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A persistência da desmemória

D iz quem sabe que se as mulheres têm mais do que um filho, isto deve-se ao
facto de terem esquecido a dor por que passaram da primeira vez que
‘deram à luz’. Mas a maior parte de nós tem irmãos ditos de sangue, o que
revela a coragem das nossas mães!

Há assim uma espécie de missão embutida no seu âmago, forte o suficiente para que
o cérebro ‘salte’ as partes más e valorize as boas, estratégia subliminar inscrita nos
genes visando a continuação da espécie, da família, da linhagem, da fortuna… e que
me desculpem por este raciocínio não incluir em primeiro lugar o amor puro,
altruísta, desinteressado de minudências, mas acredito que ele também está lá (ou
devia estar), embora ignore a sua posição no ranking das prioridades.

Esta estratégia de evitar pensar nas coisas negativas relacionadas com determinados
actos voluntários, pode ser considerada uma manobra de sobrevivência da espécie.
Infelizmente, o esquecimento das consequências de determinados actos também
acontece em casos não tão dignos como a natalidade, antes pelo contrário, pois o
conceito de prazer/dever, como se pode entender a procriação, é substituído pelo
prazer/vício (qualquer fumador percebe o que quero dizer), e aqui o bom senso não
entra.

A humanidade é desafiante na sua compreensão, pois tanto nos pasma com a sua
inteligência, como nos desilude com a estupidez; que fique aqui claro que não estou a
‘ver o filme’ de fora: faço parte dele, estamos todos no elenco. A humanidade é só
uma, não há eu e os outros, somos todos eus (Fernando Pessoa até dizia que havia
mais eus que ele próprio, mas com ele o filme é outro…).

Serve o titulo desta prancha para nos lembrar que é fácil esquecer, a desmemória
pode ser recorrente quando vislumbramos recompensas imediatas para acções
tomadas sem reflexão. Até o adágio popular nos ensina que ‘quem não arrisca, não
petisca!’, incitando-nos ‘a sair da casca’.
Apelo, pois, à nossa memória para que não nos deixe esquecer quem somos e
permitindo assim continuarmos a ser reconhecidos Maçons.
Acionando essa ferramenta e relembrando assuntos que nos são queridos ao focar a
atenção em matérias que não devem/podem ser esquecidas, quis partilhar convosco o
sentimento que mais força me dá nesta época de grande instabilidade emocional:
sentir-me parte de um todo, junto com os meus Irmãos e com a vida em geral, sem
necessidade de atribuir nomes, rótulos ou definições como a mente quase sempre
exige; agora, o que se pede, é que seja o coração, a consciência pura a agir.

Neste momento sentimos responsabilidades acrescidas, desafios que dificilmente


imaginávamos experienciar; mas lembremo-nos também das ferramentas de ordem
espiritual vindas com a Iniciação e que, enquanto Maçons, nos dão enormes
vantagens. Interiorizemos esse benefício e respiremos fundo, pausadamente,
apercebendo-nos desta acção.

Afigura-se no horizonte uma nova cerimónia iniciática, a segunda da nossa vida;


entendamos a confinação em casa como uma Câmara de Reflexão privada, particular,
mas ainda com todos os atributos da que por onde passámos antes. Não é difícil
imaginarmos o crânio, o sal ou o mercúrio, muito menos a simbólica linha de fé, V. I.
T. R. I. O. L., sempre traduzida como “visita o interior da Terra e, pondo-te de pé,
encontrarás a Pedra Oculta”. E é essa pedra, uma vez encontrada, que nos propomos
trabalhar.

Mais uma vez, o Venerável Mestre destruirá o nosso ‘Testamento Profano’


reiterando, de novo, a confiança no nosso futuro, desta vez ainda mais seguro nas
suas palavras por já antes termos sido reconhecidos Maçons; este testamento, também
ele consumido nas chamas da pira do novo tempo que atravessamos, responde a
perguntas diferentes do anterior: as respostas aos problemas antigos já não fazem
sentido neste momento, a realidade actual é outra, só os actores são os mesmos.
O objectivo é reinventarmos a forma como vivemos, talvez aproximando cada vez
mais o mundo profano do nosso, derradeira utopia onde a fraternidade é assumida
como um imperativo civilizacional incontornável; no nosso caso, não é preciso muito
esforço para o tentarmos.

Vamos seguramente sentir cada abraço duma forma bem mais intensa, vamos dá-los e
recebê-los fora do Templo também, espalhando por todos o magnetismo induzido na
Cadeia de União. Os olhos do mundo serão o nosso espelho; nele já não está a nossa
imagem como potencial inimiga, mas sim o reflexo benfazejo de nós mesmos que
enviamos à humanidade, cristal multifacetado actuando como fractal do GADU.
Seja o que for que fez despontar este vírus, mais do que apontar responsáveis vamos
criar soluções. Acredito que a natureza tenha respondido com a sabedoria natural que
a guia, vinda de experiência acumulada muitos milhões de anos antes do
aparecimento da nossa espécie. O caminho que seguíamos até há poucos semanas
atrás, e parece incrível mas tudo tenha começado num tão breve espaço de tempo, era
um caminho para a extinção. O nosso planeta já não aguentava mais tamanha
cegueira, e eis que paramos. De um dia para o outro, literalmente.

Não acham que estamos perante uma oportunidade de nos redimirmos e tornar-nos
mais conscientes das acções mais nefastas que temos vindo a cometer, refreando-as?
Aceitemo-nos como Maçons incumbidos de respeitar o principio hermético do
“Assim em cima, como embaixo” e sejamos todos vigilantes das colunas profanas
onde estão em incubação futuros aprendizes e companheiros, munindo-os de aventais
espirituais que, embora não se vejam, continuam a desempenhar o seu papel de
proteção.

É que, meus queridos Irmãos, como está hoje aqui provado, o que não se vê é o que
tem mais força. Aceitemos.

Saúdo-vos!

Disse.

06/04/020, Luís VB, adj. de GM

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