9.3, adotou-se em todas
as análises não lineares a norma de força como critério de convergência entre as interações,
com desvio máximo aceitável de 10 kN. Em média, o tempo de processamento de cada
análise não linear foi de cerca de sete horas, enquanto para as análises lineares elásticas este
tempo foi inferior a três minutos.

Os momentos fletores para cada seção do bloco foram calculados em relação à metade da
altura do mesmo e obtido a partir do somatório do produto entre as forças nodais na direção
perpendicular à seção analisada e a distância dos nós em relação ao eixo considerado (metade
da altura do bloco), conforme ilustra a Figura 3.12.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
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Figura 3.12 – Metodologia utilizada para calcular os momentos fletores nas análises numéricas

A partir do bloco sobre 25 estacas analisado por Campos (2011), foram realizadas as análises
numéricas apresentadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Análises numéricas realizadas

Análise Solo Concreto Armadura Observação


Linear Linear Armadura não
LE -
Elástico Elástico modelada
Linear Armadura não
SNL Não Linear -
Elástico modelada
Redução do Módulo de
Linear Linear Armadura não
LE-EC20 Elasticidade do
Elástico Elástico modelada
concreto para 20 GPa
Redução do Módulo de
Linear Linear Armadura não
LE-EC15 Elasticidade do
Elástico Elástico modelada
concreto para 15 GPa
Não Linear, com
Fck do Concreto igual
SCNL-AC Não Linear Não Linear distribuição uniforme
a 25 MPa
no bloco
Não Linear, com
Redução do Fck do
SCNL-CD Não Linear Não Linear distribuição uniforme
Concreto para 15 MPa
no bloco
Não Linear, com Redução da taxa de
SCNL-AD Não Linear Não Linear distribuição uniforme armadura de flexão do
no bloco bloco
Não Linear,
Fck do Concreto igual
SCNL-AO Não Linear Não Linear distribuição não-
a 25 MPa
uniforme no bloco
T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 63

Para a análise linear elástica, denominada LE, considerou-se os seguintes parâmetros:

• Carga aplicada ao pilar: 12.500 kN;

• Módulo de Elasticidade do concreto do bloco e das estacas: 28 GPa;

• Coeficiente de Poisson do concreto do bloco e das estacas: 0,2;

• Módulo de Elasticidade do solo: 50 MPa;

• Coeficiente de Poisson do solo: 0,3.

Foram realizadas comparações entre a análise LE, um caso em que foi incorporado o
comportamento elastoplástico para o solo segundo o critério de ruptura de Mohr-Coulomb
(análise SNL) e mais dois casos em que se considerou a perda de rigidez do concreto,
reduzindo-se seu módulo de elasticidade para 20 GPa (análise LE-EC20) e em seguida para
15 GPa (análise LE-EC15), com a finalidade de representar os danos sofridos pelo concreto
quando submetido a elevados níveis de carregamento. Estas comparações tiveram os objetivos
de representar de forma mais precisa o desempenho do sistema de fundação e verificar a
relevância de se considerar isoladamente cada um destes comportamentos para o
dimensionamento estrutural de radiers estaqueados.

Na análise denominada SNL, as propriedades do concreto do bloco e das estacas


permaneceram semelhantes às da análise LE. Ao solo foi atribuído o critério de ruptura de
Mohr-Coulomb, com parâmetros de resistência hipotéticos, apresentado a seguir:

• Coesão: 16 kPa;

• Ângulo de atrito: 20º;

• Ângulo de dilatância: 5º.

A Figura 3.13 apresenta a curva carga x recalque proveniente de uma análise não linear
realizada no DIANA com 20 passos de carga, cada um com 50 kN, para uma estaca isolada,
com dimensões e propriedades semelhantes às das estacas do bloco apresentado na Figura 3.8.
Os critérios de convergência, as condições de contorno e os domínios horizontais e vertical
considerados na modelagem também foram os mesmos adotados para a modelagem do bloco.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 64

Figura 3.13 – Curva carga x recalque para estaca isolada imersa em solo com os parâmetros considerados na
análise SNL

Nas análises LE-EC20 e LE-EC15, as propriedades de todos os materiais foram consideradas


lineares e elásticas, semelhante à análise LE, alterando apenas o módulo de elasticidade do
concreto para 20 e 15 GPa, respectivamente, procurando representar a perda de rigidez do
concreto quando submetido ao carregamento aplicado.

Uma segunda comparação foi realizada no sentido de se verificar, através de análises não
lineares, os efeitos no comportamento do radier estaqueado analisado ao se reduzir a
resistência característica do concreto à compressão ou a armadura de flexão do bloco. Foram
comparadas três análises: SCNL-AC, SCNL-CD e SCNL-AD.

Na análise denominada SCNL-AC, foram introduzidas nas duas direções armaduras de flexão
na face inferior do bloco, dimensionadas de acordo com o método analítico simplificado
descrito no item 3.1. As Figuras 3.14 e 3.15 ilustram, respectivamente, o posicionamento das
barras de armadura no bloco e a distribuição das mesmas vista em planta na quarta parte do
bloco, conforme modelagem realizada.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 65

Figura 3.14 – Posicionamento da armadura no bloco na análise SCNL-AC

Figura 3.15 – Distribuição da armadura vista em planta na análise SCNL-AC

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 66

Para o concreto armado, na análise SCNL-AC foram utilizados princípios da mecânica da


fratura, modelos constitutivos não lineares de Von Mises e modelos de fissuração que
prevêem o comportamento completo das curvas tensão-deformação, conforme utilizado por
Sakai (2010), considerando para o concreto a resistência característica à compressão (fck) de
25 MPa. Nesta análise foram atribuídos parâmetros não lineares também ao solo, utilizando os
mesmos parâmetros da análise SNL.

A partir das considerações feitas por Sakai (2010) em suas análises, os parâmetros não
lineares considerados para o concreto na análise SCNL-AC no DIANA foram:

• Modelo de deformação total (variável TOTCRK): FIXED - Fissuras fixas ortogonais


(Total Strain Fixed Crack Model – FIXED);

• Função de abrandamento das tensões de tração (TENCRV): HORDYK - Curva de


Hordijk, na qual o comportamento tensão-deformação do concreto à tração é considerado
linear até atingir o valor limite e a partir deste ponto a resistência diminui de forma não linear,
conforme apresentado na Figura 3.16;

Figura 3.16 – Função de abrandamento de tensões de Hordijk (modificado de SAKAI, 2010)

• Resistência característica do concreto à tração (TENSTR): 2,565 MPa, calculada de


acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2003);

• Energia de fraturamento à tração (GF1): 0,057 N.mm/mm²;

• Função de comportamento à compressão (COMCRV): PARABO - função que


representa o comportamento do concreto à compressão por uma parábola, conforme
apresentado na Figura 3.17;

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 67

Figura 3.17 – Função de comportamento do concreto à compressão - parabólica (modificado de SAKAI, 2010)

• Resistência característica à compressão (COMSTR): 25 MPa;

• Energia de fraturamento à compressão (GC): 5,44 N.mm/mm²;

• Fator de retenção ao cisalhamento (BETA): 0,001;

Para a armadura foram considerados os seguintes parâmetros no DIANA:

• Módulo de Elasticidade do aço: 210 GPa;

• Coeficiente de Poisson do aço: 0,3;

• Critério de escoamento (YIELD): VMISES - modelos constitutivos de Von Mises;

• Tensão de escoamento do aço (YLDVAL): 500 MPa;

Na análise SCNL-CD, foram mantidos os mesmos parâmetros da análise SCNL-AC, com


exceção das resistências características do concreto à compressão e à tração, reduzidas
respectivamente para 15 e 1,825 MPa, tendo esta sido calculada de acordo com a NBR 6118
(ABNT, 2003). A finalidade de se alterar tais propriedades foi a de simular as alterações no
desempenho do radier estaqueado analisado devido a uma deficiência na resistência mecânica
do concreto.

De forma análoga, a análise SCNL-AD simula o dimensionamento insuficiente da armadura


de flexão do bloco, alterando o diâmetro das barras de aço de 25 para 20 milímetros e
mantendo a quantidade e o espaçamento das mesmas, conforme apresentado nas Figuras 3.14
e 3.15. Nesta análise, os parâmetros considerados para os materiais constituintes do sistema
de fundação foram os mesmos utilizados na análise SCNL-AC.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 68

Uma terceira comparação foi realizada entre a análise SCNL-AC, na qual a distribuição da
armadura segue o mesmo espaçamento em toda a largura do bloco, e a análise denominada
SCNL-AO, na qual algumas barras são dispostas com menor espaçamento na região central
do bloco e uma quantidade menor de barras mais distantes umas das outras são distribuídas na
periferia do mesmo, mantendo-se inalterada a área de aço dimensionada para a análise
anterior, bem como o espaçamento da armadura em relação à base do bloco. A Figura 3.18
apresenta a distribuição da armadura da análise SCNL-AO vista em planta na quarta parte do
bloco, conforme modelagem realizada.

Figura 3.18 – Distribuição da armadura vista em planta na análise SCNL-AO

Esta comparação tem o objetivo de mostrar a tendência do comportamento do sistema de


fundação ao se utilizar uma forma mais coerente de distribuição de armadura de flexão ao
longo da largura do bloco, de acordo com o diagrama de momento fletor deste elemento,
apresentando as implicações desta distribuição heterogênea de armadura no diagrama de

T. A. DOEHLER Capítulo 3
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 69

momento fletor interno do bloco, na distribuição de cargas entre as estacas e nos recalques
totais e diferenciais observados para o sistema de fundação.

T. A. DOEHLER Capítulo 3
CAPÍTULO 4
ANÁLISES E RESULTADOS

Neste capítulo são apresentadas as análises numéricas realizadas, juntamente com seus
respectivos resultados em termos de distribuição de cargas entre estacas, tensões no concreto
e nas armaduras do bloco, recalques, momentos fletores internos no bloco, tensões,
deformações e deslocamentos no maciço de solo.

De acordo com os resultados de cada análise, foi realizada a comparação entre os diagramas
de momentos fletores obtidos na modelagem numérica com o valor obtido a partir do método
analítico simplificado, através do qual muitos projetos estruturais de blocos sobre estacas são
dimensionados atualmente.

4.1 MÉTODO ANALÍTICO SIMPLIFICADO

O caso hipotético analisado neste trabalho, conforme destacado no item 3.4, corresponde a um
bloco sobre 25 estacas, com seção transversal quadrada, distribuídas uniformemente no bloco,
camada de solo subjacente homogênea e pilar com seção transversal quadrada localizado no
centro do bloco.

Por meio do cálculo como viga ou laje de concreto armado, método analítico simplificado
adotado neste trabalho, considera-se que todas as estacas suportam o mesmo carregamento, ou
seja, 500 kN para o caso analisado. O momento fletor interno do bloco, dado para toda a sua
largura e calculado a partir do procedimento descrito no item 3.1, é de 8098,75 kN.m. A partir
deste valor, foi realizado o dimensionamento da armadura de flexão do bloco, uniformemente
distribuída ao longo do mesmo, conforme apresentado na Figura 3.13.

Para efeito de comparação com os resultados das análises numéricas, a grandeza considerada
foi o momento por metro linear, obtido a partir da divisão do momento fletor pela largura do
bloco, encontrando-se para o bloco analisado o valor de 1383,93 kN.m/m.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 71

4.2 ANÁLISE LINEAR ELÁSTICA (LE)

Foi realizada inicialmente a análise denominada LE, na qual as propriedades de todos os


materiais foram consideradas lineares e elásticas. Esta análise foi utilizada como padrão para
a comparação com o método analítico simplificado de dimensionamento de blocos sobre
estacas e com as demais análises numéricas.

Para comparação entre as análises, as estacas foram denominadas de acordo com a Figura 4.1.

Figura 4.1 - Denominação das estacas do bloco analisado

Nesta análise, o contato do bloco com o solo foi responsável por suportar 939,24 kN, ou seja,
7,51% do carregamento total aplicado ao bloco. A estaca mais carregada, com 721,65 kN,
corresponde à de número 3, localizada no canto do bloco. A menor carga encontrada foi de
302,93 kN, correspondente à estaca 5. A Figura 4.2 apresenta os valores encontrados para as
cargas nas estacas.

Apenas para efeito de visualização da distribuição de cargas entre as estacas, a Figura 4.3
apresenta dentro de uma escala a quantidade de carga suportada por cada um destes elementos
de fundação.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 72

Figura 4.2 - Cargas nas estacas obtidas na análise LE

Figura 4.3 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE

Ao se considerar a rigidez do radier, bem como o contato entre este e o solo subjacente, as
estacas localizadas na periferia do bloco tendem a concentrar maiores cargas, enquanto as
centrais recebem menor quantidade de carga, conforme destacado por diversos outros autores
para análises lineares elásticas. Caso o bloco fosse perfeitamente flexível, o esperado seria
que todas das estacas recebessem a mesma carga e que os recalques fossem maiores no centro
do radier e menores em suas bordas. Caso o radier fosse perfeitamente rígido, o esperado seria

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 73

que o mesmo se deformasse muito pouco, proporcionando recalques iguais para todas as
estacas e, consequentemente, as cargas seriam diferentes. Devido à rigidez do radier
analisado, classificado como semirrígido, observou-se um comportamento intermediário, no
qual a borda do bloco sofreu um recalque maior do que seria esperado na borda de um bloco
flexível. Consequentemente, as estacas da periferia receberam maior quantidade de carga que
as centrais, fazendo com que as primeiras sofressem maiores recalques do que sofreriam caso
o bloco fosse flexível.

A partir do pós-processador utilizado neste trabalho foi gerado o diagrama que apresenta a
distribuição de tensões no bloco, apresentado na Figura 4.4.

Figura 4.4 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE (unidades em MPa)

Nas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7 são apresentadas, respectivamente, a distribuição de tensões, de
deformações e de deslocamentos no maciço de solo, a partir das quais é possível observar que
os domínios vertical e horizontais considerados foram satisfatórios para a análise de tensões,
deformações e deslocamentos no maciço de solo.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 74

Figura 4.5 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE (unidades em
MPa)

Figura 4.6 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 75

Figura 4.7 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE (unidades em mm)

O recalque máximo observado na análise LE foi de 13,56 mm, no centro do bloco, abaixo do
eixo do pilar. O recalque diferencial máximo encontrado para o bloco foi de 1,33 mm. A
Figura 4.8 apresenta as seções em que foram traçadas as curvas de recalque: estacas 1-4-6-4-1
(seção 1), 2-5-4-5-2 (seção 2), 3-2-1-2-3 (seção 3) e 3-5-6-5-3 (seção 4).

Figura 4.8 – Seções em que foram traçadas as curvas de recalque

T. A. DOEHLER Capítulo 4
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A Figura 4.9 apresenta a variação de recalque ao longo do bloco em cada uma destas seções.

Figura 4.9 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE

Na análise LE e nas demais análises numéricas realizadas, os momentos internos foram


calculados em três diferentes seções do bloco conforme mostra na Figura 4.10. Na Figura 4.11
são apresentados os diagramas de momento fletor obtidos na análise LE para cada uma destas
seções em comparação com o valor encontrado pelo método analítico simplificado.

Figura 4.10 - Seções do bloco em que foram traçados os diagramas de momento fletor

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D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 77

Figura 4.11 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pela análise LE

Através dos diagramas fica clara a variação dos momentos ao longo da largura do bloco,
sobretudo em relação à seção AA, o que não é considerado pelo método analítico
simplificado. Nesta seção, observou-se um pico de momento na região central do bloco, que
ultrapassa em mais de 100% o valor calculado pelo método simplificado, atingindo 2792,66
kN.m/m. Esta discrepância deixa claro que os métodos simplificados de cálculo podem não
ser adequados para o dimensionamento de grandes blocos sobre estacas, enfatizando a
necessidade de se realizar análises mais precisas com o uso de ferramentas numéricas.

4.3 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO


(SNL)

Na análise SNL foi atribuído ao solo o critério de ruptura de Mohr-Coulomb, com parâmetros
de resistência hipotéticos apresentados no item 3.4. As propriedades do concreto do sistema
de fundação foram consideradas de maneira semelhante ao descrito na análise LE.

As Figuras 4.12 e 4.13 apresentam os valores encontrados para as cargas nas estacas nas
análises LE e SNL e a visualização da distribuição destes carregamentos no sistema de
fundação, respectivamente. Na análise SNL observou-se um acréscimo da contribuição do

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 78

contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de carga do sistema de fundação, sendo
este responsável por suportar 1284,59 kN, ou seja, 10,28% do carregamento total aplicado ao
bloco. A estaca com maior carga novamente foi a de número 3, no canto do bloco, embora
tenha sido observada uma redução de 21,14% em relação à análise LE, para 569,07 kN. A
estaca menos carregada foi novamente a de número 5, suportando 383,51 kN, 26,60% mais
carga que o observado na análise LE.

Figura 4.12 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE e SNL

Figura 4.13 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SNL

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 79

Na análise SNL, o comportamento elastoplástico do solo proporcionou maior deformabilidade


a este material quando submetido ao carregamento aplicado, fazendo com que o bloco tivesse
maior contribuição na capacidade de carga do sistema de fundação e a distribuição de cargas
nas estacas fosse mais uniforme, aproximando-se do valor médio por estaca considerado no
dimensionamento pelo método analítico simplificado, de 500 kN.

Com a consideração do comportamento linear elástico para o concreto nesta análise, foi
observada uma distribuição de tensões no bloco semelhante à da análise LE, com tensão
máxima de compressão da ordem de 17 MPa, conforme apresenta a Figura 4.14.

Figura 4.14 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SNL (unidades em MPa)

A partir da distribuição de tensões no maciço de solo, apresentada na Figura 4.15, pode-se


verificar a formação de bulbos de pressão maiores que aqueles observados para a análise LE,
atingindo valores mais elevados ao longo dos fustes das estacas e nas camadas abaixo das
mesmas.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 80

Figura 4.15 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL (unidades em
MPa)

Ao contrário do que se verificou para as tensões, a distribuição de deformações no maciço de


solo se dá em uma região menor que a observada na análise LE. É possível observar também
que as maiores deformações ocorrem ao longo dos fustes das estacas, indicando a ocorrência
de deformações plásticas nessas regiões, conforme apresentado na Figura 4.16. Analisando-se
os deslocamentos no maciço de solo, apresentados na Figura 4.17, verificou-se que, com a
consideração do comportamento não linear do solo, os recalques observados para o sistema de
fundação foram muito superiores àqueles identificados na análise LE. Verificou-se ainda que
os maiores deslocamentos ficaram restritos a uma região muito próxima do radier e das
estacas, distante dos limites dos domínios horizontais e vertical considerados.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
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Figura 4.16 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL

Figura 4.17 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SNL (unidades em mm)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 82

O recalque máximo observado na análise SNL foi de 33,15 mm, no mesmo ponto em que foi
encontrado o maior valor da análise anterior. O recalque diferencial máximo identificado para
o bloco foi de 1,24 mm, levemente inferior ao verificado na análise LE. A Figura 4.18
apresenta a variação de recalque ao longo da largura do bloco em quatro seções, semelhantes
àquelas identificadas no item 4.2. A Figura 4.19 apresenta a variação de recalque na seção 4
na análise SNL em relação à mesma seção na análise LE.

Figura 4.18 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SNL

Figura 4.19 - Recalques observados na seção 4 do bloco na análise SNL em relação à análise LE

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D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 83

O aumento da parcela de carga suportada pelo contato entre o bloco e o solo, juntamente com
a redução das cargas nas estacas localizadas na periferia do bloco contribuíram, dentre outros
fatores, para a redução do momento fletor nas seções analisadas do bloco quando comparados
aos valores encontrados na análise LE, conforme mostra a Figura 4.20.

Figura 4.20 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises LE e
SNL

Analisando-se os diagramas é possível perceber que, ao se considerar o comportamento


elastoplástico do solo, o momento fletor no bloco sofreu leve redução em todas as seções
analisadas. Entretanto, por o concreto possuir uma rigidez muito superior à do solo
subjacente, a tendência do traçado do diagrama não foi alterada e o momento fletor máximo
continuou ainda muito acima do valor considerado no dimensionamento segundo o método
analítico simplificado.

Para o caso apresentado, verificou-se que o comportamento não linear do solo, apesar de
proporcionar um aumento do recalque absoluto do sistema de fundação, proporcionou
algumas melhorias no desempenho do mesmo quando comparado à análise LE, provocando
uma distribuição mais uniforme de cargas entre as estacas, aumentando a contribuição do
contato do solo com o bloco na capacidade de carga do sistema de fundação e reduzindo o
recalque diferencial máximo e os momentos fletores internos nas seções analisadas.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 84

4.4 ANÁLISES COM PERDA DE RIGIDEZ DO CONCRETO (LE-


EC20 e LE-EC15)

Com a finalidade de se verificar as consequências da perda de rigidez do concreto do sistema


de fundação, foram realizadas comparações entre a análise LE e dois novos casos em que se
considerou a perda de rigidez deste material, reduzindo-se o seu módulo de elasticidade para
20 GPa (na análise LE-EC20) e para 15 GPa (na análise LE-EC15), representando assim
possíveis danos sofridos por este material no nível de carregamento do problema analisado.
Assim como na análise LE, as propriedades do solo foram consideradas lineares e elásticas.

Nas análises realizadas observou-se a tendência de aumento da contribuição do contato do


bloco com o solo subjacente na capacidade de carga do sistema de fundação ao se diminuir a
rigidez do concreto. Na análise LE, esta contribuição foi de 7,51%, enquanto a porcentagem
observada nos casos LE-EC20 e LE-EC15 foi de 8,18% e 8,96%, respectivamente.

Foi observada, também, a tendência de distribuição mais uniforme de cargas entre as estacas
na medida em que o concreto do sistema de fundação torna-se menos rígido. A razão entre as
cargas das estacas mais e menos carregadas diminuiu de 2,38 na análise LE para 1,89 no caso
LE-EC20 e para 1,55 na análise LE-EC15. A Figura 4.21 apresenta os valores encontrados
para as cargas nas estacas em cada análise.

Figura 4.21 - Cargas nas estacas obtidas nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 85

As Figuras 4.22 e 4.23 apresentam, apenas com caráter ilustrativo, a distribuição de cargas
nas estacas nas análises LE-EC20 e LE-EC15, respectivamente.

Figura 4.22 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC20

Figura 4.23 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise LE-EC15

Com a diminuição do módulo de elasticidade do concreto não foram observadas alterações


significativas na distribuição de tensões no bloco, que se manteve semelhante à da análise LE,
conforme apresentam as Figuras 4.24 e 4.25.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
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Figura 4.24 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-EC20 (unidades em MPa)

Figura 4.25 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise LE-EC15 (unidades em MPa)

Da mesma forma, verificou-se que o comportamento do maciço de solo praticamente não se


alterou em relação à análise LE, tanto em termos de tensões quanto em termos de
deformações, conforme apresentam as Figuras 4.26 a 4.29. Em relação aos deslocamentos,
foram verificados comportamentos semelhantes para as três análises lineares elásticas, porém
com valores maiores para os blocos com menor módulo de elasticidade, conforme apresentam
as Figuras 4.30 e 4.31.

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Figura 4.26 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20 (unidades
em MPa)

Figura 4.27 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15 (unidades
em MPa)

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Figura 4.28 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20

Figura 4.29 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15

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Figura 4.30 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC20 (unidades em
mm)

Figura 4.31 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise LE-EC15 (unidades em
mm)

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O recalque máximo observado na análise LE-EC20 foi de 14,08 mm, enquanto na análise LE-
EC15 foi de 14,64 mm, ambos superiores ao valor do caso LE. O recalque diferencial máximo
identificado para o bloco foi de 1,76 mm e 2,22 mm, respectivamente para os casos LE-EC20
e LE-EC15, também maiores que os valores encontrados na análise LE. As Figuras 4.32 e
4.33 mostram as curvas de recalque para as seções do bloco definidas nas análises anteriores.

Figura 4.32 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC20

Figura 4.33 - Recalques observados nas seções do bloco na análise LE-EC15

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A Figura 4.34 apresenta os recalques observados na Seção 4 para as análises lineares elásticas
LE, LE-EC20 e LE-EC15, nas quais o concreto possui módulos de elasticidade iguais a 28, 20
e 15 GPa, respectivamente.

Figura 4.34 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises LE, LE-EC20 e LE-EC15

A partir dos recalques observados nas análises LE-EC20 e LE-EC15 é possível afirmar que,
para o caso analisado, a perda de rigidez do concreto do sistema de fundação quando
submetido a elevados níveis de carregamento é responsável por proporcionar acréscimos de
recalque ao bloco, tanto em termos de recalque total máximo quanto de recalque diferencial.

Assim como na análise SNL, observou-se que o aumento da parcela de carga suportada pelo
contato entre o bloco e o solo, juntamente com a redução das cargas nas estacas localizadas na
periferia do bloco contribuíram, dentre outros fatores, para a redução do momento fletor nas
seções analisadas do bloco em relação aos valores encontrados na análise LE, conforme
apresentado na Figura 4.35.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 92

Figura 4.35 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises LE,
LE-EC20 e LE-EC15

Analisando-se os diagramas pode-se perceber que, na medida em que o concreto do bloco


perde rigidez, os esforços internos são redistribuídos de tal forma que proporcionam a redução
dos momentos fletores em todas as seções analisadas. Entretanto, vale ressaltar que a redução
observada é relativamente pequena, sendo que o valor do momento máximo permanece muito
superior ao considerado no dimensionamento segundo o método analítico simplificado e não
alterando a tendência do traçado do diagrama.

De uma forma geral, observou-se que o fato de se considerar a perda de qualidade do


concreto, representado pela perda de rigidez do material nas análises LE-EC20 e LE-EC15,
proporciona efeitos semelhantes aos observados na análise SNL, provocando uma distribuição
mais uniforme de cargas entre as estacas, aumentando a contribuição do contato do solo com
o bloco na capacidade de carga do sistema de fundação e reduzindo os momentos fletores
internos nas seções analisadas.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 93

4.5 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO E


DO CONCRETO COM ARMADURA CONVENCIONAL (SCNL-AC)

Com o objetivo de se comparar os efeitos do comportamento não linear dos materiais


constituintes do sistema de fundação (solo, concreto e aço das armaduras) no desempenho do
radier estaqueado analisado, foi realizada a análise SCNL-AC. Nesta análise foram
considerados para o solo os mesmos parâmetros não lineares considerados na análise SNL.
Conforme descrito no item 3.4, para o concreto armado foram utilizados princípios da
mecânica da fratura, modelos constitutivos não lineares de Von Mises e modelos de
fissuração que preveem o comportamento completo das curvas tensão-deformação, conforme
utilizado por Sakai (2010) em análises numéricas de blocos sobre estacas realizadas com o
DIANA, considerando a resistência característica à compressão do concreto igual a 25 MPa.

A armadura de flexão do bloco foi dimensionada de acordo com o método analítico


simplificado e distribuída uniformemente ao longo de toda a largura do mesmo, conforme
apresentado anteriormente na Figura 3.15.

Nesta análise, o contato do bloco com o solo foi responsável por suportar 133,14 kN, ou seja,
1,07% do carregamento total aplicado ao bloco. Ao contrário do observado nas análises
anteriores, a estaca mais carregada está localizada no centro do bloco (número 6), suportando
571,00 kN. A menor carga encontrada foi de 449,09 kN, correspondente à estaca 2. As
Figuras 4.36 e 4.37 apresentam respectivamente os valores encontrados para as cargas nas
estacas (comparação entre as análises SNL e SCNL-AC) e a visualização da distribuição
destas cargas nas estacas do bloco obtida na análise SCNL-AC.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 94

Figura 4.36 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SNL e SCNL-AC

Figura 4.37 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AC

Ao contrário do que foi observado na análise SNL, neste caso foi observada uma maior
transferência de carga para as estacas centrais, aliviando as estacas da periferia do bloco. Esta
mudança na distribuição das cargas entre as estacas se deve ao comportamento não linear do
concreto do bloco, cuja tensão máxima foi 31% superior à observada na análise anterior,
chegando próximo da sua resistência característica à compressão, conforme apresenta a
Figura 4.38.
T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 95

Figura 4.38 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AC (unidades em
MPa)

Com a aplicação do carregamento no bloco, observou-se a formação de algumas fissuras na


região central do mesmo, contribuindo para o aumento da deformabilidade do concreto nesta
região, provocando a migração de carga para as estacas centrais. A Figura 4.39 apresenta o
panorama de fissuração com os valores máximos de abertura das fissuras no concreto do
bloco para a análise SCNL-AC.

Figura 4.39 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AC (unidades em mm)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 96

A partir da distribuição de tensões no maciço de solo, apresentada na Figura 4.40, pode-se


verificar que os maiores níveis de tensão são observados abaixo da base das estacas. Este
comportamento indica a ocorrência de plastificação do solo em alguns pontos ao longo dos
fustes das estacas, que são do tipo flutuante, levando-as a transferir uma maior quantidade de
carga ao solo por meio de suas bases.

Figura 4.40 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC
(unidades em MPa)

A partir da análise das deformações no maciço de solo, apresentada na Figura 4.41, é possível
observar que as maiores deformações ocorrem ao longo dos fustes das estacas, indicando a
ocorrência de deformações plásticas nessas regiões. Na Figura 4.42 são apresentados os
deslocamentos no maciço de solo, a partir da qual é possível observar que os domínios
vertical e horizontais considerados foram satisfatórios para a análise de tensões, deformações
e deslocamentos no maciço de solo.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 97

Figura 4.41 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC

Figura 4.42 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AC (unidades em
mm)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 98

O recalque máximo observado na análise SCNL-AC foi de 34,81 mm, enquanto o recalque
diferencial máximo foi de 2,76 mm. A Figura 4.43 apresenta a variação de recalque ao longo
da largura do bloco nas seções identificadas nas análises anteriores.

Figura 4.43 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AC

A Figura 4.44 apresenta os recalques observados na seção 4 nas análises SNL e SCNL-AC.

Figura 4.44 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SNL e SCNL-AC

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 99

Analisando-se a distribuição das tensões nas barras de armadura do bloco, apresentada na


Figura 4.45, observou-se o atingimento da tensão de escoamento do aço em um elemento
localizado próximo ao centro do bloco, região em que há maior deformação e fissuração do
concreto.

Figura 4.45 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AC (unidades em MPa)

Na Figura 4.46 são apresentados os diagramas de momento fletor obtidos para a análise
SCNL-AC para cada uma das seções definidas no item 4.20 em comparação com os
diagramas encontrados para a análise SNL e também com o valor obtido pelo método
analítico simplificado.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 100

Figura 4.46 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises SNL e
SCNL-AC

Observando-se o diagrama de momento fletor obtido pela análise SCNL-AC, pode-se


observar a redução do pico de momento fletor em relação à análise SNL, sobretudo na seção
AA, ocasionada pela consideração do comportamento não linear do concreto armado. Este
comportamento foi responsável também pela alteração na tendência de distribuição de cargas
nas estacas, concentrando maior quantidade de carga nas estacas centrais do bloco e aliviando
as periféricas.

4.6 ANÁLISE NÃO LINEAR CONSIDERANDO O CONCRETO COM


BAIXA RESISTÊNCIA (SCNL-CD)

Na análise SCNL-CD foram consideradas para o solo as mesmas propriedades utilizadas nas
análises SNL e SCNL-AC. Em relação aos parâmetros não lineares do concreto considerados
na análise anterior, foram alteradas apenas as resistências características à compressão e à
tração, reduzidas para 15 e 1,825 MPa, respectivamente, com a finalidade de simular as

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 101

alterações no desempenho do sistema de fundação devido a uma deficiência na resistência


mecânica do concreto. As propriedades, a quantidade e o posicionamento da armadura no
bloco foram mantidos em relação à análise anterior.

Neste caso, observou-se que o contato do bloco com o solo subjacente foi responsável por
suportar 1972,87 kN, ou seja, 15,78% do carregamento total aplicado ao bloco. A estaca na
qual se observou maior quantidade de carga foi a de número 6, no centro do bloco, com
660,12 kN, enquanto a menos carregada foi a de número 2, suportando 353,39 kN. A Figura
4.47 apresenta os valores encontrados para as cargas nas estacas na análise SCNL-CD, em
relação aos valores obtidos na análise SCNL-AC.

Figura 4.47 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-CD

Na análise SCNL-CD, assim como nas análises LE-EC20 e LE-EC15, observou-se a


tendência de aumento da contribuição do contato do bloco com o solo subjacente na
capacidade de carga do sistema de fundação ao se diminuir a rigidez do concreto. Foi
observada também a tendência de redução nas cargas das estacas mais afastadas do centro do
bloco (números 1, 2 e 3) ao se reduzir as resistências características à compressão e à tração
do concreto do sistema de fundação. A Figura 4.48 apresenta, apenas com caráter ilustrativo,
a distribuição de cargas entre as estacas na análise SCNL-CD.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 102

Figura 4.48 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-CD

Seguindo a tendência observada na análise SCNL-AC, neste caso foi observado um maior
alívio de carga nas estacas periféricas, aumentando a quantidade de carga suportada pela
estaca central. Conforme destacado anteriormente, isto se deve ao comportamento não linear
do concreto do bloco, que na região próxima ao pilar atinge o valor limite da sua resistência à
compressão, conforme apresenta a Figura 4.49.

Figura 4.49 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em
MPa)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 103

Da mesma maneira verificada na análise anterior, neste caso foi observada a formação de
algumas fissuras na parte central do bloco. Entretanto, devido à redistribuição de tensões no
bloco, a ordem de grandeza da abertura de fissuras na parte inferior do mesmo foi semelhante
à da análise SCNL-AC, apesar da redução da resistência característica do concreto. A Figura
4.50 apresenta o panorama de fissuração com os valores máximos de abertura das fissuras no
concreto do bloco para a análise SCNL-CD.

Figura 4.50 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
CD (unidades em mm)

As distribuições de tensões, deformações e deslocamentos no maciço de solo da análise


SCNL-CD, apresentadas respectivamente nas Figuras 4.51, 4.52 e 4.53, foram semelhantes às
da análise anterior, na qual se verificou os maiores níveis de tensão abaixo da base das
estacas, indicando a ocorrência de deformações plásticas do solo em alguns pontos ao longo
dos fustes das estacas.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 104

Figura 4.51 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD
(unidades em MPa)

Figura 4.52 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 105

Figura 4.53 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-CD (unidades em
mm)

Em termos de recalques, o valor máximo observado na análise SCNL-CD foi de 35,72 mm,
valor levemente superior ao identificado na análise anterior. O recalque diferencial máximo
identificado para o bloco, entretanto, foi de 4,14 mm, valor que supera em quase 50% o valor
observado na análise SCNL-AC. As Figuras 4.54 e 4.55 apresentam, respectivamente, a
variação de recalque ao longo da largura do bloco nas seções descritas nas análises anteriores
e a comparação entre os recalques observados na seção 4 para as análises SCNL-AC e SCNL-
CD.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
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Figura 4.54 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-CD

Figura 4.55 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-CD

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 107

A partir da distribuição das tensões nas barras de armadura do bloco, apresentada na Figura
4.56, foram observados alguns pontos com valores elevados, da ordem de 460 MPa, embora
não tenha sido atingida a tensão de escoamento do aço.

Figura 4.56 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em MPa)

O considerável acréscimo da parcela de carga suportada pelo contato entre o bloco e o solo
subjacente, juntamente com a redistribuição de esforços internos no bloco e a redução das
cargas nas estacas localizadas nas bordas do mesmo, foram responsáveis, dentre outros
fatores, pela redução do momento fletor nas seções analisadas quando comparados aos valores
encontrados na análise SCNL-AC, conforme apresenta a Figura 4.57.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 108

Figura 4.57 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-CD

Analisando-se os diagramas é possível perceber que, ao se considerar o concreto do sistema


de fundação com menor resistência, mantendo-se os demais parâmetros, o momento fletor no
bloco sofreu considerável redução nas seções analisadas. Na seção AA, embora a tendência
do traçado do diagrama não tenha sido alterada, em grande parte da largura do bloco os
momentos fletores permaneceram abaixo do valor encontrado pelo método analítico
simplificado. Entretanto, apesar da redução de 21% do momento fletor no centro desta seção
em relação à análise SCNL-AC, o valor máximo do diagrama ainda excede em 26% o valor
obtido pelo método analítico simplificado, indicando a necessidade de reforço de armação na
parte central do bloco analisado.

Para o caso apresentado, verificou-se a importância de se levar em consideração o


comportamento não linear de todos os materiais constituintes do sistema de fundação em
análises numéricas. Foi verificado que, com a redução da resistência característica do
concreto, ocorreu uma redistribuição de esforços internos no bloco, que resultou em algumas
mudanças no comportamento do sistema de fundação quando comparado à análise SCNL-AC,
provocando o aumento da contribuição do contato do solo com o bloco na capacidade de
carga do sistema de fundação, reduzindo os momentos fletores internos nas seções analisadas,
tornando a distribuição de cargas nas estacas menos uniforme, provocando a migração de

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 109

cargas das estacas das bordas para as centrais e provocando um aumento nos valores dos
recalques total máximo e diferencial em relação à análise anterior.

4.7 ANÁLISE NÃO LINEAR CONSIDERANDO O


DIMENSIONAMENTO INSUFICIENTE DA ARMADURA (SCNL-AD)

Na análise SCNL-AD foram considerados os mesmos parâmetros não lineares para o solo, o
concreto e a armadura do sistema de fundação utilizados na análise SCNL-AC, alterando
apenas a seção transversal das barras de aço da armadura de flexão, cujos diâmetros foram
considerados iguais a 25 milímetros no caso anterior e iguais a 20 milímetros nesta análise.

Neste caso, o contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de carga do sistema de
fundação foi responsável por suportar 36,19 kN, ou seja, menos de 1% do carregamento total
aplicado ao bloco. Foi identificado um considerável acréscimo de carga nas estacas 4 e 6,
sendo observadas nas mesmas cargas superiores 950 kN. A estaca na qual se observou maior
carga foi a de número 6, com 990,54 kN, enquanto a menos carregada foi a de número 2,
suportando 360,15 kN. As Figuras 4.58 e 4.59 apresentam, respectivamente, os valores
encontrados para as cargas nas estacas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD e a visualização
da distribuição destes carregamentos no sistema de fundação.

Figura 4.58 - Cargas nas estacas obtidas nas análises SCNL-AC e SCNL-AD

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 110

Figura 4.59 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AD

Observando-se a distribuição de cargas entre as estacas do bloco, tornou-se ainda mais


evidente a tendência observada nas análises SCNL-AC e SCNL-CD, na qual há uma
significativa transferência de carga para as estacas centrais, aliviando as periféricas. Neste
caso, este comportamento se deve à redistribuição de tensões no bloco proveniente do
subdimensionamento da sua armadura de flexão. A Figura 4.60 apresenta a distribuição de
tensões no bloco na análise SCNL-AD.

Figura 4.60 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-CD (unidades em
MPa)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
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Em relação à fissuração do bloco, neste caso foi observada a formação de fissuras em


praticamente toda a parte inferior do mesmo, sendo que a ordem de grandeza da abertura das
mesmas foi muito superior à observada nas análises anteriores, chegando a atingir a região
próxima ao pilar com valores elevados. A Figura 4.61 apresenta o panorama de fissuração
com os valores máximos de abertura das fissuras em cada região do bloco para a análise
SCNL-AD.

Figura 4.61 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AD (unidades em mm)

O estado avançado de fissuração do bloco observado na análise SCNL-AD indica que a


estrutura do bloco esteve próxima da ruptura. Somente a título de comprovação, foi realizada
uma nova análise deste caso com um passo adicional de carga (atingindo 110% da carga
aplicada anteriormente). Para este novo carregamento foi observado que, mantendo-se os
mesmos critérios de convergência adotados nas demais análises, o resultado não convergia,
mesmo após centenas de interações.

Ao contrário do que fora observado nas análises anteriores, verificou-se a ocorrência de


deformações plásticas elevadas ao longo dos fustes de todas as estacas do bloco, provocando a
formação de bulbos de pressão maiores que os observados nas demais análises em que se
considerou o comportamento não linear do solo. As Figuras 4.62 e 4.63 apresentam,
respectivamente, a distribuição de tensões e de deformações no maciço de solo da análise
SCNL-AD.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 112

Figura 4.62 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD
(unidades em MPa)

Figura 4.63 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 113

Na Figura 4.64 são apresentados os deslocamentos no maciço de solo. A partir da comparação


destes deslocamentos com aqueles observados nas análises anteriores, é possível observar um
aumento da diferença entre os recalques de cada estaca do bloco, sendo que a central
apresenta o maior deslocamento.

Figura 4.64 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AD (unidades em
mm)

O recalque total máximo observado na análise SCNL-AD foi de 36,47 mm, valor 5% superior
ao identificado na análise SCNL-AC. Em termos de recalque diferencial máximo, o valor
obtido foi de 5,37 mm, superando em quase 95% o valor observado na análise SCNL-AC. As
Figuras 4.65 e 4.66 apresentam a variação de recalque ao longo da largura do bloco na análise
SCNL-AD e a comparação dos valores encontrados na seção 4 na análise SCNL-AC.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 114

Figura 4.65 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AD

Figura 4.66 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-AD

A partir da distribuição das tensões na armadura do bloco, apresentada na Figura 4.67,


observou-se o atingimento da tensão de escoamento em praticamente todas as barras do bloco,
confirmando que a estrutura do mesmo estaria bem próxima da ruptura. É importante ressaltar
que as tensões nas barras não são idênticas nas duas direções devido ao posicionamento

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 115

diferente das mesmas em relação à base do bloco, conforme apresentado anteriormente na


Figura 3.14.

Figura 4.67 - Tensões na armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AD (unidades em MPa)

A redistribuição de tensões internas no bloco, bem como considerável diminuição do


carregamento suportado pelas estacas localizadas na periferia do mesmo, foram responsáveis,
dentre outros fatores, pela redução do momento fletor interno do bloco nas seções analisadas
quando comparados aos valores encontrados na análise SCNL-AC, conforme apresenta a
Figura 4.68.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 116

Figura 4.68 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AD

Analisando-se os diagramas percebe-se que a redução na quantidade de armadura


praticamente não altera a distribuição de momentos fletores interno nas seções BB e CC.
Entretanto, na seção AA, a mais solicitada em termos de momentos fletores, observa-se uma
redistribuição de esforços internos no bloco, amenizando o crescimento do momento no
centro da seção e reduzindo seu valor máximo em 13% quando comparado ao valor
encontrado na análise SCNL-AC. Pode-se observar ainda que, quando comparado à
distribuição de momentos obtida na análise SCNL-AC, o diagrama da seção central indica
uma maior parte do bloco com momentos fletores acima do valor obtido pelo método
analítico simplificado.

Para o caso apresentado, verificou-se mais uma vez a importância de se levar em consideração
o comportamento não linear de todos os materiais constituintes do sistema de fundação em
análises numéricas. Foi verificado que, com a redução da armadura de flexão necessária para
resistir aos momentos fletores internos do bloco, o bloco fica muito próximo da ruptura,
provocando uma redistribuição de esforços no mesmo, que resultou no considerável
acréscimo de carga nas estacas centrais, no aumento dos recalques total máximo e diferencial,
na redução do momento máximo e na suavização do pico de momento fletor na seção central
do bloco, quando comparada à análise SCNL-AC.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 117

4.8 ANÁLISE COM COMPORTAMENTO NÃO LINEAR DO SOLO E


DO CONCRETO COM ARMADURA OTIMIZADA (SCNL-AO)

Na análise SCNL-AO foram considerados os mesmos parâmetros não lineares para o solo, o
concreto e a armadura do sistema de fundação utilizados na análise SCNL-AC, alterando-se
apenas a distribuição da armadura de flexão ao longo da seção transversal do bloco,
concentrando maior quantidade de barras com menor espaçamento na região central do
mesmo e reduzindo a quantidade de armadura nas demais regiões, conforme distribuição
apresentada na Figura 3.18. A quantidade total de armadura de flexão foi considerada a
mesma para os blocos de ambas as análises.

Nesta análise observou-se que o contato do bloco com o solo subjacente na capacidade de
carga do sistema de fundação foi responsável por suportar 142,29 kN, levemente acima do
que foi observado na análise SCNL-AC. A distribuição de cargas nas estacas foi pouco
afetada pela mudança na distribuição da armadura de flexão do bloco, não ocorrendo variação
superior a 2% na carga de nenhuma estaca. A estaca na qual se observou maior carga foi a de
número 6, com 562,03 kN, enquanto a menos carregada foi a estaca 2, suportando 453,92 kN.
As Figuras 4.69 e 4.70 apresentam respectivamente os valores encontrados para as cargas nas
estacas da análise SCNL-AO e a distribuição destas cargas entre as estacas.

Figura 4.69 - Cargas nas estacas obtidas na análise SCNL-AO

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 118

Figura 4.70 - Distribuição de cargas nas estacas obtida na análise SCNL-AO

Da mesma forma que na análise SCNL-AC, neste caso foi observado que a tensão máxima no
bloco é da ordem de 22 MPa, conforme apresenta a Figura 4.71.

Figura 4.71 - Distribuição de tensões na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AO (unidades em
MPa)

Embora a distribuição de tensões no bloco tenha sido semelhante à observada na análise


SCNL-AC, neste caso foi verificada a diminuição da abertura das fissuras na parte inferior do
bloco devido ao reposicionamento da armadura de flexão, conforme apresenta a Figura 4.72.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 119

Figura 4.72 - Panorama de fissuração e abertura de fissuras na quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-
AO (unidades em mm)

Analisando-se a distribuição de tensões, deformações e deslocamentos no maciço de solo,


apesentadas respectivamente nas Figuras 4.73, 4.74 e 4.75, observou-se um comportamento
semelhante ao verificado na análise SCNL-AC, indicando que o reposicionamento da
armadura de flexão do bloco praticamente não teve influência significativa nestes aspectos.

Figura 4.73 - Distribuição de tensões na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO
(unidades em MPa)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 120

Figura 4.74 - Distribuição de deformações na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO

Figura 4.75 - Deslocamentos na quarta parte do maciço de solo modelada na análise SCNL-AO (unidades em
mm)

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 121

O recalque total máximo observado na análise SCNL-AO foi de 34,75 mm, valor levemente
inferior ao identificado na análise SCNL-AC. Em termos de recalque diferencial máximo, o
valor identificado nesta análise foi de 2,67 mm, valor inferior em 4% ao observado na análise
SCNL-AC. A Figura 4.76 apresenta a variação de recalque ao longo da largura do bloco nas
seções descritas nas análises anteriores, enquanto a Figura 4.77 apresenta a comparação entre
os recalques observados na seção 4 nas análises SCNL-AC e SCNL-AO.

Figura 4.76 - Recalques observados nas seções do bloco na análise SCNL-AO

Figura 4.77 - Recalques observados na seção 4 do bloco nas análises SCNL-AC e SCNL-AO

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 122

Com o reposicionamento da armadura de flexão do bloco verificou-se a redução significativa


da tensão máxima de tração nas barras, da ordem de 20%, não atingindo valores superiores a
400 MPa, valor este ainda distante da tensão de escoamento do aço das armaduras, conforme
apresentado na Figura 4.78. Desta forma, observou-se que o reposicionamento da armadura de
flexão do bloco de acordo com o diagrama de momento fletor da seção mais solicitada
proporcionou um aumento do fator de segurança do bloco.

Figura 4.78 - Tensões nas barras de armadura da quarta parte do bloco modelada na análise SCNL-AO (unidades
em MPa)

Na Figura 4.79 são apresentados os diagramas de momento fletor obtidos na análise SCNL-
AO para as seções definidas nas análises anteriores em comparação com os diagramas
apresentados na análise SCNL-AC e o valor encontrado pelo método analítico simplificado.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 123

Figura 4.79 - Diagramas de momento fletor obtidos pelo método analítico simplificado e pelas análises
SCNL-AC e SCNL-AO

Analisando-se os diagramas, percebe-se que o momento fletor máximo da observado na seção


AA praticamente não se altera com a redistribuição de armadura de flexão no bloco. Na seção
BB observa-se a suavização do diagrama de momento fletor com a nova distribuição da
armadura de flexão.

Para o caso apresentado, verificou-se que, com a redistribuição da armadura de flexão de


acordo com o diagrama de momento fletor, além de não gerar custos executivos adicionais ao
sistema de fundação, proporcionou alguns ganhos de desempenho do mesmo, como o
aumento da contribuição do contato do solo com o bloco na capacidade de carga do sistema
de fundação, a redução da abertura das fissuras no bloco, a redução dos recalques total
máximo e diferencial e a suavização do pico de momento fletor na seção intermediária.
Dentre todos os ganhos observados nas comparações com a análise SCNL-AC, entretanto,
destaca-se o aumento do fator de segurança da estrutura do bloco, proveniente da redução das
tensões nas barras de armadura de flexão devido ao dimensionamento de uma maior
quantidade de aço na região submetida aos maiores momentos fletores, que em todas as
análises realizadas ultrapassaram o valor obtido pelo método analítico simplificado.

T. A. DOEHLER Capítulo 4
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS

Esta dissertação apresentou conceitos teóricos para grandes blocos sobre estacas, as
concepções de projeto deste tipo de fundação, as interações entre os elementos constituintes
do sistema de fundação, os métodos simplificados de dimensionamento de blocos sobre
estacas mais utilizados no Brasil nas últimas décadas. Este trabalho apresentou também,
através de diversas análises numéricas lineares e não lineares por elementos finitos, o
desempenho de um radier estaqueado em relação à distribuição de cargas entre os elementos
de fundação, aos recalques e aos momentos fletores internos no bloco. Foi realizada, ainda, a
comparação dos resultados das análises numéricas com aquele obtido por um método
simplificado de dimensionamento estrutural de blocos sobre estacas.

Após seu uso ser validado com êxito, conforme apresentado no Capítulo 3, o programa
DIANA foi utilizado para o estudo de um radier sobre 25 estacas sobre camada homogênea de
solo, submetido a diversas análises, cujos resultados foram comparados entre si e com o
método analítico simplificado adotado, como foi apresentado no Capítulo 4. Para o caso
analisado puderam ser constatadas as seguintes conclusões:

• Em todas as análises numéricas realizadas foi observada a distribuição heterogênea de


momento fletor ao longo da largura do bloco, sendo que nas seções mais próximas ao pilar
foram observados picos no diagrama, que ultrapassaram o valor obtido para o momento fletor
pelo método analítico simplificado, indicando que o referido método pode não conduzir a
resultados confiáveis para o dimensionamento da armadura de flexão de grandes blocos sobre
estacas, sendo necessárias análises mais precisas e detalhadas, com o uso de ferramentas
numéricas;

• Em todas as análises numéricas realizadas foi observada considerável heterogeneidade


nos valores das cargas suportadas por cada estaca do bloco;

• A distribuição de cargas entre as estacas mostrou-se bastante suscetível a mudanças ao


se alterar o tipo de análise (linear ou não linear), a área de aço da armadura de flexão do

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D0053G12: Análise da interação solo-estrutura em blocos sobre estacas via modelagens numéricas 125

bloco, o módulo de elasticidade ou a resistência característica à compressão do concreto dos


elementos de fundação;

• A consideração do comportamento não linear do solo, mantidos os demais parâmetros,


foi responsável por elevar consideravelmente o recalque máximo do sistema de fundação,
aumentar a contribuição do contato entre o bloco e a camada de solo subjacente na capacidade
de carga do sistema de fundação, reduzir levemente o momento fletor nas seções analisadas
do bloco, reduzir o recalque diferencial e promover uma distribuição mais homogênea de
cargas entre as estacas (comparação entre as análises LE e SNL);

• Nas análises lineares elásticas (LE, LE-EC20 e LE-EC15), observou-se que as estacas
mais carregadas correspondiam àquelas localizadas na periferia do bloco, embora esta
tendência tenha sido amenizada na medida em que se reduziu o módulo de elasticidade do
concreto do sistema de fundação;

• Ao serem considerados os comportamentos não lineares do maciço de solo, do


concreto e da armadura de flexão do bloco, observou-se considerável redução do pico de
momento fletor, sobretudo na seção central do bloco (SCNL-AC e SCNL-AO em relação às
demais análises). Este comportamento também foi responsável pela alteração na tendência de
distribuição de cargas, tornando os valores suportados por cada estaca mais uniformes,
concentrando maior quantidade de carga nas estacas centrais do bloco e aliviando as
periféricas;

• Foi verificado que, com a redução da resistência característica do concreto do sistema


de fundação em análises não lineares (comparação entre as análises SCNL-CD e SCNL-AC),
ocorreu uma redistribuição de esforços internos no bloco, reduzindo os momentos fletores
internos nas seções analisadas, tornando a distribuição de cargas nas estacas menos uniforme,
provocando uma migração mais expressiva de cargas das estacas periféricas para as centrais,
além de proporcionar acréscimos nos valores dos recalques total máximo e diferencial;

• Na análise SCNL-AD, a armadura de flexão do bloco, que já era inferior à necessária


no caso SCNL-AC, foi reduzida ainda mais, o que proporcionou grandes mudanças no
desempenho do sistema de fundação. O concreto da região central do bloco não foi capaz de
suportar as tensões internas devido à sua baixa resistência à tração, resultando na deformação
excessiva e respectivo carregamento das estacas 4 e 6, levando as mesmas a ficarem próximas
de suas cargas últimas;

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• Com a redução da armadura de flexão necessária para resistir aos momentos fletores
internos do bloco (análise SCNL-AD), ocorreu uma redistribuição de esforços no mesmo, que
resultou no considerável acréscimo de carga nas estacas centrais, no aumento dos recalques
total máximo e diferencial, na redução do momento máximo e na suavização do pico de
momento fletor na seção central do bloco, quando comparada à análise SCNL-AC;

• A redistribuição da armadura de flexão do bloco de acordo com o diagrama de


momento fletor, posicionando uma maior quantidade de barras de armadura na região
submetida às maiores solicitações, proporcionou uma significativa redução na tensão máxima
de tração nas barras de armadura do bloco, melhorando o seu desempenho sem proporcionar
custos executivos adicionais.

A presente pesquisa possibilitou, conforme apresentado, a melhor representação e


compreensão do desempenho de radiers estaqueados quando analisados por meio de
modelagens numéricas que considerem o comportamento não linear dos materiais
constituintes do sistema de fundação. Para tanto, sugere-se como tópicos para trabalhos
futuros na mesma linha de pesquisa deste trabalho:

• Realizar análises semelhantes buscando a otimização da geometria do bloco, da


quantidade de estacas e dos espaçamentos entre as mesmas;

• Analisar radiers estaqueados submetidos ao carregamento de mais de um pilar e a


outros tipos de solicitações, como esforços horizontais e momentos fletores;

• Realizar análises não lineares de radiers estaqueados alterando as propriedades e a


estratificação do maciço de solo;

• Realizar análises não lineares de radiers estaqueados alterando as propriedades e a


estratificação do maciço de solo;

• Utilizar modelos com elementos de interface entre as estacas e o solo, de tal forma que
seja possível simular o esgotamento da capacidade de carga das estacas e o seu descolamento
do solo;

• Realizar análises mais completas, que contemplem a modelagem não apenas do


sistema de fundação, mas também da superestrutura da edificação sobre o mesmo, avaliando a
relevância de se considerar seus efeitos na distribuição de esforços entre os pilares e no
desempenho da edificação como um todo.

T. A. DOEHLER Capítulo 5
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