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de PORTUGAL
VOLUME 1
FORMAÇÃO E LIMITES
DA CRISTANDADE
C O O R D E N A Ç Ã O DE:
Ana Maria C. M . Jorge
Ana Maria S. A. Rodrigues
A U T O R E S :
Ana Maria C. M . Jorge
Ana Maria S. A. Rodrigues
H e r m í n i a Vasconcelos Vilar
J o a q u i m C h o r ã o Lavajo
Maria de Lurdes Rosa
Maria José Ferro Tavares
Saul A n t ó n i o G o m e s
CírculoLeitores
CAPA E DESIGN GRÁFICO:
Fernando Rochinha Diogo
REVISÃO TIPOGRÁFICA:
F o t o c o m p o g r á f i c a , Lda.
CARTOGRAFIA:
F e r n a n d o Pardal
COMPOSIÇÃO:
F o t o c o m p o g r á f i c a , Lda.
FOTOMECÂNICA:
F o t o c o m p o g r á f i c a , Lda.
INTRODUÇÃO 1
V
SUMÁRIO
MONARQUIA E IGREJA:
CONVERGÊNCIAS E OPOSIÇÕES 303
DA «IGREJA C O N S T A N T I N I A N A » A O R E I N O A S T U R I A N O - L E O -
N È S 3 0 3 — D E A F O N S O H E N R I Q U E S A S A N C H O II: U M A D I F Í C I L
D E L I M I T A Ç Ã O D E P O D E R E S (1128-1245) 3 0 7 — D o s p o d e r e s e m p r e -
sença 3 0 4 — R e i s e bispos 3 1 4 — O R E I E A I G R E J A - O E S T A B E L E -
C I M E N T O D A S C O N C Ó R D I A S (1245-1383) 3 1 8 — O C I S M A D O O C I -
DENTE E A IGREJA PORTUGUESA N O DEALBAR DO
S É C U L O X V 328 — N O T A S 334
vi
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA 511
VII
Introdução geral
Carlos A. Moreira Azevedo
IX
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
. t i
xviii
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
XVIII
INTRODUÇÃO GERAL
XXIII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
XvIII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
XXIII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
E s t a m o s c o n s c i e n t e s d e q u e escrever u m a História é o p e r a r u m a i n t e r -
v e n ç ã o social e cultural. S e j a - n o s p e r m i t i d o a p o n t a r o nosso h o r i z o n t e p r o s -
p e c t i v o para os leitores c o n h e c e r e m o rasgo d o nosso olhar na o b s c u r i d a d e
do futuro.
S i t u a - s e este p r o j e c t o n o t e m p o p ó s - m o d e r n o e m q u e n ã o só as i d e o l o -
gias p e r d e r a m a f o r ç a de c o e s ã o social. T a m b é m u m a c o m u m i d e n t i d a d e
c u l t u r a l se esvai. Fala-se até n o f i m d o p l u r a l i s m o e na e m e r g ê n c i a d e p l u -
ralidades n ã o c o n v e r g e n t e s , p o r q u e paralelas. O p l u r a l i s m o p r e s s u p u n h a u m
centro, de algum m o d o , unificante. Pluralidade é o rebentar de novas reali-
dades q u e n e n h u m a a u t o r i d a d e c o n s e g u e disciplinar e h a r m o n i z a r , é a p e r d a
d e u m c e n t r o . O p l u r a l i s m o t e n d e a g o v e r n a r as diversas posições, a plurali-
d a d e verifica a m u l t i p l i c i d a d e .
O f i m da C r i s t a n d a d e é u m aspecto desta perda d e centralidade. T a m b é m
a Igreja Católica, c o m o o Estado, quais antagonistas q u e p r o t a g o n i z a v a m os
a c o n t e c i m e n t o s , v e r i f i c a m a p e r d a de c a m p o na s o c i e d a d e civil. A p ó s o
II C o n c í l i o d o V a t i c a n o a Igreja Católica, de m ã o s dadas c o m as outras I g r e -
jas cristãs, n ã o t e m a p r e s u n ç ã o d e o r i e n t a r a sociedade, mas p õ e - s e ao servi-
ç o da pessoa h u m a n a , c o m o c o n s c i ê n c i a crítica d e q u a l q u e r p r o j e c t o e c o m o
apelo à absoluta p r i o r i d a d e da salvação. Alerta para valores d e n t r o d o pluralis-
m o religioso e da a u t o r i d a d e da cidade terrena. N a e n c r u z i l h a d a deste r e c o -
n h e c i m e n t o t e ó r i c o , c o m c o m p o r t a m e n t o s ainda eivados de m e n t a l i d a d e a n -
terior, passa-se para o assumir a periferia nas estruturas d o sistema social. Esta
perda d e centralidade n ã o t r a d u z insignificância histórica da fé, n e m d e s a p a -
r e c i m e n t o d o religioso, mas d e d i c a ç ã o aos p r o b l e m a s f u n d a m e n t a i s da pessoa.
A n o v a f o r m a de p r e s e n ç a difusa t o r n a c o m p l e x a a relação e n t r e valores reli-
giosos e estrutura social. D e facto, os valores religiosos p o d e m p e r m a n e c e r n o
c e n t r o da pessoa h u m a n a . Será essa a m u d a n ç a para u m n o v o m o d o de ser
das Igrejas.
N ã o d e f e n d e m o s q u e o e v i d e n t e f i m da C r i s t a n d a d e signifique o início
d e u m a fase pós-religiosa da h u m a n i d a d e . H á u m a transferência d e valores e d e
procura de valores d o plano exterior para o plano das consciências, o q u e p o d e
aparecer c o m o risco de indiferença na sociedade pluralista e policêntrica.
Já n ã o se trata d e i m p o r qualquer perspectiva. T a l m é t o d o , na aparente efi-
cácia, d i m i n u i u a força da m e n s a g e m e distanciou-se da f o n t e original. A g o r a
t a m b é m é impossível p r o p o r u m ú n i c o q u a d r o de valores e cria-se u m a o r i e n -
tação para baixar o nível da «ética mínima», avaliada p o r cada u m , a igualar as
posições n u m a indiferença céptica diante d e qualquer proposta d e sentido. Esta
cultura da i n d i f e r e n ç a t o r n a - s e clima geral n o a n o n i m a t o d o p r o c e s s o p r o d u -
tivo, da p e r d a da q u a l i d a d e da vida interpessoal, na p e r d a d e significado das
relações intrafamiliares, na massificação d o uso d o t e m p o livre.
P o r q u e a c i ê n c i a / c o n h e c i m e n t o h i s t ó r i c o r e m e t e para u m a m e m ó r i a c o -
m o p e d a g o g i a , c o m esta História R e l i g i o s a q u e r e m o s f o r n e c e r u m c o n t r i b u t o
para u m a p e d a g o g i a da d i f e r e n ç a t o l e r a n t e , a m p l i f i c a n d o as i n t e r r o g a ç õ e s s o -
b r e o s e n t i d o , p r o m o v e n d o o a p r o f u n d a m e n t o das raízes n o s debates d e cada
pessoa c o m u m passado c o m p l e x o e a b r i n d o u m a leitura p e r m a n e n t e da m e -
m ó r i a , a m a l g a m a d a c o m a busca d e n o v o c o m p r o m i s s o , na p r e s e n ç a d o m i s -
tério.
O C e n t r o d e E s t u d o s d e História R e l i g i o s a da U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a
P o r t u g u e s a agradece ao C í r c u l o d e Leitores ter a c o l h i d o o nosso p r o j e c t o e
d a r - l h e a vasta d i f u s ã o editorial q u e se c o n h e c e . C o m t o d o s os c o o r d e n a d o r e s
e c o l a b o r a d o r e s dos vários v o l u m e s , o r i u n d o s d e d i f e r e n t e s origens a c a d é m i -
cas, partilha a alegria deste p a r t o , r e c o n h e c e n d o o e s f o r ç o e a i n t e r a j u d a p r ó -
prios e necessários a u m a o b r a c o m u m . O risco foi p e r c o r r i d o . A a v e n t u r a
p r o s s e g u e na leitura, passo para n o v o saber.
xviII
INTRODUÇÃO GERAL
NOTAS
1
Sobre o tema é abundante a bibliografia. Aqui se referem só alguns títulos recentes: GÓMEZ
CAFFARENA, ed. - Religión. Madrid: Trotta, 1993; DERRIDA, J.; VATTIMO, G., ed. - La religión.
Madrid: P P C , 1996; LUCAS HERNANDEZ, Juan de Sahagún - Fenomenologia y Filosofia de la religión.
Madrid: B A C , 1999; PIKAZA, Xabier - El fenómeno religioso: Curso fundamental de religión. Madrid:
Ed. Trotta, 1999.
2
Para mais desenvolvimento cf. LUCAS HERNANDEZ, Juan de Sahagún - Fenomenologia y Filo-
sofia de la religión. Madrid: B A C , 1999, com bibliografia actualizada.
3
Expressão de TRIAS, E. - La edad dei espiritu. Barcelona: Destino, 1994; IDEM - Pensar la reli-
gión. Barcelona: Destino, 1997.
4
DICIONÁRIO de História da Igreja em Portugal. Dir. de A. A. Banha de Andrade. Lisboa: Ed. R e -
sistência [1980], vol. 1, 15*-27*. C f também SERRÃO, J. Veríssimo - A historiografia portuguesa. Lisboa,
1972. 3 vol.; MATOS, Sérgio Campos - Historiografia contemporânea. In DICIONÁRIO de História
Religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. 2 (no prelo).
3
Deixou publicada, além de fecunda investigação, uma obra de orientação para a história:
Princípios da história ecclesiastica escritos em forma de diálogo. Lisboa: Miguel Rodrigues, 1765. Subli-
nha a necessidade que a Igreja e o dogma têm da história.
6
Cf. AZEVEDO, C. A. Moreira - Teologia. In HISTÓRIA da Universidade, vol. 2 (no prelo).
7
Ver PINTO, A. Ferreira - Cabido da Sé do Porto: João Pedro Ribeiro cónego doutoral. Lu-
men. 2 (1938) 28-37.
8
NEVES, F. Moreira das - José de Sousa Amado. In DICIONÁRIO de História da Igreja em Por-
tugal. Lisboa, 1980, vol. 1, p. 188-191.
9
[SANTOS, Domingos Maurício Gomes dos] - Horizontes da historiografia eclesiástica em
Portugal (No centenário de Fortunato de Almeida). Brotéria. 88 (1969) 626-631; PERES, Damião -
O Professor Fortunato de Almeida académico e escritor. Memórias da Academia das Ciências de
Lisboa: Classe de Letras. 12 (1969) 7-14.
xviII
Introdução
Ana Maria S. A. Rodiigues
Ana Mana C. M. Jorge
C o m e ç a r u m a História Religiosa de Portugal p o r u m a é p o c a e m q u e
Portugal ainda n ã o existia p o d e parecer, à primeira vista, u m c o n t r a - s e n s o .
C o n t u d o , as mais recentes Histórias d o nosso país — a Nova História de Portu-
gal dirigida p o r J o e l Serrão e A. H . de Oliveira M a r q u e s , e as duas Histórias
de Portugal dirigidas, respectivamente, p o r José M a t t o s o e J o ã o M e d i n a —
p r i n c i p i a m todas, i g u a l m e n t e , na pré-história. N ã o p o r q u e t o m e m p o r a d q u i -
rido q u e a nação p o r t u g u e s a j á se e n c o n t r a v a prefigurada e m alguma das f o r -
m a ç õ e s territoriais e políticas locais anteriores à f u n d a d a p o r D . A f o n s o H e n -
riques, mas p o r q u e se tornaria ininteligível u m relato iniciado apenas c o m o
r e c o n h e c i m e n t o da i n d e p e n d ê n c i a da m o n a r q u i a p o r t u g u e s a , e m 1143, o u
m e s m o mais tarde, c o m a crise d e 1383-1385, q u a n d o n o calor da guerra c o n -
tra Castela se c o m e ç a a n o t a r a expressão de u m a incipiente consciência n a -
cional.
O c o n h e c i m e n t o das formas c o m o os h o m e n s interagiram c o m o espaço
e se organizaram d o p o n t o d e vista político, e c o n ó m i c o e social n o território
q u e f u t u r a m e n t e virá a ser português, antes m e s m o da constituição da entidade
política a u t ó n o m a a q u e c h a m a m o s Portugal, é indispensável à c o m p r e e n s ã o
da história nacional. Tal c o m o é f u n d a m e n t a l , para a c o m p r e e n s ã o da história
religiosa p o r t u g u e s a , o c o n h e c i m e n t o das crenças e práticas desses m e s m o s
h o m e n s , desde os t e m p o s mais recuados. P o r q u e , se foi a matriz cristã q u e
m a r c o u i n d e l e v e l m e n t e a d i m e n s ã o religiosa da sociedade p o r t u g u e s a d u r a n t e
toda a Idade M é d i a , esta n ã o se c o m p r e e n d e s e m os c o n t r i b u t o s de religiões
mais antigas q u e o cristianismo se esforçou p o r desalojar dos t e m p l o s e das
consciências, n e m s e m p r e c o m absoluto sucesso, e de outras religiões coevas
q u e ele c o m b a t e u c o m igual energia através da palavra e das armas, e m b o r a
tivesse aceite c o m elas coexistir d u r a n t e alguns séculos.
Este p r i m e i r o v o l u m e t e m , pois, c o m o cenário o território e m q u e , mais
tarde, virá a surgir o Portugal c o n t i n e n t a l q u e h o j e c o n h e c e m o s , s e m n u n c a
p e r d e r d e vista a sua inserção n u m c o n t e x t o peninsular e e u r o p e u mais alar-
g a d o — o da cristandade latina ocidental — , mas p r o c u r a n d o evitar as g e n e -
ralizações p o r vezes abusivas q u e t ê m sido feitas a partir de casos p r ó x i m o s .
T e m , ainda, c o m o balizas c r o n o l ó g i c a s a i n t r o d u ç ã o d o cristianismo nesse
espaço n o B a i x o I m p é r i o R o m a n o e o seu c o n f r o n t o c o m o f u n d o religioso
a u t ó c t o n e e r o m a n o , n u m a das e x t r e m i d a d e s t e m p o r a i s , e na o u t r a a situa-
ção d e crise m o r a l , social e e c o n ó m i c a a q u e a Igreja cristã — t a n t o na sua
a c e p ç ã o d e c o m u n i d a d e d e fiéis c o m o na d e instituição — c h e g o u e m m e a -
dos d o século xv, e q u e irá d e s e n c a d e a r e m Q u i n h e n t o s u m m o v i m e n t o d e
r e f o r m a i n t e r n a e e x t e r n a d e g r a n d e alcance e efeitos d u r a d o u r o s . O q u e
n ã o q u e r dizer q u e os r i t m o s p r ó p r i o s a cada estrutura n ã o t e n h a m levado,
e p i s o d i c a m e n t e , à a d o p ç ã o d e m a r c o s t e m p o r a i s mais restritos e m alguns c a -
pítulos.
1
INTRODUÇÃO
2
INTRODUÇÃO
3
INTRODUÇÃO
4
INTRODUÇÃO
ter os seus chefes, reger-se pelas suas leis e praticar a sua religião. Tratava-se
dos mucahidún, c o n h e c i d o s nas fontes cristãs p o r moçárabes.
E m b o r a a vivência religiosa destes n o território q u e f u t u r a m e n t e virá a
ser p o r t u g u ê s seja mal c o n h e c i d a , sabe-se q u e m a n t i v e r a m a d e v o ç ã o a m á r t i -
res locais, assim c o m o a diversos santos. H á , t a m b é m , notícias ocasionais da
existência de bispos e m algumas dioceses, p o r vezes deslocados e m cidades já
recuperadas pelos cristãos, e d o f u n c i o n a m e n t o de mosteiros c o m as respecti-
vas escolas, c o m o n o caso de L o r v ã o e Vacariça.
Estes cristãos q u e m a n t i v e r a m as tradições litúrgicas e monásticas visigóti-
cas e m território islâmico n ã o tiveram, c o n t u d o , a vida fácil q u a n d o , e m p u r -
rados p o r sucessivas vagas de intolerância religiosa islâmica, f u g i r a m para o
N o r t e , o u se viram incluídos n o território cristão q u a n d o a R e c o n q u i s t a foi
atingindo o C e n t r o e o Sul da Península. O s seus correligionários o l h a v a m
c o m desconfiança as suas práticas cultuais e a sua particular vivência d o c e n o -
bitismo n u m m o m e n t o e m q u e , d e v i d o à r e f o r m a dita gregoriana, t r i u n f a v a m
e m t o d o o O c i d e n t e a liturgia r o m a n a e os costumes b e n e d i t i n o s c l u n i a c e n -
ses. A eles tiveram os moçárabes de submeter-se, sob pena de serem c o n s i d e -
rados heréticos.
Já e n t ã o viviam os m u ç u l m a n o s , e m território cristão, u m a experiência
semelhante à q u e os cristãos h a v i a m vivido e m território islâmico: se resis-
tiam à conquista, e r a m m o r t o s o u reduzidos à escravatura; se n e g o c i a v a m a
rendição, p o d i a m gozar da p r o t e c ç ã o régia e de u m estatuto q u e lhes garantia
a liberdade de culto e a a u t o n o m i a administrativa e judicial, m e d i a n t e o p a -
g a m e n t o de pesados impostos. Assim se constituíram as chamadas c o m u n a s
de m o u r o s forros e m diversas cidades d o Sul d o país, sediadas e m a r r u a m e n -
tos o u bairros fechados e m zonas periféricas, c o m as suas mesquitas, as suas
escolas alcorânicas, os seus banhos, o n d e os m o u r o s praticavam o artesanato e
o c o m é r c i o o u se d e d i c a v a m à policultura de abastecimento u r b a n o .
T a m b é m eles f o r a m postos perante a escolha entre a conversão o u a e x -
pulsão, p o r D . M a n u e l , e m 1496. T o d a v i a , ao invés d o q u e a c o n t e c e u c o m
os j u d e u s , n e m f o r a m baptizados à força n e m os seus filhos lhes f o r a m retira-
dos. O seu fraco peso d e m o g r á f i c o e e c o n ó m i c o tornava-os m e n o s i n d i s p e n -
sáveis à m o n a r q u i a , q u e n ã o c o l o c o u grandes obstáculos à sua saída d o reino.
E assim partiram, d e i x a n d o atrás de si u m a herança linguística, cultural e t é c -
nica a q u e só agora se c o m e ç a a dar o d e v i d o relevo.
5
INTRODUÇÃO
D u r a n t e a R e c o n q u i s t a , o p r o g r a m a r e p o v o a d o r da m o n a r q u i a asturiano-
-leonesa e, p o s t e r i o r m e n t e , o da portuguesa levou à restauração de antigas
dioceses suevo-visigóticas, se b e m q u e e m c o n t e x t o n o v o , b e m c o m o à e r e c -
ção de outras inéditas. As fronteiras entre essas circunscrições f o r a m - s e clarifi-
c a n d o através de processos judiciais p o r vezes m u i t o longos, q u e n ã o obsta-
vam, p o r é m , à realização de arbitragens e ao estabelecimento de concórdias.
Todavia, o espaço eclesiástico e o espaço político não se tornaram coincidentes:
até finais do século xiv, h o u v e territórios portugueses q u e estiveram integrados
e m bispados galegos ou castelhanos, assim c o m o algumas dioceses lusitanas
f o r a m sufragâneas d e Santiago de C o m p o s t e l a ; inversamente, Braga estendeu
os seus direitos metropolitas a Astorga, T u i , O r e n s e e M o n d o n h e d o , além d o
P o r t o , Viseu e C o i m b r a .
T a m b é m os limites das paróquias f o r a m sendo demarcados c o m m i n ú c i a
entre o século x n e o início d o século xiv, c o m o o b j e c t i v o de assegurar u m
m e l h o r c o n t r o l e dos fiéis e a p e r c e p ç ã o dos direitos eclesiásticos. É , pois, p o s -
sível p r o c e d e r à e n u m e r a ç ã o das freguesias medievais portuguesas, diocese
após diocese, c o m u m elevado grau de precisão, e d e t e r m i n a r a q u e m elas
p e r t e n c i a m . O contraste mostra-se vivo e n t r e u m N o r t e e C e n t r o retalhados
e m pequeníssimas paróquias pertencentes, s o b r e t u d o , a senhores laicos que, a
dada altura, as e n t r e g a r a m aos mosteiros de seu patrocínio, e u m Sul de vastas
freguesias tuteladas pelo rei o u pelas ordens militares.
Q u a n t o à localização n o espaço dos mosteiros, ela revela u m a oposição
t a m b é m marcada e n t r e o Sul, d o m í n i o dos freires cavaleiros, e o C e n t r o , l o -
cal de implantação preferencial dos Cistercienses e dos C ó n e g o s R e g r a n t e s d e
Santo A g o s t i n h o , q u e se espalharam i g u a l m e n t e pelo N o r t e , terra de eleição
6
INTRODUÇÃO
7
INTRODUÇÃO
8
INTRODUÇÃO
9
INTRODUÇÃO
io
A PROCURA
DO DEUS ÚNICO
Convivências religiosas:
um desafio multissecular
11
A dinâmica da cristianização
e o debate ortodoxia/heterodoxia
H
A DINÂMICA DA CRISTIANIZAÇÃO E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
15
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
16
A DINÂMICA DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
17
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
18
A D I N Â M I C A DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O D E B A T E ORTODOXIA/HETERODOXIA
O Sé de Lisboa, capitéis
d o portal principal,
S . Miguel e o dragão
e os Santos olisiponenses,
segunda metade d o século x n .
FOTO: JORGE RODRIGUES.
19
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
20
A D I N Â M I C A DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O D E B A T E ORTODOXIA/HETERODOXIA
21
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
22
A DINÂMICA DA CRISTIANIZAÇÃO E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
23
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
24
A D I N Â M I C A DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O D E B A T E ORTODOXIA/HETERODOXIA
r a n t e a A n t i g u i d a d e T a r d i a , s e m p r e p o s t o na c o n c e p ç ã o m i l i t a n t e d o ke-
rygma\ c o l o n i z a r e s p i r i t u a l m e n t e os c a m p o s , n o s quais reinava ainda o p a -
g a n i s m o , e lutar c o m o miles christi c o n t r a o e r r o e o mal s o b todas as
formas.
26
A DINÂMICA DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
27
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
28
A D I N Â M I C A DA C R I S T I A N I Z A Ç Ã O E O D E B A T E ORTODOXIA/HETERODOXIA
O REPTO DO PRISCILIANISMO
E A EMERGÊNCIA DE «NOVAS»
CORRENTES HETERODOXAS*
CONTEMPORÂNEO DA HETERODOXIA ARIANA, e m f i n a i s d o s é c u l o iv, o p r i s -
cilianismo foi divulgado na Lusitânia p o r Prisciliano, bispo de Ávila. E Sulpí-
cio Severo q u e m nos f o r n e c e as informações mais completas sobre o p r o t a -
gonista deste m o v i m e n t o 1 3 5 .
A crónica de Sulpício Severo diz-nos, c o m efeito, que Prisciliano era de
origem n o b r e , o que não o impediu de praticar u m ascetismo rigoroso. N o
que respeita às suas origens geográficas, o silêncio do cronista, c o m o , aliás, o
de outras fontes contemporâneas, é absoluto. P o d e m o s apenas supor que
Prisciliano era originário da Lusitânia do Sul, talvez de u m a região próxima
da fronteira c o m a Bética (o que p o d e explicar que u m a das primeiras reac-
ções face a esta corrente tivesse v i n d o de Higinius, bispo de C ó r d o v a , na B é -
tica). A questão p e r m a n e c e e m aberto. Alguns autores mais tardios avançaram
a hipótese de Prisciliano ter nascido na Galécia, e m data desconhecida, dei-
x a n d o mais tarde esta província para passar à Lusitânia. Esta suposição poderá
encontrar a sua justificação n o facto de o priscilianismo se ter desenvolvido
consideravelmente na Galécia.
A doutrina pregada p o r Prisciliano aos seus adeptos c o m p r e e n d i a essen-
cialmente o j e j u m dominical durante t o d o o ano, u m retiro durante o A d -
v e n t o e a Quaresma, o desprezo dos bens deste m u n d o e o c o n h e c i m e n t o
a p r o f u n d a d o da Sagrada Escritura. S e g u n d o o t e s t e m u n h o de J e r ó n i m o , estes
ensinamentos faziam-se nos oratórios das casas privadas. Este corpus doutrinal
integrava t a m b é m a exigência da continência para a hierarquia, de acordo
c o m o prescrito pelo Concílio de Elvira.
Ainda segundo o já citado t e s t e m u n h o de J e r ó n i m o , Prisciliano teria
aprendido a magia através de leituras 136 . Esta informação é corroborada t a m -
b é m p o r Sulpício Severo 1 3 7 , q u e acrescenta q u e ele teria tido c o m o mestres
naquelas artes u m certo Ágape e u m certo Helpidius, os dois discípulos de
M a r c o de Mênfis 1 3 8 , que habitava na cidade d o m e s m o n o m e , reputada c o -
m o centro de artes da magia. Isidoro de Sevilha r e t o m a estas informações n o
seu De uiris illustribus, q u a n d o m e n c i o n a o opúsculo de u m bispo d e n o m i n a -
do Itácio, o C/aro 139 . A obra citada refere t a m b é m q u e Prisciliano aprendeu a
magia c o m M a r c o de Mênfis, discípulo directo de Mani. E provável q u e
Prisciliano tenha aprendido estes ensinamentos n o Egipto, região c o m a qual
a Península Ibérica tinha relações, mas p o d e m o s pensar t a m b é m q u e t u d o is-
to não passava de suposições dos autores. R e t e n h a m o s , f u n d a m e n t a l m e n t e , *Ana Mana C. MJorge
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m o a e s c r e v e r ao p a p a Leão I, q u e r e s p o n d e u e e x a m i n o u as heresias d i v u l -
gadas na Galécia, o r d e n a n d o a c e l e b r a ç ã o d e u m c o n c í l i o geral d e t o d o s os
bispos da P e n í n s u l a o u p e l o m e n o s de u m s í n o d o r e g i o n a l 1 8 0 . Idácio teria
t a m b é m estado p r e s e n t e n e s t e processo, c o m o n o - l o dá a p e r c e b e r a sua
Crónica.
N o seu Commonitorum a Santo Agostinho 1 8 1 , P a u l o O r ó s i o e x p õ e n ã o só
os «erros» dos priscilianistas mas faz t a m b é m referência aos origenistas (discí-
pulos de Orígenes, escritor eclesiástico de Alexandria m u i t o apreciado pelas
suas obras de t e n d ê n c i a gnóstica, q u e grassavam na Galécia) 1 8 2 . Desta b r e v e
narrativa c o n c l u i u - s e q u e o o r i g e n i s m o c h e g o u até à Galécia trazido p o r u m
p e r e g r i n o da T e r r a Santa c h a m a d o Avito 1 8 3 . O interesse de O r ó s i o pela e v o -
lução desta heresia s u p õ e q u e ele a c o n h e c e u q u a n d o estava ainda e m Braga e
q u e o o r i g e n i s m o tinha atingido aí os cristãos, n o início d o século v 1 8 4 .
Paulo O r ó s i o participou t a m b é m n o d e b a t e o r t o d o x i a / h e t e r o d o x i a e x t r a -
fronteiras da Hispânia. D e p o i s de ter passado p o r África, o n d e o u v i u Santo
A g o s t i n h o , O r ó s i o foi c o m p l e t a r a sua f o r m a ç ã o exegética na Palestina, o n d e
ficou algum t e m p o c o m São J e r ó n i m o . Foi ali q u e seguiu a g r a n d e p o l é m i c a
sobre o pelagianismo, t o m a n d o partido contra Pelágio, a favor de S a n t o
A g o s t i n h o e São J e r ó n i m o , c o m o n o - l o indica a sua obra Contra Pelagium, de
arbitrii libertate]s5. N ã o c o n h e c e m o s , c o n t u d o , a expansão concreta desta c o r -
rente n o O c i d e n t e peninsular.
Para além das heresias de t e n d ê n c i a filosófico-mística (gnose, o r i g e n i s m o ,
priscilianismo, etc.), e m c o n t e x t o de o c u p a ç ã o m u ç u l m a n a nos séculos VIII-
-ix, b r o t a r a m outras tendências c o m o resultado dos múltiplos contactos c o m
o O r i e n t e e d o c o n f r o n t o c o m os m u ç u l m a n o s e m território peninsular.
A f o r m a ç ã o doutrinal cristã e a solidez das crenças d o p o v o h i s p a n o - g o d o d e -
veriam ser m u i t o superficiais, daí t e r e m surgido novas correntes h e t e r o d o x a s
n o seio das c o m u n i d a d e s moçárabes 1 8 6 . N a s fontes disponíveis, n ã o t e m o s
e l e m e n t o s q u e nos p e r m i t a m afirmar a presença e o d e s e n v o l v i m e n t o destes
m o v i m e n t o s nos territórios da Galécia e da Lusitânia, p r o v a v e l m e n t e p e l o
facto d e serem territórios marginais e m relação ao p o d e r carolíngio e m plena
expansão nos séculos e m causa.
O l h e m o s e n t ã o de relance para este fervilhar h e t e r o d o x o .
P o r m e a d o s d o século VIII, p r o d u z i u - s e u m caso d e sabelianismo e m T o -
ledo, t e n d o o bispo desta diocese p r o c u r a d o controlar de i m e d i a t o os h e r e -
ges. Tratava-se de u m tipo de m o n o t e í s m o antitrinitário — d e s e n v o l v i d o p o r
influência m u ç u l m a n a e j u d a i c a — q u e conciliava a crença alcorânica c o m o
d o g m a católico.
Ainda n o século viii v e m o s aparecer o u t r o tipo d e síntese teológica c o m
c o n t e ú d o d o u t r i n a l sui generis, a p r e s e n t a d o p o r M i g é c i o , p r o v a v e l m e n t e
o r i u n d o da Bética. Para este autor, a T r i n d a d e estava integrada p o r três p e s -
soas corpóreas, reais e históricas: o Pai, David; o Filho, Jesus d e N a z a r é e o
Espírito Santo, o apóstolo São Paulo. Esta d o u t r i n a foi c o n d e n a d a p o r u m a
assembleia de bispos reunida e m Sevilha 1 8 7 .
Paralelamente, surge t a m b é m o a d o p c i o n i s m o , q u e g e r o u ampla c o n t r o -
vérsia na Igreja hispânica. Estamos p e r a n t e u m a n o v a tentativa d e a p r o x i m a -
ção interconfessional n o â m b i t o da d o u t r i n a cristológica. Elipando, m e t r o p o -
lita de T o l e d o , foi o principal m e n t o r desta corrente 1 8 8 , d e f e n d e n d o q u e Jesus
Cristo, pela sua natureza h u m a n a e servil, n ã o seria filho de D e u s mas filho
de Maria, t o r n a d o servo de Deus.
A aparição d o bispo de Urgel, Félix, d e f e n d e n d o a teoria h e t e r o d o x a d e
Elipando, fez c o m q u e a p o l é m i c a ultrapassasse a marca hispânica e atingisse o
território sob d o m í n i o de Carlos M a g n o , c o m o refere R i v e r a R e c i o 1 8 9 . Este
m o n a r c a c h e g o u m e s m o , a p o i a d o pelos seus teólogos, a solicitar o parecer d e
R o m a sobre o m o v i m e n t o e m causa. Face aos reptos desta c o r r e n t e , o papa
A d r i a n o I reagiu, dirigindo u m a carta aos bispos hispânicos c h a m a n d o a a t e n -
ção para o erro de confessar Jesus Cristo filho a d o p t i v o de Deus 1 9 0 . P o r seu
D> A quinta trombeta do lado e na linha de R o m a , os prelados da G e r m â n i a , Gália e Aquitânia t a m -
Apocalipse, tapeçaria
do século xiv (Museu b é m fixaram os seus p o n t o s d e vista n u m a longa carta intitulada Epistola epis-
de Angers, França). coporum Franciaem.
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A PROCURA DO DEUS ÚNICO
NOTAS
1
ESTRABÃO - Geographia, 3, 3, 6 , e 4 , 16.
2
ALARCÃO - O domínio romano, p . 153 ss.
3
ENCARNAÇÃO - A r e l i g i ã o , p . 4 4 2 ss.
4
FABIÃO - O p a s s a d o p r o t o - h i s t ó r i c o , p . 198.
5
O i n v e n t á r i o d o s d e u s e s i n d í g e n a s d a G a l é c i a r e a l i z a d o p o r A l a i n T r a n o y e m 1981 r e g i s t a
p e l o m e n o s 35 d i v i n d a d e s n a p a r t e p o r t u g u e s a d o conventus d e B r a g a . C f . TRANOY - La Galice ro-
maine, p . 266-286 e ENCARNAÇÃO - A r e l i g i ã o , p . 4 4 2 - 4 6 1 .
6
C f . o s e s t u d o s d e J . d ' E n c a r n a ç ã o e d e C a r d i m R i b e i r o . S o b r e as d i v i n d a d e s i n d í g e n a s e
s u a c r o n o l o g i a , c f . T R A N O Y - La Galice romaine, p. 266-307. O autor fornece u m a ampla biblio-
grafia s o b r e a p r o b l e m á t i c a e m causa. C o n s u l t a r t a m b é m a r e c o l h a d e inscrições e n c o n t r a d a s e m
P o r t u g a l p o r GARCIA - Religiões antigas de Portugal, s o b r e t u d o p . 2 7 7 - 4 5 2 e p . 651-681. Estas ú l t i -
m a s p á g i n a s i n t e g r a m u m a vasta bibliografia r e c o l h i d a até aos a n o s 90.
7
D e p o i s d a o b r a d e VASCONCELOS — Religiões da Lusitânia, d o início d o século xx, t a m b é m
BLÁZQUEZ M A R T I N E Z v i r i a a d e b r u ç a r - s e s o b r e o a s s u n t o n a o b r a Religiones primitivas de Hispania,
e s c r i t a n a d é c a d a d e 6 0 . S u c e d e r a m - s e n o s ú l t i m o s a n o s v á r i o s t r a b a l h o s d a a u t o r i a d e JOSÉ
ALARCÃO e d e J . C . B E R N E J O BARREIRA.
8
FABIÃO - O p a s s a d o p r o t o - h i s t ó r i c o , p . 198.
1
'ALARCÃO - O domínio romano, p . 158.
10
C f . MACIEL e MACIEL - F r a g m e n t o d e ara a E n d o v é l i c o , P . 6 4 .
11
P o d e c o n s u l t a r - s e a r e f l e x ã o f e i t a p o r MACIEL e MACIEL - A p r o p ó s i t o d e u m a n o v a ara,
p . 9-11.
12
C f . BLAZQUEZ - Religiones en la Espana, p . 126.
13
C f . FÉVRIER - R e l i g i o s i t é t r a d i t i o n n e l l e , p . 58 ss.
14
T O V A R e BLAZQUEZ - Historia de la Hispania, p . 171.
1
' A L A R C Ã O — O domínio romano, p . 170.
16
Ibidem, p . 168.
17
S o b r e este santuário p a r t i c u l a r m e n t e estudado c f . a b i b l i o g r a f i a c i t a d a p o r TRANOY - La
Galice romaine, n o t a 21, p . 336.
18
C f . ENCARNAÇÃO - A r e l i g i ã o , p . 4 4 9 .
19
ALARCÃO - O domínio romano, p . 167.
20
T R A N O Y - La Galice romaine, p. 334-349.
21
ENCARNAÇÃO - A r e l i g i ã o , p . 4 5 9 . A p r o p ó s i t o d o s t e s t e m u n h o s r e l a t i v o s a Isis, M i t r a e S e -
r á p i s , c f . T R A N O Y - La Galice romaine, p . 335 ss. S o b r e o c u l t o i m p e r i a l , c o n t i n u a a c t u a l o e x c e -
l e n t e t r a b a l h o d e É T I E N N E - Le culte imperial, 1974. O s d o c u m e n t o s e p i g r á f i c o s d e s d e e n t ã o d e s -
c o b e r t o s n ã o a l t e r a r a m s i g n i f i c a t i v a m e n t e as c o n c l u s õ e s d e s t e e s t u d o .
22
T O V A R e BLÁZQUEZ - Historia de la Hispania, p . 173.
23
Ibidem, p. 177.
24
CHAMPEAUX — La religión romaine.
25
FABIÃO - O p a s s a d o p r o t o - h i s t ó r i c o , p . 2 8 6 .
26
É T I E N N E - Le c u l t e i m p é r i a l , 1 9 9 0 , p . 215-231.
27
T O V A R e BLÁZQUEZ - Historia de la Hispania, p . 183 ss.
28
ENCARNAÇÃO - A r e l i g i ã o , p . 4 5 7 .
29
C f . JAEGER — Cristianismo primitivo, p. 79.
30
IRENEU DE LIÃO - Aduersus haereses, 1.10, c o l . 552-553.
31
TERTULIANO - Aduersus Iudaeos, 7 . 4 , p . 1354.
32
C f . SOTOMAYOR Y M U R O - L a I g l e s i a e n la E s p a n a , v o l . 1, p . 14.
33
Vários m o n u m e n t o s funerários p a r e c e m corresponder a protótipos africanos. C o n v é m l e m -
b r a r a q u i as i n t e n s a s r e l a ç õ e s c o m e r c i a i s e n t r e a Á f r i c a e a H i s p â n i a . C f . JOVER ZAMORA, d i r . - His-
toria de Espana, 2, p . 4 2 0 .
34
C f . GARCÍA M O R E N O - I g l e s i a y c r i s t i a n i z a c i ó n , p . 2 2 9 - 2 3 0 .
35
C f . JOVER ZAMORA, d i r . - Historia de Espana, v o l . 2 , p . 4 1 9 e GARCÍA Y BELLIDO - E l c u l t o
a M i t h r a , p . 283 ss.
36
E l b o r a f o i , d e a c o r d o c o m a t o p o g r a f i a d a Passio d e S a n t a L e o c á d i a , i d e n t i f i c a d a c o m a a c -
t u a l c i d a d e d e T a l a v e r a d e la R e i n a , s i t u a d a e n t r e T o l e d o e M é r i d a . C f . FÁBREGA G R A U , e d . -
Pasionario hispânico, 2, p. 6 6 - 6 7 . H o j e o s a u t o r e s são p r a t i c a m e n t e u n â n i m e s e m i d e n t i f i c a r E l b o r a
c o m a c i d a d e d e É v o r a , n o A l e n t e j o . C f . JOVER ZAMORA, d i r . - Historia de Espana, 2, p. 4 2 0 .
37
C f . LEPELLEY - Les cites de 1'Afrique, p. 402.
38
CARTA aos Romanos, 15, 2 4 .
39
J E R Ó N I M O - Commentariorum in Isaiam, 2 , 1 2 . 4 , c o l . 54.
40
A T A N Á S I O - Epistula ad Dracontium, 4, c o l . 528.
41
C I R I L O DE ALEXANDRIA - Catecheses, 17.26; col. 997.
42
J O Ã O CRISÓSTOMO - Epistula ad hebraeos, pref., c o l . 11.
43
O s historiadores c o n t e m p o r â n e o s n ã o estão de a c o r d o sobre a realização desta viagem. P a -
ra u n s ela t e v e c e r t a m e n t e l u g a r , p a r a o u t r o s ela t e r i a s i d o u m m e r o p r o j e c t o . C f . a este p r o p ó s i -
t o M O R E I R A - A c r i s t i a n i z a ç ã o , p . 35 ss.
44
C f . BLÁZQUEZ M A R T Í N E Z - Ciclos y temas, p . 2 8 8 e VEGA - L a v e n i d a d e S a n P a b l o , p . 7 - 7 8 .
S o b r e esta p r o b l e m á t i c a v e r DÍAZ Y DÍAZ - E n t o r n o d e los o r í g e n e s d e i c r i s t i a n i s m o , p . 4 2 7 , sa-
l i e n t a q u e : «La n a r r a c i ó n d e e s t e a p o s t o l a d o d e S a n t i a g o c i r c u l o c o m o p u r o d a t o d e e r u d i c i ó n
h a s t a q u e s e a b r e c a m i n o p o p u l a r a fines d e i s i g l o VIII d e la E s p a n a d e i N o r t e , y q u i e r o s u b r a y a r
l o d e E s p a n a d e i N o r t e p o r q u e e n t r e l o s m o z á r a b e s (...) e l c u l t o a S a n t i a g o , q u e a l c a n z a u n r e l i e -
v e n o t a b l e , n o a p a r e c e n u n c a i n t e r f e r i d o p o r la n o t i c i a d e s u p r e d i c a c i ó n h i s p â n i c a . »
45
C f . a n o t í c i a d e Aldhelmus ( a b a d e d e M a l m e s b u r y ) - Poema de Aris Beatae Mariae, col. 293.
E s t a n o t í c i a é r e t i r a d a d o Breviarium apostolorum, c o m p o s t o p o r v o l t a d e 6 0 0 . E s t a o b r a está n a
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A DINÂMICA DA CRISTIANIZAÇÃO E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
o r i g e m d e t o d a s as i n f o r m a ç õ e s p o s t e r i o r e s r e l a t i v a s à c h e g a d a d e S ã o T i a g o à H i s p â n i a . C f . t a m -
b é m GAIFFIER, e d . - Le Breviarium apostolorum, p . 89-116.
46
Para u m e s t a d o d a q u e s t ã o , v e r SOTOMAYOR Y M U R O - La Iglesia en la Espana, vol. 1,
p . 150-156.
47
C f . VIVES, e d . - L a v i t a T o r q u a t i e t c o m i t u m , p . 2 2 7 - 2 3 0 . A o r i g e m d a t r a d i ç ã o d o s « p e r -
s o n a g e n s apostólicos» está, p r o v a v e l m e n t e , r e l a c i o n a d a c o m a r e o r g a n i z a ç ã o d o t e r r i t ó r i o e c l e -
s i á s t i c o a p ó s as i n v a s õ e s m u ç u l m a n a s . S o b r e e s t a p r o b l e m á t i c a , c f . GARCÍA R O D R I G U É Z - El culto
de los santos, p . 351 e VIVES - L a s A c t a s d e l o s V a r o n e s , p . 33-43.
48
C f . LE LÍBER Ordinum, p . 319.
49
C f . PASIONARIO hispânico, v o l . 1, p . 125-130.
50
O m e s m o a c o n t e c i a n a G á l i a , c o m o m o s t r a ROBLIN - F o n t a i n e s s a c r é e s , p . 235.
51
C f . D E L P E C H - L a l é g e n d e : r é f l e x i o n s , p . 3 0 0 e BOUREAU - P o u r u n d i s c o u r s d e la mé-
t h o d e religieuse, p. 46.
52
C f . o e s t u d o s o b r e as l e n d a s a p o s t ó l i c a s d e OLIVEIRA - Lenda e história, p . 79-110.
53
C f . FERNÁNDEZ C A T Ó N - San Maneio, p . 237.
54
C f . MARTYROLOGIUM romanum [25 a o u t ] , p . 4 4 7 . S o b r e o p e r s o n a g e m G e n s , c f . D A V I D -
Etudes historiques, p . 2 0 5 - 2 0 9 e M O R E I R A - Potamius de Lisbonne, p . 51-52.
55
C o m o a c o n t e c i a , a l i á s , n o O r i e n t e . C f . FÉVRIER - M a r t y r e e t s a i n t e t é , p . 6 4 ss.
56
O t e r m o s e r á s e m p r e u t i l i z a d o e n t r e a s p a s (tal c o m o f e z S C H M I T T - Les « s u p e r s t i t i o n s » ) , p a -
ra m a r c a r q u e se trata d e u m a p a l a v r a d a é p o c a e n ã o d e u m c o n c e i t o a c t u a l d o h i s t o r i a d o r .
57
MATTOSO - A difusão d o cristianismo, p. 285.
58
C f . C I P R I A N O DE CARTAGO - Epistula 67, p . 4 4 6 - 4 6 2 . S o b r e esta carta d e C i p r i a n o , ver
t a m b é m VELADO G R A S A - L a c a r t a s i n o d a l , p . 2 9 3 .
59
O s casos d e apostasia d e bispos d u r a n t e a p e r s e g u i ç ã o d e D é c i o f o r a m n u m e r o s o s . Cf., p o r
e x e m p l o , EUSÉBIO DE CESAREIA, Historia - 8.3, 1, p . 8.
60
S o b r e C i p r i a n o d e C a r t a g o , v e r SAUMAGNE - Saint Cyprien, 1975.
61
C f . a p r o p ó s i t o d a i d o l a t r i a , p o r e x e m p l o , o c â n o n 4 1 ( « A d m o n e r i p l a c u i t fideles, u t i n
q u a n t u m p o s s u n t p r o h i b e a n t n e i d o l a v i n d o m i b u s suis h a b e a n t . Si v e r o v i m m e t u u n t s e r v o r u m
v e l se i p s o s p u r o s c o n s e r v e n t ; si n o n f e c e r i n t , a l i e n i a b e c c l e s i a h a b e a n t u r » ) e s o b r e o s j u d e u s e as
s u a s r e l a ç õ e s c o m o s c r i s t ã o s , o s c â n o n e s 16, 4 9 e 50, VIVES - Concílios, p . 4 , 9 e 10.
62
S C H M I T T , Les « s u p e r s t i t i o n s » , p . 4 2 5 .
63
S o b r e e s t e p e r í o d o h i s t ó r i c o cf. MATTOSO - A é p o c a s u e v a e v i s i g ó t i c a , p . 302-359.
64
LEGUAY - O « P o r t u g a l » g e r m â n i c o , p . 91.
65
C f . e d . da U n i v e r s i d a d e d o M i n h o , 1986.
66
C f . SILVA - I n t r o d u ç ã o , História contra os pagãos, p. 7.
67
Ibidem, p . 11.
68
C f . VASCONCELOS - Religiões da Lusitânia, v o l . 3, p . 5 9 4 .
69
B R O W N - Le culte des saints.
70
LEGUAY - O « P o r t u g a l » g e r m â n i c o , p . 9 2 .
71
S C H M I T T - Les « s u p e r s t i t i o n s » , p . 4 2 9 ss.
72
M A R T I N H O DE. BRAGA, Instrução pastoral sobre superstições. Cf., a este p r o p ó s i t o , o capítulo i n -
t r o d u t ó r i o d e NASCIMENTO, A i r e s d o - O D e c o r r e c t i o n e r u s t i c o r u m : f o r m a , c o n t e ú d o s , i n t e n -
c i o n a l i d a d e , n a e d i ç ã o c i t a d a , p . 3 7 ss.
73
DÍAZ Y DÍAZ - Las o r i g e n e s cristianas, p . 277-284.
74
C f . e n t r e o u t r o s , MACIEL - O D e c o r r e c t i o n e r u s t i c o r u m , p . 483-561 e MATTOSO - Acultu-
r a ç ã o r e l i g i o s a , p . 83 ss.
75
C f . M A C I E L - T e x t o s o b r e as c r e n d i c e s , p . 3 0 9 - 3 2 0 e FÉVRIER - R e l i g i o s i t é t r a d i t i o n n e l l e ,
p . 7 6 . S o b r e a a c ç ã o d e M a r t i n h o d e D u m e c f . t a m b é m BRANCO - S t . M a r t i n o f B r a g a .
76
M A T T O S O - A c u l t u r a ç ã o r e l i g i o s a , p . 8 5 - 8 9 . C f . t a m b é m a e s t e p r o p ó s i t o IDEM - R a í z e s d a
missionação, p. 78
77
C f . FÉVRIER - R e l i g i o s i t é t r a d i t i o n n e l l e , p . 7 5 - 8 3 .
78
S C H M I T T - Les « s u p e r s t i t i o n s » , p . 4 4 2 .
79
C f . VITA Sancti Fructuosi, v o l . 2, p . 98.
80
M E S L I N — P e r s i s t a n c e s p a i e n n e s , p . 512-524.
81
C f . SILVA - N o r m a e d e s v i o , p . 1 4 4 - 1 4 6 .
82
C f . BENNASSAR e BONNASSIE - Histoire des Espagnols, v o l . 1, p . 33-35.
83
VIVES - Concílios, p . 68.
84
C f . ISIDORO DE SEVILHA - Etimologias, 8.9, p . 713-717.
85
LEGUAY - O « P o r t u g a l » g e r m â n i c o , p . 9 0 .
86
VIVES - Concílios, c a n . 1.°, p . 81.
87
Ibidem, p . 8 5 - 1 0 6 . C f . t a m b é m CHAVES - C o s t u m e s e t r a d i ç õ e s , p . 2 4 3 - 2 7 8 .
88
C f . BARLOW - Martini episcopi, p . 6 5 , 6 9 , 7 4 , 150, 2 0 4 .
89
Ibidem, p . 2 5 6 ss.
90
M O R E I R A - Potamius de Lisbonne.
91
IDÁCIO - Chronicon, 2 3 2 , p . 173.
92
C f . s o b r e t u d o o a r t i g o d e D O M Í N G U E Z DEL VAL - P o t â m i o d e L i s b o a , p . 2 3 7 - 2 5 8 .
93
FAUSTINO e M A R C E L I N O - De confissione uerae fidei, 32, p . 3 6 8 .
94
C f . M O R E I R A - Potamius de Lisbonne, p . 91.
95
Ibidem, p. 96.
96
FEBÁDIO DE A G E N - Liber contra arianos, 5, c o l . 16.
97
S o b r e e s t a q u e s t ã o v e r e s p e c i a l m e n t e M O R E I R A - Potamius de Lisbonne, p . 114.
98
Ibidem, p . 151.
99
H I L Á R I O DE POITIERS - Liber de synodis, 3, c o l . 4 8 2 - 4 8 3 .
100
Ibidem, 11, c o l . 4 8 7 .
101
C f . M O R E I R A - Potamius de Lisbonne, p . 158.
47
A PROCURA DO DEUS ÚNICO
102
Ibidem, p . 1 4 6 e 151.
103
Ibidem, p . 122-123; IDEM - Le r e t o u r d e P o t a m i u s , p . 314.
104
C f . s o b r e o c o n j u n t o da p r o b l e m á t i c a M O R E I R A - Potamius de Lisbotme, p. 96-106.
105
C f . H I L Á R I O DE POITIERS - Collectanea antiariana, 3.1, p . 155.
106
C f . Ibidem, 3.2, p . 155.
107
FAUSTINO e M A R C E L I N O - De confessione uerae fidei, 32, p . 3 6 8 .
108
Ibidem, 41, p . 3 7 0 .
109
C f . M O R E I R A - Potamius de Lisbonne, p. 68.
110
Ibidem, p. 190.
111
C f . ATANÁSIO - Epistula ad Epictetum, 1, c o l . 1051-1052.
112
C f . M O R E I R A - Le r e t o u r d e P o t a m i u s , p . 3 4 2 .
113
C f . IDEM - Potamius de Lisbonne, p . 257.
114
POTÂMIO - De Lazaro, p. 302.
115
C f . M E S L I N - Les Ariens d'Occident, p . 32.
116
C f . SIMONETTI - L a c r i s i a r i a n a , p . 131 e M O R E I R A - Le r e t o u r de Potamius, p . 328.
117
FEBÁDIO DE A G E N - Liber contra arianos, 5, p . 16.
118
C f . s o b r e t u d o BOULARAND - L'hérésie d'Árius, 1972.
" 9 P O T Â M I O , Epistula de substantia, 18, c o l . 2 0 8 .
120
Ibidem, 10, c o l . 2 0 6 .
121
L'UNITÉ de 1'homme, p . 257.
122
U m g r u p o s i g n i f i c a t i v o d e s t e s t e x t o s é d e o r i g e m a f r i c a n a . C f . , p o r e x e m p l o : Sermo arría-
norum, c o l . 6 7 7 , 6 8 7 ; Ad Trasimundo regem vandalorum, 3, c o l . 2 2 3 - 3 0 4 e Sermo fastidiosi, ed. J.-P.
M i g n e , c o l . 3 7 5 - 3 7 7 . C o n s u l t a r t a m b é m ORLANDIS - E l a r r i a n i s m o v i s i g o d o , p . 8; SIMONETTI -
A r i a n e s i m o l a t i n o , p . 6 8 9 e G O D O Y e VILLELA - De la fides gothica, p . 117-144.
123
A p r o p ó s i t o d a c o e x i s t ê n c i a e n t r e R o m a n o s e G e r m a n o s n a H i s p â n i a , c f . as i n f o r m a ç õ e s
f o r n e c i d a s p o r PAULO O R Ó S I O — Historiarum adversus paganos, e IDÁCIO — Chronicon. Cf. t a m b é m
ORLANDIS — Historia de Espana, p. 46-50.
124
C f . Ibidem, p . 9 9 ss.
125
C f . ALONSO CAMPOS - S u n n a , M a s o n a y N e p o p i s , p . 152.
126
C f . VITAE sanctorum patrum emeritensium, 5.5, p . 57.
127
Ibidem, p . 58.
128
C O L L I N S - D ó n d e e s t a b a n les a r r i a n o s , p . 215.
129 yITAE sanctorum patrum emeritensium, 5.5, p . 5 8 - 5 9 . S o b r e o c o n f r o n t o , e m M é r i d a , e n t r e o
b i s p o M a s o n a e o b i s p o a r i a n o S u n n a , c f . a i n d a SCHAEFERDIEK - Die Kirche in den Reichen der
Westgoten, p . 165-179 e GARCÍA M O R E N O - Prosopograjia dei Reino, n . ° 435, p . 1 6 6 - 1 6 9 .
130 y1TAE sanctorum patrum emeritensium, 5.5, p . 6 2 .
131
Ibidem, 5.6, p . 7 0 - 7 1 .
132
Ibidem, 5.10, p . 8 2 - 8 5 E JOÃO DE BICLARA - Chronicon, anno vtt, Mauricii, 1, p . 9 7 . V e r tam-
bém GARCÍA M O R E N O - Prosopografia dei Reino, n.°35, p. 40-43.
133
C f . A L O N S O C A M P O S - S u n n a , M a s o n a y N e p o p i s , p . 154.
134
B O L O G N E - Da chama à fogueira, p. 78.
135
SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2, 4 6 . 3 , p . 9 9 .
136
C f . J E R Ó N I M O - Epistula 7 5 , 3 . 4 , p . 32-33.
137
SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2, 4 6 . 5 , p . 9 9 .
138
Ibidem, 2, 4 6 . 2 , p . 9 9 .
139
C f . ISIDORO DE SEVILHA - De uiris ilustribus, p . 135.
140
P e n s e m o s n o e x c e r t o j á c i t a d o d a h o m i l i a d e P o t â m i o s o b r e o s u p l í c i o d e Isaías q u e atesta
b e m a leitura n o O e s t e peninsular de apócrifos judaico-cristãos.
141
I s t o m e s m o é s u b l i n h a d o p o r M E N É N D E Z PELAYO - História de los heterodoxos espaiioles, 1,
p . 131-247. E s t e a u t o r c o n s i d e r a P r i s c i l i a n o c o m o h e r é t i c o e i n i c i a d o r d e u m a s e i t a g n ó s t i c a d e
raiz m a n i q u e i a .
142
Esta d o u t r i n a o p u n h a r a d i c a l m e n t e o b e m a o m a l e o e s p í r i t o à m a t é r i a . P o r isso, c o n d e -
n a v a a h i e r a r q u i a religiosa e civil, a s e x u a l i d a d e e a posse d e b e n s materiais.
143
E s t a m o s perante u m a doutrina q u e p r o c l a m a v a a prevalência d o c o n h e c i m e n t o espiritual
o u místico sobre toda a espécie de práticas cultuais, a prevalência da vivência sobre a doutrina, e
a das práticas iniciáticas d e s t i n a d a s a a l g u n s s o b r e a liturgia p ú b l i c a d e s t i n a d a a t o d o s .
144 ££ TRACTATUS CSEL, 18, p . 1 - 1 0 6 . S o b r e a a u t o r i a d e s t e s t r a t a d o s v e r ESCRIBANO PANO -
Iglesia y Estado, p . 57-113.
145
C f . M A D O Z - A r r i a n i s m o y p r i s c i l i a n i s m o , p . 7 2 . P a r a e s t e a u t o r , o s Tratados de Wiirzburg
contribuíram para agravar o debate sobre o m a n i q u e í s m o e o gnosticismo, acusações q u e a tradi-
ç ã o faz cair s o b r e P r i s c i l i a n o .
146
S o b r e o d e s e n v o l v i m e n t o d o p r i s c i l i a n i s m o n a G a l é c i a a p a r t i r d o s é c u l o v , c f . ESCRIBANO
P A N O - Iglesia y Estado, p . 46-52.
147
S o b r e t u d o a r t i g o P a n o r a m a e s p i r i t u a l , 1981.
148
A G O S T I N H O DE H I P O N A - Epistula 36, p . 57 e PRÓSPERO DE AQUITÂNIA - Chronica, 1171,
p. 4 6 0 .
149
S o b r e as f o n t e s a n t i p r i s c i l i a n i s t a s c f . a lista d e ESCRIBANO P A N O - Iglesia y Estado, p . 4 2 ss.
150
C f . MATTOSO - R a í z e s da m i s s i o n a ç ã o , p . 73.
151
C f . R O D R Í G U E Z CASIMIRO - La Galicia, p . 2 9 3 - 2 9 4 .
152
C f . SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2, 4 6 . 8 e 4 7 . 3 - 4 , p . 1 0 0 - 1 0 5 .
153
C f . R O D R Í G U E Z - C o n c i l i o I d e Z a r a g o z a , p . 12.
154 V [ v E S _ Concílios, p . 16.
156
C f . FATAS - C a e s a r a u g u s t a C h r i s t i a n a , p . 155.
156
C f . RAMOS-LISSON - E s t ú d i o s o b r e e l c â n o n v , p . 2 0 7 - 2 2 4 .
157
C f . VIVES - Concílios, p . 17.
48
A DINÂMICA DA CRISTIANIZAÇÃO E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
158
GRIFFE — É t u d e s u r le c â n o n n , p . 162.
159
VIVES - Concílios, p . 16.
160
Ibidem, p . 16-17.
161
Ibidem, p . 17-18.
162
S o b r e e s t a p r o b l e m á t i c a c f . GONZÁLEZ BLANCO - E l c â n o n 7 d e i c o n c i l i o , p . 2 5 2 , o n d e
n o t a q u e «El c â n o n , p u e s , n o d e b e e n t e n d e r s e e n el s e n t i d o d e q u e los laicos n o p u e d a n e n s i n a r ,
s i n o q u e s u p u e s t o u n c o n t e x t o social e n el q u e el m a g i s t é r i o n o está c e n t r a l i z a d o y los o b i s p o s
r e u n i d o s v e n l o s p r o b l e m a s q u e a c a r r e a la i n i c i a t i v a p r i v a d a e n la v i d a C r i s t i a n a d e las c o m u n i d a -
des, el c â n o n p r e t e n d e e s t a b e l e c e r u n o r d e n y u n c o n t r o l , l o m i s m o q u e s o l í a n h a c e r los c o n c i -
l i o s e n las m a t é r i a s d i s c i p l i n a r e s o d o g m á t i c a s . »
163
C f . A G O S T I N H O DE H I P O N A - Epistula 36, 2 8 . 1 - 2 , p . 57, n a q u a l c r i t i c a o s priscilianistas
q u e , c o m o os m a n i q u e u s , t i n h a m o h á b i t o d e j e j u a r a o d o m i n g o .
164
SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2 , 4 7 . 1 - 3 . p . 1 0 0 . V e r t a m b é m ESCRIBANO PANO - S o b r e la
p r e t e n d i d a c o n d e n a n o m i n a l , p . 123-133.
165
Ibidem, 2, 4 7 . 5 - 7 , p . 1 0 0 - 1 0 1 . V e r t a m b é m BABUT - Priscillien, p . 149-151.
166
C f . SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2 , 5 0 . 8 e 51.2-3, p . 1 0 3 - 1 0 4 .
167
IDÁCIO - Chronicon, 16, p . 1 0 9 .
168
SULPÍCIO SEVERO - Chronica, 2, ,51.7-8, p . 1 0 4 - 1 0 5 .
169
C f . C H A D W I C K - Prisciliano de Avila, p. 206.
170
VIVES - Concílios, p . 19.
171
Ibidem, p . 2 8 ss. C o n s u l t a r , a e s t e p r o p ó s i t o , BABUT - Priscillien, p . 187 e 2 8 6 .
172
C f . VIVES - Concílios, p . 25-28.
173
C f . ESCRIBANO PANO - C r i s t i a n i z a c i ó n y l i d e r a n z o , p . 271.
174
C f . T R A N O Y - La Galice romaine, p . 4 2 8 ss.
175
V I G I L O - Epistula, p . 49-53.
176
MATTOSO - A d i f u s ã o d o c r i s t i a n i s m o , p . 283-287.
177
IDEM - B r e v e i n t e r p r e t a ç ã o , p . 291.
178
LEÃO I — Ad Turibium, col. 693-695.
179
IDXCIO - Chronicon, 130, 133, 138, p . 1 4 0 - 1 4 2 . S o b r e a I g r e j a e o s S u e v o s c f . SOTOMAYOR -
Iglesia, p . 3 9 0 - 3 9 2 .
180
C f . , a e s t e p r o p ó s i t o , TRANOY - La Galice romaine, p. 443.
181
C0MM0NIT0RWM In. PL 31, c o l . 1211-1216.
182
M A R T I N S - Correntes da filosofia, p. 74.
183
Ibidem, p . 150.
184
S o b r e e s t e s m o v i m e n t o s c f . a i n d a Ibidem, p . 143-165.
185
Liber apologeticus, PL 31, c o l . 1173-1212. C f . t a m b é m SILVA - I n t r o d u ç ã o , História contra os
pagãos, p . 9 . S o b r e a l u t a a n t i p e l a g i a n a v e r M A R T I N S - Correntes de filosofia, p . 1 7 9 .
,8
' יC f . s o b r e t u d o RIVERA R E C I O - L a I g l e s i a m o z a r a b e , p . 2 1 - 6 0 .
187
Ibidem, p . 35-36.
188
S o b r e a p r o b l e m á t i c a d o a d o p c i o n i s m o n o s s é c u l o s VIII e i x c f . GAVADINI - T h e last c h r i s -
t o l o g y o f t h e W e s t e RIVIERA R E C I O - El adopcionismo en Espana.
LS
" RIVERA R E C I O - L a I g l e s i a m o z a r a b e , p . 41.
190
C f . PL 1 0 4 , c o l . 4 4 1 .
191
M G H c o n c , v o l . 2, 123.
192
V e j a - s e , n o m e a d a m e n t e , a i m p o r t â n c i a d o c a t a r i s m o e d o v a l d i s m o na C a t a l u n h a e, em
m e n o r m e d i d a , e m L e ã o e C a s t e l a : O L I V E R - L a h e r e j í a , p . 82-111.
193
GEREMEK - H é r é s i e s m é d i é v a l e s , p . 55-56.
194
D U B Y - O ano mil. IDEM - As três ordens.
195
MATTOSO - P o r t u g a l n o r e i n o a s t u r i a n o - l e o n ê s , p . 491-525.
196
S o b r e e s t a q u e s t ã o , v e r 1.* P a r t e , c a p . 3. A l g o d e s e m e l h a n t e a c o n t e c e u e m T o l e d o -
c f . PASTOR DE T O G N E R I - Del Islam al Cristianismo, p . 114-118.
197
LITTLE — Pobreza voluntária.
198
B O L T O N - A reforma, p . 6 3 - 7 6 .
199
A b i b l i o g r a f i a s o b r e o c a t a r i s m o é i n f i n d á v e l . V e j a - s e , e n t r e o u t r o s , D U V E R N O Y - La reli-
gion des cathares. IDEM - L'Histoire des cathares. N E L L I - Q s cátaros. S o b r e a p e r s i s t ê n c i a d e s t a h e r e -
sia a t é a o s é c u l o x r v , c f . L E ROY LADURIE - Montaillou.
200 \ 4 I T R E E GRANDA - Las grandes herejías, p . 173-177.
201
LIVRO das Leis e Posturas (LLP), p . 10-11. ORDENAÇÕES del-rei D. Duarte (ODD), p. 44-45.
202
D e f a c t o , o C o n c í l i o d e V e r o n a , d e 1184, n o q u a l se h a v i a a n a t e m a t i z a d o d i v e r s o s t i p o s d e
heréticos, havia c o n f i a d o a busca e perseguição d e s t e s a o o r d i n á r i o l o c a l (OLIVER - L a i n q u i s i -
c i ó n m e d i e v a l , p . 112.)
203
S o b r e e s t a q u e s t ã o , c f . HERCULANO - História de Portugal, v o l . 2 , p . 3 0 5 - 3 0 9 , 3 3 9 - 3 4 0 , 5 9 7 -
- 6 0 1 e 6 5 2 . AZEVEDO - História de Portugal, v o l . 5, p . 1 8 0 - 1 8 6 . ROSÁRIO - P r i m ó r d i o s d o m i n i c a n o s ,
p . 2 0 5 - 2 4 9 . CAEIRO - S o b r e h e r e s i a s .
204
CUSTÓDIO - R e l i g i o s i d a d e m e d i e v a l , p . 7 6 - 7 7 .
205
LLP, p . 1 9 - 2 0 , ODD, p . 53.
206
TAVARES - H e r e s i a , n o p r e l o .
207
P o r o p o s i ç ã o a o p o p u l a r ( c f . LEEF - H é r é s i e s a v a n t e , p . 219).
208
COSTA - Estudos sobre Alvaro Pais, p. 66.
209
BARBOSA - O «De Statu», p . 107.
210
CAEIRO - Heresias e pregação, n o t a 6, p. 302.
211
T a l f o r m a d e p e n s a m e n t o havia florescido na U n i v e r s i d a d e d e Paris n o século anterior, t e n d o
s i d o c o n d e n a d a p o r i n i c i a t i v a d o b i s p o l o c a l e m 1 2 7 7 (cf. L E G O F F - Os intelectuais, p . 113-119).
212
Crença q u e partilhava c o m o u t r o herético, Afonso Geraldes de M o n t e m o r , igualmente
f u s t i g a d o p o r A l v a r o Pais. C f . MARTINS - F r e i A l v a r o Pais, p. 7 4 .
49
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
213
Ibidem; IDEM - A s a c u s a ç õ e s , p . 2 8 5 - 3 0 6 .
214
C O S T A - Estudos sobre Alvaro Pais, p . 6 7 .
215
BARBOSA - O «De Statu», p . 7 6 e 85.
216
S o b r e e s t a q u e s t ã o c f . MANTEUFFEL - Naissance d'une hérésie.
217
CAEIRO - H e r e s i a s e p r e g a ç ã o , p . 301. M A R T I N S - A p o l é m i c a r e l i g i o s a e F r e i João,
p. 307-326. S o b r e a apologética antijudaica, leia-se o capítulo seguinte deste v o l u m e .
218
S o b r e e s t e s m o v i m e n t o s c f . M O L L A T e W O L F F - Ongles bleus. F O U R Q U I N - Les soulèvements
populaires. H Í L T O N - Bond men made Jree.
219
S o b r e o c o n t e x t o social deste p e r í o d o e a multiplicação d e p e d i n t e s e p r e g a d o r e s i t i n e r a n -
t e s c f . RAU - Sesmarias medievais, p . 7 6 - 9 3 ( c i t a ç ã o d a lei p . 2 6 9 ) e CAEIRO - H e r e s i a s e p r e g a ç ã o ,
p. 303-304.
220
CARVALHO - C o n q u i s t a r e profetizar, p. 72-75. S o b r e a figura deste eremita português
c f . IDEM - N a s o r i g e n s .
221
TAVARES - C o n f l i t o s s o c i a i s , p . 3 0 9 . S o b r e e s t a s f o r m a s d e p e n s a m e n t o c f . , c o m f o r t e e s p í -
rito c r í t i c o , BRUNETI - A lenda do Graal.
222
J á p o s t o e m e v i d ê n c i a p o r TAVARES - C o n f l i t o s s o c i a i s , p . 318-319. M O N T E I R O - Fernão Lo-
pes, p . 114-119. AMADO - Fernão Lopes, p . 31-32.
223
VENTURA - O Messias, p . 1 - 2 . IDEM - O A l g a r v e , p . 7 4 .
224
C o m o e r a o c a s o d e F r e i J o ã o d a B a r r o c a , s e g u n d o MARTINS - Um capítulo de mística,
p. 470.
225
TAVARES - C o n f l i t o s s o c i a i s , p . 318-319. REBELO - A concepção do poder, p . 8 0 - 8 1 . VENTURA -
O Messias, p. 27-42.
226
REBELO - A concepção do poder, p . 6 8 - 7 1 . VENTURA - O Messias, p . 51. S o b r e e s t e p e n s a d o r
m e d i e v a l , c f . REEVES - Joachim of Fiore.
227
LLP, p . 8 2 . ODD, p. 298.
228
TAVARES - Judaísmo, p. 107.
229
FERREIRA - Afonso X , p. 262.
230
ORDENAÇÕES 'de D. Afonso V ( C M ) , L . v , T i t . 1, p . 2 - 5 e T i t . LXXXXVIII, p . 353-355.
231
MORENO - Injúrias e blasfémias, p. 86.
232
D U A R T E - Justiça e criminalidade, p . 3 6 8 . E s t e a u t o r a p e n a s e n c o n t r o u 18 c a s o s d e a c u s a ç õ e s
d e b l a s f é m i a e n t r e as c a r t a s d e p e r d ã o q u e e s t u d o u , r e p r e s e n t a n d o 1,4 % d o t o t a l - Ibidem, p . 2 6 6
e 269.
233
SYNODICON, v o l . 11, p . 119, 321, 3 7 6 .
234
C r i a d a a p a r t i r d o I V C o n c í l i o d e L a t r ã o , d e 1215, e s t a i n q u i s i ç ã o f o i m e s m o , p o r tal m o t i -
v o , i n t i t u l a d a d e m o n á s t i c a - O L I V E R - L a i n q u i s i c i ó n m e d i e v a l , p . 113.
235
PEREIRA - U m p r o c e s s o , p . 1 9 6 - 1 9 7 .
236
G O M E S - É t i c a e p o d e r , d o e . 2 3 A , p . 134.
237
S o b r e e s t e s h e r e s i a r c a s c f . W O R K M A N - John Wyclif e V O O G H T - Vhérésie de Jean Huss.
238
D U A R T E , D o m - Leal conselheiro, p . 3 4 0 , 343, 3 4 8 e ss.
239
Ibidem, p. 302.
240
Ibidem, p . 141. A o b r a d e s t e a u t o r , a c u s a d o d e m a g i a m a s b e a t i f i c a d o a p ó s o s e u m a r t í r i o às
m ã o s d o s m u ç u l m a n o s , f o i d e c l a r a d a h e r é t i c a p o r G r e g ó r i o X I e m 1376, e r e a b i l i t a d a e m 1419
(cf. B O L O G N E - Da chama à fogueira, p. 68-70).
241
C o m o j á f o i s u g e r i d o p o r CARVALHO - Desenvolvimento da filosofia, p . 3 4 9 e VENTURA —
H e r e s i a s e d i s s i d ê n c i a s , p . 314-315.
242
CABIDO da Sé, p . 131 e 301-301.
243
LLP, p . 121-122. OA, L 11, T i t . LXXVII, LXXXXV e c x x i , p . 4 5 7 - 4 6 1 , 5 2 0 - 5 2 1 e 5 6 3 - 5 6 4 .
244
TAVARES - Os Judeus, p. 4 4 4 - 4 4 7 . S o b r e a I n q u i s i ç ã o m o d e r n a , v e r o 2.° v o l u m e desta c o -
lecção.
245
CAEIRO - H e r e s i a s e p r e g a ç ã o , p . 3 0 0 . VENTURA - H e r e s i a s e d i s s i d ê n c i a s , p . 3 0 4 - 3 0 5 .
246
C f . B O L O G N E - Da chama à fogueira, p. 282-292.
247
BURCKHARDT - A civilização da Renascença p. 420.
248
G O G L I N - Les misérables, p. 206.
249
B O L O G N E - Da chama à fogueira, p. 263-264.
250
M U C H E M B L E D - La sorcière au village, p . 73.
251
B E T H E N C O U R T - O imaginário da magia, p . 258-259.
252
Ibidem, p. 259-260.
253
É e s s a a h i p ó t e s e d e SILVA - N o r m a e d e s v i o , p . 121-122.
254
S í n o d o d e B r a g a d e 1477, c o n s t i t . 4 4 - SYNODICON, v o l . 2 , p . 117.
255 V e j a - s e SANCHIS - Arraial.
256
S í n o d o d e L i s b o a d e 1 4 0 3 , c o n s t i t . 23 - SYNODICON, v o l . 2 , p . 335.
257
S o b r e as c o n t i n u i d a d e s e as d i f e r e n ç a s patentes, por exemplo, nos rituais da morte
cf. MATTOSO - O p r a n t o f ú n e b r e , p . 205-214.
258
S í n o d o s d e B r a g a d e 1281, c o n s t i t . 4 0 e d e 1 4 7 7 , c o n s t i t . 11 - SYNODICON, v o l . 2, p . 2 2 - 2 3
e 88.
259
Proteger animais da doença é o exemplo dado por SCHMITT - Les «superstitions»,
p . 510-511.
260
C f . BOLOGNE - Da chama à fogueira, p . 185-201.
261
A s s i m , u m a u t o r p r o f u n d a m e n t e cristão c o m o D . D u a r t e alerta os seus leitores contra
a c r e n ç a e m p r o f e c i a s , s o n h o s , v i s õ e s e c i ê n c i a s o c u l t a s ( L e a l conselheiro, p . 146).
262
S í n o d o s d e B r a g a d e 1281, c o n s t i t . 35, d e 1 4 7 7 , c o n s t i t . 4 6 e d e 1505, c o n s t i t . 2 2 ; s í n o d o d a
G u a r d a d e 1500, c o n s t i t . 64; s í n o d o d e L i s b o a d e c. 1240, c o n s t i t . 9; s í n o d o d o P o r t o d e 1496,
c o n s t i t . 25; SYNODICON, v o l . 2, p . 21, 119, 156, 2 5 7 , 2 9 0 e 373.
263
TRATADO de Confissom, p . 196.
264
SILVA - N o r m a e d e s v i o , p . 128-130.
50
A DINÂMICA DA CRISTIANIZAÇÃO E O DEBATE ORTODOXIA/HETERODOXIA
265
Sobre os papas e clérigos acusados de feitiçaria cf. BOLOGNE - Da chama à fogueira,
p. 62-67.
266
D i v e r s o s a u t o r e s c o m p i l a r a m c a r t a s d e p e r d ã o r e l a t i v a s a c r i m e s d e f e i t i ç a r i a : AZEVEDO -
B e n z e d o r e s e f e i t i c e i r o s , p . 3 3 0 - 3 4 7 . IDEM - S u p e r s t i ç õ e s p o r t u g u e s a s , p . 2 0 0 - 2 1 5 . M O R E N O -
A f e i t i ç a r i a , p . 35-41. F o i n e l a s q u e c o l h e m o s o s d a d o s q u e a s e g u i r a n a l i s a m o s .
267
M O R E N O - A f e i t i ç a r i a , p . 33. FERREIRA - B r e v e s n o t a s s o b r e f e i t i c e i r a s , p . 12. BETHENCOURT -
O imaginário da magia, p . 1 7 6 - 1 7 7 . BOLOGNE - Da chama à fogueira, p. 47.
28
' ׳C o m o j á n o t a r a m M O R E N O - A f e i t i ç a r i a , p . 2 7 e BOLOGNE - Da chama à fogueira, p. 47.
269
Estes p r o c e d i m e n t o s são os relatados nas cartas d e p e r d ã o p o r t u g u e s a s ; o u t r o s s ã o - n o s d e s -
c r i t o s p o r B O L O G N E - Da chama à fogueira, p . 235-237.
270
A m a g i a ligada à agricultura e à p r o t e c ç ã o pessoal era tão c o m u m q u a n t o a magia amoro-
sas (cf. BOLOGNE - Da chama à fogueira, p. 237-243).
271
GARCÍA Y GARCÍA - O « L i b r o d e las C o n f e s i o n e s » , p . 148. M A R T I N S - O «Livro das Con-
fissões», p . 8 2 . IDEM - O P e n i t e n c i a l d e M a r t i n i P e r e z , p . 6 2 - 6 3 .
272
MARTINS - O « L i v r o d a s C o n f i s s õ e s » , p . 9 0 - 9 2 . IDEM - O Penitencial de M a r t i m Perez,
p. 99-100.
273
E m b o r a o m i t o d a s m u l h e r e s v o a d o r a s se p o s s a d e t e c t a r d e s d e o s é c u l o x n o u t r o s l u g a r e s
d a E u r o p a ( c f . BOLOGNE - Da chama à fogueira, p . 51-53).
274
M A R T I N S - O « L i v r o d a s C o n f i s s õ e s » , p . 91.
275
MARQUES - A Sociedade, p. 170.
276
ELEMENTOS para a história do município de Lisboa, v o l . 1, p . 2 6 4 - 2 8 0 .
277
SYNODICON, v o l . 2 , p . 334-335.
278
OA, L . v , T i t . x x x x i i , p . 152-154.
279
T a l c o n t i n u a v a a s u c e d e r , e m plena c e n t ú r i a d e Q u i n h e n t o s , nas O r d e n a ç õ e s Manuelinas
(cf. B E T H E N C O U R T - O imaginário da magia, p . 2 3 0 - 2 3 1 ) .
51
O difícil diálogo entre judaísmo e cristianism
Mana José Feno Tavares
53
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
54
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
55
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
56
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
Documento da dívida de
Domingos Eanes de
Folgosinho a Isaque
Guedelha, judeu de Gouveia,
1334 (Lisboa, Instituto dos
Arquivos Nacionais/Torre do
Tombo).
FOTO: JOSÉ A N T Ó N I O SILVA.
57
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
58
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
59
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
60
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
61
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
62
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
63
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
64
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
q u e c a l c o r r e a v a m as estradas, m u i t a s vezes d e s e n v o l v e n d o u m c o m é r c i o
clandestino.
N o e n t a n t o , n o reinado de D . J o ã o II alteraram-se as c o n d i ç õ e s de p r e -
d o m í n i o e c o n ó m i c o . N o t o u - s e u m r e c u o na concessão de cartas aos grandes
m e r c a d o r e s j u d e u s e na permissão de estes p o d e r e m fazer lanços nas rendas
eclesiásticas. P o r o u t r o lado, nas Cortes, os p r o c u r a d o r e s dos c o n c e l h o s p r o -
testavam c o n t r a o luxo excessivo usado n o vestuário pelos j u d e u s mais ricos e
acrescentavam ao seu p r o t e s t o a contestação ao i n d i v í d u o da m i n o r i a m e s t e i -
ral, q u e p r e t e n d i a m ver c o n f i n a d o à judiaria.
Era a afirmação, na política e na e c o n o m i a municipal, dos artesãos cris-
tãos q u e p r o c u r a v a m irradiar da c o n c o r r ê n c i a os mesteirais j u d e u s p o r t u g u e -
ses, aos quais se v i n h a m s o m a n d o os mesteirais j u d e u s castelhanos q u e i m i -
gravam para Portugal. Aliás, o n ú m e r o de artesãos p e r t e n c e n t e s à m i n o r i a era
significativo e m todos os c o n c e l h o s d o reino, p o d e n d o afirmar-se q u e a vita-
lidade e c o n ó m i c a da maioria dos m u n i c í p i o s portugueses radicava, e m parte,
na significativa p r o d u ç ã o artesanal dos j u d e u s q u e neles habitavam.
A rivalidade e c o n ó m i c a q u e t o m o u , ao l o n g o dos séculos x i v e xv, c a m -
biantes diversos, da usura às rendas, destas ao grande c o m é r c i o de sociedades
mistas e deste ao artesanato, foi a c o m p a n h a d a pela interiorização m e n t a l d o
a r q u é t i p o d o j u d e u c o m o símbolo da riqueza, d o infiel e d o mal.
A p o n t a d o c o m o rico, mas possuidor de u m a riqueza entendida c o m o i n d e -
vida p o r q u e obtida à custa d o fiel cristão, q u e ele oprimia e explorava c o m o
usurário e colector de impostos, o j u d e u via associar-se-lhe a ideia d o mal, ain-
da n o século xrv. A ideia de riqueza iria despoletar a tentativa abortada de assai-
to à Judiaria G r a n d e de Lisboa, e m D e z e m b r o de 1383, após o assassinato do
c o n d e de A n d e i r o pelo mestre de Avis. Só a pronta intervenção deste dissuadiu
o p o v o m i ú d o , q u e inverteu a marcha e m direcção ao bairro judaico 4 3 .
Igreja da Misericórdia de
Leiria, construída sobre a
antiga sinagoga.
FOTO: N U N O CALVET/ARQUIVO
C Í R C U L O DE LEITORES.
65
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
R e f l e x o d o c r e s c i m e n t o da interiorização d o j u d e u c o m o o outro na s o -
ciedade portuguesa foi o assalto à Judiaria G r a n d e d e Lisboa, e m D e z e m b r o
de 1449, o n d e os gritos de «matar» e «roubar» as gentes da m i n o r i a , n o m e a d a -
m e n t e as mais ricas, se associaram n o p r i m e i r o e ú n i c o l e v a n t a m e n t o a n t i j u -
daico q u e se saldou p o r d e r r a m a m e n t o d e sangue e perda de vidas p o r parte
da m i n o r i a , até à sua expulsão 4 4 .
A l e m b r a n ç a d o deicídio d e v e ter despoletado o l e v a n t a m e n t o contra os
j u d e u s d e Leiria, na Semana Santa de 1378, q u e se traduziu n o a p e d r e j a m e n t o
das casas da judiaria 4 5 .
O carisma d o mal q u e o j u d e u infiel podia p r o v o c a r n o c r e n t e cristão,
n o m e a d a m e n t e na m u l h e r , iria justificar a legislação segregacionista, p r o m u l -
gada p o r D . P e d r o I, na sequência das C o r t e s de Elvas de 1361. A o b r i g a t o r i e -
dade de, nos c o n c e l h o s mais populosos, c o m o Lisboa, os j u d e u s residirem e m
bairros apartados, q u e se e n c e r r a v a m ao t o q u e das A v e - M a r i a s e se abriam ao
nascer d o Sol, vinha na sequência de legislação canónica q u e i m p u n h a a se-
gregação espacial para evitar os contactos mais í n t i m o s entre indivíduos d e
religião e sexo d i f e r e n t e s e, s o b r e t u d o , o p r o s e l i t i s m o j u d a i c o j u n t o d o s
cristãos 4 6 .
O s finais d o século x i v v e r i a m a segregação espacial ser r e t o m a d a e e n d u -
recida p o r D . J o ã o I, e m 1390, talvez c o m o reflexo d o clima de instabilidade
q u e se vivia e m Castela e q u e terminaria n o pogrom de 1391, e m Sevilha e o u -
tras localidades. E m 1395, a p e d i d o d o c o n c e l h o de Lisboa, c o n f i r m a v a a p r o i -
bição d e os j u d e u s habitarem n o exterior da judiaria e, e m 1400, o r d e n a v a
q u e as judiarias se estendessem para o u t r o s espaços q u a n d o reduzidas para
a c o l h e r e m toda a p o p u l a ç ã o j u d a i c a d o c o n c e l h o . Nesta última o r d e n a ç ã o
penalizava g r a v e m e n t e o j u d e u q u e fosse a p a n h a d o fora d o bairro j u d a i c o ,
depois d o anoitecer.
Mais tarde, e m 1412, a p e d i d o das c o m u n i d a d e s judaicas d o r e i n o , a t e n u a -
va a dureza da lei, q u e era atentatória da sobrevivência e c o n ó m i c a da m i n o -
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aos Sanhedrin, à Mekiltá, ao Bereshit Rabbá de Moisés h a - D a r s h a n , ao Abot de Cristo a caminho do Calvário,
rabi Natal, aos Midrashim, aos Targumim, n o m e a d a m e n t e de O n q e l o s e J o n a - retábulo da capela-mor da
igreja do Escalhão, Figueira
tan b e n Uzziel, ao T a l m u d e , a A b o d a Zara, a rabi Aquiba, a R a s h i , a N a h - de Castelo R o d r i g o (mestre
manides, a Ibn Ezra, etc. 1 1 6 . Arnao e Henrique Fernandes,
Algumas delas j á f o r a m utilizadas nas disputas anteriores e passadas a escri- c. 1524).
to n o Pugio Fidei de Marti, pelo q u e p o d e m o s c o n c l u i r q u e há u m g r a n d e FOTO: N U N O CALVET/ARQUIVO
e n f e u d a m e n t o à apologética medieval de o r i g e m catalã/aragonesa. Verifica-se C Í R C U L O DE LEITORES.
t a m b é m q u e a a r g u m e n t a ç ã o é semelhante à da Corte imperial e à d o t e x t o de
Frei J o ã o , pois o o b j e c t i v o de toda esta apologética era d e m o n s t r a r q u e o
Messias j á tinha v i n d o , l e v a n d o assim os j u d e u s à conversão.
M e s t r e A n t ó n i o , ao e x p u r g a r d o seu m a n u s c r i t o os c a p í t u l o s s o b r e os
erros d o T a l m u d e , i d e n t i f i c a v a - s e c o m u m a c o r r e n t e proselitista m e n o s
agressiva c o n t r a os j u d e u s , tal c o m o s u c e d e r a c o m P e d r o A f o n s o , e asso-
ciava-se à m e n s a g e m q u e aqueles dois t e x t o s t r a n s m i t i a m . T a l c o m o o t e x -
t o d a q u e l e c o n v e r s o , a o b r a de m e s t r e A n t ó n i o era u m d i á l o g o e n t r e o
cristão m e s t r e A n t ó n i o e u m j u d e u «amigo», e n t r e o seu p r e s e n t e e o seu
passado.
P o r o u t r o lado, o Ajuda da fé apresentava afinidades estruturais c o m a es-
cola barcelonesa, n o m e a d a m e n t e c o m o Pugio Fidei d e R a m o n Marti, q u e
t a m b é m fora a obra q u e mais marcara a a r g u m e n t a ç ã o de J e r ó n i m o d e Santa
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O ANTICRISTIANISMO
T E M O S FALADO NO DIFÍCIL DIÁLOGO d o c r i s t ã o c o m o j u d e u . N o entanto,
e s q u e c e m o - n o s s e m p r e de q u e t o d o o diálogo implica a existência de u m
«eu» e d e u m «tu», o u seja, de u m «nós». O facto de o p o v o j u d e u ter vivido,
desde os séculos 1-11 d. C . , e m diáspora, fora da Palestina, o b r i g o u - o a c o n v i -
ver e a viver c o m os goim, os pagãos, os q u e n ã o p e r t e n c i a m ao p o v o eleito,
os q u e n ã o e r a m j u d e u s .
O s goim n ã o p r a t i c a v a m a circuncisão, n ã o festejavam o sabbat, n e m
a Páscoa do p ã o ázimo, n e m j e j u a v a m o Y o m Q u i p p u r , não f r e q u e n t a v a m a
sinagoga, n ã o rezavam diariamente a Shema Israel, n ã o j e j u a v a m d o nascer ao
p ô r d o Sol, n ã o celebravam a Páscoa dos T a b e r n á c u l o s o u S u k k o t , f a z e n d o
p e q u e n a s tendas cobertas de ramos de palmeiras e d e flores nos terraços d e
suas casas o u nas ruas, n e m a festa da Lei, a S i m h a t h T o r a h , n e m a H a n u c á
o u a festa da purificação d o T e m p l o , n e m a Páscoa de S h a v u o t h o u P e n t e -
costes, n ã o se g u i a v a m pelo calendário lunar. C o m i a m alimentos proibidos
pela Lei, acreditavam n u m D e u s u n o e trino, d e f e n d i a m q u e o E v a n g e l h o era
a Lei N o v a substituta da Lei Velha dos j u d e u s , acreditavam q u e e r a m o n o v o
p o v o eleito p o r D e u s , etc. E m b o r a tivessem a Bíblia c o m o t e x t o sagrado, n ã o
e r a m j u d e u s , pois n ã o se d e f i n i a m pela m e s m a história, religião, tradição, l í n -
gua e escrita. N ã o esperavam a vinda d o Messias, pois, para eles, o Messias
a n u n c i a d o pelos profetas já viera e era Cristo. O s cristãos e r a m os outros para
os j u d e u s .
N o r e l a c i o n a m e n t o c o m os goim era p e r m i t i d a a usura q u e a Lei vedava
entre os seus seguidores ( D e u t . 20-21). Estavam-lhes vedados os casamentos
c o m cristãos, q u e r pela T o r a q u e r pelas o r d e n a ç õ e s gerais d o r e i n o e c a n ó n i -
cas, o u t e r e m relações sexuais extracasamento c o m m e m b r o s de outras reli-
giões, pelo q u e nas judiarias mais populosas, c o m o Lisboa, havia u m a m a n c e -
bia.
R e j e i t a v a m os conversos, c h a m a n d o - l h e s «tornadiços», o q u e , a c r e r m o s
e m mestre A n t ó n i o , sobre a designação d e «tornado» aplicada ao p o r c o , seria
s i n ó n i m o de «marrano» o u «marano», pois «tornadiço» e «marrano» identifica-
v a m - s e c o m aquele animal. «Marano» era o insulto q u e Abraão, filho de J a -
c o b Jeca, lançava a^ Gil Fernandes e a seus filhos. Samuel Saiam de Barcelos
c h a m a r a a P e d r o Alvares « m a r a n o velhaco» e acrescentara «que n o m c u y -
dasse q u e p o r h u u m a p o u c a d ' a g u a de b a u t i s m o q u e r e ç e b e r a q u e vallia
mais q u e ante, p o r yisso, vallia m e n o s e outras palavras injuriossas e q u e
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A PROCURA DO DEUS ÚNICO
NOTAS
88
O DIFÍCIL DIÁLOGO ENTRE JUDAÍSMO E CRISTIANISMO
73
Ibidem, vol. 2.
74
Ibidem, v o l . 1, p . 45-84.
75
PÉREZ CASTRO - El manuscrito apologético, p . c r .
76
TAVARES — Os judeus em Portugal no século xv, p. 437-445.
77
MARTINS - Estudos de literatura, p . 307-326.
78
D . DUARTE — Leal conselheiro p . 198.
79
MARTINS — Estudos de literatura, p . 356.
80
PAIS - Colírio da fé, v o l . 2, p . 47.
81
TAVARES - Os judeus em Portugal no século xv, p . 439.
82
MARTINS - Estudos de literatura, p . 325. LAVAJO - A controvérsia, p . 43.
83
PONTES - Estudo, p. 70-75.
84
MARTINS - Estudos de literatura, p . 349-355. LAVAJO - A controvérsia, p . 12-43. PONTES - Estu-
do, p . 9 - 7 6 .
85
SIDARUS - Le Livro, p . 150-155.
86
PONTES - Estudo, p . 1-2.
87
Ibidem, p. 123.
88
Ibidem, p. 124-125.
89
Ibidem, p. 204-208.
90
Ibidem, p. 131-136.
91
Ibidem, p. 138-139.
92
Ibidem, p . 137-145, 3 6 4 - 3 9 1 , 4 2 5 - 4 3 0 .
93
Ibidem, p. 208, 210, 213, 221, 224.
94
Ibidem, p . 214-218, 2 3 0 , p o r exemplo.
95
Ibidem, p. 341, 348, 359.
96
Ibidem, p. 355.
97
Ibidem, p. 450.
98
Ibidem, p. 44-47.
99
B N L . Ajuda da fé, £1. 1-1 v.
100
Ibidem, £1. 1. É p r o v á v e l q u e o l i v r o r e f e r i d o c o m o « v e r g o n h a d o s c r i s t ã o s » s e j a o t e x t o h e -
braico da a r g u m e n t a ç ã o d e M o i s é s N a h m a n , e m Barcelona.
101
Ibidem, £1. 1 v.
102
Ibidem, £1. 2 v.
103
Ibidem, £1. 2 v.
104
PACIOS LOPES - La disputa, v o l . 1, p . 345-368.
105
B N L . Ajuda da fé, £1. 3-3 v.
106
Ibidem, fl. 5 v . C u r i o s a m e n t e , d e v e t e r s i d o d a s u a f é e m S a n t o A n t ó n i o q u e t o m o u o n o -
m e do santo q u a n d o recebeu o baptismo.
107
Ibidem, fl. 6-6 v.
108
Ibidem, fl. 6 v-8 v.
109
Ibidem, fl. 8 v - 9 v.
110
Ibidem, fl. 9 v-18.
111
Ibidem, fl. 18-19.
112
Ibidem, £1. 19-23.
113
Ibidem, fl. 33-37.
114
Ibidem, fl. 37-47.
115
Ibidem, fl. 47-49.
116
S o b r e as f o n t e s d e J e r ó n i m o d e S a n t a F é , v e j a - s e : PACIOS LOPES - La disputa, p . 355-368.
117
V e j a - s e TAVARES - Judaísmo׳, IDEM - Los Judios en Portugal.
118
TAVARES - Os judeus em Portugal no século xv, p . 443-444.
119
Ibidem, p . 430-431.
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Islão e cristianismo:
entre a tolerância e a guerra sant
Joaquim Chorão Lavajo
O CRISTIANISMO E o ISLAMISMO s ã o d u a s e x p r e s s õ e s d i f e r e n t e s d e f é no
m e s m o D e u s , ú n i c o e v e r d a d e i r o , q u e se revela aos h o m e n s para lhes indicar
o c a m i n h o individual e c o m u n i t á r i o , q u e os c o n d u z à plena realização n a t u -
ral e sobrenatural. Esta base f u n d a m e n t a l c o m u m c o n f e r e - l h e s u m a c e n t u a d o
ar d e família, q u e se reflecte, s o b r e t u d o , nas respectivas vertentes teológica,
j u r í d i c a e moral.
A o a p e r c e b e r e m - s e d o f u n d o matricial c o m u m , estas duas religiões t ê m
dificuldade e m suportar as diferenças q u e as caracterizam, e acabam p o r m u -
t u a m e n t e se rejeitar e p o r c o n v e r t e r o m ú t u o e secular r e l a c i o n a m e n t o práti-
co e m c o n v e r g ê n c i a d i v e r g e n t e e o respectivo discurso a p o l o g é t i c o e m diálo-
g o p o l é m i c o . A explicação desta aparente a n t i n o m i a e n c o n t r a - s e n o facto de
os f u n d a m e n t o s doutrinais e m q u e se a p o i a m , a Bíblia e o Alcorão, serem
parcialmente c o i n c i d e n t e s e parcialmente divergentes.
O s m u ç u l m a n o s aceitam a Bíblia c o m o palavra de D e u s , mas n u m estádio
histórica e d o u t r i n a r i a m e n t e p r o p e d ê u t i c o da revelação alcorânica. A g r a n d e
divergência consiste, pois, n o facto de os m u ç u l m a n o s , apesar d o respeito
q u e n u t r e m pela Bíblia, pelos profetas e p o r Cristo, os c o n s i d e r a r e m ultrapas-
sados e actualizados pelo A l c o r ã o e p o r M a o m é . C o m efeito, s e g u n d o o isla-
m i s m o , os profetas, n o m e a d a m e n t e Moisés e Jesus, ensinaram o n ú c l e o f u n -
d a m e n t a l das verdades sobre D e u s , o h o m e m e o m u n d o , q u e havia de ser
d e f i n i t i v a m e n t e r e t o m a d o e actualizado p o r M a o m é .
N a perspectiva islâmica, o cristianismo é válido e m t u d o aquilo q u e c o n c e r -
ne o m o n o t e í s m o e os artigos da fé concordantes c o m a revelação autêntica al-
corânica e é erróneo e m t u d o aquilo q u e p o r esta foi ultrapassado ou q u e d e c o r -
re da falsificação da Escritura, operada, segundo os muçulmanos, pelos j u d e u s e
pelos cristãos.
P o r seu lado, o cristianismo, ao identificar o e n c e r r a m e n t o da R e v e l a ç ã o
c o m o ú l t i m o livro d o N o v o T e s t a m e n t o , rejeita i m p l i c i t a m e n t e a a u t e n t i c i -
dade da revelação islâmica, q u e o c o r r e u quase seis séculos mais tarde. A l é m
disso, rejeita e x p l i c i t a m e n t e t u d o q u a n t o se o p õ e à revelação j u d e o - c r i s t ã ,
c o m p e n d i a d a na Bíblia. Nessa rejeição parcial da d o u t r i n a m u ç u l m a n a reside
a razão pela qual o islamismo foi d u r a n t e m u i t o t e m p o considerado pelos
cristãos c o m o u m a heresia e n ã o c o m o u m a religião.
U m a g r a n d e parte dos d e s e n t e n d i m e n t o s q u e e n v e n e n a r a m as relações se-
culares e n t r e os cristãos e os m u ç u l m a n o s teve o seu f u n d a m e n t o n o d e s e n -
t e n d i m e n t o doutrinal q u e os constitui e m t e r m o s d e alteridade; c o n v é m esta-
b e l e c e r , l o g o d e i n í c i o , os p ó l o s básicos da c o n v e r g ê n c i a / d i v e r g ê n c i a
doutrinal e m o r a l e n t r e as duas religiões. P a r t i n d o da perspectivação islâmica,
p o d e m o s reduzi-los a dois grupos:
— os seis artigos f u n d a m e n t a i s da teologia islâmica (Kalâm): D e u s , os a n -
jos, a Palavra de D e u s , os enviados, o U l t i m o Dia e a predestinação;
— os c i n c o pilares o u m a n d a m e n t o s d o islamismo: a profissão d e fé (cha-
hâda), a oração ritual (salât), o i m p o s t o social o u esmola legal (Zakât), o j e j u m
(sawm), a p e r e g r i n a ç ã o ( H a j j ) .
T o d o s estes princípios, q u e f a z e m parte d o p a t r i m ó n i o espiritual c o m u m ,
são g e n e r i c a m e n t e aceites pelas duas religiões, mas a sua explicitação específi-
ca p r o v o c o u , ao l o n g o dos séculos, u m a c e n t u a d o mal-estar d e uns e m rela-
<] A l c o r ã o manuscrito da
ção aos outros. Esse mal-estar foi agravado p o r outras divergências de carácter época almóada ( M a r r á q u e x e ,
moral, c o m o p o r e x e m p l o , a m o r a l m a t r i m o n i a l e doutrinal, p r i n c i p a l m e n t e Biblioteca Ibn Y u s u f ) .
pela rejeição m u ç u l m a n a dos d o g m a s f u n d a m e n t a i s d o cristianismo:
F O T O : A R Q U I V O C Í R C U L O DE
— o mistério da Santíssima T r i n d a d e , q u e os m u ç u l m a n o s , e m n o m e d o LEITORES.
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OS MOÇARABES PORTUGUESES
A conquista muçulmana A INVASÃO E CONQUISTA MUÇULMANAS d a P e n í n s u l a I b é r i c a f o r a m f u l m i n a n -
tes. A rapidez das operações deixou os H i s p a n o - R o m a n o s e os Visigodos deso-
da Península Ibérica e o
rientados e quase paralisados durante alguns decénios. E m cerca de apenas cinco
estatuto social dos cristãos anos (711-716), os Berbero-Ârabes conseguiram controlar t o d o o território hispâ-
nico, à excepção de u m p e q u e n o reduto asturiano, na cadeia montanhosa dos
Picos da Europa, e de pequenas bolsas demográficas entrincheiradas nos Pirenéus.
Ainda h o j e , à distância de mais de o n z e séculos e m e i o , ficamos i m p r e s -
sionados c o m a rapidez da conquista m u ç u l m a n a da Hispânia. Ela ficou a d e -
ver-se, e m p r i m e i r o lugar, ao d i n a m i s m o da jihâd, t e r m o q u e significa o es-
forço, a luta espiritual d o h o m e m contra as paixões e as forças d o mal,
incarnadas pelo d e m ó n i o 2 , mas q u e passou, p o s t e r i o r m e n t e , a significar a
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do século IX, sobretudo nas regiões do Porto e Coimbra, é nos mosteiros que Cálice e patena moçárabes, final
muitos cristãos encontram o local apropriado para se consagrarem a Deus e do século x (Braga, Tesouro
da Sé).
que os moçárabes das vizinhanças vão alimentar a sua fé. Entre outros, há c o n h e -
FOTO: JOSÉ MANUEL OLIVEIRA/
cimento do f u n c i o n a m e n t o dos mosteiros de Cete, Lavra, Crestuma, Lorvão,
/ A R Q U I V O C Í R C U L O DE
Vacariça, Guimarães, São Miguel de R j b a Paiva, Vairão, Moreira e Pedroso 2 7 . LEITORES.
Apesar d o o p t i m i s m o c o m q u e é n o r m a l m e n t e referida a situação dos
cristãos hispânicos d o p e r í o d o p r é - a l m ó a d a , d e v e m o s salientar q u e e r a m m u i -
tas as dificuldades q u e lhes cerceavam a liberdade religiosa. N e m outra coisa
era de esperar, se p e n s a r m o s q u e os bispos instituídos após a invasão, ainda
q u e designados pelas c o m u n i d a d e s cristãs, ficavam sujeitos à aprovação dos
m o n a r c a s m u ç u l m a n o s , q u e n ã o quiseram abdicar deste e d e o u t r o s privilé-
gios, herdados dos seus predecessores visigodos. Daí a subserviência de alguns
deles. O c o n t r o l o da Igreja m o ç á r a b e tornava-se ainda mais cerrado pelo fac-
to de os concílios serem c o n v o c a d o s pelos sultões.
Aos cristãos era assegurada a liberdade de culto, mas só d e n t r o das igrejas
j á existentes na altura da invasão. Tal c o m o as casas de habitação e os m o s t e i -
ros cristãos, as igrejas situavam-se n o r m a l m e n t e fora da madina. O s cristãos
n ã o p o d i a m construir n o v o s t e m p l o s d e n t r o das cidades, n e m reconstruir os
q u e se arruinavam. M u i t o s deles f o r a m c o n v e r t i d o s e m mesquitas 2 8 .
U m a das mais i m p o r t a n t e s manifestações da vitalidade religiosa foi o culto
dos santos, q u e c o n t i n u o u aceso e p e r d u r o u d u r a n t e toda a d o m i n a ç ã o islã-
mica n o território peninsular q u e mais tarde havia de ser o de Portugal.
S e g u n d o Idrisi (século xii), a Igreja de São V i c e n t e p e r m a n e c e u inaltera-
da desde o t e m p o d o d o m í n i o cristão visigótico e t o r n o u - s e m u i t o i m p o r t a n -
te d u r a n t e a d o m i n a ç ã o islâmica, pelo facto d e ter r e c o l h i d o os restos mortais
d o mártir São V i c e n t e q u a n d o , perseguidos f e r o z m e n t e pelo e m i r A b d e r r a -
m ã o I (755-788), os cristãos de Valência aí se refugiaram c o m as relíquias, ra-
zão pela qual o local veio a r e c e b e r o n o m e de c a b o de São V i c e n t e . A Igreja
d o C o r v o (Kanisat al-Gurab)29, n o m e pelo qual era c o n h e c i d o o referido
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t e m p l o d u r a n t e o t e m p o da d o m i n a ç ã o islâmica, t o r n o u - s e u m i m p o r t a n t e
c e n t r o d e peregrinações dos cristãos d e A l - A n d a l u z .
U m m o ç á r a b e , mestre Estêvão, c h a n t r e da Sé de Lisboa, relata a transia-
dação das relíquias d o santo para Lisboa, realizada p o r D . A f o n s o H e n r i -
ques 3 0 . A Crónica do mouro Rasis refere t a m b é m esse a c o n t e c i m e n t o 3 1 , e n -
q u a n t o D . Dinis, Z u r a r a e D . D u a r t e se r e f e r e m ao culto d o santo.
As peregrinações a Santa M a r i a de Faro c o m e ç a r a m a ter g r a n d e p r o j e c -
ção d u r a n t e o g o v e r n o dos B a n ú H a r u n , n o século xi 3 2 . Foi p o r essa altura
q u e a cidade d e i x o u de ser c o n h e c i d a pela designação r o m a n a d e O s s ó n o b a
para t o m a r a de Santa Maria, o q u e e x p r i m e b e m a força religiosa e social dos
moçárabes na região. A f o n s o X de Castela recolhe, e m u m a das Cantigas de
Santa Maria, os ecos da d e v o ç ã o q u e os moçárabes n u t r i a m p o r Santa Maria
de Faro, cuja i m a g e m r e m o n t a v a j á ao t e m p o dos Visigodos 3 3 .
A i m p o r t â n c i a religiosa de q u e se revestiram São V i c e n t e e Santa M a r i a
de Faro, j u n t a m e n t e c o m H u e l v a , d u r a n t e a d o m i n a ç ã o islâmica, levaram
C h r i s t o p h e Picard a considerar esta zona d o G h a r b A l - A n d a l u z c o m o «um
dos grandes santuários d o cristianismo» daqueles tempos 3 4 .
E m Lisboa, além de São V i c e n t e , os moçárabes v e n e r a v a m os mártires,
Justa, M á x i m o e Veríssimo, cujas actas de martírio r e m o n t a m ao século x 3 5 .
O s b e r n o evoca essa d e v o ç ã o , recebida da época pré-islâmica, e a destruição,
pelos m o u r o s , da igreja a eles dedicada 3 6 . E natural q u e os cristãos, emigrados
n o t e m p o da conquista o u p o s t e r i o r m e n t e , t e n h a m levado consigo esse culto
e o t e n h a m c o m u n i c a d o às p o p u l a ç õ e s q u e os a c o l h e r a m .
Tal c o m o e m Faro, São V i c e n t e , Lisboa e Évora, os moçárabes de outras
terras e regiões v e n e r a v a m os seus santos, t r a n s m i t i n d o o respectivo culto às
p o p u l a ç õ e s da R e c o n q u i s t a . Assim, Sanbras (São Brás d e Alportel) venerava o
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
santo q u e lhe dera o n o m e ; Évora, São M a n ç o s 3 7 ; Beja, São Sisenando; e Capitel de pilastra moçárabe
Santarém, Santa Iria. O u t r o s santos v e n e r a d o s pelos moçárabes, e m diferentes pertencente à Igreja de São
regiões, e r a m Santa C o m b a , São Paio e São M a m e d e 3 8 . Frutuoso de Montélios,
século x i (Braga, Igreja de
A tolerância q u e inicialmente caracterizara os m u ç u l m a n o s de Al-Andaluz São J e r ó n i m o do Real).
foi d e s a p a r e c e n d o cada vez mais. A partir d o final d o século x e, s o b r e t u d o ,
F O T O : D I V I S Ã O DE
das invasões almorávida e almóada, passou a ser u m a pálida s o m b r a daquilo D O C U M E N T A Ç Ã O FOTOGRÁFICA/
q u e fora antes. Mosteiros e igrejas, inicialmente pujantes, acabaram p o r s o ç o - /INSTITUTO PORTUGUÊS DE
brar ante as violências anticristãs dos m u ç u l m a n o s . Assim, o M o s t e i r o de São M U S E U S / A R N A L D O SOARES.
Vicente, e m Sagres, i m p o r t a n t e c e n t r o de peregrinação para os cristãos d e
Al-Andaluz, d e v e ter sido destruído p o r u m g r u p o de almorávidas q u e c h a c i - <3 Selo do concelho de
n o u parte da p o p u l a ç ã o e l e v o u cativa outra parte, sem, n o e n t a n t o , t e r e m Lisboa, representando a
destruído o t ú m u l o d o santo 3 9 . Y a q u b A l m a n ç o r declarava o r g u l h o s a m e n t e veneração das relíquias de São
n ã o ter deixado de p é n e n h u m a igreja n e m sinagoga. Vicente, século x i v (Lisboa,
Instituto dos Arquivos
As perseguições, o isolamento nos c a m p o s o u nos bairros periféricos das Nacionais/Torre do T o m b o ) .
cidades e a marginalização social, e c o n ó m i c a e religiosa a q u e estavam sujei- FOTO: JOSÉ A N T Ó N I O SILVA.
tos levava m u i t o s moçárabes a emigrar para o N o r t e cristão.
M u i t o s m o n g e s d o Sul, ao v e r e m destruídos o u ameaçados os seus m o s - <3 Interior da igreja de
teiros, f o r a m f u n d a r o u t r o s n o N o r t e , i n f l u e n c i a n d o c o m a sua cultura e c o m I danha-a-Velha.
os arabismos d o seu r o m a n ç o m o ç a r á b i c o , c o m o lhe c h a m a Leite d e V a s c o n - FOTO: N U N O CALVET/ARQUIVO
celos, as p o p u l a ç õ e s das vizinhanças. O c o n h e c i m e n t o da língua e cultura C Í R C U L O DE LEITORES.
árabes irá p e r m i t i r a tradução de obras para latim. H á notícias d e m o n g e s
emigrantes, c o m o o abade R a n u l f o q u e , n o final d o século x, fugiu às invés-
tidas de A l m a n ç o r e foi fixar-se e m P a ç o de Sousa, e o abade T u d e i l d u s , q u e
se r e c o l h e u n o m o s t e i r o d e Leça, j u n t o d o P o r t o 4 0 .
O processo de r e p o v o a m e n t o da Península Ibérica m o s t r a - n o s t a m b é m
q u e m u i t o s m o n g e s e m i g r a r a m de A l - A n d a l u z para os reinos cristãos d o
N o r t e . P o r vezes, e m i g r a r a m c o m u n i d a d e s inteiras.
N ã o foi fácil o e n c o n t r o da cristandade do N o r t e , p r o f u n d a m e n t e influen-
ciada pela França, c o m os moçárabes. Paralelamente à estabilização política,
h o u v e a p r e o c u p a ç ã o de restaurar as dioceses d o território r e c é m - c o n q u i s -
tado e insuflar nos mosteiros de tradição visigótica o espírito r e f o r m a d o r de
C l u n y e Cister, b e m c o m o a observância agostiniana de São R u f o de A v i -
n h ã o , q u e foi implantada e m Santa C r u z de C o i m b r a . Isso implicava a substi-
tuição d o rito v i s i g ó t i c o - m o ç á r a b e pelo r o m a n o .
99
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
IOI
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
MOUROS
A Reconquista cristã da A RECONQUISTA FOI O MOVIMENTO HISTÓRICO r e s p o n s á v e l p e l a r e c u p e r a -
Península Ibérica e o ção cristã d o espaço hispânico, iniciado p o r u m p e q u e n o g r u p o de ástures,
acantonados nos Picos da E u r o p a . Liderados p o r Pelágio e apoiados p o r al-
estatuto social dos mouros guns n o b r e s visigodos, esses h o m e n s d o N o r t e resistiram d e n o d a d a m e n t e
contra as forças islâmicas, q u e e m vão t e n t a r a m ultimar a conquista integral
da Península Ibérica.
D e início, tratava-se de u m a luta de sobrevivência contra os exércitos
berberes e siro-árabes, sem q u a l q u e r c o n o t a ç ã o nacionalista o u cristã, c o m o
se d e p r e e n d e da leitura das crónicas hispânicas de 741 e 754, r e s p e c t i v a m e n t e
c o n h e c i d a s pelo n o m e de B i z a n t i n o - Á r a b e e M o ç á r a b e . Só m u i t o l e n t a m e n t e
o crescente g r u p o d e resistência assumiu c o m o essencial à sua luta pela l i b e r -
dade as d i m e n s õ e s étnico-política e religiosa, q u e c o n t r i b u í r a m d e c i s i v a m e n t e
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A PROCURA DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
n o r m a l m e n t e utilizada nestes protestos, alguns dos quais serão explicitados Infante D. Fernando (escola
mais adiante, consiste na suposta injustiça e c o n s e q u e n t e escândalo p r o v o c a d o portuguesa, século x v , Lisboa,
Museu Nacional de Arte
pelo facto de os reis privilegiarem os «infiéis» e m d e t r i m e n t o dos cristãos. Foi
Antiga).
o q u e a c o n t e c e u , p o r e x e m p l o , q u a n d o os representantes de t o d o o r e i n o se
F O T O : D I V I S Ã O DE
queixaram a D . A f o n s o V, nas C o r t e s de Lisboa de 1439, contra o facto de os D O C U M E N T A Ç Ã O FOTOGRÁFICA/
cristãos t e r e m de pagar a dízima ao rei e à Igreja, pelos bens c o m p r a d o s aos / I N S T I T U T O P O R T U G U Ê S DE
m o u r o s , e n q u a n t o estes só e r a m obrigados a pagar ao rei. Assim, c o n c l u í a m M U S E U S / J O S É PESSOA.
os queixosos, «os infiéis, q u e são servos, t ê m razão para enriquecer, e os cris-
tãos ser pobres, o q u e parece coisa estranha» 7 8 .
Mas n e m tudo eram privilégios e m relação aos mudéjares e deveres e m rela-
ção aos cristãos. A realidade era b e m outra. O s m o u r o s estavam sujeitos a muitas
medidas sociais discriminatórias e m relação aos outros grupos étnicos e religio-
sos. Essa discriminação legal visava impedir a contaminação dos cristãos através
da promiscuidade c o m os indivíduos de outras raças e religiões. Segundo a m e n -
talidade da época, os credos islâmico e judaico eram considerados c o m o epide-
mias de q u e urgia preservar os fiéis cristãos. A legislação portuguesa era, neste
campo, u m decalque das legislações eclesiástica e hispânica, q u e determinavam o
local de habitação, o modus vivendi e o vestuário dos judeus e dos mouros.
Apesar das interdições da Igreja e da legislação civil, n o m e a d a m e n t e das
O r d e n a ç õ e s Afonsinas, realizavam-se p o r vezes casamentos e uniões entre
m e m b r o s das duas c o m u n i d a d e s . O e x e m p l o vinha já de l o n g e e de b e m al-
to. C o m efeito, A f o n s o VI de Leão casara c o m Zaida, filha d e A l m o t á m i d e , o
rei-poeta de Sevilha. O e n v o l v i m e n t o de D . A f o n s o H e n r i q u e s c o m u m a
m o u r a d e u - l h e u m filho natural, M a r t i m Afonso, c o n h e c i d o p o r C h i c h o r -
ro 7 9 . Análoga ligação p r o p o r c i o n o u a D . A f o n s o III u m a filha, D . Urraca,
q u e veio a casar c o m P ê r o Anes.
M u i t o s cristãos, i n c l u i n d o os reis, serviam-se de j u d e u s e m o u r o s para
p u n i r e m outros cristãos. O papa, através d o artigo x v da primeira c o n c o r d a t a
d e D . Dinis c o m o clero, o b r i g o u o rei a n ã o utilizar os m o u r o s e o u t r o s
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A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
agentes contra a vida e segurança dos bispos e seus «sergentes» 80 . O artigo vil
da terceira c o n c o r d a t a fez análoga d e t e r m i n a ç ã o , ao proibir o m e s m o rei d e
se servir de j u d e u s e m o u r o s para violar o direito de asilo, o b r i g a n d o os cris-
tãos a sair das igrejas, para os p r e n d e r e m e t e r e m ferros 8 1 . A interdição lança-
da p o r G r e g ó r i o I X contra o infante de Serpa, e m 1239, q u e se servira de u m
g r u p o de m u ç u l m a n o s para maltratar e expulsar de u m a igreja de Lisboa os
cristãos aí refugiados, foi exemplar 8 2 .
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
MOURARIAS
D e a c o r d o c o m a legislação eclesiástica e civil, consignada, respectiva-
m e n t e , n o IV C o n c í l i o de Latrão, e m 1215, e nas C o r t e s de Elvas, e m 1361, os
adeptos d o Alcorão e r a m acantonados e m zonas habitacionais urbanas, c h a -
madas mourarias o u aljamas, situadas n o r m a l m e n t e n o arrabalde 9 1 e separadas
p o r u m m u r o das zonas destinadas aos cristãos. Para i m p e d i r q u a l q u e r c o n t a c -
to n o c t u r n o entre os habitantes das duas zonas, os m o u r o s estavam sujeitos a
horários, de a c o r d o c o m os quais eram obrigados a cerrar as portas das m o u -
rarias ao cair da noite, n o r m a l m e n t e ao t o q u e das T r i n d a d e s o u da «oora-
çom» 9 2 , e a abri-las só de m a n h ã , a partir d o t o q u e da primeira missa.
P o r pressão dos representantes d o p o v o , as C o r t e s de Elvas d e 1361, sob
D . P e d r o , d e t e r m i n a r a m a instituição desses bairros e m todas as localidades
q u e tivessem o m í n i m o de dez m o u r o s 9 3 . I n v o c a n d o essa legislação, f r e q u e n -
t e m e n t e desrespeitada, D . J o ã o I e D . A f o n s o V apelaram de n o v o para a n e -
cessidade de todos os m o u r o s se a g r u p a r e m nas mourarias e d e t e r m i n a r a m o
alargamento das respectivas áreas sempre q u e o a u m e n t o d e m o g r á f i c o o e x i -
gisse. Era u m a maneira prática de m a n t e r os agarenos «fora da c o m p a n h i a , e
c o n v e r s a ç o m dos Chrisptaãos» 9 4 .
As mourarias e r a m g e r a l m e n t e dotadas das estruturas e serviços necessá-
rios a u m n o r m a l a g l o m e r a d o populacional. A l é m das casas d e habitação,
Travessa do M o n t a l v o e da
Hera (Santarém). Arruamentos
de tradição e continuidade
islâmicas.
F O T O : N U N O CALVET/ARQUIVO
C Í R C U L O DE LEITORES.
110
ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
in
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
112
ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
C O M É R C I O E FINANÇAS
M u i t o s m o u r o s dedicavam-se ao c o m é r c i o , q u e r fixo, q u e r a m b u l a n t e 1 1 2 .
O s sedeados nas zonas de fronteira e n o Algarve c o m e r c i a v a m , respectiva-
m e n t e , c o m Castela e c o m o N o r t e de África. Era o q u e acontecia c o m os de
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A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
OUTRAS ACTIVIDADES
A o l a d o d o s m u d é j a r e s q u e « m o u r e j a v a m » n o s trabalhos d u r o s , m u i t o s
havia q u e a s c e n d i a m a cargos social e e c o n o m i c a m e n t e elevados, t a n t o d e n -
t r o c o m o fora das c o m u n a s . S a b e - s e , p o r e x e m p l o , q u e j u n t o da c o r t e d e
D . D i n i s existia u m m o u r o , d e n o m e M a o m é , q u e c o l a b o r o u c o m Gil Peres,
clérigo d e P ê r o A n e s d e P o r t e l na t r a d u ç ã o da Crónica do mouro Rasis, u m a
das principais f o n t e s da Crónica geral de Espanha de Í344]l5. D . Afonso V tinha
c o m o físico u m m o u r o , c h a m a d o Alie 1 1 6 . O m e s m o rei, p o r carta d e 17 d e
M a r ç o d e 1451, n o m e o u seu r e q u e r e d o r , solicitador e p r o c u r a d o r j u n t o dos
o u t r o s m o u r o s a C a i d e C a c i z , c o n c e d e n d o - l h e «todas as liberdades, rendas,
foraes e direitos q u e ao d i t o o f f i c i o p e r t e n c e m » 1 1 7 .
IMPOSTOS E HERANÇAS
N o r m a l m e n t e , os m o u r o s e s t a v a m sujeitos aos i m p o s t o s q u e i m p e n d i a m
s o b r e a g e n e r a l i d a d e da p o p u l a ç ã o , c o m o p o r t a g e n s , p e a g e n s e c o s t u m a g e n s .
A l é m disso, r e c a í a m s o b r e eles várias t r i b u t a ç õ e s específicas.
As Leges p u b l i c a r a m u m a «Declaração» dos i m p o s t o s q u e os m o u r o s d e -
v i a m p a g a r ao rei 1 1 8 . T r a t a - s e d e u m d o c u m e n t o n ã o d a t a d o , i n s e r i d o nas In-
quirições de D. Afonso III (fl. i o v ) , q u e G a m a B a r r o s diz ter sido r e d i g i d o n o
r e i n a d o d e D . J o ã o I 1 1 9 . P o r q u e estes t r i b u t o s j á e x i s t i a m e m t e m p o s a n t e r i o -
res 1 2 0 , é u m b o m i n d i c a d o r d o s e n c a r g o s fiscais a q u e e s t a v a m sujeitos os
m o u r o s f o r r o s p o r t u g u e s e s . E m síntese, e r a m estes os i m p o s t o s :
— a c a p i t a ç ã o o u alfitra (al-fitr) 1 2 1 , q u e incidia s o b r e t o d o s os m o u r o s , l o -
g o a p a r t i r d o n a s c i m e n t o , e consistia e m seis d i n h e i r o s , p a g o s n o p r i m e i r o
dia d e cada a n o 1 2 2 . A p a r t i r da i d a d e e m q u e p o d i a m g a n h a r a v i d a , p a g a v a m
v i n t e soldos da m o e d a antiga, q u e c o r r e s p o n d i a a u m a libra. P o r isso, a « D e -
claração» c h a m a - l h e «libra de cabeça»;
— a d í z i m a a n u a l (azaqui) 1 2 3 d o p ã o , d o v i n h o , d o azeite, d o s l e g u m e s ,
dos figos passados, das uvas, d o m e l , da cera e das crias d o g a d o cavalar e asi-
n o , a q u e e s t a v a m sujeitos t o d o s os m o u r o s , a partir d o s q u i n z e a n o s d e i d a -
de 1 2 4 . E s t e i m p o s t o era c o b r a d o à m e d i d a q u e se r e a l i z a v a m colheitas o u r e n -
dimentos;
— o azaqui o u q u a r e n t e n a ( 2 , 5 % o u 1 / 4 0 ) , o u a c o r r e s p o n d e n t e p e r c e n -
t a g e m e m d i n h e i r o , q u a n d o se tratava d e q u a n t i a s baixas, das crias dos g a d o s
b o v i n o , o v i n o e c a p r i n o e d o s c a m e l o s e d e t o d o s os o u t r o s b e n s , i n c l u i n d o
os h a v e r e s e m o u r o e prata, a q u e e s t a v a m sujeitos os v a r õ e s c o m c a p a c i d a d e
para g a n h a r a vida. Este i m p o s t o era p a g o n o dia 1 d e M a i o d e cada a n o ;
— a q u a r e n t e n a da c o m p r a e v e n d a d e b e n s d e raiz, c a b e n d o o u t r o t a n t o
ao i n t e r l o c u t o r n o n e g ó c i o ;
— a d í z i m a d o t r a b a l h o , q u e o n e r a v a os m o u r o s j o r n a l e i r o s , d o s e x o
m a s c u l i n o , n ã o sujeitos ao azaqui;
— a d í z i m a d o resgate e da alforria;
114
ISLÃO E C R I S T I A N I S M O : E N T R E A TOLERÂNCIA E A G U E R R A SANTA
APOSENTADORIA
Tal c o m o d u r a n t e a d o m i n a ç ã o islâmica, e m q u e os m u ç u l m a n o s se h o s -
p e d a v a m e m casas de cristãos, sem q u e estes p u d e s s e m recalcitrar, n e m sequer
contra os abusos q u e ultrapassavam os limites da lei, t a m b é m , após a R e c o n -
quista, os senhores cristãos c o s t u m a v a m hospedar-se e m casas de m u ç u l m a n o s
e de j u d e u s . O s m o u r o s q u e i x a v a m - s e f r e q u e n t e m e n t e aos nossos reis da e x -
ploração de q u e e r a m vítimas p o r parte de pessoas sem consciência. D . A f o n -
so II, sensível a esses apelos, a p o i o u as suas reivindicações, ao c o n f i r m a r , e m
1217, o foral de 117o 127 .
A p e s a r da legislação favorável, q u e os isentava da o b r i g a ç ã o da a p o s e n -
tadoria, os abusos c o n t i n u a r a m , pois, e m 1364, os m o u r o s d e S a n t a r é m
q u e i x a r a m - s e a D . P e d r o d a q u e l e s q u e se h o s p e d a v a m e m suas casas. O rei
o r d e n o u q u e , d e f u t u r o , n i n g u é m c o m e t e s s e esse abuso, a n ã o ser c o m u m
m a n d a t o especial seu. O s p r e v a r i c a d o r e s seriam expulsos das casas dos
m o u r o s e o b r i g a d o s a r e p a r a r os d a n o s causados. O m e s m o rei p r o i b i u t o -
dos os cristãos, m e s m o os seus filhos, d e se a p o s e n t a r e m nas casas dos m o u -
ros d e É v o r a , b e m c o m o d e se a p r o p r i a r e m das suas r o u p a s e d e o u t r o s
bens.
C o m o t e m p o , o c u m p r i m e n t o das d e t e r m i n a ç õ e s reais p r o v o c o u r e a c -
ções contrárias p o r parte dos cristãos. E m 1439 e 1446, os habitantes de Elvas,
escandalizados pelo facto de «que o livre fosse servo e o infiel fosse isento» 1 2 8 ,
apresentaram a D . A f o n s o V u m a queixa contra a i n c o n g r u ê n c i a d o p e d i d o
d e isenção de aposentadoria feito pelos m o u r o s . I n d i f e r e n t e a essas queixas, o
rei c o n f i r m o u à referida c o m u n a todos os privilégios, liberdades e mercês q u e
j á havia r e c e b i d o de monarcas anteriores 1 2 9 .
5
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A PROCURA DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
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A PROCURA DO D E U S ÚNICO
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ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
relação aos grandes escritores lusos Ibn c A m m a r de Silves, Ibn c A b d u n de F r a g m e n t o de seda atribuído
Évora e Ibn Bassân de Santarém, cujas obras estão a ser traduzidas para a nossa aos séculos x r v ou x v (Lisboa,
M u s e u N a c i o n a l de Arte
língua. Mais importante ainda é referir o n o m e d o jurista eborense A b u c A b d - Antiga).
-Allâh que, já e m pleno século XIII, estudou e m Évora e aí adquiriu a estrutura
F O T O : D I V I S Ã O DE
intelectual q u e o t o r n o u célebre n o N o r t e de África, o n d e foi c o n h e c i d o pelo DOCUMENTAÇÃO
n o m e de A l - Y â b u r í (o Eborense). A o f u n d a r u m a escola de Fiqh (direito islã- FOTOGRÁFICA/INSTITUTO
mico) e d e sufismo e m R a b a t e ao m o r r e r c o m fama de santo, p e r p e t u o u n o P O R T U G U Ê S DE M U S E U S / M A N U E L
PALMA.
m e n t a l colectivo e na religiosidade p o p u l a r d o M a g r e b e a m e m ó r i a da c u l t u -
ra luso-árabe 1 5 3 .
O D o i s painéis de azulejos do
P o v o e s s e n c i a l m e n t e agrícola e de pescadores, os m o u r o s d o G h a r b A l - início d o século x v i . Sevilha
- A n d a l u z , t a n t o antes c o m o d e p o i s da R e c o n q u i s t a cristã, c o n t r i b u í r a m p a - (Lisboa, M u s e u Nacional do
ra o progresso das respectivas técnicas. As principais actividades agrícolas Azulejo).
e r a m a cerealicultura, a oleicultura, a f r u t i c u l t u r a , a viticultura e a h o r t i c u l - F O T O : ALEXANDRE N O B R E PAIS.
tura. A l g u m a s técnicas agrícolas árabes passaram d i r e c t a m e n t e para o p a t r i -
m ó n i o laboral p o r t u g u ê s . Assim, ligados à actividade m o a g e i r a , l e g a r a m - n o s <] T i g e l a de mesa proveniente
as atafonas (tâhâna) o u m o i n h o s de tracção animal, as azenhas (assania) o u de Mértola, meados d o
m o i n h o s d e água, e os m o i n h o s m o v i d o s a v e n t o (rahâ); ligadas à irrigação, século x i (Museu de Mértola).
a n o r a (nâ'ura) e a a z e n h a (sâniya o u sâkiya); ligada à pesca, a almadrava (al- FOTO: ANTÓNIO CUNHA.
-madraba).
N a área d o artesanato, Portugal h e r d o u dos m u ç u l m a n o s técnicas ainda
h o j e pujantes, n o m e a d a m e n t e n o respeitante à olaria. Materiais de cerâmica,
e x u m a d o s e m diferentes centros d o Sul d o nosso país e da Andaluzia O c i -
dental, m a n i f e s t a m semelhanças q u e apelam para u m parentesco de técnicas e
de materiais. O s trabalhos arqueológicos realizados e m M é r t o l a e Silves i n d u -
z e m - n o s a pensar n ã o apenas na semelhança dos artefactos, mas t a m b é m na
sua difusão pelo Sul peninsular. A cerâmica de mesa utilizada nesta região, a
partir de finais d o século xi, isto é, sob a d o m i n a ç ã o dos Almorávidas e A l -
móadas, era artisticamente mais apurada e q u i m i c a m e n t e diferente da de c o -
zinha. A sua o r i g e m era, c e r t a m e n t e , norte-africana 1 5 4 .
A p ó s a R e c o n q u i s t a , a difusão e i m p o r t a ç ã o dessa cerâmica passou a ser
assegurada pelos m o ç á r a b e s e, s o b r e t u d o , pelos mudéjares. N ã o é p o r acaso
q u e os costumes de Beja, dos finais d o século XIII, a t r i b u e m a estes g r u p o s a
p r o d u ç ã o da cerâmica 1 5 5 .
125
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
Jarra m u ç u l m a n a e m «corda
seca», proveniente de Mértola,
primeira metade do século x n
(Museu de Mértola).
F O T O : M U S E U DE MÉRTOLA.
126
ISLÃO E C R I S T I A N I S M O : E N T R E A T O L E R Â N C I A E A G U E R R A SANTA
Layla wa-Laylà), Calila e Dimna (Kalíla wa-Dimna), Libro de los engannos et los
asayamientos de las mujeres, t a m b é m m u i t o c o n h e c i d o p e l o n o m e d e Livro
dos dez sábios o u Dez visires (Sindbar o u Syntipas) e o Liber Scalae (Kitâb al-
-Micrãj).
UM EPILOGO TRÁGICO:
A EXPULSÃO DE 1496
TERMINADA A RECONQUISTA, OS m o u r o s f o r a m escasseando cada vez mais
n o território p o r t u g u ê s , c o m o se infere da decrescente presença de r e f e r ê n -
cias d o c u m e n t a i s . E m m e a d o s d o século xiv, ainda e n c o n t r a m o s m u i t o s n o
Algarve. A partir d e finais d o século xv, os d o c u m e n t o s r e f e r e m - s e , s o b r e t u -
d o , aos m o u r o s emigrados d o N o r t e de Africa, q u e e n t r a r a m e m Portugal
p o r razões de o r d e m e c o n ó m i c a o u c o m o resultado das campanhas m a r r o -
quinas e das expedições esclavagistas.
Apesar da crescente rejeição a q u e a maioria cristã portuguesa votava as
minorias étnico-religiosas e de algumas tomadas de posição dos c o n c e l h o s e
da Igreja c o n t r a o l u x o pessoal e das mesquitas 1 6 1 , a vida i n t e r c o m u n i t á r i a
processava-se c a l m a m e n t e , pelo q u e nada fazia p r e v e r o d e c r e t o c o m q u e
D . M a n u e l , n o início de D e z e m b r o de 1496, c o l o c o u os j u d e u s e os m o u r o s
ante a alternativa: o u conversão, o u expulsão 1 6 2 .
Q u e razões de f u n d o terão levado o Venturoso a publicar lei tão inespera-
da c o m o iníqua, t e n d o e m conta, s o b r e t u d o , q u e o seu espírito tolerante o
havia levado, logo após a ascensão ao t r o n o , nas C o r t e s de M o n t e m o r , a
c o n c e d e r a alforria aos j u d e u s emigrados de Castela, q u e D . J o ã o II reduzira à
escravatura?
127
A P R O C U R A DO D E U S ÚNICO
128
ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
NOTAS
1
C f . LAVAJO - M a r i a , p . 3 0 9 - 3 2 9 .
2
T a m b é m a Bíblia, t a n t o n o A n t i g o c o m o n o N o v o T e s t a m e n t o , e s t á c h e i a d e a p e l o s f o r t e s
a o e s f o r ç o e à l u t a c o n t r a as p a i x õ e s q u e d e g r a d a m o h o m e m , a f a s t a n d o - o d e D e u s . C f . L c . 2 8 ,
19-20.
3
N o s n o s s o s d i a s , o t e r m o jihâd a d q u i r i u t a m b é m o s i g n i f i c a d o d e l u t a c o n t r a o s u b d e s e n -
v o l v i m e n t o e c o n ó m i c o , social e cultural.
4
J I M E N E Z D U Q U E - La Espiritualidad, p. 203-204.
5
Apud SÁNCHEZ, M a n u e l - A l - A n d a l u z (711-1031), p . 81.
6
C o . 4, 92, 9, 6 - 7 .
7
C f . C H E J N E . - Historia, p. 104.
8
S e g u n d o o Vocabulista in Arábico ( e d . S c h i a p a r e l l i , F l o r e n ç a , 1871), p . 1 9 0 e 6 1 6 , p a i . (Uri-
butarius»), mu'ahidun v e m d e mu'ahid ( p a r t i c í p i o a c t i v o ) e n ã o d e mu'ahad (particípio passivo).
O p r i m e i r o s i g n i f i c a «o q u e a s s i n o u u m p a c t o » , o s e g u n d o , «o q u e se e n c o n t r a v i n c u l a d o a u m
pacto».
ייC f . SILVEIRA — T o p o n í m i a , p . 6 7 - 6 9 .
10
A d d a b b i , C o . A r . E s c u r . N . ° 1 6 7 6 , a c t u a l 1671, d a B i b i . A r . E s c . D e D . M i g u e l C a s i r i . In
C O D E R A , F . - Bibliotheca Arabico-Hispana, v o l . 3, p . 2 5 9 .
11
C f . LÉVI-PROVENÇAL - L'Espagne musulmane, p . 211-212.
12
O t e x t o r e f e r e n t e a T o l e d o e n c o n t r a m o - l o n a CRÓNICA Geral de Espanha, v o l . 2, p. 386, e
o d e M ú r c i a e m LÉVI-PROVENÇAL - Historia de Espana, v o l . 4 , p . 21.
13
«Et u n u s q u i s q u e e x i l l o r u m o r i g i n e d e s e m e t i p s o s c o m i t é s e l i g e r e n t q u i p e r o m n e s h a b i -
t a n t e s t e r r a e i l l o r u m p a c t a R é g i s c o n g r e g a r e n t u r » , CHRONICA Albeldense, n.° 78.
14
C f . SANCHEZ M A R T I N E Z - A p o g e o y c r i s i s d e i e s t a d o c o r d o b e s , p . 239-240.
15
CRÓNICA Mozárabe de 7 5 4 , n . ° 54, p . 7 0 - 7 2 .
16
A L ־M A Q Q A R I - Apêndice II de Ahbâr Majimi'a, p . 1 8 0 , 193.
17
C f . LOMAX - La Reconquista, p . 11-12.
18
C o . 9, 29: « C o m b a t e i os q u e n ã o c r ê e m e m D e u s n e m n o ú l t i m o D i a , n e m p r o í b e m o
q u e D e u s e o seu E n v i a d o p r o í b e m os q u e n ã o praticam a religião da v e r d a d e entre aqueles
a q u e m foi d a d o o Livro! C o m b a t e i - o s até q u e p a g u e m o t r i b u t o p o r sua p r ó p r i a m ã o (an yadin)
e s e j a m h u m i l h a d o s » . A j í z i a a q u e o A l c o r ã o se r e f e r e a b r a ç a o d u p l o i m p o s t o pessoal e t e r r i t o -
rial q u e , p o s t e r i o r m e n t e , f o i d e s d o b r a d o .
" LEVOLGILDO - De Habitu Clericorum, n . ° 1. I n CORPUS. E d . J u a n G i l , p . 6 6 8 : « u t q u i n o b i s
ad r e m a n e n t e s d o c t o r e s imbecillitate corporis p r e p e d i e n t e dirigere gressos n e q u i b e r i t , aut i n q u i -
sito c e n s u u m uectigalis, q u o d o m n i lunari m e n s e p r o Christi n o m i n e solbere c o g i m u r , r e t i n u e -
r i t , s a l t i m n o c t u r n o t e m p o r e i n t e r e c c l e s i a s t i c a m u n i a q u i n e c e s s a r i u m d u x e r i t l e g a t [...]». E U L Ó -
GIO DE C Ó R D O V A - Memoriale Sanctorum. V o l . 1, n . ° 21, e d . p o r Ibidem p . 385: «[...] q u o d l u n a r i t e r
soluimus c u m graui m o e r o r e tributum».
20
E s t e s i m p o s t o s v a r i a v a m s e g u n d o as c i r c u n s t â n c i a s , d e p a c t o p a r a p a c t o . A s s i m o d e T e o -
d o m i r o obrigava este c h e f e e seus súbditos a «pagar a n u a l m e n t e u m t r i b u t o pessoal, c o n s t i t u í d o
p o r u m dinar e m metal, quatro almudes de trigo e quatro de cevada, quatro medidas de mosto,
q u a t r o d e v i n a g r e , d u a s d e m e l e d u a s d e azeite. Esta taxa ficará r e d u z i d a à u n i d a d e para os es-
cravos».
21
C f . SIMONET - Historia, v o l . 1, p . 9 2 - 9 3 ; V A S C O N C E L O S - Etnografia portuguesa, vol. 4,
P• 2 ? 8 י
22
CRÓNICA Mozárabe de 754, n . ° 75, p . 9 0 .
23
V e r t r a d u ç ã o c a s t e l h a n a e m S I M O N E T - Historia, vol. 4, p. 801-804.
24
A utilização d e expressões árabes d e cariz religioso foi o d e t o n a d o r da d e t e n ç ã o e d o s 4 0
a ç o i t e s q u e o c o m e r c i a n t e c r i s t ã o , J o ã o , t e v e d e s u p o r t a r . PAULO ÁLVARO DE C Ó R D O V A - Indiculus
Luminosus, n . 5, e d . p o r G i l : CORPUS, p . 2 7 7 - 2 7 8 .
25
CONQUISTA de Lisboa, p . 7 7 . A o l o n g o d a d o m i n a ç ã o i s l â m i c a , a c i d a d e c o n s e r v o u o s e u
b i s p o m o ç á r a b e q u e , n o m o m e n t o da r e c o n q u i s t a , f o i u m a das v í t i m a s das v i o l ê n c i a s d o s assai-
tantes c o l o n e n s e s e f l a m e n g o s , c o m o refere ainda o relato realístico dos a c o n t e c i m e n t o s feito p e -
lo r e f e r i d o c r u z a d o inglês. A l g u n s a u t o r e s p e n s a m q u e este b i s p o p o d e r i a ter sido eleito a q u a n d o
d a r e c o n q u i s t a d a c i d a d e p o r A f o n s o V I , e m 1 0 9 4 o u 1095, isto é, c i n q u e n t a e três a n o s a n t e s .
N ã o a c h a m o s isso m u i t o p r o v á v e l , p o i s , n a a l t u r a d a n o v a c o n q u i s t a i s l â m i c a e n o c l i m a d e i n s e -
gurança e desconfiança p r ó p r i o da guerra, os n o v o s senhores dificilmente aceitariam a l g u é m tão
influente e tão ligado aos inimigos.
26
A L M E I D A - História, v o l . 1, p . 8 0 .
27
Ibidem, p. 75.
28
C f . LÉVI-PROVENÇAL - L'Espagne musulmane, p. 211-212.
129
A PROCURA DO D E U S ÚNICO
29
Este n o m e veio-lhe da tradição q u e refere q u e q u a n d o o i m p e r a d o r D é c i o , depois de ter
m a n d a d o martirizar São V i c e n t e , o r d e n o u q u e o seu c o r p o p e r m a n e c e s s e i n s e p u l t o , para ser
d e v o r a d o pelas feras, u m c o r v o v e i o p o s t a r - s e d i a n t e , para o d e f e n d e r . S e g u n d o a m e s m a t r a d i -
ç ã o , n u n c a m a i s o s c o r v o s o a b a n d o n a r a m , m e s m o d e p o i s d a s u a t r a n s l a d a ç ã o p a r a as p r o x i m i -
dades d e Sagres. Al-Idrisi, q u e visitou a referida igreja, narra a presença de dez c o r v o s e abu
H a m i d a l - A n d a l u s i , c i t a d o p o r O m a r I b n e A l u a r d i n o l i v r o Pérola das Maravilhas, relata várias
lendas q u e circulavam n o seu t e m p o e d o c u m e n t a m a d e v o ç ã o de q u e o c o r p o d o santo era
rodeado.
30
M E S T R E ESTEVÃO - T r a n s l a t i o e t m i r a c u l a s a n c t i V i c e n t i i . I n PMH: Scriptores, p. 96-97.
31
CRÓNICA Geral de Espanha de 1)44, v o l . 2 , p . 3 6 8 .
32
D O M I N G U E S - Ossónoba, p. 45-47.
33
VASCONCELOS - Etnografia, vol. 4, p. 276.
34
PICARD - Histoire, p . 342.
35
C f . J I M É N E Z D U Q U E - La espiritualidad, p. 238.
36
C f . CONQUISTA de Lisboa, p . 35.
37
M I G N E , J . P . - Patrologia Latina, 9 4 , c o l . 9 2 1 - 9 2 2 . C f . BAPTISTA - S . Manços, p. 5-6.
38
N ã o r e f e r i m o s a q u i a d e v o ç ã o a S. C u c u f a t e , p o i s c a r e c e m o s d e d a d o s históricos s e g u r o s .
R e m e t e m o s , n o e n t a n t o , o l e i t o r p a r a RAU - Semanas medievais portuguesas, p. 148-149, e MATTO-
s o - O s M o ç á r a b e s , p . 15. C l á u d i o T o r r e s , i n v o c a n d o l e v a n t a m e n t o s e t n o - a r q u e o l ó g i c o s e a h a -
gionímia, refere a presença de m o n g e s e m São C u c u f a t e e na p o v o a ç ã o d o M o s t e i r o , j u n t o d e
M é r t o l a , q u e p r e s t a r i a m a a s s i s t ê n c i a r e l i g i o s a às p o p u l a ç õ e s r u r a i s d a s r e d o n d e z a s . T O R R E S —
O G a r b - A l - A n d a l u z , p . 3 6 1 ss.
39
C F . M A R T I N S - Peregrinações, p . 31-33; c f . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, vol. 4,
p. 280.
40
M A T T O S O - Le monachisme, p. 201.
41
M A T T O S O - O s M o ç á r a b e s , p . 13-14.
42
C o m m a i o r p r o p r i e d a d e d e t e r m o s , o s muwalladún e r a m os d e s c e n d e n t e s d e cristãos c o n -
v e r t i d o s a o i s l a m i s m o o u d e c a s a m e n t o s m i s t o s , e n q u a n t o o s q u e se c o n v e r t i a m p o r v o n t a d e
própria recebiam a designação de musâlima.
43
PAULO ALVARO DE CÓRDOVA - Epistola xiv. E d . J . G i l : CORPUS, p . 2 2 7 .
44
C f . S I M O N E T - Historia, p. 344, 642.
45
LÉVI-PROVENÇAL - La civilisation arabe, p . 1 0 2 .
46
PAULO ALVARO DE CÓRDOVA - Indiculus Luminosus. E d . J . G i l : CORPUS, p . 314-315.
47
O r d o n o II e o s s e u s t r i n t a m i l h o m e n s t e r ã o l e v a d o c o n s i g o q u a t r o m i l c a t i v o s , m u l h e r e s e
crianças, d e p o i s d e ter m o r t o os s e t e c e n t o s militares q u e d e f e n d i a m a fortaleza.
48
V i t a S a n c t i T h e o t o n i . I n PMH: Scriptores, p . 8 4 - 8 5 ; CRÓNICA dos sete primeiros reis de Portu-
gal. E d . S i l v a T a r o u c a , v o l . 1, p . 4 8 - 4 9 .
49
H E R C U L A N O - História. E d . M a t t o s o , v o l . 3, p . 2 4 7 - 2 5 0 .
50
S Á N C H E Z - A L B O R N O Z - Espana, v o l . 1, p . 157 ss.
51
C O E L H O — Portugal na Espanha árabe, v o l . 3, P r ó l o g o .
52
T O R R E S - O G a r b - A l - A n d a l u z , p . 361 ss.
53
LAVAJO - A R e c o n q u i s t a , p . 15-29.
54
A s c r ó n i c a s d e A f o n s o I I I d e L e ã o f a l a m r e p e t i d a s v e z e s d e Portugalem o u Portucalem em
s e n t i d o restrito, isto é, referidas ao antepassado d o P o r t o , c o m o u m a c i d a d e e n t r e outras. Assim a
CRÓNICA Albeldense, «Vrbes quoque Bracarensis, Portucalensis, Aucensis, Eminensis, Uesensis, atque La-
mezensis a xpistianis populantur», e d . G ó m e z M o r e n o - L a s p r i m e r a s , p . 6 0 4 ; C f . Rotense, i n Ibi-
dem, p . 615.
55
CRÓNICA Albeldense. In Ibidem.
56
R e f e r i n d o - s e às c i d a d e s c o n q u i s t a d a s p o r A f o n s o I d a s A s t ú r i a s n a r e g i ã o d e E n t r e D o u r o e
M i n h o , o c r o n i s t a S e b a s t i a n i a f i r m a : «Omnes quoque arabes supradictarum civitum inteificiens»; Cf.
VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, vol. 4, p. 2 9 9 - 3 0 0 .
57
É a i n d a S e b a s t i a n i , c o n t e m p o r â n e o d o s a c o n t e c i m e n t o s , q u e m o r e f e r e : «Bellatores eorum
omnes interfecit, reliquum vero vulgum vergo dulgum cum uxoribus etfiliis sub corona vendidit»; C f . BAR-
ROS - História da Administração, 1914, p . 65, n . ° 1.
58
C f . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, v o l . 4 , p . 301.
59
Partida i v , t i t . 21, l e i 1.
60
V e r , p o r e x e m p l o , Leges, 1, 4 1 7 ; EORAES de Vila Viçosa, p . 53.
61
N o s forais d o tipo d o d e É v o r a , a p o r t a g e m exigida aos m o u r o s c o r r e s p o n d i a à dos animais
de grande porte, e q u í d e o ou b o v i n o ; n o de Santarém, equivalia a m e t a d e dos m e l h o r e s equídeos
o u e r a i g u a l às d o s m é d i o s . O p r e ç o d e v e n d a v a r i a v a e n t r e 5 a 10 m o r a b i t i n o s , i s t o é , o p r e ç o d e
u m a p e q u e n a p r o p r i e d a d e agrícola. S a b e m o s p o r u m decreto d o m u n i c í p i o de É v o r a que, e m
1382, o s m o u r o s c o n t i n u a v a m a s e r o b j e c t o d e v e n d a . C f . PEREIRA - Documentos históricos, v o l . 1,
p . 154.
62
C f . COSTUMES e f o r o s d a G u a r d a . I n Leges, v o l . 2, 10.
63
C f . H E L E N O - Os escravos, p . 156.
64
Esta lei, q u e c o n d e n a v a a o f o g o os q u e assaltassem igrejas, f o i o r i g i n a r i a m e n t e e m i t i d a p o r
D . A f o n s o I I I c o n t r a o s j u d e u s e a p l i c a d a p o r D . A f o n s o V a o s m o u r o s . C f . ORDENAÇÕES Afonsi-
nas, l i v . 11 , t í t . 8 7 , p . 501; Ibidem, t í t . 115, p . 556.
65
ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 114, p . 554-555.
66
C f . H E L E N O - Os escravos, p . 1 6 0
67
C f . AJBAR Machmua (Colección de tradiciones): Crónica anónima dei siglo xi, p. 116.
68
C f . M A R W Â N - Al Muktabas, p . 23.
69
BOISSELLIER - La vie rurale, v o l . 2 , p . 4 0 7 .
70
C f . BOISSELLIER - La vie rurale, v o l . 2, p . 3 9 4 .
71
PMH: Leges et Consuetudines, v o l . 1, p . 3 4 9 .
130
ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
72
ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 2 8 , p . 2 2 2 ss.
73
Ibidem, 1, p . 3 9 6 .
74
Ibidem, p. 396-397.
75
Ibidem, p. 715-716.
76
Ibidem, p. 729-730.
77
ANTT - Chancelaria de D. Dinis. L i v . 11, fl. 124.
78
VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, v o l . 4 , p . 323.
79
C f . PMH: Scriptores, v o l . 1, p . "182.
80
ORDENAÇÕES del-Rei D. Duarte, a r t . x v , p . 233.
81
Ibidem, art. vil, p. 263.
82
C f . COSTA - Mestre Silvestre e Mestre Vicente, p . 2 6 6 . A c o l a b o r a ç ã o d e c r i s t ã o s c o m m u ç u l -
m a n o s , e v i c e - v e r s a , v e r i f i c a - s e t a m b é m a o n í v e l d e a l i a n ç a s e n t r e p o v o s e c h e f e s rivais, a l g u m a s
vezes c o n t r a os seus p r ó p r i o s correligionários. O s e x e m p l o s d e A l m a n s o r , d e C i d o C a m p e a d o r ,
d e S e s n a n d o D a v i d i z e d e G i r a l d o S e m P a v o r m a n i f e s t a m esse i n t e r c â m b i o p o l í t i c o - m i l i t a r , q u e
acarretava t a m b é m , certamente, o intercâmbio cultural.
83
BOISSELLIER — La vie mrale, v o l . 2, p. 402.
84
ORDENAÇÕES Afonsinas. L i v . 11, t í t . 116, p . 557-558.
85
BARBOS - J u d e u s e M o u r o s , v o l . 34, p . 2 0 5 , 2 0 7 - 2 0 8 . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa,
v o l . 4 , p . 335. G O M E S - A M o u r a r i a , p . 155 ss. BARROS - A s c o m u n a s m u ç u l m a n a s , p . 85 ss; IDEM -
A comuna muçulmana de Lisboa, p . 2 0 - 2 1 . T a m b é m a m o u r a r i a d e C o i m b r a p o d e r á v i r a i n c l u i r e s -
t e q u a d r o , q u a n d o as i n v e s t i g a ç õ e s f o r e m m a i s a p r o f u n d a d a s .
86
O s espaços e m branco não significam necessariamente a inexistência de c o m u n a mas ape-
nas a ausência o u d e s c o n h e c i m e n t o da respectiva d o c u m e n t a ç ã o .
87
BARROS - A comuna muçulmana de Lisboa, 1998.
88
S e g u n d o o u t r o s m a n u s c r i t o s , p o d e r á t e r s i d o e m 16 d e F e v e r e i r o d e 1339. C f . ORDENAÇÕES
Afonsinas, p . 534, n . (a) e ( c ) .
89
Ibidem, l i v . 11, t í t . 101, p . 534.
90
Ibidem, p . 534-535.
91
I n i c i a l m e n t e , o t e r m o arrabalde e r a s i n ó n i m o d e mouraria e judiaria, ainda q u e , na altura da
reconquista de u m a p o v o a ç ã o o u p o s t e r i o r m e n t e , p o r causa d o a u m e n t o d e m o g r á f i c o , m u i t o s
c r i s t ã o s , p o r f a l t a d e e s p a ç o d e n t r o d e m u r o s , t i v e s s e m d e ficar i n s t a l a d o s f o r a , c o m o a c o n t e c e u
na cidade de Lisboa.
92
C f . ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 1 0 4 , p . 5 4 0 ; Ibidem, t í t . 112, p . 552-553.
93
CORTES Portuguesas, Reinado de D. Pedro I, p . 52.
94
ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 1 0 2 , p . 535; c f . l i v . 11, t í t . 7 6 , p . 4 5 6 .
95
C f . BARROS - J u d e u s e M o u r o s , p . 172.
96
ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 1 0 4 , p . 5 4 0 ; c f . t í t . 112, p . 552-553.
97
ORDENAÇÕES Afonsinas, liv. v , tít. 2 6 , p . 9 6 ; C f . ORDENAÇÕES Manuelinas, liv. v , tít. 21, p . 7 0 .
98
CONSTITUIÇÕES d o A r c e b i s p a d o d e L i s b o a , d e c r e t a d a s p o r D . J o ã o E s t e v e s d e A z a m b u j a
( 1 4 0 2 - 1 4 1 4 ) . Revista Archeologica. 1 (1887) 6 2 - 6 3 ; c f . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, vol. 4,
p . 332-333. M o v i d o s p e l a s m e s m a s r a z õ e s , D . D u a r t e e D . A f o n s o V l e g i s l a r a m t a m b é m n e s s e s e n -
t i d o , a p l i c a n d o a l e i j á e x i s t e n t e p a r a o s j u d e u s : ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 1 0 6 - 1 0 7 ,
P• 542-543•
99
C f . ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 117, p . 558.
100
C f . H E R C U L A N O - História, v o l . 2, p . 4 6 9 - 4 7 0 .
101
BRANDÃO, A . - Mon. Lus. v o l . 7 , L i s b o a , 1683, p . 2 4 3 - 2 4 4 ; C f . VASCONCELOS - Etnografia
portuguesa, v o l . 4 , p . 333.
102
ORDENAÇÕES Afonsinas, liv. 11, t í t . 103, p . 537.
103
ORDENAÇÕES Afonsinas, liv. 11, t í t . 103, p . 538-539.
104
A alda o u alna e q u i v a l i a a o c ô v a d o , isto é, a três p a l m o s .
105
C f . GUERREIRO - M o u r o s , v o l . 4 , p . 352-353.
106 V I T E R B O - O c o r r ê n c i a s d a v i d a m o u r i s c a , p . 8 4 . A l u a , q u e i n i c i a l m e n t e e r a v e r m e l h a ,
passou d e p o i s a ser a m a r e l a e, finalmente, retomou a cor vermelha.
107
C f . C f . BOISSELLIER - La vie rurale, v o l . 2 , p . 3 9 8 - 3 9 9 . S a b e m o s , p o r e x e m p l o , q u e o s
m o u r o s d e L o u l é , a q u a n d o da R e c o n q u i s t a , f i c a r a m c o m u m q u a r t o d o s b e n s , e m r e g i m e d e
p r o p r i e d a d e t o t a l ; CRÓNICA de cinco reis de Portugal, p . 213 ss. E r a e s s e o s e n t i d o d a i n t e r v e n ç ã o d o
arcebispo d e Braga j u n t o dos m u ç u l m a n o s , antes da conquista de Lisboa.
108
C f . AZEVEDO - D o A r e e i r o à M o u r a r i a , p . 215; AZEVEDO - O r g a n i z a ç ã o E c o n ó m i c a ,
v o l . 2 , p . 4 0 . C f . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, v o l . 4 , p . 310.
109
C f . Leges, v o l . 1, p . 3 9 6 .
110
C f . BOISSELLIER - La vie mrale. V o l . 2, p . 4 0 0 ; PEREIRA - Documentos históricos, p . 134.
111
VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, v o l . 4 , p . 318-319.
112
D . Afonso IV atribuiu a u m m o u r o o a f o r a m e n t o de u m a tenda e m Beja, a troco de doze
l i b r a s a n u a i s . E s s e a f o r a m e n t o e r a v á l i d o d u r a n t e t r ê s v i d a s . C f . BARROS - História da Administra-
ção Pública, v o l . 3, p . 6 2 4 .
113
C f . BARROS - J u d e u s e M o u r o s , v o l . 35, p . 1 9 3 - 1 9 4 .
114
ORDENAÇÕES del-Rei D. Duarte, p . 518-523.
115
C f . CRÓNICA Geral, v o l . 1, p . 330-331; LAVAJO - A C r ó n i c a d o M o u r o . RESENDE - História
da Antiguidade de Évora, cap. xi.
116
Cf. ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 101, p . 533.
117
CHANCELARIA de D. Afonso V. L i v . 2, fl. 6 v ; C f . BARROS - J u d e u s e M o u r o s , p . 2 0 0 .
118
«Esta h e a d e c l a r a ç o m d o s f o r a e e s d o s m o u r o s d e c o m o d e v e m d e p a g a r os d e r e i t o s a e l -
- R e i p e r esses f o r a e e s e p e r d e r e i t o d o s m o u r o s . E p e r c u s t u m e d e q u e e l R e i a n t i g a m e n t e stá
e m p o s s e d e l l e s p e r e s t a g u i s a o s m o u r o s e as m o u r a s p a g a r e m a e l R e i s e u s d e r e i t o s » . I n Leges,
v o l . 2, p . 9 8 - 1 0 0 .
131
A PROCURA DO DEUS ÚNICO
119
BARROS - J u d e u s e M o u r o s , p . 2 2 o ss.; 2 2 8 - 2 3 0 ; VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, vol. 4,
p . 319 ss.
120
C f . f o r a i s d o s m o u r o s f o r r o s d e 1170 ( L i s b o a , A l m a d a , P a l m e l a e A l c á c e r ) , 1 2 6 9 (Silves,
T a v i r a , L o u l é e F a r o ) , 1273 ( É v o r a ) e 1 2 9 6 ( M o u r a ) .
121 p/lr e r a 0 i m p o s t o q u e a c o m p a n h a v a a f e s t a d a r u p t u r a d o R a m a d ã o .
122
E m m e a d o s d o século xiv, 1 libra equivalia a 20 soldos e a 240 d i n h e i r o s .
123
A Zakât i s l â m i c a e r a a e s m o l a l e g a l , d i f e r e n t e d a sadaqa, q u e era a e s m o l a voluntária.
124
C f . forais d o s m o u r o s f o r r o s d e Lisboa ( D . A f o n s o H e n r i q u e s ) , Silves, T a v i r a , L o u l é e F a -
r o ( D . A f o n s o I I I , d e 1 2 6 9 ) , e d e 1 2 9 6 ( d e D . D i n i s ) ; Leges, v o l . 2 , p . 9 8 - 1 0 0 .
125
C f . ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 28, § 59, p . 241.
126
BRANDÃO, A . - Mon. Lus. P a r t e 4 , l i v r o 15, c a p . 6 . " , n a e d . d e 1725, p . 3 4 3 - 3 4 4 ; Leges,
v o l . 2, p . 9 8 - 1 0 0 ; C f . VASCONCELOS - Etnografia portuguesa, v o l . 4 , p . 328.
127
«Et insuper do vobis pro foro nullus pauset in vestris domibus contra vestram voluntatem». Leges,
v o l . 1, 3 9 7 .
128
C f . VASCONCELOS — Etnografia portuguesa, vol. 4, p. 326.
129
C h a n c e l a r i a d e D . A f o n s o V , l i v . v , fl. 6 v . I n ARQUIVO Histórico Português.
V o l . 3, p . 4 3 0 .
130
Apud LOPES - O D o m í n i o Á r a b e , p . 4 2 2 ; c f . LAVAJO - A l v a r o P a i s , p . 10-12.
3
'י
132
A i n d a h o j e é c o n h e c i d a na t o p o n í m i a lisboeta a R u a d o C a p e l ã o , referente ao capelão d o s
mouros.
133
O s Costumes da Guarda, q u e r e m o n t a m aos séculos x m - x i v , p r o i b i a m explicitamente aos
m o u r o s de trabalhar ao D o m i n g o , sob pena de multa e m dois maravedis e m favor d o alcaide.
C f . Leges, v o l . 2 , 16.
134
ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . n , t í t . 110, p . 5 4 6 - 5 4 7 .
135
C f . Partida vil, t í t . 25, l e i 2, p . 7 6 v . ; ORDENAÇÕES Afonsinas, l i v . 11, t í t . 9 8 , p . 515-518; Ibi-
dem, t í t . 119, p . 561; D U A R T E - Leal Conselheiro, p . 6 2 ; ORDENAÇÕES del-Rei D. Duarte, a r t . 19,
p. 268.
136
ORDENAÇÕES del-Rei D. Duarte, art. x i x , p. 268.
137
TORRES - O G a r b - A l - A n d a l u z , p . 361-416.
138
A p r o p ó s i t o d e T o l e d o , v e r SCHACK - Poesia y Arte de los Árabes en Espana y Sicilia, v o l . 2,
p . 253.
139
C f . M E N E N D E Z PELAYO - Historia de los Heterodoxos, v o l . 1, p . 4 2 7 - 4 2 8 .
140
CRÓNICA dei Moro Rasi, p . 10; c f . LAVAJO - A C r ó n i c a d o M o u r o , p . 1 2 7 ss.
141
C f . A r q . M u n i e , d e É v o r a — Livro do Padre José Lopes de Mira, fl. 8.
142
C f . SERRA - Contribuição, p . 35 ss.
143
SERRA - A i n f l u ê n c i a á r a b e , p . 1 0 2 .
144
C f . Ibidem, p . 58-59.
145
C f . Ibidem, p. 62, 75-76.
146
LAVAJO - Cristianismo e Islamismo, v o l . 2, p . 8 3 0 - 8 4 1 .
147
C f . FERREIRA - V e s t í g i o s , p . 2 2 0 ; C I N T R A - Estudos, p . 7 2 - 7 5 , 109-116.
148
O s claustros da colegiada de N o s s a S e n h o r a da Oliveira, e m G u i m a r ã e s d e n o t a m t a m b é m
uma forte i n f l u ê n c i a m o ç á r a b e , s o b r e t u d o n o r e s p e i t a n t e aos arcos d e tradição visigótica.
149
C f . AYALA - E l A r t e M u d é j a r , p . 111-112.
150
C f . LAVAJO - A crónica do Mouro, p . 128 ss.
151
C f . ARAÚJO - O s M u ç u l m a n o s , v o l . 1, p . 2 8 9 .
152
C f . ALBUQUERQUE - Introdução à História dos Descobrimentos Portugueses, p . 2 1 0 ss.
153
C f . TAZI - A b u c A b d - A l l â h a l - Y â b u r i , p. 363.
154
S o b r e e s t a p r o b l e m á t i c a v e r MACÍAS - Mértola, p. 126-127.
155 PMH: Leges, v o l . 2, p . 57; c f . BOISSELLIER - La vie rurale, v o l . 2, p . 4 1 6 . E s t e a u t o r r e f e r e -
- s e t a m b é m , às « e s t r e i t a s m o u r i s c a s d a a l e m m a r » , i m p o r t a d a s p o r V e i r o s , n a s e g u n d a m e t a d e d o
século xrv.
156 JS]YKL - El Cancionero de Abencusmán, p . x v n ; IDEM - Hispano-Arabic Poetry, p . 2 7 1 ss.;
C H E J N E - Historia, p . 219.
157
G O N Z A L E Z PALENCLA — Historia de la literatura arábigo-espaíiola, p . 333 ss.
158
P a r a l e l a m e n t e , a i n d a q u e t e n h a m c o m e ç a d o d e p o i s , p r o c e s s a m - s e as t r a d u ç õ e s d i r e c t a s
d o g r e g o p a r a o l a t i m . C o m e ç a n d o c o m o Fedon e o Ménon de Platão, ainda n o século xii,
c o n t i n u a m c o m A r i s t ó t e l e s e r e s p e c t i v o s c o m e n t a d o r e s g r e g o s , P r o c l o (a Elementato Physica, no
s é c u l o XII, e a Elementatio theologica, n o século xin), São João D a m a s c e n o e outros.
159
C f . GRABMANN - Historia de la Teologia Católica, p . 6 0 ; ASÍN PALACIOS - Un aspecto inexplo-
rado de los origenes de la Teologia Escolástica, v o l . 2, p . 55-56; c f . CASCIARO - El diálogo Teológico,
p . 4 9 ss. F o i e s t a o b r a q u e m e s u g e r i u as d u a s ú l t i m a s c i t a ç õ e s .
160
CAEIRO - E l L u l i s m o , p . 4 6 1 ss.
161
C o r t e s d e 1451, c a p í t u l o s g e r a i s , n . ° 12 e c a p í t u l o s d o c l e r o , n . ° 12, c i t . p o r SOUSA - 1325-
- 1 4 8 0 , p . 354.
162
ORDENAÇÕES Manuelinas., liv. 11, t í t . 41, p . 213-214; G ó i s - Chronica do Felicíssimo Rei
D. Emanuel, fl. 14 r.
163
ARRAIS - Diálogos, Dialogo Segundo: da gente judaica, c a p . 11.
164
G Ó I S - Chronica do Felicíssimo, fl. 15 v ; c f . O S Ó R I O - De Rebvs Emmanvelis, p . 21.
165
C O U T I N H O , D . F e r n a n d o . I n SYMMICTA Lusitana, v o l . 31, fl. 7 0 ss. B i b l i o t e c a d a A j u d a ;
c f . ALMEIDA - História, v o l . 2, p . 352.
166
O S Ó R I O - De Rebvs Emmanvelis, p . 20-21.
167
G ó i s - Chronica do Felicíssimo, fl. 15 v .
168
A S é d e É v o r a c o n t o u e n t r e os seus dignitários alguns c r i s t ã o s - n o v o s , c o m o J o ã o N a v a r r o
q u e , e m 1512, e r a f e i t o b a c h a r e l ( É v o r a , A S E , c ó d . C E C - 6 - v i i , fl. 130 v-131, 1 4 0 r - 1 4 0 v) e P e d r o
F e r n a n d e s C ó r d o v a , r e c e b i d o c o m o c ó n e g o ( A N T T - Inquisição de Évora. N . ° 7 9 5 1 , fl. 25).
132
ISLÃO E CRISTIANISMO: ENTRE A TOLERÂNCIA E A GUERRA SANTA
169
A I n q u i s i ç ã o f o i e s t a b e l e c i d a e m P o r t u g a l p e l o p a p a C l e m e n t e V I I , e m 1531, a p e d i d o d e
D . J o ã o III. O p r i m e i r o i n q u i s i d o r - g e r a l f o i F r e i D i o g o da Silva, da O r d e m d o s M í n i m o s d e S ã o
F r a n c i s c o d e P a u l a , n o m e a d o p e l o r e f e r i d o p a p a , a t r a v é s d a b u l a Cum ad ttihil magis, d e 17 d e
D e z e m b r o daquele ano.
170
S o b r e e s t e t e m a , v e r as d e c l a r a ç õ e s d o s p r o c e s s o s d a I n q u i s i ç ã o d e É v o r a , a n a l i s a d o s p o r
BRAGA - O s M o u r i s c o s , 6 3 ss.
33
A CONSTRUÇÃO
DE UMA IGREJA
Agentes e estruturas
de enquadramento eclesiásticos
Organização eclesiástica do espaç
138
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
E m 4 0 0 , o c â n o n e 5 d o I C o n c í l i o de T o l e d o f o r n e c e - n o s a primeira r e -
ferência, implícita, sobre a organização «paroquial», q u a n d o diz q u e os p a -
dres, os diáconos e os subdiáconos d e v i a m participar nos ofícios quotidianos,
q u e r residissem na cidade, q u e r habitassem fora desta, n u m castellum, vicus o u
n u m a villa c o m igreja 2 4 . Estamos aqui p e r a n t e u m a distinção clara e n t r e a
Igreja da cidade e a Igreja dos meios rurais.
S e g u n d o Alberto Sampaio, teria h a v i d o u m a coincidência e n t r e os limites
geográficos das villae e os das paróquias q u e lhes sucederam 2 5 . M i g u e l d e O l i -
veira, d e b r u ç a n d o - s e t a m b é m sobre este tema, d e f e n d e q u e as paróquias mais
antigas teriam tido a sua o r i g e m n ã o só nas igrejas das villae mas t a m b é m nas
igrejas monásticas 2 6 .
N o século vi, é através dos concílios d e Braga, realizados e m 561 e 572, na
Galécia, q u e t o m a m o s c o n h e c i m e n t o da existência de «novas» dioceses e m
c o n t e x t o hispânico. Nestas datas, o r e i n o suevo fixado na Galécia chegava até
ao Sul d o D o u r o t e n d o anexado algumas cidades da província romana da Lusi-
tânia, c o m o é o caso das de Lamego, Viseu, C o n i m b r i g a e Idanha, q u e passa-
ram a estar sob a direcção d o bispo de Braga 27 . Só e m meados d o século vil,
mais de m e i o século depois da destruição d o r e i n o suevo p o r Leovigildo (por
volta de 585), é q u e o m e t r o p o l i t a da Lusitânia r e t o m a sob a sua autoridade os
bispados situados e n t r e o D o u r o e o T e j o .
Para além dos concílios de Braga, encontramos ainda referência a estas q u a -
tro dioceses e à sua organização n o Parochial suevorum, c o n h e c i d o igualmente
pelo n o m e de Division Theodomiri o u ainda de Concílio de Lugo, de 569 28 .
Ú n i c o n o seu género e m t o d o o O c i d e n t e , este d o c u m e n t o é constituído pela
lista de «paróquias» da província eclesiástica de Braga, elaborada p o r volta de
572-582, sendo depois completada durante a R e c o n q u i s t a cristã, entre os sécu-
los vil e XII, n o q u e respeita ao limite das dioceses 29 . C o m base nesta fonte, p o -
demos afirmar q u e a organização eclesiástica dos bispados anexados pelo reino
suevo comportava n o século vi u m a autêntica «constelação paroquial» 30 .
N a análise q u e fez d o Parochial, P. D a v i d mostra c o m o as «paróquias» sur-
giram da iniciativa episcopal na periferia das cidades, q u e constituíam o c e n -
tro da diocese, e se desenvolviam c o m o n o v o s lugares de culto providos de
u m clero p r ó p r i o e de u m baptistério n o â m b i t o d o q u a d r o administrativo
diocesano, atestando a expansão da sé episcopal 3 1 . T e s t e m u n h a n d o o zelo o r -
ganizador d o bispo n o â m b i t o da sua província eclesiástica, estas «paróquias»
f o r a m c e r t a m e n t e criadas à m e d i d a das necessidades dos fiéis n ã o só nos pagi e
139
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
140
O R G A N I Z A Ç Ã O E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
141
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
142
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
M a p a das metrópoles
eclesiásticas (reproduzido in
J o s é Mattoso, História de
Portugal, 11, p. 39).
143
A CONSTRUÇÃO DE UMA I G R E J A
A geografia eclesiástica O ESTADO ACTUAL DOS CONHECIMENTOS sobre a organização do espaço pelas
instituições eclesiásticas e m Portugal durante a Idade Média não é h o m o g é n e o
portuguesa na época
para todas as áreas do território. O m e n o r interesse relativo dos historiadores
medieval: estudos, fontes por determinadas dioceses ou áreas da administração eclesiástica deve-se, c o m
frequência, à escassa informação que conseguem recolher nas poucas fontes dis-
poníveis. C o m efeito, se a documentação é abundante para as dioceses de Bra-
ga, Porto e Coimbra e menos para as de Lamego e Viseu, já para os territórios
diocesanos de Lisboa e Évora ela só é significativa a partir da segunda metade
do século XIII e século xiv. Q u a n t o a Guarda e a Silves, as fontes de informa-
ção escrita relativas ao período e m apreço são insuficientes. Acresce que, para
este período e para as dioceses d o C e n t r o / S u l e Interior, o grosso do trabalho
de investigação se fundamenta e m documentação avulsa — p o r ausência de sé-
ries semelhantes às existentes para os territórios do N o r t e / C e n t r o e Litoral.
A preocupação de enquadrar n o espaço a implantação das instituições
eclesiásticas n o território português durante a Idade Média não é recente na
historiografia portuguesa, encontrando-se pelo m e n o s desde o século x v m
e m J o ã o Baptista de Castro 4 4 . Já n o século xx, Fortunato de Almeida, A u g u s -
to Vieira da Silva, Miguel de Oliveira 4 5 e, depois, as monografias pioneiras de
Avelino de Jesus da Costa e José Mattoso sobre o território arquidiocesano
144
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
145
A CONSTRUÇÃO D E UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
147
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
ORENSE
Localizado a n o r t e d o arcediagado bracarense de Barroso, o p e q u e n o t e r -
ritório de T o u r é m , qual espigão encravado e m terras galegas, «chegou a estar
i n c o r p o r a d o na diocese de Orense» 8 4 .
N a s listas das apresentações de párocos às igrejas d o p a d r o a d o régio d u -
rante os reinados d e D . A f o n s o III e D . Dinis f i g u r a m várias n o m e a ç õ e s à
Igreja de São P e d r o d e T o u r é m (datadas de 1248 a 1270 e de 1289 a 1319), c o -
m o parcialmente p e r t e n c e n t e aos reis de Portugal e integrada n o arcediagado
de Lima da diocese de O r e n s e 8 5 .
E m 18 de O u t u b r o de 1284, o rei exercia o direito de p a d r o a d o i n e r e n t e à
posse da terça parte da igreja de R u i v ã e s , n o m e a n d o para ela c o m o p á r o c o o
clérigo M a r t i m R o d r i g u e s . Esta igreja surge i g u a l m e n t e referida c o m o p e r -
t e n c e n t e à diocese d e O r e n s e 8 6 .
BRAGA
L i m i t e s — Desorganizada a administração eclesiástica após a conquista
m u ç u l m a n a de 711, a diocese de Braga só voltaria a ser restaurada e m 1070,
pelo bispo D . P e d r o . Para esta restauração c o n t r i b u i u decisivamente a e x t i n -
ção da dinastia asturiana-leonesa e m 1037, u m a vez q u e os reis d e O v i e d o e
Leão h a v i a m favorecido a m a n u t e n ç ã o de Braga sob tutela, p r i m e i r o , de L u -
go (até à primeira m e t a d e d o século x) e, depois, de I r i a / C o m p o s t e l a . C o m o
m o s t r o u Avelino de Jesus da Costa, o bispo D . P e d r o foi o g r a n d e i m p u l s i o -
n a d o r da organização da diocese, trabalho esse q u e seria c o n t i n u a d o pelo seu
sucessor, São Geraldo 8 7 . Posta e m perigo a autoridade dos arcebispos entre a
m o r t e d o c o n d e D . H e n r i q u e e o ascenso de D . A f o n s o H e n r i q u e s (1112-
-1128), d e v i d o às pressões exercidas pelo arcebispo de C o m p o s t e l a e barões
galegos n o sentido d e reintegrar o território portucalense na Galiza, a partir
da «primeira tarde portuguesa» n ã o mais seria questionada a p r e e m i n ê n c i a
bracarense e m território português 8 8 .
148
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
F r e g u e s i a s m e d i e v a i s — José M a r q u e s s u b l i n h o u j á a fluidez (e p r o -
gressiva atomização) das áreas da administração eclesiástica e n t r e m e a d o s d o
século XII e m e a d o s d o século x m e a falta de c o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e estas d i -
visões e as da administração régia n o m e s m o território (julgados e terras) 9 2 .
O s limites acima traçados m o s t r a m c o m o o território diocesano de Braga
era vastíssimo, f a z e n d o fronteira c o m nada m e n o s q u e 7 dioceses: T u i (parte
portuguesa), O r e n s e , Astorga, Samora, C i d a d e R o d r i g o (parte leonesa e p o r -
tuguesa), L a m e g o e P o r t o . N e l e se e n c o n t r a v a m e m 1320 entre 950 e 1000
paróquias, divididas e m 38 grupos 9 3 .
U m a sequência d e m o n t a n h a s (serras de P e n e d a , Gerês, Cabreira, Alvão e
Marão) separavam a região atlântica m i n h o t a d o interior t r a n s m o n t a n o da
diocese, d e f i n i n d o e m cada u m dos «lados» da linha divisória áreas b e m d e -
marcadas da administração diocesana.
D e n o r t e para sul, a fronteira entre o espaço m i n h o t o e t r a n s m o n t a n o da
arquidiocese era assim definida: d o lado d o M i n h o , n o E n t r e H o m e m e C á -
v a d o p o r terra de B o u r o e n o E n t r e C á v a d o e A v e p o r terra de Vieira; d o la-
d o de T r á s - o s - M o n t e s , p o r terra de Barroso. A linha separadora era f o r m a d a
pelas serras da P e n e d a e Gerês ( B o u r o - B a r r o s o ) e Cabreira (Vieira-Barroso).
149
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
E N T R E LIMA E C Á V A D O
D u r a n t e a Idade Média, a administração eclesiástica foi gradualmente d i -
vidindo as cerca de 240 freguesias desta região em n o v e zonas 9 9 .
Subindo o rio Lima, encontrava-se primeiro o E n t r e Lima e N e i v a da d i -
visão dos arcediagados de 1145, d e n o m i n a d o e m 1320 terra de Aguiar de N e i -
va. Abrangia então a zona entre os rios Lima e N e i v a e parte da divisão a d -
ministrativa régia de Santo Estêvão de Ribalima 1 0 0 , mas integrava t a m b é m
algumas freguesias até ao C á v a d o (sobretudo correspondentes a mosteiros),
s o b r e p o n d o a sua área de cobertura às do arcediagado de N e i v a e do arce-
diagaâo de E n t r e C á v a d o e N e i v a . Das cerca de 40 freguesias q u e f i g u r a m
n o catálogo-lista de 1320, constam, p o r exemplo, os mosteiros de São R o m ã o
150
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
d o N e i v a , C a r v o e i r o , B a n h o , P a l m e e M a n h e n t e (este ú l t i m o e x t i n t o n o sé-
culo x v e r e d u z i d o a igreja paroquial) e as igrejas de São T i a g o de Castelo d e
N e i v a , São T i a g o de A n h a , São M a r t i n h o de Vila Fria, Santo A n d r é de V i t o -
rino, São M i g u e l de Facha, Santa Eulália de P a n q u e , São P e d r o de D e ã o ,
Santa Maria de Barco, Santa Leocádia d e Geraz, Santa M a r i n h a de M o r e i r a e
São M a m e d e de Deocriste.
A montante, hoje centrada na vila de P o n t e de Lima, surgia a terra do Prior
do século xi, depois d e n o m i n a d a terra de Penela, que abrangia cerca de 25 igre-
jas e mosteiros, alguns dos quais de Santo Estêvão de Ribalima. Entre outras pa-
róquias, refiram-se os mosteiros femininos de Vitorino das Donas e Cerzedelo e
as igrejas de Santa Maria de R e b o r d õ e s , São P e d r o de Calvelo, São T o m é de
Correlhã, São M a r t i n h o de Gandra, Santa Maria de P o n t e de Lima, São Miguel
de G o n d u f e , Santa Eulália de Godinhaços, São Salvador do Souto, Santa C r u z
de Ribalima, Santa Maria de Duas Igrejas e São P e d r o de Goães.
C o n t i n u a n d o a subir o rio Lima pela m a r g e m esquerda, a última divisão
administrativa, até Lindoso, era o p r i m i t i v a m e n t e d e n o m i n a d o arcediagado
de V a d e (século XII) depois terra da N ó b r e g a ( p r o v a v e l m e n t e a p r o p r i a n d o a
designação da administração régia, articulada e m t o r n o d o Castelo da N ó b r e -
ga). E m 1320, entre as cerca d e 30 paróquias contabilizadas para esta região
(hoje centrada e m P o n t e da Barca), e n c o n t r a v a m - s e os mosteiros de Vila
N o v a de M u í a , São M a r t i n h o de Crasto e Bravães e as igrejas d e São T o m é
de Vade, São P e d r o de Vade, São P e d r o de Codesseda, São M a r t i n h o de P a -
ço V e d r o (de Magalhães), Santa Maria de Covas, São Salvador da N ó b r e g a ,
São T i a g o de Vila C h ã , Santa Maria d e A b o i m , São V i c e n t e de G e r m i l , São Igreja de São Salvador
de Bravães.
M a r t i n h o de Britelo, Santa Eulália de R u i v o s e, n o e x t r e m o oriental da terra,
São M a m e d e de Lindoso. FOTO: JOSÉ M A N U E L OLIVEIRA/
/ A R Q U I V O C Í R C U L O DE
I m e d i a t a m e n t e a sul de terra da N ó b r e g a , descendo ao l o n g o d o rio H o - LEITORES.
151
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
152
ORGANIZAÇÃO E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
E N T R E C Á V A D O E AVE
A divisão dos arcediagados de 1145 m o s t r a - n o s a administração eclesiástica
desta região dividida e m q u a t r o grandes áreas: arcediagado de Faria, arcedia-
gado de V e r m o i m , Archidiaconatum de in circuitu Bracare (situado e m t o r n o da
cidade e a b r a n g e n d o u m a área superior à d o c o u t o ) e arcediagado de L a n h o -
so. As cerca de 270 freguesias indicadas na lista de 1320 e n c o n t r a v a m - s e dis-
tribuídas p o r oito terras: Faria, V e r m o i m 1 0 4 , Penafiel (de Bastuço), c o u t o de
Braga, C h a n f r a d o , Lanhoso, Pedralva e Vieira.
A vasta terra de Faria tinha p o r limite a costa atlântica entre os rios C á v a -
d o e A v e a oeste, o rio C á v a d o a n o r t e , os rios A v e e Este, a sul. A leste, Fa-
ria lindaria d i r e c t a m e n t e c o m o arcediagado d e Braga, a princípio, e, mais
tarde, c o m a terra de Penafiel de Bastuço, p r e s u m i v e l m e n t e após a a u t o n o -
mização desta e m relação ao c o u t o de Braga. E n t r e as cerca de 6 0 paróquias
da lista de 1320, c o n t a m - s e , p o r e x e m p l o , os mosteiros de Santa Clara de Vila
d o C o n d e e de São P e d r o de R a t e s e as igrejas de Santa Eulália de R i o C o -
vo, Santa Maria de N i n e , São M i g u e l de Carreira, São Salvador de Nabais,
São Salvador de M i n h o t ã e s , São L o u r e n ç o de Alvelos, São M i g u e l de Arcos,
São Salvador de A r n o s o , São M i g u e l de Argivai, São T i a g o de Vila Seca, São
M i g u e l de Laundos, São T i a g o de A m o r i m , São R o m ã o d e F o n t e C o b e r t a ,
São Salvador de Fornelos, Santa Maria de G ó i o s e São Salvador d e Crastelo.
A terra de V e r m o i m localizava-se a oriente de terra de Faria, além d o rio
Este. O limite m e r i d i o n a l e oriental era f o r m a d o pelo rio Ave, q u e a separava
p r i m e i r o da diocese d o P o r t o e, depois, das terras de E n t r e Ambas-as-Áves e
Guimarães. N a fronteira n o r t e surgiria a terra de Penafiel (de Bastuço), d e -
pois de a u t o n o m i z a d a c o m o área da administração eclesiástica. A noroeste,
V e r m o i m feria na terra d o C h a n t r a d o — terra de Sande n o século XII 105 . M e -
nos vasta mas mais d e n s a m e n t e p o v o a d a q u e a terra de Faria, tinha e m 1320
cerca de 7 0 paróquias. E n t r e elas os mosteiros de Oliveira, L a n d i m , São Si-
m ã o da J u n q u e i r a , R e q u i ã o e Sande (os dois últimos extintos n o século xv,
sendo reduzidos a igrejas paroquiais) e as igrejas de São J o ã o de Brito, São
M a r t i n h o de Leitões, São T i a g o de R o n f e , São T i a g o da Carreira, Santa M a -
ria de V e r m o i m , Santa Maria de A b a d e (de V e r m o i m ) , Santa Maria de Vila
N o v a (de Sande), São M i g u e l d o M o n t e , São M i g u e l de C e i d e , Sanfins de
R i b a d e Ave, São C o s m e d o Vale, Santo Adrião (de Vila N o v a de Famali-
cão), Santa Maria de B a g u n t e , Santa Leocádia de Fradelos, São Salvador d e
Vilarinho, São Salvador de Lagoa, Santa Eulália de Palmeira, São T i a g o
de Antas e São C r i s t ó v ã o de C a b e ç u d o s .
A n o r t e de terra de V e r m o i m , até ao C á v a d o , localizava-se a terra de P e -
nafiel (de Bastuço), a b r a n g e n d o as freguesias d o antigo território d o c o u t o de
Braga o u t r o r a lindantes c o m terra de Faria. E n t r e as cerca de 35 paróquias si-
tuadas nesta região e m 1320, são de referir os mosteiros da Várzea e Vilar d e
Frades (ambos extintos e reduzidos a igrejas paroquiais n o século xv) e as
igrejas de Bastuço (São Paio, São J o ã o e Sanfins), Santa Maria de A r n o s o , São
M a m e d e de Cesures, Santa Cristina de Algoso, São T i a g o de E n c o u r a d o s ,
São T i a g o de C e q u i a d e , São Salvador de R e g o e l a , São J o r g e de Airó, São
S a l v a d o r d e T e b o s a , São P e d r o de Adães, São T i a g o de Priscos, São J u l i ã o
d e Paços, São M i g u e l de C u n h a , Santa Maria de Sequeira, São L o u r e n ç o de
Celeiros e São P e d r o de Sá.
A cidade e o c o u t o d e Braga ficavam n o coração d o E n t r e C á v a d o e Ave,
mais p r ó x i m o s d o p r i m e i r o rio. E m 1320, entre as cerca d e 40 paróquias
abrangidas pelo antigo Archidiaconatum de in circuitu Bracare e n c o n t r a v a m - s e os
mosteiros de Tibães, Adaúfe, V i m i e i r o e L o m a r ( c o m e x c e p ç ã o d o p r i m e i r o ,
todos extintos e reduzidos a igrejas paroquiais n o século xv) e as igrejas d e
São Paio e São P e d r o de M e r e l i m , São F r u t u o s o de M o n t é l i o s , São M i g u e l
de Foroços, São P e d r o de M a x i m i n o s , São Vítor, São J o ã o d o S o u t o , São
M a r t i n h o de D u m e , Santa Maria de Panóias, Santa Maria de M i r , São J o ã o
de S e m e l h e , Santo Adrião de P a d i m , Santa Maria de Palmeira, Este (São Si-
153
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
E N T R E AVE E V I Z E L A
As cerca de 95 paróquias deste c o n h e c i d o «entre-rios» m i n h o t o , geral-
m e n t e designado na Idade M é d i a c o m o E n t r e Ambas-as-Aves («Antre A m b a -
las Aves»), surgem agrupadas nas divisões d o século XII e m três zonas, de j u -
sante para m o n t a n t e dos rios: as igrejas de E n t r e Ambas-as-Aves (stricto sensu),
o arcediagado de Guimarães e as igrejas de M o n t e l o n g o (já arcediagado e m
1188). M o n t e l o n g o , a zona mais a m o n t a n t e , entestava c o m terra de Vieira, a
norte, e terra de Basto, a leste. E m 1320, encontra-se a m e s m a divisão.
A terra de Entre Ambas-as-Aves, situada n o troço imediatamente a m o n -
tante da confluência entre os rios Ave e Vizela, tinha e m 1320 cerca de u m a
dezena de freguesias 106 .
E m terra de Guimarães (arcediagado de Guimarães nas divisões de 1145 e
1188), centrada na importantíssima colegiada/mosteiro da vila do m e s m o n o -
me, existiam em 1320 quase 70 freguesias. Entre elas, as correspondentes aos
154
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
E N T R E AVE E T Â M E G A
A região q u e abrangia R i b a de Vizela e Sousa constituía a fronteira t e r -
restre c o m a diocese d o P o r t o a oeste d o T â m e g a : ia deste rio até ao A v e e
ao Vizela, atravessando o t r o ç o i n t e r m é d i o da bacia d o rio Sousa. A n o r t e ,
subia até terra de Basto. Surge na divisão dos arcediagados de D . J o ã o P e c u -
liar (1145) separada apenas e m duas partes: «Ecclesiis qui sunt in R i p a Avicelle
a Vilarino usque Burgaanes» e arcediagado de Sousa 1 0 8 . N a lista de 1320 a p r i -
meira é d e n o m i n a d a terra de N e g r e l o s e a segunda terra de Sousa, surgindo
e n t r e ambas terra de Ferreira. P o r conseguinte, três terras.
N a fronteira c o m a diocese do Porto, terra de Negrelos (ou as antigas «Igre-
jas de R i b a Vizela») era constituída p o r u m a dezena de freguesias. Entre elas, os
mosteiros canonicais de São Miguel de Vilarinho e São P e d r o de R o r i z e as
igrejas de São Tiago de R e b o r d õ e s , São Tiago de Burgães, São M a r t i n h o d o
C a m p o e São M a m e d e de Negrelos. D o lado de lá da fronteira, e m território
d o Porto, situavam-se os mosteiros de Santo Tirso e M o n t e C ó r d o v a .
E m seguida, s e m p r e j u n t o à linha de fronteira, ficando d o lado da diocese
p o r t u e n s e as actuais vilas de Paços de Ferreira e F r e a m u n d e , encontrava-se
terra de Ferreira c o m apenas seis freguesias: São T i a g o de Carvalhosa, São
J o ã o da Portela, São T i a g o de Lustosa, São J o ã o de Eiriz, São T i a g o de Fi-
g u e i r ó e Sanfins de Ferreira 1 0 9 .
G r a n d e parte d o limite bracarense c o m o P o r t o era f o r m a d o p o r terra de
Sousa, c o m cerca de 70 freguesias. N e l a se integravam, entre outros, os m o s -
teiros masculinos de P o m b e i r o , C a r a m o s , M a n c e l o s , Travanca, Freixo e o f e -
m i n i n o de Vila C o v a (os dois últimos reduzidos a igrejas paroquiais n o sécu-
lo xv), b e m c o m o as igrejas d e São V i c e n t e de Sousa, São M i g u e l de Borba,
Santo Adrião d e R i b a de Vizela, Santa Maria de Arões, Santa Maria de Idães,
São Veríssimo de Lagares, Santa M a r i n h a da Pedreira, Telões, Santa Maria d e
Vilar de T o r n o , São P e d r o de Caíde, A m a r a n t e e São Salvador de Lousada.
BASTO
N o t e r m o d o M i n h o ficava a terra d e Basto. E n q u a d r a d a na bacia h i d r o -
gráfica d o T â m e g a , esta região estendia-se p o r ambas as margens d o rio: C a -
beceiras e C e l o r i c o na m a r g e m direita, M o n d i m na m a r g e m esquerda. T e r r a
de Basto era a fronteira d o M i n h o c o m T r á s - o s - M o n t e s (Cabeceiras c o m
Barroso, e M o n d i m c o m Aguiar de P e n a e Panóias). N a lista de 1320 e n c o n -
tramos o território dividido e m cerca de 40 paróquias 1 1 0 . E n t r e elas os m o s -
teiros de R e f o j o s de Basto e A r n ó i a e igrejas c o m o São Salvador de O v e l h ó
(hoje Bilhó), São V i c e n t e de E r m e l o , Fervença, São C r i s t ó v ã o de M o n d i m ,
São P e d r o de Cabeceiras, São M a r t i n h o de Baúlhe, São T i a g o de O u r i l h e ,
155
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
GESTAÇÔ
Cerca de dezena e meia de paróquias figuram na lista de 1320 para a área
administrativa d e n o m i n a d a terra de Gestaçô, a leste d o T â m e g a . M e t a d e
eram vigararias do p o d e r o s o mosteiro b e n e d i t i n o de P o m b e i r o , o qual é aqui
contabilizado — e m b o r a estivesse situado e m terra de Sousa, mais perto d o
rio Vizela. Gestaçô fazia fronteira a sul c o m a diocese d o P o r t o (mais exacta-
m e n t e c o m as terras de Gouveia e de Baião) e c o m terra de Panóias, a leste.
A norte ficava-lhe o território m o n d i n e n s e , pertencente a Basto.
Aqui estavam localizados t a m b é m os mosteiros femininos de G o n d a r e
Lufrei, ambos reduzidos a igrejas paroquiais n o século xv. Incluindo f r e g u e -
sias maronenses c o m o C a n d e m i l e Carneiro, a terra de Gestaçô é dificilmente
integrável n o M i n h o .
156
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
vaios, Santa Maria de Alijó, São Tiago de Murça, São Félix (Sanfins) do D o u r o ,
São Pedro de Abaças, Santa Maria de Constantina, São Tiago de Vila Nova,
Santa Maria de Paços, São Salvador de Torgueda e Santa C o m b a do Corgo.
Prosseguindo para leste, além d o T u a , encontrava-se terra de Vilariça.
Das cerca de 15 paróquias abrangidas nesta área administrativa, quase todas se
situam entre os rios T u a e Sabor, t e n d o a n o r t e terra de Ledra, a serra de
Bornes e a mais meridional das freguesias de terra de Lampaças — Santa M a -
ria de Sambade. N a extrema oriental ficava a freguesia de São P e d r o de Al-
fandega (da Fé). A leste do rio Sabor, u m a importante paróquia: São Tiago
de T o r r e de M o n c o r v o , lindando c o m a serra de R e b o r e d o e, logo, c o m a
terra de Freixo de Espada à Cinta. Importantes eram, t a m b é m , as igrejas de
São B a r t o l o m e u de Vila Flor, São Salvador e São J o ã o de Ansiães, Santa M a -
ria de Vilarinho de Castanheira e São M i g u e l de Linhares. O Mosteiro de
Santa Maria de B o u r o era padroeiro da Igreja de Santa C o m b a de Frades.
N a p e q u e n a (para a escala transmontana) terra de Freixo de Espada à
Cinta, existiam quatro paróquias: São M i g u e l de Freixo, São B a r t o l o m e u de
Urros, M ó s e, j u n t o às águas durienses, Alva. Esta terra era b e m delimitada a
oeste, sul e leste pelo rio D o u r o e a n o r t e pela serra de R e b o r e d o . Até o n d e
se estenderia além desta?
A n o r t e das terras de Vilariça e de Freixo estendiam-se, de oeste para les-
te, as terras de Ledra, Lampaças e Miranda, abrangendo a região central d o
leste transmontano a sul de terra de Bragança.
Geograficamente situada n o «coração» de T r á s - o s - M o n t e s e t e n d o p o r
centros principais Santa Maria de Mirandela e Santa C r u z de Lamas de O r e -
lhão, a terra de Ledra confrontava c o m seis outras divisões da administração
eclesiástica bracarense n o território: a sul Vilariça, a sudoeste e oeste Panóias,
a oeste Chaves, a noroeste M o n t e n e g r o , a norte e nordeste Bragança, a leste
e sudeste Lampaças. Das 13 paróquias aí existentes, refiram-se Santa Maria de
T o r r e de D . C h a m a , Santa Maria de Nuzelos, Santa Eugênia de Ala, Santa
Maria de Mascarenhas, São T o m é de Abambres e Fornos de Ledra.
E n t r e terra de Ledra e terra de Miranda, c o m terra de Bragança a norte e
terra de Vilariça a sul, situava-se a extensa terra de Lampaças. E n t r e as 36 p a -
róquias q u e dela faziam parte e m 1320, encontravam-se São L o u r e n ç o de Sal-
selas, São Nicolau de Salsas, São P e d r o de Cendas, Santa Maria de Izeda, São
P e d r o de Carção (no e x t r e m o oriental), Santa Maria de Talhinhas, Santa M a -
ria de Castro Vicente, Santa Maria de Sambade (no e x t r e m o meridional),
Santa C o m b a de C h a c i m e São Marta de Bornes, M a c e d o de Cavaleiros,
M a c e d o do M a t o e Castro R o u p a l . A Igreja de São Cristóvão pertencia à
O r d e m do Hospital 1 1 7 .
Finalmente, a oriente da faixa central de T r á s - o s - M o n t e s as paróquias es-
tavam agrupadas na terra de Miranda. Esta ocupava toda a fronteira leste c o m
a diocese de Samora, a sul de Bragança, c o n f r o n t a n d o c o m terra de Bragança
a norte, terra de Lampaças a oeste (talvez Vilariça a sudoeste) e terra de Frei-
x o a sul. E n t r e as 22 paróquias bracarenses q u e aqui encontramos, p o d e m r e -
ferir-se M o g a d o u r o , Penas Róias, Santa Maria de Miranda, Maladas, V i m i o -
so, Veguzelo e Pinhelo (ambas do mosteiro de Castro de Avelãs), Ifanes,
Angueira e Palaçoulo (as três do mosteiro de Moreruela, da diocese de Leon)
e Ulgoso. Esta diversidade do padroado das igrejas reflecte, certamente, a p o -
sição fronteiriça de Miranda e a disputa pelo eclesiástico da região entre
poderosos mosteiros e ordens militares.
N o e x t r e m o nordeste de Trás-os-Montes, lindando quase totalmente
c o m a diocese de Astorga, a administração eclesiástica surge dividida e m duas
zonas: terra de Bragança e terra de Vinhais.
E m terra de Bragança a lista de 1320 localiza 51 paróquias 1 1 8 . E n t r e elas o
mosteiro de Castro de Avelãs e as igrejas de Santa Maria, São Tiago, São
J o ã o e São Vicente de Bragança, Santo A n d r é de Ouzilhão, Santo Estêvão de
Fresulfe, Santa Maria de G o n d e s e n d e , Zeive, São L o u r e n ç o de França, São
R o m ã o de Baçal, Guadramil, Santa Maria de Deilão, Penas Junças, Ervedosa,
Santa Maria de Alfaião, A m e i x i e d o , A r i m o n d e , São J o ã o de Trabasceiro e
Santa Marinha de R i o Frio.
157
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
158
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
A c o m p a n h a n d o o g r a n d e c r e s c i m e n t o d e m o g r á f i c o da região m i n h o t a
d u r a n t e o século xi, s o b r e t u d o e m E n t r e C á v a d o e Ave, o n ú m e r o foi-se r e -
d u z i n d o ao l o n g o da segunda m e t a d e d o século xii. Para esta r e d u ç ã o c o n t r i -
b u i u a c o n c o r r ê n c i a e n t r e u m n ú m e r o excessivo de mosteiros, cuja sobrevi-
vência d e p e n d e u d e factores c o m o a absorção de c o m u n i d a d e s mais fracas, a
integração (directa o u indirecta) nas novas o r d e n s monásticas surgidas d e
além-fronteiras e d o a p o i o de p a t r o n o s c o m ligações estreitas à corte.
D o s mosteiros b e n e d i t i n o s q u e h a v i a m p e r m a n e c i d o para além de 1200,
apenas n o v e sobreviveram ao século xv: os mosteiros masculinos d e São R o -
m ã o de N e i v a , C a r v o e i r o , P a l m e e R e n d u f e n o E n t r e Lima e C á v a d o , T i -
bães n o E n t r e C á v a d o e Ave, P o m b e i r o , Travanca, A r n ó i a e R e f o j o s de Bas-
t o e m E n t r e A v e e T â m e g a ; p o r fim, o m o s t e i r o f e m i n i n o d e V i t o r i n o das
D o n a s , n ã o l o n g e d e P o n t e de Lima. D u r a n t e o século x v e r a m extintos e
reduzidos a igrejas paroquiais os masculinos d e M a n h e n t e , Várzea, Vilar d e
Frades (cedido depois aos Lóios), Várzea, Rates, V i m i e i r o , L o m a r , Sande,
A d a ú f e e F o n t e Arcada e os f e m i n i n o s d e C e r z e d e l o (Lima), Vila C o v a , L u -
fiei e G o n d a r (Sousa e T â m e g a ) .
E m T r á s - o s - M o n t e s a única c o m u n i d a d e b e n e d i t i n a de q u e há notícia era
o m u i t o p o d e r o s o m o s t e i r o de Castro de Avelãs, c o m influência considerável
n o eclesiástico b r i g a n t i n o e mirandês. N a região de terra d e M i r a n d a , o m o s -
teiro leonês de M o r e i r o l a (ou M o r e r u e l a ) detinha o p a d r o a d o de algumas
igrejas.
D o s mosteiros canonicais q u e a d o p t a r a m a R e g r a d e Santo A g o s t i n h o (ou
f o r a m criados d e n o v o ) a partir d o s e g u n d o quartel d o século XII, na esteira
de Santa C r u z d e C o i m b r a , f o r a m extintos n o século x v Bravães, B a n h o , R i o
M a u , R e q u i ã o , S o u t o , São T o r c a t o e Freixo, restando 11: Vila N o v a de
M u í a , São M a r t i n h o d e Crasto e Valdreu (Entre C á v a d o e Lima), São Simão
da J u n q u e i r a , L a n d i m e Santa Maria da Oliveira (Entre C á v a d o e Ave, j u n t o
a este), Costa (Entre Ambas-as-Aves), Vilarinho e R o r i z ( R i b a d e Vizela),
C a r a m o s e M a n c e l o s (Entre o Sousa e o T â m e g a ) . Vale a p e n a referir q u e os
mosteiros canonicais se c o n c e n t r a m quase todos ora p e r t o da fronteira c o m a
diocese d o P o r t o , j u n t o aos rios A v e e Vizela, ora p e r t o d o Lima.
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
PORTO
L i m i t e s — R e s t a u r a d a e n t r e 1112 e 1114, a antiga d i o c e s e s u e v o -
-visigótica d o P o r t o alargaria d u r a n t e o século XII os seus t e r m o s antigos a
expensas dos territórios das vizinhas Braga e C o i m b r a . D . H u g o , o p r i m e i r o
bispo (sagrado e m M a r ç o d e 1113), foi n o m e a d o p o r i n t e r v e n ç ã o d o arcebis-
p o de C o m p o s t e l a , D i e g o G e l m í r e z , d e q u e m era h o m e m d e c o n f i a n ç a .
A a u t o n o m i z a ç ã o d o t e r r i t ó r i o d i o c e s a n o d o P o r t o , até aí c o n f i a d o à a d m i -
nistração de Braga (à s e m e l h a n ç a d o q u e s u c e d e u c o m os territórios de L a -
m e g o e Viseu, c o n f i a d o s ao bispo de C o i m b r a ) , foi possível d e v i d o à f r a g i -
lidade da posição bracarense face a C o m p o s t e l a , causada pela m o r t e d o c o n d e
D . H e n r i q u e (1112) e pela i n t e r v e n ç ã o e x t r e m a m e n t e desfavorável d o papa
Calisto II 1 3 2 .
A questão dos limites c o m a diocese de C o i m b r a ficou encerrada c o m a
bula d o papa I n o c ê n c i o IV Provisionis nostrae, de 12 de S e t e m b r o de 1253.
Q u a n t o a Braga a solução definitiva teria d e esperar p e l o p o n t i f i c a d o de
Leão X I I I , j á n o século xix. S e g u n d o D o m i n g o s M o r e i r a , apesar de e m 1193
o cardeal G r e g ó r i o de Santo Angelo, legado d o papa Celestino III, ter r e c o -
m e n d a d o ao arcebispo bracarense q u e admitisse o alargamento d o bispado
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
O r d e n s r e l i g i o s a s — D o s 55 mosteiros f u n d a d o s na diocese d o P o r t o
entre os séculos ix e XII, só 25 p e r m a n e c e r i a m além de 1200.
D o s sobreviventes, a maioria adoptara a regra beneditina r e f o r m a d a p o r
C l u n y (não se filiando, p o r é m , na o r d e m ) o u recebera os C ó n e g o s R e g r a n t e s
de Santo A g o s t i n h o após a f u n d a ç ã o de Santa C r u z de C o i m b r a e m 1131 (pri-
m e i r o G r i j ó e, até ao fim d o século XII, A n c e d e , Lordelo, Tuias, Vilela, Vila
Boa d o Bispo e Moreira) 1 5 0 . E m 1320, o mais rico de todos era Santo Tirso
(beneditino). A bastante distância, os de P a ç o de Sousa (beneditino) e G r i j ó
(canonical), seguidos de P e d r o s o e São J o ã o de P e n d u r a d a e, logo, de Vila
Boa d o Bispo e Bostelo. O s restantes f o r a m taxados e m m o n t a n t e s iguais (e
p o r •vezes inferiores) aos de igrejas paroquiais.
P o r sua vez, os mosteiros de Santo Tirso e G r i j ó d e t i n h a m o p a d r o a d o de
várias igrejas na diocese, s o b r e t u d o e m terra da Maia e de Santa Maria, res-
pectivamente.
A o r d e m militar de São J o ã o d o Hospital era i n f l u e n t e n o eclesiástico
(e n o temporal) da diocese d o P o r t o . N ã o só aí se e n c o n t r a v a a primeira sede
d o seu p r i o r a d o e m Portugal, o bailiado de Leça, c o m o t a m b é m aí detinha,
e m 1320, o p a d r o a d o de 8 igrejas — s o b r e t u d o e m terra da Maia (Leça d o
Bailio) e, i g u a l m e n t e , e m terra de Santa Maria e terra de P e n a g u i ã o ( j u n t o à
bracarense terra d e Panóias, o n d e a o r d e m era poderosa).
A presença da O r d e m d o T e m p l o / C r i s t o n o eclesiástico p o r t u e n s e era
simbólica, apenas c o m o p a d r o a d o de u m a igreja e m 1320. A lista cria i n e x -
plicavelmente e m terra de Santa Maria u m g r u p o de freguesias intitulado
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
Portal da Sé Velha de
Coimbra.
FOTO: N U N O CALVET/ARQUIVO
CÍRCULO DE LEITORES.
COIMBRA
L i m i t e s — E n t r e 1064 e 1147, a diocese de C o i m b r a esteve situada na
fronteira político-militar d o r e i n o de Leão c o m o Al-Andaluz. Aliada a c o m -
plexas c o n j u n t u r a s d e transição provocadas pela conquista para sul, esta p o s i -
ção de fronteira (mantida depois n o p l a n o cultural) p r o v o c o u b o a parte da
instabilidade da vida eclesiástica na diocese — q u e se atenuaria c o m D . A f o n -
so III. N o e n t a n t o , ao t o m a r posse e m 1279, ainda o bispo D . A y m e r i c
d ' E b r a r d encontrava a administração diocesana e m m a u estado.
D e p o i s da conquista definitiva de C o i m b r a pelo rei de Leão F e r n a n d o
M a g n o , e m 1064, a diocese de C o i m b r a , restaurada p r o v a v e l m e n t e p o r volta
de 1080, durante o g o v e r n o de D . Sesnando, viveria depois d e 1088 «dias
c o n t u r b a d o s c o m o c h o q u e e n t r e o tradicionalismo m o ç á r a b e e as novas
ideias da r e f o r m a gregoriana» 1 5 3 . Esses c h o q u e s , s e g u n d o José M a t t o s o a g u d i -
zados pela n o m e a ç ã o de dois bispos p r ó - f r a n c o s e m 1092 (Crescónio) e 1128
(Bernardo) contra a v o n t a d e d o clero capitular, m a i o r i t a r i a m e n t e m o ç á r a b e ,
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
VISEU
L i m i t e s — A antiga diocese visigótica de Viseu foi restaurada e m 1147, na
mesma ocasião da sua «irmã gémea» de Lamego. Após a conquista de Lisboa,
c o m o atrás referimos para a diocese de Coimbra, o rei D . Afonso Henriques
nomearia bispos para ambas, separando-as d o bispado de Coimbra — a cujas
autoridades eclesiásticas havia sido confiada a administração da diocese viseense
desde a restauração da diocese conimbricense n o último quartel d o século xi.
N a lista de 1320, as cerca de 160 igrejas d o espaço diocesano viseense
apresentam-se agrupadas e m sete regiões. D e oeste para leste p o d e m o s e n u -
merá-las: arciprestado de Lafões, arciprestado de Besteiros, igrejas de A q u é m -
- M o n t e , igrejas de Aguiar, igrejas de T r a n c o s o e t e r m o , igrejas de Pinhel e
t e r m o e igrejas de Castelo M e n d o . Surge ainda u m a oitava região d e n o m i n a -
da igrejas da Mouraria, que não conseguimos localizar 161 .
E m 1279-1321, o rei apresentava os párocos à confirmação d o bispo e m
cerca de 30 freguesias e m toda a diocese de Viseu. Nesse período, a influên-
cia d o padroado régio encontrava-se e m t o d o o território, c o m excepção de
Castelo M e n d o e Pinhel 1 6 2 .
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
LAMEGO
L i m i t e s — A diocese de L a m e g o foi restaurada e m 1147, j u n t a m e n t e
c o m Viseu, sendo ambas desmembradas da diocese d e C o i m b r a .
M a n u e l Gonçalves da Costa não faz referência específica às fronteiras da
diocese d e L a m e g o entre os séculos XII e xv, m e n c i o n a n d o quase exclusiva-
m e n t e os limites diocesanos na época suevo-visigótica 1 6 6 . S u p o m o s q u e tal si-
lêncio significa q u e a linha divisória seria pacífica relativamente às dioceses d e
C o i m b r a e Viseu, c o m as quais c o n f r o n t a v a a oeste e sul. Até 1147, r e c o r d e -
-se, as três haviam coexistido d e n t r o d o espaço c o n i m b r i c e n s e .
Q u a n t o aos limites c o m o P o r t o , c o m a qual c o n f r o n t a v a a o c i d e n t e e
n o r t e ( c o m o D o u r o de p e r m e i o neste quadrante), estes teriam ficado d e f i n i -
dos ainda antes da restauração da diocese q u a n d o , e n t r e 1132 e 1137, a j u r i s d i -
ção dos bispos d o P o r t o sobre a terra de Santa Maria se firmou (ver limites da
diocese d o P o r t o , supra).
A leste, a região entre C ô a e Á g u e d a seria integrada e m L a m e g o e m 1403,
depois d e p e r t e n c e r à diocese de C i d a d e R o d r i g o .
L a m e g o lindava c o m as dioceses de Braga, P o r t o , C o i m b r a , Viseu e C i -
dade R o d r i g o . Apenas a partir de 1403, ao integrar as terras de R i b a c o a , pas-
saria a ter c o n f r o n t a ç õ e s c o m a diocese da Guarda.
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
GUARDA
L i m i t e s — Erigida entre 1199 e 1203 n o lugar da antiga diocese visigótica
da Egitânia (Idanha-a-Velha), a diocese da G u a r d a o c u p o u u m a posição c e n -
trai n o território p o r t u g u ê s , c o n f r o n t a n d o a oeste e n o r o e s t e c o m C o i m b r a , a
n o r t e e nordeste c o m Viseu, a leste c o m as dioceses de C i d a d e R o d r i g o (La-
m e g o , a partir de 1403, depois da integração de R i b a c o a neste território d i o -
cesano) e Coria, a sudeste c o m Badajoz, a sul c o m É v o r a e a sudoeste c o m
Lisboa 1 7 6 .
A f u n d a ç ã o da diocese da G u a r d a veio abrir conflitos c o m os bispados v i -
zinhos sobre territórios fronteiriços. O litígio de maiores p r o p o r ç õ e s , c o m
C o i m b r a , arrastou-se entre 1204 e 1256, c o m sucessivas m e d i a ç õ e s de juízes
apostólicos delegados. E m 27 d e Abril de 1256, sentença definitiva proferida
pelo papa Alexandre IV atribuía ao bispo da Guarda as igrejas de B e l m o n t e ,
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
O r d e n s r e l i g i o s a s — As ordens militares, s o b r e t u d o a O r d e m d o T e m -
p i o / C r i s t o , t i n h a m u m grande peso na diocese egitaniense. A l é m da p r e p o n -
derância na zona das igrejas de M o n s a n t o — seis das quais (pelo m e n o s ) l h e
p e r t e n c i a m — , s e g u n d o a lista de 1320 e r a m três freguesias tuteladas pelos
T e m p l á r i o s na área d e influência da cidade da Guarda: Santa Maria d o T e m -
pio, na cidade, M a r m e l e i r o , Jaiva e T o u r o 1 8 8 . À o r d e m pertencia ainda o p a -
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ORGANIZAÇÃO E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
LISBOA
L i m i t e s — A diocese de Lisboa lindava c o m os territórios diocesanos de
C o i m b r a , a n o r t e , G u a r d a , a leste (em ambas as m a r g e n s d o rio T e j o ) e E v o -
ra, a sul. R e s t a u r a d a e m 1147, n o s e g u i m e n t o da conquista de Santarém e Lis-
boa, a n o v a diocese teve c o m o p r i m e i r o bispo o inglês Gilbert of Hastings,
n o m e a d o pelo rei D . A f o n s o H e n r i q u e s e sagrado pelo arcebispo de Braga,
D . J o ã o Peculiar — j u n t a m e n t e c o m os bispos de Viseu e de L a m e g o 1 9 2 .
A diocese olisiponense estaria na linha de fronteira c o m o Islão ( j u n t a m e n t e
c o m a diocese d e É v o r a a partir da conquista desta cidade, e m 1166) até 1217,
data da conquista de Alcácer d o Sal.
A p a r e n t e m e n t e , o p r i m e i r o bispo a dar o r d e n a m e n t o às freguesias foi
D . Aires Vasques, a instância d o papa A l e x a n d r e IV, e m b r e v e datado de 27
de S e t e m b r o de 1257. E m 1382, o bispo D . M a r t i n h o teria p r o c e d i d o a n o v a
divisão.
E m 1393, a diocese era instituída e m arquidiocese. A n o v a m e t r ó p o l e pas-
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A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
O r d e n s r e l i g i o s a s — Só c o m D . A f o n s o III o c e n t r o da g o v e r n a ç ã o p o -
lítica d o r e i n o de P o r t u g a l (e, então, d o Algarve) se deslocaria para Lisboa.
N o e n t a n t o , a influência da cidade e da diocese h a v i a m - s e r e f o r ç a d o c o m a
conquista de Alcácer d o Sal, e m 1217, protagonizada pelo p r ó p r i o bispo. Era
na diocese olisiponense q u e se e n c o n t r a v a u m m a i o r e mais diversificado n ú -
m e r o de instituições religiosas, i n v a r i a v e l m e n t e sedeadas na cidade de Lisboa
e na vila de Santarém.
A o r d e m cisterciense d e s e m p e n h a v a na diocese u m papel crucial: o M o s -
teiro de Alcobaça, o mais rico existente e m Portugal, foi p a n t e ã o dos reis de
P o r t u g a l entre D . A f o n s o II e D . P e d r o I. D . Dinis fez construir o m o s t e i r o
f e m i n i n o de Santa M a r i a de Odivelas, para aí se fazer sepultar 2 0 1 . A l é m d e
Alcobaça e Odivelas, existiam na diocese de Lisboa os mosteiros f e m i n i n o s
de C ó s (a n o r t e d e Alcobaça) e A l m o s t e r ( p r ó x i m o de Santarém). E r a m d o
M o s t e i r o de Alcobaça o p a d r o a d o da igreja de M u g e e d o m o s t e i r o de O d i -
velas o das igrejas de São Julião d e Frielas e Santo Estêvão de A l e n q u e r .
O M o s t e i r o de São V i c e n t e de Fora, f u n d a d o após a conquista da cidade
e a restauração da diocese de Lisboa, p e r t e n c i a aos C ó n e g o s R e g r a n t e s de
Santo A g o s t i n h o . P r o p r i e t á r i o de vastos d o m í n i o s e m zonas limítrofes de Lis-
b o a (Telheiras e Loures, entre outras), o m o s t e i r o tinha, e m 1320, u m perfil
tributário semelhante aos de São J o ã o de T a r o u c a e Salzedas ( m u i t o distante,
pois, dos riquíssimos Alcobaça e Santa C r u z e dos m u i t o ricos A r o u c a o u
Santo Tirso).
183
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
M a p a dos domínios de
A l c o b a ç a e dos T e m p l á r i o s
(reproduzido in J o s é Mattoso,
História de Portugal, 11, p. 68).
E r a m n u m e r o s o s os c o n v e n t o s f e m i n i n o s na d i o c e s e d e Lisboa: a l é m d e
C ó s , O d i v e l a s e A l m o s t e r , e x i s t i a m as d o n a s de Santos (da o r d e m militar
de Santiago) e de Cheias, as clarissas de Santa Clara de S a n t a r é m (original-
m e n t e estabelecido e m Lamego) e de Lisboa 2 0 2 , e as domínicas de São D o -
m i n g o s de Santarém.
As o r d e n s m e n d i c a n t e s c e d o m a r c a r a m presença na diocese d e Lisboa, aí
e x e r c e n d o desde logo, tal c o m o nas restantes dioceses d o C e n t r o e Sul, signi-
ficativa influência sobre os m o v i m e n t o s d e leigos e m t o r n o de confrarias e ir-
mandades 2 0 3 . E m b o r a n ã o m e n c i o n a d o s na lista de 1320, s u p o m o s q u e p o r
n ã o p o s s u í r e m b e n s taxáveis, deve fazer-se referência à presença dos frades
m e n o r e s e m Lisboa. P r i m e i r o e m Lisboa e A l e n q u e r (no s e g u n d o d e c é n i o d o
século XIII) e, já na década seguinte a 1240, e m Santarém. O s Frades P r e g a -
dores (só mais tarde c o n h e c i d o s c o m o D o m i n i c a n o s ) tiveram c o m o c e n t r o
de o r i g e m e m P o r t u g a l a vila d e Santarém, logo e m 1218. E m b o r a Santarém
fosse u m dos centros urbanos mais antigos e i m p o r t a n t e s na génese da própria
o r d e m , o c o n v e n t o de Lisboa cedo g a n h o u a s c e n d e n t e sobre o escalabitano
após a sua f u n d a ç ã o e m 1241.
R e s t a referir a O r d e m da Santíssima T r i n d a d e , da r e d e n ç ã o dos cativos.
Estabelecida até m e a d o s d o século XIII apenas na diocese de Lisboa, c o m
c o n v e n t o s e m Lisboa e S a n t a r é m (este c o m bens i m p o r t a n t e s na diocese d e
Évora, e m Alvito), a sua implantação geográfica d e m o n s t r a b e m c o m o os as-
suntos relacionados c o m o resgate de prisioneiros diziam respeito à região
m e r i d i o n a l d o território e e r a m tutelados de p e r t o pela C o r o a .
A presença das ordens militares n o eclesiástico de Lisboa era m u i t o forte.
184
ORGANIZAÇÃO E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
É V O R A
L i m i t e s — Após a conquista portuguesa da cidade aos m u ç u l m a n o s e m
1165, Évora foi restaurada c o m o diocese 2 0 5 . A t é ao p e r í o d o q u e m e d i o u e n t r e
a f u n d a ç ã o da cidade da G u a r d a e a notícia d o p r o v i m e n t o d o p r i m e i r o bispo
egitaniense (1199-1203), o território diocesano eborense teve limites extensíssi-
m o s — e p r o v a v e l m e n t e mal definidos, u m a vez q u e se encontrava localiza-
d o e m terra de fronteira.
N o limite n o r t e , É v o r a prolongava-se p o r u m estreito c o r r e d o r até à e x -
trema administrativa natural — a saber, o curso p o r t u g u ê s d o rio T e j o . Este
c o r r e d o r da diocese de Évora até Amieira seria ladeado pelos dois p r o l o n g a -
m e n t o s transtaganos da diocese da Guarda: a oeste, a extensão da administra-
ção abrantina além d o T e j o , até P o n t e de Sor; a leste, as áreas de influência
de Nisa, M a r v ã o , Castelo de Vide e Portalegre.
A fronteira e n t r e É v o r a e Lisboa c o m e ç a v a na zona de Montargil: ficando
esta freguesia e a da Erra d o lado de Lisboa, a linha divisória inflectia de n o v o
para n o r o e s t e até ao T e j o de m o d o a incluir C o r u c h e e B e n a v e n t e e m É v o -
ra. Situadas a leste e oeste deste «espigão» eborense cravado na lezíria ribateja-
na, Salvaterra de M a g o s e Samora C o r r e i a p e r t e n c i a m à diocese de Lisboa.
D e p o i s a linha limítrofe descia para sul, c o n t o r n a v a as p o v o a ç õ e s de C a -
n h a e P e g õ e s Velhos (pertencentes ao eclesiástico olisiponense) e, passando
p o r Landeira, terminava p r o v a v e l m e n t e na zona da Marateca — u m a vez q u e
a área de influência de Alcácer d o Sal j á pertencia a Évora 2 0 6 .
D u r a n t e a época romano-visigótica, a diocese de Beja, antigo conventus
r o m a n o , mantivera a sua p r e p o n d e r â n c i a n o A l e n t e j o . N o e n t a n t o , p o r ra-
zões relacionadas c o m as vicissitudes político-militares da conquista d o A l -
- A n d a l u z , o território acabou p o r ficar sujeito à igreja de É v o r a d u r a n t e toda
a Idade M é d i a — e m u i t o além dela, até ao século xviii.
C o m pertinência, J ú l i o César Baptista c o n j e c t u r a q u e a própria conquista
da cidade p o r G e r a l d o S e m - P a v o r , acrescida da atribuição da conquista ao
m e s m o e à sua iniciativa desenquadrada (isto é, a p a r e n t e m e n t e i n d e p e n d e n t e
de u m p o d e r s o b e r a n o legítimo), se teria d e v i d o ao facto de D . A f o n s o H e n -
riques n ã o p o d e r protagonizá-la de iure, pois desse m o d o infringiria a letra d o
A c o r d o de P o n t e v e d r a firmado e m 1165 c o m o rei F e r n a n d o II d e Leão. N o
e n t a n t o , criado o bispado e n o m e a d o o p r i m e i r o prelado pelo rei p o r t u g u ê s ,
isso significava o r e c o n h e c i m e n t o de facto da sua p r e e m i n ê n c i a sobre a totali-
dade d o território alentejano — c o n q u i s t a d o e p o r conquistar. Se levantada, a
questão da restauração da diocese de Beja teria posto e m causa n ã o só a j ú r i s -
dição eclesiástica desses territórios, mas t a m b é m a soberania política sobre os
mesmos.
185
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
186
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
187
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
188
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
189
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
Exterior da Igreja da B o a
N o v a (Terena, Alandroal,
2. a metade do século xiv).
F O T O : N U N O CALVET/ARQUIVO
C Í R C U L O DE LEITORES.
190
O R G A N I Z A Ç Ã O E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
191
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
ALGARVE (SILVES)
L i m i t e s — A d i o c e s e d o A l g a r v e (Silves) lindava a n o r t e c o m a d i o c e -
se d e É v o r a e a leste c o m a d e Sevilha. C r i a d a pela p r i m e i r a v e z e m 1189,
na s e q u ê n c i a da e f é m e r a c o n q u i s t a da c i d a d e aos m u ç u l m a n o s , l o g o seria
p e r d i d a e m 1191, a q u a n d o da invasão a l m ó a d a . A o r g a n i z a ç ã o da d i o c e s e
seria iniciada e m 1252, p o r a c ç ã o de A f o n s o X de Castela. P o r isso foi s u -
fragânea de Sevilha até 1393, passando e n t ã o a ter c o m o m e t r o p o l i t a Lis-
b o a , elevada a a r q u i d i o c e s e pela bula de B o n i f á c i o I X In eminentissimis dig-
nitatis226.
O r d e n s r e l i g i o s a s — A h e g e m o n i a d o p a d r o a d o da O r d e m d e S a n t i a -
g o s o b r e as igrejas paroquiais d o Algarve é c l a r a m e n t e d e m o n s t r a d a pela lis-
ta de 1320 (1321 para o r e i n o d o Algarve). E m 1321, à e x c e p ç ã o d e Albufeira,
as restantes freguesias p e r t e n c i a m aos Espatários — algumas das quais, c o m o
acima se viu, r e c e n t e m e n t e transferidas d o p a d r o a d o régio. Isto revela e
e n o r m e i n f l u ê n c i a da o r d e m n o eclesiástico da região — p a r t i l h a n d o - o ,
p r o v a v e l m e n t e s e m i n t e r f e r ê n c i a de o u t r o s p o d e r e s , c o m o b i s p o e c a b i d o
de Silves.
Da presença de outras o r d e n s religiosas na região d u r a n t e o p e r í o d o e m
apreço, apenas nos é d a d o c o n h e c i m e n t o da f u n d a ç ã o d o c o n v e n t o francisca-
n o de Tavira, e m 1320.
192
O R G A N I Z A Ç Ã O E C L E S I Á S T I C A DO ESPAÇO
193
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
194
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
NOTAS
195
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
29
D A V I D - Études historiques, p. 45-82.
30
C f . Ibidem, p. 36-38.
31
Ibidem, p. 1-6.
32
M A T T O S O - História de Portugal, v o l . 1, p . 4 7 0 .
33
C f . IDEM - A h i s t ó r i a d a s p a r ó q u i a s , p . 3 7 - 5 6 .
34
C f . SÁNCHEZ SALOR - Jerarquias eclesiásticas, p . 22.
35
C f . COSTA — O bispo D. Pedro, v o l . 1, p . 126-138.
36
C f . GARCÍA DE CORTÁZAR - La sociedad rural, p . 1 7 - 4 6 ; IDEM - O r g a n i z a c i ó n s o c i a l d e i e s -
pacio, p. 197-236.
37
C f . G O N Z A L E Z BLANCO - E l d e c r e t o d e G u n d e m a r o , p . 1 5 9 - 1 6 9 .
38
E s t a lista é c o n h e c i d a t a m b é m p o r Nomina sedium episcopalium e conserva-se n o códice
o v e t e n s e d e 7 8 0 . C f . , a ׳e s t e p r o p ó s i t o , SANCHEZ ALBORNOZ - Fuentes para el estúdio de las divisiones
eclesiásticas; DAVID - Études Historiques, p . 1.
39
C f . CRÓNICAS Asturianas, p. 228-229.
4(1
M A T T O S O - História de Portugal, v o l . 1, p . 4 7 5 .
41
SX-NOGUEIRA - I g r e j a e E s t a d o .
42
DAVID - Etudes historiques; OLIVEIRA - As paróquias rurais; MATTOSO - H i s t ó r i a d a s p a r ó q u i a s .
43
B r e v e s í n t e s e s o b r e o t e m a : SÁ-NOGUEIRA — G e o g r a f i a eclesiástica.
44
MAPPA de Portugal Antigo e Moderno. 2. ; ' E d . , L i s b o a , 1 7 6 3 .
45
ALMEIDA - História da Igreja; SILVA - As freguesias de Lisboa; OLIVEIRA - As paróquias rurais.
46
COSTA — O bispo D. Pedro; M A T T O S O — Le monachisme ibérique.
47
C O E L H O — O mosteiro de Arouca; C O C H E R I L — Routicr des abbayes cisterciennes; MARQUES —
A arquidiocese de Braga; GONÇALVES - O património do Mosteiro de Alcobaça; RODRIGUES - A s c o l e -
giadas de T o r r e s Vedras.
48
BARBOSA - Povoamento e estmtura agrícola.
49
SILVA - E n s a i o p a r a u m a m o n o g r a f i a .
50
C O N D E - S o b r e o p a t r i m ó n i o ; BOTÃO - Uma instituição medieval de prestígio.
51
M A T A — A comunidade feminina da Ordem de Santiago.
52
A N D R A D E — O mosteiro de Cheias.
53
VARANDAS — Monacato feminino e domínio rural.
54
SILVA — São Vicente de Fora.
55
M A R Q U E S - A colegiada de São Martinho de Sintra.
56
SANTOS — Vida e morte de um mosteiro cisterciense.
57
M O R U J Ã O — Um mosteiro cisterciense feminino.
58
E n t r e os n u m e r o s o s estudos d e s t e a u t o r s o b r e g e o g r a f i a eclesiástica, ver: O r g a n i z a ç ã o p a r o -
quial e j u r i s d i ç ã o eclesiástica n o p r i o r a d o d e Leiria.
59
M A R T I N S - Património, parentesco e poder.
60
MARQUES - A l g u n s a s p e c t o s d o p a d r o a d o n a s i g r e j a s e m o s t e i r o s .
61
RAMOS — O mosteiro e a colegiada de Guimarães.
62
LIRA - O mosteiro de S. Simão da Junqueira.
63
BASTOS - Santa Maria da Oliveira.
' 4 יBARROS - A aquisição e gestão de bens; CARVALHO - O património do cabido; N O G U E I R A —
A formação e defesa do património.
' , 5 AMARAL - São Salvador de Grijó.
6
' יCASTRO — O Mosteiro de São Domingos de Donas.
67
V I C E N T E - Santa Maria de Aguiar.
68
RODRIGUES - O Entre Minho e Lima [ t r a b a l h o i n c i d e n t e s o b r e o t e r r i t ó r i o j á d e p o i s d a s e -
paração relativamente a Tui].
69
VILAR — As dimensões de um poder.
70
C U N H A - A ordem militar de Avis.
71
C U N H A — A ordem militar de Santiago.
72
COSTA — A ordem militar do Hospital.
73
SÁ-NOGUEIRA - A o r g a n i z a ç ã o d o p a d r o a d o r é g i o .
74
A p e s a r d a s l a c u n a s s u b l i n h a d a s , p o r e x e m p l o , p o r J . MARQUES p a r a a a r q u i d i o c e s e d e B r a g a -
A arquidiocese, p . 2 6 1 - 2 6 2 . O u t r a s o p i n i õ e s s o b r e o c a t á l o g o d e 1320-1321 ( d o r a v a n t e r e f e r i d o c o -
m o L i s t a d e 1 3 2 0 ) : M A T T O S O - H i s t ó r i a d a s p a r ó q u i a s , p . 4 8 ; VILAR - Diocese de Évora, p . 2 2 2 ; e a
s í n t e s e d e M . A . F. MARQUES - O c l e r o - h o m e n s d e o r a ç ã o e a c ç ã o , p . 2 2 9 .
75
A N T T , Gavetas da Torre do Tombo, G a v e t a 19, m . 3, n . ° 4 7 ; m . 14, n . ° 3; m . 6 , n . ° 31 e m . 1,
n . ° 13 ( r e i n a d o d e D . D i n i s , 1279-1321) e G a v e t a 10, m . 3, n . ° 15 ( r e i n a d o d e D . A f o n s o I I I , s ó
1 2 5 9 - 1 2 6 6 ) . D o r a v a n t e r e f e r i d a s c o m o Gavetas, seguidas da cota respectiva.
76
M A R Q U E S - Portugal na crise, p . 365.
77
M A R Q U E S - Portugal na crise, p . 3 6 7 .
78
C a t á l o g o d e t o d a s as i g r e j a s , c o m e n d a s e m o s t e i r o s q u e h a v i a n o s r e i n o s d e P o r t u g a l e A l -
g a r v e s , p e l o s a n o s 1320 e 1321... (ALMEIDA - História da Igreja, p . 9 0 - 1 4 4 ) .
79
A L M E I D A - História da Igreja, v o l . 4 , p . 113-116.
80
Gavetas, 19-14-3, fl. 31 ( a p r e s e n t a ç õ e s a o m o s t e i r o d e G a n f e i , d a t a d a s d e 2 8 / 3 / 1 2 9 9 e 2 4 / 8 / 1 3 0 5 )
e fl. 41 ( a p r e s e n t a ç ã o a o m o s t e i r o d e E r m e l o , d e 2 9 / 8 / 1 3 0 5 ) . E m 1 2 9 8 , o v i c e - c h a n c e l e r d e D . D i -
nis, A f o n s o M a r t i n s , registava carta d e D . F e r n a n d o , b i s p o d e T u i , d a t a d a d e 8 d e M a r ç o d e
1278, c o n f i r m a n d o G o n ç a l o M o g o , a p r e s e n t a d o c o m o p á r o c o p o r D . A f o n s o I I I à I g r e j a d e S a n t a
C r i s t i n a d e M e i a d e l a ( G a v e t a s , 1 9 - 1 4 - 3 , f. 3 0 v ) .
81
F e r n ã o P a i s , c ó n e g o d e T u i , e r a a p r e s e n t a d o e m 1 d e M a r ç o d e 1298 à I g r e j a d e S a n t a M a r i a
d e M o n ç ã o ( G a v e t a s , 19-14-3, f. 2 9 ) . J o ã o E s t e v e s , filho d o a l m o x a r i f e d e V a l e n ç a E s t ê v ã o E a n e s e r a
a p r e s e n t a d o e m 6 d e M a r ç o d e 1320 à I g r e j a d e S a n t a M a r i a d e C a m i n h a ( G a v e t a s , 19-1-13, f. 2 ) .
82
M A T T O S O - Identificação de um país, v o l . 1, p . 195.
83
C O C H E R I L - Routie des abbayes cisterciennes, p. 29-30.
196
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
84
MARQUES - A arquidiocese de Braga, p . 251. P e r t e n c e u à d i o c e s e d e O r e n s e a t é , p e l o m e n o s ,
a o r e i n a d o d e D . D i n i s . D e p r e e n d e - s e da e x p o s i ç ã o d e J o s é M a r q u e s q u e j á estaria s o b tutela da
arquidiocese d e Braga na é p o c a d e D . F e r n a n d o da G u e r r a .
85
Gavetas, 10-3-15 ( D . A f o n s o I I I ) ; 19-14-3; 19-1-3; ( D . D i n i s ) . E m 2 d e M a r ç o d e 1291, P e d r o
Galvão, arcediago de Lima pela igreja de O r e n s e , m a n d a v a aos p a r o q u i a n o s q u e acatassem o p á -
r o c o apresentado p o r D . Dinis. T o u r é m pertencia, pois, ao arcediagado aurensiano de Lima ( G a -
vetas, 19-14-3, fl. 19).
86
Gavetas, 19-14-3, fl. 3 v .
87
V e r c r o n o l o g i a e p o n t o s principais d o l o n g o e s t u d o d e d i c a d o p o r este a u t o r ao t e m a e m
COSTA - O b i s p o D . P e d r o (1990) p . 3 7 9 - 4 3 4 .
88
MATTOSO - A formação da nacionalidade, p. 47-56.
89
MARQUES - A arquidiocese, p. 240.
9(1
MARQUES - A arquidiocese, p. 240.
91
V e r abaixo, n o t e x t o sobre a diocese d o P o r t o , mais d a d o s acerca desta fronteira.
92
MARQUES - A arquidiocese, p . 255-263.
93
S e g u i n d o a L i s t a d e 1320, O l i v e i r a MARQUES (Portugal na crise, p . 3 6 7 ) i n d i c a 9 3 7 f r e g u e s i a s
d i s t r i b u í d a s p o r 39 g r u p o s . B a s e a d o s n a m e s m a lista, c o n t a b i l i z á m o s c e r c a d e 9 9 0 , s e g u i n d o
J . MARQUES e n ã o a c e i t a n d o a d i v i s ã o e n t r e V e r m o i m d e S u s ã o e V e r m o i m d e J u s ã o . A p o i a d o
s o b r e t u d o nas c o n f i r m a ç õ e s de D . F e r n a n d o da G u e r r a , d o s e g u n d o quartel d o século xv,
J . MARQUES (A arquidiocese, p . 2 6 1 - 2 6 2 ) a p u r a 1058, d i s t r i b u í d a s p o r 4 3 g r u p o s . P a r a m e a d o s d o s é -
c u l o XIII, M . A . F . MARQUES c o n t a b i l i z a 9 5 0 ( A l g u n s a s p e c t o s d o p a d r o a d o , p . 373).
94
D o t o t a l d a s i g r e j a s c o n s e g u i m o s i d e n t i f i c a r 187 (93 n a s t e r r a s d o M i n h o e 9 4 n a s d e T r á s -
- o s - M o n t e s ) . F i c a m p o r i d e n t i f i c a r 33. N o e n t a n t o , d e v i d o às p o t e n c i a i s r e p e t i ç õ e s j á i d e n t i f i c a -
das ( p o r e x e m p l o , a m e s m a i g r e j a c o m n o m e s d i f e r e n t e s ) , o p t a m o s p o r esta e s t i m a t i v a c o n s e r v a -
d o r a . P a r a o n ú m e r o d e a p r e s e n t a ç õ e s v e r SÀ-NOGUEIRA - A o r g a n i z a ç ã o d o p a d r o a d o r é g i o ,
p . 423.
95
MARQUES - A l g u n s a s p e c t o s d o p a d r o a d o , p . 373.
96
MARQUES - A arquidiocese, p . 1 0 7 5 - 1 0 7 6 . M e s m o a t e n d e n d o à c o n t a b i l i z a ç ã o d o p r i o r a d o d e
G u i m a r ã e s c o m o u m a só p a r ó q u i a , a d i m i n u i ç ã o é m u i t o clara.
97
D i f e r e n ç a d e cerca d e v i n t e p a r ó q u i a s a m e n o s da nossa c o n t a g e m (749) r e l a t i v a m e n t e ao
c ô m p u t o d e 7 6 7 f r e g u e s i a s r e a l i z a d o p o r J . MARQUES p a r a as á r e a s c o r r e s p o n d e n t e s a o M i n h o
( m e a d o s d o século xv). E m t e r m o s relativos, a m a i o r discrepância (onze) e n c o n t r a - s e e m terra d e
Basto.
98
MARQUES - A l g u n s a s p e c t o s d o p a d r o a d o , p . 373.
99
A e x t e n s ã o e c o m p o s i ç ã o d e s t a s z o n a s a d m i n i s t r a t i v a s f o r a m - s e a l t e r a n d o e n t r e o final d o
s é c u l o x i e o s e g u n d o q u a r t e l d o s é c u l o x v . J . MARQUES c o n s i d e r a m a i s d u a s t e r r a s , a l é m d a s n o -
ve adiante enunciadas; N e i v a (destacada ao arcediagado de Neiva?) e P r a d o (destacada à terra d o
D e a d o ? ) (A arquidiocese, p. 261-262).
100
D e s i g n a d a c o m o « t e r r a d e A b a d e » n o c e n s u a l d e E n t r e L i m a e A v e (COSTA - O bispo
D. Pedro, v o l . 2, p . 142-147).
101
N o c e n s u a l d e E n t r e L i m a e A v e , d o s é c u l o x i , esta z o n a é d e n o m i n a d a « E n t r e N e i v a e
C á v a d o e d e s d e o F e b r o s a t é a o m a r » . C o m o o b s e r v a A v e l i n o d e J e s u s d a COSTA, « a l é m d a s fre-
guesias próprias desta terra o u d o arcediagado d e N e i v a , abrange outras q u e p o s t e r i o r m e n t e p e r -
t e n c e r a m às t e r r a s d e A g u i a r d e N e i v a e d e A g u i a r d e R i b a L i m a , B a r c e l o s , D e a d o , M e s t r e -
- e s c o l a d o , P e n e l a , P r a d o e T a m e l » ( O bispo D. Pedro, v o l . 2, p . 148).
102
MARQUES - A arquidiocese, p. 263.
103
A p e n a s u m a apresentação à Igreja de São M i g u e l d e Crastêlo, de P e n e g a t e .
104
A Lista d e 1320 s u b d i v i d e - a e m t e r r a d e V e r m o i m d e S u s ã o e t e r r a d e V e r m o i m d e J u s ã o .
U m a v e z q u e J o s é M a r q u e s ( A arquidiocese, p . 2 6 2 ) n ã o r e t é m e s t a s u b d i v i s ã o p a r a o s é c u l o x v ,
n ã o a c o n s i d e r a r e m o s . C o m o o u t r a s d a L i s t a d e 1320, é p o s s í v e l q u e n ã o c o r r e s p o n d e s s e a u m a
área administrativa orgânica.
105
A t é 1320, o m o s t e i r o d e S a n d e e o u t r a s i g r e j a s d a t e r r a d e S a n d e f o r a m i n c o r p o r a d a s e m
t e r r a d e V e r m o i m e as r e s t a n t e s ( e n t r e as q u a i s as d e B e s t e i r o s ) p a s s a r a m a p e r t e n c e r à t e r r a d o
C h a n trado.
106 Q C E N S U A ! D E G u i m a r ã e s e M o n t e l o n g o (COSTA - O bispo D. Pedro, v o l . 2, p . 221-256) n ã o
p e r m i t e i d e n t i f i c a r q u a l q u e r d e l a s , p a r e c e n d o - n o s e m f a l t a . N a Lista d e 1320 s ã o a q u i a g r u p a d a s
as s e g u i n t e freguesias: S ã o P e d r o d o M o n t e , S a n t a M a r i a d e G r a d i z e l a , S ã o P e d r o d e R i b e i r a d e
Ave (Riba d'Ave), Santo A n d r é d o Sobrado, São Miguel de Entre Ambas-as-Aves, São Tiago de
Lordelo, São L o u r e n ç o de R o m ã o , Cerzedelo, São Salvador de Gandarela, São J o ã o de Calvos e
S ã o B a r t o l o m e u (ALMEIDA - História da Igreja, v o l . 4 , p . 1 0 4 ) .
107
R e f e r i d a c o m o S ã o T i a g o e m 1320 (COSTA - O bispo D. Pedro, v o l . 2, p . 2 3 9 ) .
108
COSTA - O bispo D. Pedro, v o l . 2, p . 4 2 7 .
109
C o m o a d i a n t e v e r e m o s , a d e s i g n a ç ã o desta z o n a c o m o «terra d e Ferreira» terá sido tardia.
N a d i v i s ã o d e 1145, F e r r e i r a e r a u m a d a s t e r r a s t r a n s m o n t a n a s d e p e n d e n t e d o a r c e d i a g a d o d e B r a -
g a n ç a (COSTA - O bispo D. Pedro, p . 4 2 7 ) .
110
U m a d a s d i f e r e n ç a s m a i s s i g n i f i c a t i v a s e n t r e a L i s t a d e 1320 e o s n ú m e r o s d e J . MARQUES,
q u e a p o n t a 51 freguesias p a r a t e r r a d e B a s t o e m m e a d o s d o s é c u l o x v ( A arquidiocese, p . 261).
111
N ú m e r o i n f e r i o r às 291 c o n t a b i l i z a d a s p o r J . MARQUES (A arquidiocese, p . 2 6 1 - 2 6 2 ) . A d i f e -
rença justifica-se pelo m u i t o m a i o r n ú m e r o de paróquias e m terra de C h a v e s e terra de Bragança
n o segundo quartel d o século xv.
112
S e m p r e r e f e r i d a c o m o «Valariça». O p t a m o s p o r é m p o r Vilariça, s e g u i n d o A v e l i n o d e J e s u s
da C o s t a e José M a r q u e s .
113
N o t e x t o p u b l i c a d o está «Frieira». U m a v e z q u e n o s é c u l o x i i existia u m a «Ferreira» i n -
c l u í d a n o a r c e d i a g a d o d e B r a g a n ç a , s u p o m o s q u e se t r a t a r á d e s t a (ALMEIDA - História da Igreja,
v o l . 4 , p . 112). A s i g r e j a s n e l a i n c l u í d a s c o r r e s p o n d e m às d e M o n f o r t e d e R i o L i v r e .
197
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
114
P a r a o s e g u n d o quartel d o século xv, a i m p o r t â n c i a d e terra d e Panóias c o m o acesso da
a d m i n i s t r a ç ã o eclesiástica a T r á s - o s - M o n t e s está b e m d e m o n s t r a d a n o s i t i n e r á r i o s d o a r c e b i s p o
D . F e r n a n d o da G u e r r a , reconstituídos p o r J o s é M a r q u e s . V e m o s q u e o P a ç o d e M a t e u s era a
p r i n c i p a l r e s i d ê n c i a a r q u i e p i s c o p a l e m t e r r i t ó r i o t r a n s m o n t a n o (A arquidiocese, p . 75, 8 4 e 9 0 ) .
115
C e n s u a l d a t e r r a d e P a n ó i a s , d o s é c u l o XIII (COSTA - O bispo D. Pedro, v o l . 2, p . 2 5 7 - 2 8 0 ) .
116
C u j a albergaria, c o n h e c i d a c o m o Albergaria d o M a r ã o , o u da C a m p e ã , era p r o v a v e l m e n t e
p o n t o o b r i g a t ó r i o d e d e s c a n s o na d u r a travessia da serra d o M a r ã o .
117
S ã o J e r ó n i m o d e V a l e d e P r a d o s , u m a das f r e g u e s i a s q u e a L i s t a d e 1320 a g r u p a a L a m p a -
ças, f i c a v a n o c e n t r o d e t e r r a d e L e d r a .
118
E n o r m e d i f e r e n ç a r e l a t i v a m e n t e a o c ô m p u t o d e 7 9 f r e g u e s i a s f e i t o p o r j . MARQUES p a r a o
s e g u n d o q u a r t e l d o s é c u l o x v ( A arquidiocese, p . 261). P a r t e p o d e r á d e v e r - s e a i g r e j a s a t r i b u í d a s
e m 1320 a M i r a n d a e m a i s t a r d e a B r a g a n ç a : c o m e f e i t o , a Lista d e 1320 d á 2 2 p a r ó q u i a s a M i r a n -
d a , e n q u a n t o q u e J . MARQUES c o n t a b i l i z a 16. M a s o u t r a e x p l i c a ç ã o t e r á d e s e r e n c o n t r a d a p a r a
esta g r a n d e d i s c r e p â n c i a , a m a i o r i d e n t i f i c a d a p a r a t o d a a a r q u i d i o c e s e d e B r a g a .
119
J . MARQUES i n d i c a 5 p a r a o 2 . ° q u a r t e l d o s é c u l o x v ( A arquidiocese, p . 261).
1:11
T a l v e z a d i s c r e p â n c i a n ã o seja t ã o g r a v e , u m a v e z q u e o u t r a s igrejas o u t r o r a p e r t e n c e n t e s
a M o n t e n e g r o / C h a v e s t a m b é m figuram n e s t e g r u p o .
121
N ã o c o n s e g u i m o s d e t e r m i n a r se n a f r o n t e i r a n o r d e s t e M o n t e n e g r o se i n t e r p o r i a e n t r e
C h a v e s , V i n h a i s e B r a g a n ç a , o u se C h a v e s l i n d a v a d i r e c t a m e n t e c o m a m b a s - s o b r e t u d o c o m
Vinhais, d e v i d o à localização de R e b o r d e l o .
122
O u t r a e n o r m e d i s c r e p â n c i a r e l a t i v a m e n t e a o c ô m p u t o d e J . MARQUES, q u e l e v a n t a 31 f r e -
g u e s i a s ( A arquidiocese, p . 261). P a r t e e x p l i c a r - s e - á p e l a i n c l u s ã o d e c e r c a d e u m a d e z e n a d e p a r ó -
q u í a s f l a v i e n s e s e m t e r r a d e F e r r e i r a ( o u M o n f o r t e d e R i o L i v r e ) , n a q u a l a Lista d e 1320 c o n t a -
b i l i z a 13 i g r e j a s , c o n t r a 3 n o s é c u l o x v .
123
São P e d r o de T o u r é m .
124
A p e s a r d e n ã o s u r g i r q u a l q u e r a p r e s e n t a ç ã o às i g r e j a s d a t e r r a d e F r e i x o n a s listas d i o n i s i -
n a s , n a L i s t a d e 1320 l ê - s e q u e a t e r ç a d a I g r e j a d e S ã o M i g u e l d e F r e i x o e r a d o r e i (ALMEIDA -
História da Igreja, vol. 4, p. 112).
125
MARQUES - A l g u n s a s p e c t o s d o p a d r o a d o , p . 373-375; SÁ-NOGUEIRA - A o r g a n i z a ç ã o d o
p a d r o a d o r é g i o , p . 432.
126
MATTOSO - Identificação de um país, v o l . 1, p . 195.
127
MARQUES - A arquidiocese, p . 6 5 4 ( m a p a x v ) e 721 ( m a p a XVII).
128
COCHERIL - Routier des abbayes cisterciennes, p . 52. A l é m d a r e s i s t ê n c i a d o c u m e n t a d a À filia-
ção de Júnias na O r d e m de Cister p o r parte d o arcebispo D . J o ã o Viegas de Portocarreiro, é
p o s s í v e l q u e a i m p l a n t a ç ã o d o s C i s t e r c i e n s e s e m B r a g a f o s s e i g u a l m e n t e d i f i c u l t a d a p e l a falta d e
locais a p r o p r i a d o s , d a d o o n ú m e r o e l e v a d í s s i m o d e m o s t e i r o s e x i s t e n t e . C o n h e c e n d o os rigoro-
sos c r i t é r i o s s e g u i d o s p o r esta o r d e m p a r a e s c o l h e r o s locais d e i m p l a n t a ç ã o , esta e x p l i c a ç ã o p a r e -
ce aceitável.
129
MARQUES - A arquidiocese, p . 825, 828.
130
Q u a n t o ao C o n v e n t o d e Santa Clara d e A m a r a n t e , e m b o r a c o m p r o v a d a a sua existência
n o t e m p o d o a r c e b i s p o D . F e r n a n d o d a G u e r r a , s ó p o d e r i a t e r p a s s a d o às C l a r i s s a s a p ó s m e a d o s
d o s é c u l o (MARQUES - A arquidiocese, p . 835).
131
A ú l t i m a t e r i a s i d o i n t e g r a d a n a o r d e m p o u c o a n t e s : e m 5 d e A g o s t o d e 1298 a i n d a o r e i
a p r e s e n t a v a o r e s p e c t i v o p á r o c o ( G a v e t a s , 19-4-3, A- 2 9 ) •
132
MATTOSO — A f o r m a ç ã o n a n a c i o n a l i d a d e , p . 4 5 - 4 8 .
133
MARQUES — A arquidiocese, p . 245.
134
Ibidem.
135
MOREIRA — Freguesias da diocese do Porto.
136
C o m e f e i t o , a L i s t a d e 1320-1321 l o c a l i z a n a a r q u i d i o c e s e d e B r a g a , a g r u p a d o s às « I g r e j a s d e
T e r r a d e Basto» (entre Fafe, C e l o r i c o e C a b e c e i r a s d e Basto), e n t r e o u t r o s t e m p l o s os d e O u r i -
lhe, C a ç a r i l h e , Seidões, R i b a s , P e d r a ç a , B a ú l h e , O u t e i r o e, mais a c i m a , R i o D o u r o - a l é m d o
m o s t e i r o d e A r n ó i a . N a m a r g e m e s q u e r d a d o T â m e g a , s u r g e m as i g r e j a s d e M o n d i m , E r m e l o e
F e r v e n ç a . L o g o , n ã o p a r e c e p o s s í v e l q u e a d i o c e s e d o P o r t o a l c a n ç a s s e , e n t ã o , estas p a r a g e n s .
137
A l g u n s e x e m p l o s q u e d e m o n s t r a m b e m q u e o assunto d e v e ser e s t u d a d o à lupa. C o m o se
v i u , J . MARQUES a f i r m a q u e as i g r e j a s d e S ã o M a m e d e d e R e c e z i n h o s e d e S a n t a E u l á l i a d e P a -
ç o s d e F e r r e i r a p e r t e n c i a m à a r q u i d i o c e s e e m m e a d o s d o s é c u l o x v (Arquidiocese, p . 245). O r a n ã o
s ó a L i s t a d e 1320 as i n d i c a c o m o p e r t e n c e n t e s à d i o c e s e d o P o r t o , c o m o as listas d a s a p r e s e n t a -
ç õ e s d o p a d r o a d o r é g i o c o r r o b o r a m e s t e f a c t o , p e l o m e n o s n o r e i n a d o d e D . D i n i s (Gavetas, 19-
- 3 - 4 7 - fls. 33 e 39 p a r a S a n t a O v a i a d e P a ç o s , e m 1 3 0 0 e 1303; e fl. 51 v p a r a S ã o M a m e d e d e R e -
c e z i n h o s , e m 1312). J á a I g r e j a d e S ã o P e d r o d e C a í d e , o u C a í d e d e R e i ( t e r r a d e S o u s a ) ,
a t r i b u í d a p o r D o m i n g o s M o r e i r a à d i o c e s e d o P o r t o , é r e f e r i d a n a s m e s m a s listas c o m o p e r t e n -
c e n t e à a r q u i d i o c e s e d e B r a g a (1307-1314: ibidem, fls. 45, 56). P a r e c e ú t i l , p o r t a n t o , u m e s t u d o
c e n t r a d o n a d e t e r m i n a ç ã o d o s l i m i t e s f r o n t e i r i ç o s e n t r e P o r t o e B r a g a e s u a p o s s í v e l fluidez a o
l o n g o d o século xrv, q u e atenda s o b r e t u d o a d o c u m e n t a ç ã o dos m o s t e i r o s de R o r i z e São M i -
g u e l d e V i l a r i n h o - o n d e J . MARQUES a f i r m a e n c o n t r a r e m - s e as p r o v a s d a d e l i m i t a ç ã o q u e d e -
f e n d e (Arquidiocese, p . 252). T a l v e z a s s i m s e j a p o s s í v e l a p u r a r , c o m s e g u r a n ç a , o m o d o c o m o e v o -
l u i u a r e p a r t i ç ã o d e f r e g u e s i a s e n t r e as d u a s d i o c e s e s n e s t a z o n a .
138
D o m i n g o s M o r e i r a d á - n o s u m i n v e n t á r i o das p a r ó q u i a s c o m existência d o c u m e n t a d a n a
I d a d e M é d i a q u e a c t u a l m e n t e p e r t e n c e m à d i o c e s e d o P o r t o , p o d e n d o d a r a e n t e n d e r q u e essas
freguesias j á na é p o c a medieval p e r t e n c i a m à diocese d o P o r t o — o q u e n ã o acontecia.
139
A s u b d i v i s ã o das «Igrejas da T e r r a da O r d e m d e C r i s t o » à p a r t e , n o t a d a na Lista d e
1320, d e s t i n o u - s e p r o v a v e l m e n t e a t e r e m c o n t a a n o v a o r d e m e n t ã o e m p r o c e s s o d e c o n s t i -
t u i ç ã o . N ã o n o s p a r e c e q u e c o r r e s p o n d e s s e a u m a d i v i s ã o r e a l . ALMEIDA - História da Igreja,
v o l . 4 , p . 93.
140
MOREIRA - Freguesias.
198
ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DO ESPAÇO
141
C o u ç o em Moreira (Maia), Santa Cristina de C o r o n a d o em Folgosa (Maia), Santa Maria
de Negrelos e m R o r i z (Santo Tirso), Parada de Castanheira em Lordelo (Paredes), São Veríssi-
m o da Ribeira e m Regilde (Felgueiras), Ervosa em São Martinho de Bougado (Santo Tirso),
São Paio de Virães e m R o r i z (Santo Tirso) e São Miguel de Vila Verde em Telões (Amarante)
(MOREIRA — Freguesias, p. 109). Além das extintas, fica a questão das freguesias cuja atribuição é
feita ora a Braga ora ao Porto. Alista fornecida p o r j . MARQUES (Arquidiocese, p. 246) correspon-
de àquelas sobre as quais existem dúvidas. Domingos Moreira situa as freguesias nos concelhos
actuais, o que facilita a respectiva localização.
142
SÁ-NOGUEIRA — A organização do padroado régio.
143
Note-se que a presença do padroado régio na diocese foi determinada c o m base na infor-
mação de listas de apresentações referentes à época de 1259-1321. A evolução destas ao longo do
reinado de D. Dinis mostra u m enfraquecimento claro do padroado régio, por doação dos direi-
tos de apresentação a terceiros.
144
O rei apresentava c o m o prior ao mosteiro de Águas Santas u m freire/cónego (surgem
ambas as designações) da O r d e m do Santo Sepulcro, pelo mesmo método acima referido para os
mosteiros da administração de Valença. As três apresentações a este mosteiro datam de 1264, 1283
e 1309 (Gavetas, 19-4-3, As- 2 e 47; 10•(15־3־
145
A igreja de Almoroça figura na Lista de 1320 (ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 94).
Domingos Moreira — que, recorde-se, indica os nomes actuais das freguesias — não a refere.
146
Por lapso, uma apresentação régia de 4 de Dezembro de 1298 dá esta igreja na arquidioce-
se de Braga (Gavetas, 19-14-3, fl. 30). N a Lista de 1320, porém, da diocese do Porto consta refe-
rência à igreja de Aguiar, na rubrica «Igrejas da Terra de Aguiar», enquanto que nas «Igrejas da
Terra de Sousa» da arquidiocese bracarense não existe qualquer menção a uma igreja de Aguiar
ou de São R o m ã o (ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 99 e 105-106). Mais u m exemplo que
permite duvidar que que a pertença de algumas freguesias nesta zona de charneira fosse clara.
147
Da lista consta a Igreja de São Pedro de Paredes. A dificuldade da diferença de orago é
importante.
148
Da lista consta São Fraústo de Sever. Sendo «Sever» o antigo n o m e da Régua, e dada a
raridade do orago, fizemos a identificação. M e d i m figura na Lista de 1320 (ALMEIDA - História da
Igreja, vol. 4, p. 96).
149
Domingos Moreira identifica 18 freguesias no arcediagado de Vouga, a sul da diocese do
Porto na fronteira c o m Coimbra, c o m o pertencentes à diocese portuense — localizadas nos m o -
dernos concelhos de Estarreja (2), Vale de Cambra (6), Oliveira de Azeméis (6) e Albergaria-
-a-Velha (4). Mas a fonte por si indicada, a Lista de 1320, dá todas essas freguesias na diocese de
Coimbra. Ver nota 138 supra.
150
GOMES - Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
151
N ã o i d e n t i f i c a d o p o r MATTOSO; KRUS; ANDRADE - O castelo e a feira, p . 162-163.
152
Águas Santas pertencia ao padroado régio no reinado de D. Dinis (ver nota supra). E m
1320, estava-lhe anexado o mosteiro de Vila Nova, e m Viseu (ALMEIDA - História da Igreja,
vol. 4, p. 120). Ver GOMES - Premonstratenses.
153
MARQUES — O clero — homens de oração e acção, p. 225.
154
E m 1 de Março de 1281, o rei apresentava o clérigo Paio Domingues c o m o pároco da
Igreja de Santa Maria de Mosteiro, ignorada na Lista de 1320 (Gavetas, 19-3-47, fl. 6). Se esta fre-
guesia corresponde ao Mosteiro localizado a norte de Macieira de Cambra, então a fronteira e n -
tre as dioceses de Coimbra e Lamego seria u m p o u c o mais extensa.
155
A Lista de 1320 dá c o m o orago Santo André (ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 123).
156
N a Lista de 1320, diz-se que a freguesia de Macieira de Alcova estava unida à Albergaria
(ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 124).
157
Supomos que a apresentação do rei à Igreja de Santa Maria de Ega, em 23 de Abril de
1319 (Gavetas, 19-3-31, fl. 2), terá sido meramente temporária. Terá obedecido quase decerto à
mesma explicação adiantada mais abaixo para o grupo das «Igrejas de Monsanto» da diocese da
Guarda: sob custódia provisória da Coroa, após a extinção da O r d e m do Templo, transitaria de-
pois para a O r d e m de Cristo.
158
GOMES — Organização paroquial.
159
Pertenceu ao rei pelo menos até 12 de Setembro de 1317, data da apresentação de mestre
Estêvão, físico do rei, c o m o pároco da igreja (Gavetas, 19-1-13, f. 4).
160
MATTOSO - Cluny, Crúzios e Cistercienses na formação de Portugal, p. 112.
161
Dela faziam parte as igrejas de Santa Marinha, Santa Maria, São Vicente, da T o r r e e a de
Freimim de Santo Antão (ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 121-122).
162
Das igrejas viseenses constantes das listas das apresentações de D. Afonso III para 1259-1266
(Gavetas, 19-3-15) ainda constava a de São Salvador do Lamegal (termo de Pinhel), sem apresenta-
ção durante o reinado de D. Dinis. Continuaria a pertencer ao padroado régio?
163
Ao contrário do que sucede nas outras dioceses, a Lista de 1320 apresenta a Igreja Catedral
de Santa Maria no final, depois do termo de Trancoso (ALMEIDA — História da Igreja, vol. 4,
p. 122).
164
N a Lista de 1320 lê-se «Santos Velhos», e m vez de «Santo Osevho» (ALMEIDA - História da
Igreja, vol. 4, p. 121).
165
Separadas na Lista de 1320 entre vila e termo.
166
COSTA - História do bispado e cidade de Lamego, vol. 1, p. 52-57. Depois de terminado este tex-
to, o dr. Anísio Saraiva informou-nos de que o primeiro arcediagado surgiu em Lamego apenas no
século xv. Por isso a Lista de 1320 apresenta as igrejas da diocese de Lamego numa só sequência,
sem qualquer subdivisão. Apesar de o agrupamento proposto por M. Gonçalves da Costa não ser,
portanto, medieval, mantivemo-lo por comodidade de exposição, com esta ressalva.
167
COSTA - História do bispado e cidade de Lamego, vol. 2.
168
MARQUES - Portugal na crise, p. 367.
199
A CONSTRUÇÃO DE UMA IGREJA
169
Ver FERNANDES - A acção dos Cistercienses de Tarouca.
170
COSTA - História do bispado, v o l . 2, p . 517-537.
171
GOMES - Premonstratenses.
172
COSTA - História do bispado, v o l . 2, p . 410-432.
173
Ibidem, vol. 1, p. 188. A Lista de 1320 indica cerca de 60.
174
Ibidem, vol. 1, p. 154.
175
H o j e Penha d A g u i a , terra natal do historiador António Joaquim Ribeiro Guerra, que
aqui recordamos.
176
GOMES - História da diocese da Guarda. Pelo menos até 1320, a diocese da Guarda não c o n -
frontava a norte com a de Lamego, mas somente c o m a de Viseu. C o m efeito, aquando da ava-
liação de 1320, as igrejas dos territórios de Trancoso e Pinhel surgem todas integradas na diocese
viseense. Assim, só em 1403 as dioceses da Guarda e de Lamego passaram a ser vizinhas, c o m a
integração de Ribacoa no território lamecense.
177
T e x t o integral e m GOMES - História da diocese, p. 34-44.
178
GOMES - História da diocese, p. 46.
179
GOMES - História da diocese, p. 44.
180
Ao comentar esta subdivisão da Lista de 1320, Pinharanda Gomes (História da diocese,
p. 47-48) não faz qualquer referência à inclusão das igrejas transtaganas de Longomel e Ponte de
Sor no bispado da Guarda.
181
A Igreja de Santa Maria de Nisa, da O r d e m do Templo, era apresentada pelo rei a João
Domingues, filho de Aparício Domingues, em 28 de Julho de 1313 (Gavetas, 19-14-3, n.° 3, f. 54).
Intromissão temporária, apenas, verificada no período posterior à extinção dos Templários e an-
terior à criação da O r d e m de Cristo.
182
Gavetas, 10-3-15. Sobre as freguesias de Portalegre, ver VIANA - Notas sobre a organização
paroquial.
183
Sobre este senhorio ver SÁ-NOGUEIRA - A constituição do senhorio fronteiriço. E m t o d o
o caso, e m 1320 todas pertenciam a ordens militares, excepto a de Santa Maria Madalena, do
mosteiro canonical de São Jorge de Coimbra. Mas nessa data já o senhorio se havia desintegrado.
184
Pinharanda Gomes (História da diocese, p. 48) contabiliza apenas 63 igrejas, contagem que é
insuficiente.
185
Se a igreja de Maçainhas indicada na Lista de 1320 corresponder à actual localidade de
Maçainhas de Baixo, entre ela e Belmonte ficavam várias freguesias pertencentes às Igrejas da
Covilhã e do termo da Guarda (a saber, Colmeal, Vela, Aldeia do Bispo e Fernão Joanes).
186
Às duas igrejas da Guarda juntava-se a de São Julião de Punhete (Constância). GOMES —
História da diocese, p. 47.
187
Gavetas, 19-14-3, £1. 4 (1/4/1285, Castelo M e n d o ) e £1. 47 (30/7/1309, Linhares).
188
Esta igreja de Jaiva é talvez a de Pousafoles. E m 1259, o concelho da Guarda doava T o u r o
e Pousafoles («Tauri e Saigafales») à O r d e m do T e m p l o (GOMES - História da diocese, p. 50).
189
COCHERIL - Routier des abbayes cisterciennes, p. 133-136.
190
VILAR - Cónegos Regrantes de Santo Antão.
191
ALMEIDA - História da Igreja, vol. 1, p. 282.
192
MATTOSO - A formação da nacionalidade, p. 76.
193
N o s dois primeiros anos do seu reinado, por exemplo, por exemplo, D. Dinis apresentava
a igrejas do padroado régio olisiponense o chanceler mestre Pedro Martins (Santa Maria da Alcá-
çova de Santarém), mestre Pedro seu médico (São Tiago de Óbidos), Domingos Eanes Jardo, di-
to seu antigo chanceler (São Leonardo da Atouguia), além de outros «clérigos do rei» (Gavetas,
19-3-47).
194
As igrejas da Azambuja e de Povos, perto do T e j o , eram ambas do padroado régio, tal c o -
m o as de Porto de Mós. Sobre a da Ota, embora a Lista de 1320 não o refira, é provável que
pertencesse ao Mosteiro de Alcobaça.
195
Após seis apresentações régias entre 1279 e 1316, a Lista de 1320 indica que pertencia à O r -
d e m de Santiago. Teria sido doada n o intervalo entre 1316 e 1320?
196
Existem três apresentações régias à igreja de Alcanede entre 1279 e 1289. A Lista de 1320 já
a atribuía à O r d e m de Avis.
197
N a apresentação feita ao escrivão da cozinha do rei Afonso Domingues, e m 10 de Julho
de 1319, o orago da igreja é São Lourenço (Gavetas, 19-6-31).
198 p e [ a lógica da continuidade geográfica, Atouguia incorporar-se-ia nas igrejas de Óbidos e
o Mosteiro de Alcobaça neste grupo - ou no das igrejas de Santarém. Segundo esta mesma lógi-
ca, também a Igreja de Santa Maria da Ventosa, integrada nas igrejas de Alenquer, deveria figurar
nas igrejas de Torres Vedras.
199
São Nicolau ainda era do padroado régio e m 1265, ano e m que mestre Pedro de Bena-
vente foi apresentado c o m o pároco (Gavetas, 10-3-15). A ausência de qualquer apresentação d u -
rante o período dionisino faz-nos presumir que o seu padroado tivesse sido alienado. Para São
Julião existem várias apresentações ao longo do reinado de D . Dinis. O padroado de Santa Justa
seria doado pelo rei ao Mosteiro de São Vicente de Fora em 1305, por permuta c o m o da Igreja
de São Cucufate, perto da Vidigueira (Torre do T o m b o , Chancelaria de D. Dinis, Livro 5.0,
fl. 17 v).
200
Esse predomínio prolongava-se pela diocese de Évora, imediatamente a sul, através de
dois grupos de paróquias: as igrejas de O u r i q u e e as igrejas de Odemira (ver diocese de Évora).
201
T a m b é m D. Afonso IV e D. Fernando ficaram sepultados na diocese de Lisboa, o primei-
ro na sé (com a rainha D. Beatriz) e o segundo e m Santa Maria da Alcáçova de Santarém.
202
A Lista de 1320 refere as clarissas de Lisboa (ALMEIDA - História da Igreja, vol. 4, p. 127),
embora José MATTOSO não as inclua no seu mapa dos conventos franciscanos e dominicanos
(A formação da nacionalidade, p. 234.)
203
MATTOSO - A formação da nacionalidade, p. 235.
204
ALONSO - A g o s t i n h o s .
205
A h i s t ó r i a d a r e s t a u r a ç ã o d a d i o c e s e d e É v o r a n a s e g u n d a m e t a d e d o s é c u l o XII, b e m c o -
m o da d e f i n i ç ã o dos seus limites, e n c o n t r a - s e estudada e m dois valiosos estudos d o P.e J ú l i o C é -
s a r BAPTISTA - L i m i t e s d a d i o c e s e d e É v o r a ; IDEM - R e s t a u r a ç ã o d a d i o c e s e d e É v o r a .
206
BAPTISTA - L i m i t e s , p . 7 .
207
Ibidem, p . 6 , 2 7 . M a r t i m S a n c h e s , i r m ã o d e D . T e r e s a , e r a e n t ã o m u i t o i n f l u e n t e n a c o r t e
d o rei d e Leão, A f o n s o I X - p o r s e r e m a m b o s p r i m o s direitos d o rei e n e t o s d e D . A f o n s o H e n -
riques. P o d e presumir-se que, p o r detrás deste r e c o n h e c i m e n t o , favorável ao bispo d e Évora, es-
tariam interesses políticos q u e t r a n s c e n d i a m o conflito e n t r e jurisdições episcopais. P o r outras p a -
lavras, é possível q u e o c o n f l i t o ultrapassasse o estrito â m b i t o dos n e g ó c i o s eclesiásticos; o u ,
então, q u e estes d o m i n a s s e m a d i n â m i c a política secular.
208
S ó a s s i m se e x p l i c a q u e as i g r e j a s d e M é r t o l a e M o u r a s e j a m d e f i n i d a s c o m o « I g r e j a s d e
O d e m i r a » e A l c á c e r d o Sal c o m o « I g r e j a s d e O u r i q u e » . O u r i q u e e O d e m i r a e r a m o s ú n i c o s c e n -
tros d o p a d r o a d o régio nestas duas sub-regiões.
209
A c o m p r o v á - l o a inclusão d e u m a só igreja d e Elvas neste g r u p o , a d e Santa M a r i a da A l -
c á ç o v a , d a q u a l se d i z « q u e é d a o r d e m d e S. B e n t o d e A v i z » . A s r e s t a n t e s i g r e j a s d e E l v a s c o n s -
t i t u e m u m g r u p o à parte. T a m b é m a Igreja de Santa M a r i a é a única d e Beja q u e figura neste
g r u p o , c e r t a m e n t e p o r p e r t e n c e r à antiga milícia de É v o r a ( i n f o r m a ç ã o cedida pelo dr. H e r m e -
negildo Fernandes).
210
E m 22 d e J a n e i r o d e 1280, o r e i d a v a - l h e c o m o p á r o c o J o ã o M a r t i n s , i r m ã o d e m e s t r e P e -
d r o M a r t i n s , s e u c h a n c e l e r e f u t u r o b i s p o d e C o i m b r a (Gavetas, 1 9 - 3 - 4 7 , fl. 3). A L i s t a d e 1320 j á
a refere c o m o p e r t e n c e n t e à O r d e m de Avis.
211
Santa M a r i a de Ares, Santa M a r i a e São B a r t o l o m e u de O r i o l a e Vila R u i v a de M a l c a b r ã o
n ã o f i g u r a m n a L i s t a d e 1320, e m b o r a c o m a p r e s e n t a ç õ e s r é g i a s e n t r e 1315 e 1317. A i d e n t i f i c a ç ã o
d e A r e s c o m A r ê s s e r i a d i f í c i l , d e v i d o à g r a n d e d i s t â n c i a g e o g r á f i c a e n t r e as i g r e j a s d e M o n t e -
m o r - o - N o v o e e s t a v i l a , m a s s o b r e t u d o p e l o f a c t o d e a i g r e j a d e A r ê s t e r ficado n a O r d e m d o
T e m p l o após o a c o r d o d e 1260 e n t r e o m e s t r e da o r d e m e o b i s p o d e É v o r a . P o r c o n s e g u i n t e ,
t a l v e z a A r e s a p r e s e n t a d a p e l o r e i e m 13 d e A b r i l d e 1315 a o c l é r i g o A f o n s o E a n e s c o r r e s p o n d a à
actual Aires.
212
Gavetas, 10-3-15. T a m b é m a I g r e j a d e S ã o M a m e d e d e É v o r a d e i x a d e i n t e g r a r as listas
d i o n i s i n a s , d e p o i s d e e m 1 2 6 4 figurar n a s d e D . A f o n s o I I I .
213
E x c e p t o a p r i n c i p a l , S a n t a M a r i a , a s s o c i a d a às i g r e j a s d e M o n f o r t e p o r p e r t e n c e r p a r c i a l -
m e n t e à O r d e m de Avis, c o m o já referimos.
214
E m 1261, a i g r e j a d e V i l a N o v a d e O u r i q u e a i n d a e r a r e f e r i d a c o m o « o u t r a i g r e j a a f a z e r
e m M a r a c h i q u e » (Gavetas, 10-3-15).
215
VILAR - As dimensões de um poder. A e s t e i m p o r t a n t e t r a b a l h o , q u e t o r n a É v o r a ( j u n t a m e n -
te c o m Braga) a única diocese portuguesa o b j e c t o d e estudo a p r o f u n d a d o para o p e r í o d o m e d i e -
vai, só t i v e m o s acesso e m fase j á a d i a n t a d a d e e l a b o r a ç ã o d e s t e t e x t o .
216
M o s t e i r o p o b r e e m 1320, u m a v e z q u e a a v a l i a ç ã o o t r i b u t a a p e n a s e m 15 l i b r a s ( c o m p a r e -
-se c o m o u t r o s m o s t e i r o s cistercienses f e m i n i n o s : A r o u c a : 9 0 0 0 ; L o r v ã o : 5000; Celas: 1 0 0 0 li-
b r a s ; O d i v e l a s : 2 0 0 0 ; A l m o s t e r : 1100).
217
A O r d e m d e Avis estava e s t r e i t a m e n t e ligada à O r d e m d e Cister e m P o r t u g a l , através d o
M o s t e i r o d e A l c o b a ç a . M a s t a m b é m e m C a s t e l a - L e ã o a O r d e m d e C a l a t r a v a t i n h a esse f o r t e v í n -
c u l o ( J o s e p h 0'CALLAGHAN - T h e affiliation o f t h e o r d e r o f C a l a t r a v a w i t h t h e o r d e r o f C i t e a u x ,
i n The Spanish military orders of Calatrava and its affiliates, L o n d r e s , 1975 - apud VILAR).
218
Sobre os conflitos entre a O r d e m de Avis e o bispo e cabido de É v o r a relativos a jurisdi-
ç ã o e c l e s i á s t i c a , fisco, e t c . , v e r VILAR - As dimensões de um poder, p . 2 4 5 - 6 8 . O c a p í t u l o s o b r e
« O e s t a b e l e c i m e n t o d a s u n i d a d e s p a r o q u i a i s » (p. 218-243), m o s t r a a l g u m a s d i s c r e p â n c i a s c o m a
L i s t a d e 1320 — p o r e x e m p l o , o p a d r o a d o d e C o r u c h e n o b i s p o e c a b i d o (das t r ê s p a r ó q u i a s ? ) , o
d e E s t r e m o z n a O r d e m d e S a n t i a g o . M a s as c r o n o l o g i a s s ã o d i f e r e n t e s e as t r a n s f e r ê n c i a s e e s -
c a m b o s d e p a d r o a d o s e r a m c o m u n s n a t r a n s i ç ã o d o s é c u l o XIII p a r a o x i v .
219
VILAR — As dimensões de um poder, p . 2 7 6 - 2 8 0 .
220
SA-NOGUEIRA - A c o n s t i t u i ç ã o d o s e n h o r i o f r o n t e i r i ç o , p . 22.
221
VILAR - As dimensões de um poder, p . 2 8 6 - 2 8 7 .
222
VILAR - As dimensões de um poder, p . 2 8 4 . A a u t o r a r e f e r e q u e a i n f l u ê n c i a d e S ã o V i c e n t e
n ã o desapareceria p o r c o m p l e t o n o s e g u i m e n t o desse e s c a m b o .
223
SÁ-NOGUEIRA — O t e s t a m e n t o d e E s t ê v ã o E a n e s .
224
ALONSO - A g o s t i n h o s .
225
BEIRANTE - E r e m í t i s m o .
226
ALMEIDA - História da Igreja, v o l . 1, p . 283.
227
ALMEIDA - História da Igreja, v o l . 4 , p . 9 2 .
228
S a n t a M a r i a d e L a g o s n ã o figura n a lista d a a v a l i a ç ã o d e 1320-1321. N o e n t a n t o , e m 9 d e
J u n h o d e 1293 o c l é r i g o D o m i n g o s P i r e s e r a a p r e s e n t a d o c o m o p r i o r à c o n f i r m a ç ã o d o b i s p o d e
S i l v e s (Gavetas, 19-14-3, fl. 17 v ) .
229
S a n t a M a r i a d e P o r c h e s t a m b é m n ã o figura n a lista d a a v a l i a ç ã o d e 1320-1321. N o e n t a n t o ,
e m 28 d e A b r i l d e 1289 M i g u e l P i r e s , e s c r i v ã o d e L o u l é , e r a a p r e s e n t a d o c o m o p r i o r à c o n f i r m a -
ç ã o d o b i s p o d e S i l v e s (Gavetas, 19-14-3, fl. 9 v ) .
230
S a n t a M a r i a d e P a d e r n e n ã o figura n a lista d a a v a l i a ç ã o d e 1320-1321, m a s s u r g e p o r d u a s
v e z e s n a s listas d o p a d r o a d o r é g i o , c o m a p r e s e n t a ç õ e s e m 1291 e 1292 (Gavetas, 19-14-3, fl. 12 v
e14).
231
RODRIGUES - Colegiadas.
201