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O que produzir? Todas as sociedades têm que decidir quais os bens e serviços
que devem produzir? Quais os bens que devem ser produzidos internamente e
quais devem ser importados? Em que quantidades os vão produzir? Se devem
produzir mais bens de consumo ou bens de investimento?
Como produzir? Como serão produzidos esses bens? Quem os irá produzir? Com
que recursos? Qual a tecnologia que deve ser usada na sua produção? Que
combinação produtiva, entre tecnologia e recursos humanos deve ser utilizada?
Numa economia dirigida, é o Estado quem detém a maior parte dos meios de
produção (terra e capital); possui e dirige a atividade das empresas na maior
parte dos setores de atividade; é empregador da maioria dos trabalhadores; é
quem decide como a produção deve ser repartida entre os diversos bens e
serviços.
A tese da “mão invisível” de Adam Smith (considerado por muitos como o pai da
economia) insere-se nesta abordagem liberal ou mercantilista, que defende que
o mecanismo do mercado liberal constitui a melhor forma de afetação eficiente
dos recursos. Esta abordagem parte do pressuposto de que os mercados se
autorregulam, sem necessidade de intervenção estatal. A ideia é que cada
indivíduo, defendendo os seus interesses pessoais, mesmo que numa ótica
egoísta e individualista, acaba por contribuir para o bem-estar social. É como
se os indivíduos fossem conduzidos por uma mão invisível para a maximização
do benefício coletivo, ou seja, para a promoção do bem estar da sociedade.
A maior parte das decisões ocorre nos mercados, mas o Estado desempenha
um papel importante na supervisão do funcionamento dos mercados, na
regulação da atividade económica através da publicação de leis, na prestação
de serviços como a educação, a saúde, a defesa e a justiça, e na promoção da
equidade social através dos impostos e transferências para as famílias, por
exemplo..
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As diferentes sociedades aproximam-se mais de um extremo ou de outro,
conforme a atuação do Estado seja mais intensa ou mais moderada. O exemplo
de Cuba é um dos mais próximos de uma economia de direção central, onde o
Estado assume um papel relevante na condução das atividades económicas,
existindo contudo lugar à iniciativa privada. Outras sociedades, como os EUA por
exemplo, funcionam de forma mais próxima de economia de mercado, com o
Estado a assumir um papel mais moderado na atividade económica.
A própria evolução das sociedades faz com que existam diferenças temporais no
funcionamento de uma economia.
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A maior aproximação de uma economia mista a uma economia planeada ou a
uma economia de mercado pode ser avaliada através do peso do Estado na
economia, medido pelos níveis de despesa pública (despesas do Estado) em
percentagem da riqueza gerada na economia (PIB/Produto Interno Bruto).
Em princípio: maiores níveis de despesa pública em % do PIB representam
uma maior intervenção do Estado na economia.
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interagem para determinar preços e quantidades de bens e serviços a
transacionar. Um mercado é um mecanismo que permite às pessoas realizarem
trocas, normalmente reguladas pela lei da oferta e da procura, como vimos no
capítulo 1.2 dos conteúdos programáticos da UC (Procura, Oferta e Mercado).
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arrecadando impostos para redistribuir pelos mais carenciados.
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Para tal, o Estado assume três funções económicas importantes:
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Função de afetação: o Governo deve fomentar o desenvolvimento económico
e a gestão racional e eficiente dos recursos. A sua intervenção ocorre muitas
vezes com o objetivo de corrigir as situações em que os mercados não
funcionam de forma eficiente.
• Correção de Externalidades
• Promoção da Concorrência
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O Estado é em geral um fornecedor de bens e serviços, nomeadamente de bens
públicos.
Este é mais um aspeto em que os mecanismos de mercado falham, uma vez que,
pelas suas características (explicadas no slide seguinte) o fornecimento deste tipo
de bens não gera benefícios que constituam incentivo económico para que a
iniciativa privada os pretenda fornecer. Assim, e uma vez que o fornecimento
privado de bens públicos é, em geral, insuficiente ou mesmo inexistente, o Estado
tem de atuar no sentido de produzir ou estimular a produção de bens públicos,
que de outra forma não serão produzidos/fornecidos.
Isto não significa que todos os bens fornecidos pelo Estado sejam considerados
bens públicos, pelo contrário o Estado também é fornecedor de um conjunto
variado de serviços considerados bens privados. Bem como o facto de estarmos
perante um bem público não significa necessariamente que seja o Estado a
fornecê-lo, ou seja, não significa que os agentes privados não possam fornecer
bens públicos, pelo contrário existem alguns casos de concessão da exploração de
bens públicos a entidades privadas.
Bens públicos são bens ou serviços que podem ser usufruídos por qualquer
indivíduo e que nenhum indivíduo pode ser excluído do seu consumo.
Esta definição conduz-nos para as duas características dos bens públicos: não
rivalidade no consumo e impossibilidade de exclusão (ou não exclusão), na
maior parte dos casos associada à ideia de gratuitidade do bem.
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Note-se que para ser considerado um bem público, este tem que possuir
obrigatoriamente as duas características em simultâneo: não rivalidade e não
exclusão. Basta que uma destas duas características não estaja presente, para
que o bem já não seja considerado um bem público.
A grande maioria dos bens que consumimos são bens privados, na medida em que:
por um lado, pagamos para os consumir, constituindo o preço uma das formas mais
comuns de exclusão no consumo, pois quem não estiver disposto ou não puder
pagar, não pode usufruir do bem; por outro lado, a maioria dos bens uma vez
consumido por um já não está disponível para ser adquirido pelos restantes
consumidores (quando compro um carro, por exemplo, passa a ser meu, mais
ninguém o pode adquirir).
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Também existem bens que não são bens públicos, mas também não são bens
privados puros (porque não têm ambas as características). Muitas vezes
chamados na literatura de bens mistos, são bens que apresentam apenas uma
das características de bem privado.
Para facilitar a caracterização dos diferentes bens, vamos assumir que estes
bens são considerados bens privados, ainda que falhem numa das
características.
Assim, existem bens que apresentam rivalidade no consumo, ou seja, uma vez
consumidos por um consumidor deixam de estar disponíveis para outros.
Contudo, por serem considerados fundamentais, a sociedade entende que
devem estar ao dispor de todos os cidadãos (não exclusão), assumindo assim o
Estado o seu fornecimento gratuito. São os chamados Bens de Mérito.
Por exemplo, as vacinas que fazem parte do Plano Nacional de Vacinação, são
bens de mérito, porque uma vez administrada a vacina num paciente, ela deixa
de estar disponível para outro utente (portanto apresentam rivalidade no
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consumo), mas como o Estado entende que a vacinação é fundamental para a
saúde dos cidadãos, nomeadamente por razões de saúde pública, fornece
essas vacinas gratuitamente a todos os cidadãos (passando assim a não ter
exclusividade no consumo).
Por outro lado, existem ainda bens que não têm rivalidade no consumo, pois uma
vez fornecidos eles estão disponíveis em iguais quantidades para todos, ou seja,
pelo facto de serem consumidor por um consumidor não reduz a sua
disponibilidade para terceiros. Contudo, têm de ser pagos, pelo que apresentam
exclusão no consumo, pois só pode usufruir deles quem pagar para ter acesso,
ficando excluídos todos os consumidores que não estejam dispostos ou não
possam pagar para os consumir. É, por exemplo, o caso do serviço de fornecimento
de comunicações (TV por cabo, net, telefone fixo, telemóvel…), uma vez estando
disponível naquela zona geográfica toda a gente pode pedir o serviço, contudo só
tem acesso a ele quem pagar a mensalidade para usufruir do serviço (pelo que tem
exclusão no consumo), mas não é por eu estar a utilizar o meu serviço que o meu
vizinho deixa de o poder utilizar (logo, não tem rivalidade). São chamados Bens de
Clube, uma vez que só pode usufruir deles “quem pertencer ao clube” e, para
pertencer ao clube, tem de pagar.
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