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Igreja, coluna e sustentáculo da verdade

Paulo L. F.

CAPITULO I

1 - Todos nasceram para ser católicos

Nosso Senhor Jesus Cristo é o fundamento de todas as coisas. Deste modo,


a pertença à sua Igreja verdadeira, assim como, a austera fidelidade à sua
doutrina revelada, torna-se um imperativo para os seres humanos. Sim, todo
indivíduo deve ser católico! Afirmemos desde logo esta verdade com extrema
ousadia, sem meias palavras, pois, as pessoas estão fartas de melindres
apologéticos e insinuações escrupulosas, terrenos férteis para a confusão e a
pérfida heresia.

Mesmo aqueles que ainda se encontram nas trevas da ignorância suspiram


pela salvação. No mais íntimo de seus corações anseiam pelo conhecimento
da verdade. Toda alma distante do Redentor está sedenta e insatisfeita;
assemelha-se à terra árida e sequiosa. Não nos deixemos enganar: só há
verdadeira felicidade ao lado do Cordeiro; quando nos tornamos, pela graça,
partícipes de sua vida sobrenatural.

O ensino constante da Tradição nos dá a certeza de tudo o que temos


afirmado. No entanto, muitos são os leigos, padres e bispos que, infelizmente,
julgando-se superiores ao Magistério eclesiástico, ousam ocultar estas
verdades, quando não terminam por negá-las abertamente. Juram, deste
modo, fazer grande bem à humanidade por colocarem-se em pleno acordo
com as “novas formas de ver o mundo”. Em nome de um ecumenismo
modernista, todo ele, incompatível com o pensar da Igreja, jogam por terra
séculos e séculos de suor e lágrimas, lutas e sangue oferecidos pela
evangelização do mundo.

Quantos mártires se doaram pelo triunfo da verdade! Quantos esforços


heróicos de missionários e mais missionários testemunharam estes
ensinamentos! E agora, em razão de uma incompreendida liberdade religiosa,
pretendem reduzir o cristianismo a uma simples religião em meio às outras.

A – Deturpação da Verdade

No pensamento destes pseudo-cristãos, a fé Católica seria tão natural como


todo e qualquer engenho da criatividade humana; um mero fruto cultural de
épocas passadas. Segundo eles, assim como a Igreja teria surgido a partir de
necessidades históricas específicas, agora também deveria largar as armas,
render-se, sumir... e ceder lugar aos novos projetos da modernidade; se
quisesse continuar a existir, deveria, isto sim, deixar-se modelar de acordo
com os desejos da criatura humana e não relutar numa busca incansável pela
glória dos tempos de antanho.

Portanto, para os inimigos da tradição cristã, toda a realidade deve possuir o


colorido que os homens julgarem mais conveniente; pois, ele, o indivíduo, é
(de acordo com esse antropocentrismo) a medida de todas as coisas. Não é
difícil, caro leitor, vermos aqui o eco das idéias luciferinas, que também
pretendeu-se no lugar do Criador: “Sereis como deuses.” (Gen. 3,5)

O próprio Cristo, na boca daqueles que tem coragem o bastante para ir aos
extremos de suas reflexões, torna-se um mero líder religioso, tão sagrado
quanto qualquer outro, tão deus quanto qualquer outro que se creia como tal.
Se a religião, para estes fautores de heresias, é apenas uma manifestação
dum difuso sentimento religioso, e Nosso Senhor Jesus Cristo é um simples
líder comparável a tantos que marcaram a história, então, o brilho do
cristianismo se obscureceu. A própria idéia de religião perdeu sua
centralidade. Tanto faz que permaneçamos nesta ou naquela filosofia, que
sigamos este ou aquele caminho.

Talvez – seguindo ainda este raciocínio grogue - seja melhor, até mesmo,
abster-se de filiação a um grupo religioso específico. De fato, uma vez
descoberta esta suposta dança histórica (de nascimentos e ocasos filosófico-
religiosos) poderíamos nos privar de possíveis dogmatismos ou surtos de
poder que uma dessas instituições religiosas viesse a adquirir com o passar
dos tempos.

Assim, tomar consciência de que não houve Encarnação divina, ou, uma
iniciativa por parte de Deus em criar uma religião específica, entre outras
coisas, colocar-nos-ia acima de todas as religiões e nos daria o direito de
exigir das mesmas que se submetam à nossa incrível capacidade racional e
evolutiva. Temos aqui a vitória do naturalismo, circundado, claro, de todas as
filosofias que participam (em graus variados) de seus princípios ou
conclusões lógicas.

B – A menos que Cristo houvesse se equivocado...

Porém, o Filho de Deus foi claro e objetivo ao ordenar a seus apóstolos a


radicalidade de sua missão: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.
Ide, pois, e ensinai a todas as nações. Batizai-as em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi.” [1]

Ora, se o Divino Mestre possui toda a autoridade, a quem mais irá os


homens? Se todas as nações devem ser ensinadas a observar o Evangelho,
que lugar haverá no mundo para doutrinas não-cristãs? E, finalmente, se todo
indivíduo precisa ser batizado no cristianismo, isso não significa que todos
devam ser, necessariamente, cristãos, e, portanto, pertencentes à única Igreja
fundada por Jesus Cristo?

Como podemos perceber, a própria Sagrada Escritura (mesmo não sendo a


única fonte da Revelação) é claríssima ao nos ensinar sobre esta questão de
importância capital. Sendo assim, ou Cristo sempre esteve errado e
poderemos abandonar nosso caminho tradicional; ou, pelo contrário, Nosso
Senhor sempre esteve correto, e todos os que atacam a doutrina católica
estão afogados na mais triste heresia.

Se o Divino Redentor ensinou a verdade, isso significa que possuímos o


gravíssimo dever de promover a centralidade do cristianismo, e, portanto, de
anunciar a Igreja Católica como necessária a todos os seres humanos.
Significa, por fim, o dever de nos submetermos totalmente aos ensinamentos
da instituição fundada por Cristo, humana e divina (teândrica), o que
estudaremos posteriormente.

Com efeito, em outra parte, a própria Escritura afirmara categoricamente: “Em


nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi
dado aos homens, pelo qual devam ser salvos.” [2] Perante verdade tão
evidente não há mais o que demonstrar nas páginas sagradas. Nosso Senhor
Jesus Cristo é, de fato, o único Caminho que leva ao Pai, assim como, a única
Verdade a ser seguida. Não há, portanto, outro deus a ser adorado, ou
mesmo outra religião a se escolher[3], senão aquela que, por dois mil anos,
vem iluminando as trevas da ignorância humana, retirando incontáveis almas
do terrível estado de inimizade com Deus em que se encontram, e, por fim,
sendo tão atacada por seus ferozes inimigos, internos e externos, sempre
prontos para destruí-la, se possível fosse...

2 – Vivemos num momento delicado

Desde os tempos apostólicos a Igreja Católica tem sido assediada por seus
inimigos[4]. A epístola de São Judas fala-nos da necessária peleja em defesa
da fé, pois, segundo o mesmo autor, certos homens ímpios, já naquela época,
haviam se introduzido furtivamente entre os cristãos com o firme objetivo de
destruir a obra de Deus [5]. Por isso, exortava-nos o escritor sagrado nessa
mesma carta a respeito da importância salutar de edificar-nos mutuamente
sobre o fundamento da fé verdadeira, confiada, de uma vez para sempre, aos
santos.

São João evangelista, em sua segunda epístola, também nos adverte na


mesma direção. Afirma, com radicalidade, que caminhar sem rumo e não
permanecer na doutrina verdadeira é claro sinal de não pertença a Deus. E
mais, diz-nos que, se alguém vier a nós sem trazer a doutrina cristã, não
devemos, (por incrível que pareça) recebê-lo em casa ou, mesmo, o saudar;
pois, quem o fizesse tomaria parte em suas obras más. [6] Palavras duras...
porém, palavras bíblicas!

São Paulo não foi menos veemente em sua exortação. Quando escrevera aos
gálatas suas palavras pareciam “fogo”, tamanho o ardor pela ortodoxia.
Citemo-las textualmente:

“Estou admirado de que tão depressa passeis


daquele que vos chamou à graça de Cristo para um
evangelho diferente. De fato, não há dois
evangelhos: há apenas pessoas que semeiam a
confusão entre vós e querem perturbar o
Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém – nós
ou um anjo descido do céu – vos anunciasse um
evangelho diferente do que vos temos anunciado,
que ele seja excomungado. Repito aqui o que
acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina
diferente da que recebestes, seja ele
[7]
excomungado!”

O apóstolo das gentes tinha consciência do perigo que espreitava a Igreja


Católica em seu tempo. Afinal, Nosso Senhor não havia precavido sobre o
perigo das falsas doutrinas? Não é verdade que nos falara sobre os lobos
disfarçados em pele de cordeiro? São memoráveis suas palavras no capítulo
treze de São Marcos: “Porque se levantarão falsos Cristos e falsos profetas,
que farão sinais e portentos para seduzir, se possível for, até mesmo os
escolhidos. Ficai de sobreaviso. Eis que vos preveni de tudo.”

Será que exortações, tão claras, não nos abrem a inteligência? Poderíamos
continuar citando páginas e mais páginas com textos fortíssimos precavendo-
nos no mesmo sentido. As Sagradas Escrituras estão lotadas dessas
verdades tão importantes para a compreensão dos tempos atuais. Sim! É
exatamente o que afirmamos. A Bíblia parece descrever a realidade crítica de
nossos dias. Quem ousaria duvidar?

Basta olharmos, um pouco que seja, ao nosso redor: padres, após longos
anos de estudos, negando verdades fundamentais de nossa santa religião;
bispos, até mesmo bispos, colocando-se contrários ao ensinamento constante
da Tradição; leigos, tantos leigos, julgando-se senhores da ortodoxia, juízes
da moral, numa total independência dos legítimos sucessores apostólicos.[8]
Se não fossem as promessas de Jesus Cristo, creio que estaríamos à beira
do desespero. Ele, porém, nos garantiu, usando de toda sua autoridade, que
as portas do inferno jamais prevalecerão contra sua Igreja. E assim será!
3 – Sofrer com o Cristo, para com Ele triunfar.

Falando deste modo, muitos poderiam nos julgar levianos, exagerados, ou


mesmo, inconseqüentes. Será que estaríamos sozinhos nestas
averiguações? Já vimos que as Sagradas Escrituras não deixaram de chamar
nossa atenção ao perigo dos inimigos da Verdade que, ousadamente,
chegaram ao extremo de se introduzir disfarçadamente em nosso meio para
mais eficazmente lutarem contra os planos de Deus. Com o correr dos
séculos tem ficado cada vez mais patente aos filhos da Igreja esta invasão
inimiga no recinto sagrado.

Muitíssimos foram os Papas, santos e os mais diversos escritores cristãos


que, percebendo esta astúcia diabólica, não se esquivaram da grave missão
de acordar-nos para o imenso perigo que assola a Igreja do Deus vivo. Por
hora, entretanto, antes de olharmos mais diretamente neste ponto, fixemo-nos
noutra questão de extrema relevância para todos os que peregrinam neste
vale de lágrimas.

Assim como no grupo dos doze apóstolos pairava, tenebrosa, a sombra de


Judas Iscariotes, o traidor, de igual maneira hoje, dentro dos próprios muros
da Igreja, arrasta-se, venenosa, “a descendência da serpente”, sempre pronta
para os mais ardilosos golpes contra “a descendência da mulher” de que nos
fala profeticamente o livro do Gênesis[9]. Porém, se em tempos idos, a santa
intransigência dos filhos da luz sabia posicionar-se com destemor e ousadia
perante o erro para vencê-lo, agora, nesses dias de apostasia e indiferença,
os filhos das trevas parecem triunfar sobre a verdade e humilhar a Igreja de
Cristo.

Sentimo-nos, novamente, em plena noite de Quinta-feira Santa. A Igreja


sangra, dormem aqueles que deveriam velar com o Redentor, e os inimigos,
sorrindo aos quatro cantos do mundo, avançam com virulência. Fazendo
nossas as palavras do Filho de Deus a seus apóstolos, poderíamos dizer a
alguns de nossos superiores na hierarquia eclesiástica: “Por que dormis?
Levantai-vos, orai...” [10] O mesmo Cristo reconhecera em S. Marcos: “Vós
todos vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas
serão dispersas.”[11]

É interessante observarmos como a vida de Nosso Senhor é como que


recapitulada na vida da Igreja. Quantas vezes o Divino Salvador encontrou
seus amigos a dormir, e mesmo em momentos tão angustiosos como aquele
do Getsêmani?! Quantas vezes teve que repreendê-los?! E nós, membros do
Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica, quantas vezes nos vimos perante a
letargia de nossos superiores? Por fim - diante da prostração espiritual
daqueles que deveriam levantar a voz em defesa da verdade - quantas vezes
bradamos e não fomos ouvidos?

Ao contrário, enquanto os maus se organizavam para ofender, maltratar e


tramar a morte para a Esposa do Cordeiro, grande número de nossos
pastores banqueteavam no reino dos apáticos. Seus olhos pesados por
preocupações desnecessárias e incoerentes deixaram passar os ladrões e
malfeitores que perderam muitas ovelhas. Sim, roubaram, mataram e
destruíram, sem dó nem piedade, a muitas almas... Em contrapartida,
reconheçamos mais uma vez, e com dor em nossas almas: dormiam os vigias
de “Israel”...

Porém, após a Quinta-feira Santa, se é verdade que tudo continuou a se


entenebrecer ainda mais na Sexta-feira da Paixão; e, se este dia cedeu lugar
ao silêncio do Sábado Santo, silêncio de derrota para uns, mas silêncio de
esperançosa alegria para outros; também é verdade, que no Domingo da
ressurreição tudo se fez luz, glória e alegria indizíveis. O Senhor cumpriu sua
palavra! Ele ressurgiu em toda a sua majestade. Triunfou para sempre!

De igual maneira, se a Igreja sofre unida com o Cristo as dores de agonia, e


seus membros completam na carne o que falta às tribulações do Mestre[12];
também é verdade que tomará parte na alegria da ressurreição de seu
Senhor. Ali, tudo será festa, exultação e felicidade!

Nesta “noite” em que se encontra a Igreja, vislumbramos Maria Santíssima


aos pés da Cruz. Ao seu lado, São João, o discípulo amado. Ambos,
exemplos luminosos para a alma de todo fiel católico! Revela-nos, de fato, o
Santo Evangelho, que junto à Cruz de Jesus estava de pé sua Mãe![13] Não diz
que chorava tomada de desespero, ou mesmo, que se jogasse pelo chão aos
prantos, vencida e acabada. Não! Ela estava de pé! Não dormia. Sofria com o
Redentor! Participava em sua dor, e guardava n’alma a certeza de tudo
quanto dissera seu divino Filho. Por isso, não fora visitá-lo no sepulcro como
fizeram as outras Marias na madrugada da ressurreição. Com toda a certeza
o esperava ressuscitado. [14] Nossa Senhora possuía a certeza duma vitória
imponderável!

Assim também nós, imitadores de Maria Santíssima, mantenhamo-nos de pé


perante a Cruz do Cristo, participando de seus sofrimentos[15], completando
em nossa carne o que falta às suas tribulações, por seu Corpo que é a Igreja.

Tal qual Simão de Cirene, de que nos falam as Escrituras[16], coloquemo-nos a


carregar a cruz com Cristo sofredor; tomemos lugar entre suas
humilhações[17]; e, assim, crucificados com Ele, também participaremos de sua
glorificação[18]. Seus inimigos avançarão com maior ousadia, ferirão seu Corpo
já muito ensangüentado; chicotearão, ofenderão ainda mais, humilharão com
maior malvadeza... nós porém, solidários com o Senhor, peçamos a graça de
sempre permanecermos fiéis ao seu lado, na certeza de que tudo podemos
naquele que nos fortalece.[19]

Repitamos com o grande Santo Inácio de Antioquia, já bem próximo de seu


glorioso martírio: “Fogo, cruz, feras, dilaceramentos, esquartejamentos,
mutilações dos membros, trituração de todo o corpo, os mais perversos
suplícios do demônio caiam sobre mim, contanto que eu alcance a posse de
Jesus Cristo.”[20] Estas são palavras dignas de um católico, convicto da vitória
de seu Senhor! Mesmo perante a dor e a provação mais atroz, saber
proclamar bem alto a certeza da sua fé, sem jamais esmorecer ou ceder aos
inimigos da cruz bendita.

4 – Muitos já quiseram nos deixar de sobreaviso

Perguntamos acima se estaríamos sozinhos ao querer chamar a atenção dos


leitores sobre o estado de provação por que passa a Igreja na atualidade.
Após havermos fortalecido nossa fé recordando a necessária união com
Cristo em seus padecimentos, ouçamos o que nos disse alguns de nossos
pastores, entre outros, que também trataram deste assunto tão importante
para o mundo. Veremos assim, que o exposto nestas páginas já foi, na
verdade, alvo de excelente comentário por parte de muitos autores abalizados
antes de nós. [21] Este humilde trabalho só vem a apontar no momento as
afirmações de grandes homens que souberam abordar tal questão com
responsabilidade e clareza.[22]

I – S.S. Paulo VI

O Papa Paulo VI em 30 de Junho de 1968, conforme o Osservatore Romano,


foi abrigado a reconhecer a gravíssima situação em que se encontrava, já
naquela época pós-conciliar, a instituição Católica: “Na Igreja também está
reinando uma situação de incerteza. Tem-se a sensação de que, de alguma
abertura tenha entrado a Fumaça de Satanás no templo de Deus.” Essa
afirmação vinda de um Sumo Pontífice não confirma aquilo que expusemos
desde o princípio deste trabalho?

Anos depois, ele voltaria a usar de expressões fortíssimas na tentativa de


descrever a tribulação que sofre o cristianismo: “A Igreja está passando por
uma hora inquieta de autocrítica que melhor se diria de autodestruição. É
igual a um transtorno agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois
do Concílio. A Igreja parece se suicidar, matar a si mesma.” (07 de dezembro
de 1972 - Osservatore Romano).
Como vemos, o próprio Papa Paulo VI reconhece que, após o Vaticano II, a
Igreja entrou num momento de confusão e perigo para a fé de muitos.
Lembremo-nos de que foi ele quem encerrou este Concílio iniciado pelo seu
antecessor, o Beato João XXIII. O mesmo Pontífice chegará a afirmar em
dezoito de Julho de 1975 que esperava-se, após as reuniões conciliares, um
período resplandecente de sol para a história da Igreja, mas que, pelo
contrário, veio um sopro de nuvens, de tempestade e de trevas.

Inclusive, autores muito confiáveis chegaram a afirmar que o mesmo Concilio


tenha sido fortemente perturbado por modernistas e liberais. Segundo eles, tal
situação fez surgir, ainda nas reuniões conciliares, diversas contradições,
desagregações e tumultos. [23]

Em entrevista ao filósofo francês Jean Guitton, seu amigo, o mesmo Papa


Paulo VI, em oito de setembro de 1977, tornou a reconhecer o que se segue:
“Neste momento há na Igreja uma grande inquietação. E o que está em
questão é a fé! O que me perturba quando considero o mundo católico, é que,
dentro do catolicismo, algumas vezes, parece predominar um pensamento
não católico; e pode acontecer que este pensamento não católico, dentro do
catolicismo, amanhã seja uma força maior na Igreja.”

Como podemos averiguar, os temores do Papa não eram uma ilusão de sua
mente. Hoje, vemos avançar, e com cada vez mais ímpeto, pensamentos anti-
católicos dentro do seio da própria Igreja. Basta assistirmos algumas
conferências que se fazem por aí e veremos os aplausos se levantarem com
entusiasmo para todos aqueles que falam contra ensinamentos fundamentais
da Tradição cristã. De fato, “... parece predominar um pensamento não
católico...”.

II – S.S. João Paulo II

Após Paulo VI, o próprio João Paulo II (que sucedera um curtíssimo


pontificado encerrado por questões, ainda hoje, misteriosas) não deixou de
chamar-nos a atenção para o momento delicado por que passa a única Igreja
de Cristo. Em sete de fevereiro de 1981 ele reconheceu que era preciso
admitir, com realismo e sensibilidade, dolorosa e profunda, que, já naquela
época, não tão remota, uma grande maioria dos cristãos, sentia-se
desnorteada, confusa, perplexa e desiludida. Haviam sido espalhadas idéias
contrárias às verdades reveladas e ensinadas desde sempre pela Tradição,
verdadeiras heresias contra o credo e a moral. Segundo o mesmo pontífice,
ia-se solapando a liturgia; afundava-se no relativismo, assim como, na
permissividade. Os homens, de fato, caiam na tentação do ateísmo, do
agnosticismo, do iluminismo, de uma moral indeterminada, de um cristianismo
sociológico sem dogmas definidos e sem moral objetiva.
Ora, não é isso, e num maior paroxismo, o que se dá nos dias atuais? Não
vemos se operando em nosso meio tudo o que já percebera nos anos oitenta
o citado Papa polonês? Desde aquela época as coisas se tornaram ainda
mais críticas. Porém, esta não é uma afirmação gratuita de nossa parte,
muitos são os espíritos clarividentes que nos apresentam a mesma realidade.
É o que continuaremos a constatar.

III – S.S. Bento XVI

O Papa Bento XVI, ainda quando Cardeal, foi destemido ao apontar a triste
situação em que se encontra a Europa, outrora resplandecente em seu
cristianismo: “Essa Europa, cristã de nome, há mais de quatrocentos anos, é
berço de um paganismo novo, que vai crescendo sem parar, no meio do
coração da Igreja Católica e a ameaça de destruir por dentro. A imagem da
Igreja da era moderna é essencialmente caracterizada pelo fato de ela se
tornar cada vez mais, Igreja de pagãos, de um modo todo novo, no sentido de
que continuam a chamar-se cristãos, mas na realidade continuam pagãos.
Trata-se de um paganismo dentro da Igreja... de uma Igreja em cujo coração
vive o paganismo. É uma tentação típica de nossos tempos.”

Ao lermos tantas afirmações contundentes, é provável que muitos de nós


sintamos abalar nossa confiança em Deus e na Igreja Católica. Mas, isso
seria uma vergonhosa falta de fé nas promessas de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Ele é Deus, e sua vitória é inevitável! Os inimigos de Cristo podem
conspirar das formas mais perspicazes e diabólicas; seu aparente triunfo pode
extasiar suas fileiras, enquanto sofrem, de espada em punho, os filhos da
Igreja militante; porém - tenhamos a certeza - quando o ímpio se manifestar
“... o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o
resplendor de sua vinda.” [24]. Assim, chegará, finalmente, o novo céu e a nova
terra para todos aqueles que perseveraram fielmente nas fileiras do Divino
Salvador, pois, o primeiro céu e a primeira terra terão desaparecido, “...então,
Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não
haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque terá passado a primeira
condição.” [25]

O mesmo Cardeal Ratzinger em livro publicado por V. Messori, vem


confirmar, tempos depois, as afirmações de Paulo VI, por nós já citado: “Os
resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às
expectativas de todos, inclusive às de João XXIII e, a seguir, de Paulo VI. Os
cristãos são novamente minoria, mais do que jamais o foram desde o final da
Antiguidade... Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova
unidade católica, e, pelo contrário, caminhou-se ao encontro de uma
dissensão que, para usar as palavras de Paulo VI, pareceu passar da
autocrítica à autodestruição. Esperava-se um novo entusiasmo, e, no entanto,
muito freqüentemente chegou-se ao tédio e ao desencorajamento. Esperava-
se um impulso à frente, e, no entanto, o que se viu foi um progressivo
processo de decadência que veio se desenvolvendo em larga medida, sob o
signo de um presumido ‘espírito do Concílio’ e que, dessa forma, acabou por
desacreditá-lo.”[26] Por isso, completava em outra parte o mesmo Cardeal,
hoje Sumo Pontífice da Igreja Católica: “É tempo de se reencontrar a coragem
do anticonformismo, a capacidade de se opor, de denunciar muitas das
tendências da cultura que nos cerca, renunciando a certa eufórica
solidariedade pós-conciliar.”[27]

5 – Há um tempo para calar, e um tempo para falar...

Como poderíamos ficar indiferentes a tudo isso? Ora, se somos realmente


membros do Corpo Místico de Cristo, é natural que sintamos com a Igreja
suas dores e alegrias.

Por amor de Sião, como cantam os textos sagrados, jamais poderemos


esmorecer. “Sobre tuas muralhas Jerusalém, coloquei vigias; nem de dia nem
de noite devem calar-se.” [28] Não é verdade que a totalidade dos verdadeiros
cristãos, dum modo ou de outro, precisam reconhecer-se nestas palavras da
Escritura?

Afirma-nos a primeira carta aos coríntios, em seu capítulo doze, a sublime


comunhão espiritual existente entre os Filhos de Deus. Com efeito, se um
único membro da Igreja sofre, todos os outros sofrem com ele de algum
modo, mesmo que misterioso; e igualmente, se um único membro é tratado
com carinho, todos com ele se congratularão. Esta é, verdadeiramente, uma
descrição estupenda da ligação sobrenatural que há entre todos os batizados
no Corpo Místico.

Portanto, nada há de estranho em que simples leigos venham a manifestar


seu entusiasmo, ou mesmo, suas apreensões, por questões referentes à
Igreja que ama. O próprio Código de Direito Canônico, assim como, vários
outros documentos da Igreja, dão ao fiel essa possibilidade. Firmados nesta
certeza, e alimentando sincero desejo de promoção do cristianismo, que
apresentamos este pequeno trabalho em favor da Igreja.

Possuímos firme convicção de que a última palavra em questões de fé e


moral cabe, tão somente, ao sagrado magistério do Santo Padre, o Papa, ou
dos bispos em comunhão com ele. Nós aqui tão somente, apresentamos, com
toda humildade e amorosa submissão, aquilo que temos visto e ouvido; assim
como tudo o que, dentro e fora dos muros da Igreja, nos parece estranho e
incompatível com a genuína instituição formada por Nosso Senhor Jesus
Cristo.

Não é verdade que, infelizmente, mesmo entre os legítimos sucessores dos


apóstolos, encontramos exemplos de infidelidade à doutrina revelada pelo
Divino Mestre? Quantos foram os bispos que, com orgulho, ousaram colocar-
se acima da Tradição vindo a ensinar terríveis heresias? Podemos citar, e
com imensa tristeza na alma, um grande número desses exemplos; vejamos
alguns: [29]

- Os bispos Acácio, de Cesaréia (†366), e Eunômio, de Cícico (†395),


defensores do Arianismo, heresia fundada por Ário (256-336) bispo de
Alexandria, que negava a divindade de Cristo.

- O patriarca de Constantinopla, Nestório (380-45), criador da heresia que leva


seu nome.

- Fócio (820-895), patriarca de Constantinopla, excomungado pelo Papa João


VIII, em 881, que deixou aberto o Cisma do Oriente.

- O bispo de Ávila, Prisciliano, fundador da heresia prisciliana, séc. IV.

- Donato, bispo de Casa Nigra, África, fundador do donatismo.

- 18 bispos italianos que aderiram ao pelagianismo, heresia que deve seu


nome ao sacerdote Pelágio, do século V. Um bispo, Juliano, era o principal
discípulo desse sacerdote.

- Apolinário, bispo de Laodicéia, fundador do apolinarismo.

- Os bispos egípcios, que recusando o dogma definido pela Igreja,


consideraram o monofisismo (ou eutiquianismo), heresia difundida pelo
Monge Êutiques, de Constantinopla (séc.V), a doutrina verdadeira, e partiram,
deste modo, para o cisma declarado.

- Sérgio, patriarca de Constantinopla, inventor do monotelismo, condenado


pelo VI Concílio Ecumênico de Constantinopla (680-681).

- O bispo Paulo de Samasate, do século III, que professou o adocionismo e o


sabelismo, condenado em 268 no Concílio de Antioquia.

- Jansenius, bispo de Yepres, pai do jansenismo; entre outros...

E quantos não foram os padres que também rumaram na mesma estrada da


mentira e do erro? Lutero (1483-1546), um dos pais do protestantismo, era
sacerdote católico. O quietismo, heresia condenada por Inocêncio XI, em
1687, foi oriunda do padre espanhol M. de Molinos. O modernismo, afluxo de
todas as heresias (condenado através do decreto Lamentabili, assim como,
da Encíclica “Pascendi”) teve em vários padres (Pe. Alfredo Loisy, o ex-jesuíta
Tyrrel, etc.) seus principais fomentadores.
E hoje, engrossando as fileiras dos agitadores e revoltosos, quantos bispos, e
quantos padres, não aderiram a verdadeiras heresias? Basta que nos
recordemos dos estragos que tem causado em nosso meio uma certa
“teologia” malsã, chamada “da libertação”. Qualquer fiel, com um mínimo de
formação, seria capaz de perceber a discordância entre o que se tem
divulgado em muitíssimos ambientes católicos e aquilo que a Igreja sempre
ensinou... o próprio J. Ratzinger julgou por bem reconhecer: “Eu fico cada vez
mais admirado com a habilidade dos teólogos que conseguem defender
justamente o oposto do que se encontra claramente escrito nos documentos
do Magistério. E, no entanto, aquelas deturpações são apresentadas, através
de hábeis artifícios dialéticos, como o ‘verdadeiro’ significado do
documento...”[30]

6 – Mas, como é possível tal sistema de coisas dentro da Igreja?

Para entendermos um pouco mais sobre essa situação tão delicada no interior
da própria instituição fundada por Nosso Senhor, basta-nos recordar, ainda
outra vez, aquele caso arquetípico por nós já apresentado: “a traição de
Judas.” Não era ele membro do seleto grupo apostólico?

De fato, ele fora escolhido diretamente pelo Salvador. Este apóstolo, comia
com o Cristo, andava ao seu lado, escutava de seus lábios divinos os
mistérios do Reino dos céus [31]... porém, mesmo tomado por tão altas
honrarias, traiu vergonhosamente ao Filho de Deus.

Ora, se algo tão desastroso se deu inclusive com um dos doze apóstolos,
selecionados pessoalmente pelo Redentor, não é de se admirar que o mesmo
continue a ocorrer atualmente entre alguns membros da hierarquia
eclesiástica. Ao encontrarmos nas Sagradas Escrituras a lastimosa realidade
da traição, e mesmo entre os mais íntimos do Cristo, sentimo-nos precavidos
sobre bispos e padres, que possam revoltar-se contra o Filho de Deus. À
imagem de Judas, trocam a fonte de toda felicidade por qualquer bem
aparente.

Sim! A possibilidade de traidores dentro da Igreja de Deus, como já temos


observado, sempre esteve presente na mente dos primeiros cristãos. São
Paulo afirmara-o aos anciãos de Éfeso: “Sei que depois de minha partida se
introduzirão entre vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. Mesmo
dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas com o
intento de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!” [32] E noutra parte
também escrevera: “Se o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, é
bem normal que seus agentes se disfarcem em ministros da justiça.” [33]

Portanto, não é de se espantar o fato de encontrarmos falsários e operários


desonestos, disfarçados em apóstolos de Cristo. Na verdade, os mesmos
permanecerão juntos aos bons até o fim dos tempos; e essa é uma assertiva
do próprio Evangelho: “Assim como se recolhe o joio para jogá-lo ao fogo,
também será no fim do mundo. O filho do homem enviará seus anjos, que
retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os
lançarão na fornalha ardente...”[34] Vejam bem, isso se dará tão somente “...no
fim do mundo...”; sendo assim, que os filhos da luz não se iludam numa
esperança infundada.

- A dupla gênese

Mas, o que levaria essas pessoas ao péssimo caminho do erro? Tendo


podido alcançar os cumes da ortodoxia, por que chegaram à negação de
verdades tão fundamentais da fé cristã? Dom Antônio de Castro Mayer, em
interessante Carta Pastoral sobre os problemas do apostolado moderno,
esclarece-nos sobre assunto tão pertinente.

Segundo o autor, a gênese destes erros está, por um lado, na própria


fraqueza da natureza humana decaída. “A sensualidade e o orgulho suscitam
e sempre suscitarão até o fim dos séculos a revolta de certos filhos da Igreja
contra a doutrina e o espírito de N. S. Jesus Cristo.”[35]

Por outro lado, no entanto, junto a essa “gênese natural” dos erros e das
crises de que nos ocupamos, a explicação para tão delicado sistema de
coisas, encontra-se, também, na incansável ação do demônio contra os
planos de Deus. A ele foi dado, até o fim dos tempos, o poder de tentar os
homens em todas as virtudes, inclusive na virtude da fé.

Assim, como nos explica o próprio D. Mayer, é obvio que até a consumação
dos séculos a Igreja estará exposta a surtos internos do espírito de heresia, e
não há progresso que, por assim dizer, a imunize de modo definitivo contra
esse mal. “Quanto se empenha o demônio em produzir tais crises, é supérfluo
mostrá-lo. Ora, o aliado que ele consegue implantar dentro das hostes fiéis é
seu mais precioso instrumento de combate.”[36]

Porém, não desanimemos, pois o Deus de toda graça conhece as limitações


humanas, e, jamais nos há de abandonar nas agruras desta vida. No mais, já
escrevera o autor sagrado: “Não vos sobreveio tentação alguma que
ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados para além das vossas capacidades, mas com a tentação Ele vos
dará os meios de suportá-las e delas sairdes.”[37]

CAPITULO II

1 – Um incompreendido dever de obediência...

Após havermos tomado consciência da triste situação em que se encontram


tantos membros da Igreja na atualidade, e, mesmo assim, continuarmos a
afirmar, resolutos, a certeza na vitória final de Jesus Cristo sobre o mal,
podemos caminhar um pouco mais em nossas reflexões.

Perante uma realidade tão conturbada como esta, em que tantos padres, e
mesmo bispos, ousam colocar-se contra os ensinamentos tradicionais da
Igreja Católica, ficamos, muitas vezes, desnorteados, confusos quanto ao
grave dever de obediência a que Cristo nos submeteu. Com efeito, Ele
mesmo dissera aos seus apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos
rejeita a mim rejeita.”[38]

Ora, não seria o caso de cumprirmos cegamente todas as diretrizes de


nossos pastores sem maiores distinções ou preocupações? Se Nosso Senhor
outorgou tanta autoridade a seus apóstolos, por que levantarmos a voz contra
certos pronunciamentos? Não significariam aquelas palavras do divino
Mestre, que todo e qualquer ensino dado por parte de nossos superiores seja,
sem sombra de dúvidas, infalível e irrevogável? Como podemos perceber,
estamos perante uma questão de suma importância para os católicos que,
verdadeiramente, amam a fé cristã.

É por não compreenderem certos aspectos do ensinamento católico sobre a


obediência que muitos se perdem em caminhos tortuosos. “Obedecer tudo e a
todos na Igreja”, sem critério ou discernimento, pode significar, algumas
vezes, entrar em choque com o ensino infalível da Tradição. A Deus lhe
agrada corações submissos, porém, ladeados pelo crivo da inteligência.

Ora, toda criatura deve obedecer perfeitamente ao seu Criador. “Toda”,


inclusive, o que é obvio, nossos superiores... e aqui está a chave da
questão. O dever de obediência ao Deus absoluto cabe a todos os seres
humanos, desde o Santo Padre, o Papa, até ao menor dentre todos os fiéis
leigos. E, digo mais, desde o maior potentado ou intelectual entre os homens,
(mesmo que não conheça a revelação cristã ou não queira aceitá-la) até o
mais ignorante silvícola, todos possuem o grave dever de sempre procurar
conhecer, amar e servir ao seu Criador da forma mais perfeita que lhe seja
possível.

De fato, está escrito que todos os reis da terra hão de adorar ao Deus
verdadeiro, assim como, que todas as nações hão de servi-lo, [39] porque os
deuses dos pagãos, sejam quais forem, não passam de ídolos.[40] Nesse
sentido, ordenava o salmista: “louvai-o todos os povos”.[41]

A – Centralidade de Nosso Senhor Jesus Cristo

Afirma São Paulo, que o Pai Celestial deu ao Cristo sentar-se à sua direita
nos céus, acima de todas as coisas; tudo foi sujeitado a seus pés. De fato, Ele
foi constituído chefe supremo da Igreja, que é seu Corpo. [42] Sendo assim,
está claro: todos os seres humanos devem prestar uma obediência absoluta
ao Verbo Encarnado!

Por fim, o autor sagrado, quis ser ainda mais direto em sua assertiva; noutra
oportunidade afirmou, categoricamente, que Deus exaltou sobremaneira Seu
Filho outorgando-lhe o nome que está acima de todos os outros nomes, para
que perante ele se dobrasse todo joelho no céu, na terra e nos infernos; e
toda língua confessasse que “Jesus Cristo é o Senhor.”[43]

Quanto a este ponto, estamos plenamente em acordo! Porém, recordemo-


nos, mais uma vez, da afirmação apresentada um pouco acima. Escrevemos
que toda criatura “deve obedecer perfeitamente ao seu Criador, inclusive, o
que é obvio, nossos superiores”. Haveria alguma possibilidade de que
membros da sagrada hierarquia venham a pecar rebelando-se contra a lei da
obediência? Já vimos que sim, e nosso grande exemplo fora Judas, um dos
apóstolos de Nosso Senhor. Então, por que o Filho de Deus teria proferido
revelações tão fortes como estas a nossos superiores na hierarquia
eclesiástica:

“Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim


rejeita”[44],“Tudo o que ligares na terra será ligado no céu,
tudo o que desligares na terra será desligado no céu”[45],
ou mesmo aquelas outras, “ Ide , pois, e ensinai a todas
as nações ... ensinai-as a observar tudo o que vos
prescrevi”, e “ Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho
a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas
quem não crer será condenado”? [46]

Não parece estranho que palavras como essas fossem dirigidas a seres tão
limitados como os apóstolos? Na crucificação, recordemo-nos, todos
abandonaram o Salvador, com exceção de João Evangelista, que
permanecera ao lado da Virgem Santíssima e, por isso, aos pés da santa
cruz. Aliás, belo exemplo aos que almejam uma fidelidade mais perfeita ao
Divino Mestre: estar constantemente à sombra de sua cruz, e sob o manto de
sua Mãe castíssima!

B – Algumas distinções

As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo jamais poderão ser tomadas de


modo superficial. Nos textos apresentados, elas não se referem - como é
evidente - a todos os membros da Igreja cristã. Algumas vezes Cristo fala tão
somente a São Pedro, enquanto que em outras, fala aos demais apóstolos em
união com ele. Basta conferirmos, por exemplo, os versículos de São Mateus
(16,19; 18; 18), onde, em primeiro lugar, Cristo se dirige unicamente a Cefas,
deixando para outro momento a mesma promessa, que será feita, neste caso,
ao restante dos apóstolos, porém, como sempre, unidos a Pedro e sob sua
autoridade.

Existe uma clara distinção entre os membros que compõem a Igreja fundada
por Jesus. Nela há uns que ensinam, dirigem ou mandam, e outros, por sua
vez, que aprendem, são dirigidos e obedecem. A primeira parte é chamada
“Igreja docente”, enquanto que a última, recebe o designativo de “Igreja
discente”. Ambas as partes não formam, evidentemente, duas Igrejas
distintas, mas por vontade de Cristo, Nosso Senhor, uma só e mesma Igreja,
do mesmo modo que no corpo humano a cabeça é distinta dos outros
membros, e, não obstante, forma com eles somente um corpo.

A Igreja Docente compõe-se de todos os Bispos - quer se encontrem


dispersos, quer se encontrem reunidos em Concílio – porém, e recordemos
insistentemente, sempre unidos à sua cabeça, o Romano Pontífice, sucessor
direto de São Pedro. A Igreja Discente, finalmente, composta de todos os
padres, diáconos e fiéis leigos, possui o grave dever de prestar obediência
aos seus superiores, sob pena de incorreram em condenação eterna,[47]a
menos que estes se desviem da fé verdadeira.[48]

E, se tal estado de coisas criado pelo Filho de Deus surpreende aos espíritos
orgulhosos, relativistas e anti-hierárquicos de nosso tempo, terminemos por
lembrar, que além do poder de ensinar, a mesma Igreja possui também, e,
especialmente, o poder de administrar as coisas santas. Pode, sim, dentro da
lógica do próprio evangelho, fazer leis e de exigir a sua reta observância,
impondo inclusive, se preciso for, as penas correspondentes aos erros
cometidos.

Voltemos entretanto aos textos bíblicos em questão. Quando o Verbo Divino


fez aquelas impressionantes afirmações (“Quem vos ouve a mim ouve, quem
vos rejeita a mim rejeita”, “Tudo o que ligares na terra será ligado no céu, tudo
o que desligares na terra será desligado no céu”, entre outras...), não se
referia propriamente aos fiéis leigos, e nem mesmo aos simples religiosos,
diáconos, sacerdotes e párocos de forma direta e imediata[49], mas tão
somente, aos apóstolos e seus legítimos continuadores no exercício do
ministério: os Papas e os outros bispos a eles subordinados.
Isso é de importância fundamental para não cairmos no exagero de atribuir
uma autoridade singular como esta a quem não a possua por direito. De fato,
Nosso Senhor não conferiu aos leigos esta função de ensino; e, mesmo os
padres, eles simplesmente participam dum poder que cabe por direito à Igreja
docente na pessoa dos legítimos sucessores apostólicos, o Papa e os Bispos.

Isso explica tantos erros serpenteando entre os fiéis, pois aqueles que
deveriam seguir com extrema fidelidade os ensinamentos constantes da
Igreja, todos eles revelados por Cristo, desprezam a autoridade conferida aos
nossos pastores. Julgando-se “doutores da verdade” põe-se a ensinar
terríveis heresias.

Ora, é sobre o fundamento dos Apóstolos que estamos edificados [50], por isso,
mantemos ininterruptamente, desde o primeiro século da era cristã, a crença
numa única fé, assim como a submissão a um só Senhor e a aceitação de um
único Batismo.[51] Aqueles que se afastam desse caminho traçado pelo Filho
de Deus, vivem como crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer
sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus
artifícios enganadores.[52]

C - Infalível, por vontade de Deus

Finalmente, podemos voltar às perguntas que nos intrigavam momentos atrás:


não seria o caso de cumprirmos cegamente todas as diretrizes de nossos
pastores - no caso, agora bem compreendido, os Papas, os Bispos e seus
subordinados- sem maiores distinções ou preocupações? Se Nosso Senhor
outorgou tanta autoridade a seus apóstolos, por que levantarmos a voz contra
certos pronunciamentos de seus sucessores? Não significariam aquelas
palavras do divino Mestre, que todo e qualquer ensino dado por parte de
nossos superiores seja, sem sombra de dúvidas, infalível e irrevogável?

Jesus Cristo não prometeu a infalibilidade à sua Igreja em todos os casos,


como se todo e qualquer pronunciamento fosse irrevogável. E que isso fique
bem claro. Esta infalibilidade consiste em que, nos seus atos essenciais, quer
anuncie, ordinária ou solenemente, a verdade revelada, quer decida as
controvérsias doutrinais dentro de certas condições, a Igreja não pode jamais
afastar-se do depósito da fé, bem como, ao mesmo tempo, não lhe pode
acrescentar ou retirar verdade alguma.

Para que algo tão maravilhoso ocorra na Igreja Católica, ela conta com o
auxílio sobrenatural do Divino Espírito Santo que lhe foi prometido pelo Cristo,
seu fundador.

“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para


que fique eternamente convosco. É o Espírito da
Verdade, que o mundo não pode receber”[53] “...o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á
todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho
dito.”[54] “Quando vier... Ele vos ensinará toda a
verdade...”[55]

Temos a certeza de que Cristo não mente. Se Ele afirmou essas maravilhas
com referência ao Espírito Santo e à sua Igreja, é claro que tudo se realiza do
modo como nos comunicou. Portanto, pobres daqueles que, infelizmente,
apostataram da fé católica. Encontram-se, como que, suspensos no erro,
distantes de toda plenitude revelada pelo Salvador.

Sendo assim, o que indubitavelmente ocorre é uma ação toda particular da


Providência que preserva a Igreja, no anuncio das verdades reveladas, de
todo erro no tocante à fé e a moral. Com efeito, não fora o próprio Jesus quem
prometera a seus apóstolos que estaria com eles todos os dias, até o fim do
mundo?[56] Deste modo, é óbvio que Nosso Senhor jamais permitirá que sua
Igreja como um todo incorra no erro em questões que põe em jogo a salvação
eterna do ser humano.

No mais, se não fosse assim, por que haveria tanto rigor nas palavras de
Cristo a seus apóstolos? De fato ele o dissera: “Quem crer e for batizado será
salvo, e quem não crer será condenado.”[57] Perceba, caro leitor, que Nosso
Senhor coloca as pessoas sob pena de perderem a salvação eterna caso não
venham a acreditar nas palavras dos seus apóstolos; ora, para que
pudéssemos confiar tão radicalmente nos ensinamentos de meras criaturas,
era preciso que as mesmas estivessem revestidas da autoridade do Verbo
Encarnado[58], era preciso que participassem, em certo sentido, da
infalibilidade do próprio Deus.

E, de fato, os apóstolos participavam desta infalibilidade no ensino e defesa


da verdade; assim como se dá com todos os seus sucessores – os Bispos
com o Papa, nos Concílios, por exemplo -- sob certas condições. Esse
carisma jamais poderia acabar na Igreja Católica, sempre atacada por seus
inimigos; pensar o contrário seria incorrer em terríveis dificuldades insolúveis.

Essa certeza tão gloriosa levou São Paulo a proclamar aquelas palavras que,
certamente, devem ter comovido o coração de São Timóteo, assim como,
hoje, comovem o coração submisso de todo fiel católico: “Quero que saibas
como deves portar-te na casa de Deus vivo, coluna e sustentáculo da
verdade.” [59]

Finalmente, validando tudo o que temos afirmado, basta-nos recordar uma


última verdade bíblica: a Igreja Católica não é uma mera instituição humana,
ela é, isto sim, o Corpo Místico vivificado pelo Espírito Santo [60]. “De Cristo é
inseparável a Igreja”[61], ambos formam uma só pessoa mística, o Cristo total.

Quem ousaria defender a possibilidade de erro doutrinal numa Igreja cuja


cabeça é o próprio Deus encarnado? Se é Jesus quem pensa e age através
da Igreja Católica como seria possível heresias provindas da mesma no
campo da fé e da moral? Não, isto é impossível! Sendo assim, por causa do
próprio Senhor que rege e governa sua Esposa, podemos afirmar, e com
alegria, a certeza na infalibilidade da Igreja Católica!

D - Infalibilidade papal
Uma vez concebida a infalibilidade de toda a Igreja ao professar a Verdade
divina, toquemos agora num ponto de particular grandeza e luminosidade. Se
é fato que o poder de ensino eclesiástico pertence ao conjunto do episcopado
em união com o Papa, também é verdade que o bispo de Roma possui
sozinho, como sucessor de São Pedro, na qualidade de chefe visível da
Igreja, o supremo Magistério infalível. 1
Realmente, ainda que os bispos sejam os sucessores dos apóstolos, não tem
todavia, cada um em particular, a herança completa dos seus carismas; no
que se refere à infalibilidade possuem-na tão somente enquanto episcopado
coletivo, e não cada um pessoalmente.

Com efeito, o corpo episcopal pode exercer a infalibilidade doutrinal todas as


vezes que se reúnam em Concílios gerais, como se deu, por exemplo, no
Concílio de Trento. Fala-se muito do Concílio Vaticano II, porém, sendo este
um Concílio eminentemente “pastoral”, o que o diferencia dos outros Concílios
Ecumênicos, não podemos contá-lo como um exemplo comum de
proclamações infalíveis por parte da Igreja Docente.

Porém, ainda que os bispos não possuam a infalibilidade pessoal, são, com
toda certeza, testemunhas e doutores autênticos da verdade nas suas
dioceses, enquanto conservam a união com seu chefe supremo, o Papa, e
anunciam a doutrina tradicional. [62] Caso contrário tornam-se censuráveis, e
os fiéis - mesmo individualmente - tem o grave dever de resistir-lhes todas as
vezes que ousarem ofender a Deus, Nosso Senhor.[63]

Nestes casos delicadíssimos, o maior ato de amor para com um bispo rebelde
é mostrar-lhe, com docilidade e submissão, a feiúra de seu erro. Obviamente
que, antes de tudo, deve-se esperar dos superiores a reação devida ao triste
desvio do sucessor apostólico, porém, a experiência tem demonstrado que,
muitas vezes, dada a gravidade da situação, urge uma ação heróica e
destemida por parte dos leigos, sempre prontos a lutar pela honra da Esposa
de Cristo.

Mas, o que nos levaria a crer na infalibilidade pessoal do Romano Pontífice?


Haveriam provas bíblicas para tal ensinamento? Basta que nos recordemos,
por exemplo, do já citado evangelho de São Mateus [64] onde Cristo faz de São
1
Conf.: PASCUCCI, Mons. Francisco. Doutrina Cristã. Trad. Prof. Pe. Armando Guerrazzi. Rio de
Janeiro: Editora ABC, 1939. 252 pgs. Onde se lê: “ Uma das propriedades da Igreja é a Infalibilidade
ou imunidade do erro, necessária porque os fiéis precisam estar seguros do que devem crer e
praticar para conseguirem o fim necessário da vida eterna.” (Pg. 72)

“A imunidade do erro reside em primeiro lugar em toda a Igreja, isto é, em todos aqueles que
livremente aderem à doutrina revelada pelo modo estabelecido por Jesus Cristo, porquanto não pode
acontecer que a Igreja toda professe uma doutrina errônea.” (Pg. 72) (ora, toda a Igreja é, digamos
assim, hierarquia e laicato)
Pedro o fundamento de sua Igreja. Não é verdade que o Filho de Deus
prometera àquele apóstolo que as portas do inferno jamais destruiriam sua
obra? Ora, para que a Igreja fosse perpetuada, era necessário que o
fundamento instituído por Ele também permanecesse. 2

Como imaginar então que tal fundamento se baseasse no erro e na mentira?


Sendo assim, torna-se imperativo concluir pela pureza doutrinal de São Pedro
e seus sucessores, enquanto doutores da Igreja universal. Sabemos que o
Diabo é o pai da mentira[65], portanto, ao preservar sua Igreja, e com ela seu
fundamento (São Pedro e seus sucessores, os papas) da vitória demoníaca, o
que faz Jesus Cristo é preservar sua Igreja e o papado da triste possibilidade
de erros em questões doutrinais.

Além do mais, o Salvador pedira a São Pedro que apascentasse todo o seu
rebanho; [66] deste modo, um único erro do pastor em questões essenciais
acarretaria o erro em todo o rebanho. Como pensar que Nosso Senhor
pudesse permitir tal sistema de coisas? Confiou, portanto, a São Pedro e seus
sucessores toda autoridade sobre o rebanho por haver doado a eles a
sublime possibilidade da infalibilidade em questões de fé e moral.

Finalmente, por que razão teria Cristo orado por Cefas em especifico,
suplicando ao Pai Celestial a sua integridade na fé?[67] Este ato singular de
Nosso Senhor torna-se compreensível se levarmos em conta, mais uma vez,
que caberia unicamente a São Pedro, enquanto pessoa particular, a função
de confirmar os outros Apóstolos na Verdade. De fato, ele possuiria sozinho
um certo poder de infalibilidade conferido para maior glória e segurança
doutrinal da Igreja verdadeira. Assim, como se verificará posteriormente, São
Pedro cairá, mas não por incredulidade, mantendo inexpugnável a integridade
de sua fé.

Baseado nestas evidências bíblicas, assim como, no testemunho constante


da Tradição, desde os primeiros séculos do cristianismo, o Concilio Vaticano I
proclamou em alto e bom som o dogma admirável da Infalibilidade papal. No
mais, dado que a Igreja deva ser firme e estável na sua fé até o fim dos
tempos, é preciso, como já temos demonstrado, que seja, antes de tudo, firme
e estável em seu fundamento, ou seja, no papado. Recebeu portanto Pedro,
as “chaves” para “abrir” e “fechar”, ora se esse poder se refere a tudo o que
2
Segundo Mons. Francisco Pascucci (Doutrina Cristã - obra já citada) a Infalibilidade do papa
(verdade de fé, definida no Concílio Vaticano I em 1870) se deduz das Escrituras, pois, o
fundamento da Igreja não pode ruir, isto é, não pode errar, senão toda a Igreja também cairia em erro
o que daria vitória ao inferno. “... se Pedro pudesse errar, devendo nós obedecer-lhe, poderíamos
abraçar o erro, o que repugna a sabedoria de Cristo” (Pg. 73). Mas também se deduz da Tradição:
“Em todos os tempos, a palavra do Papa foi tida por decisiva. S. Ambrósio exclamou: ‘onde Pedro
está, aí esta a Igreja. ’, e S. Agostinho: ‘Roma falou, acabou-se a causa.’” (Pg. 74)
pertence ao Reino de Deus, certamente estende-se também às decisões
doutrinais.[68]

Aos que venham a se assustar com esta maravilhosa evidência bíblico-


teológica, ressaltemos a dignidade conferida por Cristo a seu supremo
representante entre os seres humanos[69]. O Papa Bonifácio VIII, por exemplo,
definiu o que se segue em sua famosa Bula Unam sanctam: “... toda criatura
humana deve ser submissa ao Romano Pontífice, e nós declaramos,
dizemos, definimos que esta submissão é absolutamente necessária para a
salvação.” [70]

Esta posição elevadíssima em que se encontra o Romano Pontífice é de tal


monta que muitos santos e renomados oradores não se furtaram a
reconhecê-lo em vários aspectos como semelhante à própria divindade[71].
Não fora Moisés chamado de “deus” por um texto do Antigo Testamento?[72]
Quanto a este assunto escreve-nos Pe. Antônio Vieira: “Ainda que São Pedro
fora um anjo, não seria digno sucessor de Cristo, nem Ele deixaria
dignamente provida a sua Igreja (...) Assim pagou Cristo a Pedro uma
divindade com outra, dando-lhe o poder de Deus no céu, porque ele o tinha
confessado por filho de Deus na terra.”[73]

Como podemos perceber caro leitor, o Divino Mestre não brincava com as
palavras quando ousava chamar de “Pedro” àquele humilde pescador da
Galiléia.

E – Condições para o exercício da infalibilidade

Mas, se o Santo Padre não é infalível em todos os casos, quando é que


poderemos ter certeza de que o mesmo esteja utilizando-se deste poder
sobrenatural?3 Para isto basta que observemos algumas disposições gerais[74]:

1) O Papa deve agir como mestre de toda a cristandade, dirigindo-se a


toda a Igreja.
2) O objeto deste ensinamento é a doutrina revelada concernente à fé e
aos costumes.

3
Monsenhor Pascucci (Obra já citada) trata assim a questão: Objeto da infalibilidade: 1 – As
verdades de fé, isto é, o depósito da fé, contido na Sagrada Escritura e na Tradição. 2- As verdades
que, sem serem de fé, são indispensáveis à conservação integral do depósito da fé e, por fim, 3- Os
costumes, isto é, a moral cristã. Mas, Quando o Papa é infalível? “... quando fala ex-cátedra, a saber,
quando como pastor e mestre de toda a Igreja define, isto é, decide de modo definitivo, de modo que
se não possa mais duvidar a respeito de uma questão de fé ou de costume, entendendo ele obrigar a
Igreja inteira e declarando anátema, ou separando dela a quem quer que se recuse admitir-lhe a
definição proclamada.(...)Fundamento da infalibilidade é a assistência do Espírito Santo, assistência
que não é inspiração nem revelação e, por isso, não dispensa o estudo nem o emprego de meios
humanos para conhecermos a verdade.” (Pg. 74)
3) O Romano Pontífice deve ter a vontade de dar uma decisão
dogmática e não uma simples advertência ou somente uma instrução
geral.
4) A razão da infalibilidade papal reside na assistência particular do
Espírito Santo, que preserva de todo erro, e não na inspiração ou
revelação da parte de Deus; tanto menos reside na sua capacidade ou nos
lumes naturais.
5) As decisões do Pontífice são irreformáveis em “si mesmas”, e não pela
adesão do episcopado.

Quando não se realizam contemporaneamente todas estas condições, o


assentimento que se dá às decisões pontifícias, não é, propriamente falando,
um assentimento de fé, mas um assentimento disciplinar. Isso não significa
que possamos desobedecer todo e qualquer pronunciamento do Santo Padre
que não seja infalível; afinal, não ser infalível não significa, necessariamente,
que seja errôneo, pois Cristo nos prometeu no Evangelho que estaria com sua
Igreja todos os dias até a consumação dos séculos; isso nos faz compreender
que, em todas as ações da Igreja, Nosso Senhor a socorre com luzes e
auxílios especialíssimos, fortalecendo seus pastores no exercício de sua
missão.4 Graças ao bom Deus, a História tem demonstrado a fidelidade
heróica de incontáveis ministros do Senhor no anúncio da Boa nova.5

Santo Inácio de Loyola, propõe-nos em suas “Regras para sentir com a


Igreja” que renunciemos a todo parecer próprio que tivermos em nossa alma;
assim, segundo ele, estaremos prontos para obedecer cegamente à
verdadeira Igreja de Cristo. Este conselho é de particular importância para
nossa época tão marcada pelo subjetivismo e auto-suficiência.[75]
A Décima Regra, por exemplo, é muito interessante! Ela reza o que se segue:
“Para não nos desviarmos da verdade, devemos sempre estar dispostos a
crer que o que nos parece branco é negro, se a Igreja hierárquica assim o
decidir. Porque é necessário crer que entre Jesus Cristo Nosso Senhor, que é
o Esposo, e a Igreja, que é sua Esposa, há um só e mesmo Espírito que nos
governa e nos dirige para a salvação, e que é pelo mesmo Espírito e pelo
mesmo Senhor, que deu os dez mandamentos, que é dirigida e governada a
nossa Mãe a santa Igreja.”[76]
Cremos haver demonstrado, mesmo que de modo incipiente, a magnificência
desta verdade tão cara ao cristianismo; ela, que tanta glória confere à cátedra
de Pedro, príncipe dos apóstolos.

4
Conf.: LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé. São Paulo: Paulinas, 1969. Pg. 66. “A fé diz-se
divina quando se refere às verdades reveladas por Deus (dogmas). Diz-se divina católica quando
essas verdades são, como tais, propostas a crer pela Igreja católica.”
5
Conf.: LANDUCCI, P.C. Cem problemas de fé... Pg. 68. “... é justo presumir que a Igreja, infalível
no dogma e no que a ele se une indissoluvelmente, seja sumamente categorizada nas outras coisas,
que são realmente mas não indissoluvelmente conexas com as verdades infalíveis. É um critério
óbvio de sabedoria e de prudência que o sugere.”
2 – O que diz o Código de Direito Canônico?

Cân. 749 - § 1. Em virtude de seu ofício, o Sumo Pontífice goza de


infalibilidade no magistério quando, como Pastor e Doutor supremo de todos
os fiéis, a quem cabe confirmar na fé seus irmãos, proclama, por ato
definitivo, que se deve aceitar uma doutrina sobre a fé e os costumes.
§ 2. Também o Colégio dos Bispos goza de infalibilidade no magistério
quando, reunidos os Bispos em Concílio Ecumênico, exercem o magistério
como doutores e juizes da fé e dos costumes, declarando para toda a Igreja
que se deve aceitar definitivamente uma doutrina sobre a fé ou sobre os
costumes; ou então quando, espalhados pelo mundo, conservando o
vínculo de comunhão entre si e com o sucessor de Pedro, e ensinando
autenticamente questões de fé ou costumes juntamente com o mesmo
Romano Pontífice, concordam numa única sentença, que se deve aceitar
como definitiva.
§ 3. Nenhuma doutrina se considera infalivelmente definida se isso não
constar manifestamente.

Cãn. 750 – Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que está contido
na palavra de Deus escrita ou transmitida, a saber, no único depósito da fé
confiado à Igreja, e que, ao mesmo tempo, é proposto como divinamente
revelado pelo magistério solene da Igreja ou pelo seu magistério ordinário e
universal; isto se manifesta pela adesão comum dos fiéis sob a guia do
magistério sagrado; por isso, todos estão obrigados a evitar quaisquer
doutrinas contrárias.

Cân. 752 – Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e


vontade deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos
Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os
costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato
definitivo; portanto, os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo
com ela.

Can. 753 – Os Bispos, que se acham em comunhão com a cabeça e os


membros do Colégio, quer individualmente, quer reunidos nas Conferências
dos Bispos ou em concílios particulares, embora não gozem de infalibilidade
no ensinamento, são autênticos doutores e mestres dos fiéis confiados a seus
cuidados; os fiéis estão obrigados a aderir, com religioso obséquio de
espírito, a esse autêntico magistério de seus Bispos.
Cân. 754 – Todos os fiéis têm obrigação de observar as constituições e
decretos que a legítima autoridade da Igreja dá com o intuito de propor a
doutrina e proscrever as opiniões errôneas e, de modo todo especial, quando
dados pelo Romano Pontífice ou pelo Colégio dos Bispos.

CAPITULO III

1 – Uma ordem estabelecida por Deus

Observando a história da humanidade podemos perceber, à luz da revelação


cristã, os sinais da ação amorosa de Deus em favor dos homens. Ao mesmo
tempo, percebemos também, e com muito mais clareza, a revolta dos seres
humanos contra os planos de seu Criador. É fato que desde os fins da Idade
Média pôde-se averiguar, e com propriedade, toda uma conspiração anti-
cristã já amadurecida pelo tempo e, desde aquela época, pronta para uma
emergência mais visível e objetiva perante a sociedade adoentada.

Poderíamos descrever aqui os vários momentos desse processo


revolucionário na História; porém, este não é o escopo de nosso trabalho.
Qualquer um, após desapaixonado estudo das crises medievais que geraram
tanto a pseudo–reforma protestante, como a Revolução Francesa, ou mesmo
os males do comunismo moderno, entre outras conseqüências...
compreenderá o grau de decadência moral a que chegou a sociedade
humana, tão distante dos princípios instituídos por Nosso Senhor Jesus
Cristo.

Como exemplos citemos os desvios da moda, e o baixo nível que tem


alcançado o tratamento social dos indivíduos, para não tocarmos em outros
casos, como a imoralidade de tantas músicas ou mesmo a irracionalidade da
arte moderna.[77] Claro que poderíamos ir mais fundo e falarmos do
antropocentrismo, do liberalismo, ou mesmo do niilismo, e do naturalismo
imanentista e antimetafísico da filosofia atual... toda esta realidade
diametralmente oposta ao pensamento cristão. Porém, façamos algumas
constatações mais gerais e acessíveis aos nossos leitores, muitos deles ainda
desacostumados a certas abordagens que exigem, digamos assim,
malabarismos acadêmicos.

Aqueles que se propõem a seguir com fidelidade os ensinamentos do


Evangelho, dadas as coisas como estão, encontram uma dificuldade imensa
na luta contra as tendências desordenadas de sua natureza. Aliás, um dos
esforços dos inimigos da fé católica foi exatamente destruir a crença na
realidade do Pecado Original; isso é compreensível, pois desaparecido o
pecado, tornar-se-ia desnecessária e ilusória toda a visão tradicional da
Igreja sobre a encarnação do Verbo e a Redenção trazida por Ele.
Nascemos numa sociedade anormal, e que, portanto, desfavorece o pleno
desenvolvimento da Vida Cristã. “Vivemos hoje num mundo que tenta afirmar
a soberania do homem, e até sua divinização já que sem deuses não
sabemos viver. E é tão insolente essa idolatria que já se pode falar em
perseguição do cristianismo.” [78]

Pensemos num mundo onde tudo conspirasse para a maior glória de Deus e
a salvação das almas! Eis, caro leitor, a mais perfeita ordem de coisas que
pode existir nesta terra: a Sociedade Cristã. Foi essa ordem que quis se
objetivar na Idade Média, e que, apesar das contingências históricas, próprias
de cada época, soube fazer-se valer, impregnando as culturas daquele aroma
sobrenatural que flui do Evangelho. O ambiente que as almas respiravam
naquele momento histórico, guardadas as devidas proporções, estava repleto
de cristianismo, tudo concorria para que o ser humano pudesse alcançar o fim
para o qual fora chamado: a Bem aventurança eterna.

Voltamos a repetir que todas as épocas tiveram suas mazelas. Mesmo a


Idade Média, no apogeu de sua assimilação cristã, ressentiu-se dessas
loucuras próprias de tantos homens que ousam pretender-se no lugar de
Deus. Se não fosse assim, seria incompreensível a deterioração ocorrida pelo
fim daquele período, o que veio a gerar, posteriormente, como já insinuamos,
os desmandos do Renascimento e do Iluminismo. 6

Portanto, tudo o que vemos hoje afrontando os sublimes ensinamentos da


Igreja Católica não surgiu de uma hora para outra. Foi fruto de um processo
ordenado para o erro que tem suas raízes na própria revolta angélica. No
fundo, Lúcifer apresenta-se como o pai da mentira. Aquele que, conspirando
contra a descendência da mulher, tem por objetivo destruir a obra de Deus e
perder as almas. Vemos assim entre a Serpente, Caim, Judas e os grandes
proscritos da humanidade, muito mais que mera coincidência histórica, mas
sim uma continuidade ideológica que tende para um fim específico: a
destruição da ordem estabelecida por Deus.[79]

Apresenta-se, por fim, perante nossos olhos uma grande missão digna de
todos os fiéis católicos: preservar o tesouro da Tradição e lutar ardorosamente
contra todo inimigo que se levanta contra os planos de Deus. Se assim
fizermos, dia virá em que, pelo auxílio sobrenatural da graça, teremos uma
6
Uma interessante reflexão sobre os desvios doutrinais do final da Idade Média nos é apresentado
pelo Doutor Orlando Fedeli em seu livro “Nos labirintos de Eco”, por nós já citado. Este autor
demonstra, e com todo embasamento, o avanço de um processo desestruturador dos princípios
cristãos que imperavam naquele período. Desmascarando os lances difusos, muitas vezes gritantes e
palpáveis, dos inimigos da verdade, apresenta-nos com arguta destreza o choque dialético que foi se
dando entre tendências gnósticas e panteístas alojadas nos espíritos incautos e maliciosos de muitos
pensadores.
sociedade onde não mais se ofenda a Deus, Nosso Senhor; onde todos os
costumes, assim como, todas as instituições, possam viver banhadas na
atmosfera cristã; e, deste modo, tudo venha a conspirar para a maior glória de
Deus, salvação das almas e exaltação da santa Igreja.

[1]
Conf. S. Mat. 28,18-20
[2]
Conf. Atos 4,12
[3]
Declaração Dominus Iesus. (Sobre a unicidade e universalidade salvífica de
Jesus Cristo e da sua Igreja) Congregação para a Doutrina da fé.
[4]
Para uma visão mais global deste “ataque” contra os planos de Deus, que aliás
remonta aos primórdios da criação: RATZINGER, Joseph. A união das nações. São
Paulo: Loyola, 1975; p.22.; PINAY, Maurice. Complot contra a Igreja. Coleção temas
em foco. Trad. João Afonso. Lisboa: Editorial J. Castelo Branco, 1970. 616 pg.;
FEDELI, Orlando. Nos labirintos de Eco. São Paulo: Véritas, 2004, 189 pg..
FÉRENZY, Oscar de. Os Judeus e nós os Christãos. Trad. Godofredo Rangel. São
Paulo: Companhia Editora Nacional,1939.231pg. DE MATTEI, Roberto. Pio IX .
Trad. Antônio de Azevedo. Porto: Civilização, 347 pg. MARTIN, Malachi. Os
Jesuítas. Trad.: Luiz Carlos N. Silva. Rio de janeiro: Record, 1989. 463 pgs. São Pio
X. Pascendi (Sobre o modernismo)
[5]
Conf. S. Judas 3-4
[6]
Conf. II S. João 9-11
[7]
Conf. Gálatas 1,6-9
[8]
Conf. São Pio X. Pascendi (Sobre o Modernismo)
[9]
Conf. Gênesis 3,15
[10]
Conf. S. Luc. 22, 46
[11]
Conf. S. Mar. 14, 27
[12]
Conf. Col..1, 24
[13]
Conf. S. Joâ.19, 25
[14]
VIEIRA, Pe. Antônio. Sermões. Vol. VIII. Revisão e adaptação de Frederico
Ozanam Pessoa de Barros. Erechim, EDELBRA , 1998. Pg. 297.
[15]
Conf. Fil. 3, 10
[16]
Conf. S. Mar.15, 21
[17]
Conf. Fil.1, 29
[18]
Conf. IITim. 2,11-12
[19]
Conf. Fil. 4,13
[20]
CONTI, Dom Servilio. O Santo do dia. 3ª Edição. Petrópolis,Vozes,1986. pg.
461.
[21]
Conf.: RUIX, Jose Juan Gorriz. La Revolucion de la Modernidad. La bestia
del apocalupsis? Zaragoza, 1990. 319 pg. Ver também: “A Conjuração
Anticristã” de Monsenhor Henri Delassus e a obra “Revolução e Contra
Revolução” de Plínio Correia de Oliveira. Além, claro, das obras já citadas na
referência número “4” deste trabalho.
[22]
As citações seguintes, com exceção daquelas que indicarmos outra fonte,
encontram-se no seguinte livro: Não agüentamos mais! Carta ao clero italiano.
Ed. Segno, 1995. Trad. D. Manuel Pestana Filho. Anápolis, Goiás. 66 pgs.
[23]
FEDELI, Orlando. Carta a um padre. São Paulo: Véritas.
[24]
Conf. II Tes. 2, 8
[25]
Conf. Apo.21,4
[26]
RATZINGER, Joseph; MESSORI, V. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger
se interroga. Trad. Pe. Fernando J. Guimarães, CSSR. Sâo Paulo, E.P.U,
1985. Pg. 16-17
[27]
Idem. Pg. 22
[28]
Conf. Isaias 62,6
[29]
RODRIGUES, Paulo. Igreja e Anti-Igreja. Teologia da Libertação. São
Paulo, T. A. Queiroz, Editor, 1985, pg. 265-267
[30]
Ibidem. RATZINGER, Joseph; MESSORI, V. A fé em crise? ... pg. 14
[31]
Conf. S. Mat. 13,11
[32]
Conf. Ato. 20,29-31
[33]
Conf. II Cor. 11,14-15
[34]
Conf. S. Mat. 13,40-42
[35]
MAYER, D. Antônio de Castro. Por um cristianismo autêntico. Editora Vera
Cruz, 1971. pg. 26
[36]
Idem. Pag. 26-27
[37]
Conf. I Cor. 10, 13
[38]
Conf. S. Luc. 10,16
[39]
Conf. Salmo 71,11
[40]
Conf. Salmo 95,5; assim como I Cor.10, 20: “As coisas que os pagãos
sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que
tenhais comunhão com os demônios.”
[41]
Conf. Salmo 116,1
[42]
Conf. Efésios 1,20-23
[43]
Conf. Filp. 2, 9-11
[44]
Conf. S. Luc. 10,16
[45]
Conf. S. Mat. 16,19; 18, 18
[46]
Conf. S. Mac.16, 15-16
[47]
Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã. Texto do catecismo Maior de S. Pio
X. Terceira Parte. Breves noções de História da Igreja. 1ª Edição. Vera Cruz:
Campos, 1976. Pgs 43-44. Ver tamb.: PASCUCCI, Mons. Francisco. Doutrina
Cristã. Trad. Prof. Pe. Armando Guerrazzi. Rio de Janeiro: Editora ABC, 1939.
Pg. 69.
[48]
Para entrever a complexidade desse tema, favor conferir: BARTMANN,
Bernardo. Teologia Dogmática. 2o Tomo. São Paulo: Edições Paulinas, 1964.
Pg. 465, onde se lê, por exemplo, a respeito dos Papas, que seria uma
afirmação exagerada e insustentável inferir que jamais um Papa pudesse,
“pessoalmente e em particular”, afastar-se da fé; segundo o autor, as palavras
de Lc. 22,31-32 não prometeriam absolutamente aos Sumos Pontífices,
“como pessoas privadas”, não cair em heresia, mesmo que uma piedosa
opinião, sustentada por alguns autores renomados afirme que, de fato, a
Providência não permita a heresia privada do Santo Padre. No Mais,
infalibilidade não significa impecabilidade: “Infalibilidade não é impecabilidade,
pois, na qualidade de mestre universal, o Papa não pode cair em erro, mas,
como homem, pode cair em pecado.” (Conf.: LANDUCCI, P.C. Cem
problemas de fé. São Paulo: Paulinas, 1969. Pg. 75)
[49]
Conf. Ibidem. Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, pag. 47 ...Onde se
afirma que o pároco é um sacerdote delegado para presidir e dirigir, sob a
dependência do Bispo, uma porção da Diocese; deste modo, eles devem ser
tidos como auxiliares do Bispo na cura das almas, tendo uma certa
participação em seu poder de ensinar juntamente com o restante dos
sacerdotes.
[50]
Conf. Efésios 2, 20
[51]
Conf. Efésios 4,4-5
[52]
Conf. Efésios 4,14
[53]
Conf. S. João 14,16-17
[54]
Conf. S. João 14,26
[55]
Conf. S. João 16, 13
[56]
Conf. S. Mateus 28,20
[57]
Conf. S. Marcos 16,16 . Conf. Tamb.: LANDUCCI, P.C. Cem problemas de
fé. São Paulo: Paulinas, 1969. 342 pgs.
[58]
Conf. S. Mateus10, 40 : “Quem vos recebe á a mim que recebe”
[59]
Conf. I Tim. 3, 14
[60]
Conf. Efésios 1,23; 4,12-16; Col. 1,18.24
[61]
João Paulo II. Augustinum Hipponensem. Doc. Pontifícios, n. 210.
Petrópoles: Vozes, 1986, p. 24 e 28. Ainda segundo este documento, Santo
Agostinho chegou a afirmar: “Não acreditaria no Evangelho se não me
induzisse a isto a autoridade da Igreja Católica.” p. 45
[62]
Código de Direito Canônico, Cân. 753.
[63]
“Onde houver perigo iminente para a fé, os superiores devem ser argüidos,
mesmo publicamente, pelos subordinados.” (Santo Tomás) Conf.
RODRIGUES, Paulo. Igreja e Anti-Igreja... p. 265-267
[64]
Conf. Mat. 16, 18
[65]
Conf. Jo. 8, 44
[66]
Conf. Jo. 21, 15-17
[67]
Conf. Luc. 22, 31-32
[68]
BARTMANN, Bernardo. Teologia Dogmática... P. 463
[69]
“A dignidade do Papa é a maior entre todas as dignidades da terra e dá-lhe
um poder supremo e imediato sobre todos e cada um dos pastores e dos
fiéis.” Conf. Ibidem. Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, pag. 45. n. 195
[70]
Denziger-Schonmetzer, p. 875.
[71]
A Sagrada Escritura permite certa utilização mais lata do termo “deus”, sem
que com isso se caia na heterodoxia; conferir, por exemplo, o Salmo 81, 6,
citado por Cristo em João 10, 34.
[72]
Conf. Ex. 7,1
[73]
VIEIRA, Pe. Antônio. Sermões. Vol. VIII... p. 244-245
[74]
BARTMANN, Bernardo. Teologia Dogmática... P. 462. Também: São Pio X.
.Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, p. 45.
[75]
“Só a unidade da fé da Igreja e sua obrigatoriedade nos dão a garantia de
não seguirmos opiniões humanas nem aderirmos a partidos formados por nós
próprios, mas pertencermos e obedecermos ao Senhor.” Conf.: RATZINGER,
Cardeal Joseph. Compreender a Igreja Hoje. Vocação para a comunhão.
Trad. D. Mateus Ramalho Rocha, OSB. 3ª Edição. Petrópolis, Editora Vozes,
2006; p. 92
[76]
MONTEIRO S.J, Pe. Alexandrino. Exercícios de Santo Inácio de Loyola. II
Edição. Editora Vozes Limitada, Petrópolis, 1959; p. 333 (Obviamente que
neste caso o Santo se refere aos pronunciamentos infalíveis e não a todo e
qualquer ensinamento da hierarquia eclesiástica.)
[77]
FEDELI, Orlando. Rock´n Roll, Revolução-Droga-Satanismo. Coleção
Ensaios. São Paulo: Edições Montfort, 1999. 70 pg. Onde, em certa música se
lê, por exemplo: “ Eu não gosto de padre. Eu não gosto de Madre. Eu não
gosto de Frei. Eu não gosto de Bispo. Eu não gosto de Cristo. Eu não gosto
de amém.”
[78]
CORÇÃO, Gustavo. Dois amores duas cidades. Tomo I. Rio de Janeiro:
Agir, 1967; p. 229
[79]
Jesus Portador da Água Viva. Uma reflexão Cristã sobre a Nova Era.
Pontifícios Conselhos para a Cultura, e para o Diálogo inter-religioso. N. 13.
Paulinas, p.16; Conf. tamb: RATZINGER, Joseph. A união das nações. São
Paulo: Loyola, 1975; p.21

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